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Transtorno Obsessivo Compulsivo - Módulo 01

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
TRANSTORNO OBSESSIVO-
COMPULSIVO 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
Definição 
Transtornos de Ansiedade 
Obsessões 
Compulsões e Comportamento Compulsivo 
Etiologia 
Incidência 
Co-morbidade 
Início do transtorno 
 
MÓDULO II 
Clínica e diagnóstico 
Diagnóstico diferencial 
Critérios diagnósticos do DSM-IV 
Critérios e diagnósticos da CID-10 
Diferenças entre o DSM-IV e a CID-10 
Transtornos do Espectro Impulsivo-Compulsivo 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo em Crianças 
 
MÓDULO III 
Tratamento Farmacológico 
Tratamento Psicoterápico 
Terapia Comportamental 
Terapia Cognitiva ou Cognitivo-Comportamental 
Fisiopatologia e Psicocirurgias 
 
Tratamento interdisciplinar 
 
 
 
 
 
4 
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MÓDULO IV 
O portador de TOC e a família 
Quando suspeitar ser um portador de TOC 
Detectação dos pacientes com TOC no atendimento médico 
Sintomas físicos que podem sugerir a existência de um TOC 
Detectação de TOC nas crianças 
Outras características do TOC 
Outros problemas se confundem às vezes com TOC 
Freqüência de visitas ao médico 
Interrupção do tratamento 
Métodos de avaliação do TOC 
Filmes sobre o TOC 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
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MÓDULO I 
 
DEFINIÇÃO 
 
O TOC, de acordo com Rangé (2001), é atualmente classificado como um 
transtorno de ansiedade pelo DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais) e como um transtorno neurótico pela CID-10 (Classificação de 
Transtornos Mentais e de Comportamento). Uma doença crônica, de evolução muito 
variável, tanto podendo surgir de forma abrupta, após algum evento desencadeante, 
como insidiosamente, sem que esteja associada a algum evento estressor 
importante. Quanto à sua evolução pode ser com piora, outras vezes o paciente 
pode apresentar estabilização dos sintomas ou ainda pode vir sob forma de crises 
episódicas. 
As principais características do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) 
são obsessões ou compulsões recorrentes e suficientemente graves, por 
consumirem tempo ou causar sofrimento acentuado à pessoa. Normalmente o 
portador de TOC sabe que suas "manias", obsessões ou compulsões são 
excessivas ou irracionais. 
Até bem pouco tempo eram identificadas apenas as suas formas mais 
graves, sendo considerado até raro esse transtorno. As manias, fraquezas ou falta 
de vontade, eram os sintomas considerados leves, onde o paciente poderia se livrar 
deles quando quisesse. Cordioli (2007) chega ressaltar que não era reconhecido 
nem o seu caráter involuntário, nem a aflição associada e nem a relação funcional 
existente entre obsessões e compulsões, característica que tem sido salientada nas 
classificações mais recentes. 
Como já foi dito antes, o TOC é caracterizado pela presença de obsessões 
ou compulsões recorrentes, severas por tomar boa parte do tempo do paciente, 
causando desconforto ou comprometimento geral significantes, tanto na vida 
pessoal do paciente, na profissional e nas atividades habituais. O conteúdo das 
 
 
 
 
 
6 
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obsessões reflete as preocupações das culturas em que ocorrem, mudando de 
acordo com as transformações em cada época ou lugar. Essas preocupações 
podem ser como o demônio ou os castigos divinos, com contaminações, com 
germes ou radiação, ou com risco de aquisição de Aids. Assim Rangé (2001) 
descreve como as obsessões são vistas. 
Entretanto, esses sintomas costumam estarem presentes em vários outros 
quadros psiquiátricos, notadamente nos quadros afetivos depressivos e ansiosos. E 
como já citamos anteriormente o TOC está incluído nos Transtornos de Ansiedade; 
seus sintomas envolvem alterações do comportamento (rituais ou compulsões, 
repetições, evitações), do pensamento (obsessões sobre dúvidas, preocupações 
excessivas, pensamentos de conteúdo ruim ou impróprio, etc.) e da emoção (medo, 
aflição, culpa, depressão). 
Ao nos aprofundarmos sobre o assunto podemos perceber algumas 
características de natureza primária, bem sugestivas, refletindo realmente esse 
transtorno. Um exemplo é a dúvida patológica podendo ser vista como um sintoma 
marcante da obsessão, sendo o paciente extremamente inseguro em relação ao que 
fez, torturando-se diante da possibilidade de ter feito ou não alguma coisa, se está 
certo ou errado, tornando-se extremamente indeciso e incapaz para decidir-se. 
Observamos ainda, nesse transtorno, o reconhecimento por parte do paciente, do 
absurdo e da irracionalidade de suas idéias e de seus atos compulsivos, bem como 
da impossibilidade de combatê-los. 
De acordo com Kaplan (1999) e confirmando em Sadock (2007) a doença é 
crônica, um transtorno heterogêneo; o paciente pode ter a obsessão, a compulsão 
ou ambas. Características como preocupação exagerada com eventos pouco 
prováveis de causar-lhe algum dano, tais como contaminação, roubo, perdas, 
acabam obrigando-o a lavagens, recontagens, rechecagens, comuns nesse tipo de 
transtorno. 
Outra característica que é também bastante relatada na literatura é o 
constante sentimento de que algo está ainda faltando, incompleto, imperfeito. Isso 
faz com que o paciente tenha extrema dificuldade prática para concluir tarefas, ou 
 
 
 
 
 
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seja, vem dessa incerteza patológica a necessidade de repetição, de lavar 
novamente, de contar de novo, de refazer várias vezes o que já fez. 
Ballone (2006) cita estudos que mostram que 20 a 40% dos pacientes não 
obtêm melhora, apesar do tratamento médico; 40 a 50% têm melhora moderada e 
apenas 20 a 30% melhoram significativamente. Knapp (2004) cita estudos que 
afirmam que com o uso de medicamentos há uma redução de 20 a 60% dos 
sintomas, 40% em média; no entanto, a remissão completa é rara, ao redor de 20%. 
Uma das diferenças do TOC do Transtorno de Personalidade Obsessiva-
Compulsiva é o fato da pessoa acometida por essa personalidade ser concordante 
com sua maneira metódica e organizada. 
Característica importante e que merece atenção é um sentimento de medo 
e/ou ansiedade que vem junto às obsessões. Esse sentimento desagradável 
freqüentemente leva a pessoa a tomar medidas contra a idéia ou impulso inicial, o 
que vai gerar o ato compulsivo ou compulsão. 
O bom ajustamento social e profissional ajuda a melhorar o prognóstico, mas 
há casos onde a hospitalização é necessária, principalmente quando o paciente 
submete-setotalmente às compulsões ao invés de resistir a elas. 
 
Pequeno Histórico 
O TOC é uma doença bastante antiga, só que vista de outra forma de 
acordo com a cultura e informações da época. Descrições de sintomas obsessivo-
compulsivos podem ser reconhecidas em documentos religiosos do século XV, em 
observações sobre materiais religiosos no século XVII, e nas obras de autores como 
Hartley, que escreveu sobre “idéias fixas e recorrentes”; Esquirol que escreveu sobre 
“delírios parciais” e Legrand du Saule que escreveu sobre a “loucura de tocar”, entre 
outros. Em 1903, Pierre Janet, em seu livro “Les Obséssions et la Psychasténie”, 
descreveu as obsessões e compulsões classificando os diversos tipos de 
manifestação clínica encontrados em pacientes com TOC. 
Alguns anos depois Freud formulou hipóteses para o surgimento dos 
sintomas descritos por Janet, chamando o TOC de Neurose Obsessivo-Compulsiva, 
focalizando aspectos internos e inconscientes dos pacientes, onde as teorias 
 
 
 
 
 
psicodinâmicas predominaram como referência para o diagnóstico e o tratamento do 
TOC naquela época. Freud acreditava que havia uma retração defensiva envolvida 
no caso de desejos edípicos que provocavam ansiedade. 
Na década de 60-70, com as mudanças que ocorreram na metodologia do 
estudo das doenças psiquiátricas e com os avanços da psicofarmacologia e das 
neurociências, ganharam importância os aspectos genéticos, neuroquímicos, 
psicofarmacológicos e até os neurorradiológicos, e os sintomas obsessivo-
compulsivos passaram a ser vistos como características fundamentais do TOC. 
O psiquiatra alemão Karl Westphal, em 1865, foi um dos primeiros a 
descrever e conceituar o TOC. Com o passar dos tempos e com a realização de 
mais pesquisas na área, vários autores modificaram o conceito de TOC de acordo 
com as suas diferentes escolas. 
 
 
Fonte: http://www.virtual.unifesp.br/home/uv.php 
 
 
São muitos os personagens que ajudaram a construir nossa história que 
possuíram esse Transtorno. Alguns não chegaram a possuir mas se empenharam 
muito no estudo dele. Um deles foi Charles Darwin, o criador da Teoria da Evolução 
(1935), que era portador de sintomas obsessivos, envolvendo principalmente ordem 
e colecionismo. 
Um dos maiores estudiosos da psiquê humana, o criador da psicanálise, 
Freud, no início do século (1915), propôs que os sintomas obsessivos compulsivos 
seriam produtos da repressão de instintos agressivos e de problemas no 
desenvolvimento psicológico da criança; foi aí começou seus estudos em torno da 
neurose obsessivo-compulsiva. 
Howard Hughes, o famoso milionário texano da indústria aeroespacial e 
casado com diversas estrelas de Hollywood, também possuía inúmeros sintomas de 
8 
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9 
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TOC; ele acabou prisioneiro de seus rituais obsessivos envolvendo limpeza e 
contaminação. 
Em 1960 se tem a primeira evidência da eficácia dos medicamentos no 
tratamento do TOC, sendo obtida por Lopez Ibor Júnior, em 1969, utilizando a 
clomipramina endovenosa (Anafranil) e que até hoje é administrada a pessoas 
portadoras do transtorno. Alguns anos depois a fluoxetina (Prozac) e outras 
medicações, desenvolvidas durante a década de 80, mostraram boa eficácia e 
menos efeitos colaterais. 
Na década de 70 o tratamento comportamental baseado em experimentos 
de Pavlov passou a ser utilizado em pacientes. Estudos controlados envolvendo 
centenas de pacientes demonstraram a sua eficácia nos quadros de ansiedade. 
Em 1980, Harrison Ford admitiu ter sintomas obsessivos envolvendo 
preocupação com a organização de seus pertences que tinham que ser dobrados e 
arrumados em perfeita simetria: "Eu procuro evitar meu comportamento obsessivo, 
sem sucesso. Meu verdadeiro interesse está no detalhe, a maneira como as minhas 
meias estão arrumadas, como minhas camisas estão penduradas, a organização 
das ferramentas na minha oficina." 
Então, através deste apanhado, pode-se perceber um pouco da história 
desse transtorno que atualmente tem sido mais divulgado e cujos portadores têm 
buscado mais tratamentos. 
 
 
TRANSTORNO DE ANSIEDADE 
 
De acordo com Stahl (2002), a ansiedade é uma emoção normal em 
situações de ameaça, é considerada parte da reação luta e fuga da sobrevivência na 
evolução. São inúmeras as situações onde ela está presente. Quando alguém deve 
ser avaliado por pessoas, ou estiver em perigo, ela existe em maior ou menor 
intensidade, duração ou freqüência. No entanto, há momentos em que sua presença 
é uma reação mal adaptada e constitui um transtorno psiquiátrico; neste caso ela 
deixa de ser normal e passa a ser patológica. 
 
 
 
 
 
10 
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De acordo com seus subtipos existem tratamentos e prognósticos distintos. 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV) classifica os 
transtornos de ansiedade das seguintes formas: 
 1) Ataque de Pânico; 
 2) Transtorno do Pânico; 
 3) Agorafobia; 
 4) Transtorno do Pânico com agorafobia; 
 5) Fobia específica; 
 6) Fobia social; 
 7) Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC); 
 8) Transtorno de estresse pós-traumático; 
 9) Transtorno de estresse agudo; 
 10) Transtorno de ansiedade generalizada; 
 11) Transtornos de ansiedade devido a uma condição médica geral; 
 12) Transtorno de ansiedade induzido por substâncias; 
13) Transtornos de ansiedade sem outra especificação. 
O mesmo autor, ao esclarecer a ansiedade normal, diante de situações que 
oferecem o risco de tê-la, fala da ansiedade patológica que é determinada por quem 
avalia o contexto, bem como os possíveis fatores desencadeantes e as 
características individuais do sujeito. 
A ansiedade pode ser sentida de diversas formas, segundo Kaplan (1999): 
 Sensação de desgraça iminente (preocupação com saúde, casamento, 
negócios, filhos etc.); 
 Medo irracional de determinadas situações (certas atividades em 
grupo, certos animais ou lugares, etc.). 
Ela existe em diversas condições e costuma estar presente em situações 
estressantes como doenças médicas, na abstinência de depressores do Sistema 
Nervoso Central (SNC) e também em outros transtornos psiquiátricos além dos 
distúrbios de ansiedade. 
 
 
 
 
 
 
 
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OBSESSÕES: 
 
Cordioli (2007), Kaplan (1999), Sadock (2007) reúnem um apanhado de 
definições especificamente para as obsessões. Podemos sintetizá-las e definir 
como: pensamentos ou idéias, impulsos, imagens, cenas, que invadem a 
consciência de forma repetitiva, persistente e estereotipada seguidos ou não de 
rituais destinados a neutralizá-los. Devemos frisar que as obsessões são em nível de 
pensamentos, sentimentos ou idéias e não a nível comportamental. Para o portador, 
estes são experimentados como intrusivos e inapropriados ou estranhos em algum 
momento, ao longo do transtorno, podendo causar ansiedade ou desconforto 
acentuados. O portador tenta resistir a esses pensamentos, ignorá-los ou suprimi-los 
com ações ou com outros pensamentos, reconhecendo-os, no entanto, como 
produtos de sua mente e não como originados de fora. Pode-se dizer que não são 
simplesmente medos exagerados relacionados com problemas reais. 
Os Pensamentos Obsessivos são estudados nas alterações do conteúdo do 
pensamento, por serem idéias de caráter obrigatório impostas ao indivíduo que é 
portador de TOC. Esses pensamentos são involuntários, incontroláveis, sendo 
contráriosaos argumentos de sua lógica e de seu juízo. 
As obsessões ou pensamentos mais comuns são: 
 Contaminação: desde sujeira, germes, contaminação, pó, até doenças. 
O portador é muito preocupado em pegar alguma doença. 
 Conteúdo sexual: Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e 
impróprios relacionados ao sexo; o paciente pode ter idéias sobre 
comportamento sexual violento, abuso sexual de crianças, 
homossexualidade, palavras obscenas; 
 Somáticas: preocupação excessiva com doenças; 
 Armazenagem e poupança: colecionar, guardar objetos inúteis, poupar 
dinheiro; 
 Agressão: preocupação em ferir os outros ou a si mesmo, insultar, 
provocar, impulsos de agredir; 
 Simetria: exatidão, alinhamento, ordem; 
 
 
 
 
 
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 Dúvidas; 
 Pensamentos supersticiosos: preocupações com números especiais, 
cores de roupas, datas, horários especiais que podem provocar algo de ruim 
ao portador, uma desgraças, um acidente; 
 Palavras, nomes, sons, números, cenas ou músicas intrusivas e 
indesejáveis; 
 Religião: escrupulosidade, blasfêmias, pecado, certo/errado. 
No Transtorno Obsessivo-Compulsivo esses impulsos obsessivos, e 
conseqüentes compulsões delas decorrentes, são suficientemente intensos para 
causar sofrimento acentuado, consumir tempo, interferir significativamente na rotina 
normal da pessoa, no funcionamento ocupacional ou nas atividades e 
relacionamentos sociais. 
Kaplan (1999) delimita quatro padrões sintomáticos principais no Transtorno 
Obsessivo-Compulsivo pela ordem de freqüência e que, de fato, constatamos na 
prática clínica quotidiana: 
1- Obsessão de contaminação: Essa obsessão pode ser seguida da 
compulsão de banhos ou da higiene das mãos. Aqui o objeto temido é difícil de 
evitar, como o pensamento sobre urina, fezes, contaminação microbiana, feridas, 
doenças, sujeira em geral e a compulsão envolve banhos e limpeza. Tais pacientes 
podem autoproduzir escoriações pela forma exagerada com que se lavam e 
escravizam-se pelo ritual absolutamente rígido do ato de limpeza. Este é o padrão 
sintomático mais comum. 
2- Dúvida patológica: A obsessão da dúvida pode ser seguida da 
compulsão para verificação. A obsessão de ter negligenciado a prevenção do perigo, 
como por exemplo, ter deixado o gás aberto, o ferro de passar ligado, a porta da 
frente destrancada, a torneira aberta, e portas semi-abertas, etc., determinam 
complicados mecanismos de verificação e reverificação obrigando o paciente a 
voltar várias vezes ao mesmo local. Várias são as situações onde o indivíduo 
obsessivo é incomodado por sentimentos de culpa por ter negligenciado alguma 
coisa, daí a falsa impressão do perfeccionismo e meticulosidade. 
 
 
 
 
 
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3- Pensamentos intrusivos: são pensamentos sem compulsão, 
pensamentos libidinosos e obscenos dirigidos a objetos de veneração e respeito 
(santos, mãe, crianças, filhos), agressões que o indivíduo considera condenável. 
Esses pacientes chegam a se denunciar para a polícia ou menos que isso ir a um 
padre se confessar por ter tido pensamentos sexuais e de agressão. Por ter 
consciência destes pérfidos pensamentos habitando o seu psiquismo a ansiedade 
experimentada chega a ser insuportável. 
4- Simetria: A lentidão obsessiva ou pensamento persistente de criteriosa 
meticulosidade na execução das atividades corriqueiras transformando cada 
atividade quotidiana numa verdadeira liturgia de perfeição e ordem. Se as coisas 
não tiverem sido feitas nos mínimos detalhes serão repetidas até saírem perfeitas 
para o portador. Na dúvida de terem saído imperfeitas são meticulosamente 
repetidas. As tarefas do dia-a-dia tornam-se demasiadamente lentas e de realização 
extremamente complexa e cansativa. 
Cordioli (2007) cita esse mesmo tipo de pensamento, de obsessões, mas de 
forma mais detalhada: 
• Pensamentos impróprios, supersticiosos, de conteúdo agressivo ou 
violento, relacionados com sexo ou de conteúdo blasfemo. 
Segundo o autor eles são muito mais comuns do que se imagina, e 
eventualmente todos nós temos alguns destes pensamentos em algum momento. 
Podemos perceber o quanto esses pensamentos, que para uma pessoa normal são 
inofensivos, para o portador causam um verdadeiro sofrimento. 
O portador do TOC, quando tem esses pensamentos fica chocado com tudo 
que lhe passa pela cabeça, e geralmente essas imagens ou cenas provocam grande 
aflição. Ele interpreta sua presença como indicativa de existir algum risco de algum 
dia vir a praticá-las e com isso tenta, sem sucesso, afastá-las da mente, passando a 
vigiar os próprios pensamentos, e, quanto mais tenta afastá-los ou quanto mais 
importância der à sua presença, mais intensos eles se tornarão, fazendo com que 
sua angústia aumente cada vez mais. Não podemos deixar de citar que existem 
pacientes só com os sintomas de obsessão, sem as compulsões. 
 
 
 
 
 
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O autor cita alguns exemplos de pensamentos ou impulsos impróprios, 
cenas de conteúdo agressivo ou violento: 
• Intoxicar o filho com venenos domésticos, como raticidas ou gás; 
• Dar um soco numa pessoa ao cumprimentá-la; 
• Atirar o bebê pela janela; 
• Atropelar pessoas idosas; 
• Empurrar alguém (uma pessoa idosa, uma criança) escadaria abaixo; 
• Jogar o carro em cima de um pedestre. 
“Como forma de diminuir a aflição e o medo que acompanha essas 
obsessões, os portadores do TOC tentam afastá-las da cabeça. Além disso, o medo 
de que venha um dia a praticá-los leva o paciente a adotar medidas para impedir 
que possam vir a acontecer como: colocar telas nas janelas para evitar jogar o bebê 
num momento de descontrole; evitar comparecer a eventos sociais ou cumprimentar 
pessoas; checar a sacola várias vezes para ver se não tem algum veneno com o 
qual possa contaminar o filho”. (Cordioli, 2007). 
Segundo o autor são comuns pensamentos, impulsos intrusivos e impróprios 
ou cenas de conteúdo sexual como: fixar os olhos nos genitais de outras pessoas; 
abaixar as calças ou arrancar a roupa de outras pessoas; praticar sexo violento ou 
sexo perverso; molestar sexualmente crianças; ter uma relação sexual com um 
irmão, irmã, pais, tios; violentar sexualmente uma pessoa conhecida ou 
desconhecida. 
Segundo Cordioli (2007), é importante destacar que fantasias sexuais de 
conteúdo excitante e prazeroso são normais quando estamos em situações que 
propiciam esses pensamentos, já as obsessões de conteúdo sexual impróprio do 
TOC são acompanhadas de aflição ou angústia, são desagradáveis, são 
consideradas claramente impróprias ou antinaturais e contrariam os próprios desejos 
e princípios dos seus portadores. Por esses motivos a conseqüência imediata, em 
vez do desejo, excitação ou prazer, é a angústia, a aflição, o medo e até a 
depressão. Por isso o portador luta contra esses pensamentos e tenta afastá-los, ou 
realiza rituais como lavar-se, confessar-se, rezar, ou aplicar castigos corporais. 
 
 
 
 
 
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No TOC também são comuns pensamentos de conteúdo considerados 
blasfemos pelos seus portadores: cenas repetitivas praticando sexo com santas; 
cenas ou pensamentos de conteúdo sexual com Jesus Cristo na cruz; dizer 
obscenidades ou blasfêmias num momento em que todos estão em silêncio durante 
a missa de domingo; pensar no demônio, em entidades e divindades religiosas. 
Essas obsessões, como já sabemos, são provocadoras de grande ansiedadeno 
portador de TOC, principalmente se for numa pessoa que leva a sério sua religião e 
é muito devoto. Na religião católica em particular, os pensamentos de conteúdo 
blasfemo, foram associados à noção de pecado e eventualmente de pecado mortal, 
representando um risco de condenação ao fogo do inferno. Por isso que é comum a 
necessidade de confessar-se repetidamente, de fazer rituais de purificação como 
rezas, banhos, lavagens ou penitências como forma de neutralizar a aflição 
associada. 
 
COMPULSÕES: 
Compulsões, segundo Sadock (2007) são comportamentos conscientes, 
padronizados, como contar, verificar, lavar mãos várias vezes, repetir palavras, rezar 
e outros. Podemos perceber que são também comportamentos repetitivos ou atos 
mentais que a pessoa é levada a executar em resposta àqueles pensamentos 
obsessivos os quais acabamos de ver anteriormente ou em virtude de regras que 
devem ser seguidas rigidamente. O paciente com Toc se dá conta da irracionalidade 
das sensações e experimenta tanto a obsessão como a compulsão como 
egodistônicas. Esses comportamentos ou atos mentais têm como objetivo prevenir 
ou reduzir o desconforto gerado pela obsessão, prevenir algum evento ou situação 
temidos e em geral não possuem uma conexão realística ou direta com o que 
pretendem evitar, ou são claramente excessivos. 
Inúmeras bibliografias mostram que esses atos são intencionais, ritualísticos, 
quase voluntários, estereotipados e absurdos, desempenhados em resposta à idéia 
obsessiva. Caso não sejam realizados a priori, a ansiedade que vem junto à idéia 
 
 
 
 
 
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obsessiva aumenta incontrolavelmente até que o paciente realize a compulsão. 
Geralmente são atos que envolvem atitudes de higiene como lavar as mãos, limpar 
coisas metodicamente, atitudes de contar, conferir, arrumar, outras vezes, implicam 
em tocar ou olhar objetos de maneira ritualística. 
As compulsões estão em nível de comportamentos, mas muitas vezes 
podem se apresentar como atos mentais, como repetir palavras ou números, rezar 
inúmeras vezes, e podemos dizer que eles são encobertos porque são difíceis de 
serem percebidos. Mas são verdadeiras compulsões, pois são realizados em 
resposta a obsessões ou destinam-se a prevenir eventos catastróficos, ou a aflição 
associada. 
Verifica-se que quando o paciente realiza esse ato ou comportamento 
compulsivo sente-se aliviado momentaneamente, ou seja, diminui a ansiedade 
associada às obsessões. Algumas não são percebidas pelas pessoas que vivem ao 
seu redor, pois são realizadas mentalmente e não mediante comportamentos 
motores, observáveis, levando a pessoa a executá-las toda vez que sua mente é 
invadida por uma obsessão. As compulsões mais comuns envolvem: 
 Contagens: Envolvem objetos como botões, piso, janelas, portas, 
carros, etc. Os pacientes repetem as ações inúmeras vezes, a fim de prevenir 
sucessos indesejados. O número de vezes pode ser estabelecido por 
números mágicos, que só ele vê, números que vêm em seu pensamento e 
assim vai. 
 Limpeza/lavagem: O portador lava inúmeras vezes as mãos, o corpo, 
banha-se várias vezes, troca toalhas, fica obsecado pela limpeza da casa, 
muitas vezes não toca em certos objetos, por achar que vai se contaminar. Os 
pacientes podem chegar a lavar as mãos 20 ou 30 vezes ao dia, ou tomar um 
banho durante diversas horas. Também ocorrem obsessões com urina, fezes, 
secreções, micróbios, insetos, que levam a comportamentos de limpeza. 
 
 
 
 
 
 
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 Verificação ou controle: Aqui o cuidado especial do portador de TOC é 
com fechaduras, portas, janelas, gás, torneiras, chuveiros, etc. Os pacientes 
comprovam repetidamente se a porta está fechada, se o forno está apagado, 
se a tomada está desligada, etc. 
 
 
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 Repetições: O portador de TOC repete determinadas ações várias 
vezes como sair/entrar; fala palavras, números, parágrafos, páginas; repete 
gestos, leitura, escrita; 
 Ordem/arranjos/seqüências, simetria ou alinhamento: na figura 
podemos ver roupas que teriam que ser organizadas de acordo com os tons. 
 
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 Colecionar: Alguns pacientes acumulam objetos sem nenhum valor ou 
nenhuma utilidade, por exemplo, empilham jornais velhos, colecionam 
objetos velhos, quebrados, às vezes até lixo; 
 Compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números, fazer 
listas, tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por 
pensamentos contrários; 
 Outras Compulsões: fazer listas, tocar em objetos de acordo com a cor, 
bater de leve em determinados objetos que estão envolvidos em seus 
pensamentos, olhar. 
Relato de paciente com TOC: 
“Não podia fazer nada sem executar um ritual. Eles transcendiam qualquer 
aspecto da minha vida. Contar era importante para mim. Quando ajustava o 
despertador à noite, tinha que marcar um número que não fosse ‘mau’. Se minha 
irmã tinha 24 anos e eu, 33, não podiam sintonizar os canais de TV 24 e 33. Lavava 
o meu cabelo 3 vezes, porque 3 era um número de sorte. Levava muito tempo para 
ler, pois tinha que contar as linhas dos parágrafos”. 
“Se estivesse redigindo um trabalho escolar, não podia usar um número de 
palavras em uma linha que resultasse em um número ‘mau’. Sempre acreditava que 
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meus pais iam morrer, se não fizesse algo. Tinha medo de ferir meus pais, o que era 
completamente irracional. Não podia vestir nada que tivesse a palavra Boston, pois 
meus pais eram de Boston. Não podia escrever a palavra ‘morte’ porque acreditava 
que algo de ruim ia acontecer.” 
Segundo Ballone (2006) as compulsões associadas a dúvidas também 
podem ser mentais, como não tocar em trincos de portas, ou outro objeto com a 
mesma conotação, reler várias vezes um texto. Visualizar várias vezes uma cena, 
isolar compartimentos e impedir o acesso dos familiares, para que não aconteça 
algo de ruim, restringir o contato com sofás, cadeiras, etc. Fazem parte das 
compulsões as atitudes evitativas. Também chamadas de evitações são com muita 
freqüência, comportamentos adotados como forma de não desencadear as 
obsessões evitando-se as situações, objetos ou circunstâncias que geram tais 
pensamentos e, conseqüentemente, ansiedade. 
Compulsões e Comportamentos Compulsivos: 
Segundo Ballone (2005), os Comportamentos Compulsivos são também 
chamados de Comportamentos Aditivos; seriam hábitos aprendidos e seguidos por 
alguma gratificação emocional. Normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia 
(ela poderia vir em forma de prazer ou alívio do desprazer, essa gratificação 
reforçaria a pessoa à repetição, mas, com o tempo, depois desse alívio imediato, 
seguir-se-ia uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso de realizá-lo; 
mesmo assim, a gratificação inicial, que poderia ser o reforço positivo, permaneceria 
mais forte, levando à repetição). Por exemplo, eu teria uma obsessão que 
aumentaria muito minha ansiedade, então eu realizaria um determinado 
comportamento que diminuiria essa ansiedade e angústia. São considerados hábitos 
mal adaptativos porque, apesar do objetivo que têm de proporcionar algum alívio de 
tensões emocionais, normalmente não se adaptam ao bem estar mental pleno, ao 
conforto físico e à adaptaçãosocial. Eles se caracterizam por serem repetitivos e por 
se apresentarem de forma freqüente e excessiva, quase que automaticamente. 
Alguns exemplos: 
 
 
 
 
 
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 Paciente que só conseguia dormir se pulasse mais de 20 vezes em 
cima de sua cama, mas com o tempo como o número de vezes foi 
aumentando, ao invés de aliviar sua ansiedade, o que normalmente acontecia 
era constranger e provocar cansaço. 
 Se a pessoa imagina que alguém querido está em risco, poderá 
conseguir alívio da angústia gerada por esses pensamentos se tiver que tocar 
alguns objetos de determinada cor, mas se tiver que tocar em todos os 
objetos que tiver a sua frente, ao invés de aliviar, essa atitude acaba por 
constranger, cansar e frustrar; 
 
Algumas síndromes em psiquiatria podem, a partir de grupos de sintomas 
afins, ser classificadas como doenças de semelhantes características 
neurobiológicas e genéticas. Essa idéia de comportamentos repetitivos, atualmente 
bem sistematizada por Ballone que cita Eric Hollander (2001), é de que os 
transtornos que acometem predominantemente a área da vontade ou volição e se 
manifestam por alguns comportamentos compulsivos e impulsivos. De modo geral, 
podem ser agrupados em um mesmo tronco patológico, onde seriam classificados 
como Transtornos do Espectro Impulsivo-Compulsivo; aqui teríamos alguns 
transtornos que envolvem controle de impulsos. Retornaremos detalhadamente a 
este tópico no módulo II. 
 
Compulsão por Armazenagem ou Colecionismo: 
 
Silva (2004) afirma que o colecionismo não é por prazer, hobby, ou por valor 
afetivo, e conceitua o colecionismo como um incômodo que se caracteriza por 
aquisição e dificuldade que a pessoa tem em descartar coisas aparentemente sem 
utilidade ou de pouco valor, devido ao apego emocional a objetos que a maioria das 
pessoas considera sem utilidade, onde a pessoa argumenta que algum dia poderá 
utilizar os objetos armazenados. 
Cordioli (2007) nos confirma a definição de Silva (2004), acrescentando que 
a compulsão por armazenagem é um sintoma bem conhecido do TOC e que esses 
 
 
 
 
 
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pacientes se distinguem pela grande quantidade de coisas que guardam e pelo seu 
apego emocional a objetos, por terem uma enorme dificuldade em jogar fora ou no 
lixo objetos que a maioria das pessoas considerariam como absolutamente sem 
nenhuma utilidade; a impressão é de que eles têm um sentimento de segurança com 
os objetos armazenados. Os objetos armazenados podem ser qualquer coisa, no 
entanto com mais freqüência são roupas, revistas, jornais velhos, notas fiscais 
antigas, mantimentos, embalagens vazias, papéis sem utilidade, coisas quebradas, 
trabalhos escolares, sacolas, cartões, cartas, ferramentas danificadas e sem 
possibilidade de conserto. Aparelhos elétricos quebrados, recortes de revistas, 
roupas e sapatos que não vão mais utilizar, que deixaram de servir ou saíram de 
moda, e eventualmente coisas absolutamente sem sentido como lâmpadas 
queimadas, palitos de fósforo usados, cartões telefônicos gastos. Eles são 
acometidos de um medo de jogar essas coisas fora pela possibilidade de precisar 
delas no futuro, além disso, essas pessoas pegam ou arranjam em qualquer lugar 
objetos sem nenhuma razão em especial. 
Segundo Silva (2004), o armazenamento pode interferir na vida do sujeito, 
na rotina da casa, ocupando-a com quinquilharias, objetos velhos e usados, fazendo 
com que os familiares se sintam incomodados, e são esses que pressionam o 
armazenador a buscar ajuda. Em casos extremos, o espaço livre ou de circulação da 
casa fica restrito e existem riscos de proliferação de ratos e insetos, e até perigo de 
incêndio. Esses objetos acabam ocupando espaços enormes, acumulando poeira e 
ácaros e com o tempo o próprio paciente perde o controle dos objetos armazenados, 
não conseguindo localizá-los, ou no mínimo tendo grande dificuldade em localizá-
los, o que pode ser motivo de grande aflição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Compulsão por poupar: 
 
Cordioli (2007) fala também que é bastante comum também a compulsão 
por poupar dinheiro, seguida de desconforto e culpa diante de qualquer gasto, por 
mais insignificante que seja. 
Esse sintoma tem que ser muito bem analisado para não ser confundido 
com um simples gesto de economizar, como milhares de pessoas fazem hoje em 
nosso país. De acordo com as fontes encontradas, esse paciente pode ser descrito 
como alguém que pode chegar a extremos de ser incapaz de comprar roupas ou até 
mesmo alimentos, quando está com fome ou remédios em momentos de doença, 
tudo isso para não gastar. 
A literatura é muito escassa sobre pesquisas e estudos nessa área, a 
maioria dos autores só cita esse tipo de compulsão, porém Cordioli abrange bem em 
seus livros publicados em 2003 e 2007 o assunto. Ele cita um paciente que havia 
conseguido acumular na poupança uma formidável fortuna, este era uma das 
pessoas mais ricas da sua cidade, sendo incapaz de comprar uma roupa para si, e 
quando comprava era com grande sofrimento, com medo de ficar mais pobre, mas 
sua mulher o levava a força. Já uma outra paciente tinha brigas freqüentes com seu 
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marido quando esse comprava um par de sapatos ou um tênis, mesmo admitindo 
que os tênis antigos estavam furados ou os sapatos gastos e que as compras eram 
mais que justificáveis. 
De acordo com Cordioli (2007), estima-se que 18 a 31 % de todos os 
portadores de TOC apresentam compulsões de armazenagem, com os sintomas 
surgindo entre os 20 e 30 anos, não sendo notadas diferenças entre homens e 
mulheres. Outro dado interessante é a alta ocorrência do colecionismo em 
familiares. Um estudo verificou que 90% dos pacientes relatavam uma história 
familiar de colecionismo e 80% haviam crescido numa casa com algum familiar que 
também apresentava o mesmo tipo de sintoma; em outro estudo, segundo este 
autor, encontraram índices bem menores e não se sabe o quanto ou o que 
influenciou para que surgissem os sintomas. 
Percebe-se que por causa de seu transtorno esse tipo de paciente faz um 
controle rigoroso de todos os gastos seus e dos familiares, possuindo um objetivo 
um único objetivo: poupar. Mas ele tem caráter compulsivo - o poupar, um elevado 
grau de mesquinhez, grande sofrimento ou aflição diante de qualquer gasto e o 
tempo despendido em checagens de contas bancárias e contagens de dinheiro. Aqui 
podemos perceber que não se trata simplesmente de poupar, mas sim de um 
sofrimento que acontece realmente quando são despendidos gastos com o dinheiro 
do portador desse tipo de TOC. 
 
Cordioli (2007) fala sobre um apanhado de características comuns dos 
colecionadores:
Situações que causam desconforto: 
• Quando são obrigados a jogar fora ou dar algum dos objetos que 
guardam ou armazenam: aqui a pessoa realmente sofre por ter que jogar fora 
ou dar algo que ele julga ser importante; 
• Quando outra pessoa mexe nos objetos guardados: os objetos 
guardados são muito importantes para o portador de TOC e este não pode 
correr o risco de alguém quebrá-lo, por exemplo. 
 
 
 
 
 
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• Ao deixar de guardar algo que poderia ser necessário nofuturo: a 
pessoa sofre com essa situação, porque fica a pensar o tempo todo que não 
guardou algo que seria de grande utilidade posteriormente. 
Compulsões mais comuns:
• Guardar coisas inúteis: Guarda tudo que vê pela frente, desde objetos 
inúteis até lixo orgânico. 
• Organizar as “coleções” de uma determinada forma: as coleções são 
organizadas da forma que o portador acha que melhor lhes servirão, na 
maioria das vezes de forma totalmente amontoada e desorganizada. 
• Verificar no lixo o que outras pessoas jogam fora: essa pessoa 
costuma pegar lixos de outras pessoas, achando que ali terá algo que lhe 
será útil. 
• Recolher objetos jogados no lixo ou descartados por outras pessoas: 
esses objetos são levados para sua casa e guardados com muito zelo. 
Evitações: 
• De se desfazer, jogar no lixo ou doar os objetos inúteis: esses 
pacientes evitam a todo custo ter que tirar algo que considera importante e 
jogá-los fora e isso provoca um grande sofrimento para eles. 
• Impedir que outras pessoas selecionem alguns dos seus objetos ou 
papéis para jogar no lixo: como já foi dito antes, eles impedem a todo custo 
que aconteça isso,porque realmente sofrem com a situação de perder algo. 
Ambiente ao redor: 
• Deterioração do ambiente ao redor: o ambiente fica totalmente 
deteriorado, bagunçado, sujo, fedido, cheio de objetos inúteis. 
• Peças ocupadas por itens sem nenhuma utilidade prejudicando a 
convivência e a circulação das pessoas. 
Pensamentos, imagens, impulsos que provocam desconforto: 
• “Se eu necessitar desse objeto e não encontrar o que será de mim?”: 
aqui o paciente expressa angústia, insegurança e medo de precisar de um 
objeto que teve que jogar fora ou perdeu. 
Conseqüências temidas de não guardar: 
 
 
 
 
 
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• “Não serei capaz de encontrar algo que vou necessitar”; “É possível 
que eu não consiga algo que eu venha a precisar.” O alívio quanto a esses 
pensamentos só é possível guardando os objetos, para que se sinta seguro e 
sua ansiedade diminua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------FIM DO MÓDULO I--------------------

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