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EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 1 www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Coordenação de Ensino FAMART http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS 2 www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação O Psicopedagogo na Educação Especial http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 3 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação SUMÁRIO EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS .................................. 2 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4 A INCLUSÃO ................................................................................................................ 7 A história da Educação Especial ................................................................................... 7 Inclusão X Exclusão ................................................................................................... 12 Inclusão Escolar ......................................................................................................... 14 ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ............................................. 17 Alunos com Deficiências ............................................................................................. 17 Educandos com Dificuldades de Aprendizagem ......................................................... 19 Distúrbios e Transtornos na Aprendizagem ................................................................ 20 A PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA INCLUSIVA ....................................................... 21 A Psicopedagogia ....................................................................................................... 21 Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar ...................................... 26 ORIENTAÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA ................................................................... 30 Orientações aos professores ...................................................................................... 30 Orientações aos pais .................................................................................................. 30 Aos alunos .................................................................................................................. 31 INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS PSICOPEDAGÓGICAS .................................... 32 Dislexia ....................................................................................................................... 32 Discalculia .................................................................................................................. 36 Dislalia ........................................................................................................................ 39 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ..................................................... 43 Ansiedade ................................................................................................................... 49 Autismo ...................................................................................................................... 50 Dislalia ........................................................................................................................ 51 REFERÊNCIA ............................................................................................................ 53 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 4 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação INTRODUÇÃO A Psicopedagogia tem por definição o trabalho com a aprendizagem, com o conhecimento, sua aquisição, desenvolvimento e distorções. Realiza este trabalho através de processos e estratégias que levam em conta a individualidade do aprendente. É uma praxe, portanto comprometida com a melhoria das condições de aprendizagem. O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir. Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológica, psicomotora. fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia O psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 5 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação produção do conhecimento, ajudando o aluno a superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo. A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Dentro dos aspectos biológicos, a criança apresenta uma série de características que lhe permitem, ou não, o desenvolvimento de conhecimentos. As características psicológicas são consequentes da história individual, de interações com o ambiente e com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por exemplo, o conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc. Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades da criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar esse mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com segurança e competência. Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o desenvolvimento da criança, desde sua infância, como também contribuirá com a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade. Então como a psicopedagogia pode ajudar no desenvolvimento de crianças durante a educação infantil? A educação infantil precisa se mais do que um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro,afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. Nessas condições, acreditamos que o Psicopedagogo é um grande contribuinte, porque trabalha com o objetivo de realizar um diagnóstico, identificar as causas do problema e intervir para desenvolver no sujeito o desejo de aprender. A inclusão é um processo que visa trazer para dentro da sociedade pessoas que foram marginalizadas historicamente. Como diz MANTOAN (1997, p.20) "enquanto a pessoa está adequada às normas, no anonimato, ela é socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela cometa qualquer infração ou adquira qualquer traço de anormalidade para que seja denunciada como desviante". Partindo da análise histórico-social do indivíduo com deficiência, este trabalho perpassa por uma visão clínico-patológica (quando se encarava o sujeito com deficiência como uma http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 6 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação pessoa doente- Sacks, 1998), acompanha as mudanças da própria sociedade, onde a priori se adota uma pedagogia ortopédica (Skliar-2005) que visa “normalizar” tais indivíduos e esta pesquisa chega nos dias de hoje à reflexão do processo de inclusão educacional à luz da psicopedagogia. A inclusão escolar traz ao âmbito educacional novos desafios, tornando fundamental um novo olhar, novas práticas e objetivos de ensinoaprendizagem. Que desafios são esses? Como enfrentá-los e aprender com eles? Quando Mantoan afirma que “o pensamento que norteia o atual sistema (educacional) é muito mecanicista, e discrimina claramente os normais e os deficientes, o ensino regular e o especial, como também cada uma das disciplinas estudadas na escola” percebe-se que tal fato é um agravante para a transformação dos espaços escolares em ambientes inclusivistas. Tal afirmação se complementa quando Relvas (2009) diz que “novas posturas educacionais precisam ser estruturadas para que os educandos despertem para o aprender escolar” e saibam enfrentar os desafios da vida. Hoje é sabido que a escola não pode ser um espaço neutro, é um espaço democrático, político na vida de todos. Nesse sentido as ideias de Freire vão nortear este trabalho, buscando desvincular a posição do deficiente como um sujeito oprimido para um sujeito crítico, reflexivo. A partir da educação isso é possível. No entanto não basta aceitar a matrícula dos alunos com deficiência, é preciso trabalhar em prol do desenvolvimento de Todos os educandos. Ao se referir às pessoas com deficiência, Vygotsky (1993) ressalta que, “muito mais do que o defeito em si, o que decide o destino da personalidade da criança é sua realização sócio-psicológica”. Assim, o trabalho psicopedagógico demonstra extrema importância e o espaço social oferecido pela escola pode ser extremamente benéfico. Afinal, as potencialidades não nascem prontas, é o meio social que vai ajudar o indivíduo a encontrá-las, a fazê-las desabrochar. Vale destacar que com o fomento da inclusão a psicopedagogia nasce para unir a lacuna existente entre o atendimento clínico/psicológico do sujeito deficiente e o trabalho educativo deste aluno com deficiência. Fez-se necessário então um campo de estudo que fosse capaz de entender o sujeito aprendiz, o que ampliou a área de atuação do psicopedagogo que não limita-se ao trabalho com pessoas com déficits, mas também na prevenção de possíveis dificuldades e ainda na orientação, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 7 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação suporte e desenvolvimento de estratégias para o trabalho com o desenvolvimento integral de sujeitos aprendizes. Nesse sentido Weiss afirma que “a Psicopedagogia busca a melhoria das relações do aprendiz com a aprendizagem”. Partindo da compreensão desta premissa, e por ser um dos temas mais discutidos na atualidade, acredito que o trabalho do Psicopedagogo nas instituições escolares pode facilitar esse processo inclusivo, auxiliando todos os alunos no desenvolvimento da aprendizagem e em outros aspectos relevantes. Torna-se necessário “resgatar na escola desde a mais tenra idade aquelas atividades educativas que enriquecem a interioridade dos alunos” ( Malheiro, 2010). Tais práticas educativas podem nortear-se dos pressupostos pedagógicos e dos ideais da psicopedagogia. Para tanto, os profissionais da psicopedagogia precisam estar informados e cientes da importância do seu trabalho na escola como um agente facilitador. Por isso, prioriza-se a relação do psicopedagogo com os profissionais da educação e como se dá a orientação, suporte e como diminuir as dificuldades encontradas no percurso do trabalho pedagógico. Levanta-se alguns questionamentos como: O que é Educação Inclusiva e como chegamos até ela? Qual é papel do psicopedagogo nas escolas inclusivas? Como o psicopedagogo pode facilitar a inclusão das crianças com deficiência? Qual tipo de mediação psicopedagógica se faz necessária para amenizar e/ou superar as alterações no processo de aprendizagem e como desenvolver habilidades? A INCLUSÃO A história da Educação Especial Desde o princípio da humanidade todo aquele que fosse considerado diferente, que fugisse dos padrões de normalidade aceitos por determinada época, era visto com olhar de desprezo, discriminação, superstição, medo, superproteção e/ou segregação. Como Séneca (1986) afirmou: “Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 8 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação defeituosos e monstruosos afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.” A pessoa que tivesse uma deficiência, dependendo da sociedade e cultura em que estava inserida, poderia ser considerada um fardo, um castigo ou até mesmo uma maldição divina. Em outras épocas e costumes essas pessoas poderiam ser consideradas seres especiais, até mesmo dotadas de poderes divinos. Assim, a forma como a sociedade lidava com a pessoa com deficiência era cercada de mitos e “pré-conceito”. Segundo Ramos (2010): “Vivendo em uma sociedade de resultados, podemos dizer que a deficiência é exatamente o que não se quer, porque não combina com as leis biológicas, sociais, políticas, econômicas e religiosas estabelecias pela humanidade, o que se revela nos discursos que se fazem sobre a vida e sua função”. Na Pré-História apenas os mais fortes sobreviviam e os deficientes provavelmente não se enquadravam dentro dos grupos primitivos, pois o ambiente era desfavorável e nos grupos cada qual contribuía e lutava pela sua própria sobrevivência através da caça e de trabalhos pesados. Na Antiguidade pessoas com deficiências eram entregues à própria sorte, muitas foram mortas e tantas outras maltratadas. Aristóteles dizia que era necessário ''Tratar igualmente o igual e desigualmente o desigual'' . Com o advento do Cristianismo indivíduos com deficiências começaram a ser vistos de forma mais piedosa: não eram mais eliminados (mortos), não sendo mais vistos como um castigo, mas passaram a ser olhados como pessoas merecedoras de caridade, passando a receber cuidados para sua sobrevivência em locais específicos, como asilos, hospitais, igrejas, no entanto, sendo segregados. Ou seja, sobreviviam, mas retirados “das vistas” da sociedade. Aquelesque permaneciam na casa da família poucas vezes saiam de casa. Ainda assim, quando não fosse possível “esconder” comportamentos imorais e/inadequados eram castigados. A Inquisição também eliminou “desviantes” que apresentassem comportamentos inadequados, “sobrenaturais” que não fossem “modificados”, “normalizados” através das orações.De acordo com Bianchetti(2006), na Idade http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 9 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Média “as deficiências passaram a ser identificadas, mas não podiam ser tratadas por razões físicas”, porque advinham de um “problema da alma”. Após a Idade Média, com o início do Renascimento, a razão dá lugar à perspectiva religiosa e a deficiência passa a ser analisada sob o ponto de vista médico. Como afirma Pessotti (1984): “De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente ao passar das mãos do inquisidor às mãos do médico”. Assim, o deficiente passa a ser visto como alguém que precisa de cura para a sua “doença”. Muitas experiências médicas foram realizadas com deficientes “em prol da cura”, não obtendo muito sucesso. Essa “visão ortopédica” enxergava apenas a deficiência da pessoa e não conseguia perceber que ali havia uma pessoa com determinada deficiência, como sendo um sujeito com possíveis habilidades a serem encontradas. Acreditava-se que a pessoa com deficiência era incapaz e por isso não precisam receber estímulos educacionais. A sociedade não percebia essa parcela da população, embora pessoas com deficiências sempre existissem. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que foi liderada por Hitler, muitas atrocidades foram cometidas. Acredita-se que o Holocausto eliminou por volta de 275 mil adultos e crianças com deficiências e outras 400 mil pessoas suspeitas de portarem a hereditariedade de surdez, cegueira e deficiência mental. Essas pessoas foram mortas em nome da crença de Hitler na existência de uma raça humana mais pura, denominada Ariana, a qual essas pessoas, segundo ele, não poderiam fazer parte, assim como os judeus e ciganos também não. Pessoas com deficiências passaram a ser um pouco mais enxergadas pela sociedade no Pós-Guerra, quando muitos soldados e combatentes que por voltarem vivos aos seus países foram considerados heróis, no entanto, muitos desses “heróis” trouxeram as marcas da guerra no corpo e na mente, pois era enorme o número de pessoas que se tornaram deficientes físicos e doentes mentais por consequência da guerra. Ainda no século XX, a deficiência passa a ser vista de outras formas por grandes pensadores, podendo se destacar: Piaget, Brunner e Vygotsky que contribuíram muito com os seus estudos sobre as crianças com deficiência. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 10 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Vygotsky opunha-se veemente à avaliação das “crianças portadoras de incapacidades” com base em seus defeitos ou deficiências, seu “menos”; ele as avaliava, em vez disso, com base no que elas tinham de “mais”. Ele não as via como deficientes, e sim pessoas com desenvolvimento diferentes. Segundo VYGOTSKY: “Uma criança com uma incapacidade representa um tipo, qualitativamente diferente, único, de desenvolvimento”. Ou seja, todas as pessoas têm capacidade para aprender e se desenvolver, mas cada um de acordo com o seu ritmo, suas singularidades e potencialidades. “Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. (SACKS, 1998) Imediatamente após a guerra a sociedade civil organiza-se buscando soluções para amenizar tal quadro, onde nasce a Organização das Nações Unidas (ONU- 1945) visando encontrar soluções para os problemas sociais decorrentes da Guerra. Após a criação da ONU a comunidade internacional se reúne na nova sede jurando nunca mais cometer tamanha atrocidade. Tal “juramento” vira um documento onde se explicita todos os direitos de um ser humano, em todo lugar e tempo. Esse documento confere suma importância e passa a ser chamado de Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com essa declaração garantindo os direitos humanos passa a ser abandonar, subjugar e maltratar qualquer pessoa, pois para o novo documento no seu Artigo 1º: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Assim retorna a visão ortopédica em relação à pessoa com deficiência, pois nesse tempo, mais do que nunca, acredita-se que pessoa com deficiência precisa de reabilitação e a tentativa de “voltar à normalidade” torna-se o objetivo de muitos deficientes. Dessa forma muitos Centros de Reabilitação são criados mundo a fora e novas instituições voltadas para a reintegração da pessoa com deficiência surgem. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 11 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Nesse paradigma as escolas especiais começam a ganhar terreno. Afinal, para a concepção daquela época, se eles são sujeitos passivos de reabilitação também podem ser educáveis. Assim aquelas pessoas que não poderiam frequentar uma escola regular porque possuíam uma deficiência passam a ser vistas como pessoas que podem receber um ensino especial, onde a pessoa com deficiência torna-se o “aluno excepcional”. Como a UNESCO afirma (1977, p.5-6), é possível dividir a história da humanidade, de acordo com a forma como as pessoas com deficiência foram tratadas ao longo da história: Fase filantrópica: em que as pessoas com deficiência são consideradas doentes e portadoras de incapacidades permanentes inerentes à sua natureza. Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde; Fase da “assistência pública”: em que o mesmo estatuto de "doentes" e "inválidos" implica a institucionalização da ajuda e da assistência social; Fase dos direitos fundamentais: iguais para todas as pessoas quaisquer que sejam as suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação; Fase da igualdade de oportunidades: época em que o desenvolvimento econômico e cultural acarreta a massificação da escola e, ao mesmo tempo, faz surgir o grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um rendimento escolar adequado aos objetivos da instituição escolar, passam a engrossar o grupo das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem; Fase do direito à integração: se na fase anterior se "promovia" o aumento das "deficiências", uma vez que a ignorância das diferenças, o não respeito pelas diferenças individuais mascarado como defesa dos direitos de "igualdade" agravava essas diferenças, agora é o conceito de "norma" ou de "normalidade" que passa a ser posto em questão. Como relata a própria UNESCO, essas divisões históricas baseadas na forma como a pessoa com deficiência foi encarada acontecem somente de forma cronológica, pois até mesmo nos dias atuais há inúmeras concepções e crenças que http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 12 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação permeiam as atitudes frente as pessoas que possuem alguma deficiência. O quereflete nas escolas e instituições que atendem alunos com deficiências. Séculos e mais séculos passaram e as pessoa com alguma deficiência foram discriminadas, tendo a sua condição como ser humano enfatizada pela sua deficiência e não por aquilo que elas poderiam ser capazes. É incalculável o número de pessoas que nasceram e morreram vítimas de “pré-conceito” (conceito julgado antes de ser conhecido, dominado) e tiveram as suas vozes caladas e seus direitos, sentimentos, pensamentos e singularidades legalmente ignorados. Tais marcas continuam em nossa sociedade. Inclusão X Exclusão 1993). “Do Latim Includere ; Encerrar; Inserir; Meter dentro; abranger; conter em si; compreender.” (Dicionário Aurélio, De acordo com o dicionário Aurélio (1993) inclusão vem do latim includere - é o ato ou efeito de incluir, que significa: inserir; trazer para dentro; abranger (perceber, entender, apreender, alcançar, atingir); conter em si; compreender (entender alguém, aceitar); introduzir; pertencer juntamente com outros. Em educação, Inclusão significa aceitar (no sentido amplo da palavra) a diversidade humana, trazendo para dentro da escola regular pessoas com deficiências na plena participação de todo o processo educacional. Inclusão é a crença na diversidade como um valor, um bem comum. Independente da cor, raça, religião, enfim, independente das diferenças que possuam as pessoas, é princípio básico dos direitos humanos o acesso à educação. O que ficou estabelecido por ocasião da Conferência Mundial sobre Igualdade de Oportunidade, Acesso e Qualidade, realizada em 1994, na Espanha, em cooperação com a UNESCO, que ficou conhecida como a Declaração de Salamanca. De acordo essa declaração: “O termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 13 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação experimentam dificuldades de aprendizagem e portanto possuem necessidades especiais em algum ponto durante a sua escolarização”. Até os dias de hoje existe uma grande batalha para que tal preceito seja vivenciado por todos, porque as marcas da exclusão ainda estão enraizadas na sociedade. No Brasil, a Lei Federal n° 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os direitos básicos dos “portadores de deficiência”. Em seu artigo 8º constitui como crime punível com reclusão (prisão) de 1 a 4 anos e multa, quem: 1. Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência. 2. Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de deficiência. 3. Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência. 4. Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, a pessoa portadora de deficiência. Quando pensamos na história da humanidade e falamos em inclusão percebemos quanto tempo se passou e que há poucas décadas que os direitos das pessoas com deficiência começaram a ser vistos e pensados. Como diz o ditado “antes tarde do que nunca”, pois analisando positivamente em pouco tempo muitos passos foram dados. Conforme ROBERT (1999): “Grande foi o caminho já percorrido no combate ao preconceito que sofrem os portadores de necessidades especiais. No entanto, muito ainda falta alcançar. Só se atinge a faixa de chegada se os primeiros passos forem dados.” No entanto, percebe-se que só se fala de Inclusão porque a Exclusão existe. Ou seja, consideramos uns sujeitos incluídos, porque outros estão excluídos. Sobre isso declara Sawaia (1999): “... ambas não constituem categorias em si, cujo significado é dado por qualidades específicas, invariantes, contidas em cada um dos termos, mas são da mesma substância e formam um par indissociável, que se constitui na própria http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 14 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação relação. A dinâmica entre elas demonstra a capacidade de uma sociedade existir como um sistema.” Muitas mudanças sociais só aconteceram após a criação de leis que garantissem os direitos de igualdade para pessoas com deficiência, capazes de punir legalmente quem não as cumprissem. Sendo que a própria lei muitas vezes não é cumprida em sua plenitude, quando, falta a acessibilidade. São muitas as forma de exclusão que uma pessoa pode vivenciar. A acessibilidade, ou melhor, a sua falta, é um dos maiores exemplos de exclusão. Por exemplo: o “direito de ir e vir” está garantido em lei, mas como um deficiente físico vai onde quiser se são poucos os locais que possuem estrutura para recebê-los adequadamente? A desigualdade social é outro grande fator de exclusão, em especial quando se trata de sujeitos com deficiências. Até os dias de hoje é comum encontrarmos mendigos expondo suas deficiências para pedir esmolas pelas ruas. O que nos mostra que ainda temos grandes falhas sociais que necessitam de transformações radicais. A maior barreira que pode haver para uma pessoa com deficiência é a “barreira humana” que persiste através do preconceito, discriminação e inabilidade de lidar com o desconhecido, com a diversidade. Segundo Amaral (1995), o confronto com a diferença causa uma hegemonia do emocional sobre o racional. Negar, não a diferença, mas o diferente, é de certa forma, confortável, pois não nos obriga a qualquer transformação. Não basta haver aceitação social e oportunidades IGUAIS se não existir a oportunidade REAL, ou seja, oportunidades justas, que estejam de acordo com o indivíduo, com as suas possibilidades e com os desafios que ele seja capaz de enfrentar. Como afirmou Freire (1996) “... E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.” Incluir não é fazer caridade, e sim, justiça. Inclusão Escolar http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 15 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação A trajetória das pessoas com deficiência até a chegada dos bancos escolares é carregada de estigmas, mitos e crendices, assim como sua trajetória na história da sociedade. No entanto não foram apenas as pessoas com alguma deficiência que foram historicamente excluídas da escola. Mulheres, pessoas negras e pobres também foram mantidos distantes dos espaços escolares porque estudar era privilégio para poucos. No século XIX e em boa parte do século XX havia escolas separadas para meninos e para meninas. À medida que a sociedade passou a “enxergar” os direitos dessas pessoas aos poucos a escola foi abrindo as portas para elas. Hoje temos as escolas públicas, única alternativa para as classes pobres, e as escolas privadas frequentadas preferencialmente pelas classes média e alta. No entanto, para chegar às escolas regulares as pessoas com deficiências passaram pelas Escolas Especiais. González (2007) diz que “a escolarização (das crianças deficientes) foi realizada, fundamentalmente, nas escolas especiais, sendo muito pequena nas escolas regulares, pois se seguiu a tendência de realizar o ensino específico das crianças normais e em separado o daquelas não consideradas como tal.” E muitas ainda passam por elas. Sendo que atualmente a escola especial recebe outro papel, passando de único espaço educacional para pessoas comdeficiências, tornando-se um espaço que complementa, que apóia a escola regular ajudando no desenvolvimento do aluno com deficiência através de atendimento educacional especializado em contra turno. A Inclusão Escolar não diz respeito apenas a inserção dos alunos com deficiência, e sim algo mais amplo, uma verdadeira ruptura com o sistema educacional da atualidade, como afirma Mantoan (2006) “ a Inclusão implica mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos traçando”. Sabemos que a escola muda de acordo com as transformações que ocorrem na própria sociedade. Assim, a escola não é um espaço sem contexto e se anteriormente mostrava-se como um local para homogeneizar e era privilegiadamente um espaço único para o ensino de poucos. Na sociedade moderna, na era da informação e do conhecimento, é preciso reinventar esse paradigma educacional. Malheiro (2010) afirma que “a escola do século XXI deve http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 16 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação proporcionar a formação para a complexidade do sistema do mundo atual, o que implica mudanças de atitudes no sentido de maior abertura de horizontes, de tolerância, de solidariedade, de cooperação, de valorização da dignidade humana, atitudes que a escola, deve ser a grande guardiã e mãe ensinadora.” Gomes (1999) observa que “a escola é um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram”. Para Fávero (2004) a escola “é o espaço privilegiado da preparação para a cidadania para o pleno desenvolvimento humano”. Como vimos anteriormente, longa foi a jornada percorrida pelas pessoas com deficiências até que elas pudessem sentar nos bancos escolares. A visão da sociedade em relação à pessoa com deficiência mudou, dessa forma o papel da educação escolar em relação a essas pessoas também precisou de novos olhares e novas práticas. Tal olhar amplia-se de dentro da escola para fora dela e vice-versa. Na verdade, possibilitar as diferentes presenças é um desafio. A escola será um espaço sociocultural, em que as diferentes presenças se encontram, assim como o espaço privilegiado de cidadania, se criarmos condições para tanto. Para isso mudanças precisam acontecer, a começar pelos profissionais da educação. Ainda nos dias de hoje muitos professores do ensino regular consideram-se incompetentes para trabalhar com alunos com deficiências (Mantoan-2006). Na verdade o que assusta a muitos desses “educadores” é que a Inclusão implica na mudança estrutural do sistema educacional, exigindo não apenas mudanças atitudinais, como também mudanças da política educacional, nas metodologias de ensinoaprendizagem, na organização curricular e na flexibilidade do mesmo. Sendo assim, a mudança necessária não é somente do professor, como de todo o sistema. “(...) a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele.” (Mantoan, 1999) Para Bartalotti (2006) "falar em Inclusão Social implica falar em democratização dos espaços sociais, em crença na diversidade como valor, na http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 17 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação sociedade para todos. Incluir não é apenas colocar junto, e, principalmente, não é negar a diferença, mas respeitá-la como constitutiva do humano. O valor– positivo ou negativo – que se atribui à diferença é algo construído nas relações humanas. O vetor da exclusão/inclusão não está, portanto, na diferença em si, mas no valor a ela atribuído”. Para Relvas (2010) para se ter um bom rendimento e assim, uma boa acolhida, a escola precisa de: Condições físicas de sala de aula, como higiene, boa iluminação, acessível de número de alunos por turma. Condições pedagógicas, disponibilidade de material didático adequado à faixa etária e método pedagógico de acordo com a realidade da criança. Condições de corpo docente, no qual se refere à motivação, à dedicação, à qualificação e à remuneração adequada. Como já bem explicitado por Marsha Forest (1987) cabe aqui a metáfora do caleidoscópio descrita por ela: “O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõe. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado.” ALTERAÇÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Alunos com Deficiências No Brasil, o Decreto n. 3.298 de 20 de dezembro de 1999 em seu Art. 4o considera a pessoa “portadora” de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I- Deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 18 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação produzam dificuldades para o desempenho de funções; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) II - Deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) III - Deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) IV - Deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sócias d) utilização dos recursos da comunidade e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; ; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004) V - Deficiência Múltipla: associação de duas ou mais deficiências. No outro extremo da escala das capacidades tidas como habilidades intelectuais estão as pessoas consideradas superdotadas ou com altas habilidades. Há ainda aquelas com condutas típicas ( síndromes, transtornos, comportamentos diferenciados...). Assim sendo, entende-se por alunos com deficiências aqueles estudantes que apresentam impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, necessitando de condições favoráveis e estímulos adequados ao seu desenvolvimento. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 19 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação“Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma criança normal, então uma criança com uma deficiência atinge-o de outro modo, por outro caminho, outro meio; para o pedagogo, é particularmente importante conhecer a singularidade do caminho pelo qual deve conduzir a criança. Essa singularidade transforma o menos da deficiência no mais da compensação”. (SACKS, 1998, p. 63) Educandos com Dificuldades de Aprendizagem Aprender é um processo complexo e dinâmico que resulta na mudança de comportamento após determinada experiência, estando relacionadas aos fatores comportamentais, afetivos, psicológicos, sociais e orgânicos de cada individuo. São várias as possíveis causas que podem levar um aluno a apresentar dificuldades ou falhas que prejudicam esse processo. Fernández (1991) considera as dificuldades de aprendizagem como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo quatro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. Nesse sentido o “querer aprender” vai ser fundamental para que aprendizagem ocorra. Dificuldades de aprendizagem não estão ligadas apenas aos sistemas biológicos, mas podem ser causadas por problemas passageiros e devem ser observadas, podendo ser prevenidas, minimizadas e até excluídas. Algumas vezes a dificuldade de aprendizagem pode ser um alerta sobre um processo de ensino-aprendizagem ineficaz. Conforme Scoz (1994): “(...) os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.” http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 20 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Distúrbios e Transtornos na Aprendizagem De acordo com o CID - 10, os Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares são compostos por grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares. Não são necessariamente decorrentes de deficiências, embora eles possam ocorrer simultaneamente com essas condições. Assim, podemos entender como Transtorno o conjunto de sintomas comportamentais que provocam uma série de perturbações na aprendizagem do sujeito, interferindo no decorrer desse processo. Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares geralmente ocorrem junto com outras síndromes clínicas, como por exemplo, o transtorno de déficit de atenção ou o transtorno de conduta, ou outros transtornos do desenvolvimento, tais como o transtorno específico do desenvolvimento da função motora ou os transtornos específicos do desenvolvimento da fala e linguagem. Para Paín (1992), “o tratamento Psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se um transtorno de aprendizagem”. A definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos da América,descreve que “Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central.” Distúrbios ligados à Linguagem: Na LEITURA : Alexia (impossibilidade absoluta de ler); Dislexia (domínio insuficiente de leitura). Na ESCRITA: Agrafia (impossibilidade de comunicar algo por escrito, independente do nível mental); Disgrafia (dificuldade acentuada de escrita); Disortografia (dificuldade de escrita relacionada à ortografia); Discaligrafia (reprodução inadequada da letra manuscrita). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 21 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Na ARITMÉTICA: Acalculia (perda total da capacidade de operar matematicamente); Discalculia (dificuldade parcial de operar matematicamente). Segundo Olivier(2011) “dependendo do grau de dificuldade que o individuo apresente, é necessário um tratamento multidisciplinar”, onde além do psicopedagogo ele poderá ter acompanhamento com profissionais da medicina, fonoaudiologia, pedagogia, psicologia, arteterapia, psicomotricidade (...) dependendo das necessidades individuais. A PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA INCLUSIVA A Psicopedagogia A própria nomenclatura Psicopedagogia nos remete a pensar na “fusão” entre a Pedagogia e Psicologia. Em resumo a Pedagogia preocupa-se com as questões voltadas às metodologias de ensino-aprendizagem do aluno e a questão educacional em sua amplitude. Enquanto a Psicologia foca na análise do sujeito, no comportamento humano e seus processos mentais. Assim sendo, cabe à Psicopedagogia a lacuna existente entre o Ser aluno e o Ser sujeito. A psicopedagogia nasceu da fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia. “O termo Psicopedagogia distingue-se em três conotações: como uma prática, como um campo de investigação do ato de aprender e como (pretende-se) um saber científico. (BOSSA, 2000) Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia “a Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.” Esta surgiu da fronteira existente entre a Psicologia e a Pedagogia, apoiando-se no tripé: Psicologia Social Psicanálise Psicologia Genética http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 22 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Porto (2011) destaca que os conhecimentos específicos de Psicologia e a Pedagogia não foram suficientes para formar o corpo teórico da Psicopedagogia, por isso recorre a outras áreas como a Linguística, a Psicanálise, a Filosofia, a Neurologia, que segundo ela “embasam e dão forma teórica e prática psicopedagógica e temos então várias faces e múltiplos olhares”. Tal olhar multidimensional é essencial para o psicopedagogo. É fundamental que ele seja capaz de enxergar o que está por trás do sintoma. O papel do psicopedagogo escolar não se difere quanto a essa questão. Do ponto de vista de Jorge Visca a Psicopedagogia tem em seu perfil um caráter independente e complementar, possuindo o processo de aprendizagem como seu objeto de estudo, adotando recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios, acreditando que nesse processo há participação dos aspectos biológicos com disposições afetivas e intelectuais que interferem o desenvolvimento do sujeito, a sua relação com o outro, com o meio e com o desejo de aprender. O desenvolvimento da aprendizagem vai decorrer influenciado pelas relações sociais e familiares, condições orgânicas, culturais, estímulos e vivências de cada sujeito. Para Rubinstein (1996), “a Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse processo (de aprender)”. Dessa forma, aquele que trabalha com a Psicopedagogia, o Psicopedagogo, tem em sua formação o conhecimento e habilidade para analisar como acontece o processo de aprendizagem de determinadosujeito e se existe algo que pode estar afetando esse percurso. Porto (2011) afirma que “o psicopedagogo sendo um profissional multiespecialista em aprendizagem humana que congrega conhecimento de diversas áreas a fim de intervir nesse processo, com sua intervenção psicopedagógica, pode assumir uma feição preventiva ou terapêutica, relacionando- se com equipes ligadas ao campo da saúde e educação, terapêutica e institucional, respectivamente.” Na escola o psicopedagogo vai adotar esse olhar, lembrando-se que o foco da sua atenção não são as dificuldades de aprendizagem em si, mas o processo de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 23 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação aprendizagem em sua totalidade, e consequentemente se houver algo atrapalhando ele saberá identificar para intervir, como diz Bossa (1994): “ cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação”. O desenvolvimento do trabalho psicopedagógico originou-se nos atendimentos a crianças que apresentam problemas relacionados a dificuldades de aprendizagem. A atuação de profissionais que estudam questões que envolvam o objeto de estudo da Psicopedagogia foi ampliado em diferentes âmbitos, não permanecendo restrito ao ambiente da escola de ensino regular ou até mesmo em clínicas onde a ação psicopedagógica desenvolvia-se através de um trabalho inter ou multidisciplinar e, sim sofrendo uma abertura significativa (OLIVEIRA, 2008). A atuação psicopedagógica poderá ser concebida no ambiente escolar inclusivo, com alternativas metodológicas e procedimentos didáticos que viabilizará a inclusão e, sobretudo a educação de crianças com necessidades educacionais especiais, através de atendimentos multidisciplinares, incluindo o trabalho psicopedagógico. Esses atendimentos são de extrema importância ao serem realizados no ambiente educacional, pois segundo Weiss (2008), através da atuação de vários profissionais engajados e estudando com afinco as dificuldades de aprendizagem. Esses profissionais referenciam-se à: área da educação, saúde e assistência social. aprendizagem apresentada pela criança com necessidades educacionais especiais, permitirá maior propriedade em examinar os fatores orgânicos e psicológicos que desencadeiam tais, com a contribuição de uma discussão satisfatória entre a equipe, sobre a realidade estudada. Ao realizar o trabalho multidisciplinarmente, as intervenções psicopedagógicas que são realizadas com crianças com necessidades educacionais especiais, não constituem em uma série de testes que acontecem apenas uma vez, mas são baseadas nos estudos das respostas que a mesma apresentou durante um período determinado, incitando posteriormente em análises com propósitos de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 24 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação oportunidades significativas para intervenções futuras, com perspectivas de mudanças no seu contexto familiar e escolar. O psicopedagogo como também a equipe multidisciplinar, precisam conhecer holisticamente a criança que é assistida diante do momento ensino e aprendizagem mediante suas subjetividades, criando espaços e condições favoráveis para expor suas potencialidades, capacidades, habilidades, destrezas e até mesmo suas limitações, como também propiciar seu desenvolvimento através de suas estruturas cognitivas, afetivas, sociais, pedagógicas e corporais. No processo de objetividade e subjetividade, elos entre o lidar consigo mesmo e com os outros se constituem como problemática a ser vivenciada. O sujeito humano deve interagir com os objetivos e com as regras do meio, mas deve também interagir com suas limitações, possibilidades e impossibilidades e carências enquanto ser vivente. Se educar é buscar o bem-estar do humano em todo este contexto, o espaço/tempo educativo deve priorizar construções de processos harmônicos com as condições da vida humana, e interação com a natureza do próprio homem e do planeta. A escola do sujeito em processo de interação permanente deve-se voltar à compreensão de que todo conhecimento é, na verdade, 'saber do outro' (BEAUCLAIR, 2007, p. 22). A psicopedagogia contribui para a compreensão destas transformações necessárias, implicando em produzir discussões, análises e observações que desencadearão em intervenções essenciais. A atuação do psicopedagogo no ambiente escolar inclusivo acontece sob uma prévia observação do indivíduo que estar sendo assistido, por meio da compreensão da situação apresentada, para posteriormente apoiar-se em conhecimentos/pressupostos epistemológicos. Com essa fundamentação pertinente decorrente de conhecimentos/ pressupostos epistemológicos haverá a elaboração do informe psicopedagógico com situações concretas, planejando ações organizadas futuras no intuito de escolher alternativas flexíveis para intervir nas dificuldades de aprendizagem, com o uso de critérios adotados, bem como objetivos a serem alcançados, respeitando as características biológicas da criança com necessidades educacionais especiais, para serem desenvolvidas na escola de ensino regular. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 25 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Ao observar várias produções requisitadas a criança com necessidades educacionais especiais e, dispondo de dados concretos, chega a hora de conversar entre/com os profissionais que atendem em comum esta criança e, com seus pais. A abordagem do psicopedagogo deverá ser estabelecida mediante a dados fidedignos quanto ao diagnóstico suscitado, primando pelo Código de Ética estabelecido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), em vista de contextualizar as hipóteses que foram levantadas diante da ação psicopedagógica, perante aos profissionais e a família. O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, [...] em uma atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo da observação ou acompanhamento da evolução do sujeito (BOSSA, 2007, p. 94). O psicopedagogo deverá considerar vários organismos que fazem parte da história de vida da criança com necessidades educacionais especiais, representados por sua família, pela escola e, inclusive pelo social como todo, pelo fato em adquirir informações amplas e suficientes para formular possíveis hipóteses. Assim sendo, esse profissional precisa colaborar com dados verídicos, em relação a todo trabalho psicopedagógico que será executado com a criança em vista à sua subjetividade perante seu processo de ensino-aprendizagem na escola e na sociedade. Consideramos que um dos maiores desafios que se apresentam ao psicopedagogo é proporcionar à família, à escola e ao aluno informações amplas de tudo o que coletou, sem enganos nem dissimulações, mas ao mesmo tempo, ser capaz de conseguir que a pessoa que receba essas informações não se sinta culpada ou atacada, mas perceba saídas possíveis e veja mais vantagens na mudança do que em permanecer na mesma situação (VILANA, 2008, p.80). O psicopedagogo em consonância com os profissionais, escola e pais terá oportunidade de modificar a percepção destes em relação à criança comnecessidades educacionais especiais, possibilitando- os reverem suas atitudes e a maneira de se relacionarem com vários organismos que fazem parte da sociedade. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 26 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação A inclusão é compreendida como um processo, em face de certos valores e princípios. A parceria estabelecida entre psicopedagogo, profissionais e pais implica em um respeito mútuo, baseando-se na troca de experiências salutares diante desta criança, através do compartilhamento de informações e, até mesmo de sentimentos. Tal relação é benéfica e, possui um valor inestimável, por propiciar aos pais o encorajamento necessário em acreditar nas potencialidades da criança com necessidades educacionais especiais em se tratando de um sucesso bastante almejado, ou então, ao conquistar um desenvolvimento superior ao esperado, em decorrência do comprometimento, como também da qualidade de ensino e, sobretudo através da motivação ilimitada de profissionais e pais. Como se pode observar, o contexto onde as crianças com necessidades educacionais especiais estão inseridas, é o mesmo contexto de todos, com suas convergências, contradições, dificuldades e alegrias, tornando-se irrelevante segregá-las, ou então protegê-las ao modo de reforçar (in)consequentemente suas limitações (BEYER, 2006). Assim, a práxis psicopedagógica corelacionada à educação especial é aquela que possibilita a convivência de crianças com/sem necessidades educacionais especiais de maneira pacífica, respeitando as diversidades e diferenças culturais e biológicas, através do rompimento de paradigmas excludentes ao admitir o multiculturalismo perante o social. Práticas Psicopedagógicas que facilitam a Inclusão Escolar Segundo Malheiro (2010) a escola Ideal é aquela que sabe conjugar duas forças complementares: as características temperamentais, psicológicas e físicas da criança com o ideal de educação que a família pretende dar à criança. É onde seja possível conjugar ensino-lúdico com exigência, buscando cada vez mais a individualização no ensino-aprendizagem, isto é, buscar a riqueza e a individualidade do aluno. Percebe-se que a escola inclusiva aproxima-se desse parâmetro por proporcionar o encontro com a Diversidade, levando tanto o professor quanto o aluno a “abrirem os olhos” para as diferenças. Com o advento da Inclusão faz-se necessária uma “visão” mais aguçada mediante as necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola não é somente daqueles que se enquadram num determinado padrão, a escola precisa ser http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 27 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação de todos, crianças com e sem deficiências, com dificuldades ou facilidades, com desempenho cognitivo baixo, na média ou superior. Assim, o psicopedagogo institucional vai trabalhar na escola para dar assistência e orientações aos professores, prevenir as dificuldades de aprendizagem, desenvolver um trabalho de cunho psicopedagógico educacional (não clínico) com os estudantes, dessa forma contribuindo com a melhoria das condições do processo de ensino aprendizagem. Nesse contexto, o psicopedagogo pode ajudar ao proporcionar uma visão mais atenta e sensível às individualidades, tornando o professor mais apto a perceber quando alguma criança apresenta determinada dificuldade, mesmo que o educador não saiba identificar com exatidão do que se trata. Então, entra o papel do Psicopedagogo Escolar para trabalhar também com o educando. Caberá ao psicopedagogo escolar avaliar quais fatores “facilitaram” a construção dessa dificuldade, dentre as opções enquadram-se: Aqueles relacionados à escola: inadequação da metodologia de ensinoaprendizagem; planejamento ineficaz; profissional desqualificado para a função; muitos alunos na turma; atividades inadequadas para a faixa etária e etc. Aqueles relacionados ao desenvolvimento do sujeito: problemas emocionais e familiares, problemas orgânicos, distúrbios de aprendizagem e transtornos comportamentais. No entanto, não se trata de descobrir se a “culpa” é do aluno ou da escola. O importante é identificar o que favoreceu a aparição da dificuldade para que possa se trabalhar de maneira objetiva. Inicialmente o psicopedagogo deverá realizar uma avaliação simples, onde deverá conhecer o aluno, observando como ele está em relação à aprendizagem, identificando a dificuldade e buscando meios para amenizá-la e ajudando-o na sua superação. Caso seja necessário deve-se encaminhar o aprendiz através de um relatório para o atendimento adequado com o psicopedagogo clínico, pedagogo, professor particular ou profissionais de outras áreas (psicologia, psicomotricidade, médico especialista...) e fazer parceria com tais profissionais que realizam um diagnóstico especializado mais abrangente, visando potencializar essa pessoa em desenvolvimento. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 28 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Em se tratando de práxis escolar é bom lembrar que é importante dar uma visão do nível pedagógico do aluno de forma global e da especificidade nos diferentes campos, como leitura escrita e cálculo (Weiss-2008). “A prática psicopedagógica vem colocando questões ainda pouco discutidas, de manejo difícil e geradoras de conflito, isto porque seu “paciente”(...) apresenta, quase sempre, um quadro de comprometimentos que extrapola o campo de ação específico de diferentes profissionais, envolvendo dificuldades cognitivas, instrumentais e afetivas”. (BARONE apud BOSSA, 2000) A prática psicopedagógica fomenta questões que ainda são tabus, porque ainda nos dias de hoje existe a idéia de que o aluno com dificuldades precisa de acompanhamento clínico para “normalizar” o que está “errado” e a escola não revê o que está fazendo pelo aluno. Então, mais uma vez, o psicopedagogo, ao realizar a parceria com os profissionais envolvidos com o aluno, inclusive os professores, deve esclarecer e pontuar o que precisa ser modificado e onde é preciso intervir mais, sem “interferir”. Contudo, algumas vezes não há necessidade de fazer encaminhamentos, apenas mudanças na própria maneira de ensinar; mudança de estratégias; planejamento de atividades de acordo com objetivos específicos; metas individuais; orientações aos professores do aluno e pais e etc. Se “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores” (Weiss-1991) ela não favorece apenas aqueles sujeitos que já apresentam dificuldades, distúrbios e transtornos que prejudicam a aprendizagem, mas também ajudam na prevenção, atuando antes que as dificuldades possam surgir ou se agravarem na escola. Trabalho psicopedagógico preventivo: Envolver os professores, preparando-os para lidar com a Diversidade e as necessidades de aprendizagem e estímulos específicos. Detectar possíveis alterações no processo de aprendizagem. Promover orientações metodológicas e atitudinais. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 29 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Proporcionar estímulos adequados, complementares e suplementares caso seja necessário. Auxiliar na construção do Projeto Político Pedagógico, no Planejamento e nos Projetos. Estimular no professor o uso do lúdico e a construção do conhecimento através do gosto pelosaber. Atendimento psicopedagógico institucional (escolar): Realizar atendimento pedagógico individualizado. Realizar atendimento pedagógico em grupos pequenos. Conversar com o aluno quando precisar de orientação. Encontrar a melhor forma de estudo, organizando o modelo de aprendizagem com o aluno. Olhar os cadernos, observando e auxiliando quanto a sua organização, revendo erros para ajudar o aluno a compreendê-los. Escutar atentamente o aluno. Fazer a avaliação diagnóstica. Fazer encaminhamentos se necessário. Recursos e Estratégias para o trabalho psicopedagógico Na psicopedagogia os recursos utilizados tem o objetivo de proporcionar momentos de construção, criação e apropriação de saberes, onde o sujeitoaprendiz revela onde e como encontra-se no processo de aprendizagem. Cabe ao psicopedagogo avaliar para além do que é concreto. Visto que a criança muitas vezes não fala sobre seus problemas, ou não sabe reconhecê-los, ela utiliza-se de outros meios para expressar-se. Alguns recursos utilizados são brincadeiras, diversos jogos, materiais diversificados para criação, ilustrações, brinquedos, livros, histórias, computador, músicas, registros escritos (bilhetes, cartas, histórias, poesias) e etc. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 30 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação ORIENTAÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA Orientações aos professores Certa vez Freire disse “... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..." Então, ajudar um sujeito a (re)encontrar a vontade de aprender e a superar o que limitava/bloqueava esse desejo é abrir portas e janelas para uma nova vida. Partindo desse pressuposto a tarefa principal do professor é promover o gosto pela aprendizagem. Então o trabalho do psicopedagogo vai de acordo com esta lógica, porque ele vai propiciar um reencontro com essa aprendizagem, ajudando a derrubar as barreiras que foram construídas pelos sintomas. A formação do professor deve ocorrer na ótica da educação inclusiva, como formação de especialistas, mas também como parte integrante da formação geral dos profissionais da educação, a quem cabe atuar a fim de reestruturar suas práticas pedagógicas para o processo de inclusão educacional. (FREITAS, 2006) Importante também é o professor conhecer as etapas do desenvolvimento do ser humano; atualizar-se constantemente; pesquisar novas formas de conhecimento e de construção, de didática e de avaliação, sabendo também usar as novas tecnologias como grandes aliadas que podem beneficiar a atuação docente. No entanto isto não é o suficiente. Para Malheiro (2010) “o verdadeiro professor é aquele que sabe querer realmente a todos os seus alunos. Que tem a capacidade para conhecer muito bem a todos...”. Finalizando, o bom professor é aquele que inclui todos os alunos no processo educacional. Orientações aos pais Segundo Vygotsky a criança nasce inserida num meio social, pertencendo a uma família, estabelecendo com ela as primeiras relações com a linguagem. Nas interações cotidianas, a mediação com o adulto acontece espontaneamente. Nessa http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 31 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido. Partindo dessa visão os pais tem papel extremamente importante na aprendizagem do sujeito e muitas vezes não se dão conta disso, acreditando que “a vida ensina”. O psicopedagogo deve orientá-los quanto à importância da função da família; as atitudes a serem tomadas com relação às dificuldades apresentadas pelos filhos (muitas vezes pensam que é para irritar que a criança demonstra determinada atitude); ensinar como se envolverem positivamente com a vida escolar do filho e a importância do afeto. Friedberg e McChure (2004) listam algumas atitudes importantes que os pais precisam adotar para com os filhos: Reforçar o bom comportamento com elogios, abraços, uma brincadeira ou folga de alguma tarefa doméstica. Dar atenção aos filhos com sorrisos, abraços, elogio verbal comentando uma fala do filho, olhando para ele enquanto conversa ou comenta algo que faz, prestando atenção a uma tarefa que ele está realizando. Estabelecer uma rotina para os comportamentos que devem ser repetidos diariamente, como: tomar banho, arrumar a cama ou estudar. Reservar um tempo diário para brincar com a criança, de preferência, uma brincadeira no chão dirigida pela própria criança, pelo menos por dez minutos. Passar um tempo, juntos, em algo que o filho escolha. Por exemplo: jogos de computador, jogos de tabuleiro, jogos de cartas, projetos de arte, brincar na piscina, brincar de bonecas, cozinhar, praticar esportes, entre outros. Orientá-los adequadamente ao invés de dar lições de moral. Dar comandos específicos. Dizer o que deve ser feito ou como deve ser feito de maneira clara. Mostrar o caminho. Permitir escolhas, como forma de valorizar os comportamentos. Por exemplo: já que você completou as tarefas da escola, pode escolher um brinquedo para brincar ou uma história para eu lhe contar. Aos alunos http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 32 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Ao trabalhar com o Ser humano é necessário pensar a sua subjetividade. Na escola não é diferente. O psicopedagogo deve trabalhar não com a dificuldade do aluno, mas com o Ser em sua totalidade, reconhecendo o seu contexto social, familiar, psicológico o seu momento histórico, suas individualidades, seu grau de desenvolvimento e características pessoais. Portanto para pensar o aluno como sujeito é preciso conhecê-lo, e isso se faz quando o psicopedagogo utiliza-se de ferramentas fundamentais: Diálogo Escuta atenta Observação Descoberta das habilidades A relação aluno- psicopedagogo deve baseada no respeito, na confiança e na capacidade mútua de acreditar no outro, tendo a afetividade como mola propulsora. Quando esses “ingredientes” estão presentes nessa relação a possibilidade de crescimento de ambos é enorme. Mesmo sabendo que o sucesso do desenvolvimento do aluno e a superação e exclusão das “muletas” não dependa somente desse fator, é sabido que essa relação quando positiva vai facilitar o próprio desenvolvimento do educando e a disposição para atenuar as dificuldades apresentadas. INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS PSICOPEDAGÓGICAS Dislexia O termo dislexia origina-se do grego dys-, que significa: dificuldade, e -lexia que significa: palavra, sendo assim, dislexia = dificuldade com a palavra. De acordo com Capretz (2012) ela pode ser adquirida ou desde o nascimento e é de origem neurológica. Não é um problema associado à atenção ou memória, é neurológico e genético. A dislexia é um dos distúrbios que mais afetam a aprendizagem. Para explicar melhor o que é dislexia Nascimento, Santana e Barbosa (p. 2, 2011) completam: [..]dislexia é um transtorno específico, sendo caracterizado pela dificuldade na correta e/ou fluente leitura de palavras, na escrita e nas habilidades de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 33 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação decodificação, interferindo na ampliação do vocabulário e conhecimentos gerais, quando se comparam sujeitos com todas as habilidades preservadas e outros com transtornosde leitura e escrita com a mesma idade, escolaridade e nível de inteligência. É importante salientar que as pessoas com dislexia possuem nível intelectual normal, assim como afirmam Nascimento, Santana e Barbosa (p. 2, 2011): “[..] apresentam potencial intelectual dentro da média ou até superior, além de não possuírem nenhum tipo de déficit sensorial ou deficiência neurológica, corroborando com os critérios diagnósticos apresentados pelo DSM IV [..].” Sendo um distúrbio, ou transtorno, da leitura e da escrita é geralmente notado nas crianças na fase de alfabetização, ou logo após esta fase terminar, quando os pais e professores notam que a criança não está acompanhando a turma e que ainda não se alfabetizou. Alguns aspectos que são mais observados desde a educação infantil são: desempenho inferior em atividades fonológicas, como rimas, por exemplo; dificuldades em nomeações rápidas; memória verbal de curto prazo defectiva; dificuldade em assimilar sequências, como, dias da semana, meses etc; dificuldades em aprender uma segunda língua. Atentar-se a esses fatores é uma das formas que o psicopedagogo tem, de começar uma suspeita de dislexia, mesmo se ele tiver certeza do diagnóstico, ele não deve diagnosticar. O que ele deve fazer é promover a aprendizagem da criança com dislexia, por meio de métodos e estratégias próprias para cada caso. Mas como este profissional poderá ajudar o disléxico? Primeiramente é preciso conhecer o seu paciente, após o primeiro contato é necessário criar uma ligação entre a família, a escola e os especialistas, com o objetivo de avaliar os avanços, as dificuldades e as estratégias que serão utilizadas pelas pessoas que o cercam, a fim de proporcionar melhorias na parte acadêmica, social e familiar da vida da criança. (Nascimento, Santana, Barbosa, 2011). A anamnese bem elaborada e bem-feita também é de suma importância para conhecermos melhor o histórico da criança e para podermos ajudá-la. É fundamental saber, também, que um dos profissionais que mais auxiliam os disléxicos a desenvolverem a parte fonológica no cérebro são os fonoaudiólogos, com isso, na suspeita de uma dislexia é sempre bom encaminhar a criança a um http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 34 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação fonoaudiólogo, e também a um psicólogo. Mas apenas estes dois profissionais não são suficientes, o ideal é no mínimo termos o fonoaudiólogo, o psicólogo e o psicopedagogo. Para complementar, Garcia et al. (p.5, 2012) afirmam que: [..] fonoaudiólogos e psicopedagogos como mais habilitados na intervenção precoce em crianças que apresentam distúrbios de aprendizagem, pois possuem formação mais profunda e específica que a de outros educadores em relação à fundamentação teórica das dificuldades de aprendizagem, a aceitação das novas ideias pragmáticas e funcionais da linguagem. Há várias formas de se trabalhar com um indivíduo disléxico, e como este é o foco principal deste trabalho, listaremos a seguir algumas dicas básicas para isso, que Nascimento, Santana e Barbosa (p.4, 2011) sugerem: • Deve-se incentivá-lo destacando suas conquistas; • Adequar o material pedagógico, de forma que atenda suas necessidades e valorize seus aspectos fortes; • Permitir o uso de gravadores, uma vez que o disléxico não consegue ouvir e escrever ao mesmo tempo, proporcionando maior segurança e tranquilidade no momento de realizar a lição de casa; • Utilizar-se de apoio visual como um suporte para leitura e atividades; • Ensinar a sintetizar por meio de palavras ou desenhos o conteúdo que lhe foi exposto; • As avaliações devem ser feitas oralmente, sempre que possível (esta estratégia serve para todos os níveis de ensino); • Prever mais tempo, tanto para a execução de tarefas, atividades e avaliações, pois o disléxico precisa da mais tempo para acessar a informação armazenada, uma vez que a capacidade para o aprendizado está intacta – este recurso não é opcional, faz parte de seus direitos; • Procurar um local tranquilo para que ele consiga fazer as avaliações, pois qualquer barulho poderá distraí-lo, interferindo em sua performance. • É importante que as crianças sejam expostas com mais intensidade à leitura para armazenar as formas ortográficas das palavras. Dentre as sugestões acima, a que mais chama atenção é a avaliação, uma vez que para alguns tipos de provas (vestibulares, concursos, exames etc) é http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 35 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação permitido que eles façam a prova com alguém ditando para eles. Algumas instituições de ensino superior dão um tempo maior para a execução da avaliação. Ainda não há uma lei que dê o direito aos disléxicos a sempre fazerem provas oralmente, mas é a melhor forma de se avaliar, pois esse distúrbio não permite que a pessoa leia corretamente o que está escrito, alterando o desempenho na maioria dos casos. Com os disléxicos, o ideal é sempre estimular a linguagem oral e também trabalhar interpretação de textos. Mesclar os dois é um ótimo meio. Mostrar que os textos possuem começo, meio e fim são ótimos para que os auxilie a formar sequenciações, já que isso é algo difícil para eles. A seguir, mais uma boa forma de como lidarmos com a dislexia: No ambiente escolar, faz-se necessária uma intervenção direta nas habilidades de leitura, associada a atividades relacionadas ao processamento fonológico da linguagem. No entanto, todas as atividades de estimulação da linguagem escrita devem ser realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança sinta prazer em ler e escrever. (GARCIA et al.,p. 8, 2012) Com relação às propostas de ações pedagógicas Capretz (2012) sugere que o professor ou o psicopedagogo ensine o disléxico a resumir o conteúdo das aulas para facilitar seu aprendizado; diz também, que o professor permita o uso de calculadora e gravadores de som durante as aulas para que o aluno possa melhor memorizar a aula e a matéria; aconselha que o aluno não faça longas cópias da lousa, pois isso não o estimula; e que haja menos deveres de casa envolvendo leitura, pois sozinho, dificilmente o aluno com dislexia irá conseguir ler com êxito. Estas dicas são fundamentais que o psicopedagogo transmita ao professor para que faça parte do trabalho em conjunto dele. A intervenção psicopedagógica, antes de ser aplicada deve ser planejada, assim como todo trabalho. Faz parte da intervenção psicopedagógica estratégias e metodologias próprias para cada caso e para cada pessoa. No caso dos disléxicos não é diferente, o psicopedagogo deve planejar meios pelo qual ele irá promover a aprendizagem do aluno, e segundo Capretz (2012) a melhor maneira de se trabalhar com um disléxico é explorando a aprendizagem multissensorial com o lúdico, ou http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br 36 EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação seja, utilizando outros canais que não sejam a visão, como por exemplo, caminhar com a criança sobre uma letra, deixá-la interagir com a caixa tátil, fazer gelatina na forma das letras, fazer uma sopa de letras, vendar a criança para ela tentar descobrir com o dedo a forma de alguma letra ou palavra, colar barbante ou feijão em cima da letra etc. Todas essas sugestões são formas lúdicas, pois o trabalho do psicopedagogo é e deve ser lúdico para que a criança se desenvolva com outros meios sensoriais. Obviamente não é possível, também, fazer apenas estas opções apresentadas, o ideal é mesclar sempre, para que aos poucos
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