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TOXICOLOGIA BRENDA RODRIGUES 6° SEMESTRE Resposta tóxica: conceitos e interações químicas Conceito de Toxicologia • A palavra Toxikon tem origem grega e significa veneno das flechas [usado na caça desde a antiguidade] • É a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo, a partir da relação entre o agente químico e a reação tóxica causada por ele • O objetivo básico é prevenir, diagnosticar e tratar as intoxicações provocadas pelos agentes tóxicos • Efeitos tóxicos: o Leves: irritação nos olhos o Graves: dano renal e hepático A partir de qual ponto um efeito biológico passa a ser considerado nocivo? • A partir do momento em que este diminui a capacidade do organismo de manter a homeostasia, quer sejam efeitos reversíveis ou irreversíveis o Se uma substância química produz uma lesão patológica, a reversibilidade do dano depende da capacidade de regeneração do tecido; exemplo: o tecido hepático possui alta capacidade regenerativa, enquanto o SNC, em grande parte, não regenera as suas células diferenciadas • Quando produzido durante exposição prolongada, pode resultar em transtorno da capacidade funcional, aumentando a susceptibilidade aos efeitos indesejáveis de fatores ambientais [químico, físico, biológico, social] Conceitos básicos • Agente tóxico ou toxicante; toda substância que ao interagir com um sistema biológico, é capaz de produzir respostas deletérias, provocando alterações morfológicas ou funcionais, podendo até levar a óbito, sob certas condições de exposição • Veneno: substância [ou mistura] química que provoca intoxicação ou morte com baixas doses • Toxicidade: propriedade de agentes tóxicos de promover injúrias às estruturas biológicas por meio de interações físico- químicas; é a capacidade e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos • Ação tóxica: maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre estruturas teciduais • Droga: substância capaz de modificar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção de benefício do organismo o Difere do fármaco, pois este é definido como toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, em benefício do organismo receptor • Xenobiótico: substâncias químicas estranhas ao organismo • Antídoto: substância capaz de antagonizar os efeitos tóxicos • Intoxicação: é um processo patológico causado pela interação do agente tóxico com o sistema biológico; este pode ser representado por sinais e sintomas e/ou mediante exames laboratoriais A intensidade e a duração do efeito tóxico dependem da concentração do agente tóxico alcançada nos sítios de ação o Os efeitos locais irão ocorrer no sítio do primeiro contato entre o agente tóxico x sistema biológico, enquanto os efeitos sistêmicos necessitam de absorção e distribuição de uma substância toxica a partir do seu ponto de entrada para um local distante, em que os efeitos deletérios são produzidos Áreas de atuação • Ambiental: estuda os efeitos nocivos causados pela interação entre o contaminante do ambiente x organismos humanos • Ocupacional: estuda os efeitos nocivos causados pela interação entre os agentes químicos do ambiente de trabalho x indivíduos expostos • Dos alimentos: estuda os efeitos nocivos causados pela interação entre agentes químicos no alimento x organismos humanos • De medicamentos e cosméticos: estuda os efeitos nocivos causados pela interação entre medicamentos ou cosméticos x organismo • Social: estuda os efeitos nocivos causados pela interação entre o uso não médico de drogas ou fármacos x indivíduo e sociedade o Em cada área, vários aspectos da toxicologia podem ser abordados, por exemplo, forense/legal, pediátrico, econômico, regulatório, mecanístico, descritivo etc. Divisão e finalidades da toxicologia • Toxicologia analítica: trata da detecção do agente químico em substratos [fluídos orgânicos, alimentos, água, ar, solo etc.] com o objetivo de prevenir ou diagnosticar intoxicações, a partir de métodos exatos, precisos e sensíveis para a identificação do toxicante ou para observar alterações bioquímicas funcionais do organismo o É importante no monitoramento terapêutico e/ou no acompanhamento de pacientes submetidos ao tratamento prolongado com fármacos [especialmente os de baixo índice terapêutico] mediante determinação do fármaco em material biológico [notadamente no plasma]; essa monitorização visa efetuar correção de doses e, se necessário durante a farmacoterapia, para obtenção de eficácia terapêutica com ausência/baixo risco de intoxicação o Também é útil no monitoramento biológico, aplicado na detecção do toxicante, seus metabólitos ou qualquer alteração de parâmetros bioquímicos em material biológico proveniente de indivíduos expostos, objetivando a prevenção de intoxicações o Também é aplicado no controle antidopagem em competições esportivas em que, mediante métodos analíticos, investiga-se a presença de substâncias, cujo uso é vedado pela legislação esportiva o O diagnóstico laboratorial da intoxicação representa uma ferramenta para o médico para atender melhor o paciente, auxiliando-o na escolha do tratamento e em seu acompanhamento • Toxicologia clínica: visa o atendimento do paciente exposto ao toxicante ou do intoxicado, para prevenir ou diagnosticar a intoxicação e aplicar-lhe uma terapêutica específica o Os profissionais dessa área, junto aos toxicologistas analíticos, desempenham um papel no diagnóstico das intoxicações e na identificação dos agentes tóxicos por meio de análises laboratoriais, clínicas e toxicológicas • Toxicologia experimental: desenvolve estudos para elucidar mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre o sistema biológico e para avaliação dos efeitos decorrentes dessa ação o A avaliação da toxicidade das substâncias é feita a partir do uso de espécies animais, seguindo as normas preconizadas pelos Órgãos Reguladores do país • Ecotoxicologia: estudo dos efeitos nocivos causados por agentes praguicidas e herbicidas ao meio ambiente o As agressões ecológicas por agentes tóxicos são avaliadas a partir de testes em espécies que integram a fauna e a flora de cada localidade Eventos da intoxicação • Fase de exposição: fase em que as superfícies do organismo entram em contato com o toxicante o É importante considerar nessa fase a dose/concentração do xenobiótico, a via de introdução, a frequência e a duração da exposição, as propriedades físico-químicas das substâncias e a susceptibilidade individual; todos esses fatores condicionam a disponibilidade química do TOXICOLOGIA BRENDA RODRIGUES 6° SEMESTRE xenobiótico, ou seja, a fração deste disponível para a absorção ▪ As propriedades físico-químicas dos toxicantes determinam o grau de acesso aos órgãos-alvo, assim como a velocidade de sua excreção no organismo • Fase toxicocinética: inclui os processos envolvidos na relação entre a absorção e a concentração do agente tóxico nos diferentes tecidos do organismo, através do deslocamento da substância no organismo o Nessa fase, considera-se a absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e os processos de excreção ▪ O balanço dos movimentos do deslocamento condiciona a biodisponibilidade da substância • Fase toxicodinâmica: compreende a interação entre as moléculas do toxicante e os sítios de ação [específicos ou não] dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático • Fase clínica: fase que avalia as evidências de sinais e sintomas, ou alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante com o organismo Tópicos importantes da absorçãode agentes tóxicos Camada externa da pele • A camada mais externa da pele, a epiderme, contém o estrato córneo, que é a barreira limitante da absorção o A pele é relativamente impermeável a compostos polares; entretanto, é permeável a grande n° de toxicantes sólidos, líquidos e gasosos [lipossolúveis] Coeficiente de partição sangue/ar • A absorção de toxicante [gases e substâncias voláteis] pelas vias respiratórias depende da sua solubilidade no sangue • O coeficiente de partição sangue/ar (λ) é constante para cada gás • A estimulação da circulação sanguínea e o aumento da perfusão pulmonar favorecem principalmente a absorção de gases de baixo coeficiente partição sangue/ar, pouco afetando na absorção de gases de alto coeficiente • O aumento da frequência respiratória acentua a absorção de gases de alto coeficiente de partição sangue/ar ↓ λ sangue/ar; fator limitante: circulação λ sangue/ar; fator limitante: respiração Volume de distribuição (Vd) • Parâmetro toxicocinético que indica a extensão da distribuição de um xenobiótico pelo organismo o ↓ Vd = a maior fração do xenobiótico permanece no plasma [não se difunde pelos tecidos] → proteínas séricas o Vd = a maior fração do xenobiótico não está no plasma e já se difundiu para os tecidos-alvos Oxidação do etanol • A oxidação do etanol para acetaldeído ocorre pela enzima etanol desidrogenase [ADH], citocromo P450 [CYP2E1] e pela catalase o O excesso de álcool leva ao consumo elevado de NAD+, levando ao acúmulo de acetaldeído, provocando – por exemplo – a vasodilatação, a queda da pressão arterial, taquicardia reflexa e cefaleia Metabolismo do paracetamol Variação da resposta tóxica • O grau de toxicidade de uma substância é avaliado quantitativamente pela medida da DL50 o DL50: dose de um agente tóxico obtida estaticamente, capaz de produzir a morte de 50% da população em estudo ▪ ↓ DL50 = o agente será mais tóxico o DE50: é a dose efetiva ou eficaz, a qual promove efeito desejado em 50% nos animais submetidos aos ensaios experimentais TOXICOLOGIA BRENDA RODRIGUES 6° SEMESTRE o IT: é o índice terapêutico, obtido através da razão entre a DL e a DE; IT = DL50/DE50 ▪ Quanto maior for o IT, menor o risco de determinado composto promover intoxicação Espectro dos efeitos indesejáveis Reações alérgicas • Efeito adverso mediado pelo sistema imune, resultante de uma pré-sensibilização pelo agente químico; o Depois de sensibilizado, o efeito ocorre até em pequenas exposições • A maioria dos produtos químicos são de baixo peso molecular, não suficientemente grandes para serem reconhecidas pelo sistema imune como substância estranha, tendo a necessidade de se combinar a uma proteína endógena para formar o antígeno; esta denomina-se hapteno, formando o complexo hapteno-proteína [antígeno] para induzir a formação de anticorpos entre 1 e 2 semanas • Manifestações clínicas: o Sistêmicas o Varia de gravidade: rush cutâneo a choque anafilático o Pele [dermatite, urticária e coceira] o Olho: conjuntivite e lacrimejamento o Respiratória: constrição brônquica, asma e asfixia Idiossincrasia química • Reação geneticamente anormal a uma substância química, tendo uma resposta qualitativamente semelhante em todos os indivíduos, embora com sensibilidade diferente a doses baixas ou extrema insensibilidade a altas doses do produto Interação química • A exposição às substâncias químicas não ocorre de forma isolada; ocorre a partir de medicamentos, exposição ocupacional, ambiental ou, até mesmo, através de dieta • É classificada em: o Aditiva: o efeito combinado das duas substâncias é igual à soma dos efeitos de cada uma se agisse isoladamente ▪ É o tipo mais comum de interação ▪ Exemplo: a ação inibitória de dois tipos de inseticidas organofosforados sobre a colinesterase o Sinergístico: o efeito combinado de dois agentes químicos é maior do que a soma dos efeitos de cada um separadamente ▪ Exemplo: efeito do tetracloreto de carbono e etanol sobre o fígado o Potencialização: ocorre quando uma substância que não tem efeito tóxico sobre certo órgão ou sistema, caso seja coadministrado com outro agente, torna-se mais tóxico ▪ Exemplo: Isopropanol [não hepatotóxico] + tetracloreto de carbono [hepatotóxico] o Antagonismo: quando dois ou mais agentes químicos administrados juntos, um interfere simultaneamente na ação do outro OU um interfere no outro, podendo ser classificada em funcional, químico [inativação], disposicional ou como bloqueio de receptor ▪ Antagonismo funcional: duas substâncias químicas equilibradas produzem efeitos opostos sobre a mesma função fisiológica ▪ Antagonismo químico: uma reação química entre dois compostos produz um produto menos tóxico ▪ Antagonismo disposicional: ocorre quando a absorção, distribuição, biotransformação ou excreção de uma substância é alterada de modo que a concentração e/ou duração da permanência do produto químico no órgão-alvo é diminuído ▪ Antagonismo de receptores: duas substâncias que se ligam no mesmo receptor produzem um efeito menor quando administradas em conjunto do que quando são somados seus efeitos de forma separada
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