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Educação Especial e Psicopedagogia

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EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação de 
Ensino FAMART 
http://www.famart.edu.br/
mailto:atendimento@famart.edu.br
EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Psicopedagogo na 
Educação Especial
http://www.famart.edu.br/
mailto:atendimento@famart.edu.br
3 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 
www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 
 
 
SUMÁRIO 
EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS .................................. 2 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4 
A INCLUSÃO ................................................................................................................ 7 
A história da Educação Especial ................................................................................... 7 
Inclusão X Exclusão ................................................................................................... 12 
Inclusão Escolar ......................................................................................................... 14 
ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ............................................. 17 
Alunos com Deficiências ............................................................................................. 17 
Educandos com Dificuldades de Aprendizagem ......................................................... 19 
Distúrbios e Transtornos na Aprendizagem ................................................................ 20 
A PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA INCLUSIVA ....................................................... 21 
A Psicopedagogia ....................................................................................................... 21 
Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar ...................................... 26 
ORIENTAÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA ................................................................... 30 
Orientações aos professores ...................................................................................... 30 
Orientações aos pais .................................................................................................. 30 
Aos alunos .................................................................................................................. 31 
INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS PSICOPEDAGÓGICAS .................................... 32 
Dislexia ....................................................................................................................... 32 
Discalculia .................................................................................................................. 36 
Dislalia ........................................................................................................................ 39 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ..................................................... 43 
Ansiedade ................................................................................................................... 49 
Autismo ...................................................................................................................... 50 
Dislalia ........................................................................................................................ 51 
REFERÊNCIA ............................................................................................................ 53 
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mailto:atendimento@famart.edu.br
4 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 
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INTRODUÇÃO 
 
 
A Psicopedagogia tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com o 
conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções. Realiza este trabalho 
através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do 
aprendente. É uma praxe, portanto comprometida com a melhoria das condições de 
aprendizagem. O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva 
e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das 
aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos 
problemas que podem surgir. 
Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática 
docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da 
própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis 
perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da 
comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; 
promover orientações metodológicas de acordo com as características dos 
indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e 
ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. 
Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de 
aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando 
pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas 
psicológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são 
multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional 
deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos 
conhecimentos da psicologia e da pedagogia 
O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o 
estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as 
mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe 
escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de 
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produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os obstáculos que se 
interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo. 
A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e o 
meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentro dos 
aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de características que lhe 
permitem, ou não, o desenvolvimento de conhecimentos. As características 
psicológicas são consequentes da história individual, de interações com o ambiente 
e com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por exemplo, o 
conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc. 
Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos 
profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da 
criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar esse 
mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com 
segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o 
desenvolvimento da criança, desde sua infância, como também contribuirá com a 
evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da 
humanidade. 
Então como a psicopedagogia pode ajudar no desenvolvimento de crianças 
durante a educação infantil? A educação infantil precisa se mais do que um lugar 
agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro,afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse 
processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. 
Nessas condições, acreditamos que o Psicopedagogo é um grande 
contribuinte, porque trabalha com o objetivo de realizar um diagnóstico, identificar as 
causas do problema e intervir para desenvolver no sujeito o desejo de aprender. 
A inclusão é um processo que visa trazer para dentro da sociedade pessoas 
que foram marginalizadas historicamente. Como diz MANTOAN (1997, p.20) 
"enquanto a pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é socialmente 
aceita. Basta, no entanto, que ela cometa qualquer infração ou adquira qualquer 
traço de anormalidade para que seja denunciada como desviante". Partindo da 
análise histórico-social do indivíduo com deficiência, este trabalho perpassa por uma 
visão clínico-patológica (quando se encarava o sujeito com deficiência como uma 
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pessoa doente- Sacks, 1998), acompanha as mudanças da própria sociedade, onde 
a priori se adota uma pedagogia ortopédica (Skliar-2005) que visa “normalizar” tais 
indivíduos e esta pesquisa chega nos dias de hoje à reflexão do processo de 
inclusão educacional à luz da psicopedagogia. 
A inclusão escolar traz ao âmbito educacional novos desafios, tornando 
fundamental um novo olhar, novas práticas e objetivos de ensinoaprendizagem. 
Que desafios são esses? Como enfrentá-los e aprender com eles? Quando 
Mantoan afirma que “o pensamento que norteia o atual sistema (educacional) é 
muito mecanicista, e discrimina claramente os normais e os deficientes, o ensino 
regular e o especial, como também cada uma das disciplinas estudadas na escola” 
percebe-se que tal fato é um agravante para a transformação dos espaços escolares 
em ambientes inclusivistas. Tal afirmação se complementa quando Relvas (2009) diz 
que “novas posturas educacionais precisam ser estruturadas para que os educandos 
despertem para o aprender escolar” e saibam enfrentar os desafios da vida. 
Hoje é sabido que a escola não pode ser um espaço neutro, é um espaço 
democrático, político na vida de todos. Nesse sentido as ideias de Freire vão nortear 
este trabalho, buscando desvincular a posição do deficiente como um sujeito 
oprimido para um sujeito crítico, reflexivo. A partir da educação isso é possível. No 
entanto não basta aceitar a matrícula dos alunos com deficiência, é preciso trabalhar 
em prol do desenvolvimento de Todos os educandos. 
Ao se referir às pessoas com deficiência, Vygotsky (1993) ressalta que, “muito 
mais do que o defeito em si, o que decide o destino da personalidade da criança é 
sua realização sócio-psicológica”. Assim, o trabalho psicopedagógico demonstra 
extrema importância e o espaço social oferecido pela escola pode ser extremamente 
benéfico. Afinal, as potencialidades não nascem prontas, é o meio social que vai 
ajudar o indivíduo a encontrá-las, a fazê-las desabrochar. 
Vale destacar que com o fomento da inclusão a psicopedagogia nasce para 
unir a lacuna existente entre o atendimento clínico/psicológico do sujeito deficiente e 
o trabalho educativo deste aluno com deficiência. Fez-se necessário então um 
campo de estudo que fosse capaz de entender o sujeito aprendiz, o que ampliou a 
área de atuação do psicopedagogo que não limita-se ao trabalho com pessoas com 
déficits, mas também na prevenção de possíveis dificuldades e ainda na orientação, 
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suporte e desenvolvimento de estratégias para o trabalho com o desenvolvimento 
integral de sujeitos aprendizes. Nesse sentido Weiss afirma que “a Psicopedagogia 
busca a melhoria das relações do aprendiz com a aprendizagem”. Partindo da 
compreensão desta premissa, e por ser um dos temas mais discutidos na 
atualidade, acredito que o trabalho do Psicopedagogo nas instituições escolares 
pode facilitar esse processo inclusivo, auxiliando todos os alunos no 
desenvolvimento da aprendizagem e em outros aspectos relevantes. Torna-se 
necessário “resgatar na escola desde a mais tenra idade aquelas atividades 
educativas que enriquecem a interioridade dos alunos” ( Malheiro, 2010). 
Tais práticas educativas podem nortear-se dos pressupostos pedagógicos e 
dos ideais da psicopedagogia. Para tanto, os profissionais da psicopedagogia 
precisam estar informados e cientes da importância do seu trabalho na escola como 
um agente facilitador. Por isso, prioriza-se a relação do psicopedagogo com os 
profissionais da educação e como se dá a orientação, suporte e como diminuir as 
dificuldades encontradas no percurso do trabalho pedagógico. Levanta-se alguns 
questionamentos como: O que é Educação Inclusiva e como chegamos até ela? 
Qual é papel do psicopedagogo nas escolas inclusivas? Como o psicopedagogo 
pode facilitar a inclusão das crianças com deficiência? Qual tipo de mediação 
psicopedagógica se faz necessária para amenizar e/ou superar as alterações no 
processo de aprendizagem e como desenvolver habilidades? 
 
A INCLUSÃO 
 
 
A história da Educação Especial 
 
 
Desde o princípio da humanidade todo aquele que fosse considerado 
diferente, que fugisse dos padrões de normalidade aceitos por determinada época, 
era visto com olhar de desprezo, discriminação, superstição, medo, superproteção 
e/ou segregação. Como Séneca (1986) afirmou: 
“Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; 
cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam 
contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem 
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defeituosos e monstruosos afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para 
distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.” 
A pessoa que tivesse uma deficiência, dependendo da sociedade e cultura 
em que estava inserida, poderia ser considerada um fardo, um castigo ou até 
mesmo uma maldição divina. Em outras épocas e costumes essas pessoas 
poderiam ser consideradas seres especiais, até mesmo dotadas de poderes divinos. 
Assim, a forma como a sociedade lidava com a pessoa com deficiência era cercada 
de mitos e “pré-conceito”. 
Segundo Ramos (2010): 
“Vivendo em uma sociedade de resultados, podemos dizer que a deficiência é 
exatamente o que não se quer, porque não combina com as leis biológicas, sociais, 
políticas, econômicas e religiosas estabelecias pela humanidade, o que se revela 
nos discursos que se fazem sobre a vida e sua função”. 
Na Pré-História apenas os mais fortes sobreviviam e os deficientes 
provavelmente não se enquadravam dentro dos grupos primitivos, pois o ambiente 
era desfavorável e nos grupos cada qual contribuía e lutava pela sua própria 
sobrevivência através da caça e de trabalhos pesados. 
Na Antiguidade pessoas com deficiências eram entregues à própria sorte, 
muitas foram mortas e tantas outras maltratadas. Aristóteles dizia que era 
necessário ''Tratar igualmente o igual e desigualmente o desigual'' . 
Com o advento do Cristianismo indivíduos com deficiências começaram a ser 
vistos de forma mais piedosa: não eram mais eliminados (mortos), não sendo mais 
vistos como um castigo, mas passaram a ser olhados como pessoas merecedoras 
de caridade, passando a receber cuidados para sua sobrevivência em locais 
específicos, como asilos, hospitais, igrejas, no entanto, sendo segregados. Ou seja, 
sobreviviam, mas retirados “das vistas” da sociedade. Aquelesque permaneciam na 
casa da família poucas vezes saiam de casa. Ainda assim, quando não fosse 
possível “esconder” comportamentos imorais e/inadequados eram castigados. 
A Inquisição também eliminou “desviantes” que apresentassem 
comportamentos inadequados, “sobrenaturais” que não fossem “modificados”, 
“normalizados” através das orações.De acordo com Bianchetti(2006), na Idade 
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Média “as deficiências passaram a ser identificadas, mas não podiam ser tratadas 
por razões físicas”, porque advinham de um “problema da alma”. 
Após a Idade Média, com o início do Renascimento, a razão dá lugar à 
perspectiva religiosa e a deficiência passa a ser analisada sob o ponto de vista 
médico. 
Como afirma Pessotti (1984): 
“De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente ao passar 
das mãos do inquisidor às mãos do médico”. 
Assim, o deficiente passa a ser visto como alguém que precisa de cura para a 
sua “doença”. Muitas experiências médicas foram realizadas com deficientes “em 
prol da cura”, não obtendo muito sucesso. Essa “visão ortopédica” enxergava 
apenas a deficiência da pessoa e não conseguia perceber que ali havia uma pessoa 
com determinada deficiência, como sendo um sujeito com possíveis habilidades a 
serem encontradas. Acreditava-se que a pessoa com deficiência era incapaz e por 
isso não precisam receber estímulos educacionais. A sociedade não percebia essa 
parcela da população, embora pessoas com deficiências sempre existissem. 
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que foi liderada por Hitler, 
muitas atrocidades foram cometidas. Acredita-se que o Holocausto eliminou por 
volta de 275 mil adultos e crianças com deficiências e outras 400 mil pessoas 
suspeitas de portarem a hereditariedade de surdez, cegueira e deficiência mental. 
Essas pessoas foram mortas em nome da crença de Hitler na existência de uma 
raça humana mais pura, denominada Ariana, a qual essas pessoas, segundo ele, 
não poderiam fazer parte, assim como os judeus e ciganos também não. 
Pessoas com deficiências passaram a ser um pouco mais enxergadas pela 
sociedade no Pós-Guerra, quando muitos soldados e combatentes que por voltarem 
vivos aos seus países foram considerados heróis, no entanto, muitos desses “heróis” 
trouxeram as marcas da guerra no corpo e na mente, pois era enorme o número de 
pessoas que se tornaram deficientes físicos e doentes mentais por consequência da 
guerra. 
Ainda no século XX, a deficiência passa a ser vista de outras formas por 
grandes pensadores, podendo se destacar: Piaget, Brunner e Vygotsky que 
contribuíram muito com os seus estudos sobre as crianças com deficiência. 
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Vygotsky opunha-se veemente à avaliação das “crianças portadoras de 
incapacidades” com base em seus defeitos ou deficiências, seu “menos”; ele as 
avaliava, em vez disso, com base no que elas tinham de “mais”. Ele não as via como 
deficientes, e sim pessoas com desenvolvimento diferentes. Segundo VYGOTSKY: 
“Uma criança com uma incapacidade representa um tipo, qualitativamente 
diferente, único, de desenvolvimento”. 
Ou seja, todas as pessoas têm capacidade para aprender e se desenvolver, 
mas cada um de acordo com o seu ritmo, suas singularidades e potencialidades. 
“Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de 
uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro 
modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente 
importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. 
Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. 
(SACKS, 1998) 
Imediatamente após a guerra a sociedade civil organiza-se buscando 
soluções para amenizar tal quadro, onde nasce a Organização das Nações Unidas 
(ONU- 1945) visando encontrar soluções para os problemas sociais decorrentes da 
Guerra. Após a criação da ONU a comunidade internacional se reúne na nova sede 
jurando nunca mais cometer tamanha atrocidade. Tal “juramento” vira um 
documento onde se explicita todos os direitos de um ser humano, em todo lugar e 
tempo. Esse documento confere suma importância e passa a ser chamado de 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Com essa declaração garantindo os direitos humanos passa a ser 
abandonar, subjugar e maltratar qualquer pessoa, pois para o novo 
documento no seu Artigo 1º: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade 
e direitos”. 
Assim retorna a visão ortopédica em relação à pessoa com deficiência, pois 
nesse tempo, mais do que nunca, acredita-se que pessoa com deficiência precisa de 
reabilitação e a tentativa de “voltar à normalidade” torna-se o objetivo de muitos 
deficientes. Dessa forma muitos Centros de Reabilitação são criados mundo a fora e 
novas instituições voltadas para a reintegração da pessoa com deficiência surgem. 
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Nesse paradigma as escolas especiais começam a ganhar terreno. Afinal, 
para a concepção daquela época, se eles são sujeitos passivos de reabilitação 
também podem ser educáveis. Assim aquelas pessoas que não poderiam frequentar 
uma escola regular porque possuíam uma deficiência passam a ser vistas como 
pessoas que podem receber um ensino especial, onde a pessoa com deficiência 
torna-se o “aluno excepcional”. 
Como a UNESCO afirma (1977, p.5-6), é possível dividir a história da 
humanidade, de acordo com a forma como as pessoas com deficiência foram 
tratadas ao longo da história: 
Fase filantrópica: em que as pessoas com deficiência são consideradas 
doentes e portadoras de incapacidades permanentes inerentes à sua natureza. 
Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde; 
Fase da “assistência pública”: em que o mesmo estatuto de "doentes" e 
"inválidos" implica a institucionalização da ajuda e da assistência social; 
Fase dos direitos fundamentais: iguais para todas as pessoas quaisquer 
que sejam as suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades 
individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à 
educação; 
Fase da igualdade de oportunidades: época em que o desenvolvimento 
econômico e cultural acarreta a massificação da escola e, ao mesmo tempo, faz 
surgir o grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um rendimento 
escolar adequado aos objetivos da instituição escolar, passam a engrossar o grupo 
das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem; 
Fase do direito à integração: se na fase anterior se "promovia" o aumento 
das "deficiências", uma vez que a ignorância das diferenças, o não respeito pelas 
diferenças individuais mascarado como defesa dos direitos de "igualdade" agravava 
essas diferenças, agora é o conceito de "norma" ou de "normalidade" que passa a 
ser posto em questão. 
Como relata a própria UNESCO, essas divisões históricas baseadas na forma 
como a pessoa com deficiência foi encarada acontecem somente de forma 
cronológica, pois até mesmo nos dias atuais há inúmeras concepções e crenças que 
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permeiam as atitudes frente as pessoas que possuem alguma deficiência. O quereflete nas escolas e instituições que atendem alunos com deficiências. 
Séculos e mais séculos passaram e as pessoa com alguma deficiência foram 
discriminadas, tendo a sua condição como ser humano enfatizada pela sua 
deficiência e não por aquilo que elas poderiam ser capazes. É incalculável o número 
de pessoas que nasceram e morreram vítimas de “pré-conceito” (conceito julgado 
antes de ser conhecido, dominado) e tiveram as suas vozes caladas e seus direitos, 
sentimentos, pensamentos e singularidades legalmente ignorados. Tais marcas 
continuam em nossa sociedade. 
 
Inclusão X Exclusão 
 
 
 
 
 
 
 
1993). 
“Do Latim Includere ; Encerrar; Inserir; 
Meter dentro; abranger; conter em si; compreender.” (Dicionário Aurélio, 
 
 
De acordo com o dicionário Aurélio (1993) inclusão vem do latim includere - é 
o ato ou efeito de incluir, que significa: inserir; trazer para dentro; abranger 
(perceber, entender, apreender, alcançar, atingir); conter em si; compreender 
(entender alguém, aceitar); introduzir; pertencer juntamente com outros. Em 
educação, Inclusão significa aceitar (no sentido amplo da palavra) a diversidade 
humana, trazendo para dentro da escola regular pessoas com deficiências na plena 
participação de todo o processo educacional. Inclusão é a crença na diversidade 
como um valor, um bem comum. Independente da cor, raça, religião, enfim, 
independente das diferenças que possuam as pessoas, é princípio básico dos 
direitos humanos o acesso à educação. O que ficou estabelecido por ocasião da 
Conferência Mundial sobre Igualdade de Oportunidade, Acesso e Qualidade, 
realizada em 1994, na Espanha, em cooperação com a UNESCO, que ficou 
conhecida como a Declaração de Salamanca. De acordo essa declaração: 
“O termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas 
crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em 
função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças 
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experimentam dificuldades de aprendizagem e portanto possuem necessidades 
especiais em algum ponto durante a sua escolarização”. 
Até os dias de hoje existe uma grande batalha para que tal preceito seja 
vivenciado por todos, porque as marcas da exclusão ainda estão enraizadas na 
sociedade. 
No Brasil, a Lei Federal n° 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os 
direitos básicos dos “portadores de deficiência”. Em seu artigo 8º constitui como 
crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa, quem: 
1. Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição 
de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou 
privado, porque é portador de deficiência. 
2. Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de 
deficiência. 
3. Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência. 
4. Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar 
assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, a pessoa portadora 
de deficiência. 
Quando pensamos na história da humanidade e falamos em inclusão 
percebemos quanto tempo se passou e que há poucas décadas que os direitos das 
pessoas com deficiência começaram a ser vistos e pensados. Como diz o ditado 
“antes tarde do que nunca”, pois analisando positivamente em pouco tempo muitos 
passos foram dados. Conforme ROBERT (1999): 
“Grande foi o caminho já percorrido no combate ao preconceito que sofrem os 
portadores de necessidades especiais. 
No entanto, muito ainda falta alcançar. Só se atinge a faixa de chegada se os 
primeiros passos forem dados.” 
No entanto, percebe-se que só se fala de Inclusão porque a Exclusão existe. 
Ou seja, consideramos uns sujeitos incluídos, porque outros estão excluídos. Sobre 
isso declara Sawaia (1999): 
“... ambas não constituem categorias em si, cujo significado é dado por 
qualidades específicas, invariantes, contidas em cada um dos termos, mas são da 
mesma substância e formam um par indissociável, que se constitui na própria 
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relação. A dinâmica entre elas demonstra a capacidade de uma sociedade existir 
como um sistema.” 
Muitas mudanças sociais só aconteceram após a criação de leis que 
garantissem os direitos de igualdade para pessoas com deficiência, capazes de 
punir legalmente quem não as cumprissem. Sendo que a própria lei muitas vezes 
não é cumprida em sua plenitude, quando, falta a acessibilidade. 
São muitas as forma de exclusão que uma pessoa pode vivenciar. A 
acessibilidade, ou melhor, a sua falta, é um dos maiores exemplos de exclusão. Por 
exemplo: o “direito de ir e vir” está garantido em lei, mas como um deficiente físico 
vai onde quiser se são poucos os locais que possuem estrutura para recebê-los 
adequadamente? 
A desigualdade social é outro grande fator de exclusão, em especial quando 
se trata de sujeitos com deficiências. Até os dias de hoje é comum encontrarmos 
mendigos expondo suas deficiências para pedir esmolas pelas ruas. O que nos 
mostra que ainda temos grandes falhas sociais que necessitam de transformações 
radicais. 
A maior barreira que pode haver para uma pessoa com deficiência é a 
“barreira humana” que persiste através do preconceito, discriminação e inabilidade 
de lidar com o desconhecido, com a diversidade. Segundo Amaral (1995), o 
confronto com a diferença causa uma hegemonia do emocional sobre o racional. 
Negar, não a diferença, mas o diferente, é de certa forma, confortável, pois não nos 
obriga a qualquer transformação. 
Não basta haver aceitação social e oportunidades IGUAIS se não existir a 
oportunidade REAL, ou seja, oportunidades justas, que estejam de acordo com o 
indivíduo, com as suas possibilidades e com os desafios que ele seja capaz de 
enfrentar. Como afirmou Freire (1996) “... E é porque amo as pessoas e amo o 
mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.” Incluir 
não é fazer caridade, e sim, justiça. 
 
Inclusão Escolar 
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A trajetória das pessoas com deficiência até a chegada dos bancos escolares 
é carregada de estigmas, mitos e crendices, assim como sua trajetória na história da 
sociedade. No entanto não foram apenas as pessoas com alguma deficiência que 
foram historicamente excluídas da escola. 
Mulheres, pessoas negras e pobres também foram mantidos distantes dos 
espaços escolares porque estudar era privilégio para poucos. No século XIX e em 
boa parte do século XX havia escolas separadas para meninos e para meninas. 
À medida que a sociedade passou a “enxergar” os direitos dessas pessoas 
aos poucos a escola foi abrindo as portas para elas. Hoje temos as escolas públicas, 
única alternativa para as classes pobres, e as escolas privadas frequentadas 
preferencialmente pelas classes média e alta. 
No entanto, para chegar às escolas regulares as pessoas com deficiências 
passaram pelas Escolas Especiais. González (2007) diz que “a escolarização (das 
crianças deficientes) foi realizada, fundamentalmente, nas escolas especiais, sendo 
muito pequena nas escolas regulares, pois se seguiu a tendência de realizar o 
ensino específico das crianças normais e em separado o daquelas não consideradas 
como tal.” E muitas ainda passam por elas. Sendo que atualmente a escola especial 
recebe outro papel, passando de único espaço educacional para pessoas comdeficiências, tornando-se um espaço que complementa, que apóia a escola regular 
ajudando no desenvolvimento do aluno com deficiência através de atendimento 
educacional especializado em contra turno. 
A Inclusão Escolar não diz respeito apenas a inserção dos alunos com 
deficiência, e sim algo mais amplo, uma verdadeira ruptura com o sistema 
educacional da atualidade, como afirma Mantoan (2006) “ a Inclusão implica 
mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da 
educação escolar que estamos traçando”. 
Sabemos que a escola muda de acordo com as transformações que ocorrem 
na própria sociedade. Assim, a escola não é um espaço sem contexto e se 
anteriormente mostrava-se como um local para homogeneizar e era 
privilegiadamente um espaço único para o ensino de poucos. Na sociedade 
moderna, na era da informação e do conhecimento, é preciso reinventar esse 
paradigma educacional. Malheiro (2010) afirma que “a escola do século XXI deve 
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proporcionar a formação para a complexidade do sistema do mundo atual, o que 
implica mudanças de atitudes no sentido de maior abertura de horizontes, de 
tolerância, de solidariedade, de cooperação, de valorização da dignidade humana, 
atitudes que a escola, deve ser a grande guardiã e mãe ensinadora.” 
Gomes (1999) observa que “a escola é um espaço sociocultural em que as 
diferentes presenças se encontram”. Para Fávero (2004) a escola “é o espaço 
privilegiado da preparação para a cidadania para o pleno desenvolvimento humano”. 
Como vimos anteriormente, longa foi a jornada percorrida pelas pessoas com 
deficiências até que elas pudessem sentar nos bancos escolares. A visão da 
sociedade em relação à pessoa com deficiência mudou, dessa forma o papel da 
educação escolar em relação a essas pessoas também precisou de novos olhares e 
novas práticas. Tal olhar amplia-se de dentro da escola para fora dela e vice-versa. 
Na verdade, possibilitar as diferentes presenças é um desafio. A escola será um 
espaço sociocultural, em que as diferentes presenças se encontram, assim como o 
espaço privilegiado de cidadania, se criarmos condições para tanto. Para isso 
mudanças precisam acontecer, a começar pelos profissionais da educação. Ainda 
nos dias de hoje muitos professores do ensino regular consideram-se incompetentes 
para trabalhar com alunos com deficiências (Mantoan-2006). Na verdade o que 
assusta a muitos desses “educadores” é que a Inclusão implica na mudança 
estrutural do sistema educacional, exigindo não apenas mudanças atitudinais, como 
também mudanças da política educacional, nas metodologias de 
ensinoaprendizagem, na organização curricular e na flexibilidade do mesmo. Sendo 
assim, a mudança necessária não é somente do professor, como de todo o sistema. 
“(...) a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, porque não 
atinge apenas os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de 
aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa 
geral. Os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os 
educadores inclusivos. Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na 
escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente 
acabarão nele.” (Mantoan, 1999) 
Para Bartalotti (2006) "falar em Inclusão Social implica falar em 
democratização dos espaços sociais, em crença na diversidade como valor, na 
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sociedade para todos. Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é 
negar a diferença, mas respeitá-la como constitutiva do humano. O valor– positivo 
ou negativo – que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas. O 
vetor da exclusão/inclusão não está, portanto, na diferença em si, mas no valor a ela 
atribuído”. 
Para Relvas (2010) para se ter um bom rendimento e assim, uma boa 
acolhida, a escola precisa de: 
 Condições físicas de sala de aula, como higiene, boa iluminação, 
acessível de número de alunos por turma. 
 Condições pedagógicas, disponibilidade de material didático adequado 
à faixa etária e método pedagógico de acordo com a realidade da criança. 
 Condições de corpo docente, no qual se refere à motivação, à 
dedicação, à qualificação e à remuneração adequada. 
Como já bem explicitado por Marsha Forest (1987) cabe aqui a metáfora do 
caleidoscópio descrita por ela: 
“O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõe. Quando se 
retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças 
se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado.” 
 
ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM 
 
 
Alunos com Deficiências 
 
 
No Brasil, o Decreto n. 3.298 de 20 de dezembro de 1999 em seu Art. 4o 
considera a pessoa “portadora” de deficiência a que se enquadra nas seguintes 
categorias: 
I- Deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais 
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, 
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, 
tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, 
amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com 
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não 
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produzam dificuldades para o desempenho de funções; (Redação dada pelo Decreto 
nº 5.296, de 2004) 
II - Deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um 
decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 
2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) 
III - Deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor 
que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa 
acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os 
casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for 
igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições 
anteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) 
IV - Deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior 
à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas 
ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 
a) comunicação; 
b) cuidado pessoal; 
c) habilidades sócias 
d) utilização dos recursos da comunidade 
e) saúde e segurança; 
f) habilidades acadêmicas; 
g) lazer; e 
h) trabalho; ; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) 
V - Deficiência Múltipla: associação de duas ou mais deficiências. 
No outro extremo da escala das capacidades tidas como habilidades 
intelectuais estão as pessoas consideradas superdotadas ou com altas habilidades. 
Há ainda aquelas com condutas típicas ( síndromes, transtornos, 
comportamentos diferenciados...). 
Assim sendo, entende-se por alunos com deficiências aqueles estudantes que 
apresentam impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou 
sensorial, necessitando de condições favoráveis e estímulos adequados ao seu 
desenvolvimento. 
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www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação“Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de 
uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro 
modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente 
importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. 
Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. 
(SACKS, 1998, p. 63) 
 
Educandos com Dificuldades de Aprendizagem 
 
 
Aprender é um processo complexo e dinâmico que resulta na mudança de 
comportamento após determinada experiência, estando relacionadas aos fatores 
comportamentais, afetivos, psicológicos, sociais e orgânicos de cada individuo. São 
várias as possíveis causas que podem levar um aluno a apresentar dificuldades ou 
falhas que prejudicam esse processo. 
Fernández (1991) considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas 
ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo 
quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. Nesse sentido o 
“querer aprender” vai ser fundamental para que aprendizagem ocorra. Dificuldades 
de aprendizagem não estão ligadas apenas aos sistemas biológicos, mas podem ser 
causadas por problemas passageiros e devem ser observadas, podendo ser 
prevenidas, minimizadas e até excluídas. Algumas vezes a dificuldade de 
aprendizagem pode ser um alerta sobre um processo de ensino-aprendizagem 
ineficaz. Conforme Scoz (1994): 
“(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas 
físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso 
compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores 
orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das 
articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de 
aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela 
transformação da sociedade.” 
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Distúrbios e Transtornos na Aprendizagem 
 
 
De acordo com o CID - 10, os Transtornos específicos do desenvolvimento 
das habilidades escolares são compostos por grupos de transtornos manifestados 
por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades 
escolares. Não são necessariamente decorrentes de deficiências, embora eles 
possam ocorrer simultaneamente com essas condições. Assim, podemos entender 
como Transtorno o conjunto de sintomas comportamentais que provocam uma série 
de perturbações na aprendizagem do sujeito, interferindo no decorrer desse 
processo. 
Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares 
geralmente ocorrem junto com outras síndromes clínicas, como por exemplo, o 
transtorno de déficit de atenção ou o transtorno de conduta, ou outros transtornos do 
desenvolvimento, tais como o transtorno específico do desenvolvimento da função 
motora ou os transtornos específicos do desenvolvimento da fala e linguagem. Para 
Paín (1992), “o tratamento Psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se 
um transtorno de aprendizagem”. 
A definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning 
Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos 
da América,descreve que “Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se 
refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades 
significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou 
habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e 
presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central.” 
Distúrbios ligados à Linguagem: 
Na LEITURA : Alexia (impossibilidade absoluta de ler); Dislexia (domínio 
insuficiente de leitura). 
Na ESCRITA: Agrafia (impossibilidade de comunicar algo por escrito, 
independente do nível mental); Disgrafia (dificuldade acentuada de escrita); 
Disortografia (dificuldade de escrita relacionada à ortografia); Discaligrafia 
(reprodução inadequada da letra manuscrita). 
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Na ARITMÉTICA: Acalculia (perda total da capacidade de operar 
matematicamente); Discalculia (dificuldade parcial de operar matematicamente). 
Segundo Olivier(2011) “dependendo do grau de dificuldade que o individuo 
apresente, é necessário um tratamento multidisciplinar”, onde além do 
psicopedagogo ele poderá ter acompanhamento com profissionais da medicina, 
fonoaudiologia, pedagogia, psicologia, arteterapia, psicomotricidade (...) dependendo 
das necessidades individuais. 
 
A PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA INCLUSIVA 
 
 
 
A Psicopedagogia 
 
 
A própria nomenclatura Psicopedagogia nos remete a pensar na “fusão” entre 
a Pedagogia e Psicologia. Em resumo a Pedagogia preocupa-se com as questões 
voltadas às metodologias de ensino-aprendizagem do aluno e a questão 
educacional em sua amplitude. Enquanto a Psicologia foca na análise do sujeito, no 
comportamento humano e seus processos mentais. 
Assim sendo, cabe à Psicopedagogia a lacuna existente entre o Ser aluno e o 
Ser sujeito. A psicopedagogia nasceu da fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia. 
“O termo Psicopedagogia distingue-se em três conotações: como uma prática, 
como um campo de investigação do ato de aprender e como (pretende-se) um saber 
científico. (BOSSA, 2000) 
Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia “a Psicopedagogia é um 
campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem 
humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - 
família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos 
próprios da Psicopedagogia.” Esta surgiu da fronteira existente entre a Psicologia e 
a Pedagogia, apoiando-se no tripé: 
 Psicologia Social 
 Psicanálise 
 Psicologia Genética 
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Porto (2011) destaca que os conhecimentos específicos de Psicologia e a 
Pedagogia não foram suficientes para formar o corpo teórico da Psicopedagogia, por 
isso recorre a outras áreas como a Linguística, a Psicanálise, a Filosofia, a 
Neurologia, que segundo ela “embasam e dão forma teórica e prática 
psicopedagógica e temos então várias faces e múltiplos olhares”. Tal olhar 
multidimensional é essencial para o psicopedagogo. É fundamental que ele seja 
capaz de enxergar o que está por trás do sintoma. O papel do psicopedagogo 
escolar não se difere quanto a essa questão. 
Do ponto de vista de Jorge Visca a Psicopedagogia tem em seu perfil um 
caráter independente e complementar, possuindo o processo de aprendizagem 
como seu objeto de estudo, adotando recursos diagnósticos, corretores e 
preventivos próprios, acreditando que nesse processo há participação dos aspectos 
biológicos com disposições afetivas e intelectuais que interferem o desenvolvimento 
do sujeito, a sua relação com o outro, com o meio e com o desejo de aprender. O 
desenvolvimento da aprendizagem vai decorrer influenciado pelas relações sociais e 
familiares, condições orgânicas, culturais, estímulos e vivências de cada sujeito. 
Para Rubinstein (1996), “a 
Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos 
fatores envolvidos nesse processo (de aprender)”. 
Dessa forma, aquele que trabalha com a Psicopedagogia, o Psicopedagogo, 
tem em sua formação o conhecimento e habilidade para analisar como acontece o 
processo de aprendizagem de determinadosujeito e se existe algo que pode estar 
afetando esse percurso. 
Porto (2011) afirma que “o psicopedagogo sendo um profissional 
multiespecialista em aprendizagem humana que congrega conhecimento de 
diversas áreas a fim de intervir nesse processo, com sua intervenção 
psicopedagógica, pode assumir uma feição preventiva ou terapêutica, relacionando- 
se com equipes ligadas ao campo da saúde e educação, terapêutica e institucional, 
respectivamente.” 
Na escola o psicopedagogo vai adotar esse olhar, lembrando-se que o foco 
da sua atenção não são as dificuldades de aprendizagem em si, mas o processo de 
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aprendizagem em sua totalidade, e consequentemente se houver algo atrapalhando 
ele saberá identificar para intervir, como diz Bossa (1994): 
“ cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo 
aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a 
integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as 
características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de 
orientação”. 
O desenvolvimento do trabalho psicopedagógico originou-se nos 
atendimentos a crianças que apresentam problemas relacionados a dificuldades de 
aprendizagem. A atuação de profissionais que estudam questões que envolvam o 
objeto de estudo da Psicopedagogia foi ampliado em diferentes âmbitos, não 
permanecendo restrito ao ambiente da escola de ensino regular ou até mesmo em 
clínicas onde a ação psicopedagógica desenvolvia-se através de um trabalho inter 
ou multidisciplinar e, sim sofrendo uma abertura significativa (OLIVEIRA, 2008). 
A atuação psicopedagógica poderá ser concebida no ambiente escolar 
inclusivo, com alternativas metodológicas e procedimentos didáticos que viabilizará 
a inclusão e, sobretudo a educação de crianças com necessidades educacionais 
especiais, através de atendimentos multidisciplinares, incluindo o trabalho 
psicopedagógico. 
Esses atendimentos são de extrema importância ao serem realizados no 
ambiente educacional, pois segundo Weiss (2008), através da atuação de vários 
profissionais engajados e estudando com afinco as dificuldades de aprendizagem. 
Esses profissionais referenciam-se à: área da educação, saúde e assistência 
social. aprendizagem apresentada pela criança com necessidades educacionais 
especiais, permitirá maior propriedade em examinar os fatores orgânicos e 
psicológicos que desencadeiam tais, com a contribuição de uma discussão 
satisfatória entre a equipe, sobre a realidade estudada. 
Ao realizar o trabalho multidisciplinarmente, as intervenções 
psicopedagógicas que são realizadas com crianças com necessidades educacionais 
especiais, não constituem em uma série de testes que acontecem apenas uma vez, 
mas são baseadas nos estudos das respostas que a mesma apresentou durante um 
período determinado, incitando posteriormente em análises com propósitos de 
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oportunidades significativas para intervenções futuras, com perspectivas de 
mudanças no seu contexto familiar e escolar. 
O psicopedagogo como também a equipe multidisciplinar, precisam conhecer 
holisticamente a criança que é assistida diante do momento ensino e aprendizagem 
mediante suas subjetividades, criando espaços e condições favoráveis para expor 
suas potencialidades, capacidades, habilidades, destrezas e até mesmo suas 
limitações, como também propiciar seu desenvolvimento através de suas estruturas 
cognitivas, afetivas, sociais, pedagógicas e corporais. 
No processo de objetividade e subjetividade, elos entre o lidar consigo mesmo 
e com os outros se constituem como problemática a ser vivenciada. 
O sujeito humano deve interagir com os objetivos e com as regras do meio, 
mas deve também interagir com suas limitações, possibilidades e impossibilidades e 
carências enquanto ser vivente. Se educar é buscar o bem-estar do humano em 
todo este contexto, o espaço/tempo educativo deve priorizar construções de 
processos harmônicos com as condições da vida humana, e interação com a 
natureza do próprio homem e do planeta. A escola do sujeito em processo de 
interação permanente deve-se voltar à compreensão de que todo conhecimento é, 
na verdade, 'saber do outro' (BEAUCLAIR, 2007, p. 22). 
A psicopedagogia contribui para a compreensão destas transformações 
necessárias, implicando em produzir discussões, análises e observações que 
desencadearão em intervenções essenciais. 
A atuação do psicopedagogo no ambiente escolar inclusivo acontece sob uma 
prévia observação do indivíduo que estar sendo assistido, por meio da compreensão 
da situação apresentada, para posteriormente apoiar-se em 
conhecimentos/pressupostos epistemológicos. 
Com essa fundamentação pertinente decorrente de conhecimentos/ 
pressupostos epistemológicos haverá a elaboração do informe psicopedagógico com 
situações concretas, planejando ações organizadas futuras no intuito de escolher 
alternativas flexíveis para intervir nas dificuldades de aprendizagem, com o uso de 
critérios adotados, bem como objetivos a serem alcançados, respeitando as 
características biológicas da criança com necessidades educacionais especiais, para 
serem desenvolvidas na escola de ensino regular. 
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Ao observar várias produções requisitadas a criança com necessidades 
educacionais especiais e, dispondo de dados concretos, chega a hora de conversar 
entre/com os profissionais que atendem em comum esta criança e, com seus pais. A 
abordagem do psicopedagogo deverá ser estabelecida mediante a dados fidedignos 
quanto ao diagnóstico suscitado, primando pelo Código de Ética estabelecido pela 
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), em vista de contextualizar as 
hipóteses que foram levantadas diante da ação psicopedagógica, perante aos 
profissionais e a família. 
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre 
revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, [...] em uma atitude 
investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa atitude investigadora, 
de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo 
da observação ou acompanhamento da evolução do sujeito (BOSSA, 2007, p. 94). 
O psicopedagogo deverá considerar vários organismos que fazem parte da 
história de vida da criança com necessidades educacionais especiais, representados 
por sua família, pela escola e, inclusive pelo social como todo, pelo fato em adquirir 
informações amplas e suficientes para formular possíveis hipóteses. 
Assim sendo, esse profissional precisa colaborar com dados verídicos, em 
relação a todo trabalho psicopedagógico que será executado com a criança em vista 
à sua subjetividade perante seu processo de ensino-aprendizagem na escola e na 
sociedade. 
Consideramos que um dos maiores desafios que se apresentam ao 
psicopedagogo é proporcionar à família, à escola e ao aluno informações amplas de 
tudo o que coletou, sem enganos nem dissimulações, mas ao mesmo tempo, ser 
capaz de conseguir que a pessoa que receba essas informações não se sinta 
culpada ou atacada, mas perceba saídas possíveis e veja mais vantagens na 
mudança do que em permanecer na mesma situação (VILANA, 2008, p.80). 
O psicopedagogo em consonância com os profissionais, escola e pais terá 
oportunidade de modificar a percepção destes em relação à criança comnecessidades educacionais especiais, possibilitando- os reverem suas atitudes e a 
maneira de se relacionarem com vários organismos que fazem parte da sociedade. 
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A inclusão é compreendida como um processo, em face de certos valores e 
princípios. A parceria estabelecida entre psicopedagogo, profissionais e pais implica 
em um respeito mútuo, baseando-se na troca de experiências salutares diante desta 
criança, através do compartilhamento de informações e, até mesmo de sentimentos. 
Tal relação é benéfica e, possui um valor inestimável, por propiciar aos pais o 
encorajamento necessário em acreditar nas potencialidades da criança com 
necessidades educacionais especiais em se tratando de um sucesso bastante 
almejado, ou então, ao conquistar um desenvolvimento superior ao esperado, em 
decorrência do comprometimento, como também da qualidade de ensino e, 
sobretudo através da motivação ilimitada de profissionais e pais. 
Como se pode observar, o contexto onde as crianças com necessidades 
educacionais especiais estão inseridas, é o mesmo contexto de todos, com suas 
convergências, contradições, dificuldades e alegrias, tornando-se irrelevante 
segregá-las, ou então protegê-las ao modo de reforçar (in)consequentemente suas 
limitações (BEYER, 2006). Assim, a práxis psicopedagógica corelacionada à 
educação especial é aquela que possibilita a convivência de crianças com/sem 
necessidades educacionais especiais de maneira pacífica, respeitando as 
diversidades e diferenças culturais e biológicas, através do rompimento de 
paradigmas excludentes ao admitir o multiculturalismo perante o social. 
Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar 
 
 
Segundo Malheiro (2010) a escola Ideal é aquela que sabe conjugar duas 
forças complementares: as características temperamentais, psicológicas e físicas da 
criança com o ideal de educação que a família pretende dar à criança. É onde seja 
possível conjugar ensino-lúdico com exigência, buscando cada vez mais a 
individualização no ensino-aprendizagem, isto é, buscar a riqueza e a 
individualidade do aluno. Percebe-se que a escola inclusiva aproxima-se desse 
parâmetro por proporcionar o encontro com a Diversidade, levando tanto o professor 
quanto o aluno a “abrirem os olhos” para as diferenças. 
Com o advento da Inclusão faz-se necessária uma “visão” mais aguçada 
mediante as necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola não é 
somente daqueles que se enquadram num determinado padrão, a escola precisa ser 
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de todos, crianças com e sem deficiências, com dificuldades ou facilidades, com 
desempenho cognitivo baixo, na média ou superior. Assim, o psicopedagogo 
institucional vai trabalhar na escola para dar assistência e orientações aos 
professores, prevenir as dificuldades de aprendizagem, desenvolver um trabalho de 
cunho psicopedagógico educacional (não clínico) com os estudantes, dessa forma 
contribuindo com a melhoria das condições do processo de ensino aprendizagem. 
Nesse contexto, o psicopedagogo pode ajudar ao proporcionar uma visão 
mais atenta e sensível às individualidades, tornando o professor mais apto a 
perceber quando alguma criança apresenta determinada dificuldade, mesmo que o 
educador não saiba identificar com exatidão do que se trata. Então, entra o papel do 
Psicopedagogo Escolar para trabalhar também com o educando. 
Caberá ao psicopedagogo escolar avaliar quais fatores “facilitaram” a 
construção dessa dificuldade, dentre as opções enquadram-se: 
Aqueles relacionados à escola: inadequação da metodologia de 
ensinoaprendizagem; planejamento ineficaz; profissional desqualificado para a 
função; muitos alunos na turma; atividades inadequadas para a faixa etária e etc. 
Aqueles relacionados ao desenvolvimento do sujeito: problemas 
emocionais e familiares, problemas orgânicos, distúrbios de aprendizagem e 
transtornos comportamentais. 
No entanto, não se trata de descobrir se a “culpa” é do aluno ou da escola. O 
importante é identificar o que favoreceu a aparição da dificuldade para que possa se 
trabalhar de maneira objetiva. 
Inicialmente o psicopedagogo deverá realizar uma avaliação simples, onde 
deverá conhecer o aluno, observando como ele está em relação à aprendizagem, 
identificando a dificuldade e buscando meios para amenizá-la e ajudando-o na sua 
superação. Caso seja necessário deve-se encaminhar o aprendiz através de um 
relatório para o atendimento adequado com o psicopedagogo clínico, pedagogo, 
professor particular ou profissionais de outras áreas (psicologia, psicomotricidade, 
médico especialista...) e fazer parceria com tais profissionais que realizam um 
diagnóstico especializado mais abrangente, visando potencializar essa pessoa em 
desenvolvimento. 
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Em se tratando de práxis escolar é bom lembrar que é importante dar uma 
visão do nível pedagógico do aluno de forma global e da especificidade nos 
diferentes campos, como leitura escrita e cálculo (Weiss-2008). 
“A prática psicopedagógica vem colocando questões ainda pouco discutidas, 
de manejo difícil e geradoras de conflito, isto porque seu “paciente”(...) apresenta, 
quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo de ação 
específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, 
instrumentais e afetivas”. (BARONE apud BOSSA, 2000) 
A prática psicopedagógica fomenta questões que ainda são tabus, porque 
ainda nos dias de hoje existe a idéia de que o aluno com dificuldades precisa de 
acompanhamento clínico para “normalizar” o que está “errado” e a escola não revê o 
que está fazendo pelo aluno. Então, mais uma vez, o psicopedagogo, ao realizar a 
parceria com os profissionais envolvidos com o aluno, inclusive os professores, deve 
esclarecer e pontuar o que precisa ser modificado e onde é preciso intervir mais, 
sem “interferir”. 
Contudo, algumas vezes não há necessidade de fazer encaminhamentos, 
apenas mudanças na própria maneira de ensinar; mudança de estratégias; 
planejamento de atividades de acordo com objetivos específicos; metas individuais; 
orientações aos professores do aluno e pais e etc. 
Se “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, 
assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e 
educadores” (Weiss-1991) ela não favorece apenas aqueles sujeitos que já 
apresentam dificuldades, distúrbios e transtornos que prejudicam a aprendizagem, 
mas também ajudam na prevenção, atuando antes que as dificuldades possam 
surgir ou se agravarem na escola. 
 
Trabalho psicopedagógico preventivo: 
 
 
 Envolver os professores, preparando-os para lidar com a Diversidade e 
as necessidades de aprendizagem e estímulos específicos. 
 Detectar possíveis alterações no processo de aprendizagem. 
 Promover orientações metodológicas e atitudinais. 
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 Proporcionar estímulos adequados, complementares e suplementares 
caso seja necessário. 
 Auxiliar na construção do Projeto Político Pedagógico, no Planejamento 
e nos Projetos. 
 Estimular no professor o uso do lúdico e a construção do conhecimento 
através do gosto pelosaber. 
 
Atendimento psicopedagógico institucional (escolar): 
 
 
 Realizar atendimento pedagógico individualizado. 
 Realizar atendimento pedagógico em grupos pequenos. 
 Conversar com o aluno quando precisar de orientação. 
 Encontrar a melhor forma de estudo, organizando o modelo de 
aprendizagem com o aluno. 
 Olhar os cadernos, observando e auxiliando quanto a sua organização, 
revendo erros para ajudar o aluno a compreendê-los. 
 Escutar atentamente o aluno. 
 Fazer a avaliação diagnóstica. 
 Fazer encaminhamentos se necessário. 
 
 
Recursos e Estratégias para o trabalho psicopedagógico 
 
 
Na psicopedagogia os recursos utilizados tem o objetivo de proporcionar 
momentos de construção, criação e apropriação de saberes, onde o sujeitoaprendiz 
revela onde e como encontra-se no processo de aprendizagem. 
Cabe ao psicopedagogo avaliar para além do que é concreto. Visto que a 
criança muitas vezes não fala sobre seus problemas, ou não sabe reconhecê-los, 
ela utiliza-se de outros meios para expressar-se. 
Alguns recursos utilizados são brincadeiras, diversos jogos, materiais 
diversificados para criação, ilustrações, brinquedos, livros, histórias, computador, 
músicas, registros escritos (bilhetes, cartas, histórias, poesias) e etc. 
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ORIENTAÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA 
 
 
 
Orientações aos professores 
 
 
 
Certa vez Freire disse “... aprender não é um ato findo. Aprender é um 
exercício constante de renovação..." Então, ajudar um sujeito a (re)encontrar a 
vontade de aprender e a superar o que limitava/bloqueava esse desejo é abrir portas 
e janelas para uma nova vida. 
Partindo desse pressuposto a tarefa principal do professor é promover o gosto 
pela aprendizagem. Então o trabalho do psicopedagogo vai de acordo com esta 
lógica, porque ele vai propiciar um reencontro com essa aprendizagem, ajudando a 
derrubar as barreiras que foram construídas pelos sintomas. 
A formação do professor deve ocorrer na ótica da educação inclusiva, como 
formação de especialistas, mas também como parte integrante da formação geral 
dos profissionais da educação, a quem cabe atuar a fim de reestruturar suas 
práticas pedagógicas para o processo de inclusão educacional. (FREITAS, 2006) 
Importante também é o professor conhecer as etapas do desenvolvimento do 
ser humano; atualizar-se constantemente; pesquisar novas formas de conhecimento 
e de construção, de didática e de avaliação, sabendo também usar as novas 
tecnologias como grandes aliadas que podem beneficiar a atuação docente. No 
entanto isto não é o suficiente. Para Malheiro (2010) “o verdadeiro professor é 
aquele que sabe querer realmente a todos os seus alunos. Que tem a capacidade 
para conhecer muito bem a todos...”. 
Finalizando, o bom professor é aquele que inclui todos os alunos no processo 
educacional. 
Orientações aos pais 
 
 
Segundo Vygotsky a criança nasce inserida num meio social, pertencendo a 
uma família, estabelecendo com ela as primeiras relações com a linguagem. Nas 
interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente. Nessa 
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interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da 
apropriação do saber da comunidade em que está inserido. 
Partindo dessa visão os pais tem papel extremamente importante na 
aprendizagem do sujeito e muitas vezes não se dão conta disso, acreditando que “a 
vida ensina”. O psicopedagogo deve orientá-los quanto à importância da função da 
família; as atitudes a serem tomadas com relação às dificuldades apresentadas 
pelos filhos (muitas vezes pensam que é para irritar que a criança demonstra 
determinada atitude); ensinar como se envolverem positivamente com a vida escolar 
do filho e a importância do afeto. 
Friedberg e McChure (2004) listam algumas atitudes importantes que os pais 
precisam adotar para com os filhos: 
 Reforçar o bom comportamento com elogios, abraços, uma brincadeira 
ou folga de alguma tarefa doméstica. 
 Dar atenção aos filhos com sorrisos, abraços, elogio verbal 
comentando uma fala do filho, olhando para ele enquanto conversa ou comenta algo 
que faz, prestando atenção a uma tarefa que ele está realizando. 
 Estabelecer uma rotina para os comportamentos que devem ser 
repetidos diariamente, como: tomar banho, arrumar a cama ou estudar. 
 Reservar um tempo diário para brincar com a criança, de preferência, 
uma brincadeira no chão dirigida pela própria criança, pelo menos por dez minutos. 
 Passar um tempo, juntos, em algo que o filho escolha. Por exemplo: 
jogos de computador, jogos de tabuleiro, jogos de cartas, projetos de arte, brincar na 
piscina, brincar de bonecas, cozinhar, praticar esportes, entre outros. 
 Orientá-los adequadamente ao invés de dar lições de moral. 
 Dar comandos específicos. Dizer o que deve ser feito ou como deve 
ser feito de maneira clara. Mostrar o caminho. 
 Permitir escolhas, como forma de valorizar os comportamentos. Por 
exemplo: já que você completou as tarefas da escola, pode escolher um brinquedo 
para brincar ou uma história para eu lhe contar. 
 
Aos alunos 
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Ao trabalhar com o Ser humano é necessário pensar a sua subjetividade. 
Na escola não é diferente. O psicopedagogo deve trabalhar não com a 
dificuldade do aluno, mas com o Ser em sua totalidade, reconhecendo o seu 
contexto social, familiar, psicológico o seu momento histórico, suas individualidades, 
seu grau de desenvolvimento e características pessoais. 
Portanto para pensar o aluno como sujeito é preciso conhecê-lo, e isso se faz 
quando o psicopedagogo utiliza-se de ferramentas fundamentais: 
 Diálogo 
 Escuta atenta 
 Observação 
 Descoberta das habilidades 
A relação aluno- psicopedagogo deve baseada no respeito, na confiança e na 
capacidade mútua de acreditar no outro, tendo a afetividade como mola propulsora. 
Quando esses “ingredientes” estão presentes nessa relação a possibilidade de 
crescimento de ambos é enorme. Mesmo sabendo que o sucesso do 
desenvolvimento do aluno e a superação e exclusão das “muletas” não dependa 
somente desse fator, é sabido que essa relação quando positiva vai facilitar o 
próprio desenvolvimento do educando e a disposição para atenuar as dificuldades 
apresentadas. 
 
INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS PSICOPEDAGÓGICAS 
 
 
Dislexia 
O termo dislexia origina-se do grego dys-, que significa: dificuldade, e -lexia 
que significa: palavra, sendo assim, dislexia = dificuldade com a palavra. De acordo 
com Capretz (2012) ela pode ser adquirida ou desde o nascimento e é de origem 
neurológica. Não é um problema associado à atenção ou memória, é neurológico e 
genético. 
A dislexia é um dos distúrbios que mais afetam a aprendizagem. Para explicar 
melhor o que é dislexia Nascimento, Santana e Barbosa (p. 2, 2011) completam: 
[..]dislexia é um transtorno específico, sendo caracterizado pela dificuldade 
na correta e/ou fluente leitura de palavras, na escrita e nas habilidades de 
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decodificação, interferindo na ampliação do vocabulário e conhecimentos gerais, 
quando se comparam sujeitos com todas as habilidades preservadas e outros com 
transtornosde leitura e escrita com a mesma idade, escolaridade e nível de 
inteligência. 
É importante salientar que as pessoas com dislexia possuem nível intelectual 
normal, assim como afirmam Nascimento, Santana e Barbosa (p. 2, 2011): “[..] 
apresentam potencial intelectual dentro da média ou até superior, além de não 
possuírem nenhum tipo de déficit sensorial ou deficiência neurológica, corroborando 
com os critérios diagnósticos apresentados pelo DSM IV [..].” 
Sendo um distúrbio, ou transtorno, da leitura e da escrita é geralmente notado 
nas crianças na fase de alfabetização, ou logo após esta fase terminar, quando os 
pais e professores notam que a criança não está acompanhando a turma e que 
ainda não se alfabetizou. 
Alguns aspectos que são mais observados desde a educação infantil são: 
desempenho inferior em atividades fonológicas, como rimas, por exemplo; 
dificuldades em nomeações rápidas; memória verbal de curto prazo defectiva; 
dificuldade em assimilar sequências, como, dias da semana, meses etc; dificuldades 
em aprender uma segunda língua. Atentar-se a esses fatores é uma das formas que 
o psicopedagogo tem, de começar uma suspeita de dislexia, mesmo se ele tiver 
certeza do diagnóstico, ele não deve diagnosticar. O que ele deve fazer é promover 
a aprendizagem da criança com dislexia, por meio de métodos e estratégias próprias 
para cada caso. Mas como este profissional poderá ajudar o disléxico? 
Primeiramente é preciso conhecer o seu paciente, após o primeiro contato é 
necessário criar uma ligação entre a família, a escola e os especialistas, com o 
objetivo de avaliar os avanços, as dificuldades e as estratégias que serão utilizadas 
pelas pessoas que o cercam, a fim de proporcionar melhorias na parte acadêmica, 
social e familiar da vida da criança. (Nascimento, Santana, Barbosa, 2011). 
A anamnese bem elaborada e bem-feita também é de suma importância para 
conhecermos melhor o histórico da criança e para podermos ajudá-la. 
É fundamental saber, também, que um dos profissionais que mais auxiliam os 
disléxicos a desenvolverem a parte fonológica no cérebro são os fonoaudiólogos, 
com isso, na suspeita de uma dislexia é sempre bom encaminhar a criança a um 
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fonoaudiólogo, e também a um psicólogo. Mas apenas estes dois profissionais não 
são suficientes, o ideal é no mínimo termos o fonoaudiólogo, o psicólogo e o 
psicopedagogo. Para complementar, Garcia et al. (p.5, 2012) afirmam que: 
[..] fonoaudiólogos e psicopedagogos como mais habilitados na intervenção 
precoce em crianças que apresentam distúrbios de aprendizagem, pois possuem 
formação mais profunda e específica que a de outros educadores em relação à 
fundamentação teórica das dificuldades de aprendizagem, a aceitação das novas 
ideias pragmáticas e funcionais da linguagem. 
Há várias formas de se trabalhar com um indivíduo disléxico, e como este é o 
foco principal deste trabalho, listaremos a seguir algumas dicas básicas para isso, 
que Nascimento, Santana e Barbosa (p.4, 2011) sugerem: 
• Deve-se incentivá-lo destacando suas conquistas; 
• Adequar o material pedagógico, de forma que atenda suas necessidades e 
valorize seus aspectos fortes; 
• Permitir o uso de gravadores, uma vez que o disléxico não consegue ouvir e 
escrever ao mesmo tempo, proporcionando maior segurança e tranquilidade no 
momento de realizar a lição de casa; 
• Utilizar-se de apoio visual como um suporte para leitura e atividades; 
• Ensinar a sintetizar por meio de palavras ou desenhos o conteúdo que lhe 
foi exposto; 
• As avaliações devem ser feitas oralmente, sempre que possível (esta 
estratégia serve para todos os níveis de ensino); 
• Prever mais tempo, tanto para a execução de tarefas, atividades e 
avaliações, pois o disléxico precisa da mais tempo para acessar a informação 
armazenada, uma vez que a capacidade para o aprendizado está intacta – este 
recurso não é opcional, faz parte de seus direitos; 
• Procurar um local tranquilo para que ele consiga fazer as avaliações, pois 
qualquer barulho poderá distraí-lo, interferindo em sua performance. 
• É importante que as crianças sejam expostas com mais intensidade à leitura 
para armazenar as formas ortográficas das palavras. 
Dentre as sugestões acima, a que mais chama atenção é a avaliação, uma 
vez que para alguns tipos de provas (vestibulares, concursos, exames etc) é 
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permitido que eles façam a prova com alguém ditando para eles. Algumas 
instituições de ensino superior dão um tempo maior para a execução da avaliação. 
Ainda não há uma lei que dê o direito aos disléxicos a sempre fazerem provas 
oralmente, mas é a melhor forma de se avaliar, pois esse distúrbio não permite que 
a pessoa leia corretamente o que está escrito, alterando o desempenho na maioria 
dos casos. 
Com os disléxicos, o ideal é sempre estimular a linguagem oral e também 
trabalhar interpretação de textos. Mesclar os dois é um ótimo meio. Mostrar que os 
textos possuem começo, meio e fim são ótimos para que os auxilie a formar 
sequenciações, já que isso é algo difícil para eles. 
A seguir, mais uma boa forma de como lidarmos com a dislexia: 
No ambiente escolar, faz-se necessária uma intervenção direta nas 
habilidades de leitura, associada a atividades relacionadas ao processamento 
fonológico da linguagem. No entanto, todas as atividades de estimulação da 
linguagem escrita devem ser realizadas de forma lúdica, através de jogos e 
brincadeiras, para que a criança sinta prazer em ler e escrever. (GARCIA et al.,p. 8, 
2012) 
Com relação às propostas de ações pedagógicas Capretz (2012) sugere que 
o professor ou o psicopedagogo ensine o disléxico a resumir o conteúdo das aulas 
para facilitar seu aprendizado; diz também, que o professor permita o uso de 
calculadora e gravadores de som durante as aulas para que o aluno possa melhor 
memorizar a aula e a matéria; aconselha que o aluno não faça longas cópias da 
lousa, pois isso não o estimula; e que haja menos deveres de casa envolvendo 
leitura, pois sozinho, dificilmente o aluno com dislexia irá conseguir ler com êxito. 
Estas dicas são fundamentais que o psicopedagogo transmita ao professor para que 
faça parte do trabalho em conjunto dele. 
A intervenção psicopedagógica, antes de ser aplicada deve ser planejada, 
assim como todo trabalho. Faz parte da intervenção psicopedagógica estratégias e 
metodologias próprias para cada caso e para cada pessoa. No caso dos disléxicos 
não é diferente, o psicopedagogo deve planejar meios pelo qual ele irá promover a 
aprendizagem do aluno, e segundo Capretz (2012) a melhor maneira de se trabalhar 
com um disléxico é explorando a aprendizagem multissensorial com o lúdico, ou 
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seja, utilizando outros canais que não sejam a visão, como por exemplo, caminhar 
com a criança sobre uma letra, deixá-la interagir com a caixa tátil, fazer gelatina na 
forma das letras, fazer uma sopa de letras, vendar a criança para ela tentar 
descobrir com o dedo a forma de alguma letra ou palavra, colar barbante ou feijão 
em cima da letra etc. Todas essas sugestões são formas lúdicas, pois o trabalho do 
psicopedagogo é e deve ser lúdico para que a criança se desenvolva com outros 
meios sensoriais. Obviamente não é possível, também, fazer apenas estas opções 
apresentadas, o ideal é mesclar sempre, para que aos poucos

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