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DESCRIÇÃO Reconhecimento dos processos após a Segunda Guerra Mundial, em um conflito entre Estados Unidos e União Soviética, definindo uma nova geopolítica mundial. PROPÓSITO Estruturar as relações políticas que constituem a história do século XX como fundamento para entender uma parte importante do mundo contemporâneo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar a experiência de Guerra Fria como uma das principais referências para o entendimento do século XX MÓDULO 2 Distinguir os conflitos internacionais influenciados pela Guerra Fria em todo o mundo MÓDULO 3 Reconhecer a transição do fim da Guerra Fria como fato importante para a compreensão da nova ordem mundial INTRODUÇÃO Guerra Fria é o termo atribuído ao período histórico de disputas políticas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, entre os anos de 1945 e 1991. Diante da inviabilidade de uma batalha nuclear que impusesse uma explosão mundial e, consequentemente, o extermínio da humanidade, a alternativa encontrada pelas duas superpotências foi não encaminhar um confronto direto, uma guerra “quente”. A corrida armamentista, pela construção de um grande arsenal de armas nucleares, foi o objetivo central durante as primeiras décadas da Guerra Fria, estabilizando-se nos anos 1960 e 1970. Havia a necessidade de imposição do modelo de desenvolvimento/projeto de sociedade de um em relação ao outro, ou seja, do ponto de vista norte-americano, o modelo capitalista/liberal e, na perspectiva soviética, a alternativa socialista. Conflitos reais aconteceram na Coreia, nas Américas, no Vietnã, na África e no Afeganistão. Ditaduras e guerras civis foram apoiadas pelas duas partes. A escalada das armas é um exemplo poderoso ao pensarmos nos fuzis portáteis. As relações internacionais passaram a ser fundamentais com a ideia de que o mundo estava perto de seu fim. A disputa entre as duas potências mundiais acabou por inaugurar muitas relações mundiais que ainda marcam nossa sociedade. MÓDULO 1 Identificar a experiência de Guerra Fria como uma das principais referências para o entendimento do século XX ANTECEDENTES No vídeo a seguir, vamos falar sobre o fim da Guerra Fria, explicando como a União Soviética e os Estados Unidos se tornaram potências. Fonte: Wikimedia 1 de Setembro de 1939: os alemães derrubam a fronteira da Polônia. Tem início a II Guerra Mundial. A Segunda Guerra Mundial é considerada o maior conflito bélico da humanidade. De modo direto ou indireto, ela provocou cerca de 60 milhões de mortes, mobilizando praticamente todo o planeta entre os anos de 1939 e 1945. A guerra exigiu grandes esforços econômicos por parte dos países envolvidos, que chegaram a utilizar até dois terços de seus produtos internos brutos. A vitória dos Aliados promoveu uma reconfiguração do sistema internacional, restabelecendo uma nova ordem mundial. Ainda que vitoriosos, franceses e ingleses saíram muito enfraquecidos do embate, por causa das perdas humanas e econômicas. O cenário europeu ficou marcado por centenas de cidades bombardeadas, transformadas em escombros; estradas e ferrovias destruídas; indústrias e campos de plantação arruinados. Os Estados Unidos, entretanto, saíram bastante fortalecidos. Perderam soldados nas batalhas, mas não sofreram ataques em seu território e, por conseguinte, não tiveram de arcar com custos de reconstrução. Suas fábricas e seus campos se especializaram em prover, à Europa, produtos industrializados e alimentos, tanto para a manutenção da guerra quanto para o abastecimento da população. ALIADOS Grupo formado por Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos. javascript:void(0) javascript:void(0) ESTADOS UNIDOS Enquanto a guerra destruía a economia europeia, fortalecia o desenvolvimento norte- americano, de modo que a produção industrial dos Estados Unidos se multiplicou por três, nesse período! Associado a isso, havia outro aspecto fundamental: a força militar, cujas demonstrações mais evidentes estavam nas bombas nucleares disparadas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Por esses motivos, os líderes norte- americanos participaram com protagonismo de todos os acordos diplomáticos feitos a partir de 1945. Fonte: Wikimedia Baixas da Segunda Guerra Mundial. Apesar das mortes e da destruição causadas pela guerra, a União Soviética também emergiu do conflito como grande potência, passando a ocupar política e militarmente a Europa Oriental e a exercer forte influência na Ásia. A força soviética fez-se notar também no crescimento, em toda a Europa, do apoio popular aos partidos comunistas. Isolados até 1939, lutando para construir um regime socialista sem pares ideológicos no continente, os soviéticos passaram a ser vistos como símbolos da luta contra o nazismo e potência política importante. Uma força que, ao longo do tempo, estendeu-se para além da Europa, inspirando revoluções e movimentos comunistas no mundo. Fonte: Wikimedia Países com armas nucleares. Em suma, o final do conflito iniciou um tempo novo, marcado por uma nova correlação de forças no cenário mundial, sob comando dos EUA e da URSS. Ainda que precário e instável, este novo equilíbrio de forças buscava, sobretudo, evitar uma nova guerra de proporções catastróficas em escala mundial, como foi a grande guerra encerrada em 1945. É à sombra do medo de destruição mundial que a Guerra Fria se estabelece: justamente para evitar um conflito direto “quente”, que o embate entre EUA e URSS ocorre de maneira “fria”. COMENTÁRIO A Guerra fria foi o período de disputas estratégicas e conflitos diretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo os anos de 1945 e 1991. Por causa da impossibilidade de vitória em uma batalha nuclear, não houve uma guerra direta ou “quente” entre as duas potências. Mas esses países estimularam e apoiaram conflitos, e participaram de muitos enfrentamentos armados em outras nações. A oposição e a disputa entre as duas potências se manifestavam na economia, na política, no campo das ideias e na competição tecnológica e bélica, criando um mundo marcado pela bipolaridade. POLÍTICA DE ALIANÇAS E ÁREAS DE INFLUÊNCIA NA EUROPA DIVERGÊNCIAS ENTRE EUA E URSS Os primeiros movimentos da Guerra Fria ocorreram, em grande parte, por causa das divergências acerca da melhor forma de organização da nova geopolítica do continente europeu com o fim da presença do nazifascismo. As Conferências de Cúpula de Yalta (4 a 11 de fevereiro de 1945) e Potsdam (17 de julho a 2 de agosto de 1945) refletiram o antagonismo entre os EUA e a URSS. Churchill, Roosevelt e Stalin durante a conferência. Fonte: Wikimedia CONFERÊNCIA DE YALTA Reuniu os EUA, a URSS e a Grã-Bretanha, representados por Franklin Roosevelt (1882-1945), Josef Stalin (1878-1953) e Winston Churchill (1874-1965) respectivamente. Yalta foi a conferência da conciliação dos vencedores e sua declaração final deveria iniciar uma era de paz e estabilidade na Europa. Ali, eles decidiram sobre as fronteiras soviéticas, o destino dos países do Leste Europeu e dos países do Eixo, derrotados na guerra — Itália, Japão e Alemanha. Na conferência, a União Soviética conseguiu recuperar praticamente todos os territórios perdidos durante a Primeira Guerra Mundial, anexando os Estados Bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia) e da Polônia (Bielorrússia). Attlee, Truman e Stalin em Potsdam. Fonte: Wikimedia CONFERÊNCIA DE POTSDAM Ocorreu uma correlação de forças. Pouco antes da abertura da Cúpula, o governo norte- americano autorizou testes da bomba atômica no deserto do Novo México (EUA) e o presidente Harry Truman (1874-1972) apresentou postura agressiva em relação à União Soviética. O tema principal da discussão foi o futuro do território alemão. MOVIMENTOS INICIAIS Em 12 de março de 1947, no congresso norte-americano, o presidente Truman proferiu um discurso que pode ser considerado, simbolicamente, inaugurador da Guerra Fria. Ele afirmou:“os povos livres do mundo olham para nós, esperando apoio na manutenção de sua liberdade”, assumindo o compromisso de "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista". Assim, legitimava a defesa do sistema capitalista em diferentes regiões por meio de intervenção direta dos EUA. Fonte: Wikimedia HarryTruman. Fonte: Wikimedia Stalin e Jdanov Os soviéticos não ficaram para trás. Em 1947, Andrei Jdanov (1896-1948), um dos principais assessores de Stalin, afirmou sua disposição em apoiar movimentos anti-imperialistas e as democracias sociais contrárias às potências coloniais e à exploração capitalista norte- americana. O mundo saíra da Segunda Guerra Mundial com a ideia de um grande inimigo: o nazifascismo, mas a teoria da divisão do mundo ficava estabelecida conforme a visão de cada lado: para os norte-americanos, os Estados não alinhados com suas ideias seriam usurpadores da liberdade e antidemocráticos; para os soviéticos, os usurpadores da liberdade seriam aqueles que “tomavam” o capital, reproduzindo a noção de algo antidemocrático. Nos dois discursos, havia um jogo de retórica, de construção de imagens, usado tanto pela URSS quanto pelos EUA, de acordo com seus interesses. No bojo desses movimentos iniciais e como parte do princípio de contenção do socialismo – nos termos da chamada Doutrina Truman – o secretário de Estado norte-americano George Marshall (1880-1959) anunciou a disposição dos Estados Unidos a efetivar uma colaboração financeira para a recuperação da economia dos países europeus. Fonte: Wikimedia Mapa dos países da Europa que receberam ajuda do Plano Marshall. As colunas azuis mostram a quantidade total relativa de ajuda por país. Investimentos norte-americanos foram feitos principalmente na Alemanha, França e Inglaterra. Ofertas de apoio econômico à Grécia, Turquia e aos países com presença de tropas soviéticas no Leste Europeu foram pontos de tensão entre as duas potências. A URSS recusou-se a receber tais recursos, acusando os Estados Unidos de quererem subordinar sua economia a seus interesses. O plano de ajuda financeira norte-americana para reconstrução econômica de países europeus no pós-Guerra ficou conhecido como Plano Marshall. PLANO MARSHALL Elaborado em 1947, o Plano Marshall foi um projeto norte-americano de ajuda econômica aos países europeus que consistiu na concessão de empréstimos a juros baixos e em doações para estimular a reconstrução europeia. SAIBA MAIS Os principais objetivos norte-americanos com o Plano Marshall eram: promover o desenvolvimento das sociedades capitalistas europeias e, por meio dos ganhos materiais proporcionados à população, combater o crescimento de grupos políticos comunistas; garantir à indústria norte-americana um mercado consumidor para suas mercadorias; investir o grande capital que haviam acumulado com o crescimento econômico durante os anos de guerra e abrir a economia europeia para a atuação das empresas norte-americanas, sob regras estabelecidas por eles. O governo soviético também buscou fortalecer seus laços políticos e econômicos com os países do Leste Europeu. De acordo com os interesses soviéticos, os políticos comunistas foram ocupando as posições mais importantes nos governos de coalizão e conduzindo seus países para a implantação de regimes socialistas. Os estados socialistas surgidos a partir de 1947 ficaram conhecidos como “democracias populares”. Foi o caso de Bulgária, Romênia, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e Albânia. ATENÇÃO javascript:void(0) O único país comunista da Europa Oriental criado após 1945 a não se submeter à autoridade soviética foi a Iugoslávia, onde o comunista Joseph Tito (1892-1980) havia liderado internamente a luta contra os nazistas e, depois da Segunda Guerra Mundial, estabeleceu um país formado por várias nações: Eslovênia, Croácia, Sérvia, Montenegro, Macedônia e Bósnia-Herzegovina. Em 1949, a URSS criou o Conselho de Ajuda Econômica Mútua (Comecon), uma espécie de Plano Marshall do lado comunista. O objetivo era estimular a cooperação econômica e tecnológica dos países comunistas e elaborar planos conjuntos de desenvolvimento. Assim, as economias comunistas também estabeleceram laços com o desenvolvimento industrial soviético. Winston Churchill, duro adversário do socialismo, cunhou um termo bastante conhecido para marcar a divisão entre a Europa capitalista e a socialista: a “cortina de ferro”, divisória do mapa europeu entre os lados ocidental (capitalista liberal) e oriental (comunista), atrás da qual estariam as “democracias populares”. Fonte: Wikimedia Nações parte da OTAN (em azul) e do Pacto de Varsóvia (em vermelho) SAIBA MAIS Com o objetivo de fortalecer laços políticos, econômicos e militares com suas áreas de influência na Europa, nos Estados Unidos e na URSS criaram-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o Pacto de Varsóvia. A OTAN (1949) e o Pacto de Varsóvia (1955), constituíam alianças militares entre os aliados dos Estados Unidos e da União Soviética, respectivamente. Com bases militares espalhadas em diversos países, as tropas da OTAN e do Pacto de Varsóvia aumentavam as tensões entre as nações capitalistas e socialistas. CORRIDA ARMAMENTISTA E CORRIDA ESPACIAL A fabricação de armas nucleares era um fator decisivo de disputa entre os EUA e a URSS. Era uma forma de demonstração do poderio das superpotências e da possibilidade velada de decidir uma guerra em um apertar de botões. Fonte: Wikimedia A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da Little Boy (em 6 de agosto de 1945) e sobre Nagasaki (direita), após o lançamento de Fat Man (9 de agosto de 1945). O lançamento de duas bombas atômicas garantiu aos Estados Unidos a rendição japonesa e o fim da Segunda Guerra Mundial. Deixou também um recado muito claro para o mundo: havia armas capazes de causar imensa destruição em massa, em poucos segundos, e elas estavam nas mãos de um só país, os Estados Unidos, que dominavam a tecnologia de sua fabricação. Essa realidade, entretanto, sofreu uma alteração em 1949, quando a União Soviética declarou ter desenvolvido a tecnologia para a produção de armas nucleares. A partir daí, soviéticos e norte- americanos iniciaram uma “corrida armamentista”, investindo vultosas somas de recursos para produzir bombas nucleares cada vez mais potentes, que atingissem maiores distâncias. No final dessa corrida, as duas superpotências possuíam arsenais compostos por bombas muito poderosas, capazes de destruir o planeta. A guerra era “fria” justamente por este motivo: um conflito armado direto entre os dois países nunca poderia ocorrer, pois significaria a destruição de todo o mundo, mas o clima contínuo de ameaça estava traçado. Os meios de comunicação eram muito utilizados para mostrar os feitos alcançados pela União Soviética ou pelos Estados Unidos na corrida espacial, outra forma de manifestação de poderio das duas superpotências: foguetes, naves espaciais, satélites enviados para a órbita da Terra. Em 1957, a União Soviética ostentava seu desenvolvimento tecnológico ao enviar o primeiro satélite artificial ao espaço – o Sputnik. Em 1969, diante do olhar espantado do mundo e da desconfiança de alguns, foi a vez de os Estados Unidos mostrarem seu poderio na corrida espacial, quando o seu astronauta Neil Armstrong (1930-2012) pisou na Lua. Fonte: Wikimedia Neil Armstrong na lua. Poyekhali (Lá vamos nós) foi a fala do cosmonauta soviético, Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 12 de abril de 1961. Ouça: Fonte: Erhueer/Shutterstock Fonte: Wikimedia Uma réplica do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial, lançado em 1957 pela URSS. A corrida espacial era uma maneira de demonstrar ao mundo – e, sobretudo, ao seu adversário do outro lado da Guerra Fria – a força econômica e tecnológica soviética e norte-americana. Cada vitória de uma sobre a outra era a demonstração da capacidadesuperior do sistema capitalista ou comunista de promover o desenvolvimento e o progresso. A propaganda, neste sentido, sempre foi um dos instrumentos mais eficazes para empreender o projeto de conquistar aliados e atacar os adversários. A Guerra Fria também originou a criação de poderosos órgãos de espionagem que atuavam no mundo inteiro: nos Estados Unidos, era a CIA (Central Intelligence Agency (Agência Central de Inteligência)) ; na União Soviética, a KGB (Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti (Comitê de Segurança do Estado)) . Ambos recebiam a colaboração dos serviços de informação dos países aliados, criando uma rede internacional de espionagem que, algumas vezes, interferiu diretamente em crises políticas de vários países. IMPACTOS DA POLÍTICA DE ALINHAMENTO NOS PAÍSES EUROPEUS: LADOS NORTE- AMERICANO E SOVIÉTICO As consequências econômicas do Plano Marshall nas economias europeias do pós-Guerra foram positivas. Naquele momento, os países capitalistas buscaram meios de se prevenir contra outras crises como a iniciada em 1929. Intervenção do Estado na economia Com a ideia de prevenção à futuras crises, fortaleceu-se a ideia de que o Estado deveria intervir na economia de diversas maneiras: participando das atividades produtivas, por meio de empresas estatais, impondo regras de funcionamento para as empresas; garantindo um sistema de transportes eficiente e programas de habitação popular; assegurando serviços de previdência social aos trabalhadores – como aposentadoria, seguro-desemprego, seguros contra doenças. Liberalismo econômico Pregava a não intervenção dos Estados na economia e, por isso, era preterido. O Estado construído após 1945, principalmente na Europa capitalista, ficou conhecido como Estado de Bem-Estar Social, pois deveria garantir a todos os seus cidadãos as condições mínimas de sobrevivência (como pensões e seguros), além de ser responsável pela sustentação dos sistemas públicos de educação e saúde. O desenvolvimento econômico, além de contar com a intervenção do Estado, baseou-se em um fator muito importante: a expansão do fordismo para a Europa e o Japão. FORDISMO O fordismo pode ser definido como um modo específico de organizar a produção de mercadorias em linhas de montagem, com a divisão das tarefas por trabalhadores. Prevê a produção em série, em larga escala. Transforma o trabalhador em um consumidor daquilo que produz pelo aumento do seu salário. A expansão da economia capitalista na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, significou a incorporação das classes trabalhadoras ao mercado consumidor, a partir de ganhos salariais. Assim, seria possível que soldadores, tecelões, torneiros mecânicos, pedreiros, entre outros, pudessem adquirir mercadorias. SAIBA MAIS É nesse período, então, que vemos surgir a sociedade de consumo de massa. Com os avanços tecnológicos e o aumento de salários, carros, refrigeradores, batedeiras, freezers, alimentos enlatados, enceradeiras, lavadoras, batedeiras, televisões e rádios passaram, realmente, a fazer parte da vida de milhões de pessoas nos países mais desenvolvidos. As cidades começaram a se reorganizar em torno das ruas e avenidas; a vida familiar, em torno dos programas de TV e de rádio. Na União Soviética, a economia do contexto imediatamente pós-guerra também encontrava bons resultados. javascript:void(0) DwaFotografy/shutterstock As taxas de crescimento médio anual do produto industrial no país foram de 9,3%, entre 1950 e 1960. DwaFotografy/shutterstock A industrialização soviética estimulou o desenvolvimento também de parques industriais em alguns países da Europa Oriental, cujas economias se ligavam ou se subordinavam diretamente àquele país. DwaFotografy/shutterstock O processo levou a um aumento do número de operários, bem como à intensificação da urbanização. DwaFotografy/shutterstock Houve o surgimento de instituições de educação técnica e superior, cuja função era formar uma mão de obra capacitada a trabalhar nas fábricas. As sociedades comunistas europeias também passaram por importantes transformações entre as décadas de 1940 e 1960. O comando e todas as decisões sobre a economia, entretanto, permaneceram centralizadas na burocracia estatal. Esse aspecto, em longo prazo, acabou limitando o espaço e o impulso para o surgimento de mudanças e inovações nas economias comunistas. Mas, essa questão só se revelou um problema mais tarde. No fim da década de 1960, a União Soviética comunista aparecia aos olhos do mundo como um bem-sucedido caminho para a industrialização. Fonte: Wikimedia R-12 (designação SS-4), um míssil balístico de médio alcance projetado para carregar artefatos nucleares, durante um desfile na Praça Vermelha em Moscou (1959-1962) VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. LEIA O TEXTO ABAIXO: “OS 45 ANOS QUE VÃO DO LANÇAMENTO DAS BOMBAS ATÔMICAS ATÉ O FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA NÃO FORAM UM PERÍODO HOMOGÊNEO ÚNICO NA HISTÓRIA DO MUNDO. (…) DIVIDEM-SE EM DUAS METADES, TENDO COMO DIVISOR DE ÁGUAS O INÍCIO DA DÉCADA DE 1970. APESAR DISSO, A HISTÓRIA DESTE PERÍODO FOI REUNIDA SOB UM PADRÃO ÚNICO PELA SITUAÇÃO INTERNACIONAL PECULIAR QUE O DOMINOU ATÉ A QUEDA DA URSS.” (HOBSBAWM, 1996). O AUTOR ESTÁ SE REFERINDO AO PERÍODO IDENTIFICADO COMO GUERRA FRIA, CUJA ORIGEM PODE SER ATRIBUÍDA À: A) Construção de um discurso inglês e norte-americano, que procurou mostrar os perigos do expansionismo soviético. B) Doutrina Truman, que incentivou os soviéticos a ampliarem seu domínio político nos países do Leste Europeu. C) Divisão do território alemão pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial e às divergências quanto à sovietização do Oriente Médio. D) Assinatura do Pacto de Varsóvia, que proibiu a Iugoslávia de receber ajuda econômica e militar dos Estados Unidos. E) Declaração unilateral da URSS da “Detente”, que exprimia o desejo de buscar a coexistência pacífica entre os dois sistemas ideológicos. 2. LEIA O TEXTO ABAIXO: “CRESCIMENTO ECONÔMICO CONTÍNUO EXIGIA ESTABILIDADE POLÍTICA NACIONAL E INTERNACIONAL. O GOVERNO DEMOCRATA CHEFIADO POR TRUMAN (1945-1952), SOB A PRESSÃO DOS SEUS PARTIDÁRIOS DO SUL, DOS REPUBLICANOS, E DO EMPRESARIADO, ABANDONOU SUAS INTENÇÕES DE EMPREENDER MAIS REFORMAS SOCIAIS, FAVORECENDO UMA ALIANÇA ENTRE EMPRESAS, GOVERNO E FORÇAS ARMADAS COM CONCESSÕES LIMITADAS À CLASSE TRABALHADORA. COMENTOU CHARLES E. WILSON, PRESIDENTE DA GENERAL MOTORS, QUE O MELHOR CENÁRIO SERIA UMA ECONOMIA PERMANENTE DE GUERRA”. (PURDY, 2017, P. 227) PARA IDENTIFICAR O CONTEXTO RETRATADO PELO TRECHO UMA DAS ASSERTIVAS ABAIXO O FAZ CORRETAMENTE. ASSINALE A ALTERNATIVA. A) A Segunda Guerra Mundial abriu oportunidades de crescimento econômico aos Estados Unidos. Com o intuito de manter tal crescimento, e diante da nova realidade da Guerra Fria, o governo adotou uma política de militarização da economia norte-americana. B) O envolvimento dos Estados Unidos, na Primeira Guerra Mundial, abriu a possibilidade de investimentos em países europeus. A presença marcante de empresas estadunidenses na Alemanha, no imediato pós-Guerra, é o principal exemplo desses investimentos. C) Fundado em 1944, o FMI passou a ser o meio pelo qual os Estados Unidos dominaram os países após a Segunda Guerra Mundial. Exemplo disso foram os vultosos empréstimos concedidos pelo órgão a nações do Sudeste da Ásia resultando no surgimento dos “Tigres Asiáticos”. D) A Guerra Fria abriu oportunidades de desenvolvimento bélico e tecnológico aos Estados Unidos. Por isso, conflitos diretos entre o país e a União Soviética, além de constantes, se mostraram extremamente eficientes para a continuidade da estabilidade da economia estadunidense. E) Os esforços, movidos para a vitória na Segunda Guerra Mundial, resultaram em um crescimento acelerado da economia estadunidense. Para mantê-la, o governo adotou, após o conflito, uma política de juros altos, concessão de empréstimos facilitados e intervençõesmilitares em países da América Latina. GABARITO 1. Leia o texto abaixo: “Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não foram um período homogêneo único na história do mundo. (…) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 1970. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.” (HOBSBAWM, 1996). O autor está se referindo ao período identificado como Guerra Fria, cuja origem pode ser atribuída à: A alternativa "A " está correta. Temos aqui vários movimentos relacionados à Guerra Fria, mas não associados corretamente. Os alinhamentos, planos e processos devem sempre apontar para identificação de um dos lados e sua rivalização com o outro. Na alternativa A, notamos como a ideia de unidade anglo- americana se vê de um lado e nega os avanços do outro. 2. Leia o texto abaixo: “Crescimento econômico contínuo exigia estabilidade política nacional e internacional. O governo democrata chefiado por Truman (1945-1952), sob a pressão dos seus partidários do Sul, dos republicanos, e do empresariado, abandonou suas intenções de empreender mais reformas sociais, favorecendo uma aliança entre empresas, governo e Forças Armadas com concessões limitadas à classe trabalhadora. Comentou Charles E. Wilson, presidente da General Motors, que o melhor cenário seria uma economia permanente de guerra”. (PURDY, 2017, p. 227) Para identificar o contexto retratado pelo trecho uma das assertivas abaixo o faz corretamente. Assinale a alternativa. A alternativa "A " está correta. A corrida econômica e desenvolvimentista fez parte do contexto da Guerra Fria, mas acabou favorecendo a economia norte-americana, uma vez que a dispersão da economia capitalista permitiu ampliação das trocas comerciais, mesmo com os gastos em armas, diferente da economia soviética que dependia do dirigismo e investimento direto por parte do Estado. MÓDULO 2 Distinguir os conflitos internacionais influenciados pela Guerra Fria em todo o mundo DISTINÇÕES NECESSÁRIAS Os efeitos do pós-Segunda Guerra Mundial e do desenvolvimento da Guerra Fria não foram sentidos apenas no continente europeu. Se havia cautela entre Estados Unidos e União Soviética em relação à declaração de guerra entre si, capaz de causar o colapso mundial, a disputa por áreas de influência e interesses geopolíticos estratégicos originou conflitos bélicos em regiões periféricas, estimulados pelas superpotências. Conflitos entre aliados americanos e soviéticos se tornaram constantes e iniciaram uma política de atrito militar e diplomático não tendo a Europa como palco. Precisamos distinguir o ideal de uma Guerra Fria e os efeitos de conflitos sangrentos e muito práticos. Neste módulo, compreenderemos suas características. Neste vídeo, o professor, doutor em história social da cultura, Daniel Pinha, explica sobre uma figura necessária para o entendimento dos assuntos que veremos a seguir: o proletário. LUTAS INTERNAS E O PAPEL DA GUERRA FRIA O contexto pós-Guerra foi marcado também por reivindicações de independência vindas de colônias europeias na Ásia e na África. A União Soviética e os Estados Unidos participaram ativamente das lutas de descolonização, ora apoiando militar e financeiramente grupos políticos e movimentos de libertação, ora pressionando as metrópoles a aceitar a autonomia das colônias. Fonte: Wikimedia Os impérios coloniais ocidentais na Ásia e na África entraram em colapso nos anos seguintes a 1945. Movimentos de resistência às metrópoles foram constantes desde fins do século XIX, mas, após 1945, tornou-se tarefa muito mais difícil manter os laços coloniais. Até a década de 1970, muitas colônias conquistaram sua independência e estabeleceram governos próprios. Esse processo histórico tem relação direta com o contexto ideológico, político e econômico pós-1945 e com a nova dinâmica das relações internacionais regidas pela Guerra Fria. A URSS ocupou um lugar de destaque. Desde o início do século XX, seus líderes haviam condenado explicitamente o imperialismo como forma de dominação capitalista, colocando-se ao lado dos “povos dominados”. Após 1945, a política externa da URSS a favor da descolonização se intensificou nos fóruns e órgãos da ONU e no suporte aos movimentos de libertação. A atitude da URSS em dar suporte aos movimentos de libertação, aumentou a força de atração das ideias socialistas, vistas por milhões de africanos e asiáticos como um caminho para se livrar do controle das metrópoles e empresas estrangeiras que exploravam os recursos e a mão de obra locais. Por isso, independência e socialismo estiveram juntos em muitos partidos e organizações africanas e asiáticas, o que provocou uma contínua intervenção norte-americana com o objetivo de impedir a expansão do comunismo nesses continentes. PRIMEIROS CONFLITOS NA ÁSIA: GUERRA NA COREIA (1950-1953) A vitória de Mao Tsé-Tung (1893-1976) e do Exército de Libertação do Povo na China, em 1949, teve efeitos imediatos nas relações internacionais. Era mais uma vitória do socialismo na Guerra Fria e serviu como um forte estímulo a outros movimentos e partidos comunistas asiáticos, aumentando as tensões no continente. Uma dessas tensões transformou-se em conflito aberto, entre 1950 e 1953. Foi a Guerra da Coreia, primeiro enfrentamento direto entre capitalismo e socialismo ocorrido após a Segunda Guerra Mundial. javascript:void(0) Fonte: Wikimedia Mao Tse-tung MAO TSÉ-TUNG Mao Tsé-Tung foi o líder da Revolução Comunista Chinesa, que rompeu com o domínio inglês e com a influência do capitalismo. Apesar de trazer um modelo comunista, o processo foi diferente, iniciando uma revolução no campo a partir de uma coluna política. Com a derrota japonesa, em 1945, os EUA e a URSS fizeram, na Conferência de Potsdam, um acordo sobre o futuro da Coreia: exércitos soviéticos ocuparam a parte Norte do país, onde foi instalado um regime comunista, enquanto os norte-americanos tomaram conta da região Sul e apoiaram um governo capitalista. Os exércitos estrangeiros permaneceram no país dividido até 1948. Em 1950, os líderes da Coreia do Norte, após a vitória do socialismo na China um ano antes, receberam apoio da União Soviética para tentar reunificar a península sob um governo socialista. As tropas norte-coreanas invadiram e ocuparam Seul, a capital sul-coreana. O governo americano solicitou à ONU a formação de uma força multinacional para defender a Coreia do Sul. Fonte: Wikimedia Uma foto do espaço da península coreana tirado pela NASA, em 2012. A imagem claramente mostra a disparidade em termos econômicos e tecnológicos entre os dois países, com a Coreia do Sul sendo muito mais desenvolvida que seus vizinhos do Norte. Na ocasião, a URSS se recusou a participar da reunião do Conselho de Segurança e os Estados Unidos conseguiram legitimar a criação de uma tropa para reagir à ação da Coreia do Norte. As tropas anglo-americanas fizeram a resistência no Sul, reconquistando a capital e partindo em uma investida contra o Norte. O governo chinês, sentindo-se ameaçado pela aproximação das forças ocidentais, enviou reforços à frente de batalha, fazendo da Coreia um grande campo de batalha. Em meados de 1951, as duas superpotências iniciaram um diálogo para buscar uma solução para a guerra. Em 1953, o conflito terminou com a assinatura de um tratado que reafirmou a divisão do país feita em 1945: ao Norte, a República Popular Democrática da Coreia, socialista; ao Sul, a República da Coreia, capitalista. Essa divisão se mantém até os dias atuais, assim como os conflitos entre os dois países. INDEPENDÊNCIA DA INDOCHINA E A GUERRA DO VIETNÃ Em 1947, a Inglaterra transferiu o controle de sua colônia (Índia) para os governos independentes do Paquistão e da União Indiana, após décadas de ações antibritânicas levadas adiante por hindus e muçulmanos.Na China, entre 1946 e 1949, a guerra civil se encaminhava para a derrota do Partido Nacionalista, próximo aos Estados Unidos, e a vitória dos comunistas. A Coreia conquistara a independência, mas, dividida, esteve em guerra entre 1950 e 1953. Esse cenário asiático se caracterizava por transformações e tensões e, na Indochina, a situação não era diferente. Fonte: Wikimedia Localização da Indochina na Ásia. INDOCHINA Durante a Segunda Guerra Mundial, essa colônia francesa foi ocupada pelo Japão e o movimento nacionalista, já existente, fortaleceu-se muito com a participação de diferentes forças políticas. Mais uma vez, os comunistas desempenharam um papel primordial e, quando a guerra teve fim, seu principal líder, o vietnamita Ho Chi Minh (1890-1969), declarou a independência. javascript:void(0) Fonte: Wikimedia Soldados comemorando a vitória sobre os franceses na Batalha de Dien Bien Phu. A recusa francesa em atender as reivindicações dos indochineses provocou uma guerra de libertação que se estendeu de 1946 a 1954, com a intervenção dos EUA ao lado dos franceses e o apoio da URSS e China aos comunistas. Em 1954, a França foi derrotada na batalha de Dien Bien Phu (Vietnã) e reconheceu a independência da Indochina, que se fragmentou em três países: Laos, Camboja e Vietnã. Este foi dividido em dois: a parte Norte, socialista e governada por Ho Chi Minh; e a parte Sul, com um sistema capitalista. Assim como ocorreu na Coreia, a divisão resultou em uma longa guerra civil entre as partes socialista e capitalista iniciada no fim da década de 1950. COMENTÁRIO Em meio à Guerra Fria, mais uma vez as superpotências participaram do conflito. O governo capitalista recebeu importante apoio dos norte-americanos, que enviaram mais de 500 mil soldados ao Vietnã e promoveram pesados bombardeios, inclusive com armas químicas, atingindo duramente a população civil. No fim da década de 1960, a diferença entre o imenso poderio militar norte-americano e os exércitos de Ho Chi Minh despertou um repúdio internacional às ações dos Estados Unidos e a exaltação à resistência do povo vietnamita. Dentro da própria sociedade norte-americana, a condenação ao envolvimento na guerra aumentou muito. Transmitidas pela TV, as imagens dos caixões trazendo os corpos dos soldados mortos no Vietnã foram um poderoso aliado contra a guerra. Fonte: Wikimedia "O Terror da Guerra" fotografia do momento em que uma bomba explode na vila Trảng Bàng. Por Nick Ut / Associated Press em 8 de junho de 1972 durante a guerra do Vietnã. A partir de 1973, o governo dos Estados Unidos ordenou a volta de seus exércitos. O conflito se estendeu até o ano de 1975, com a vitória do Norte e a unificação do país sob o regime comunista; em 1976, surgiu a República Socialista do Vietnã. GUERRA FRIA E DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA As independências dos países africanos ocorreram a partir de diversos modos de luta, com distintas reações dos colonizadores europeus, e podem ser divididos em duas fases. PRIMEIRA FASE Iniciada em 1945, a descolonização se caracterizava por movimentos de desobediência civil e não violência inspirados na luta indiana, e pela conquista de independência por acordos metrópole-colônia. SEGUNDA FASE Entre 1962 e 1975, as independências foram alcançadas após violentas guerras que opuseram guerrilhas de libertação e exércitos metropolitanos. Fonte: Autor/Shutterstock Edifício com marcas de balas, Huambo, Angola. Essa foi a experiência das colônias portuguesas, principalmente Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, que enfrentaram os militares portugueses entre o início da década de 1960 e o ano de 1974. Importante destacar a filiação socialista dos movimentos guerrilheiros, o que, mais uma vez, levou à intervenção de potências estrangeiras como EUA, URSS, China, Cuba e África do Sul (controlada pela minoria branca). ORIENTE MÉDIO E NACIONALISMO ÁRABE javascript:void(0) javascript:void(0) Movimentos de orientação nacionalista também mostraram força nesse contexto de relações internacionais marcado pela Guerra Fria, mobilizando milhões de pessoas a participar de partidos, sindicatos, guerrilhas, greves, manifestações públicas. No Oriente Médio não foi diferente, com a articulação de uma corrente nacionalista defendendo a existência de uma identidade comum entre os povos de origem árabe e a necessidade de articular uma luta conjunta em defesa de seus interesses. Assim, em 1945, foi criada a Liga Árabe, com a participação de Argélia, Egito, Arábia Saudita, Iraque, Jordânia, Iêmen, Síria e Líbia, objetivando construir uma política externa conjunta. Um dos líderes árabes que alcançou maior destaque foi Gamal Abdel Nasser. Com um projeto de governo modernizador e nacionalista, Nasser adotou medidas para estimular o desenvolvimento econômico egípcio, como a nacionalização de empresas estrangeiras, a reforma agrária e os estímulos à industrialização. LIGA ÁRABE É importante ressaltar que a Liga Árabe reunia países africanos, como a Argélia e o Egito, mas excluía países, como o Irã e a Turquia, cujas populações não têm origem árabe, embora todos tenham em comum a religião islâmica. GAMAL ABDEL NASSER Gamal Abdel Nasser (1918-1970), foi um militar que assumiu o governo do Egito de 1954 até sua morte. Com sua atuação, Nasser acabou por aproximar-se de posturas identificadas ao socialismo e à URSS, abandonando a posição inicial de não alinhamento na Guerra Fria e dificultando bastante suas relações com os Estados Unidos. Dentro da Liga Árabe, suas ações também despertaram a oposição de governos próximos aos norte-americanos. Foi neste contexto que, em 1956, javascript:void(0) javascript:void(0) Nasser nacionalizou o controle do Canal de Suez que, em mãos de uma empresa anglo- francesa desde o século XIX, era uma rota fundamental para a economia internacional, incluindo a distribuição de petróleo. Nasser também anunciou a intenção de proibir a passagem de navios israelenses pelo canal e dificultou o abastecimento de petróleo para este país. Fonte: Wikimedia Nasser levantando a bandeira do Egito na cidade de Port Said, no Canal de Suez, para celebrar a retirada militar britânica do país em junho de 1956. CANAL DE SUEZ “O canal de Suez é uma via navegável artificial a nível do mar localizada no Egito, entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho. (...) Reino Unido, França e Israel se lançaram em uma operação militar, batizada Operação Mosqueteiro, em 29 de outubro de 1956, resultando na Crise do Canal de Suez, que durou uma semana. A ONU confirmou a legitimidade egípcia e condenou a expedição franco-israelo-britânica com uma resolução”. Fonte: adaptado de Wikipedia javascript:void(0) Se, no interior do nacionalismo árabe, tal medida se reverteu em grande prestígio para Nasser, gerou também uma guerra entre Egito e Inglaterra, França e Israel. O conflito atingiu grande repercussão internacional e foi encerrado após intervenção e pressão dos Estados Unidos e da URSS. A nacionalização do canal foi mantida, com o declínio das influências francesa e inglesa na região. Assim, a lógica da Guerra Fria passou a estar cada vez mais presente no Oriente Médio, com intensa disputa de influência entre norte-americanos e soviéticos. O QUE FOI A POLÍTICA DE NÃO ALINHAMENTO? A Conferência Afro-Asiática de Bandung (Indonésia, 1955) reuniu importantes lideranças de estados recém-independentes e teve como lema “paz e promoção social em igualdade de direitos” para combater o racismo e a dominação estrangeira. A partir desse evento e das conferências afro-asiáticas do Cairo (Egito, 1957) e de Acra (Gana, 1958), as ex-colônias passaram a atuar nas assembleias da ONU e na diplomacia internacional, apoiando as lutas pelas independências nos seus continentes. Em Bandung (Indonésia), os países participantes também declararam a intenção de fugir à bipolaridade estabelecida pela Guerra Fria por uma posição de não alinhamento à URSS e aos EUA, que ganhou adesõesnos anos seguintes. CRISE DOS MÍSSEIS E O MOMENTO DE EQUILÍBRIO DA GUERRA FRIA (1962-1979) Fonte: Wikimedia Fidel Castro discursando em Havana, 1978, imagem por Marcelo Montecino. Em 1959, um movimento liderado por Fidel Castro (1926-2016) derrubou do governo de Cuba o ditador pró-americano Fulgêncio Batista (1901-1973). Ainda no mesmo ano, o governo norte- americano tentou depor o novo governo de Castro, apoiando membros ligados ao antigo regime e iniciando um embargo econômico à Ilha. Com o bloqueio ao comércio de petróleo e grãos, Cuba passou a adquirir esses produtos da URSS. O governo de Fidel Castro, inicialmente composto por uma frente de grupos nacionalistas, populistas e de esquerda, que variava de socialdemocratas aos de inspiração marxista-leninista, rapidamente se tornou pró-soviético. FIDEL CASTRO “Fidel Alejandro Castro Ruz (...) foi um político e revolucionário cubano que governou a República de Cuba como primeiro-ministro de 1959 a 1976 e depois como presidente de 1976 a 2008. (...) Castro morreu em Havana na noite de 25 de novembro de 2016, aos 90 anos”. Fonte: Wikipedia FULGÊNCIO BATISTA “Fulgencio Batista Zaldívar (...) foi um militar cubano que serviu como presidente eleito da ilha entre 1940 e 1944, e depois foi ditador entre 1952 e 1959, até ser derrubado pela Revolução Cubana”. Fonte: Wikipedia INSTALAÇÃO DOS MÍSSEIS Em 1961, a Agência Central de Inteligência (CIA) organizou um fracassado desembarque de grupos de oposição armados que deporiam Fidel Castro. Diante da situação, o novo regime cubano passou a contar com a proteção militar da União Soviética. No ano seguinte, aviões norte-americanos detectaram a construção de silos nucleares em Cuba. A instalação de mísseis javascript:void(0) javascript:void(0) em território cubano elevou a tensão direta entre os dois países. O então presidente americano, J. F. Kennedy (1917-1963), bloqueou os contatos entre Cuba e a URSS posicionando navios militares em torno da ilha. NEGOCIAÇÕES E ACORDO Em outubro de 1962, após diversas negociações, envolvendo a retirada de mísseis norte- americanos na Turquia e o fim das ameaças à invasão de Cuba, foi selado um acordo entre norte-americanos e soviéticos. O presidente Kennedy concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba, ao mesmo tempo em que Nikita Kruschev (1894-1971) retirava as instalações nucleares da ilha. Fonte: Wikimedia Vista aérea mostrando base de lançamento de mísseis em Cuba, novembro de 1962. Após o risco concreto de uma guerra nuclear, em 1962, os governos norte-americano e soviético passaram a considerar a necessidade de ampliar os esforços diplomáticos para evitar o que seria uma catástrofe mundial. Nesse período, a política de distensão diplomática foi a tônica seguida pelos diversos governos norte-americanos e por Leonid Brejnev (1906-1982), sucessor de Kruschev à frente do Partido Comunista da União Soviética. Diversos tratados foram assinados para o controle e a diminuição das armas nucleares, como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), de 1968, e os tratados bilaterais SALT I e SALT II para o congelamento dos arsenais nucleares. Os dois países tinham seus motivos para reduzir a competição político-militar. A ascensão da China rompia o monopólio ideológico exercido pela URSS desde o início do século XX. Além disso, a URSS enfrentava dificuldades econômicas e os processos de descolonização levaram o governo norte-americano a se envolver em conflitos herdados do desmembramento dos impérios coloniais da França e da Inglaterra. O caso mais importante, sem dúvida, foi a Guerra do Vietnã. GUERRAS NO ORIENTE MÉDIO PELA QUESTÃO DO PETRÓLEO O controle sobre o petróleo e movimentos religiosos produziram (e ainda produzem) uma série de tensões e conflitos armados no Oriente Médio. Devido às enormes reservas de petróleo, muitos Estados capitalistas interferiam diretamente nas disputas políticas e nos conflitos armados na região. Fonte: Wikimedia Protestos, em 1978, contra o Xá (imperador) do Irã. O caso do Irã é exemplar. Durante a primeira metade do século XX, as potências estrangeiras agiram com muita liberdade no país, explorando as grandes reservas petrolíferas existentes. Na década de 1950, um novo governo nacionalizou a indústria do petróleo, mas foi derrubado por um movimento político que recebeu apoio dos Estados Unidos e instalou o governo da Dinastia Pahlavi (1953-1979). Veja no gráfico abaixo, com dados atualizados até 2020, como os países do Oriente Médio lideram o ranking de reservas de petróleo: Fonte: IBP Maiores reservas provadas de petróleo em 2019 (Atualização – junho 2020). A existência de governos liderados por chefes religiosos em alguns países e a crítica ao Ocidente também motivaram interferências externas em disputas regionais. Em 1979, grandes manifestações populares chefiadas por líderes religiosos xiitas levaram à deposição do xá Reza Pahlavi (1919-1980), cujo governo se caracterizou por ter mais proximidade com a cultura ocidental e com os Estados Unidos. Esse movimento ficou conhecido como Revolução Iraniana e resultou na instauração da República Islâmica do Irã, tendo à frente do governo o líder religioso aiatolá Khomeini (1902-1989), condenando as influências ocidentais e a aproximação com os Estados Unidos. Apesar de encontrar resistência em alguns grupos da população, o governo iraniano segue, até os dias atuais, ligado estreitamente ao Islã, com grande influência dos líderes religiosos. Fonte: Wikimedia O aiatolá Khomeini (a direita) em um discurso para simpatizantes. A vitória da Revolução Iraniana alterou as relações internacionais na região. Provocou instabilidade do petróleo, cujo preço subiu muito em decorrência das mudanças políticas. Além disso, o regime dos aiatolás era antiocidental, antiamericano e antissoviético; condenava publicamente a influência do governo e da cultura dos EUA entre os muçulmanos e a invasão do Afeganistão pela URSS, ocorrida em 1979. O novo governo iraniano também serviu como inspiração e estímulo para outros movimentos sociais islâmicos no Oriente Médio, contrários à presença ocidental e de base religiosa. Fonte: Wikimedia Um soldado iraniano carregando um companheiro ferido durante a batalha por Khorramshahr. Nesse cenário, podemos entender o apoio que soviéticos, norte-americanos e alguns governos árabes deram ao Iraque, país vizinho ao Irã, na guerra iniciada em 1980 e que se estendeu até 1988. O conflito acabou sem um vencedor, deixando tanto Irã quanto Iraque muito enfraquecidos em termos econômicos. NOVOS CONFLITOS NA DÉCADA DE 1980 A Guerra Fria alternou momentos de extrema tensão, como no caso da Guerra da Coreia, e períodos em que norte-americanos e soviéticos estabeleciam negociações diplomáticas. A década de 1970 foi um desses momentos em que o diálogo entre as superpotências parecia possível, mas a situação se deteriorou rapidamente nos anos seguintes. Um dos marcos dessa mudança de rumos foi a eleição do candidato republicano Ronald Reagan (1911-2004) para a presidência dos Estados Unidos, em 1980, cujo discurso apresentava um forte teor anticomunista. As relações entre os dois países foram se tornando mais tensas e baseadas no enfrentamento. A invasão do Afeganistão pelo exército soviético, em 1979, só fez aumentar os conflitos entre as nações, levando os Estados Unidos a decretarem uma série de sanções econômicas à União Soviética. Mudanças nas fronteiras nacionais após o colapso do bloco soviético e o fim da Guerra Fria. O novo quadro de tensões traria graves consequências para a economia soviética na década de 1980, causando a crise e o colapso da União Soviética. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO DOCUMENTO FINAL DA CONFERÊNCIA DE BANDUNG, FIRMADO PELOS REPRESENTANTES DOS 29 PAÍSES PARTICIPANTES, DESTACAVAM-SE VÁRIOS PONTOS, EXCETO: A) A aceitação da divisão mundial nos blocos socialistas e capitalistas, e a defesa de umapolítica de não alinhamento automático com as superpotências. B) Condenação do racismo e da corrida armamentista. C) Proclamação do direito de autodeterminação política. D) Afirmação de que a submissão imposta aos povos afro-asiáticos era uma negação dos direitos fundamentais do homem e estava em contradição com a carta das Nações Unidas. E) A reprovação do colonialismo e o neocolonialismo 2. A LUTA PELA AUTONOMIA NA ÁFRICA, NA ÁSIA E NA OCEANIA, TEVE VÁRIAS CAUSAS VINCULADAS AO CONTEXTO DA GUERRA FRIA, A CORRETA RELAÇÃO ESTABELECIDA NESTE CONTEXTO É: A) A crise econômica do pós-guerra transformou a Europa em um palco de disputas entre as potências, e teve como consequência o domínio americano, mas gerou a perda do controle das colônias. B) As consciências anticolonialista e anti-imperialista se reuniram e tornaram-se uma força na África contra a União Soviética e a tradição europeia que dominava a região. C) A Guerra Fria foi marcada por ameaças de conflitos e a impossibilidade de acordos internacionais. As negociações, quando existiam, eram feitas pelos países envolvidos no conflito, como se as potências não estivessem implicadas. D) A crise do Petróleo é vista como um movimento capitalista, mas se relaciona de forma intensa a dinâmica com a Guerra Fria e o papel de alinhamento ou não dos povos árabes nesses conflitos. E) A América Latina passou longe dos conflitos da Guerra Fria, por conta da força do domínio norte-americano. GABARITO 1. No documento final da conferência de Bandung, firmado pelos representantes dos 29 países participantes, destacavam-se vários pontos, exceto: A alternativa "A " está correta. As relações internacionais ganharam novo sentido durante a Guerra Fria e você precisa aprender a distinguir seus movimentos. Diferentemente do imaginado pela força das potências americanas e soviéticas, outros eixos de relações passaram a ser criados e estabelecidos, como, por exemplo, a política de não alinhamento, tendo como elemento iconográfico a conferência de Bandung. 2. A luta pela autonomia na África, na Ásia e na Oceania, teve várias causas vinculadas ao contexto da Guerra Fria, a correta relação estabelecida neste contexto é: A alternativa "D " está correta. Ao longo de todo módulo você foi distinguindo processos e dinâmicas relacionadas à Guerra Fria. Não significa que a Guerra Fria ou que norte-americanos e soviéticos definiram os destinos do mundo, mas sim, que diante das relações e tensões o mundo se estruturou, conflitou e criou novas dinâmicas políticas que percebemos ao longo de todo módulo. MÓDULO 3 Explicitar o processo histórico que desencadeou o fim da Guerra Fria INTRODUÇÃO AO SISTEMA INTERNACIONAL DA GUERRA FRIA Neste vídeo, iremos contextualizar rapidamente o que foi esse conflito entre Estados Unidos e a União Soviética. Agora que você já sabe o porquê do termo Guerra Fria, vamos entender como se deu o início dessa guerra. Vamos lá?! ORIGEM DA GUERRA FRIA Podemos considerar o “problema alemão” o primeiro grande foco de controvérsia da Guerra Fria. Seu foco de tensão foi a cidade de Berlim, capital alemã. Em 1948, devido à forte crise econômica, Estados Unidos, França e Reino Unido unificaram economicamente suas zonas de controle na Alemanha, de forma a fazer valer nelas uma única unidade monetária: o marco alemão. A liderança do governo soviético reprovou a ideia, considerando-a uma ameaça aos interesses soviéticos na região. Como resposta, procurou reunificar Berlim sob sua influência. Desse modo, em 23 de junho de 1948, todas as rotas terrestres foram fechadas pelas tropas soviéticas, isolando a antiga capital alemã. Para não abandonar as zonas ocidentais de Berlim, os países ocidentais estabeleceram uma ponte aérea que levou, por quase um ano, mantimentos aos mais de dois milhões de berlinenses que viviam no lado ocidental da cidade. Em maio de 1949, o bloqueio foi suspenso. Fonte: Wikipedia Figura 1 – Havia permissão para apenas três corredores aéreos até Berlim, a partir de Hamburgo, Buckeburgo e Frankfurt. Pouco depois, as zonas americana, francesa e britânica foram unificadas, originando a República Federativa da Alemanha (RFA) ou Alemanha Ocidental, cuja capital seria a cidade de Bonn. Wikipedia Figura 2 – Essa bandeira da Alemanha permanece até os dias de hoje. Na área soviética, surgiu a República Democrática Alemã (RDA) ou Alemanha Oriental, com a capital em Berlim Oriental. Wikipedia Figura 3 – A bandeira da Alemanha Oriental diferia da Ocidental devido ao brasão ao centro. COMENTÁRIO Nesses primeiros momentos de tensão, o então presidente norte-americano Harry Truman pronunciou no Congresso estadunidense, em 12 de março de 1947, um discurso em que assumia o compromisso de "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista". Tal discurso deu origem à chamada Doutrina Truman. DOUTRINA TRUMAN A Doutrina Truman defendia que o mundo estava dividido entre dois sistemas: os governos livres democráticos e os totalitários comunistas. Seu objetivo central era a contenção das tentativas soviéticas de subversão. Veja, a seguir, um trecho do discurso do presidente americano: A FIM DE GARANTIR O DESENVOLVIMENTO PACÍFICO DAS NAÇÕES, SEM EXERCER PRESSÃO, OS ESTADOS UNIDOS ASSUMIRAM A MAIOR PARTE NA CRIAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. MAS SÓ CONCRETIZAREMOS NOSSAS METAS, SE ESTIVERMOS DISPOSTOS A AJUDAR POVOS SOBERANOS NA MANUTENÇÃO DE SUAS INSTITUIÇÕES LIVRES E DE SUA INTEGRIDADE NACIONAL CONTRA IMPOSIÇÕES DE REGIMES AUTORITÁRIOS. javascript:void(0) TRUMAN, 1947. Resolvida a divisão da Alemanha, as fronteiras internas da Europa se estabilizaram. Ao mesmo tempo, o anúncio da Doutrina Truman tornava a Guerra Fria um evento mundial. Conflitos entre aliados americanos e soviéticos se tornaram constantes, dando início a uma política de atrito militar e diplomático sem precedentes — que não tinha na Europa o seu palco principal. Para além das áreas militar e diplomática, a disputa envolvendo a Guerra Fria fundamentou uma divisão ideológica e de visões de mundo. Super-heróis salvadores da humanidade, repercutindo a rivalidade norte-americana e soviética, foram produzidos em grande escala pela indústria cultural. A competição tecnológica e a corrida espacial – como a chegada do homem à Lua – são também sintomáticas, alimentando o imaginário acerca do poderio das duas grandes superpotências. É por este motivo que a queda da União Soviética e o fim da Guerra Fria determinaram não apenas o fim da bipolaridade política que atravessou o século XX, mas a derrocada de utopias e projetos de sociedade. A URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) fazia parte de um projeto de sociedade que motivou a luta de homens e mulheres desde o século XIX e incluía um plano de futuro capaz de levar à igualdade e à justiça social, que se concretizou com a criação de um Estado proletário. Se sua criação foi cercada de expectativas, seu fim não foi menos impactante. Segundo o historiador Eric Hobsbawn, o fim da Guerra Fria encerrou o breve século XX. A seguir, falaremos mais sobre a derrocada da União Soviética. A QUEDA DA URSS A estagnação econômica da União Soviética transformou-se em crise ainda nos anos 1970. Veja como se deu esse processo. INDICADORES SOCIAIS Os indicadores sociais positivos, que nos anos 1950-1960 variavam de 5% a 8%, caíram para menos de 3%. Em 1980, o Japão ultrapassou a URSS como a segunda maior economia do mundo. Alguns fatores permitiriam uma “folga” na área econômica soviética. MUDANÇA DE ESTRATÉGIA DOS EUA A distensão da Guerra Fria, promovida por Leonid Brejnev, permitiu a redução dos gastos militares, e a alta dos preços do petróleo em 1973 e 1979 fez com que o país aumentasse as exportações em moeda forte. Entretanto, a mudança de estratégia dos Estados Unidos, com a retomada da corrida armamentista no fim dos anos 1970 e início dos 1980, durante os mandatos do presidente republicano RonaldReagan (1981-1989), iria aprofundar ainda mais a crise soviética. LEONID BREJNEV Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética-PCUS. ORÇAMENTO MILITAR E O CONFLITO COM O AFEGANISTÃO Os custos militares da Guerra Fria já estavam insustentáveis para a URSS no fim dos anos 1970. As duas grandes fronteiras do país necessitavam de um expressivo contingente de militares e de armas. Com um orçamento militar tão significativo, um dos maiores equívocos seria o envolvimento em algum conflito regional. E isso ocorreu quando a URSS invadiu o Afeganistão, iniciando uma javascript:void(0) javascript:void(0) luta de dez anos (1978-1989) com resultados catastróficos. EXPRESSIVO CONTINGENTE A Europa Oriental e a China absorviam, cada uma, cerca de 1 milhão de soldados. Os custos desses dois milhões de homens em armas estavam pesando no orçamento do país. APROXIMAÇÃO COM PAÍSES MULÇUMANOS A situação no Afeganistão começou a trazer problemas para a URSS a partir de 1973. Após grave crise econômica provocada por anos de seca, o general Daud Khan depôs o governo monárquico e proclamou a República. Daud realizou uma política de aproximação com países muçulmanos, principalmente com a Arábia Saudita, tradicional aliado americano, o que não foi visto com agrado pela União Soviética. E como já é de se esperar em uma guerra, Daud não seria perdoado tão facilmente. Quais as consequências desse ato do general? É o que veremos a seguir. O GOLPE DE ESTADO Em abril de 1978, um golpe de Estado, apoiado pela URSS, depôs o general Daud e colocou no poder o Partido Democrático e Popular, de tendência pró-soviética. RESPOSTA Em resposta a esse movimento, a Arábia Saudita e os Estados Unidos começaram a financiar e a armar os guerrilheiros afegãos. Na prática, a URSS acabou se envolvendo em uma guerra longa, com altos custos econômicos e humanos, lutando contra um inimigo disperso e determinado que recebia ajuda militar da superpotência rival. Os custos da Guerra do Afeganistão foram altíssimos para uma economia já em crise, desgastando profundamente a capacidade econômica e militar da União Soviética. Com a queda nos preços internacionais, principalmente do petróleo, entre 1984 e 1985, a URSS perdeu a principal fonte de divisas externas em moeda forte, e a crise se aprofundou ainda mais, pois o país não conseguia mais pagar suas importações. Qual foi a solução encontrada para a URSS sair dessa situação? Veremos a seguir. Fonte: Pixabay Figura 4 – Soldado afegão. TENTATIVA DE “MODERNIZAÇÃO”: GORBATCHOV, A PERESTROIKA E A GLASNOST Em março de 1985, Mikhail Gorbatchov assumiu o cargo de secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), substituindo Konstantin Tchernenko, que falecera naquele ano. Defensor de ideias modernizantes, Gorbatchov criou dois projetos para renovar a administração da URSS: a perestroika (Reconstrução econômica) e a glasnost (Transparência política) . A seguir, veja em que consistia essas ideias. A perestroika teve início em 1986, e foi concebida para introduzir dinamismo à economia soviética. Já a glasnost, por sua vez, libertou dissidentes políticos e permitiu a liberdade de imprensa e expressão. Conheça os outros detalhes de cada projeto. PERESTROIKA GLASNOST PERESTROIKA Para que os setores econômicos do país tivessem uma expansão qualitativa e quantitativa, foram introduzidos mecanismos para estimular a livre concorrência, rompendo com o monopólio do Estado, e desenvolver os setores da produção de bens de consumo e de serviços por meio da iniciativa privada. No campo, foi estimulada a criação de cooperativas por grupos familiares e o arrendamento de terras estatais. A proposta também incluía o incentivo a empresas estrangeiras para atuarem no país. GLASNOST Na área política e social, a glasnost pretendeu colocar novos paradigmas no modo de vida soviético. Assim, a proposta foi de acabar com a burocracia política, combater a corrupção e introduzir a democracia em todos os níveis de participação política. Ainda que muitos tivessem tentado impedir as mudanças, as propostas de Gorbatchov tiveram efeito positivo no bloco socialista. Assim, a Polônia e a Hungria realizaram eleições livres (com destaque para a vitória do partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia e Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa que pediam o fim do regime socialista. Fonte: Wikipedia Figura 5 – Muro de Berlin grafitado, em 1986. Em novembro de 1989, um grande fluxo de refugiados alemães pressionou as embaixadas da Alemanha Oriental em Praga e Varsóvia. A pressão popular levou a que a Hungria e a Áustria abrissem suas fronteiras. Na noite de 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência. Entre 1987 e 1988, a URSS abdicou de continuar a corrida armamentista com os Estados Unidos assinando uma nova série de acordos de limitação de armas estratégicas e convencionais. No ano seguinte, a URSS iniciou a retirada do Afeganistão e começou a reduzir a presença militar na Europa Oriental. Nos anos 1990, a URSS tornou-se o 15º PIB mundial, demonstrando a fragilidade de sua economia diante do processo de transição política. No plano interno, Gorbatchov enfrentou grandes resistências da burocracia do partido. Os mais conservadores viam a postura de Gorbatchov no plano internacional como covarde e o acusavam de trair a URSS e o socialismo. Este grupo, que incluía as cúpulas militar e do sistema de segurança, era contra a retirada do Afeganistão e defendia que a URSS interviesse nos países da Europa Oriental que estavam abandonando o modelo socialista. Como você pode perceber, a situação estava insustentável, ao ponto de, em 1991, um grupo tentar tomar o poder, conforme veremos a seguir. Fonte: Wikipedia Figura 6 – Boris Yéltsin. O COLAPSO DA UNIÃO SOVIÉTICA Em 19 de agosto de 1991, um grupo chamado Comitê Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder na capital. Anunciou-se que Mikhail Gorbatchov estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. O vice-presidente Gennady Yanayev foi nomeado presidente interino. Manifestações importantes contra líderes do golpe de Estado ocorreram em Moscou e Leningrado. O presidente da Rússia (principal Estado da URSS), Boris Yéltsin, dirigiu a resistência ao golpe a partir do parlamento russo. Conseguindo o apoio das tropas de repressão, Yéltsin se tornou o principal personagem dessa crise. Em 21 de agosto de 1991, a maioria das tropas que tinham sido enviadas a Moscou se colocam abertamente ao lado dos manifestantes. O golpe falha e Gorbatchov regressa a Moscou. O fracasso do golpe de Estado, no entanto, precipitou o colapso das instituições da URSS. A maior expressão disso foi o desmonte territorial da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Fonte: Wikipedia Figura 7 – Mikhail Gorbatchov. Fonte: Wikipedia Figura 8 – Mapa das repúblicas bálticas. Em setembro de 1991, as repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) declararam sua separação do governo de Moscou. Entre outubro e dezembro o desmembramento se completou com todas as unidades da URSS se declarando a favor de suas respectivas autonomias. Dezembro foi o mês da grande decisão de extinguir a URSS. Veja como isso aconteceu. Esse processo teve início no dia 1º dezembro; no dia 26 de dezembro de 1991, a URSS já não existia mais. Em 1º de dezembro, por meio de um plebiscito, a população da Ucrânia votou por sua independência. Em 21 de dezembro, líderes da Federação Russa, Ucrânia e Bielorússia assinaram um documento no qual era declarada extinta a União Soviética. E no seu lugar era criada a CEI (Comunidade dos Estados Independentes). No dia de Natal de 1991, em cerimônia transmitida por satélite para o mundo inteiro, Gorbatchov declarou oficialmente o fim da URSS. A dissolução da União Soviética marcou profundamente o final do século XX, além de mostraro poderio americano. Veja, a seguir, a repercussão desse marco na sociedade. O FIM DA HISTÓRIA Em meio à crise, falou-se do fim das ideologias e, por decorrência, do fim da história. A dissolução da União Soviética em 1991 marcou o fim do século XX. Alardeou-se por todo o mundo que, vencida a Guerra Fria, o poder americano chegara ao seu auge. ATENÇÃO Uma das manifestações mais emblemáticas da crise do modelo socialista soviético foi a expressão “o fim da história”, criada pelo filósofo norte-americano Francis Fukuyama. Seu artigo publicado em 1989 com esse título e, posteriormente, em 1992, o livro “O fim da história e o último homem” tiveram grande repercussão na época. Fukuyama elaborou uma linha de abordagem da história, revigorando a tese de que o capitalismo e a democracia liberal representavam o coroamento da história da humanidade. Ou seja, a humanidade teria atingido, no final do século XX, o ponto culminante de sua evolução com o triunfo da democracia liberal ocidental sobre todos os demais sistemas e ideologias concorrentes. Fonte: Divulgação Figura 9 – Capa do livro de Fukuyama. COMENTÁRIO Para o autor, o século XX viu a destruição do fascismo e, em seguida, a do socialismo, que fora o grande adversário do capitalismo e do liberalismo no pós-guerra. O mundo teria assistido ao fim e ao descrédito dessas duas alternativas globais, restando apenas resíduos de nacionalismos, sem possibilidade de significarem um projeto para a humanidade. Assim, com a derrocada do socialismo, Fukuyama conclui que a democracia liberal ocidental se firmara como a solução final do governo humano, representando, assim, “o fim da história" da humanidade. O desmembramento de um Estado nacional com a capacidade bélica, econômica, populacional do porte da URSS provocou impacto enorme no sistema internacional. O papel que ocupava como potência líder de um grande bloco de países alterou a geopolítica de boa parte do planeta. Além disso, o significado simbólico do país alterou expectativas e possibilidades de diversos grupos políticos mundo afora. Mas o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não acabou com a história nem decretou o fim dos tempos. Os projetos políticos foram reconfigurados, mantendo o mundo em um nível de tensão ainda maior do que na época da Guerra Fria. As ideologias ganharam novos formatos e as diferenças sociais e culturais se reestruturaram em outros cenários. Para corroborar essa afirmativa, veremos um outro cenário de guerra nesta mesma época: a Guerra do Golfo. A GUERRA DO GOLFO (1991) Como presidente dos Estados Unidos, George Bush (1989-1993) liderou a coalizão da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guerra do Golfo (1990-1991). Em 1990, comandado por Saddam Hussein, o Iraque invadira seu vizinho rico em petróleo, o Kuwait. Em uma ação de política externa que seria questionada mais tarde, o presidente Bush obteve uma vitória militar incompleta, ao seguir o conselho de seu então secretário da defesa, Dick Cheney, permitindo que Saddam Hussein ficasse no poder. Fonte: Wikipedia Figura 10 – Mapa do Kuwait. Essa vitória incompleta lhe deu esperanças para se reeleger no ano seguinte. Mas não seria tão fácil assim, como veremos a seguir. George H. W. Bush A popularidade do presidente republicano George H. W. Bush nos EUA aumentou durante e imediatamente após o aparente sucesso das operações militares. No entanto, a recessão do fim da década de 1980 foi um fator que contribuiu para sua derrota na eleição de 1992, ficando em segundo lugar, com 37,1% dos votos. Bill Clinton Nas eleições presidenciais, Bush enfrentou o candidato democrata Bill Clinton e o candidato independente H. Ross Perot. Clinton venceu as eleições com 42,9% dos votos. Ross Perot H. Ross Perot, foi um político, empresário bilionário e filantropo americano. Perot até se saiu muito bem nas eleições com 18,8% do voto popular. O MOMENTO UNIMULTIPOLAR Os governos americanos que se seguiram ao colapso da URSS empregaram uma política externa projetada para manter o protagonismo do país no sistema internacional. RESUMINDO O objetivo principal da política externa americana era evitar o crescimento de poderes regionais capazes de colocar em risco os interesses militares, econômicos ou ideológicos dos EUA. Com isso, o governo americano daria atenção a situações que poderiam ameaçar a segurança dos EUA e seus aliados. O ponto central seria a preocupação com a prevenção em regiões-chave. ATENÇÃO Dois elementos se destacam nessa nova situação: o sistema internacional sofreu o impacto de uma doutrina americana de “prevenção global” a prováveis ameaças. Com isso, essa doutrina tornou os EUA envolvidos, diretamente ou por omissão, em diversos conflitos regionais, muitos dos quais se tornaram extremamente desgastantes política, militar e economicamente. Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos revitalizaram organizações que haviam sido criadas para fazer frente ao bloco soviético, entre as quais: OTAN FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL BANCO MUNDIAL Fonte: Pixabay Figura 11 – Insígnia da OTAN. A OTAN adquiriu novos membros, como a Hungria, a Polônia e a República Tcheca, tendo se expandido em direção ao oeste europeu. Os Estados Unidos passaram a dar ênfase especial à política neoliberal do Consenso de Washington, formulado em 1989. O conjunto de medidas tornou-se a política oficial do FMI em 1990, que começou a "receitá-lo" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países em desenvolvimento, que passavam por dificuldades. Em termos continentais, a política externa americana se manifestaria na aprovação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, em 1994, com o Canadá e o México. Os Estados Unidos fizeram com frequência movimentos unilaterais para punir economicamente países que estavam sob suspeita de abrigar terroristas ou de cometer sérios abusos aos direitos humanos. Por vezes, houve algum consenso em relação a esses movimentos, tais como o embargo americano e europeu imposto à República Popular da China, após a violenta supressão dos protestos da Praça da Paz Celestial, em 1989, e a imposição das sanções contra o Iraque, após a invasão deste país ao Kuwait, em 1990. Fonte: Wikipedia / Por Fsolda Figura 12 – Tratado envolvendo Estados Unidos, México e Canadá. CHEGAMOS AO FINAL DESTE ASSUNTO. QUE TAL TESTAR O SEU CONHECIMENTO, RESPONDENDO ÀS QUESTÕES A SEGUIR? VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONSIDERE O TRECHO ABAIXO PARA RESPONDER ÀS DUAS QUESTÕES A SEGUIR. “ATÉ AGOSTO DE 1991, NÓS VIVÍAMOS EM UM PAÍS, DEPOIS DE AGOSTO, EM OUTRO. ANTES DE AGOSTO, O MEU PAÍS SE CHAMAVA URSS… (…) AS PESSOAS SAÍRAM ÀS RUAS COMO NUMA ONDA, NUM ÍMPETO. MAS ELAS ESTAVAM DISPOSTAS A MORRER PELA LIBERDADE, NÃO PELO CAPITALISMO.” (TRECHO DO LIVRO O FIM DO HOMEM SOVIÉTICO, DE SVETLANA ALEKSIÉVITCH). MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA QUE INDICA QUAIS FORAM OS FATORES A CONTRIBUIR PARA O COLAPSO DA UNIÃO SOVIÉTICA. I - CRISE ECONÔMICA GERADA PELO INVESTIMENTO NA GUERRA CONTRA O AFEGANISTÃO, ALÉM DE OUTROS INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA BÉLICA; II - AS TENTATIVAS DE MODERNIZAÇÃO POR MEIO DA GLASNOST E DA PERESTROIKA QUE DESESTRUTURARAM O MODELO SOCIALISTA E ESTRUTURAM O MODELO CAPITALISTA; III - DESCONTENTAMENTO POLÍTICO DAS REPUBLICAS QUE INTEGRAVAM A URSS; IV - SOBRE A MUDANÇA DE ESTRATÉGIA DOS ESTADOS UNIDOS, COM A RETOMADA DA CORRIDA ARMAMENTISTA NO FIM DOS ANOS 1970, PRESSIONANDO A URSS COM ATAQUES NAS SUAS FRONTEIRAS. ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS: A) Somente I e II. B) Somente I e III. C) Somente II e IV. D) Somente III e IV. 2. INDIQUE A OPÇÃO QUE EXPLICA O IMPACTO DA QUEDA DA URSS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA DÉCADA DE 1980, VÉSPERAS DE SEU COLAPSO. A) Proporcionou o início de uma nova ordem mundial, baseada em um mundo unipolar marcado pela preponderância dos Estados Unidos, alterando a geopolítica de grande parte do planeta. B) Alterou expectativas e possibilidades de diversosgrupos políticos mundo afora, simpatizantes do socialismo, que foram obrigados a abandonar o sistema. C) A invasão do Kuwait por forças iraquianas em 1990 representa uma tentativa de manutenção das estruturas soviéticas no Oriente. D) A questão alemã é a base de compreensão da fragilização da URSS. GABARITO 1. Considere o trecho abaixo para responder às duas questões a seguir. “Até agosto de 1991, nós vivíamos em um país, depois de agosto, em outro. Antes de agosto, o meu país se chamava URSS… (…) As pessoas saíram às ruas como numa onda, num ímpeto. Mas elas estavam dispostas a morrer pela liberdade, não pelo capitalismo.” (Trecho do livro O fim do homem soviético, de Svetlana Aleksiévitch). Marque a alternativa correta que indica quais foram os fatores a contribuir para o colapso da União Soviética. I - Crise econômica gerada pelo investimento na guerra contra o Afeganistão, além de outros investimentos na indústria bélica; II - As tentativas de modernização por meio da glasnost e da perestroika que desestruturaram o modelo socialista e estruturam o modelo capitalista; III - Descontentamento político das republicas que integravam a URSS; IV - Sobre a mudança de estratégia dos Estados Unidos, com a retomada da corrida armamentista no fim dos anos 1970, pressionando a URSS com ataques nas suas fronteiras. Estão corretas as afirmativas: A alternativa "B " está correta. Sobre a queda da URSS, você deve perceber que a primeira assertiva aponta de forma correta a dificuldade econômica gerada pelo investimento na indústria bélica e a resistência de grupos apoiados pelos americanos. Já a segunda está incorreta, uma vez que perestroika e glasnost mensuravam a melhoria do sistema, sua modernização e agilidade e não um abandono do modelo socialista. A terceira está correta, mesmo com a construção artificial montada para as repúblicas, elas nunca perderam sua identidade e resistiam à dominação soviética. Por fim, a quarta assertiva fala em ataques diretos, e estes não ocorrem na Guerra Fria. 2. Indique a opção que explica o impacto da queda da URSS nas relações internacionais na década de 1980, vésperas de seu colapso. A alternativa "A " está correta. Para compreendermos o peso da queda da União Soviética, podemos pensar na Guerra do Golfo. Perceba que as mudanças das relações mundiais são marcadas pela força da ação norte- americana contra todos os que poderiam ser enquadrados como inimigos — o primeiro eleito foi o Iraque. É a Guerra do Golfo que vai dar a unilateralidade. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS O fim da Guerra Fria é um exercício de compreensão. O mundo vendido e trabalhado como realidade para ao menos duas gerações se desmontou, deixando um lapso mental, político e econômico severo. Nosso exercício é perceber como o Sistema Internacional foi sendo efetivamente constituído pela Guerra Fria. Quer dizer, ele não é a Guerra Fria, ela é uma parte, uma representação, um componente político que fundamentou as nações, as relações entre as nações e a mentalidade dessas gerações. As representações são enormes, do cinema ao crescimento dinâmico da tecnologia. Essa realidade mergulhou o mundo em algo muito maior do que o embate. Foram novas identidades, novos conflitos, outras formas de se fazer comércio e de se colocar no mundo. Árabes, africanos, sul-americanos são só alguns dos novos componentes que influenciam nossa sociedade. Outras consequências como a corrida armamentista, os ditadores e as guerras ainda são heranças fortemente presentes em nosso cotidiano. Depois de consolidar o quadro internacional, passamos a notar a fragilização da economia soviética, sua tentativa de modernização abriu possibilidade para que os EUA não fosse vitorioso da guerra simbólica, mas efetivamente, representou a chegada de novas dinâmicas de forças, como passamos a presenciar a partir da Guerra do Golfo, ali, na televisão, diante de todo mundo uma Nova Ordem Mundial foi consolidada. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS FERRO, Marc. História das civilizações. São Paulo: Cia das Letras, 1996. GADDIS, John. A guerra fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. HERNANDES, Leila. A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, 2008. HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1995. JUDT, Tony. Pós-guerra. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. PURDY, Sean. O século americano. In: KARNAL, Leandro (org.) História dos Estados Unidos. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2017, p. 227. REIS FILHO, Daniel. (org.) O século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. EXPLORE+ Assista ao filme Boa noite, boa sorte (2005), dirigido por George Clooney e entenda a perseguição aos ideais comunistas no contexto norte-americano na década de 1950, colocando em evidência a contradição em relação à liberdade de expressão propagada pelo ideal norte- americano de democracia. Leia o artigo O duelo pela hegemonia global que deixa o mundo apreensivo, de Macarena Vidal Liy e Amanda Mars e compreenda melhor geopolítica internacional, a partir de uma comparação entre as guerras comerciais entre China e Estados Unidos no contexto atual, e a bipolarização ideológica entre Estados Unidos e União Soviética no contexto da Guerra Fria. Assista ao filme Treze dias que abalaram o mundo (2000), de Roger Donaldson e saiba mais sobre o episódio da crise dos mísseis de Cuba, em 1962. Leia o artigo A África desde o fim da Guerra Fria, de Ricardo Soares de Oliveira e entenda a interação desse continente com o sistema internacional do contexto da Guerra Fria e a relação dos países africanos com os valores da democracia liberal e do capitalismo industrial. Sobre as modificações nos hábitos e costumes dos soviéticos, após o colapso do socialismo, assista ao filme Adeus, Lenin, de 2003. Sobre a história militar recente dos Estados Unidos, a partir do mundo unipolar e sob a perspectiva de Robert McNamara, assista ao filme Sob a névoa da guerra, de 2003. CONTEUDISTA Daniel Pinha CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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