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Brasília-DF. Metodologia do Projeto de restauro Elaboração Jackson Moreira Souza Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I O RESTAURO ARQUITETÔNICO ............................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 CONSERVAÇÃO E RESTAURO ................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 PATRIMÔNIO CULTURAL .......................................................................................................... 13 CAPÍTULO 3 DIAGNÓSTICO, DOCUMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO ............................................................... 19 CAPÍTULO 4 CONSERVAÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA ............................................................................. 23 UNIDADE II MÉTODO ............................................................................................................................................. 28 CAPÍTULO 1 RESTAURAÇÃO ....................................................................................................................... 28 CAPÍTULO 2 ANASTILOSE ........................................................................................................................... 32 CAPÍTULO 3 ADAPTAÇÃO AO NOVO USO (RETROFIT) ................................................................................. 36 CAPÍTULO 4 RECONSTRUÇÃO ................................................................................................................... 40 CAPÍTULO 5 RÉPLICAS ............................................................................................................................... 44 UNIDADE III PROJETO ............................................................................................................................................. 48 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÃO DE USO E DO PROGRAMA DE NECESSIDADES ...................................................... 48 CAPÍTULO 2 INTERVENÇÕES SOMENTE PARA ADAPTAÇÕES DE INFRAESTRUTURA ......................................... 52 CAPÍTULO 3 REQUALIFICAÇÕES DE USOS E OCUPAÇÕES .......................................................................... 55 CAPÍTULO 4 COMPLEMENTANDO A ESTRUTURA ORIGINAL SEM CRIAR UM CONTRASTE ESTÉTICO ................ 59 CAPÍTULO 5 EVOCAR O CONTRASTE PARA A VALORIZAÇÃO DE AMBAS AS PARTES ..................................... 63 CAPÍTULO 6 AS INFINITAS POSSIBILIDADES ENTRE AS DUAS PROPOSIÇÕES ................................................... 67 CAPÍTULO 7 MANTENDO A CASCA (FACHADAS) E A READEQUAÇÃO INTERIOR .......................................... 70 UNIDADE IV TECNICIDADE ...................................................................................................................................... 73 CAPÍTULO 1 OS RELATÓRIOS DE ATUALIZAÇÃO E O As Built ........................................................................ 73 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO E ANÁLISE POSTERIOR DO USO E OCUPAÇÃO DO BEM RESTAURADO ................... 77 CAPÍTULO 3 A CONSERVAÇÃO PREVENTIVA E AVALIAÇÃO DO PÓS-OBRA .................................................. 80 CAPÍTULO 4 ACESSO A PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ........................................................... 83 CAPÍTULO 5 TÉCNICAS DE ISOLAMENTOS ACÚSTICO E TÉRMICO ................................................................ 86 CAPÍTULO 6 NORMAS TÉCNICAS (ABNT) E INSTALAÇÕES DE INFRAESTRUTURA ELÉTRICA, HIDROSSANITÁRIA, LÓGICA, CFTV ....................................................................................................................... 89 CAPÍTULO 7 PROCESSO DE APROVAÇÃO DE PROJETOS PERANTE AOS ÓRGÃOS OFICIAIS DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO (FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS) ................................................................... 92 CAPÍTULO 8 SEGURANÇA PATRIMONIAL (CORPO DE BOMBEIROS) .............................................................. 95 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 98 5 Apresentação Caro aluno, A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Este material didático consiste em fazer uma análise histórica, tanto da teoria quanto da prática do restauro na Europa, onde se iniciam os estudos filosóficos, e, também, no Brasil. Destaca-se que o Brasil tem um seguimento histórico que é semelhante a europeia, todavia, com momentos distintos e com características inerentes, já que é fundamentada em leis e organizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a fim de preservar e conservar os bens culturais, tendo odesafio de manter uma reflexão equilibrada acerca da teoria e da prática, com o intuito de preservar a identidade dos diferentes grupos da sociedade brasileira. Além disso, será abordado, nesta apostila, a importância de se realizar o restauro nos monumentos históricos, abarcando o processo de um programa de restauro para as obras arquitetônicas, e o desenvolvimento metodológico para a prática de restauração. Objetivos » Entender o processo histórico da conservação/restauro arquitetônico. » Conceituar os métodos de aplicações de restauro. » Solucionar os problemas das construções com os métodos restauradores. 9 UNIDADE IO RESTAURO ARQUITETÔNICO CAPÍTULO 1 Conservação e restauro As construções, com o passar do tempo, sofrem os desgastes das condições provenientes da atmosfera, e das diversas formas dos usos sociais. Vale salientar, mesmo que ‘restaurar’ seja definida como a reposição de algo que perdeu as suas características iniciais, a aplicabilidade da prática conceitual é um pouco complexa, visto que, ao longo dos séculos, ocorreram alterações e evoluções no estilo arquitetônico, com a utilização de materiais, técnicas e construções, além das novas filosofias artísticas e arquitetônicas, que foram inovadores nesse processo construtivo, além disso, o restauro passou por modificações mais contundentes, no século XIX, o que pode ser visto por meio dos monumentos, que serão exemplificados mais adiante. Entende-se que a conservação – restauro é uma intervenção qualquer, sendo direta ou indireta, sobre um objeto ou monumento, a fim de proteger a sua integridade física, além de fidelizar a sua significação de cunho artístico, cultural, estético e histórico. Esse conceito fica condicionado à natureza, extensão e limites das medidas que podem ser tomadas, assim como das intervenções que podem ser executadas, no patrimônio cultural. Historicamente, o cenário da cultura europeia, em matéria de conservação e restauro dos monumentos, diferencia do cenário brasileiro, em virtude das diversas origens das disciplinas, que se desenvolveram em épocas distintas, além de possuir fatos históricos que diferem o continente europeu do latino- americano. Entretanto, apesar dos problemas relacionados à construção dos princípios e ao desenvolvimento da disciplina, na Europa e no Brasil, que se diferenciam no tempo, existem questões em comum, devido ao fato de que 10 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO o impasse de se restaurar, ou conservar, afeta todas as culturas em fase de constituição de sua identidade própria, apesar de suas inerentes e diversas características. É relevante dizer que a disciplina do restauro teve seu aprimoramento, no século XIX, na Europa, mediante pesquisas refinadas e continuadas, além da preparação de arquitetos restauradores, os quais, certamente, exerceram uma forte influência sobre o Brasil, seja nas ideias, seja na instituição das modalidades de proteção. Assim sendo, é importante a reflexão acerca do desenvolvimento dos conceitos e dos métodos, que caracterizam o restauro na Europa para individualizar e, em seguida, os pontos de confluência e desagregação que marcaram o restauro no Brasil. Sendo assim, é inegável que a Europa, especialmente a Itália, seja uma representatividade de um centro ativo de discussão teórica, pesquisa experimental e formação prática, e, como tal, ainda, é capaz de balizar diretrizes atuais de alto nível e rigor científico, representando um ponto valioso de referências e intercâmbio dialético. Por esse motivo, cada vez mais estudantes e arquitetos brasileiros realizam seus cursos de qualificação de pós-graduação e PhD, em termos de restauro, nas universidades italianas. Os distintos países, que constituem a Europa, têm uma origem em comum, que é representada pela existência de vários centros históricos, monumentos e sítios arqueológicos. Esse é um fato saliente, em comparação a outros continentes, que colabora para a criação de uma identidade coletiva, em que os monumentos possuem origem milenar, datando da época do desenvolvimento da cultura grega e a expansão do Império Romano, o qual deixou vestígios de si não só na própria Europa, mas, também, em toda a bacia do Mar Mediterrâneo, chamada pelos romanos de Mare Nostrum. Esse reconhecimento se torna oficial, a nível europeu ,no final de 1975, na Carta Europeia do Patrimônio Histórico, e na Declaração de Amsterdã (CARBONARA, 1997). Da mesma forma, os vinte e seis estados e o Distrito Federal, que compõem o Brasil, estendidos pelo território, quase como toda a Europa, têm sua história composta do seu patrimônio cultural tangível e intangível, os quais representam as tradições culturais e as raízes autênticas do país. O seu reconhecimento e defesa se encontram na Constituição Federal Brasileira, de 1988, seção II, art.215, que dispõe que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais, [...] protegerá as manifestações das culturas 11 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”, por meio de um plano nacional para a proteção da cultura, e valorização do patrimônio cultural e histórico, e da qualificação do indivíduo para a gestão da cultura, em suas múltiplas dimensões, observando que o patrimônio representa a identidade e a memória dos diversos grupos da sociedade brasileira (BRASIL, 1988). Observa-se que o restauro é toda ação de intervenção de obra, no corpo da edificação em estudo, que deverá ser executada com a utilização de técnicas e materiais construtivos tradicionais, como cal, areia, saibro e madeiras, sempre similares às encontradas no local, com mesmas características e acabamentos Sabe-se, dessa maneira, que o restauro contemporâneo busca conter a sua funcionalidade e também a representatividade de uma obra, sem perder a reintegração, a reversibilidade, o tratamento de lacunas, por meio da técnica de anastilose, que será explanada mais adiante, que é uma técnica de recomposição com as partes originais do monumento, de forma que identifique à distância, e também da recomposição de partes perdidas. Portanto, por meio desses conceitos surgem numerosas escolas de restauro pelo mundo. Uma forma de exemplificar as ideias dos teóricos, a respeito do teoria analisada e dar um direcionamento aos estudos, logo, sugerimos o roteiro a seguir: » O teórico Eugène Emmanuel Viollet-Le Duc (1814-1879), da França: foi pioneiro por sistematizar o projeto de restauração. Para ele, restaurar significava restituir um edifício por completo, fundou a corrente ‘unidade de estilo’ (o restauro estilístico). » John Ruskin (1819-1900), da Inglaterra: é defensor da ideia romântica, além disso, propõe a mínima intervenção. » Camilo Boito (1835-1914), da Itália: foi ele quem iniciou a restauração contemporânea, sua teoria defende a conservação periódica, sem falsificações, e também elaborou a noção de autenticidade de uma obra. » Alois Regl (1858-1905), da Áustria: sua ideia se opõe à rememoração (passado) e à atualidade (presente), contudo, valoriza as contribuições artísticas das fases das edificações. » Gustavo Giovannoni (1873-1943), da Itália: ele fez uma abordagem crítica e científica a respeito das intervenções, propôs, ainda, as primeiras técnicas de restauro científico, que são: consolidação, 12 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO recomposição, remoção, complementação e renovação, devendo-se respeitar a sua integridade e autenticidade. » Por fim, Cesare Brandi (1906-1987), da Itália: adotou os critérios contemporâneos para restauração (identificável), abordando uma dupla polaridade estética e histórica. A figura 1 são imagens de patrimônios históricos brasileiros, que passaram por intervenções de restauro/conservação. Figura 1. Exemplos de edifíciosantes e após intervenções. Acima (01 e 02) Ouro Preto, Liceu das Artes e Ofícios. Fonte: Revista do Patrimônio, no 22, p.111 apud CUNHA, 2010, p.83. Abaixo (03 e 04) Atibaia, Antiga Casa de Câmara e de Cadeia. Fonte: GONÇALVES, 2007, pp.142 e 158, apud CUNHA, 2010, p. 81. Outro ponto importante a ser abordado, neste estudo, são os patrimônios históricos. Será realizado, também, no próximo capítulo, uma alusão histórica deste processo evolutivo da conservação/restauração arquitetônica 13 CAPÍTULO 2 Patrimônio cultural Entende-se por patrimônio cultural todo aquele que sendo um objeto, uma construção ou um ambiente, que a sociedade atribui um singelo valor, artístico estético, documental, ecológico, histórico, científico, social ou espiritual e que componha um patrimônio cultural essencial a transmitir às futuras gerações. Além disso, fazem parte os bens imóveis, tais como casas, castelos, igrejas, praças, conjuntos urbanos, e, ainda, locais que expressam determinado valor para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral. Nos bens móveis, incluem-se, por exemplo, artesanato, esculturas e pinturas. Vale saber que o movimento conhecido como Iluminismo, no século XVIII, caracterizou-se pela renovação do interesse pela cultura clássica que, por meio do crescimento de livros e estampas, propiciou o maior conhecimento aos artistas e estudiosos daquele período. As descobertas de figuras como Paestum, Herculano e Pompéia, assim como o avanço das pesquisas científicas, fomentaram a crescente preocupação com a manutenção do patrimônio artístico e arquitetônico, bem como um crescimento no controle das escavações arqueológicas. É nessa época que surge o turismo motivado pelo conhecimento de bens culturais. E é no século XIX, em Roma, que se inicia a reavaliação dos monumentos arquitetônicos, sob novos conceitos de anastilose e de reintegração (técnicas que serão tratadas no capítulo 2), que ajudaram a cessar o período das espoliações. Para a correta utilização do método de anastilose, era necessário um conhecimento aprimorado dos estilos arquitetônicos, e algumas reintegrações foram realizadas com materiais diferentes dos originais, a fim de consolidar estruturas em perigo, como complementos estéticos. Mas essas soluções não foram àquelas predominantes neste período. O arquiteto e historiador, Camilo Boito, foi importante figura no desenvolvimento de intervenção, nos monumentos acerca da contradição entre as ideias da autenticidade e da reconstrução, sendo assim, pode-se inserir numa posição que fica entre a repristinação e falsificação de Viollet le Duc, e da atitude antirrestauro fatalista, apoiada por Ruskin. No Congresso de Engenheiros e Arquitetos em 1883, foi apresentada a Carta de Restauro, na qual se fundamenta as intervenções nos monumentos, em categorias diferentes, de acordo com a idade em que eles pertencem, classificando-as em: clássica, 14 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO medieval e renascentista – definindo atitudes mais conservadoras, respectivamente, para a primeira categoria e, paulatinamente, mais liberdade para as outras, e, ainda, segundo aos dois princípios básicos que são a ‘mínima intervenção’ e ‘distinguibilidade figurativa’, entre o antigo e o novo, certificando-se, então, de manter todas as adições e estratificações que foram feitas sobre o monumento, ao longo do tempo, não devendo ser consideradas menos importantes. Cesare Brandi (1989, p.3) argumenta que “a restauração deve obter o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, enquanto seja possível alcançá-la, sem cometer uma falsificação artística, nem uma falsificação histórica, e sem apagar as marcas da passagem da obra através do tempo”. Ele se fundamenta sobre o contraste dual entre instância histórica e estética, a intervenção do restauro, que constitui sempre um caso em si, não enquadrável em categorias, e nem em teorias extremas. É importante falar sobre os patrimônios tombados no Brasil, que é entendido como um instrumento de reconhecimento e proteção de um patrimônio cultural. Pode ser feito pela esfera federal, estadual e municipal. No âmbito federal, o tombamento foi instituído pelo Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937, o primeiro instrumento legal de proteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro, e o primeiro das Américas, cujos princípios fundamentais se mantêm atuais. Sendo assim, segundo o Decreto, o Patrimônio Cultural é entendido como um conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país, cuja conservação é de interesse público, quer por sua ligação aos fatos memoráveis históricos do Brasil, quer por seu importante valor arqueológico ou etnográfico, artístico ou bibliográfico. São também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, sítios e paisagens que compete a sua conservação e proteção pela sua formação natural, com que tenham sido dotados pela natureza, ou produzidos pela indústria humana. A palavra tombo, que quer dizer registro, começou a ser empregada pelo Arquivo Nacional Português, fundado por D. Fernando, no ano de 1375, e originalmente instalado em uma das torres da muralha que protegia a cidade de Lisboa. Com o passar do tempo, o local passou a ser chamado de Torre do Tombo. Ali eram guardados os livros de registros especiais, ou livros do tombo. No Brasil, como uma deferência, o Decreto-Lei adotou tais expressões, para que todo o bem material, passível de acautelamento, por meio do ato administrativo do tombamento, seja inscrito no Livro do Tombo correspondente (IPHAN, 2016). 15 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I Segundo o IPHAN, até janeiro de 2017, eram 88 conjuntos urbanos protegidos, sendo 68 tombados, três tombamentos provisórios, 14 rerratificações, um tombamento emergencial, e dois anexados (destes dois, um tombado e um tombamento provisório). Nessas áreas, o IPHAN age e investe recursos, tanto direta, na forma de obras de qualificação, quanto indiretamente, por meio de parcerias com outras instituições municipais e estaduais, além do PAC Cidades Históricas, e dos Planos de Mobilidade e Acessibilidade Urbana. Quando falar de patrimônios históricos, é necessário que se tenha em mente os principais acontecimentos para elucidar os fatos, o que vale dizer que as Cartas patrimoniais são exemplos clássicos para o entendimento, e conhecimento de como se deu o processo de evolução das técnicas de restauro. » A carta patrimonial de Atenas (1931) – foi o primeiro documento internacional, trouxe a proposta de periodicidade de serviços de manutenção e conservação, além de permitir técnicas e materiais modernos nas restaurações. » Carta de Veneza (1964) – vem com a ideia permanente, de que valoriza a autenticidade, dentre as quais: a distinção entre o historicamente verdadeiro e moderno. » Carta de Restauro Italiana (1972) – ela é contra as falsificações, e traz o conceito de reversibilidade. » A Declaração de Amsterdã (1975) – fala-se da conservação integrada: dos métodos, técnicas e profissionais. » Carta de Burra (1980) – conceitua: a manutenção, preservação, restauração, adaptação e o uso compatível, abarca o respeito pelas contribuições dos diferentes períodos, defendendo a mínima intervenção dos patrimônios, e a reversibilidade. Diante dos fatos abordados até o momento, faz-se saber que, quanto ao projeto de intervenção, propriamente falado, é mostrado que no ‘Manual’ que são necessárias as atividades iniciais que se referem a identificação e o conhecimento do bem, incluindo o conceito do novo uso, ou a avaliação do existente, para garantir a eficácia do projeto. 16 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO Com isso, o projeto de intervenção de um patrimônio histórico deve ser formado pelas seguintes etapas: 1. Primeira etapa – (identificação e conhecimento do bem): pesquisa histórica; levantamento físico; prospecções; análise tipológica; identificação de materiais e sistemas construtivos. 2. Segunda etapa– (diagnóstico): mapeamento de danos; fazer a análise do estado de conservação; dos estudos geotécnicos; e os ensaios e testes; 3. Terceira etapa – (proposta de intervenção): faz-se o estudo preliminar; obtenção do projeto básico de intervenção; e, por fim, o projeto de execução. Dessa maneira, fica demonstrada as etapas de um projeto de intervenção, a fim de que seja realizado, de uma maneira metodizada, para o bem do patrimônio histórico. Sendo assim, neste capítulo, foi abordado alguns fatos históricos, trazendo consigo o estudo desenvolvido por pesquisadores/restauradores, e o surgimento de técnicas que seriam aplicadas, posteriormente, no restauro dos monumentos, respeitando-se as características de cada obra arquitetônica. São imagens de patrimônios históricos culturais no Brasil, os monumentos ilustrados a seguir: Figura 2. Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Foto: Chris Pellet/Manauscult (2019). 17 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I Figura 3. Monumento à Tenreiro Aranha, Manaus. Foto: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016). Figura 4. Centro Histórico de Ouro Preto, Minas Gerais. Fonte: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016). Figura 5. Centro Histórico de Salvador, Bahia. Fonte: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016). 18 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO Figura 6. Igreja de São Francisco de Assis, na Lagoa da Pampulha, Minas Gerais. Fonte: Site: mineirosnaestrada.com.br (2019). Segundo o IPHAN, com quatro patrimônios históricos, Minas Gerais é o Estado brasileiro com a maior quantidade de monumentos. Para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o conjunto da Pampulha está na origem da produção arquitetônica e urbanística do Brasil Moderno, e deve ser divulgado para toda a humanidade. Já a lagoa da Pampulha é marcada com as quatro primeiras obras assinadas, pelo reconhecido arquiteto Oscar Niemeyer, construídas entre anos de 1942 e 1943, com jardins de Burle Marx, painéis de Candido Portinari e esculturas de Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa. A obra da Lagoa da Pampulha é composta pela Igreja São Francisco de Assis, o Cassino, a Casa do Baile e o Iate Clube. Conheça os bens tombados, sejam esses monumentos naturais, sítios ou paisagens. Acesse o link abaixo: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/126. Acesso em: 15/1/2020. Faça uma síntese sobre a importância da representatividade desses patrimônios históricos para o Brasil. 19 CAPÍTULO 3 Diagnóstico, documentação e manutenção No processo de avaliação da restauração de um monumento arquitetônico, é necessário fazer um levantamento da anamnese do caso, por meio de diagnósticos, documentações e a execução de manutenções. Para tanto, é importante entender o que é cada um desses procedimentos. Diante disso, o diagnóstico compreende fazer a identificação, a determinação da composição, e posterior avaliação das condições dos bens culturais; a identificação, a natureza e extensão das mudanças sofridas, a apreciação das causas da sua degradação e a determinação do tipo e extensão do tratamento adequado, assim como o estudo das informações existentes relacionadas. Com isso, relata-se o diagnóstico da situação, como exemplificado nos pontos a seguir: » Na primeira etapa, são realizados os estudos que devem ser conduzidos para a formulação do diagnóstico do problema, o qual pode ser entendido como o equacionamento do quadro geral da patologia existente. » Em seguida, é feita uma definição da conduta, que está relacionada a uma avaliação da necessidade, ou não, de se fazer uma intervenção no problema patológico, referindo-se, portanto, às alternativas de intervenção e à definição da medida terapêutica mais indicada. » Por último, é realizado o registro do caso, uma vez solucionado o problema patológico, e adotada uma conduta adequada, passa-se a confrontar os efeitos resultantes, com os desejados, gerando uma fonte de informações que retroalimenta o processo de produção do edifício. O registro do caso constitui-se numa fonte relevante e segura para consulta, de modo que os problemas encontrados possam ser evitados nos empreendimentos futuros. Já a documentação é composta por materiais, como imagens e textos que retratam o histórico de todos os procedimentos executados, e a exposição de como foi o pensamento para a prática que esteve por trás deles. Compõem a documentação: os relatórios de exames, a proposta de terapêuticas, a concessão e observações do proprietário, além de documentos e relatórios que ilustrem o tratamento efetuado, como recomendações para futuras intervenções. 20 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO Define-se, assim, a manutenção dos monumentos, a forma como as intervenções são realizadas no dia a dia, a fim de manter a integridade física dos bens culturais. Atenção para um fato relevante é que a gestão de moradias também é um aspecto importante a ser considerado, no âmbito dos estudos de manutenção. Nesse aspecto, SIM (1997) ampliou, em seu estudo, o assunto de reparos e manutenção, em locais de diversas propriedades da Escócia, focando, em particular, a prática das administradoras. Tradicionalmente, estas têm sido frequentemente retratadas como tendo pouco interesse no reparo e manutenção dos imóveis, que eles são responsáveis. No entanto, o autor demonstra que essa imagem tem sido trabalhada e, de fato, a partir de 1930, as organizações das administradoras tiveram um avanço, não apenas no que tange a manutenção de um determinado tipo de moradia da Escócia, mas, também, nas suas melhorias. Um outro tipo de estudo, realizado também na Escócia, tem a finalidade de analisar as causas da falta de manutenção, no setor de moradias próprias. O modelo gerado no estudo de LITTLEWOOD (1996) explica a incidência de falta de manutenção nas moradias, em relação a três amplos grupos de fatores: as características das famílias; características físicas das moradias; características da vizinhança. Vale dizer, então, que o estudo das patologias das construções está sendo cada vez mais difundido, sendo este um campo bastante vasto visto. Todavia, tem sido dado pouca ênfase, a respeito da manutenção preventiva das construções. Assim, os estudos a respeito dos problemas presentes nas construções são fundamentais, até mesmo por que estes servem de retroalimentação para novos processos construtivos. De acordo com os elevados índices das aparições patológicas, que vêm surgindo nas edificações, busca-se, cada vez mais, a garantia e o controle da qualidade em todo o processo construtivo. Dessa maneira, a qualidade final do produto depende da qualidade do processo construtivo, da interação entre as fases do processo produtivo, e do intenso ‘feedback’ das informações, que proporciona a melhoria continuada. Destarte, o projeto arquitetônico, para uma construção de uma nova edificação, surge a fim de facilitar um projeto que será desenvolvido, para tanto, o produto concebido responderá da melhor maneira à situação proposta. O profissional, arquiteto, toma como um tema as ideias de seus clientes, para que ele comece a dar a forma ao projeto que será realizado (solução arquitetônica), ajustando ao tema proposto. 21 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I A partir do tema, o arquiteto realiza as coletas de dados, e inicia a elaboração de um programa de necessidades. Dentre os dados coletados na reunião com o cliente, encontram-se informações a respeito do terreno, como: dimensões, topografia, orientação solar, por exemplo. Com o programa de necessidades, é elaborado o uso proposto, caracterizando-se pela relação dos espaços e metros quadrados necessários ao desenvolvimento das atividades propostas. Daí o estudo preliminar simplesmente se conclui. Portanto, no momento em que os agentes envolvidos, arquiteto e cliente, sentem-se plenamente satisfeitos com a ideia adquirida, que deve atender inteiramente o tema proposto. Essa etapa do processo de projetação tem umagrande importância no contexto do projeto, como um todo. Afinal, um bom estudo preliminar é a garantia de um bom projeto e, por consequência, de uma arquitetura de qualidade. Contudo, a execução de um empreendimento necessita também de informações técnicas concisas, sendo assim, a partir da aprovação do estudo preliminar do cliente, inicia-se a etapa do desenvolvimento do projeto, adaptando-se as soluções técnicas exigidas e necessárias à boa interpretação do projeto, e possibilitando, desta maneira, a aprovação nos órgãos responsáveis, dando-se o nome, a esta etapa, de Projeto Básico. Com o Projeto Básico aprovado, inicia-se o que se chama de detalhamento, e é a etapa do Projeto Executivo, composto pelo conjunto de informações necessárias à plena compreensão da edificação proposta, que é permitido, assim, a correta execução da obra. Projeto Executivo implica no desenvolvimento de desenhos extremamente detalhados e especificados dos elementos arquitetônicos como pisos, louças, telhados, esquadrias, guarda-corpos, pintura, entre outros. Diante do que foi abarcado, fica sintetizado que o conjunto de projetos e documentos, juntos, possibilitam a execução correta da obra, e se poderia pensar que o trabalho dos profissionais projetistas foi, então, finalizado. Mas isso não para por aí. A fiscalização da execução da obra, por parte desses profissionais, é de extrema relevância. A seguir, será descrito, de forma sintética, sobre a elaboração de um Projeto Básico, até a etapa de sua aprovação. Deve ser realizado um Programa de Necessidades. Por meio disso, obtém-se um estudo preliminar, que estará fazendo uma relação direta com a consulta aos 22 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO projetos complementares e, também, com histórico de projetos. Em seguida, realiza-se uma reunião com todos os envolvidos no processo, para a obtenção de uma análise crítica, e, com isso, pode-se chegar a uma aprovação do projeto, ou não, que se dará novamente com a consulta aos projetos complementares, e pôr fim aos estudos preliminares desses projetos, e ao anteprojeto da arquitetura. Logo, é importante frisar que, quando se refere, em obra de reforma e, mais especificamente, de conservação e de restauração de um edifício com valor histórico reconhecido pelos órgãos competentes de preservação ou, ainda, da construção de um novo edifício, ou uma reforma em imóvel localizado em área de entorno de bem tombado, ao contexto acima explanado, amplia-se, consideravelmente, ganhando maior complexidade. Sendo assim, uma antiga edificação de valor histórico, ou um sítio histórico, necessitam de intervenções, nitidamente com o objetivo de mantê-los aptos a ‘acolher’ as atividades humanas, no modelo atual, que assegurem a manutenção do valor histórico específico. Há, ainda, que destacar toda a adaptação dos espaços preexistentes aos novos usos, tendo limitações que esses ambientes impõem, na proporção que, muitas vezes, não podem ser modificados. Acesse o link abaixo: e saiba mais sobre a relevância de se fazer a manutenção predial das edificações. https://realizarengenharia.com/2019/08/03/inspecao-predial-e-obrigatoria- veja-sua-legislacao-nacional-estadual-e-municipal/. Acesso em: 15/1/2020. 23 CAPÍTULO 4 Conservação preventiva e corretiva Logo, faz-se saber a importância da realização das manutenções, com isso, é de muita relevância a necessidade de se realizar uma conservação preventiva, que consiste na realização de intervenções indiretas, objetivando o retardamento da degradação, e impedindo a deterioração, uma vez criadas as condições de otimização para a conservação dos bens culturais, de forma que essas medidas sejam compatíveis com a sua utilização social. A conservação preventiva compreende, também, no tratamento adequado, no transporte, na utilização, no acondicionamento em reserva, e na exposição. Pode, também, acarretar questões que tenham a ver com a produção de réplicas, com a intenção de preservar os originais. Diante de vários estudos sobre a restauração dos monumentos arquitetônicos, atualmente temos conceitos bem definidos sobre como e o quê preservar, conservar e restaurar, fruto de vários experimentos e reflexões, que se desenvolveram ao longo de séculos. As ideias evoluem somando conhecimentos, e as definições são diversas. Então, o objetivo é manter o original, dentro da diversidade das manifestações culturais. Sendo assim, alguns métodos descritores para os levantamentos patológicos são elencados: esta etapa fundamenta-se na obtenção das informações necessárias, para que se possa compreender o problema ocorrido. Sua estruturação ocorre a partir da elaboração de um quadro geral das manifestações presentes, em que devem ser devidamente relatadas as evidências que provocaram, efetivamente, o problema. As informações podem ser obtidas por meio de quatro fontes básicas: vistoria do local; levantamento do histórico do problema e do edifício (anamnese do caso), exames complementares, e pesquisa (bibliográfica, tecnológica, científica e normativa), discutidas a seguir. Identificação do problema na construção, por meio de vistoria A identificação do problema patológico, o qual pode ser compreendido como uma situação em que o edifício, ou uma parte deste, num determinado instante da sua vida útil, não manifesta o desempenho previsto. De uma forma geral, as manifestações, ou sintomas patológicos, que se traduzem por modificações 24 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO estruturais e/ou funcionais, no edifício ou na parte afetada, representam os sinais de aviso das falhas surgidas. Com isso, a vistoria do local pode se dar a partir da insatisfação do usuário, com o desempenho de algum ponto do empreendimento, acionando um profissional, a fim de solucionar o dano; ou pode decorrer de um programa rotineiro de manutenção, em que, por meio de uma inspeção, constata-se a existência de um problema patológico. Logo, a vistoria, em um ou outro caso, deve seguir alguns passos específicos, para que se possa atingir uma conclusão objetiva. Nesse sentido, propõe-se, a seguir, um procedimento básico para a realização da vistoria do local: 1. Determinação da existência e da gravidade do problema patológico; 2. Definição da extensão e do alcance do problema; 3. Registro dos resultados. A solução para o problema das manifestações é que, uma vez conhecidas e corretamente interpretadas, podem conduzir ao entendimento do problema, possibilitando a sua resolução, a partir de uma intervenção. Levantamento do histórico do edifício Essa etapa somente será desenvolvida, quando for constatada a escassez de subsídios para diagnosticar o problema, na fase da vistoria in loco. Para tanto, a obtenção das informações, sobre as atividades desenvolvidas, é proveniente, basicamente, de duas fontes: Investigação com pessoas envolvidas com o empreendimento Dependendo do estágio em que se encontra o imóvel, pode-se entrevistar um grupo variável de profissionais envolvidos, entre os quais destacam-se: operários da obra; fornecedores e fabricantes de materiais; construtores; projetistas; proprietário do empreendimento; vizinhos; usuários; entre outros. Análise de documentos fornecidos Como anteriormente pontuado, as informações obtidas das entrevistas podem não fornecer um diagnóstico o bastante e confiável, para o estabelecimento do histórico da situação. Se isso acontecer, pode ser usado, como fonte complementar, os documentos produzidos durante a realização do empreendimento, e no período de utilização do edifício. São esses os exames complementares: 25 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I Esses exames podem ser de duas naturezas: ensaios obtidos em laboratório ou in loco. a. ensaios em laboratórios; Ensaiar e analisar o material significa obter os valores de propriedades que sejam relevantes ao seu uso; b. ensaios no local; Estes ensaios são caracterizados por serem realizados no próprio canteiro de obras, a partir de equipamentosespecíficos. c. Pesquisa; Já na pesquisa, são obtidos os resultados devidamente avaliados e, tendo-se chegado à conclusão de que não se consegue diagnosticar o problema, tem-se uma última fase, que seria as pesquisas bibliográficas, tecnológicas e científicas. Dessa forma, vale salientar que os problemas patológicos nas construções só se manifestam após o início da execução propriamente dita, a última etapa da fase de produção. Com relação à recuperação dos problemas patológicos, HELENE (1986) afirma que “as correções serão mais duráveis, mais efetivas, mais fáceis de executar, e muito mais baratas, quanto mais cedo forem executadas”. (p.23). O exemplo mais expressivo dessa afirmação é a chamada ‘lei de Sitter”, que mostra os custos crescendo, segundo uma progressão geométrica. Dividindo-se nas etapas construtivas e de uso, em quatro períodos, correspondentes ao projeto, à execução propriamente dita, à manutenção preventiva efetuada antes dos primeiros três anos, e à manutenção corretiva, efetuada após surgimento dos problemas. A cada uma corresponderá um custo, que segue uma progressão geométrica de razão cinco, conforme indicado no gráfico mais adiante. Por tanto, toda medida extra projeto, tomada durante a execução, incluindo o período da obra recém-construída, implica-se num custo 5 (cinco) vezes superior ao custo que teria sido acarretado, se esta medida tivesse sido tomada, a nível de projeto, para se obter o mesmo ‘grau’ de proteção e durabilidade da estrutura. Um exemplo típico é a decisão em obra de reduzir o fator a/c (água/cimento) do concreto, para aumentar a sua durabilidade e proteção à armadura. A mesma medida, se fosse adotada durante o projeto executivo, permitiria o redimensionamento automático da estrutura, considerando um concreto de resistência à compressão mais elevada, de menor módulo de deformação, de menor deformação lenta, e de maiores resistências à baixa idade. 26 UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO Entende-se, assim, que a patologia na execução é gerada desde problemas no projeto, ocorrendo uma relação estreita entre elas; isso não significa dizer que a patologia de projeto não existindo, a de execução também não existirá. Logo, nem sempre obtendo projetos de qualidade desaparecerão os erros de execução. É importante tecer um breve comentário a respeito do ensaio Slump Test, ou teste de abatimento do concreto, o qual consiste num meio rápido de definir as características do concreto fresco, momentos antes de sua aplicação, fazendo parte do controle tecnológico, vide ilustração 10 e 11 mais adiante. Dessa maneira, o Slump Test mede a consistência do concreto, para averiguar a trabalhabilidade e certificar se aquele concreto poderá ser utilizado para concretar determinada peça na obra. Esses testes são de enorme valia, para que uma construção seja de qualidade, o que pode prevenir grandes transtornos no futuro, que são as causas provenientes de erros no projeto, e falhas na execução. Figura 7. Ensaio de concreto, no canteiro de obra. Fonte: UFRGS (2012). Figura 8. Ensaio de concreto, no canteiro de obra. Fonte: UFRGS (2012). 27 O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I Com isso, segue um gráfico de custo versus tempo, para representar a relação da progressão do custo, relativo à intervenção em um edifício. Descreva o porquê a dosagem de concreto, seguindo os parâmetros normativos, é relevante para a execução de uma obra. Pesquise a Norma ABNT NBR 7212. 28 UNIDADE IIMÉTODO CAPÍTULO 1 Restauração Para o procedimento de restauração, é relevante fazer uma alusão histórica, para se obter um melhor conhecimento sobre a prática do restauro, nas obras de arquitetura da atualidade, e, assim, entender como funcionam os processos da arquitetura contemporânea; neste aspecto, pode-se demonstrar, de forma didática e linear, uma abordagem de reflexão sobre os conceitos e exemplificações de como é importante a complexidade do restauro, além de fazer uma abordagem com características, por meio de citações relevantes, a respeito do restauro na história dos monumentos arquitetônicos, no Brasil. Um projeto de conservação e restauro, também denominado de cadastro, é iniciado por uma coleta de dados, sendo que o cadastro é um elemento comum no dia a dia, pois se refere à uma compilação de informações, que dão características a um determinado elemento. Quando se fala em preservar a arquitetura de um bem, tem-se, no cadastro, o conjunto de informações para caracterizar o objeto em estudo. Além de integrar as informações que foram listadas, para obtenção dos dados do projeto arquitetônico, faz-se necessário levantar o histórico do edifício, suas características iniciais, e as alterações que passou ao longo dos anos, até chegar à atualidade. Também é preciso realizar o levantamento da história de utilização e dos usuários; a identificação da intensidade de proteção a que o objeto da intervenção é sujeito; a importância da relação do edifício no entorno; o levantamento arquitetônico (gráfico e fotográfico) atual. Com isso, obtém-se um relatório do estado de conservação, das patologias e seus diagnósticos, logo, o levantamento das exigências dos órgãos competentes de preservação a que o edifício está sob responsabilidade. Sendo assim, o método de Conservação/Restauração tem a multidisciplinaridade como uma importante etapa, desde o cadastramento. 29 MÉTODO │ UNIDADE II Nessa etapa, já se faz necessário a presença de um arquiteto especialista em conservação e restauração, em elementos arquitetônicos, além de historiadores e engenheiros, com especialidade na área. Conta, também, com arqueólogo historiador, cientista social, entre outros profissionais afins. As diversas áreas (multidisciplinariedade) do trabalho ganha, a cada etapa, mais personagens. Ao passo que o projeto avança, aumenta a necessidade de agrupar profissionais especializados, nas diversas áreas da conservação. Ademais, para o aperfeiçoamento de um profissional que deseja se aprimorar na prática do restauro, é relevante que este comece seus estudos numa escola de arquitetura, aprofundando-se em pesquisas, na história propriamente dita, a fim de que possa desenvolver as melhores técnicas, para que seja realizada, de forma adequada, uma intervenção a uma determinada obra. É importante, ainda, dizer que, para se fazer o bom entendimento da restauração, vale destacar que é necessário o conhecimento da história, sempre aliada à teoria e à prática, visto que, a partir do século XVIII, iniciam-se as aplicações das técnicas de restauro, valendo salientar que existem algumas linhas de restauro. Na Europa, Itália, por exemplo, existem linhas de pesquisas mais consolidadas na prática do restauro. Já no Brasil, essas aplicações são pouco consolidadas, podendo-se observar uma variação nas técnicas. Segundo a historiografia, uma técnica, ou linha de pesquisa, é o restauro crítico, o qual se busca manter as características de um monumento, sem perder de vista as suas características iniciais. Observa-se que o cenário da arquitetura contemporânea e moderna adota, em geral, o restauro como uma categoria à parte dentro do universo de restauro das obras de arte, até mesmo nos casos em que existe um reconhecimento de seu valor como bem cultural. Ao se averiguar, por meio de alguns casos de intervenção no Brasil de seus modernos patrimônios, depreendendo-se assim, manifestos a favor de um restauro, ou conservação das edificações no Brasil, do século passado, destaca-se o livro de Riegl, no qual se objetiva o aprofundamento da reflexão sobre os limites e possibilidades do restauro. Dessa maneira, para que ocorra a preservação de um patrimônio cultural, é necessário que se tenha a consciência daquilo que é considerado um monumento histórico, no caso dos bens arquitetônicos, essa abordagem está inerentemente relacionada às suas características, que é a utilização. 30 UNIDADE II │ MÉTODO É conveniente recordar-se da teoria dosvalores, do historiador Riegl, o qual conceitua o monumento baseando-se na teoria dos valores relativos, ou seja, cada monumento não tem o seu valor atribuído ao seu próprio monumento, mas na vontade artística, a qual passa por mudanças de época a época, ao passo em que se transformam nas bases da sociedade que a produzam. Observando um passado próximo, que nos separa da produção moderna, causa empecilho ao valor desse patrimônio, porque segundo Riegl, quando se deseja do monumento uma nova aparência, de uma construção recém-criada, ocorre, na verdade, uma tendência de uma reconstrução, e, consequentemente, a perda de um verdadeiro restauro, até mesmo nos monumentos em que existe o reconhecimento de sua grande significância para a história na arquitetura. Tratando-se de Brasil, o século passado é destacado com transformações marcantes, as quais as principais cidades brasileiras transitavam. Percebe-se, nesta época, o início das mudanças nas estruturas coloniais das construções para os novos modelos urbanos, onde começaram a ser preparadas novas malhas urbanas, inseridas numa modernidade arquitetônica, adotando um termo chamado ‘modernidade’, que assumiria, com maior força, a partir da segunda metade do século. Já nos anos de 1930, conceitos como a eficiência, economia e funcionalidade na arquitetura tiveram forte aplicação em obras públicas, a maioria delas em projetos e obras de instituições oficiais de arquitetura e engenharia. As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram, logo após a chegada de Getúlio Vargas ao poder, uma proposta de remodelação da tipologia arquitetônica das escolas públicas. Os formatos geométricos passaram a caracterizar os novos edifícios escolares Surge a construção dos edifícios, nas décadas de 1930 e 1940, na maioria das grandes cidades, tendo na verticalização um modelador da paisagem urbana. Usualmente, eram edifícios comerciais: nessa época, o arranha-céu era um investimento pesado e, mesmo nos Estados Unidos da América, deixava dúvida quanto à sua viabilidade técnica e econômica. Contudo, era uma solução para a habitação no Brasil. O edifício em altura era um desafio para uma sociedade, que desconhecia esse modo de vida. Sendo assim, é conveniente destacar algumas das recentes técnicas de intervenção, no patrimônio moderno brasileiro, como exemplos da diversidade de abordagens, que se verifica quando se trata da restauração moderna. São elas: o restauro 31 MÉTODO │ UNIDADE II filológico, visando a recuperação das características originais da obra; uma segunda postura, semelhante por princípio à anterior, seria a reconstrução ao idêntico de obras destruídas; uma outra possibilidade é a atualização, ou mesmo correção tecnológico-construtiva do monumento. Portanto, verifica-se que a iconografia disponível é suficiente para orientar a recuperação dos elementos em seus detalhes. Análise dos elementos originais poderão servir para verificar dúvidas, e confirmar detalhes construtivos, dessa maneira, procede-se ao restauro. Dica de leitura: Alois Riegl e o culto moderno dos monumentos. https://www. vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.054/31384. Acesso em: 15/1/2020. 32 CAPÍTULO 2 Anastilose A técnica de anastilose pode ser definida como a recomposição de partes existentes de um monumento histórico, ficando evidenciado a separação do que é original e a intervenção realizada, o que pode ser caracterizado como uma reconstituição. Contanto, é interessante fazer uma breve descrição, a respeito da carta de Atenas, a qual abarca, de forma sistemática, alguns itens importantes, além disso, faz uma referência à técnica de anastilose. A carta de Antenas, de 1931, foi criada com o intuito de estabelecer normas de conduta internacionais, voltadas à preservação de patrimônios históricos e culturais da humanidade. Dessa forma, ela traz, em seu arcabouço, as doutrinas e princípios gerais, abordagem sobre administração e legislação, a valorização dos monumentos históricos, os materiais de restauração, deterioração dos monumentos, a técnica de conservação, e, por último, a conservação dos monumentos e a colaboração internacional. A carta de 1931 traz algumas recomendações, dentre as quais: 1. Doutrinas e princípios gerais: › A obra artística deve ser respeitada, sem prejudicar estilo de nenhuma época. › Manter a utilização dos monumentos, assegurando a continuidade de sua vida, destinando-os sempre às finalidades do seu caráter histórico ou artístico. 2. Administração e legislação: › Direito da coletividade, em relação à propriedade privada. › Dificuldade de conciliar esses direitos. › Legislações adaptadas à opinião pública. 3. A valorização dos monumentos › As construções dos edifícios devem respeitar o caráter e a fisionomia das cidades, principalmente na vizinhança dos monumentos antigos. 33 MÉTODO │ UNIDADE II › Plantações e vegetações devem ser preservadas, quando fizerem parte da obra histórica. › Perspectivas pitorescas devem ser preservadas. › Supressão de publicidades, postes e fiações, indústrias ruidosas e altas chaminés, nas proximidades dos monumentos. 4. Os materiais de restauração › Emprego adequado dos recursos modernos, inclusive o concreto armado, desde que não altere o aspecto e o caráter do edifício. 5. Deterioração dos monumentos › Colaboração mundial para a obtenção e divulgação de métodos aplicáveis, em diferentes casos de restauro. › Retirar a obra de seu lugar de origem é considerado lamentável. › Constata que os edifícios do mundo inteiro estão cada vez mais ameaçados pelos agentes atmosféricos. › Recomenda-se preservar os modelos originais, e, na falta deles, a execução de moldes. 6. Técnica da conservação › Quando for impossível a conservação de ruínas escavadas, deve- se estuda-las e, depois, enterrá-las novamente, necessitando da colaboração de um arquiteto e arqueólogo. Tal processo se chama ‘anastilose’. › Antes de qualquer restauração, deve ser fita a análise minuciosa das patologias presentes. 7. A conservação dos monumentos e a colaboração internacional › É enfatizada a importância de ações educativas de sensibilização e divulgação do interesse de preservação dos testemunhos de toda a civilização. › Cooperação mundial propiciando a conservação do patrimônio artístico e arqueológico da humanidade, que é de interesse de todos. 34 UNIDADE II │ MÉTODO › A Grécia é um exemplo de execução de trabalhos, com a colaboração de arqueólogos e especialistas internacionais. › Cada Estado tem o dever de publicar inventários contendo informações e fotos dos monumentos históricos nacionais. São exemplos de Obras de restauro: Restauração da igreja Nossa Senhora do Carmo, da antiga Sé, do Rio de Janeiro. Características da igreja – Construção do século XIX, em estilo neocolonial, tombada pelo IPHAN. Entre 2006-2008 obra de restauração (duração de 1 ano e 6 meses); características da obra: restauração das fachadas, marmorização das fachadas e interior. De acordo com a carta de Atenas, na restauração da igreja, foi preservada toda a história do monumento, a técnica da pintura, respeitando o método executivo da construção do século XVIII, XIX, e XX. Restauração da estação ferroviária de Joinville (ano de construção – 1906, ano de tombamento – 2008, ano de conclusão do restauro – 2008). O objetivo principal foi resgaste das características originais do prédio construído em 1906, e ampliado em 1917 e 1919. A pintura do prédio externo foi efetuada na mesma técnica de sua primeira pintura. A tinta a cal permite a troca entre a umidade entre os lados internos e externos da parede. Todas as camadas de tinta acrílica foram removidas com um soprador térmico. Pedaços da parede com reboco e a tinta foram encontrados enterrados próximos ao prédio da estação, servindo como base para a definição da cor atual. Uma equipe de cinco restaurados descobriu que, além da cor da tinta original, pinturasmurais em todos os ambientes interiores da estação. A técnica artística era muito utilizada na época, como forma de decorar o ambiente. Áreas desses murais, bem como todas as cores e camadas de tintas utilizadas para cobrir as paredes da estação, estão expostas em diversos locais. A técnica de anastilose, ou reconstituição de projetos da arquitetura, tem como finalidade registrar os edifícios em ruínas, desfigurados ou inacessíveis, por meio de desenhos arquitetônicos. A relevância do registro desses desenhos consiste em conservar a memória e o bem patrimonial da arquitetura, prática que ocorre desde o século XVIII, desde as primeiras expedições arqueológicas. 35 MÉTODO │ UNIDADE II O profissional, arquiteto, contribui desde os primeiros trabalhos de reconstituição até o presente momento, fazendo-se, por meio dos desenhos arquitetônicos, seja na representação dos dados coletados, seja no levantamento de informações. As técnicas de desenho assistido por computador, conhecido por ‘Autocad’, aumentaram as possibilidades de representar e registrar os projetos arquitetônicos, além disso, os recursos da representação gráfica possibilitaram agregar, num único espaço, informações que, comumente, encontravam-se soltas em acervos e suportes distintos. Com isso, ficou permitido o melhor acesso às informações sobre os bens culturais, tanto pelos pesquisadores, quanto pelo público de interesse, ampliando, dessa maneira, a importância da preservação patrimonial. Como exemplo da utilização da computação gráfica, a fachada do Teatro Municipal Carlos Gomes, de Campinas, teve a sua fachada reconstituída. O trabalho realizado, neste exemplo, utilizou recursos de análise, por meio de fotografias, plantas arquitetônicas e partes remanescentes do edifício, para conceituar o que teria sido a elevação de sua fachada, e, assim, caracterizar uma metodologia de reconstituição arquitetônica para justificar a sua real importância. Sintetize as principais diferenças entre os métodos: Restauração e Anastilose. 36 CAPÍTULO 3 Adaptação ao novo uso (retrofit) Retrofit pode ser definido como uma técnica da arquitetura e engenharia, empregada para a adaptação de prédios existentes, a fim de melhorar a edificação, sem modificar o projeto estrutural. O surgimento e o desenvolvimento do retrofit se deu na Europa, onde tem uma grande importância, devido à grandiosidade das edificações antigas e históricas, e visto que essa técnica é bastante utilizada nos Estados Unidos. Nestes países, observa-se que, por meio de sua legislação mais rigorosa, não foi permitido que o rico acervo de arquitetura fosse trocado, o que abriu leque ao surgimento desse tipo de solução, o retrofit, que conserva o patrimônio histórico, e, ao mesmo tempo, permite a boa utilização do imóvel. É importante salientar que o termo retrofit não pode ser confundido com restauração, já que este último traz a edificação ao seu estado original, tampouco com reforma, uma vez que não se compromete com as características originais do prédio. Modernização é a palavra que tem o significado conceitual mais próximo dessa técnica, pois, além de restaurar o edifício, o retrofit renova as estruturas, com novas tecnologias, tanto em materiais, quanto em soluções. Contudo, o retrofit não é apenas empregado para fazer reparos aos desgastes naturais de materiais, mas, também, para atender às inovações tecnológicas do atual mercado. Com isso, o ponto crucial do projeto se dá na necessidade de adequação do edifício referente às normas e desempenhos que ele não atende. É corrente se planejar para a execução, sendo necessário considerar fatores econômicos e logísticos. Tem-se a necessidade de uma avaliação criteriosa, baseada nos desejos dos clientes, sendo realizados as estimativas de custos e, também, a viabilidade da logística para a execução, para tanto, recomenda-se que seja elaborado um projeto completo, para ser executado em etapas, com todos os detalhes da obra, com o intuito de evitar transtornos de incompatibilização nos projetos. A técnica do retrofit pode ser usada em qualquer tipo de edifício, e envolve diversos setores da construção civil, dentre as quais: a fachada, o piso, a iluminação, as instalações hidráulicas e outros, que variam de acordo com a necessidade de cada projeto. 37 MÉTODO │ UNIDADE II Observa-se que, com o surgimento de novos materiais, são contempladas as novas exigências tecnológicas, sendo assim, pode-se associar isso à ideia de retrofit, no qual é necessário conceber que a novidade deve ser capaz de alcançar todos os objetivos do que se tornou ultrapassado e, ainda, agregar novos valores à sua existência. Logo, retrofitar um edifício, em questão de iluminação, por exemplo, significa substituir lâmpadas tradicionais (incandescentes) de uma luminária, por modelos de melhor desempenho, que garantam mais vantagens, como a redução de consumo de energia e maior durabilidade. A tecnologia LED é a mais indicada nesse caso, pois está associada à eficiência energética e econômica. É conveniente destacar algumas vantagens que a técnica retrofit propicia às obras arquitetônicas, dentre elas, o poder de ser sustentável. Sabe-se que a adequação torna uma fachada mais eficiente, permitindo que sejam introduzidos os sistemas de eletricidade, hidráulicos, iluminação e ventilação, que asseguram as condições ambientais. Tem-se, nesta técnica, uma tendência ao seu crescimento, por meio de uma maior demanda, levando-se em consideração a sua importância para a preservação dos patrimônios históricos, além de se representar como uma forma de solucionar com mais praticidade e sincronicidade dos edifícios tombados aos novos padrões. Sendo assim, o retrofit também propicia a relação custo-benefício à uma construção. Considerando que a despesa com a permuta de materiais e execução do projeto pode demandar, de início, a economia criada pelas novas tecnologias, faz o investimento, neste tipo de procedimento, valer a pena. Com frequência, pode-se ser observado a existência de vários empreendimentos comerciais, que vêm passando pelo método de retrofit, sendo adquiridos por investidores e empresas incorporadoras que, ao comprar prédios antigos, realizam a técnica para renová-los e, por conseguinte, comercializá-los. Contudo, pode-se observar, também, que há uma grande tendência na procura por projetos do método retrofit, em empreendimentos residenciais. Os proprietários veem, nessa técnica, uma adequação muito proveitosa, sendo um investimento rentável para adequação. De antemão, não adianta você investir em melhorias para seu apartamento, caso o prédio onde você mora não possua uma boa infraestrutura que deixe seu imóvel valorizado, e que também torne mais fácil o dia a dia do transeunte. 38 UNIDADE II │ MÉTODO Em síntese, além de ser uma grande intervenção no edifício, o retrofit determina a maneira como a edificação irá funcionar, para reduzir gastos com energia e custos com manutenções devidas. Vale fazer destaque de um espaço que foi recuperado, entre os anos 2009 a 2012, utilizando o procedimento retrofit, que foi o conjunto Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer, em 1950. O prédio, atualmente, abriga o Museu de Arte Contemporânea. Na atualidade, tornou-se comum a busca pela revitalização de antigos edifícios, sendo essa a motivação principal, o que aumenta a vida útil, com a utilização das avançadas novas tecnologias, tanto em sistemas prediais, quanto na utilização de materiais modernos, compatibilizando-os com as restrições urbanas e de ocupação, sem contar que promove a preservação do patrimônio histórico, sobretudo, o arquitetônico. É conveniente mencionar que, na maioria das vezes, o retrofit sai mais custoso do que demolir um antigo edifício, e construir um outro. Todavia, tratando-se de conservação de um patrimônio histórico, o custeio é ignorado. Mas nem sempre isso ocorre. A técnica de retrofit planejado, projetado e executado de forma correta,poderá manter a edificação sempre atualizada, o que estende a sua vida útil. Isso contribui para diminuir os custos com a manutenção, e aumenta as possibilidades de utilização. Dessa maneira, o retrofit pode, e deve, ir ao encontro da eficiência, compondo o edifício de tecnologias, podendo, assim, ser traduzido em conforto, funcionalidade e segurança ao usuário, mas mantendo a viabilidade econômica para quem vai investir. Dessa forma, ocorre a possibilidade de obter valores acessíveis para investimento, o que vem estimulando cada vez o método retrofit, que tem a necessidade de passar por análise de viabilidade econômica, sendo que a mera análise por comparações convencionais pode levar a erros na conclusão. Sendo assim, quando é realizada uma análise simples de custos, que pode acarretar em prejuízos ao mensurar certos valores, é importante ter cautela ao executar esse tipo de análise, pois se trata de uma avaliação de um bem imóvel, no qual se pretende aplicar sua melhoria, tanto no que tange a sua eficiência energética, quanto na sua preservação de memória, ou, ainda, no seu padrão de segurança e melhoria de conforto. Pode-se, ainda, dizer que a técnica do retrofit não se limita às edificações, mas pode ser aplicada também às grandes áreas urbanas, em especial quando se trata da questão da revitalização urbana e modernização das construções. 39 MÉTODO │ UNIDADE II Diante disso, vale salientar que, em qualquer das situações, o método de retrofit tem o sentido de inovação, em que se pressupõe uma intervenção integral, desde as soluções nas fachadas, instalações elétricas e hidráulicas, circulação, elevadores, proteção contra incêndio e demais itens, que caracterizam o uso do que existir de melhor no mercado. De tudo o que foi exibido, pode-se observar que o retrofit deve ir em busca da eficiência, pois é mais difícil do que iniciar uma obra, em função das limitações físicas da antiga estrutura de uma edificação. Todavia, a redução do prazo e a adequação geográfica de um imóvel, com certeza, estimulam cada vez mais a adoção dessa prática. Além disso, o retrofit é conhecido como a reciclagem, ou reabilitação dos espaços conservados, pois se trata de uma intervenção de adaptação aos ambientes que já existem, a fim de acolher determinadas atividades distintas, para as quais foram construídos, vale salientar que isso é uma prática comum nos dias de hoje. Complemente seus conhecimentos com o artigo abaixo: Acesse o link: http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/viewFile/V7N3A13/V7N3A13. Acesso em: 15/1/2020. 40 CAPÍTULO 4 Reconstrução Define-se a reconstrução como uma recriação de um edifício, que deixou de existir no seu local de origem. Contudo, isso é uma característica que muito se questiona, porém pode ser justificado devido a vários fatores, dentre os quais, quando for abordado um edifício que teve seu desempenho vital, em uma composição monumental; ora quando se tratar de uma edificação relacionada a personagens ou eventos relevantes para um país; ou qualquer outro motivo que o justifique. Todavia, há que ressaltar a importância da existência de registros fiéis que possibilitem tal reprodução. Há, ainda, os casos em que a reprodução se deu a partir de suposições, resultando em algo que não, necessariamente, era a reprodução de origem. Para a técnica em estudo, é de importância ser citada a Declaração de Amsterdã. É na carta de Burra, de 1980, que fica estabelecido com clareza os itens que definem os tipos de intervenções de um monumento para a reconstrução. Esta carta é de grande importância para os profissionais de arquitetura que atuam nesta área do conhecimento, os quais começaram a ver, de outra maneira, a forma do processo de execução do restauro. Contudo, apesar de existir uma situação dúbia de se interpretar, nessa carta teve a possibilidade de achar pontos éticos, quanto ao método de reconstrução, no artigo 19, ele se refere aos materiais e documentos que são de preciosidade para a execução de tais serviços. A reconstrução será o estabelecimento, com o máximo de exatidão, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela introdução na substância existente de materiais diferentes, sejam novos ou antigos. A reconstrução não deve ser confundida nem com a criação, nem com a reconstrução hipotética, ambas excluídas do domínio regulamentado pelas presentes orientações; [...] Art.19. A reconstrução deve limitar-se a reprodução de substâncias cujas características são conhecidas graças aos testemunhos materiais e/ou documentais. As partes reconstruídas devem poder ser distinguidas quando examinadas de perto (CARTA DE BURRA, in: CURY, 2000, p. 247). Esses documentos apresentados demonstram a existência e a evolução de uma forte corrente, que defende e acredita na autenticidade da reconstrução de elementos 41 MÉTODO │ UNIDADE II arquitetônicos, com o intuito de manter o registro histórico das técnicas construtivas tradicionais. Podemos recorrer até a Brandi, que, no seu livro “Teoria da Restauração”, diferenciava a cópia, a imitação, e a falsificação pela sua intencionalidade, e definia a cópia ou reprodução como determinado período histórico, ou de determinada personalidade artística, para nenhum outro fim, a não ser uma documentação do objeto ou prazer que se quer extrair (BRANDI, 2005, p.114); Não obstante, percebe-se que, ao se utilizar da reprodução, deve ser realizada, quando existir, pelo menos os registros físicos, ou documentais que possam servir de auxílio na etapa executiva, a fim de que seja realizado um serviço correto e fidedigno ao que foi construído à época. Logo, a partir do instante em que ocorrer uma ideia duvidosa, não poderá mais ser executado a técnica de restauração, ou a reconstrução consciente, ou seja, recomenda-se que outro caminho seja tomado para a construção de elementos contemporâneos, seguindo as recomendações da Carta de Burra e Veneza. Todavia, nem todo o patrimônio arquitetônico da atualidade teve a sua preservação como eixo de intervenção, mas, sim, o de seu oposto e inverso, que é a técnica de reconstrução. Como nos casos dos pavilhões da Exposição Universal, de 1929, de Mies van der Rohe, e daquele da Exposição de Paris, em 1937, de Josep Sert e Luis Lacasa, ambos reconstruídos entre os anos 1980 e 1990. São obras transitórias, que se tornaram eternas. Diante a técnica discutida neste capítulo, nota-se que, em países onde ocorrem constantes desastres naturais, o Chile, por exemplo, é acostumado a passar por processos de reconstrução. Não obstante, é constante o aumento desses ciclos, ao longo dos anos. Ficou registrado um grande número desses incidentes entre os anos de 2014 a 2017. O governo do Chile está empenhado em vários processos de reconstrução, em todo território nacional. É curioso, ainda, saber que as tragédias proporcionadas pelos desastres naturais no mundo continuam a deixar milhares de pessoas desassistidas todos os anos, forçando-os a buscar refúgio, sem outra opção. Em várias situações, as cidades não conseguem abrigar os refugiados, limitando sua cobertura. Adicionado a isso, as dificuldades para sustentar as pessoas vitimadas, de forma digna, tornam-se cada vez mais difíceis, levando as estratégias convencionais ao colapso. É dessa maneira que a inovação, a criatividade, e a vontade exercem um significativo papel nas diferentes práticas de construção, que funcionam de forma eficaz e que, finalmente, tornam-se um exemplo de construção valiosa no mundo. 42 UNIDADE II │ MÉTODO Há alguns princípios que norteiam, e que devem ser levados em consideração, se quisermos projetar uma estrutura emergencial ou transitória, e é assim que se reúnem algumas dicas que possam ser de utilidade. Também, a título de conhecimento, na última década, o país Nigeriano vivenciou o espectro nebuloso, e o constante conflito dilacerou o seu território, ceifando centenas de milhares de pessoas,além de destruir milhões de casas e causar consideráveis impactos a já precária infraestrutura pública de seu país. Felizmente, essa terrível situação está começando a tomar novos rumos, isso porque, ao longo dos últimos anos, grupos de militares nigerianos conseguiram libertar várias das cidades que estavam sitiadas, dando início a um amplo trabalho de reconstrução do país. Contudo, os efeitos da guerra deixaram uma marca imutável, que modificou para sempre os espaços urbanos dessas cidades. A Nigéria encarou seu país ser completamente dizimado, não apenas vidas foram perdidas, mas, também, os espaços públicos e a infraestrutura básica, forçando as pessoas a reconstruir o país do zero. Época em que a cidade ficou marcada por vários atentados, com recorrentes explosões, causadas por homens-bomba, resultando na morte de inúmeras pessoas, sem contar a devastação causada pelo conflito, deixando marcas irreparáveis na economia local, negando aos trabalhadores os seus direitos mais básicos, e a oportunidade de ter uma vida minimamente digna. Dessa maneira, foram surgindo as várias ideias de reconstrução do espaço urbano, este um modelador da paisagem, de antemão, a ideia era converter a estrutura de um edifício residencial existente, por exemplo, num espaço coletivo de trabalho, dedicado a servir como incubadora de iniciativas inovadoras, que procurassem desenvolver soluções práticas para os mais graves problemas sociais da região, o que favoreceria a toda comunidade. Por outro lado, vale incrementar que a arte não é uma via de expressão subjetiva, mas uma atividade que se volta ao bem de todos. Essa foi a ideia do trabalho de El Lissitzky, arquiteto e um artista com multifacetas, que traz a grandiosidade no construtivismo russo. Visionário da arte como motor de transformações sociais, e seu gênio em experimentos, além de ser inovador, tornaram-no uma figura ilustre das vanguardas do século passado. Faz-se saber que a reconstrução da arquitetura, na União Soviética, divide-se em três partes. A primeira de trata do teórico publicado originalmente, em Viena, no ano de 1930. Temos, ali, os fundamentos e princípios do pensamento arquitetônico 43 MÉTODO │ UNIDADE II de El Lissitzky, para a reconstrução da União Soviética, destacando o papel da arquitetura e urbanismo para a solidificação da revolução e fornecendo algumas das diretrizes do que se tornaria a arquitetura contemporânea. Já a segunda parte apresenta uma série de ideias do construtivista, escritos entre 1921 a 1926, sobre temas que vão desde teoria da arte até a produção da ópera futurista Vitória sobre o Sol. Os textos ajudam no entendimento de seus valores e sua visão de mundo, tão bem resumidos e expressos em sua arte, e em sua atuação como arquiteto. Na terceira parte, surgem os textos escritos por colegas da época de El Lissitzky, que ajudaram na definição da arquitetura europeia, dos anos 1920. Enfim, o que ficou sintetizado, neste capítulo, foram os conceitos do que é a reconstrução da arquitetura de um espaço urbano, além disso, pode-se também perceber como isso se dá em diferentes épocas, e as causas motivadoras da reconstrução para cada tipo de situação, o que pode ser notado, em diferentes lugares, como também em várias épocas distintas na história. Renovação, reconstrução e pastiche: Faça uma análise das principais diferenças dessas técnicas aplicadas na arquitetura. Link texto: http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/stpi/paper/ viewFile/316/237. Acesso em: 15/1/2020. 44 CAPÍTULO 5 Réplicas As réplicas podem ser caracterizadas como uma cópia fidedigna de um original, que já existe. Os custos e dificuldades de se obter réplicas arquitetônicas tornam essa arte muito rara. A prática de replicar é realizada, comumente, aos bens móveis. São exemplos as esculturas situadas nos locais de domínio público, e que estão sujeitas à ação das intempéries, poluição e vandalismo, sendo, desta maneira, substituídas por réplicas, e passam a integrar acervos dos museus, como é o caso da Estátua de David, de Michelangelo, em Florença, na Itália. As réplicas têm os seguintes significados (do latim replicare, responder, repetir, e do italiano replica, com o mesmo sentido ou de repetição), também chamadas cópias, clone, duplos ou reproduções, caracterizam-se por fazer a reprodução de um objeto existente, ou de que já existiu, com o máximo de suas exatas características de formas, de tamanho ou cromáticas. Entretanto, apesar desses atributos, as réplicas, geralmente, estão fora do contexto em que a arquitetura original foi edificada, o que corresponde apenas em parte às expectativas de uma visualização plena do objeto arquitetônico. Todavia, a palavra réplica carrega o estigma de ser uma imitação, ou seja, de algo que não corresponde à verdade, a um original. Seu uso em arquitetura é relativamente amplificado, sobretudo quando associado às edificações de valor histórico. Pode-se citar, como exemplo, um dos casos mais emblemáticos de réplicas arquitetônicas, o Pavilhão Barcelona, de Mies van der Rohe. O pavilhão nacional da Alemanha foi construído na exposição universal de 1929. Foi demolido logo em seguida, ao término da exposição. A imagem que resistiu foi divulgada em inúmeros livros, por meio de fotografias em preto e branco, que alimentaram sua aura de obra-prima durante várias gerações de arquitetos (BERGER; PAVEL, 2006, p. 52). Reconstruído em 1986, por ocasião do centenário de nascimento de Mies, por iniciativa da prefeitura de Barcelona, e coordenado por Ignasi de Solà-Morales, Cristian Cirici e Fernando Ramos, foi seguida de alguma polêmica. Por sua lógica construtiva, alguns consideravam o Pavilhão também como um protótipo e/ou réplica, um perfeito experimento espacial autônomo, um objeto, que poderia ser 45 MÉTODO │ UNIDADE II construído em qualquer lugar, embora os autores da reconstrução argumentem que o edifício estabelece uma relação única com o entorno, e que foi muito estudada por Mies (SOLÁ-MORALES; CIRICI; RAMOS, 2000, p. 28). Com o intuito de mostrar ao público as grandes obras da arquitetura francesa, de diversos períodos históricos, um grande projeto de construção de réplicas de arquitetura foi esboçado por Viollet-le-Duc, a partir de 1855. As réplicas, ao reproduzirem uma realidade ausente, ou mesmo quando deslocadas de seu contexto original, permitem vivenciar o espaço projetado, em praticamente toda sua plenitude, propiciando um entendimento de projetos paradigmáticos da arquitetura mundial que, de outra maneira, teriam que ser conhecidos de forma indireta. A análise dos exemplos aqui apresentados ratifica a relevância dos protótipos e réplicas, como um dos recursos mais significativos, não só de sua representatividade, como também de sua documentação na arquitetura, porém sobressaem como ferramenta auxiliar na tomada de decisões de projeto. Fazendo a substituição, mesmo que temporariamente da arquitetura, ou suas particularidades, esses recursos têm como fator diferenciador a representação em escala real, o que favorece uma melhor percepção, mais acurada do expectador/ usuário/arquiteto em relação à obra realizada. A sapiência do espaço passa a ser de outra ordem, não mais baseada no reconhecimento de outros sistemas de representação (desenhos, maquetes, croquis, fotografias), mas deste quase objeto real, que são os protótipos e réplicas. O interpor dos sistemas de representação passa a não existir, onde o observador passa a contemplar a obra, em um nível de fidedignidade quase na sua totalidade. Essa habilidade também permite avaliações ergonômicas, funcionais, técnicas, estéticas sensoriais da melhor qualidade, já que qualquer outro tipo de se representar será sempre uma aproximação, seja em maior ou menor escala, da realidade. Por mais concebidos que sejam outros tipos de representação, como os modernos sistemas digitais, nunca vão substituir plenamente a experiência presencial, em relação ao
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