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Prof. MSc. Wilian de Oliveira Rocha UNIVAG/2014 CONCEITO DE EROSÃO A erosão é o processo de desprendimento e transporte de partículas do solo, que em regiões tropicais pode ser causado pela água (hídrica) ou pelo vento (eólica), mesmo sob condições naturais. Porém, a erosão tem sido acelerada pelo homem e a sua forma hídrica representa um dos principais problemas em áreas mineradas e agrícolas no Cerrado brasileiro (HARIDASAN, 1994). CONCEITO DE EROSÃO Após a retirada da cobertura vegetal nativa, os solos das regiões de Cerrado são muito susceptíveis à erosão causada pelas chuvas. Em minerações, quando há a canalização das águas pluviais, o substrato exposto é altamente erodível e permite um rápido aprofundamento de ravinas e voçorocas (HARIDASAN, 1994). EROSÃO Solos de regiões tropicais que recebem de média a alta pluviosidade são muito susceptíveis à erosão, quando a cobertura vegetal é removida. O problema se agrava quando há duas estações definidas, uma seca e a outra de chuvas, como ocorre no Cerrado. FORMAS DE EROSÃO Há reconhecidamente quatro formas de erosão hídrica: laminar, em sulcos, ravinas e voçorocas. Geralmente a erosão laminar precede a erosão em sulcos que, por sua vez, pode originar ravinas. Quando a água subsuperficial e subterrânea contribuem para erodir as ravinas, criam-se as voçorocas. FORMAS DE EROSÃO EROSÃO LAMINAR: O carreamento da parte superficial de substratos sob a forma de sedimentos, por meio da erosão laminar e em sulcos, afeta a qualidade e a quantidade de água armazenada em reservatórios, barragens, lagos, rios e outros. Erosão Laminar – Google Imagens FORMAS DE EROSÃO EROSÃO EM SULCOS: O carreamento da parte superficial de substratos sob a forma de sedimentos, por meio da erosão laminar e em sulcos, afeta a qualidade e a quantidade de água armazenada em reservatórios, barragens, lagos, rios e outros. Profundidade do sulco não ultrapassa 300mm. Erosão em sulcos – Google Imagens FORMAS DE EROSÃO RAVINAMENTO E VOÇOROCAS: As ravinas e voçorocas, freqüentemente presentes em áreas mineradas, destroem obras civis e ecossistemas, além de provocarem também o assoreamento de reservatórios. Ravinamento – Google Imagens FORMAS DE EROSÃO RAVINAMENTO E VOÇOROCAS: As ravinas e voçorocas, freqüentemente presentes em áreas mineradas, destroem obras civis e ecossistemas, além de provocarem também o assoreamento de reservatórios. Voçoroca – Google Imagens EROSÃO O impacto das chuvas sobre substratos desnudos, a desagregação de partículas e o carreamento de sedimentos em áreas mineradas acarreta no aumento da compactação e na diminuição da capacidade de armazenamento de água dos substratos. A perda de partículas é acompanhada pela perda de nutrientes, que reduz as chances de revegetação natural dessas áreas. EXEMPLOS DE PERDA DE SOLO Locais minerados no Distrito Federal há décadas liberam entre quatro e doze toneladas de sedimentos por hectare a cada ano (CORRÊA, 1998). A revegetação é a medida mais eficiente para o controle de erosão. A presença de vegetação sobre Latossolos no Cerrado é suficiente para reduzir em até 90% as perdas de solo. Deposição de cobertura morta sobre superfícies desnudas pode diminuir em até 75% a perda de sedimentos. CONTROLE DA PERDA DE SOLO 3 estratégias para controle da erosão: Implantar e otimizar a cobertura vegetal; Aumentar a capacidade de infiltração de água no substrato; Controlar o escorrimento superficial da água. CONTROLE DA PERDA DE SOLO 3 estratégias para controle da erosão: Implantar e otimizar a cobertura vegetal; Aumentar a capacidade de infiltração de água no substrato; Controlar o escorrimento superficial da água. CONTROLE DA PERDA DE SOLO Medidas para atingir estas estratégias: Físicas ou mecânicas; Edáficas; Biológicas ou vegetativas. CONTROLE DA PERDA DE SOLO Medidas Físicas ou mecânicas: Recomposição da paisagem; Recomposição da topografia; Terraceamento; Drenagem. CONTROLE DA PERDA DE SOLO Medidas Edáficas: Escarificação e subsolagem do solo; Tratamento do substrato; Incorporação de matéria orgânica; Aumento da capacidade de infiltração e armazenamento de água no solo (substrato); CONTROLE DA PERDA DE SOLO Escarificação Subsolagem CONTROLE DA PERDA DE SOLO Medidas Biológicas ou Vegetativas: Incorporação de matéria orgânica; Proteção do substrato com cobertura morta (palha, capim, casca); Estabelecimento de uma camada herbácea de rápido crescimento; Plantio de espécies perenes acompanhando curvas de nível; Reflorestamento total ou parcial da área. CONTROLE DA PERDA DE SOLO Equações e modelos têm sido mundialmente utilizados nos últimos sessenta anos para a mensuração de perdas de solos e sedimentos nos mais diversos tipos de áreas, inclusive nas degradadas pela mineração (CORRÊA, 1991). O planejamento de práticas conservacionistas de solo e água em atividades agrícolas, florestais, minerárias e urbanas representa a principal aplicação de modelos que estimam a perda de sedimentos pela erosão (WISCHMEIER et al., 1971). CONTROLE DA PERDA DE SOLO Uma das equações mais usadas para a mensuração da erosão e de maior sucesso em todo o Mundo é a Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS ou USLE, em inglês), que permite estimar as perdas médias anuais de partículas de solo/substrato por erosão laminar de uma área sob determinado manejo. A taxa de erosão é determinada pela combinação da intensidade de vários fatores que atuam em uma área (USDA, 1978). Como todo modelo empírico, a EUPS é uma aproximação da realidade. CONTROLE DA PERDA DE SOLO A EUPS/USLE representa adequadamente os efeitos de primeira ordem dos fatores que causam erosão. Ela foi criada para avaliar a erosão laminar, mas não se aplica a sulcos, ravinas e voçorocas. A grande utilidade da EUPS/USLE em avaliações pontuais e descontínuas é a possibilidade de se trabalhar teoricamente alguns de seus termos, para se decidir sobre a efetividade de determinadas medidas de controle de erosão em determinado local ou situação. CONTROLE DA PERDA DE SOLO Equação da EUPS/USLE: A= (R) x (K) x (L) x (S) x (C) x (P) em que: • A - perdas de substrato por erosão, em t (ha.ano)-1 ou Mg (ha.ano)-1; • R - erosividade das chuvas, em MJ.mm (ha.h.ano)-1; • K - índice de erodibilidade, t.h.ha (MJ.ha.mm)-1 ou Mg.h.ha (MJ.ha.mm)-1. •L - comprimento da rampa existente na área, em metro (m). Quando conjugado com o fator S da EUPS, torna-se adimensional; • S - razão de inclinação da rampa. Quando conjugado com o fator L da EUPS, torna-se adimensional; • C - fator de cobertura do solo, em porcentagem. Quando conjugado com o fator P da EUPS, torna-se adimensional; • P - medidas conservacionistas e de controle da erosão (adimensional). FATORES DA PERDA DE SOLO Fator R - erosividade das chuvas O fator R representa a erosividade do clima, especialmente das chuvas. A erosividade das chuvas não é distribuída uniformemente ao longo do ano. Uma chuva erosiva é aquela cuja intensidade e duração são capazes de provocar erosão. Geralmente, considera-se erosiva uma precipitação de 10 mm ou mais, independentemente de sua duração. O valor numérico de R expressa o efeito erosivo do impacto das chuvas sobre a superfície do terreno e a quantidade de escorrimento superficial esperado. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator R - erosividade das chuvas Valores de R são obtidos pela multiplicação da energia cinética de chuvas erosivas (E) pela intensidade máxima em 30 minutos (I30). Consegue-se assim o EI30 de uma chuva. A soma dos EI30 de cada chuva erosiva em um mês resulta no EI30 mensal. A soma dos EI30 mensais resulta no EI30 anual. A média de EI30 anuais para uma série de 20 a 30 anos determina o valor de R da área em questão. Entretanto, dados pluviométricos sistematizados de longo prazo (pluviogramas) são escassos na maioria das localidades brasileiras. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator R - erosividade das chuvas Por esse motivo LombardiNeto (1977 apud SILVA & DIAS, 2003) estabeleceu uma equação que relaciona a precipitação média mensal e o valor de EI30 de cada mês. De posse de cada EI30 mensal, estima-se R pela soma dos doze EI30 mensais. EI 30 mensal= 68,7 (r 2/P)0,85 Onde: r é a precipitação média mensal (mm); P é a precipitação média anual (mm). FATORES DA PERDA DE SOLO Fator R - erosividade das chuvas Para uma série de 12 meses (janeiro a dezembro): R = ∑ EI30mensal FATORES DA PERDA DE SOLO Fator K - erodibilidade do substrato A erodibilidade de um susbtrato relaciona-se a sua resistência ou susceptibilidade de ser erodido pelos fatores do intemperismo. A distribuição do tamanho de partículas (textura) de solos e substratos é o fator mais importante na determinação da susceptibilidade à erosão. A textura define a maior parte da susceptibilidade ou resistência de partículas se desprenderem e serem arrastadas pelas águas. Todavia, outras características, além da textura, contribuem para a erodibilidade (fator K) de cada material, tais como estrutura, permeabilidade e conteúdo de matéria orgânica. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator K - erodibilidade do substrato Os valores de K para solos variam de menos de 0,10 (solos pouco erodíveis), a mais de 0,50 (solos altamente erodíveis). Quando o valor de K é obtido por meio do Nomograma de Wischmeier et al. (1971), ele deve ser multiplicados por 0,1317 (Baptista, 2003), para conversão das unidades inglesas para o Sistema Internacional de Unidades - t.h (MJ.mm)-1 ou Mg.h (MJ.mm)-1. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator K - erodibilidade do substrato K= {[2,1 . 10-4 (12 – OM)M1,14 +3,25(s–2)+2,5(p–3)] /100} . 0,1318 Sendo: OM: conteúdo de matéria orgânica do solo (%); M: textura do solo; p: permeabilidade do perfil do solo; s: estrutura do solo. Onde: M= (% silte + %areia fina).(100 - % argila) Segundo Wischmeier; Johnson; Cross (1971) FATORES DA PERDA DE SOLO Fator K - erodibilidade do substrato Estrutura do solo (s) Valor Granular muito fina 1 Granular fina 2 Granular média a grossa 3 Laminar, blocos, massivo 4 Permeabilidade (p) Valor Rápida 1 Moderadamente a rápida 2 Moderada 3 Lenta a moderada 4 Lenta 5 Muito lenta 6 FATORES DA PERDA DE SOLO Fator K - erodibilidade do substrato Exs.: Valores de K para solos de Cerrado: *Valores tabulados devem ser multiplicados por 0,1317 para conversão das unidades inglesas de K (ton.acre.h/acre.ft-ton..inch) para o Sistema Internacional de Unidades - t.h.ha (MJ.ha.mm)-1 (Baptista, 2003). Classe de Erodibilidade Valor de K Muita alta > 0,5 Alta 0,35 – 0,5 Média 0,25 – 0,35 Baixa 0,10 – 0,25 Muito Baixa <0,10 FATORES DA PERDA DE SOLO Fator L – comprimento de rampa Fator S - declividade do terreno conjugados Conjuntamente: Fator LS - fator topográfico Os efeitos do comprimento de rampa (L) e da declividade do terreno (S) podem ser estimados separadamente (BAPTISTA, 2003). Na prática, entretanto, é mais conveniente considerar as duas varáveis como um fator topográfico único - LS (USDA, 1978). FATORES DA PERDA DE SOLO Fator LS - fator topográfico Dessa forma, tabelas que fornecem valores conjugados de L x S têm sido elaboradas. Um dos problemas apresentados na combinação de LS é escolher um valor que represente a inclinação e o comprimento médio de toda uma área. Os maiores erros associados a escolhas de valores de LS referem-se ao fator S. Como agravante, a erosão é mais sensível a variações de declividade do terreno do que de seu comprimento. Um erro de 1% na avaliação da declividade pode dobrar o valor das perdas de sedimentos aferido por meio da EUPS. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator LS - fator topográfico LS= [(√L)/100].(1,36 + 0,97S + 0,1385S2) Sendo: L= comprimento do declive (m); S= grau do declive (%) Segundo Wischmeier e Smith (1978) FATORES DA PERDA DE SOLO Fator C - cobertura do solo/substrato (Tabelado) A cobertura de solos e substratos é considerada a medida mais importante para o controle da erosão. Os valores de C variam de quase zero, para solos bem protegidos por cobertura vegetal rasteira ou resíduos (palha, serrapilheira e outros), a um, para locais cuja cobertura vegetal foi completamente retirada (Tabelado). Manter resíduos (palha, serrapilheira e outros) sobre a superfície de uma área é uma das medidas mais eficientes para o controle de erosão. As gotas de chuva não batem diretamente sobre o solo/substrato e não destroem os agregados. Os resíduos servem também como barreira ao escorrimento superficial livre (GONÇALVES et al., 2004b, USDA, 1978). FATORES DA PERDA DE SOLO Fator C - cobertura do solo/substrato (Tabelado) FATORES DA PERDA DE SOLO Fator P - medidas de controle da erosão De todas as variáveis da EUPS/USLE, o fator P é o menos preciso na avaliação das perdas de solos/substratos. Tabelas que tentam relacionar o fator P com a declividade (S) e comprimento do terreno (S), cobertura da superfície (C) e práticas conservacionistas de solo têm sido elaboradas e utilizadas. Entretanto, terraceamento, aração em nível, gradeação, escarificação e subsolagem são as práticas que mais afetam os valores de P. FATORES DA PERDA DE SOLO Fator P - medidas de controle da erosão Para terrenos sem terraços, escarificação ou qualquer outra medida de controle de erosão, adota-se P = 1. Quando medida(s) de controle de erosão é (são) adotada(s), principalmente subsolagem ou terraceamento, pode-se considerar P=0,5 (ROOSE, 1977). A subsolagem de um substrato deve ser seguida de incorporação de matéria orgânica ou de recobrimento da superfície da área com cobertura morta. Caso contrário, o substrato voltará a ser compactado pelas chuvas e P reassumirá o valor 1. Utilizar a Tabela entregue! FATORES DA PERDA DE SOLO Fator P - medidas de controle da erosão
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