Buscar

MERCADO FINANCEIRO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MERCADO FINANCEIRO
TEMA 1
MÓDULO 1
FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS FINANCEIROS
Algumas das decisões mais relevantes tomadas pelos agentes econômicos, as famílias, as empresas e o governo dizem respeito ao consumo, à poupança e ao investimento. As famílias consomem parte de sua renda e poupam outra parte para se precaverem das incertezas futuras. As empresas e o governo necessitam de recursos para realizar investimentos produtivos: compra de máquinas, desenvolvimento de infraestrutura etc. Assim, há na economia agentes geradores de poupança (agentes superavitários) e agentes demandantes de recursos para investimento (agentes deficitários).
O mercado financeiro é o mecanismo por meio do qual se viabiliza o fluxo de recursos entre os agentes superavitários, ou poupadores, e os agentes deficitários, ou tomadores de recursos.
José tem uma empresa, mas não tem o capital necessário para investir na modernização de seus equipamentos, portanto procura o banco BCO a fim de conseguir um empréstimo. Ao mesmo tempo, João recebeu um dinheiro extra e deseja poupá-lo para sua aposentadoria contratando um plano de previdência da seguradora SGA. Como as histórias de João e José se cruzam?
Quando João aplica seu dinheiro em um plano de previdência, a seguradora SGA investe esse montante em um CDB do banco BCO. Este, por sua vez, empresta o dinheiro a José para abrir sua empresa. Quando José quita a dívida com o banco BCO, pagando juros, uma parte desses juros é repassada à seguradora SGA, como remuneração do CDB. A seguradora, então, repassa essa remuneração para o fundo previdenciário do João, que vê sua poupança aumentar.
Com o objetivo de organizar e resumir o que já aprendemos, preparamos a tabela abaixo sobre quem são os componentes do mercado financeiro, acompanhe:
	COMPONENTES DO MERCADO FINANCEIRO
	Agentes poupadores (superavitários).
	Agentes tomadores de recursos (deficitários).
	Instituições operadoras (bancos, cooperativas de crédito, seguradoras, corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, fundos de pensão etc.).
	Instrumentos financeiros (títulos, ações, fundos etc.).
	Organismos reguladores.
	Organismos supervisores
O Banco Central do Brasil (BCB) apresenta a seguinte composição para o Sistema Financeiro Nacional em seu site:
Com relação aos componentes do mercado financeiro, daremos destaque agora para os organismos reguladores e os organismos supervisores. Veja a seguir:
ÓRGÃOS NORMATIVOS
São aqueles que estabelecem as regras do jogo, regulando as condições para se operar nos mercados, estabelecendo medidas prudenciais para garantir a estabilidade financeira, medidas de conduta para garantir a proteção dos participantes e consumidores, dentre outras regras que visam a um bom funcionamento do sistema. São eles:
· - O conselho monetário nacional (CMN). Foi criado pela Lei 4.595 de 1964. É o órgão que estabelece as políticas monetária, creditícia, cambial e de capitais.
· - O conselho nacional de seguros privados (CNSP). Criado pelo Decreto-Lei 73 de 1966, regula os mercados de seguros, resseguros (o seguro das seguradoras), previdência complementar aberta e capitalização.
· - O conselho nacional de previdência complementar (CNPC). Teve a missão dada pela Lei 12.154 de 2009: regula a previdência complementar fechada, operada pelos fundos de pensão, estabelecidos por empresas para seus funcionários.
ÓRGÃOS SUPERVISORES
Os órgãos supervisores desses mercados são:
· - O Banco Central do Brasil (BCB).
· - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
· - A Superintendência de Seguros Privados (Susep).
· - A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
MERCADO DE MOEDA OU MONETÁRIO: O mercado de moeda, ou monetário, está relacionado com o papel-moeda e a moeda escritural, que é aquela que os bancos geram ao registrar seus depósitos em conta-corrente. As operações nesse mercado são as operações de curtíssimo prazo.
MERCADO DE CÂMBIO: O mercado de câmbio cuida da compra e venda de moeda estrangeira.MERCADO DE CRÉDITO: O mercado de crédito lida com os empréstimos concedidos pelas instituições financeiras. 
MERCADO DE CAPITAIS: O mercado de capitais se relaciona com a captação de recursos das empresas com compartilhamento de riscos e ganhos, por meio de ações e títulos.
FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS MONETÁRIO, CAMBIAL, DE CRÉDITO E DE CAPITAIS
Já vimos que os mercados financeiros são divididos em alguns segmentos denominados de Mercado de moedas ou monetário, Mercado cambial, Mercado de crédito e Mercado de capitais. Agora, vamos analisar cada um deles.
Mercado monetário
Este é um mercado de operações de curtíssimo prazo, e possui um importante papel na gestão da liquidez da economia e no controle da inflação.
Você já deve ter ouvido que quando o governo “imprime” mais dinheiro, gera inflação. Ou seja, quando o governo aumenta a base monetária (a quantidade de moeda disponível) há uma pressão sobre a inflação. Dados do BCB indicam que em junho de 2020 havia cerca de R$ 260 bilhões em papel-moeda em poder da população. No mesmo período, o total de depósitos à vista nos bancos era de R$ 230 bilhões. Mas não é sobre esse “tipo de moeda” que o BCB atua na sua missão de entregar a meta de inflação, imprimindo ou recolhendo dinheiro. Para controlar a inflação, o BCB atua no mercado monetário de outra forma.
Quando o BCB precisa tirar dinheiro de circulação, ele atua vendendo títulos públicos; e quando ele quer injetar mais dinheiro na economia, compra esses títulos, alterando assim a liquidez do mercado. Essas operações são realizadas pelo BCB por meio do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). As instituições financeiras também negociam títulos públicos no sistema Selic, geralmente em operações de um dia (overnight), para recompor suas reservas compulsórias junto ao Banco Central. A média das taxas de todas as negociações realizadas no Selic ao longo de um dia é denominada de taxa Selic.
O COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA DO BCB (COPOM) estabelece uma meta para a taxa Selic em função das expectativas de inflação em relação à meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. Se a inflação está alta, o Copom estabelece uma meta mais elevada para a taxa Selic, com o objetivo de retirar dinheiro de circulação.
Percebe que uma taxa mais alta tira dinheiro de circulação?
Com uma taxa mais alta, mais pessoas se interessarão em trocar moeda por títulos, pois sua remuneração é maior. Essa moeda vai, então, para os cofres do BCB e sai de circulação. Se a inflação está baixa, o Copom reduz a meta para a taxa Selic, com o objetivo de colocar mais dinheiro em circulação e estimular a economia. Uma vez definida a meta da taxa Selic, o BCB vende ou compra títulos para que a taxa Selic diária atinja a meta estabelecida.
Mercado cambial
O mercado de câmbio realiza a troca de moedas estrangeiras por reais, e é dividido em mercado primário e mercado secundário. Vejamos a seguir as especificações desses dois subtipos de mercado cambial:
Mercado primário
Neste mercado, as pessoas físicas e as empresas que importam ou exportam mercadorias transacionam com os bancos a compra ou venda de moeda estrangeira.
Mercado secundário
O mercado secundário de câmbio é o mercado interbancário, no qual os bancos trocam divisas entre si.
Além desses atores (pessoas físicas, empresas e bancos), o Banco Central do Brasil atua diretamente no mercado para a execução da política cambial. Todas as operações de câmbio são registradas em um sistema do BCB chamado SISBACEN, que calcula diariamente a média ponderada pelo volume das operações de câmbio entre reais e dólares americanos realizadas no mercado secundário (interbancário). A essa taxa dá-se o nome de Ptax.
Mercado de crédito
Este é o mercado em que atuam os bancos comerciais. Nele, as instituições financeiras captam recursos dos poupadores e os emprestam às empresas e pessoas físicas para financiar consumo ou capital de giro, por exemplo. A remuneração dos bancos é dada pelo spread, que é a diferença entre a taxa de juros cobrada dos tomadores de empréstimoe a taxa de juros utilizada para remunerar os poupadores.
Neste mercado há, portanto, a intermediação financeira, pois os bancos atuam como intermediários que reúnem poupadores e tomadores nas operações de crédito, sendo remunerados por esse serviço por meio do spread bancário. Como as instituições financeiras que operam nesse mercado possuem uma gama bastante ampla de clientes com diferentes perfis de prazos e volumes de recursos, elas conseguem realizar uma gestão de riscos mais eficiente que os poupadores e tomadores seriam capazes de realizar sem o auxílio desses intermediários.
O Banco Central do Brasil supervisiona este mercado, que segue regras prudenciais bastante restritas para a garantia de seu bom funcionamento e da estabilidade financeira do país. Essas regras são espelhadas em um padrão internacional estabelecido pelo Comitê de Basileia de Supervisão Bancária (BCBS, em inglês), denominado de Basileia III. Dessa forma, as instituições que operam no mercado de crédito devem possuir capital suficiente e uma estrutura eficaz de gestão de riscos para garantir seu funcionamento regular, mesmo em situações de crise. As operações neste mercado costumam ser de curto ou médio prazo.
Mercados de capitais
Os mercados de capitais são caracterizados pela desintermediação financeira, ou seja, neles os agentes superavitários (poupadores) se relacionam diretamente com os agentes deficitários (tomadores) por meio de instrumentos de dívida (debt) ou instrumentos de patrimônio (equity).
Apesar de não participarem diretamente das operações, uma vez que são operações sem intermediação, as instituições financeiras podem atuar indiretamente estruturando e facilitando a distribuição desses títulos entre os investidores. Nesse caso, elas não são remuneradas por um spread, mas por uma taxa de prestação de serviços.
Os produtos que vimos até aqui tinham o objetivo de captar recursos dos agentes superavitários para as instituições financeiras. Veremos agora o outro lado da moeda, os produtos que permitem às instituições financeiras emprestar recursos aos agentes deficitários.
Nessas operações, a instituição financeira que disponibiliza o crédito corre o risco do tomador de recursos, que pode ser uma pessoa física ou jurídica. Para calcular uma taxa de remuneração correspondente ao risco em que incorre, a instituição financeira faz uma análise da capacidade de pagamento daquele tomador. Para essa análise, a instituição financeira pode recorrer a bancos de dados como o Serviço de Proteção ao Crédito – SPC, ao SERASA ou à Central de Risco de Crédito do Banco Central – CRC. Recentemente foi regulamentado o cadastro positivo de crédito, com o objetivo de possibilitar aos bons pagadores auferirem melhores taxas no momento da contratação do empréstimo.
Elencamos a seguir os produtos de empréstimos bancários:
HOT MONEY: São empréstimos normalmente de 1 a 7 dias para atender a necessidades de caixa de empresas.
CHEQUE ESPECIAL: É uma linha de crédito pré-aprovada pela instituição financeira que cobre eventuais saldos negativos na conta-corrente.
DESCONTO DE TÍTULOS: Quando o tomador de recursos possui créditos futuros a receber de duplicatas e outros títulos, ele pode antecipar esse recebimento por meio da operação de desconto de títulos. Nessa operação, a instituição financeira compra os títulos do tomador com um deságio, ou seja, por um preço inferior ao valor de face deste.
FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO: São operações de crédito que visam atender as necessidades de capital de giro das empresas. Normalmente são exigidas garantias de créditos a receber da empresa, como duplicatas.
CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR: É uma modalidade de crédito destinada a financiar a aquisição de bens e serviços pelos consumidores. O bem a ser adquirido normalmente é dado à instituição financeira como garantia de pagamento do empréstimo.
CRÉDITO CONSIGNADO: Constitui-se numa linha de crédito destinada a funcionários públicos, com a cobrança sendo realizada diretamente no contracheque do tomador. Nessa modalidade, as taxas cobradas tendem a ser mais baixas devido ao baixo risco de inadimplência.
VEÍCULOS DE INVESTIMENTO COLETIVO
Muitas vezes um investidor pessoa física não tem capacidade financeira para investir em alguns produtos diretamente. No entanto, pode fazê-lo utilizando-se de veículos de investimento coletivos, como os fundos de investimento ou os planos de previdência.
FUNDOS ABERTOS
São aqueles em que os participantes aportam ou resgatam recursos emitindo novas cotas, ou seja, a quantidade de cotas varia conforme os aportes e resgates.
FUNDOS FECHADOS
São aqueles em que há uma emissão inicial de cotas e não são mais feitos aportes dos resgates até o vencimento do fundo. Suas cotas podem ser negociadas no mercado secundário.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – Anbima possui ainda uma classificação dos fundos segundo sua política de investimentos, conforme a tabela apresentada a seguir.
	Frame da classificação de fundos
	Regulação
	Regulação
	Nível 1
	Nível 2
	Nível 3
	Renda fixa
	Simples
	Simples
	
	Indexado
	Índices
	
	Ativos
• Duração baixa
• Duração média
• Duração alta
• Duração livre
	Soberano
Grau de investimento
Crédito livre
Sustentatbilidade/governança
	
	Investimento no exterior
	Investimento no exterior
Dívida externa
	Multimercados
	Alocação
	Balanceados
Flexível
	
	Por estratégia
	Macro
Trading
Long and Short – Direcional
Long and Short – Neutro
Juros e moedas
Livre
Capital protegido
Estratégia específica
	
	Investimento no exterior
	Investimento no exterior
	Ações
	Indexados
	Valor/crescimento
Setoriais
Dividendos
Small Cap
Índice ativo Livre
	
	Ativos
	Fundos fechados de ações
	
	Investimento no exterior
	Fundos de ações FMP-FGTS
	
	Específicos
	Fundos de mono ação
	Cambial
	Cambial
	Cambial
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
Outro veículo de investimento bastante utilizado pelos investidores são os planos de previdência complementar aberta ou os seguros de vida com cobertura de sobrevivência. Os mais conhecidos deles são:
PGBL: O Plano Gerador de Benefícios Livre
VGBL: O Vida Gerador de Benefícios Livre
A principal diferença entre eles encontra-se no tratamento tributário. O PGBL é um plano de previdência e o VGBL é um seguro com cobertura de sobrevivência. Assim, as contribuições ao PGBL podem ser abatidas da base de cálculo do Imposto de Renda como contribuição previdenciária. O mesmo não ocorre com o VGBL. Por outro lado, quando dos recebimentos gerados pelos planos PGBL, resgates ou pagamentos de renda de aposentadoria, há incidência de imposto de renda. Isso não ocorre com o VGBL, pois apenas sua rentabilidade é tributada.
TEMA 2
A ESTRUTURA DO SFN
Os agentes econômicos (famílias, empresas e governo) tomam, frequentemente, decisões com relação a consumo, poupança e investimento. Isso tem especial importância para a compreensão do sistema financeiro, visto que, para que essas operações aconteçam na economia, é necessário viabilizar fluxos de recursos de poupadores (agentes que recebem mais do que consomem) para tomadores de recursos (agentes que consomem mais do que recebem).
A partir da necessidade do intermédio de um agente para essas operações, surgem as instituições financeiras. Dessa forma, define-se o sistema financeiro como o conjunto de instituições e instrumentos (serviços) que permitem o fluxo financeiro entre poupadores e tomadores de recursos.
O sistema financeiro é composto por quatro grandes mercados:
MONETÁRIO
utilizado pelo Banco Central do Brasil (BCB) para controlar a liquidez da economia, isto é, a quantidade de moeda em circulação;
DE CRÉDITO
aqui, os intermediários financeiros, normalmente, os bancos comerciais, captam recursos de alguns agentes (por exemplo, através de depósitos em conta corrente) e emprestam a outros. O Banco Central é o principal responsável pelo controle, normatização e fiscalização desse mercado;
DE CÂMBIO
também é supervisionado pelo Banco Central e caracterizado pelas trocas de moedas estrangeiras (porexemplo, dólares ou euros) por moeda nacional (reais);
DE CAPITAIS
também chamado de mercado de valores mobiliários, surgiu a partir das necessidades das firmas por recursos, muitas vezes em volume superior ao que as instituições poderiam ou estariam dispostas a emprestar.
O mercado de capitais, assim como o de crédito, liga tomadores e poupadores, mas não há um intermediário financeiro propriamente dito: é uma relação direta. Os intermediários prestam diversos serviços de apoio, mas não ficam com o risco.
O principal exemplo é o mercado de ações. Os participantes devem seguir as normativas da Comissão de Valores Mobiliária (CVM) e são regulados pelo BCB.
O SFN pode ser dividido em três níveis: órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores. Os órgãos normativos e as entidades supervisoras serão abordados com mais detalhes nos módulos 2 e 3, respectivamente.
Os operadores são instituições que exercem atividades de captação, intermediação e aplicação no SFN, sendo as entidades mais conhecidas. Alguns exemplos são: o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e todos os bancos comerciais.
MULTIPLICADOR MONETÁRIO E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MONETÁRIAS E NÃO MONETÁRIAS
Instituições financeiras monetárias (ou bancárias) são aquelas que podem obter recursos a partir de depósitos em poupança ou conta corrente. Os bancos comerciais são as instituições de maior relevância nesse grupo, dado que têm forte atuação no sistema financeiro de qualquer nação capitalista.
Além dos bancos comerciais, cooperativas de crédito (associação de produtores agrícolas que presta serviços financeiros apenas aos seus associados) e bancos múltiplos (que prestam outros serviços, além daqueles ofertados pelos bancos comerciais, como concessão de crédito imobiliário) são exemplos de instituições financeiras monetárias.
As instituições monetárias têm outra função fundamental: “criam dinheiro”, ou seja, afetam a quantidade de moeda em circulação na economia. Sendo assim, vamos observar os agregados monetários, que ajudam na classificação dos ativos que podem ser usados como moeda (ou seja, bens ou direitos que podem ser usados para fazer trocas).
A moeda é um ativo importante, gerando oferta e demanda para esta. Podemos mostrar que existe uma relação entre a oferta monetária (volume total de moeda na economia) e a base monetária (volume físico de moeda criada pelo Banco Central).
Em outras palavras, isso significa que, se o Banco Central emite R$1.000,00 em papel-moeda e o multiplicador é igual a 3, temos, de fato, R$3.000,00 de moeda em circulação na economia. O multiplicador monetário/bancário revela em quanto a oferta monetária crescerá (cairá) se aumentarmos (reduzirmos) em R$1,00 a base monetária da economia.
Podemos derivar esse multiplicador e ainda compreender como o sistema bancário brasileiro e do exterior são capazes de criar dinheiro.
Considere que os indivíduos desejam manter uma quantia C de moeda, para fazer transações (R$20,00 por exemplo). Os bancos, por sua vez, terão uma quantia de depósitos D dos seus correntistas e um excesso de reservas ER, que são nada mais do que uma quantia de recursos que os bancos não utilizam para realizar suas operações. Vamos definir as seguintes proporções:
Ou seja, “c” é a razão entre o dinheiro que as pessoas mantêm e o que depositam no banco: se tenho R$20,00 na carteira e R$100,00 no banco, c = 20%. Por sua vez, “e” é a proporção de recursos que os bancos mantêm em caixa: se o meu banco empresta R$40,00 dos R$100,00 que depositei e, portanto, mantém R$60,00 em caixa, temos e = 60%.
Definimos, também, a reserva compulsória RR: é um mecanismo utilizado pelo Banco Central para manter a estabilidade do sistema financeiro e combater a inflação. Assim, a autoridade monetária exige que os bancos mantenham uma certa porcentagem dos depósitos dos correntistas no próprio BCB.
Já as reservas voluntárias ER são as que só dependem das estratégias adotadas pelos próprios bancos. O total de reservas dos bancos comerciais será dado pela seguinte relação:
Se um banco mantém ER = R$300,00 em caixa, sendo obrigado a manter RR = R$200,00 no Banco Central, temos, então, R= 200 + 300 = R$500,00. A autoridade monetária estabelece ainda a porcentagem rr do total de depósitos recebidos pelo banco, que deverá ser mantido em uma conta no BCB.
Portanto, temos que RR também pode ser escrito da seguinte maneira:
Podemos substituir essa relação na expressão das reservas R, de maneira que obtemos essa nova relação:
É importante notar que, como rr é definido pela autoridade monetária e varia entre 0 e 1, os bancos não precisam manter a totalidade dos depósitos dos correntistas e, com isso, podem emprestar mais recursos do que dispõem.
Os bancos utilizam essa estratégia, pois acreditam que os correntistas não sacarão a totalidade dos seus recursos de uma só vez. Se um cliente deposita R$1.000,00, o banco pode emprestar uma parte desse montante a outros correntistas.
De maneira mais prática, vamos assumir que o Banco Central exija que rr=50%. Portanto, para cada R$1,00 depositado, R$0,50 são mantidos no BCB. Os R$0,50 restantes podem ser utilizados pelo banco para conceder empréstimos, financiamentos, entre outros serviços.
A base monetária (volume físico de moeda emitida pelo BCB) MB deve ser igual à quantidade de moeda em poder do público C e o total de reserva dos bancos R. Logo:
Vimos que c e e nos dão a proporção de moeda em poder do público C e excesso de reservas ER sobre os depósitos D, respectivamente. Podemos incorporar essas relações à equação que vimos anteriormente:
Se dividirmos todos os termos da equação acima por (rr+e+c), temos a seguinte relação entre depósitos e base monetária:
Podemos definir M como a soma de depósitos à vista com o papel moeda em poder do público (ou seja, o que as pessoas carregam na carteira ou guardam em casa). Esta relação pode ser escrita como M = C + D = cD + D = (1+c)D.
Finalmente, podemos reescrever a equação da oferta de moeda da seguinte forma:
Agora você sabe como o sistema bancário é capaz de criar moeda e sobre a atuação do Banco Central para que os bancos não criem moeda em excesso. A criação excessiva de moeda pode gerar inflação ou instabilidade no sistema. Nesse contexto, os correntistas correm perigo de não encontrar a quantia que desejam disponível para saque.
Caso os correntistas percam confiança na capacidade do banco para a devolução de seus recursos, eles vão correr até a instituição para sacar o máximo de recursos que puderem. Tais episódios, muito comuns no passado, conhecidos como corridas bancárias, são pouco comuns hoje em dia, especialmente no Brasil.
Entretanto, em 2019, um rumor de que o Metro Bank da Inglaterra encerraria as suas atividades acabou por gerar longas filas nas agências da instituição, com correntistas desesperados para sacar suas economias.
Posteriormente, o rumor se mostrou infundado, visto que a instituição continuava em pleno funcionamento. Contudo, mesmo com o Metro Bank sendo capaz de acalmar os rumores, suas ações caíram 9% e muitos correntistas encerraram suas contas.
MÓDULO 2
INSTITUIÇÕES NORMATIVAS DO STN
Instituições normativas são aquelas que estabelecem as normas necessárias para o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. São elas: Conselho Monetário Nacional (CMN), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN)
Criado em 1964, durante as reformas de estabilização econômica organizadas pelos ministros Roberto Campos (Planejamento) e Otávio Gouveia de Bulhões (Fazenda). Tais reformas acabaram por controlar a inflação, que vinha crescendo, criando maneiras mais saudáveis de financiar os gastos públicos, especialmente a partir da possibilidade de negociar títulos públicos, que é um instrumento utilizado pelos governos para captar recursos junto ao mercado e que devem ser devolvidos acrescidos de juros, após um prazo preestabelecido. Nessa época, o CMN era composto por uma série de membros do Governo, sindicatospatronais e dos trabalhadores. Esse fato acabava por tornar o conselho um espaço extremamente propício ao lobby, pois era de lá que saiam decisões bastante relevantes para inúmeros agentes econômicos.
	LOBBY: Atividade de pressão de um grupo organizado (de interesse, de propaganda etc.) sobre políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu alcance, mas sem buscar o controle formal do governo.
Somente em 1995, após o fim da hiperinflação, houve uma mudança na composição do CMN, que passou a ter apenas três integrantes: os ministros do Planejamento e da Fazenda e o presidente do Banco Central do Brasil. Nesse arranjo, o presidente da instituição é o ministro da Fazenda.
Em 2019, porém, com uma profunda reforma administrativa, tanto o Ministério da Fazenda como o do Planejamento foram incorporados ao Ministério da Economia. Isso fez com que o CMN sofresse outra mudança, de forma que os integrantes atuais são o ministro da Economia, o presidente do Banco Central do Brasil e o secretário especial da Fazenda.
As reuniões dos membros citados ocorrem uma vez por mês e as decisões são tomadas a partir de seus votos. O principal objetivo do Conselho é formular a política da moeda e do crédito do País.
	Compete ao CMN regular os valores interno e externo da moeda. Assim sendo, adaptará a quantidade de moeda em circulação às necessidades da economia. É comum que moedas estrangeiras (dólar, euro, libra etc.) circulem na economia brasileira de formas variadas, o que tem impacto no balanço de pagamentos do País.
	BALANÇO DE PAGAMENTOS: É um instrumento de contabilidade nacional que mostra as transações do país com o exterior. Consiste no registro de todas as transações comerciais e financeiras entre os agentes econômicos residentes em um país e os residentes em outros países, dentro de um determinado período de tempo, que é geralmente um ano. Esse registro é fundamental para controlar a evolução desse relacionamento financeiro – entradas e saídas de divisas – e serve como insumo para o processo de tomada de decisão sobre a política macroeconômica.
Como foi dito, outras moedas circulam no Brasil, mas não podem ser utilizadas, pois o Real é oficial. Com isso, caso um exportador, que recebe sua renda em dólares, queira comprar produtos aqui, terá de converter seus dólares em reais.
O mesmo ocorre com um importador que deseja adquirir, por exemplo, insumos no exterior. Ele terá que trocar seus reais por dólares e pagar os fornecedores fora do País. A entrada e a saída de divisas estrangeiras serão registradas no balanço de pagamentos e seu equilíbrio é vital para o bom funcionamento de qualquer economia capitalista.
Se o Brasil sofrer uma fuga de capitais (forte saída de dólares), o equilíbrio do balanço de pagamentos fica comprometido, o que pode impactar negativamente a atividade econômica.
O “Efeito Tequila”, em 1995, impactou fortemente os balanços de pagamentos e as economias latino-americanas. Com a crise econômica que se alastrava no México, investidores — receosos que os demais países da região também entrassem numa grave crise — começaram a tirar suas aplicações dos países da região.
A importância do CMN para a estabilidade econômica nacional é tamanha que ele recebe o título de órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional.
Atribuições do CMN:
· Adaptar o volume dos meios de pagamentos as reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento;
· Regular o valor interno da moeda, para tanto, prevenindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais;
· Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamentos do país, tendo em vista a melhor utilização mdos recursos em moeda estrangeiras;
· Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer publicas quer privadas, tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do país, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;
· Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;
· Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
· Coordenar as politicas monetária, creditícia, orçamentaria, fiscal e da divida pública, interna e externa.
CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (CNSP)
Em um mundo onde há riscos, já que é impossível fazermos previsões perfeitas, é natural que os indivíduos queiram se proteger de adversidades. Dessa forma, os seguros foram se popularizando ao longo dos séculos e atuam mitigando problemas relacionados à saúde, manutenção e proteção de bens físicos e vida.
O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão responsável por estabelecer normas e diretrizes para o setor em questão.
O CNSP é responsável por fixar normas a serem observadas pelas seguradoras privadas, como afixação de características de contratos, criação de índices e normas técnicas com relação a tarifas e investimentos. Além de sua atribuição normativa, é responsável por fiscalizar as instituições do segmento.
O órgão em questão deve zelar, também, pela racionalidade e sustentabilidade financeira dos contratos firmados em seguradoras e segurados, como forma de não comprometer a saúde financeira das primeiras. A profissão de corretor de seguros é, inclusive, regulada pelo CNSP.
Visando obter mais lucros, corretoras de seguro podem entrar em projetos arriscados (é o mesmo problema que afeta os bancos). Caso o contratante necessite de um montante de recursos muito elevado, a seguradora pode acabar quebrando e/ou não podendo arcar com os custos da adversidade.
Um aeroporto de grande porte pode ser atingido por um furacão ou incêndio. Dessa forma, é comum que mais de uma empresa de seguro divida o risco da operação em caso de projetos do porte em questão.
Resseguro: é a operação pela qual o segurador transfere a outro, total ou parcialmente, um risco assumido através da emissão de uma apólice ou um conjunto delas. Dessa forma reduz-se a responsabilidade na aceitação de um risco considerado excessivo, cedendo a outro uma parte da responsabilidade e do prêmio recebido.
Cabe ainda ao CNSP punir e até excluir operadores do mercado, caso não sigam as normas estabelecidas. Dessa forma, o conselho acaba por regular sociedades seguradoras e corretores de seguro.
	Atribuições do CNSP:
· Fixar diretrizes e normas da política de seguros privados no país;
· Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao Sistema nacional de Seguros Privados, bem, como aplicação das penalidades previstas;
· Fixar as características gerais dos contratos de seguros, previdência privada aberta e capitalização;
· Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
· Prescrever critérios de constituição das sociedades seguradoras, de previdência privada aberta e de capitalização, com fixação dos limites gerais e técnicos das respectivas operações;
· Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão de corretor.
Ele regula entidades abertas de previdência complementar (mas não as fechadas, que são reguladas pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar — CNPC). Tanto as entidades abertas quanto as fechadas têm o mesmo objetivo: poupar para a aposentadoria. A seguir, são apresentadas as diferenças entre elas:
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA
É restrita a um grupo de trabalhadores e, normalmente, é contratada por uma firma para um grupo grande de funcionários. A taxa de administração, com esse efeito escala, acaba por se revelar mais atrativa;
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
· Permite que trabalhadores com diferentes vínculos contratem o serviço, sem a necessidade de estarem ligados a uma empresa específica.
· Planos como o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) são os mais populares no mercado.
CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CNPC)
A atribuição do CNPC é regular o regime de previdência complementar operadopelas entidades fechadas. 
Além do ministro da Previdência Social, que preside o Conselho, participam o ministro da Economia, representantes da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), Casa Civil da Presidência da República, entidades fechadas de previdência complementar, patrocinadores e instituidores de planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios.
MÓDULO 3
INSTITUIÇÕES SUPERVISORAS NO SFN
As instituições supervisoras realizam atividades complementares às desempenhadas pelas instituições normativas, sendo responsáveis pela supervisão das instituições sob sua responsabilidade e possuem função de fiscalização.
Além disso, elas têm o objetivo de regulamentar as diretrizes definidas ou as normas elaboradas por instituições normativas. As instituições supervisoras pertencentes ao SFN são: Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC).
Antes de começarmos a tratar de questões relativas ao Banco Central do Brasil, algumas perguntam podem surgir, como por exemplo: como e onde surgiu o primeiro banco com características de banco central? Por que ele existe? Quais são as funções clássicas de um banco central?
Com relação à primeira pergunta, o Banco da Inglaterra, fundado em 1694, foi o primeiro a adotar algumas das atuais funções de um banco central. Na época, o governo inglês concedeu a ele o monopólio de emissão de moeda na região de Londres. Além disso, a instituição atuava como o banqueiro do governo. A segunda pergunta tem basicamente duas justificativas. Uma de ordem macroeconômica: o banco central é responsável pelas políticas monetária e cambial de um país. A outra, de ordem microeconômica: o banco central atua para promover a estabilidade do sistema financeiro.
Um banco central possui algumas funções consideradas clássicas, mas como cada país tem seu próprio BC, uma nação pode decidir que outros órgãos desempenhem essas funções. Dito isso, as funções clássicas são:
· Monopólio de emissão de moeda;
· Banqueiro do governo;
· Banco dos bancos;
· Supervisor do sistema financeiro;
· Responsável pela política monetária;
· Responsável pela política cambial;
· Depositário das reservas internacionais;
· Assessor econômico do Governo.
Na maioria dos países, a principal missão do banco central é garantir a estabilidade de preços, evitando a desvalorização da moeda. A autoridade monetária visa proteger a sociedade, impedindo a transferência de riqueza da população para o Governo por meio da inflação.
AS CARACTERÍSTICAS DO BANCO CENTRAL DO BRASIL
O Banco Central do Brasil foi criado em dezembro de 1964, pela Lei nº 4.595, a lei de Reforma Bancária. Antes da criação do BCB, suas atividades eram exercidas pela Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), pelo Conselho Superior da Sumoc, pelo Banco do Brasil e pelo Tesouro Nacional.
Essa mesma lei também criou o Conselho Monetário Nacional (CMN), que extinguiu o Conselho Superior da Sumoc.
FUNÇÕES DO BANCO CENTRAL
O BACEN (outra sigla para o Banco Central) apresenta cinco funções principais no país: a primeira e, talvez, a mais conhecida é a de emissor de moeda, papel-moeda (cédulas) e moeda metálica, e executor dos serviços do meio circulante. O CMN define os limites e as diretrizes para a emissão, mas quem de fato emite é o BCB.
É comum que surja dúvida com relação ao papel da Casa da Moeda do Brasil (CMB) nessa história. Portanto, vale o registro de que o BCB emite e a CMB fabrica a moeda.
O objetivo do Banco Central é que o meio circulante (total de cédulas e moedas em circulação no país) satisfaça a demanda de dinheiro indispensável à atividade econômico-financeira da nação sem causar desequilíbrios nos preços.
Em outras palavras, uma quantidade de moeda superior à necessidade da nação, geralmente, provoca inflação, e uma quantidade inferior pode provocar deflação. É importante destacar que nenhuma dessas situações — inflação excessiva ou deflação — é desejável, pois ambas geram e evidenciam situações de desequilíbrio na economia.
Para atender à demanda por moeda, também, é necessário que o BCB execute os serviços de meio circulante, isto é, que ele substitua as cédulas rasgadas com defeito e as moedas que desapareceram.
Além da emissão de moeda e da execução dos serviços de meio circulante, o Banco Central pode controlar a quantidade de moeda em circulação na economia de outras formas, executando, assim, a política monetária, a segunda função do BCB.
Basicamente, a política monetária é constituída por ações tomadas pelo banco central com o objetivo de afetar a taxa de juros (o custo do dinheiro) e a quantidade de dinheiro na economia. Para isso, o Bacen utiliza diversos instrumentos. A emissão de moeda é um meio de política monetária, mas é pouco utilizado no Brasil.
A terceira função do Bacen é controlar o crédito em circulação na economia. As regulamentações sobre o mercado de crédito são um importante instrumento para política monetária. O Bacen pode restringir ou expandir os meios de pagamento com alterações nas alíquotas dos depósitos compulsórios dos bancos, como visto no módulo 1.
	Em março de 2020, o Banco Central do Brasil reduziu a alíquota de compulsório sobre depósitos a prazo de 25% para 17%. O BCB comunicou que medida visava aumentar a liquidez, isto é, a quantidade de moeda circulando na economia brasileira, reduzindo, dessa forma, os impactos econômicos da Covid-19.
No entanto, a autoridade monetária informou que assim que a economia se recuperasse da pandemia, a alíquota voltaria ao patamar de 25%. Em 2018, a alíquota de depósitos à vista foi reduzida para 21% e a de depósitos de poupança para 20%.
Historicamente, no Brasil, o compulsório sempre teve alíquotas elevadas, retratando uma particularidade nossa. Em outras palavras, os níveis do compulsório no País estão bem acima dos praticados internacionalmente.
Além disso, os países dão tratamentos diferentes à remuneração dos recursos depositados na conta do Banco Central. Na Colômbia, não há remuneração dos recursos. No Brasil, os recursos provenientes dos depósitos à vista depositados pelos bancos no BCB não possuem rendimento; já os depósitos a prazo são remunerados à taxa Selic (a taxa básica de juros definida pelo próprio Banco Central) e os depósitos de poupança, à mesma taxa do que a caderneta de poupança.
Outro instrumento utilizado pelo Bacen para executar a política monetária é a chamada operação de mercado aberto (open market). O Governo pode financiar um déficit por meio de emissões de títulos públicos. Assim, o Governo Federal, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), vende esses papéis ao setor privado, que compra os títulos com a expectativa de obter rendimentos.
O Bacen compra os títulos que já estão no setor privado, a fim de realizar política monetária, não podendo, de acordo com a Constituição Federal, comprar os títulos diretamente do Governo Federal.
Isto é, o BCB não pode oferecer empréstimos e financiamentos diretamente ao Governo. A política monetária é dita expansionista (aumentando a quantidade de moeda na economia) quando o BCB compra títulos do mercado, pois ele eleva a quantidade de moeda na economia ao retirar títulos públicos de circulação, substituindo-os por moeda — dizemos que é uma injeção de liquidez.
Por outro lado, a política monetária é contracionista quando o BCB vende títulos ao setor privado, comprando moeda, o que reduz a quantidade de dinheiro na economia.
O Banco Central exerce a função de banco dos bancos por duas razões:
1. O BCB funciona como um banco para os bancos comerciais, que podem fazer depósitos voluntários em sua conta;
2. O Bacen realiza operações de redesconto e empréstimos às instituições financeiras bancárias.
O redesconto é concedido pelo BCB às instituições financeiras bancárias que sofrem de iliquidezno curto prazo, ou seja, que apresentam débitos maiores que créditos. Mais especificamente, o redesconto acontece quando os depósitos bancários atingirem um mínimo em relação aos depósitos à vista e em outros casos determinados por lei.
A instituição financeira oferece à autoridade monetária um ativo em garantia e o BCB paga um valor inferior ao do ativo dado em garantia. No momento em que o banco salda o empréstimo, ele compra o ativo pelo seu valor pleno. A diferença entre os dois valores representa a taxa de redesconto, um importante instrumento de política monetária.
	A taxa de redesconto representa os juros que o Banco Central cobra para realizar empréstimos para os bancos comerciais. Os bancos que participam das negociações geralmente fazem isso, pois precisam de liquidez em caixa, devido a uma demanda de resgates que não foi prevista.
A figura 1 mostra todos os instrumentos apresentados neste módulo. O BCB atua como emprestador de última instância tanto nas operações de redesconto como nos empréstimos que ele oferece a instituições financeiras que não conseguem tomar no mercado interbancário.
A quarta principal função do Banco Central é a de formulação, execução e acompanhamento da política cambial e relações financeiras com o exterior. As transações que o Brasil efetua com outros países pode apresentar saldos positivos ou negativos.
Isto é, o país pode acumular reservas internacionais ou gastá-las. Elas são compostas por: reservas de ouro, reservas de moeda estrangeira e direitos especiais de saque (DES). Este último é uma moeda criada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI): ela é utilizada como moeda de troca entre os bancos centrais.
A manutenção de reservas estrangeiras pelo BCB permite sua atuação no mercado de câmbio de modo a evitar a excessiva volatilidade da moeda e garantir seu funcionamento regular. Para esse fim, o BCB pode: comprar e vender moeda estrangeira e ouro; promover, como agente do Governo Federal, a contratação de empréstimos; acompanhar e controlar os movimentos de capitais; e negociar com as instituições financeiras e com os organismos financeiros internacionais.
Adicionalmente, o BCB é chamado de banco do governo, pois detém a chamada conta única do Tesouro Nacional, na qual são averiguadas as disponibilidades de caixa da União.
Por fim, a quinta função do Banco Central do Brasil (BCB) é a supervisão e ordenamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB).
O BCB atua de forma a zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras. Assim, ele é responsável por:
· 
· Desenhar as normas aplicáveis ao SFN;
· Autorizar o funcionamento das instituições financeiras e de outras entidades;
· Fiscalizar e regular as atividades das instituições financeiras e demais entidades.
Com relação ao sistema de pagamentos, o BCB é responsável por promover sua solidez e o seu normal funcionamento. A figura a seguir mostra as cinco principais funções do Banco Central do Brasil.
O COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA E A TAXA DE JUROS
AS COMPETÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS DA CVM
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi instituída em 1976, pela Lei no 6.385, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. O que está incluído no mercado de valores mobiliários são títulos e contratos de investimento coletivo, ofertados de maneira pública, que geram direito de participação, de parceria e de remuneração.
A CVM é uma autarquia especial (possui mais autonomia do que uma autarquia comum) vinculada ao ministério da Economia, dotada de personalidade jurídica (CNPJ próprio), patrimônio próprio, e autoridade administrativa independente. Além disso, ela não possui subordinação hierárquica e tem autonomia financeira e orçamentária.
O mandato legal da Comissão de Valores Imobiliários
DESENVOLVIMENTO DO MERCADO
Estimular a formação de poupança e a sua aplicação em valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações; e incentivar as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob o controle de capitais privados nacionais (Lei no 6.385/76, art. 4º, incisos I e II).
EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DO MERCADO
Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e de balcão, em que são feitas as operações realizadas fora da bolsa de valores; assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; e assegurar a presença, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo CMN (Lei no 6.385/76, art. 4º, incisos III, VII e VIII).
PROTEÇÃO DOS INVESTIDORES
Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de administradores e acionistas controladores das empresas abertas, ou de administradores de valores mobiliários; uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários.
Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado (Lei no 6.385/76, art. 4º, incisos IV e V).
ACESSO À INFORMAÇÃO ADEQUADA
Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido, regulamentando a lei e administrando o sistema de registro de emissores, de distribuição e de agentes regulados (Lei no 6.385/76, art. 4º, inciso VI, e art. 8º, incisos I e II).
FISCALIZAÇÃO E PUNIÇÃO
Fiscalizar, permanentemente, as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, bem como a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participam e aos valores nele negociados, e impor penalidades aos infratores das Leis no 6.404/76 e no 6.385/76, das normas da própria CVM ou de leis especiais cujo cumprimento lhe incumba fiscalizar (Lei no 6.385/76, art. 8º, incisos III e V, e art. 11).
A CVM é administrada por um presidente e quatro diretores, formando, assim, a diretoria colegiada. O colegiado tem um mandato de cinco anos e é proibida a permanência no cargo por mais tempo. Há uma espécie de rodízio — a cada ano, é encerrado o mandato de um diretor.
A autonomia operacional da CVM também é uma característica relevante, visto que os diretores só perderão o mandato no caso de renúncia, condenação judicial ou de processo administrativo disciplinar, inobservância dos deveres ou observâncias de proibições do cargo. Ou seja, não é possível, simplesmente, demitir um diretor da CVM.
As competências da CVM
São gerais e não discricionárias:
• Regulamentar, a partir da política definida pelo CMN, as matérias previstas na Lei no 6.385/76 (que disciplina o mercado de capitais e cria a CVM) e na Lei no 6.404/76 (a Lei das Sociedades Anônimas);
• Fiscalizar as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, assim como a circulação de informações relativas ao mercado, participantes e valores negociados. Basicamente, esta é a função fiscalizatória da CVM;
• Administrar os registros estabelecidos na Lei no 6.404/76. A CVM tem três tipos de registro: (i) dos emissores, como as companhias abertas e os fundos de investimento; (ii) da emissão dos valores mobiliários, quando distribuídos publicamente; e (iii) de pessoas e instituições para operarem no mercado de valores mobiliários;
• Propor ao CMN uma fixação de limites máximos nas vantagens cobradas pelos intermediários financeiros (por exemplo: um limite nos preços ou nas comissões);
• Fiscalizar e inspecionar as empresas abertas, isto é, aquelas que detêm ações na bolsa, dando prioridade às que não apresentem lucro em balanço ou deixem de pagar o dividendo mínimo obrigatório.
O fato de existirem competências gerais e discricionárias da CVM não significa que ela pode deixar de agir, mas que atua apenas em determinadas situações. Sendo assim, são elas:
· Publicar projeto de ato normativo para receber sugestões;
· Convocar, a seu juízo, qualquer indivíduo capaz decontribuir com informações ou opiniões para o aperfeiçoamento das normas;
· Examinar e extrair cópias de registros contábeis, livros, documentos, tal como documentos de auditores independentes, que devem ser mantidos pela CVM por, no mínimo, cinco anos;
· Intimar pessoas físicas e jurídicas que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários (fundos e sociedades de investimentos, auditores independentes, consultores de valores mobiliários, entre outros) a prestar informações;
· Requisitar informações de qualquer órgão público, autarquia ou empresa pública;
· Exigir que empresas abertas republiquem, com correções, informações divulgadas;
· Apurar, mediante processo administrativo, atos ilegais e práticas não equitativas de participantes do mercado;
· Aplicar aos participantes do mercado penalidades administrativas, bem como civis ou penais;
· Realizar convênios com comissões de valores mobiliários de outros países, ou com entidades internacionais, para assistência e cooperação no comando de investigações;
· Oficializar convênios com instituições que tenham por finalidade o estudo e a divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e de auditoria.
O sistema de distribuição de valores mobiliários é responsável por colocá-los no mercado e, efetivamente, negociá-los (pense em uma revendedora de automóveis — é semelhante!). É formado pelas instituições auxiliares do mercado de capitais.
São algumas delas: instituições financeiras e demais sociedades que distribuem valores mobiliários emitidos; bolsas de valores; sociedades que revendem valores mobiliários; entidades de balcão organizado, isto é, aquelas em que suas operações são realizadas diretamente entre as partes. Assim, a CVM é responsável por definir quais instituições financeiras podem realizar as atividades e serviços no mercado de valores mobiliários, bem como autorizá-las a empreender suas atividades.
A CVM aplica normas relevantes às empresas de capital aberto que operam no mercado de valores mobiliários. Por exemplo, ela determina as informações que as empresas devem divulgar, padrões contábeis, divulgação de deliberações dos órgãos administrativos etc.
Também é sua responsabilidade o estabelecimento de condições para o registro e o procedimento dos auditores independentes. Esses agentes são de extrema importância no mercado de valores mobiliários, pois auditam as demonstrações financeiras de empresas abertas e das instituições, sociedades ou empresas que compõem o sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários.
Outra atividade importante da Comissão aplica penalidades aos participantes que infringiam as normas do mercado de valores mobiliário. Estas são aplicadas administrativamente pela CVM, não podendo ser cíveis ou penais. Isso significa que a CVM não pode aplicar pena de reparação por danos morais ou materiais (esfera cível) e nem solicitar a prisão do infrator (esfera penal). Estas penas devem ser aplicadas pelo poder judiciário. No âmbito da Comissão, estão: advertência, multa e inabilitação de exercer determinados cargos (a penalidade é temporária, podendo durar, no máximo, 20 anos).
Além disso, a CVM pode suspender o registro ou a autorização de entidades ou pessoas que realizavam operações no mercado de valores mobiliários.
A pena de proibição é temporária e aplicada em três casos:
1. É proibido, por, no máximo, 20 anos, a realização de determinadas atividades ou operações, para os integrantes do sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na CVM;
2. Torna-se impossível, por, no máximo, dez anos, atuar, direta ou indiretamente, em uma ou mais modalidades de operação no mercado de valores mobiliários;
3. A CVM pode proibir o agente penalizado de, por, no máximo, cinco anos, contratar instituições financeiras oficiais (BNDES, BB, Caixa Econômica etc.).
4. Sobre as multas, os valores são variáveis, mas no caso de não ser possível verificar os valores da operação ou da vantagem obtida, o limite da multa é de R$50 milhões.
Outro instrumento utilizado pela CVM é o termo de compromisso. Ele é utilizado para cessar processos administrativos, desde que o investigado ou acusado se comprometa a não mais praticar atividades ou atos considerados ilícitos pela CVM e resolver as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuízos. Partindo da ideia de não punir, o cumprimento dessas exigências é obrigatório na aceitação do termo de compromisso. Se a CVM verificar o descumprimento das exigências, ela dará continuidade ao procedimento administrativo anteriormente suspenso. A vantagem desse instrumento é que o investigado/acusado não precisa se reconhecer como culpado do ato praticado.
A CVM pode realizar um acordo de leniência com agentes que confessarem uma infração. Ao confessar, o agente pode reduzir de um a dois terços a penalidade, mediante a colaboração para apuração dos fatos, ou até extinguir sua ação punitiva.
Para o acordo ser feito, os seguintes requisitos devem estar presentes:
Por fim, a CVM exerce a função de amicus curiae (amigo da corte). Ela possui a prerrogativa (mas não a obrigação) de oferecer parecer ou prestar esclarecimentos nos processos judiciários que abordem temas do mercado de capitais. A autarquia especial torna acessível ao conhecimento do juiz aquele tema que, normalmente, não é de seu conhecimento e que ele só conseguiria entender após um estudo considerável
CARACTERÍSTICAS DA SUSEP
A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) foi instituída em 1966. A autarquia vinculada ao ministério da Economia é responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada, capitalização (o título de capitalização é um produto em que uma parcela dos pagamentos realizados é utilizada para formar um capital) e resseguro (seguro realizado por uma seguradora).
A SUSEP, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP, fiscaliza a constituição, organização, funcionamento e operações das sociedades seguradoras. Além disso, a autarquia zela pelos interesses dos consumidores do mercado supervisionado, pelo aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais, visando uma maior eficiência do sistema, pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado, entre outras atribuições.
CARACTERÍSTICAS DA PREVIC
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) foi criada em 2009. É, também, uma autarquia especial, dotada de autonomia administrativa e financeira, e patrimônio próprio. Ela é vinculada ao ministério da Economia e estão entre as suas principais competências: fiscalização e supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência complementar e execução das políticas para o regime de previdência complementar. Em outras palavras, a Previc funciona como uma espécie de agência reguladora encarregada de fiscalizar e supervisionar as centenas de fundos de pensão existentes no Brasil.
TEMA 3
MÓDULO 1
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
Em qualquer economia, podemos distinguir dois tipos de agentes:
AGENTES SUPERAVITÁRIOS
Formadores de poupança que desejam guardar recursos para eventuais necessidades futuras e buscam remunerar esses recursos.
AGENTES DEFICITÁRIOS
Tomadores de recursos para fins diversos, como o consumo ou o desenvolvimento de uma atividade produtiva, que estão dispostos a pagar uma remuneração pelo acesso àqueles que estejam disponíveis.
Podendo ser pessoas físicas ou jurídicas, esses inúmeros agentes têm diferentes expectativas de remuneração, prazo e volume de recursos que querem ofertar ou tomar. Além disso, possuem diferentes características de aversão a risco, idade, faixa de renda, atividade desempenhada, localização geográfica e histórico de crédito, ou seja, perfis de risco distintos.
Por conta disso, seria muito difícil para um agente encontrar, por conta própria, uma contraparte que se adequasse perfeitamente às suas expectativas sem o auxílio de um intermediário. Tendo isso em vista, observemos os seguintes casos
João recebeu um pagamento inesperado de R$5.000.Como só pretender usar esses recursos em seis meses, ele deseja investir o dinheiro por esse período como forma de remunerá-lo. No entanto, João é bastante avesso a riscos e quer ter a certeza de que receberá o valor investido ao final do período.
Pedro, por sua vez, está desempregado. Ele precisa comprar uma nova geladeira no valor de R$1.000, mas não possui esse recurso. Ele gostaria de tomá-lo emprestado para pagar em um ano.
Maria possui um comércio que está dando bons resultados e deseja abrir uma nova loja para expandir seus negócios. Ela quer tomar R$20.000 emprestados para pagar em dois anos.
José vendeu seu carro e gostaria de investir os R$15.000 que obteve de receita com essa venda por três meses, quando fará uma viagem
Os dois agentes poupadores (João e José) querem emprestar, enquanto os dois deficitários (Pedro e Maria) desejam tomar recursos emprestados. No entanto, diferentes perfis de risco, valores e prazos tornam improvável que eles consigam realizar essas operações.
As instituições financeiras vêm então cumprir esse papel de intermediários na união entre agentes poupadores e tomadores com diferentes caraterísticas e expectativas. A gestão dos riscos e a conciliação de volumes e prazos são possibilitadas com uma grande massa de agentes dos mais variados perfis.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COMO INTERMEDIÁRIOS.
Esta figura ilustra o papel intermediário desempenhado pelas instituições financeiras, já que elas unem os agentes superavitários e os deficitários. Nesse esquema, pode-se observar que a contraparte de ambos passa a ser a instituição financeira. Esse fato é muito importante, pois define exatamente o risco de crédito de cada um dos participantes nesse processo.
RISCO DE CRÉDITO
Trata-se do risco de a contraparte de uma operação não honrar seus compromissos. Em uma operação de crédito, ele representa o risco de o tomador dos recursos não pagar ao credor o que deve na data de vencimento da operação
	Se João (no exemplo visto anteriormente) emprestasse dinheiro diretamente a Pedro, qual seria o risco dele?
Seria o de Pedro não pagar o valor devido na data acordada, ou seja, o risco de crédito de João seria Pedro. Com a intermediação financeira, aquele empresta o dinheiro ao banco, que, por sua vez, o empresta a este. Com isso, o risco de crédito de João agora passa a ser o banco, o qual, por outro lado, tem Pedro como seu risco.
MERCADO DE CRÉDITO
No mercado de crédito, as instituições financeiras atuam como intermediários financeiros, unindo os agentes deficitários e superavitários.
Este é o mercado em que atuam os bancos comerciais e as sociedades de crédito, financiamentos e investimentos (também conhecidas como financeiras). Nele, as instituições, por exemplo, captam recursos dos poupadores e os emprestam a empresas e pessoas com o propósito de financiar consumo ou capital de giro.
Como as instituições financeiras que operam nesse mercado possuem uma carteira bastante ampla de clientes com diferentes perfis de prazos e volumes de recursos, elas conseguem realizar uma gestão de riscos mais eficiente que a de poupadores e tomadores. Eles, afinal, não seriam capazes de realizá-la sem o auxílio desses intermediários.
Desse modo, essas instituições captam recursos com os agentes poupadores, remunerando-os com uma taxa de juros conhecida como a taxa de captação. Em contrapartida, elas emprestam recursos para os agentes deficitários, cobrando deles outra taxa de juros pelo serviço: a taxa de empréstimo.
Qual das duas taxas você acha que é a maior: a taxa de captação ou a de empréstimo?
A taxa de empréstimo é maior que a de captação. A explicação para isso é simples. A de empréstimo é formada pela receita do banco, ou seja, o quanto ele recebe pelos empréstimos que realiza. Já a de captação é a despesa dele, o quanto ele paga para captar recursos. Como o banco busca lucro, ele precisa ter uma receita superior à sua despesa. Dessa forma, a taxa de empréstimo deve ser maior do que a de captação.
A diferença entre essas duas taxas é chamada de spread de crédito (margem de crédito). O spread configura uma medida da remuneração dos bancos pelo serviço de intermediação financeira.
Nos componentes que formam o valor do spread de crédito, há diversos outros fatores além do lucro dos bancos, como, por exemplo, custo de captação, inadimplência, custos administrativos, impostos e repasses ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Um dos componentes mais relevantes é a inadimplência, que representa o risco de crédito do banco. De todos os empréstimos que ele vier a oferecer, uma parcela não será honrada pelas contrapartes. Ela constitui o nível de inadimplência da carteira do banco.
Quanto maior for o nível de inadimplência, maiores serão os riscos do banco e, por consequência, a remuneração exigida por ele para emprestar recursos.
Outra parcela do spread diz respeito a repasses para o FGC. Da mesma forma que a inadimplência, essa parcela também está relacionada ao risco de crédito. Porém, neste caso, tal risco está voltado para os credores do banco. Detalharemos esse ponto mais à frente quando falarmos do FGC.
Devido às suas características, as operações no mercado de crédito costumam ser de curto ou médio prazo. Elas podem ser divididas em duas categorias: crédito direcionado e crédito livre.
CRÉDITO DIRECIONADO
Ele é constituído por empréstimos com condições determinadas pelo governo e regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na formulação de políticas públicas. O governo, portanto, determina que uma parte dos recursos captados pelos bancos comerciais seja direcionada ao financiamento de atividades estratégicas para o país relacionadas com o setor rural, habitacional ou de infraestrutura. Com isso, parte dos depósitos tanto à vista quanto os de poupança deve ser direcionada a um crédito, por exemplo, rural ou imobiliário.
Como surgiu o crédito direcionado?
A origem do crédito direcionado surgiu da necessidade de viabilizar empréstimos de longo prazo em um ambiente com baixa poupança e mercado de capitais pouco desenvolvido. Esta, aliás, era a realidade do Brasil há algumas décadas. Além do crédito rural e do financiamento imobiliário, também se enquadram no crédito direcionado as operações de capital de giro e o financiamento agroindustrial e de investimentos com recursos do BNDES e operações de microcrédito.
A Resolução CMN nº 4.676/18 exige que um mínimo de 65% dos depósitos em poupança seja direcionado a operações de financiamento imobiliário. Oitenta por cento desses 65% devem ser encaminhados ao Sistema Financeiro de Habitação, que busca financiar imóveis para famílias de baixa renda.
Por sua vez, 25% dos depósitos à vista dos bancos precisam ser direcionados ao crédito rural. Já 2% desses depósitos vão para o microcrédito, que é composto por operações de crédito destinadas à população de baixa renda e aos microempreendedores.
No crédito direcionado, as taxas praticadas e o spread de crédito são, por vezes, controlados pelo governo.
CRÉDITO LIVRE
No crédito livre, os contratos de financiamento e os empréstimos têm taxas pactuadas livremente, enquanto as instituições financeiras possuem autonomia para destinar os recursos captados no mercado da maneira que entenderem ser a mais eficiente.
Exemplo: São destinações de crédito livre o cheque especial, o crédito consignado, o crédito pessoal, o rotativo de cartão de crédito e o capital de giro de empresas.
IMPORTÂNCIA DO MERCADO DE CRÉDITO
Elo entre os agentes poupadores e tomadores, o mercado de crédito concilia as diversas expectativas relativas a prazos e volumes e otimiza a gestão dos riscos, tornando-a mais eficiente. Ele ainda possui uma importância relevante para o país. Esse mercado, afinal, viabiliza a economia real, disponibilizando recursos para a produção de bens e serviços e fornecendo mecanismos de poupança.
As instituições financeiras que nele operam recebendo depósitos à vista também contribuem com a economia por meio da criação de moeda escritural, o que gera o chamado efeito multiplicar bancário.
Quando uma instituiçãofinanceira recebe depósitos à vista, parte deles deve constituir uma reserva compulsória da instituição com o Banco Central. O restante pode ser convertido em empréstimos concedidos pela instituição financeira, a qual, por sua vez, os transforma em novos depósitos à vista.
Isso gera um efeito multiplicador de tal forma que, se R for o valor da reserva compulsória depositada no Banco Central, a quantidade de recursos disponíveis para empréstimos será dada por:
 multiplicador = 1/R. Com isso, se o Banco Central definir uma taxa de 20% para a reserva compulsória, teremos um efeito multiplicador igual a:
Ou seja, para cada R$1 depositado em conta corrente dos bancos, R$5 são disponibilizados para empréstimos, aumentando, assim, a oferta de recursos para os agentes tomadores.
Caso a taxa compulsória seja de 25%, teremos um efeito multiplicador igual a: 
Isso significa que, para cada R$1 depositado em conta corrente dos bancos, R$4 são disponibilizados para empréstimos. Com isso, o depósito compulsório exigido pelo Banco Central às instituições financeiras determina a quantidade de recursos disponíveis para o mercado de crédito.
No Brasil, o mercado de crédito ainda não possui uma grande envergadura em comparação com outras nações mais desenvolvidas. Em 2019, o mercado de crédito brasileiro representava, segundo dados do Banco Central, cerca de 48% do Produto Interno Bruto (PIB). Países como Estados Unidos e Japão possuem respectivamente mercados de crédito de 245% e 361% do PIB, informam os dados recolhidos pelo Banco Mundial.
MÓDULO 2
REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DO MERCADO DE CRÉDITO
O mercado de crédito é regulado. Assim, para conceder empréstimos, as empresas precisam ser autorizadas previamente pelo Banco Central do Brasil (BCB). Além disso, elas devem estar constituídas segundo as normas editadas pelo CMN e ter capital suficiente para fazer frente aos riscos, garantindo, assim, a estabilidade do sistema como um todo.
O BCB apresenta em seu site a seguinte composição para o sistema financeiro nacional:
Os órgãos normativos são aqueles que estabelecem as regras do jogo, regulando as condições para se operar nos mercados e estabelecendo medidas prudenciais para garantir a estabilidade financeira. Além disso, entre outras regras que visam a um bom funcionamento do sistema, são estabelecidas medidas de conduta para a salvaguarda da proteção de participantes e consumidores.
Criado pela Lei nº 4.595, de 1964, o CMN é o órgão que regula, entre outros, o mercado de crédito. Já ao BCB cabe a sua supervisão.
Um dos principais objetivos da regulação e da supervisão é garantir o bom funcionamento e a estabilidade do sistema. Por outro lado, um dos pontos de atenção do regulador e do supervisor é o risco de liquidez dos bancos.
O risco de liquidez é associado à capacidade das instituições financeiras de realizar seus ativos em condições de valores e prazos adequados. Em outras palavras, é a capacidades de as instituições financeiras transformarem seus ativos em dinheiro rapidamente e sem perdas significativas para fazer face às suas obrigações. Essa preocupação do regulador justifica-se, como vimos no módulo 1, pelas características dos ativos e das obrigações dos bancos e do multiplicador bancário.
As obrigações dos bancos costumam ser de curtíssimo prazo, como, por exemplo, no caso dos depósitos à vista, que têm liquidez imediata. Com o multiplicador bancário, vimos ainda que cada R$1 depositado pode gerar diversos outros reais também em depósitos à vista, o que representa a capacidade de alavancagem dos bancos.
Já os ativos dos bancos constituem seus empréstimos de curto e médio prazos. São, portanto, de maior prazo do que suas obrigações. Caso haja um volume muito alto de resgates de contas de depósito à vista, o banco poderá ter dificuldades em realizar seus ativos para pagar a todos os clientes que quiserem resgatar seus valores.
Para evitar que o banco se torne insolvente nessas situações, o CMN e o BCB emitem regras prudenciais fortemente baseadas no padrão internacional estabelecido pelo Comitê de Basileia de Supervisão Bancária (BCBS, em inglês). Trata-se do denominado Basileia III (número romano que corresponde à sua terceira versão). Desse modo, as instituições que operam no mercado de crédito devem possuir capital suficiente e uma estrutura eficaz de gestão de riscos para garantir seu funcionamento regular – mesmo em situações de crise.
	Vale ressaltar que o Comitê de Basileia tem importância significativa, uma vez que a globalização tornou os sistemas financeiros de todo o mundo interligados, aumentando o risco de contágio. Isso exigiu dos reguladores nacionais uma harmonização na regulação e na supervisão a fim de garantir a estabilidade do sistema financeiro internacional.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
As instituições financeiras são os principais operadores do mercado de crédito, podendo estar constituídas sob diversas formas a serem delineadas neste tópico.
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO
O mais conhecido deles é o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas há vários outros bancos de desenvolvimento regional, como, por exemplo, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (BANDES). Esses bancos têm por objetivo fomentar a atividade econômica. A Resolução CMN nº 394 assim define seus objetivos:
proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio e longo prazos, de programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento econômico e social dos respectivos estados da Federação onde tenham sede, cabendo-lhes apoiar prioritariamente o setor privado.
Caixa Econômica Federal
A Caixa é uma instituição financeira pública que exerce uma série de funções operacionais na implantação de políticas de governo. Entre essas políticas, destaca-se a gestão de fundos, como, por exemplo, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o Programa de Integração Social (PIS) e o seguro-desemprego. Além disso, ela gere d forma exclusiva as loterias federais e concede empréstimos sob penhor.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de capital misto que também auxilia na execução de políticas públicas, como, por exemplo, as dos créditos rural e industrial. Executa tarefas de agente financeiro do governo federal, principalmente nas áreas rural e de exportação. Atua como executor dos serviços bancários do governo federal e de suas autarquias, etc. 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MONETÁRIAS
São as instituições autorizadas a reter depósitos à vista, ou seja, a gerar moeda escritural. Elas dividem-se em bancos comerciais (aqueles aos quais estamos costumados a utilizar), bancos múltiplos com carteiras comerciais, Caixa Econômica Federal e cooperativas de crédito.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO MONETÁRIAS
Nessa categoria enquadram-se os bancos múltiplos sem carteira comercial, as agências de fomento, as associações de poupança e empréstimo, os bancos de câmbio, os bancos de desenvolvimento, os bancos de investimento, as companhias hipotecárias, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, as sociedades de crédito imobiliário, as sociedades de crédito ao microempreendedor. Tais instituições tem têm finalidades específicas de investimentos e financiamentos de médio e longo prazos a setores específicos da economia. 
Diferenciam-se das instituições bancárias tradicionais, principalmente pelo fato de não poderem aceitar depósitos à vista de clientes, o que, por conseguinte, elimina a possiblidade de criação de moeda.
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM SHADOW BANKING?
O shadow banking (ou sistema bancário paralelo) é o conjunto de agentes que fornece crédito de maneira informal. Considera-se seu sistema paralelo ao bancário ou nas sombras (do inglês shadow) dele, já que ele não está sujeito a nenhuma — ou a muito pouca — regulação e supervisão.
Este tipo de atividade constitui um risco para o sistema financeiro apesar de representar um volume significativo de negócios nomundo todo. Algumas pessoas acreditam que o shadow banking foi um dos principais responsáveis pela crise financeira global em 2008, pois a maior parte de suas operações era alavancada, ou seja, não possuía garantias reais.
Algumas das instituições que operam nesse mercado paralelo de crédito são os fundos de pensão, as seguradoras, as securitizadoras, as factorings e os esquemas peer-to-peer.
INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO BANCÁRIA
Como vimos, os bancos são os principais provedores de crédito. Para poder cumprir esse papel, eles precisam captar recursos dos agentes poupadores.
Essa captação pode se dar, como veremos nesta seção, por meio de diversos instrumentos.
Nesses instrumentos, os agentes poupadores estão sujeitos ao risco de quebra da instituição financeira à qual aportam recursos. Dessa forma, quanto mais sólida for essa instituição, menor será a taxa de remuneração exigida por esses investidores para suportar o risco, assim como menos custoso será para ela captar recursos.
Analisaremos agora alguns dos instrumentos de captação bancária mais importantes:
DEPÓSITOS À VISTA
Trata-se dos depósitos em conta corrente disponibilizados pelas instituições financeiras monetárias. Eles constituem uma fonte importante de captação. Esses depósitos não são remunerados e possuem liquidez imediata para o depositante, podendo ser sacados a qualquer tempo.
Como vimos anteriormente, parte desses depósitos deve ser recolhida ao BCB por meio dos depósitos compulsórios, enquanto a outra precisa ser empregada no crédito direcionado, como, por exemplo, crédito rural ou o financiamento imobiliário.
DEPÓSITOS A PRAZO
Diferentemente dos feitos à vista, os depósitos a prazo são remunerados pela instituição financeira após o período previamente acordado. Eles podem possuir restrições de resgate para o depositante.
os principais produtos de depósito a prazo comercializados são:
CDB – CERTIFICADO DE DEPOSITO BANCÁRIO.
É um dos instrumentos financeiros mais tradicionais do mercado brasileiro e o titulo de renda fixa mais adquirido pelo investidor pessoa física. É uma importante fonte de captação de recursos para as instituições financeiras. As características do CDB são determinadas no momento da contratação. Na ocasião, prazo e forma de rendimento são previamente definidos. Sua remuneração, que pode ser pós-fixada ou prefixada, é baseada em diversos indexadores. O mais utilizado é a taxa DI CETIP.
Para os investidores, os principais atrativos de um CDB estão na possibilidade de contração do ativo com liquidez diária e o fato de o instrumento ser elegível ao fundo garantidor de crédito. O risco de quem adquire um CDB está diretamente associado a solidez de seu emissor, uma instituição financeira.
RDB - RECIBO DE DEPOSITO BANCÁRIO.
Com prazo de vencimento predefinido, o RDB conta com rentabilidade fixada no ato de sua emissão, pré ou pós-fixada. Assim, no final do prazo contratado, o investidor o investidor recebe o valor aplicado (principal), acrescido da remuneração prevista.
O RDB pode ser emitido por bancos comerciais, múltiplos, de desenvolvimento e de investimento, além de por sociedades de credito, financiamento e investimento. Por ser um titulo normativo, intransferível, não é admitida a negociação em mercado secundário. Mas pode ser resgatado da instituição emissora antes do prazo contratado, desde que decorrido o prazo mínimo de aplicação. Antes do prazo mínimo não são auferidos rendimentos.
DEPÓSITOS DE POUPANÇA
Este é um dos produtos mais conhecidos dos brasileiros, destinado de maneira geral ao público de baixa renda. Os recursos aplicados podem ser sacados a qualquer momento e oferece uma rentabilidade de 0,5% a.m. o que equivale a uma rentabilidade de 6.17% ao ano, mais a variação da taxa referencial (TR).
Depois de 2012, a regra da remuneração da poupança ganhou um novo componente. Agora, caso a meta da taxa Selic seja igual ou inferior a 8,5% a.a., a remuneração da poupança será igual a 70% dessa taxa mais a variação da TR.
Parte dos recursos captados pelas instituições financeiras nas cadernetas de poupança é destinada ao seguimento habitacional. No caso do banco do brasil, parte dos recursos captados é destinado ao seguimento rural.
Os recursos investidos na caderneta de poupança contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito.
LETRAS FINANCEIRAS
São instrumentos de captação das instituições financeiras de mais longo prazo que o de CDBs e RDBs. As letras financeiras geralmente estão destinadas a investidores institucionais, como, por exemplo, fundos de investimento, sociedades seguradoras e entidades de previdência complementar, uma vez que seu valor mínimo para aplicação é de R$300 mil e que seu prazo mínimo é de dois anos.
LETRAS DE CRÉDITO DO AGRÍCOLA (LCA)
A letra de crédito do agronegócio (LCA) é um título de crédito nominativo, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento em dinheiro emitido com base em lastro de recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos relacionados com a produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de maquinas e implementos utilizados na produção agropecuária.
As LCA são títulos de renda fixa, emitidos por instituições financeiras públicas ou privadas, que possuem isenção de imposto de renda (IR) e de imposto sobre operações financeiras (IOF).
Atenção: Elas devem estar lastreadas por créditos do agronegócio, ou seja, empréstimos que os bancos efetuam a esse setor da economia.
LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCI)
Trata-se de um título de crédito cujo lastro são créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação fiduciária do imóvel. A LCI também conta com a garantia de uma instituição financeira e com o Fundo Garantidor de Crédito.
As letras de credito imobiliário podem ser emitidas pela caixa econômica federal, por bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira de credito imobiliário, associações de poupança e empréstimos, companhias hipotecarias e sociedades de credito imobiliário.
De maneira semelhante às LCAs, as LCIs possuem isenção de IR e IOF. Elas precisam estar lastreadas por créditos imobiliários, sejam eles financiamentos imobiliários ou projetos de reforma e construção.
	Graças a todos esses instrumentos que acabamos de ver, os agentes superavitários podem emprestar recursos financeiros para que os bancos concedam crédito. Dessa forma, eles passam a incorrer no risco de a instituição financeira na qual aportaram recursos tornar-se insolvente. Para reduzir esse, risco há alguns mecanismos, como, por exemplo, o FGC.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC)
O FGC é um arranjo elaborado pelas instituições financeiras para proteger os investidores que aportam recursos nelas, barateando seu custo de captação. Ele é constituído em forma de associação civil sem fins lucrativos, funcionando como uma espécie de seguro para esses investidores.
A origem do FGC se dá com a edição da Resolução CMN nº 2.197/95, que autoriza a constituição de entidade privada e sem fins lucrativos destinada a administrar mecanismo de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras. o FGC tem por finalidade:
1. 
2. Proteger depositantes e investidores no âmbito do sistema financeiro até os limites estabelecidos pela regulamentação.
3. Contribuir para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro nacional.
4. Auxiliar na prevenção de uma crise bancária sistêmica.
A Resolução CMN nº 4.653/18 estabelece que o valor de 0,01% sobre os saldos garantidos pelo FGC precisa ser recolhido mensalmente pelas instituições financeiras a esse fundo como contribuições ordinárias.
Ele garante os recursos dos investidores em instituições que tenham sofrido intervenção, concordata, falência ou que tenham sido decretadas insolventes pelo Banco Central.
	O artigo 11 desse estatuto (2013) ainda afirma que são instituições associadas ao FGC a Caixa Econômica Federal, os bancos múltiplos, os bancos comerciais, os bancos de investimento,

Continue navegando