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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Metodologia do Projeto de restauro
Elaboração
Jackson Moreira Souza
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
O RESTAURO ARQUITETÔNICO ............................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONSERVAÇÃO E RESTAURO ................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
PATRIMÔNIO CULTURAL .......................................................................................................... 13
CAPÍTULO 3
DIAGNÓSTICO, DOCUMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO ............................................................... 19
CAPÍTULO 4
CONSERVAÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA ............................................................................. 23
UNIDADE II
MÉTODO ............................................................................................................................................. 28
CAPÍTULO 1
RESTAURAÇÃO ....................................................................................................................... 28
CAPÍTULO 2
ANASTILOSE ........................................................................................................................... 32
CAPÍTULO 3
ADAPTAÇÃO AO NOVO USO (RETROFIT) ................................................................................. 36
CAPÍTULO 4
RECONSTRUÇÃO ................................................................................................................... 40
CAPÍTULO 5
RÉPLICAS ............................................................................................................................... 44
UNIDADE III
PROJETO ............................................................................................................................................. 48
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO DE USO E DO PROGRAMA DE NECESSIDADES ...................................................... 48
CAPÍTULO 2
INTERVENÇÕES SOMENTE PARA ADAPTAÇÕES DE INFRAESTRUTURA ......................................... 52
CAPÍTULO 3
REQUALIFICAÇÕES DE USOS E OCUPAÇÕES .......................................................................... 55
CAPÍTULO 4
COMPLEMENTANDO A ESTRUTURA ORIGINAL SEM CRIAR UM CONTRASTE ESTÉTICO ................ 59
CAPÍTULO 5
EVOCAR O CONTRASTE PARA A VALORIZAÇÃO DE AMBAS AS PARTES ..................................... 63
CAPÍTULO 6
AS INFINITAS POSSIBILIDADES ENTRE AS DUAS PROPOSIÇÕES ................................................... 67
CAPÍTULO 7
MANTENDO A CASCA (FACHADAS) E A READEQUAÇÃO INTERIOR .......................................... 70
UNIDADE IV
TECNICIDADE ...................................................................................................................................... 73
CAPÍTULO 1
OS RELATÓRIOS DE ATUALIZAÇÃO E O As Built ........................................................................ 73
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO E ANÁLISE POSTERIOR DO USO E OCUPAÇÃO DO BEM RESTAURADO ................... 77
CAPÍTULO 3
A CONSERVAÇÃO PREVENTIVA E AVALIAÇÃO DO PÓS-OBRA .................................................. 80
CAPÍTULO 4 
ACESSO A PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS ........................................................... 83
CAPÍTULO 5 
TÉCNICAS DE ISOLAMENTOS ACÚSTICO E TÉRMICO ................................................................ 86
CAPÍTULO 6
NORMAS TÉCNICAS (ABNT) E INSTALAÇÕES DE INFRAESTRUTURA ELÉTRICA, HIDROSSANITÁRIA, 
LÓGICA, CFTV ....................................................................................................................... 89
CAPÍTULO 7
PROCESSO DE APROVAÇÃO DE PROJETOS PERANTE AOS ÓRGÃOS OFICIAIS DE PROTEÇÃO DO 
PATRIMÔNIO (FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS) ................................................................... 92
CAPÍTULO 8
SEGURANÇA PATRIMONIAL (CORPO DE BOMBEIROS) .............................................................. 95
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 98
5
Apresentação
Caro aluno,
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno de 
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Este material didático consiste em fazer uma análise histórica, tanto da 
teoria quanto da prática do restauro na Europa, onde se iniciam os estudos 
filosóficos, e, também, no Brasil. Destaca-se que o Brasil tem um seguimento 
histórico que é semelhante a europeia, todavia, com momentos distintos e 
com características inerentes, já que é fundamentada em leis e organizada 
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a fim de 
preservar e conservar os bens culturais, tendo odesafio de manter uma reflexão 
equilibrada acerca da teoria e da prática, com o intuito de preservar a identidade 
dos diferentes grupos da sociedade brasileira. Além disso, será abordado, nesta 
apostila, a importância de se realizar o restauro nos monumentos históricos, 
abarcando o processo de um programa de restauro para as obras arquitetônicas, 
e o desenvolvimento metodológico para a prática de restauração. 
Objetivos
 » Entender o processo histórico da conservação/restauro arquitetônico.
 » Conceituar os métodos de aplicações de restauro.
 » Solucionar os problemas das construções com os métodos restauradores.
9
UNIDADE IO RESTAURO 
ARQUITETÔNICO
CAPÍTULO 1
Conservação e restauro
As construções, com o passar do tempo, sofrem os desgastes das condições 
provenientes da atmosfera, e das diversas formas dos usos sociais. Vale salientar, 
mesmo que ‘restaurar’ seja definida como a reposição de algo que perdeu as 
suas características iniciais, a aplicabilidade da prática conceitual é um pouco 
complexa, visto que, ao longo dos séculos, ocorreram alterações e evoluções no 
estilo arquitetônico, com a utilização de materiais, técnicas e construções, além 
das novas filosofias artísticas e arquitetônicas, que foram inovadores nesse 
processo construtivo, além disso, o restauro passou por modificações mais 
contundentes, no século XIX, o que pode ser visto por meio dos monumentos, que 
serão exemplificados mais adiante. 
Entende-se que a conservação – restauro é uma intervenção qualquer, sendo direta 
ou indireta, sobre um objeto ou monumento, a fim de proteger a sua integridade 
física, além de fidelizar a sua significação de cunho artístico, cultural, estético e 
histórico. 
Esse conceito fica condicionado à natureza, extensão e limites das medidas que 
podem ser tomadas, assim como das intervenções que podem ser executadas, 
no patrimônio cultural.
Historicamente, o cenário da cultura europeia, em matéria de conservação e 
restauro dos monumentos, diferencia do cenário brasileiro, em virtude das 
diversas origens das disciplinas, que se desenvolveram em épocas distintas, 
além de possuir fatos históricos que diferem o continente europeu do latino-
americano. Entretanto, apesar dos problemas relacionados à construção dos 
princípios e ao desenvolvimento da disciplina, na Europa e no Brasil, que se 
diferenciam no tempo, existem questões em comum, devido ao fato de que 
10
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
o impasse de se restaurar, ou conservar, afeta todas as culturas em fase de 
constituição de sua identidade própria, apesar de suas inerentes e diversas 
características.
É relevante dizer que a disciplina do restauro teve seu aprimoramento, no 
século XIX, na Europa, mediante pesquisas refinadas e continuadas, além da 
preparação de arquitetos restauradores, os quais, certamente, exerceram uma 
forte influência sobre o Brasil, seja nas ideias, seja na instituição das modalidades 
de proteção. Assim sendo, é importante a reflexão acerca do desenvolvimento 
dos conceitos e dos métodos, que caracterizam o restauro na Europa para 
individualizar e, em seguida, os pontos de confluência e desagregação que 
marcaram o restauro no Brasil.
Sendo assim, é inegável que a Europa, especialmente a Itália, seja uma 
representatividade de um centro ativo de discussão teórica, pesquisa 
experimental e formação prática, e, como tal, ainda, é capaz de balizar 
diretrizes atuais de alto nível e rigor científico, representando um ponto 
valioso de referências e intercâmbio dialético. Por esse motivo, cada vez mais 
estudantes e arquitetos brasileiros realizam seus cursos de qualificação de 
pós-graduação e PhD, em termos de restauro, nas universidades italianas. 
Os distintos países, que constituem a Europa, têm uma origem em comum, 
que é representada pela existência de vários centros históricos, monumentos 
e sítios arqueológicos. Esse é um fato saliente, em comparação a outros 
continentes, que colabora para a criação de uma identidade coletiva, em que os 
monumentos possuem origem milenar, datando da época do desenvolvimento 
da cultura grega e a expansão do Império Romano, o qual deixou vestígios de si 
não só na própria Europa, mas, também, em toda a bacia do Mar Mediterrâneo, 
chamada pelos romanos de Mare Nostrum. Esse reconhecimento se torna 
oficial, a nível europeu ,no final de 1975, na Carta Europeia do Patrimônio 
Histórico, e na Declaração de Amsterdã (CARBONARA, 1997). 
Da mesma forma, os vinte e seis estados e o Distrito Federal, que compõem o 
Brasil, estendidos pelo território, quase como toda a Europa, têm sua história 
composta do seu patrimônio cultural tangível e intangível, os quais representam 
as tradições culturais e as raízes autênticas do país. O seu reconhecimento e defesa 
se encontram na Constituição Federal Brasileira, de 1988, seção II, art.215, que 
dispõe que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais 
e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a 
difusão das manifestações culturais, [...] protegerá as manifestações das culturas 
11
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do 
processo civilizatório nacional”, por meio de um plano nacional para a proteção 
da cultura, e valorização do patrimônio cultural e histórico, e da qualificação do 
indivíduo para a gestão da cultura, em suas múltiplas dimensões, observando 
que o patrimônio representa a identidade e a memória dos diversos grupos da 
sociedade brasileira (BRASIL, 1988).
Observa-se que o restauro é toda ação de intervenção de obra, no corpo da 
edificação em estudo, que deverá ser executada com a utilização de técnicas e 
materiais construtivos tradicionais, como cal, areia, saibro e madeiras, sempre 
similares às encontradas no local, com mesmas características e acabamentos 
Sabe-se, dessa maneira, que o restauro contemporâneo busca conter a sua 
funcionalidade e também a representatividade de uma obra, sem perder a 
reintegração, a reversibilidade, o tratamento de lacunas, por meio da técnica de 
anastilose, que será explanada mais adiante, que é uma técnica de recomposição 
com as partes originais do monumento, de forma que identifique à distância, e 
também da recomposição de partes perdidas. Portanto, por meio desses conceitos 
surgem numerosas escolas de restauro pelo mundo.
Uma forma de exemplificar as ideias dos teóricos, a respeito do teoria analisada e 
dar um direcionamento aos estudos, logo, sugerimos o roteiro a seguir:
 » O teórico Eugène Emmanuel Viollet-Le Duc (1814-1879), da França: 
foi pioneiro por sistematizar o projeto de restauração. Para ele, 
restaurar significava restituir um edifício por completo, fundou a 
corrente ‘unidade de estilo’ (o restauro estilístico).
 » John Ruskin (1819-1900), da Inglaterra: é defensor da ideia 
romântica, além disso, propõe a mínima intervenção.
 » Camilo Boito (1835-1914), da Itália: foi ele quem iniciou a restauração 
contemporânea, sua teoria defende a conservação periódica, sem 
falsificações, e também elaborou a noção de autenticidade de uma obra.
 » Alois Regl (1858-1905), da Áustria: sua ideia se opõe à rememoração 
(passado) e à atualidade (presente), contudo, valoriza as contribuições 
artísticas das fases das edificações.
 » Gustavo Giovannoni (1873-1943), da Itália: ele fez uma abordagem 
crítica e científica a respeito das intervenções, propôs, ainda, as 
primeiras técnicas de restauro científico, que são: consolidação, 
12
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
recomposição, remoção, complementação e renovação, devendo-se 
respeitar a sua integridade e autenticidade.
 » Por fim, Cesare Brandi (1906-1987), da Itália: adotou os critérios 
contemporâneos para restauração (identificável), abordando uma 
dupla polaridade estética e histórica.
A figura 1 são imagens de patrimônios históricos brasileiros, que passaram por 
intervenções de restauro/conservação.
Figura 1. Exemplos de edifíciosantes e após intervenções. Acima (01 e 02) Ouro Preto, Liceu das Artes e Ofícios.
Fonte: Revista do Patrimônio, no 22, p.111 apud CUNHA, 2010, p.83. Abaixo (03 e 04) Atibaia, Antiga Casa de Câmara e de 
Cadeia. Fonte: GONÇALVES, 2007, pp.142 e 158, apud CUNHA, 2010, p. 81.
Outro ponto importante a ser abordado, neste estudo, são os patrimônios históricos. 
Será realizado, também, no próximo capítulo, uma alusão histórica deste processo 
evolutivo da conservação/restauração arquitetônica
13
CAPÍTULO 2
Patrimônio cultural
Entende-se por patrimônio cultural todo aquele que sendo um objeto, uma 
construção ou um ambiente, que a sociedade atribui um singelo valor, artístico 
estético, documental, ecológico, histórico, científico, social ou espiritual e que 
componha um patrimônio cultural essencial a transmitir às futuras gerações. 
Além disso, fazem parte os bens imóveis, tais como casas, castelos, igrejas, 
praças, conjuntos urbanos, e, ainda, locais que expressam determinado valor 
para a história, a arqueologia, a paleontologia e a ciência em geral. Nos bens 
móveis, incluem-se, por exemplo, artesanato, esculturas e pinturas.
Vale saber que o movimento conhecido como Iluminismo, no século XVIII, 
caracterizou-se pela renovação do interesse pela cultura clássica que, por meio do 
crescimento de livros e estampas, propiciou o maior conhecimento aos artistas e 
estudiosos daquele período. As descobertas de figuras como Paestum, Herculano e 
Pompéia, assim como o avanço das pesquisas científicas, fomentaram a crescente 
preocupação com a manutenção do patrimônio artístico e arquitetônico, bem 
como um crescimento no controle das escavações arqueológicas. É nessa época 
que surge o turismo motivado pelo conhecimento de bens culturais.
E é no século XIX, em Roma, que se inicia a reavaliação dos monumentos 
arquitetônicos, sob novos conceitos de anastilose e de reintegração (técnicas 
que serão tratadas no capítulo 2), que ajudaram a cessar o período das 
espoliações. Para a correta utilização do método de anastilose, era necessário um 
conhecimento aprimorado dos estilos arquitetônicos, e algumas reintegrações 
foram realizadas com materiais diferentes dos originais, a fim de consolidar 
estruturas em perigo, como complementos estéticos. Mas essas soluções não 
foram àquelas predominantes neste período.
O arquiteto e historiador, Camilo Boito, foi importante figura no 
desenvolvimento de intervenção, nos monumentos acerca da contradição 
entre as ideias da autenticidade e da reconstrução, sendo assim, pode-se 
inserir numa posição que fica entre a repristinação e falsificação de Viollet le 
Duc, e da atitude antirrestauro fatalista, apoiada por Ruskin. 
No Congresso de Engenheiros e Arquitetos em 1883, foi apresentada a Carta de 
Restauro, na qual se fundamenta as intervenções nos monumentos, em categorias 
diferentes, de acordo com a idade em que eles pertencem, classificando-as em: clássica, 
14
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
medieval e renascentista – definindo atitudes mais conservadoras, respectivamente, 
para a primeira categoria e, paulatinamente, mais liberdade para as outras, e, ainda, 
segundo aos dois princípios básicos que são a ‘mínima intervenção’ e ‘distinguibilidade 
figurativa’, entre o antigo e o novo, certificando-se, então, de manter todas as adições e 
estratificações que foram feitas sobre o monumento, ao longo do tempo, não devendo 
ser consideradas menos importantes.
Cesare Brandi (1989, p.3) argumenta que “a restauração deve obter o 
restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, enquanto seja possível 
alcançá-la, sem cometer uma falsificação artística, nem uma falsificação 
histórica, e sem apagar as marcas da passagem da obra através do tempo”. Ele 
se fundamenta sobre o contraste dual entre instância histórica e estética, a 
intervenção do restauro, que constitui sempre um caso em si, não enquadrável 
em categorias, e nem em teorias extremas.
É importante falar sobre os patrimônios tombados no Brasil, que é entendido 
como um instrumento de reconhecimento e proteção de um patrimônio cultural. 
Pode ser feito pela esfera federal, estadual e municipal. No âmbito federal, o 
tombamento foi instituído pelo Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937, 
o primeiro instrumento legal de proteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro, e o 
primeiro das Américas, cujos princípios fundamentais se mantêm atuais.
Sendo assim, segundo o Decreto, o Patrimônio Cultural é entendido como um 
conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país, cuja conservação é de 
interesse público, quer por sua ligação aos fatos memoráveis históricos do 
Brasil, quer por seu importante valor arqueológico ou etnográfico, artístico ou 
bibliográfico.
São também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, sítios e paisagens 
que compete a sua conservação e proteção pela sua formação natural, com que 
tenham sido dotados pela natureza, ou produzidos pela indústria humana.
A palavra tombo, que quer dizer registro, começou a ser empregada pelo 
Arquivo Nacional Português, fundado por D. Fernando, no ano de 1375, 
e originalmente instalado em uma das torres da muralha que protegia a 
cidade de Lisboa. Com o passar do tempo, o local passou a ser chamado de 
Torre do Tombo. Ali eram guardados os livros de registros especiais, ou 
livros do tombo. No Brasil, como uma deferência, o Decreto-Lei adotou tais 
expressões, para que todo o bem material, passível de acautelamento, por 
meio do ato administrativo do tombamento, seja inscrito no Livro do Tombo 
correspondente (IPHAN, 2016).
15
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
Segundo o IPHAN, até janeiro de 2017, eram 88 conjuntos urbanos protegidos, 
sendo 68 tombados, três tombamentos provisórios, 14 rerratificações, um 
tombamento emergencial, e dois anexados (destes dois, um tombado e um 
tombamento provisório). 
Nessas áreas, o IPHAN age e investe recursos, tanto direta, na forma de obras 
de qualificação, quanto indiretamente, por meio de parcerias com outras 
instituições municipais e estaduais, além do PAC Cidades Históricas, e dos 
Planos de Mobilidade e Acessibilidade Urbana.
Quando falar de patrimônios históricos, é necessário que se tenha em mente os 
principais acontecimentos para elucidar os fatos, o que vale dizer que as Cartas 
patrimoniais são exemplos clássicos para o entendimento, e conhecimento de 
como se deu o processo de evolução das técnicas de restauro.
 » A carta patrimonial de Atenas (1931) – foi o primeiro documento 
internacional, trouxe a proposta de periodicidade de serviços de 
manutenção e conservação, além de permitir técnicas e materiais 
modernos nas restaurações.
 » Carta de Veneza (1964) – vem com a ideia permanente, de que valoriza 
a autenticidade, dentre as quais: a distinção entre o historicamente 
verdadeiro e moderno.
 » Carta de Restauro Italiana (1972) – ela é contra as falsificações, e traz o 
conceito de reversibilidade.
 » A Declaração de Amsterdã (1975) – fala-se da conservação integrada: dos 
métodos, técnicas e profissionais.
 » Carta de Burra (1980) – conceitua: a manutenção, preservação, 
restauração, adaptação e o uso compatível, abarca o respeito pelas 
contribuições dos diferentes períodos, defendendo a mínima 
intervenção dos patrimônios, e a reversibilidade.
Diante dos fatos abordados até o momento, faz-se saber que, quanto ao projeto de 
intervenção, propriamente falado, é mostrado que no ‘Manual’ que são necessárias 
as atividades iniciais que se referem a identificação e o conhecimento do bem, 
incluindo o conceito do novo uso, ou a avaliação do existente, para garantir a 
eficácia do projeto. 
16
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
Com isso, o projeto de intervenção de um patrimônio histórico deve ser formado 
pelas seguintes etapas:
1. Primeira etapa – (identificação e conhecimento do bem): pesquisa 
histórica; levantamento físico; prospecções; análise tipológica; 
identificação de materiais e sistemas construtivos.
2. Segunda etapa– (diagnóstico): mapeamento de danos; fazer a análise 
do estado de conservação; dos estudos geotécnicos; e os ensaios e 
testes;
3. Terceira etapa – (proposta de intervenção): faz-se o estudo preliminar; 
obtenção do projeto básico de intervenção; e, por fim, o projeto de 
execução.
Dessa maneira, fica demonstrada as etapas de um projeto de intervenção, a fim 
de que seja realizado, de uma maneira metodizada, para o bem do patrimônio 
histórico. 
Sendo assim, neste capítulo, foi abordado alguns fatos históricos, trazendo 
consigo o estudo desenvolvido por pesquisadores/restauradores, e o surgimento 
de técnicas que seriam aplicadas, posteriormente, no restauro dos monumentos, 
respeitando-se as características de cada obra arquitetônica. São imagens de 
patrimônios históricos culturais no Brasil, os monumentos ilustrados a seguir:
Figura 2. Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.
Foto: Chris Pellet/Manauscult (2019).
17
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
Figura 3. Monumento à Tenreiro Aranha, Manaus.
Foto: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016).
Figura 4. Centro Histórico de Ouro Preto, Minas Gerais.
Fonte: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016).
Figura 5. Centro Histórico de Salvador, Bahia.
Fonte: Creative Commons/Wikimedia Commons (2016).
18
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
Figura 6. Igreja de São Francisco de Assis, na Lagoa da Pampulha, Minas Gerais.
Fonte: Site: mineirosnaestrada.com.br (2019).
Segundo o IPHAN, com quatro patrimônios históricos, Minas Gerais é o 
Estado brasileiro com a maior quantidade de monumentos. Para o Instituto 
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o conjunto da Pampulha 
está na origem da produção arquitetônica e urbanística do Brasil Moderno, e 
deve ser divulgado para toda a humanidade. 
Já a lagoa da Pampulha é marcada com as quatro primeiras obras assinadas, 
pelo reconhecido arquiteto Oscar Niemeyer, construídas entre anos de 1942 
e 1943, com jardins de Burle Marx, painéis de Candido Portinari e esculturas 
de Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa. A obra da Lagoa da Pampulha é 
composta pela Igreja São Francisco de Assis, o Cassino, a Casa do Baile e o 
Iate Clube.
Conheça os bens tombados, sejam esses monumentos naturais, sítios ou 
paisagens. Acesse o link abaixo:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/126. Acesso em: 15/1/2020.
Faça uma síntese sobre a importância da representatividade desses 
patrimônios históricos para o Brasil.
19
CAPÍTULO 3
Diagnóstico, documentação e 
manutenção
No processo de avaliação da restauração de um monumento arquitetônico, 
é necessário fazer um levantamento da anamnese do caso, por meio de 
diagnósticos, documentações e a execução de manutenções. Para tanto, é 
importante entender o que é cada um desses procedimentos. Diante disso, o 
diagnóstico compreende fazer a identificação, a determinação da composição, e 
posterior avaliação das condições dos bens culturais; a identificação, a natureza 
e extensão das mudanças sofridas, a apreciação das causas da sua degradação e a 
determinação do tipo e extensão do tratamento adequado, assim como o estudo 
das informações existentes relacionadas. Com isso, relata-se o diagnóstico da 
situação, como exemplificado nos pontos a seguir:
 » Na primeira etapa, são realizados os estudos que devem ser 
conduzidos para a formulação do diagnóstico do problema, o qual 
pode ser entendido como o equacionamento do quadro geral da 
patologia existente.
 » Em seguida, é feita uma definição da conduta, que está relacionada 
a uma avaliação da necessidade, ou não, de se fazer uma intervenção 
no problema patológico, referindo-se, portanto, às alternativas de 
intervenção e à definição da medida terapêutica mais indicada.
 » Por último, é realizado o registro do caso, uma vez solucionado o 
problema patológico, e adotada uma conduta adequada, passa-se a 
confrontar os efeitos resultantes, com os desejados, gerando uma 
fonte de informações que retroalimenta o processo de produção do 
edifício. O registro do caso constitui-se numa fonte relevante e segura 
para consulta, de modo que os problemas encontrados possam ser 
evitados nos empreendimentos futuros. 
Já a documentação é composta por materiais, como imagens e textos que 
retratam o histórico de todos os procedimentos executados, e a exposição de 
como foi o pensamento para a prática que esteve por trás deles. Compõem a 
documentação: os relatórios de exames, a proposta de terapêuticas, a concessão 
e observações do proprietário, além de documentos e relatórios que ilustrem o 
tratamento efetuado, como recomendações para futuras intervenções.
20
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
Define-se, assim, a manutenção dos monumentos, a forma como as intervenções 
são realizadas no dia a dia, a fim de manter a integridade física dos bens culturais.
Atenção para um fato relevante é que a gestão de moradias também é um aspecto 
importante a ser considerado, no âmbito dos estudos de manutenção.
Nesse aspecto, SIM (1997) ampliou, em seu estudo, o assunto de reparos e 
manutenção, em locais de diversas propriedades da Escócia, focando, em particular, 
a prática das administradoras. Tradicionalmente, estas têm sido frequentemente 
retratadas como tendo pouco interesse no reparo e manutenção dos imóveis, 
que eles são responsáveis. No entanto, o autor demonstra que essa imagem tem 
sido trabalhada e, de fato, a partir de 1930, as organizações das administradoras 
tiveram um avanço, não apenas no que tange a manutenção de um determinado 
tipo de moradia da Escócia, mas, também, nas suas melhorias.
Um outro tipo de estudo, realizado também na Escócia, tem a finalidade de 
analisar as causas da falta de manutenção, no setor de moradias próprias. O 
modelo gerado no estudo de LITTLEWOOD (1996) explica a incidência de falta 
de manutenção nas moradias, em relação a três amplos grupos de fatores: as 
características das famílias; características físicas das moradias; características 
da vizinhança.
Vale dizer, então, que o estudo das patologias das construções está sendo cada vez 
mais difundido, sendo este um campo bastante vasto visto. Todavia, tem sido dado 
pouca ênfase, a respeito da manutenção preventiva das construções. Assim, os 
estudos a respeito dos problemas presentes nas construções são fundamentais, até 
mesmo por que estes servem de retroalimentação para novos processos construtivos.
De acordo com os elevados índices das aparições patológicas, que vêm surgindo 
nas edificações, busca-se, cada vez mais, a garantia e o controle da qualidade em 
todo o processo construtivo. Dessa maneira, a qualidade final do produto depende 
da qualidade do processo construtivo, da interação entre as fases do processo 
produtivo, e do intenso ‘feedback’ das informações, que proporciona a melhoria 
continuada.
Destarte, o projeto arquitetônico, para uma construção de uma nova edificação, 
surge a fim de facilitar um projeto que será desenvolvido, para tanto, o produto 
concebido responderá da melhor maneira à situação proposta. O profissional, 
arquiteto, toma como um tema as ideias de seus clientes, para que ele comece 
a dar a forma ao projeto que será realizado (solução arquitetônica), ajustando 
ao tema proposto.
21
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
A partir do tema, o arquiteto realiza as coletas de dados, e inicia a elaboração de 
um programa de necessidades. Dentre os dados coletados na reunião com o cliente, 
encontram-se informações a respeito do terreno, como: dimensões, topografia, 
orientação solar, por exemplo. 
Com o programa de necessidades, é elaborado o uso proposto, caracterizando-se 
pela relação dos espaços e metros quadrados necessários ao desenvolvimento das 
atividades propostas. 
Daí o estudo preliminar simplesmente se conclui. Portanto, no momento em que 
os agentes envolvidos, arquiteto e cliente, sentem-se plenamente satisfeitos com a 
ideia adquirida, que deve atender inteiramente o tema proposto. 
Essa etapa do processo de projetação tem umagrande importância no contexto do 
projeto, como um todo. Afinal, um bom estudo preliminar é a garantia de um bom 
projeto e, por consequência, de uma arquitetura de qualidade.
Contudo, a execução de um empreendimento necessita também de informações 
técnicas concisas, sendo assim, a partir da aprovação do estudo preliminar do 
cliente, inicia-se a etapa do desenvolvimento do projeto, adaptando-se as soluções 
técnicas exigidas e necessárias à boa interpretação do projeto, e possibilitando, desta 
maneira, a aprovação nos órgãos responsáveis, dando-se o nome, a esta etapa, de 
Projeto Básico.
Com o Projeto Básico aprovado, inicia-se o que se chama de detalhamento, e é a 
etapa do Projeto Executivo, composto pelo conjunto de informações necessárias 
à plena compreensão da edificação proposta, que é permitido, assim, a correta 
execução da obra. Projeto Executivo implica no desenvolvimento de desenhos 
extremamente detalhados e especificados dos elementos arquitetônicos como pisos, 
louças, telhados, esquadrias, guarda-corpos, pintura, entre outros.
Diante do que foi abarcado, fica sintetizado que o conjunto de projetos e 
documentos, juntos, possibilitam a execução correta da obra, e se poderia pensar 
que o trabalho dos profissionais projetistas foi, então, finalizado. Mas isso não 
para por aí. A fiscalização da execução da obra, por parte desses profissionais, é 
de extrema relevância.
A seguir, será descrito, de forma sintética, sobre a elaboração de um Projeto Básico, 
até a etapa de sua aprovação.
Deve ser realizado um Programa de Necessidades. Por meio disso, obtém-se um 
estudo preliminar, que estará fazendo uma relação direta com a consulta aos 
22
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
projetos complementares e, também, com histórico de projetos. Em seguida, 
realiza-se uma reunião com todos os envolvidos no processo, para a obtenção de 
uma análise crítica, e, com isso, pode-se chegar a uma aprovação do projeto, ou 
não, que se dará novamente com a consulta aos projetos complementares, e pôr 
fim aos estudos preliminares desses projetos, e ao anteprojeto da arquitetura.
Logo, é importante frisar que, quando se refere, em obra de reforma e, mais 
especificamente, de conservação e de restauração de um edifício com valor histórico 
reconhecido pelos órgãos competentes de preservação ou, ainda, da construção de 
um novo edifício, ou uma reforma em imóvel localizado em área de entorno de bem 
tombado, ao contexto acima explanado, amplia-se, consideravelmente, ganhando 
maior complexidade.
Sendo assim, uma antiga edificação de valor histórico, ou um sítio histórico, 
necessitam de intervenções, nitidamente com o objetivo de mantê-los aptos a 
‘acolher’ as atividades humanas, no modelo atual, que assegurem a manutenção 
do valor histórico específico. Há, ainda, que destacar toda a adaptação dos espaços 
preexistentes aos novos usos, tendo limitações que esses ambientes impõem, na 
proporção que, muitas vezes, não podem ser modificados.
Acesse o link abaixo: e saiba mais sobre a relevância de se fazer a manutenção 
predial das edificações.
https://realizarengenharia.com/2019/08/03/inspecao-predial-e-obrigatoria-
veja-sua-legislacao-nacional-estadual-e-municipal/. Acesso em: 15/1/2020.
23
CAPÍTULO 4
Conservação preventiva e corretiva
Logo, faz-se saber a importância da realização das manutenções, com isso, é de 
muita relevância a necessidade de se realizar uma conservação preventiva, que 
consiste na realização de intervenções indiretas, objetivando o retardamento 
da degradação, e impedindo a deterioração, uma vez criadas as condições de 
otimização para a conservação dos bens culturais, de forma que essas medidas 
sejam compatíveis com a sua utilização social. A conservação preventiva 
compreende, também, no tratamento adequado, no transporte, na utilização, no 
acondicionamento em reserva, e na exposição. Pode, também, acarretar questões 
que tenham a ver com a produção de réplicas, com a intenção de preservar os 
originais.
Diante de vários estudos sobre a restauração dos monumentos arquitetônicos, 
atualmente temos conceitos bem definidos sobre como e o quê preservar, conservar 
e restaurar, fruto de vários experimentos e reflexões, que se desenvolveram ao 
longo de séculos. As ideias evoluem somando conhecimentos, e as definições 
são diversas. Então, o objetivo é manter o original, dentro da diversidade das 
manifestações culturais.
Sendo assim, alguns métodos descritores para os levantamentos patológicos são 
elencados: esta etapa fundamenta-se na obtenção das informações necessárias, 
para que se possa compreender o problema ocorrido. Sua estruturação ocorre a 
partir da elaboração de um quadro geral das manifestações presentes, em que 
devem ser devidamente relatadas as evidências que provocaram, efetivamente, o 
problema. As informações podem ser obtidas por meio de quatro fontes básicas: 
vistoria do local; levantamento do histórico do problema e do edifício (anamnese 
do caso), exames complementares, e pesquisa (bibliográfica, tecnológica, científica 
e normativa), discutidas a seguir. 
Identificação do problema na construção, por 
meio de vistoria
A identificação do problema patológico, o qual pode ser compreendido como 
uma situação em que o edifício, ou uma parte deste, num determinado instante 
da sua vida útil, não manifesta o desempenho previsto. De uma forma geral, 
as manifestações, ou sintomas patológicos, que se traduzem por modificações 
24
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
estruturais e/ou funcionais, no edifício ou na parte afetada, representam os 
sinais de aviso das falhas surgidas. Com isso, a vistoria do local pode se dar 
a partir da insatisfação do usuário, com o desempenho de algum ponto do 
empreendimento, acionando um profissional, a fim de solucionar o dano; ou 
pode decorrer de um programa rotineiro de manutenção, em que, por meio 
de uma inspeção, constata-se a existência de um problema patológico. Logo, a 
vistoria, em um ou outro caso, deve seguir alguns passos específicos, para que 
se possa atingir uma conclusão objetiva. 
Nesse sentido, propõe-se, a seguir, um procedimento básico para a realização 
da vistoria do local: 1. Determinação da existência e da gravidade do problema 
patológico; 2. Definição da extensão e do alcance do problema; 3. Registro dos 
resultados.
A solução para o problema das manifestações é que, uma vez conhecidas e 
corretamente interpretadas, podem conduzir ao entendimento do problema, 
possibilitando a sua resolução, a partir de uma intervenção.
Levantamento do histórico do edifício
Essa etapa somente será desenvolvida, quando for constatada a escassez de 
subsídios para diagnosticar o problema, na fase da vistoria in loco. Para tanto, 
a obtenção das informações, sobre as atividades desenvolvidas, é proveniente, 
basicamente, de duas fontes: 
Investigação com pessoas envolvidas com o 
empreendimento
Dependendo do estágio em que se encontra o imóvel, pode-se entrevistar um 
grupo variável de profissionais envolvidos, entre os quais destacam-se: operários 
da obra; fornecedores e fabricantes de materiais; construtores; projetistas; 
proprietário do empreendimento; vizinhos; usuários; entre outros. 
Análise de documentos fornecidos 
Como anteriormente pontuado, as informações obtidas das entrevistas podem 
não fornecer um diagnóstico o bastante e confiável, para o estabelecimento do 
histórico da situação. Se isso acontecer, pode ser usado, como fonte complementar, 
os documentos produzidos durante a realização do empreendimento, e no 
período de utilização do edifício. São esses os exames complementares:
25
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
Esses exames podem ser de duas naturezas: ensaios obtidos em laboratório ou 
in loco. 
a. ensaios em laboratórios;
Ensaiar e analisar o material significa obter os valores de propriedades que sejam 
relevantes ao seu uso;
b. ensaios no local;
Estes ensaios são caracterizados por serem realizados no próprio canteiro de obras, 
a partir de equipamentosespecíficos. 
c. Pesquisa;
Já na pesquisa, são obtidos os resultados devidamente avaliados e, tendo-se 
chegado à conclusão de que não se consegue diagnosticar o problema, tem-se uma 
última fase, que seria as pesquisas bibliográficas, tecnológicas e científicas.
Dessa forma, vale salientar que os problemas patológicos nas construções só se 
manifestam após o início da execução propriamente dita, a última etapa da fase 
de produção. Com relação à recuperação dos problemas patológicos, HELENE 
(1986) afirma que “as correções serão mais duráveis, mais efetivas, mais fáceis de 
executar, e muito mais baratas, quanto mais cedo forem executadas”. (p.23).
O exemplo mais expressivo dessa afirmação é a chamada ‘lei de Sitter”, que mostra 
os custos crescendo, segundo uma progressão geométrica. Dividindo-se nas etapas 
construtivas e de uso, em quatro períodos, correspondentes ao projeto, à execução 
propriamente dita, à manutenção preventiva efetuada antes dos primeiros três 
anos, e à manutenção corretiva, efetuada após surgimento dos problemas. A cada 
uma corresponderá um custo, que segue uma progressão geométrica de razão cinco, 
conforme indicado no gráfico mais adiante.
Por tanto, toda medida extra projeto, tomada durante a execução, incluindo o 
período da obra recém-construída, implica-se num custo 5 (cinco) vezes superior 
ao custo que teria sido acarretado, se esta medida tivesse sido tomada, a nível de 
projeto, para se obter o mesmo ‘grau’ de proteção e durabilidade da estrutura. Um 
exemplo típico é a decisão em obra de reduzir o fator a/c (água/cimento) do concreto, 
para aumentar a sua durabilidade e proteção à armadura. A mesma medida, 
se fosse adotada durante o projeto executivo, permitiria o redimensionamento 
automático da estrutura, considerando um concreto de resistência à compressão 
mais elevada, de menor módulo de deformação, de menor deformação lenta, e de 
maiores resistências à baixa idade.
26
UNIDADE I │ O RESTAURO ARQUITETÔNICO
Entende-se, assim, que a patologia na execução é gerada desde problemas no 
projeto, ocorrendo uma relação estreita entre elas; isso não significa dizer que a 
patologia de projeto não existindo, a de execução também não existirá. Logo, nem 
sempre obtendo projetos de qualidade desaparecerão os erros de execução.
É importante tecer um breve comentário a respeito do ensaio Slump Test, ou 
teste de abatimento do concreto, o qual consiste num meio rápido de definir as 
características do concreto fresco, momentos antes de sua aplicação, fazendo 
parte do controle tecnológico, vide ilustração 10 e 11 mais adiante.
Dessa maneira, o Slump Test mede a consistência do concreto, para averiguar 
a trabalhabilidade e certificar se aquele concreto poderá ser utilizado para 
concretar determinada peça na obra.
Esses testes são de enorme valia, para que uma construção seja de qualidade, o 
que pode prevenir grandes transtornos no futuro, que são as causas provenientes 
de erros no projeto, e falhas na execução.
Figura 7. Ensaio de concreto, no canteiro de obra.
Fonte: UFRGS (2012).
Figura 8. Ensaio de concreto, no canteiro de obra.
Fonte: UFRGS (2012).
27
O RESTAURO ARQUITETÔNICO │ UNIDADE I
Com isso, segue um gráfico de custo versus tempo, para representar a relação da 
progressão do custo, relativo à intervenção em um edifício.
Descreva o porquê a dosagem de concreto, seguindo os parâmetros 
normativos, é relevante para a execução de uma obra. Pesquise a Norma 
ABNT NBR 7212.
28
UNIDADE IIMÉTODO
CAPÍTULO 1
Restauração
Para o procedimento de restauração, é relevante fazer uma alusão histórica, 
para se obter um melhor conhecimento sobre a prática do restauro, nas obras 
de arquitetura da atualidade, e, assim, entender como funcionam os processos 
da arquitetura contemporânea; neste aspecto, pode-se demonstrar, de forma 
didática e linear, uma abordagem de reflexão sobre os conceitos e exemplificações 
de como é importante a complexidade do restauro, além de fazer uma abordagem 
com características, por meio de citações relevantes, a respeito do restauro na 
história dos monumentos arquitetônicos, no Brasil.
Um projeto de conservação e restauro, também denominado de cadastro, 
é iniciado por uma coleta de dados, sendo que o cadastro é um elemento 
comum no dia a dia, pois se refere à uma compilação de informações, que dão 
características a um determinado elemento.
Quando se fala em preservar a arquitetura de um bem, tem-se, no cadastro, o 
conjunto de informações para caracterizar o objeto em estudo. Além de integrar as 
informações que foram listadas, para obtenção dos dados do projeto arquitetônico, 
faz-se necessário levantar o histórico do edifício, suas características iniciais, e as 
alterações que passou ao longo dos anos, até chegar à atualidade. Também é preciso 
realizar o levantamento da história de utilização e dos usuários; a identificação da 
intensidade de proteção a que o objeto da intervenção é sujeito; a importância da 
relação do edifício no entorno; o levantamento arquitetônico (gráfico e fotográfico) 
atual. Com isso, obtém-se um relatório do estado de conservação, das patologias 
e seus diagnósticos, logo, o levantamento das exigências dos órgãos competentes 
de preservação a que o edifício está sob responsabilidade.
Sendo assim, o método de Conservação/Restauração tem a multidisciplinaridade 
como uma importante etapa, desde o cadastramento. 
29
MÉTODO │ UNIDADE II
Nessa etapa, já se faz necessário a presença de um arquiteto especialista em 
conservação e restauração, em elementos arquitetônicos, além de historiadores 
e engenheiros, com especialidade na área. Conta, também, com arqueólogo 
historiador, cientista social, entre outros profissionais afins.
As diversas áreas (multidisciplinariedade) do trabalho ganha, a cada etapa, mais 
personagens. Ao passo que o projeto avança, aumenta a necessidade de agrupar 
profissionais especializados, nas diversas áreas da conservação.
Ademais, para o aperfeiçoamento de um profissional que deseja se aprimorar 
na prática do restauro, é relevante que este comece seus estudos numa escola 
de arquitetura, aprofundando-se em pesquisas, na história propriamente dita, a 
fim de que possa desenvolver as melhores técnicas, para que seja realizada, de 
forma adequada, uma intervenção a uma determinada obra.
É importante, ainda, dizer que, para se fazer o bom entendimento da restauração, 
vale destacar que é necessário o conhecimento da história, sempre aliada à teoria 
e à prática, visto que, a partir do século XVIII, iniciam-se as aplicações das 
técnicas de restauro, valendo salientar que existem algumas linhas de restauro. 
Na Europa, Itália, por exemplo, existem linhas de pesquisas mais consolidadas 
na prática do restauro. Já no Brasil, essas aplicações são pouco consolidadas, 
podendo-se observar uma variação nas técnicas.
Segundo a historiografia, uma técnica, ou linha de pesquisa, é o restauro crítico, o 
qual se busca manter as características de um monumento, sem perder de vista as 
suas características iniciais.
Observa-se que o cenário da arquitetura contemporânea e moderna adota, em 
geral, o restauro como uma categoria à parte dentro do universo de restauro das 
obras de arte, até mesmo nos casos em que existe um reconhecimento de seu 
valor como bem cultural.
Ao se averiguar, por meio de alguns casos de intervenção no Brasil de seus 
modernos patrimônios, depreendendo-se assim, manifestos a favor de um 
restauro, ou conservação das edificações no Brasil, do século passado, destaca-se 
o livro de Riegl, no qual se objetiva o aprofundamento da reflexão sobre os limites 
e possibilidades do restauro. 
Dessa maneira, para que ocorra a preservação de um patrimônio cultural, 
é necessário que se tenha a consciência daquilo que é considerado um 
monumento histórico, no caso dos bens arquitetônicos, essa abordagem está 
inerentemente relacionada às suas características, que é a utilização.
30
UNIDADE II │ MÉTODO
É conveniente recordar-se da teoria dosvalores, do historiador Riegl, o qual 
conceitua o monumento baseando-se na teoria dos valores relativos, ou seja, 
cada monumento não tem o seu valor atribuído ao seu próprio monumento, 
mas na vontade artística, a qual passa por mudanças de época a época, ao passo 
em que se transformam nas bases da sociedade que a produzam.
Observando um passado próximo, que nos separa da produção moderna, causa 
empecilho ao valor desse patrimônio, porque segundo Riegl, quando se deseja 
do monumento uma nova aparência, de uma construção recém-criada, ocorre, na 
verdade, uma tendência de uma reconstrução, e, consequentemente, a perda de um 
verdadeiro restauro, até mesmo nos monumentos em que existe o reconhecimento 
de sua grande significância para a história na arquitetura.
Tratando-se de Brasil, o século passado é destacado com transformações 
marcantes, as quais as principais cidades brasileiras transitavam. Percebe-se, 
nesta época, o início das mudanças nas estruturas coloniais das construções 
para os novos modelos urbanos, onde começaram a ser preparadas novas 
malhas urbanas, inseridas numa modernidade arquitetônica, adotando um 
termo chamado ‘modernidade’, que assumiria, com maior força, a partir da 
segunda metade do século.
Já nos anos de 1930, conceitos como a eficiência, economia e funcionalidade na 
arquitetura tiveram forte aplicação em obras públicas, a maioria delas em projetos 
e obras de instituições oficiais de arquitetura e engenharia. 
As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram, logo após a chegada 
de Getúlio Vargas ao poder, uma proposta de remodelação da tipologia 
arquitetônica das escolas públicas. Os formatos geométricos passaram a 
caracterizar os novos edifícios escolares
Surge a construção dos edifícios, nas décadas de 1930 e 1940, na maioria das 
grandes cidades, tendo na verticalização um modelador da paisagem urbana. 
Usualmente, eram edifícios comerciais: nessa época, o arranha-céu era um 
investimento pesado e, mesmo nos Estados Unidos da América, deixava dúvida 
quanto à sua viabilidade técnica e econômica. Contudo, era uma solução para 
a habitação no Brasil. O edifício em altura era um desafio para uma sociedade, 
que desconhecia esse modo de vida. 
Sendo assim, é conveniente destacar algumas das recentes técnicas de intervenção, 
no patrimônio moderno brasileiro, como exemplos da diversidade de abordagens, 
que se verifica quando se trata da restauração moderna. São elas: o restauro 
31
MÉTODO │ UNIDADE II
filológico, visando a recuperação das características originais da obra; uma 
segunda postura, semelhante por princípio à anterior, seria a reconstrução ao 
idêntico de obras destruídas; uma outra possibilidade é a atualização, ou mesmo 
correção tecnológico-construtiva do monumento.
Portanto, verifica-se que a iconografia disponível é suficiente para orientar a 
recuperação dos elementos em seus detalhes. Análise dos elementos originais 
poderão servir para verificar dúvidas, e confirmar detalhes construtivos, dessa 
maneira, procede-se ao restauro.
Dica de leitura: Alois Riegl e o culto moderno dos monumentos. https://www.
vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/05.054/31384. Acesso em: 
15/1/2020.
32
CAPÍTULO 2
Anastilose
A técnica de anastilose pode ser definida como a recomposição de partes existentes 
de um monumento histórico, ficando evidenciado a separação do que é original e a 
intervenção realizada, o que pode ser caracterizado como uma reconstituição.
Contanto, é interessante fazer uma breve descrição, a respeito da carta de 
Atenas, a qual abarca, de forma sistemática, alguns itens importantes, além 
disso, faz uma referência à técnica de anastilose.
A carta de Antenas, de 1931, foi criada com o intuito de estabelecer normas de 
conduta internacionais, voltadas à preservação de patrimônios históricos e culturais 
da humanidade. Dessa forma, ela traz, em seu arcabouço, as doutrinas e princípios 
gerais, abordagem sobre administração e legislação, a valorização dos monumentos 
históricos, os materiais de restauração, deterioração dos monumentos, a técnica 
de conservação, e, por último, a conservação dos monumentos e a colaboração 
internacional.
A carta de 1931 traz algumas recomendações, dentre as quais:
1. Doutrinas e princípios gerais:
 › A obra artística deve ser respeitada, sem prejudicar estilo de 
nenhuma época.
 › Manter a utilização dos monumentos, assegurando a continuidade 
de sua vida, destinando-os sempre às finalidades do seu caráter 
histórico ou artístico.
2. Administração e legislação:
 › Direito da coletividade, em relação à propriedade privada.
 › Dificuldade de conciliar esses direitos.
 › Legislações adaptadas à opinião pública.
3. A valorização dos monumentos
 › As construções dos edifícios devem respeitar o caráter e a fisionomia 
das cidades, principalmente na vizinhança dos monumentos antigos.
33
MÉTODO │ UNIDADE II
 › Plantações e vegetações devem ser preservadas, quando fizerem parte 
da obra histórica.
 › Perspectivas pitorescas devem ser preservadas.
 › Supressão de publicidades, postes e fiações, indústrias ruidosas e 
altas chaminés, nas proximidades dos monumentos.
4. Os materiais de restauração
 › Emprego adequado dos recursos modernos, inclusive o concreto 
armado, desde que não altere o aspecto e o caráter do edifício.
5. Deterioração dos monumentos
 › Colaboração mundial para a obtenção e divulgação de métodos 
aplicáveis, em diferentes casos de restauro.
 › Retirar a obra de seu lugar de origem é considerado lamentável.
 › Constata que os edifícios do mundo inteiro estão cada vez mais 
ameaçados pelos agentes atmosféricos.
 › Recomenda-se preservar os modelos originais, e, na falta deles, a 
execução de moldes.
6. Técnica da conservação
 › Quando for impossível a conservação de ruínas escavadas, deve-
se estuda-las e, depois, enterrá-las novamente, necessitando da 
colaboração de um arquiteto e arqueólogo. Tal processo se chama 
‘anastilose’.
 › Antes de qualquer restauração, deve ser fita a análise minuciosa das 
patologias presentes.
7. A conservação dos monumentos e a colaboração internacional
 › É enfatizada a importância de ações educativas de sensibilização e 
divulgação do interesse de preservação dos testemunhos de toda a 
civilização.
 › Cooperação mundial propiciando a conservação do patrimônio 
artístico e arqueológico da humanidade, que é de interesse de todos.
34
UNIDADE II │ MÉTODO
 › A Grécia é um exemplo de execução de trabalhos, com a colaboração 
de arqueólogos e especialistas internacionais.
 › Cada Estado tem o dever de publicar inventários contendo 
informações e fotos dos monumentos históricos nacionais.
São exemplos de Obras de restauro:
Restauração da igreja Nossa Senhora do Carmo, da antiga Sé, do Rio de Janeiro. 
Características da igreja – Construção do século XIX, em estilo neocolonial, 
tombada pelo IPHAN. Entre 2006-2008 obra de restauração (duração de 1 ano 
e 6 meses); características da obra: restauração das fachadas, marmorização das 
fachadas e interior.
De acordo com a carta de Atenas, na restauração da igreja, foi preservada toda a 
história do monumento, a técnica da pintura, respeitando o método executivo da 
construção do século XVIII, XIX, e XX.
Restauração da estação ferroviária de Joinville (ano de construção – 1906, 
ano de tombamento – 2008, ano de conclusão do restauro – 2008). O objetivo 
principal foi resgaste das características originais do prédio construído em 1906, 
e ampliado em 1917 e 1919. A pintura do prédio externo foi efetuada na mesma 
técnica de sua primeira pintura. A tinta a cal permite a troca entre a umidade entre 
os lados internos e externos da parede. Todas as camadas de tinta acrílica foram 
removidas com um soprador térmico. Pedaços da parede com reboco e a tinta 
foram encontrados enterrados próximos ao prédio da estação, servindo como base 
para a definição da cor atual.
Uma equipe de cinco restaurados descobriu que, além da cor da tinta original, 
pinturasmurais em todos os ambientes interiores da estação.
A técnica artística era muito utilizada na época, como forma de decorar o ambiente. 
Áreas desses murais, bem como todas as cores e camadas de tintas utilizadas para 
cobrir as paredes da estação, estão expostas em diversos locais.
A técnica de anastilose, ou reconstituição de projetos da arquitetura, tem como 
finalidade registrar os edifícios em ruínas, desfigurados ou inacessíveis, por meio 
de desenhos arquitetônicos. A relevância do registro desses desenhos consiste em 
conservar a memória e o bem patrimonial da arquitetura, prática que ocorre desde 
o século XVIII, desde as primeiras expedições arqueológicas.
35
MÉTODO │ UNIDADE II
O profissional, arquiteto, contribui desde os primeiros trabalhos de reconstituição 
até o presente momento, fazendo-se, por meio dos desenhos arquitetônicos, seja na 
representação dos dados coletados, seja no levantamento de informações.
As técnicas de desenho assistido por computador, conhecido por ‘Autocad’, 
aumentaram as possibilidades de representar e registrar os projetos 
arquitetônicos, além disso, os recursos da representação gráfica possibilitaram 
agregar, num único espaço, informações que, comumente, encontravam-se 
soltas em acervos e suportes distintos.
Com isso, ficou permitido o melhor acesso às informações sobre os bens 
culturais, tanto pelos pesquisadores, quanto pelo público de interesse, 
ampliando, dessa maneira, a importância da preservação patrimonial. 
Como exemplo da utilização da computação gráfica, a fachada do Teatro Municipal 
Carlos Gomes, de Campinas, teve a sua fachada reconstituída. O trabalho 
realizado, neste exemplo, utilizou recursos de análise, por meio de fotografias, 
plantas arquitetônicas e partes remanescentes do edifício, para conceituar o que 
teria sido a elevação de sua fachada, e, assim, caracterizar uma metodologia de 
reconstituição arquitetônica para justificar a sua real importância.
Sintetize as principais diferenças entre os métodos: Restauração e Anastilose.
36
CAPÍTULO 3
Adaptação ao novo uso (retrofit)
Retrofit pode ser definido como uma técnica da arquitetura e engenharia, 
empregada para a adaptação de prédios existentes, a fim de melhorar a edificação, 
sem modificar o projeto estrutural.
O surgimento e o desenvolvimento do retrofit se deu na Europa, onde tem uma 
grande importância, devido à grandiosidade das edificações antigas e históricas, 
e visto que essa técnica é bastante utilizada nos Estados Unidos. Nestes países, 
observa-se que, por meio de sua legislação mais rigorosa, não foi permitido que 
o rico acervo de arquitetura fosse trocado, o que abriu leque ao surgimento desse 
tipo de solução, o retrofit, que conserva o patrimônio histórico, e, ao mesmo 
tempo, permite a boa utilização do imóvel.
É importante salientar que o termo retrofit não pode ser confundido com 
restauração, já que este último traz a edificação ao seu estado original, tampouco 
com reforma, uma vez que não se compromete com as características originais do 
prédio. Modernização é a palavra que tem o significado conceitual mais próximo 
dessa técnica, pois, além de restaurar o edifício, o retrofit renova as estruturas, 
com novas tecnologias, tanto em materiais, quanto em soluções.
Contudo, o retrofit não é apenas empregado para fazer reparos aos desgastes 
naturais de materiais, mas, também, para atender às inovações tecnológicas do 
atual mercado. Com isso, o ponto crucial do projeto se dá na necessidade de 
adequação do edifício referente às normas e desempenhos que ele não atende.
É corrente se planejar para a execução, sendo necessário considerar fatores 
econômicos e logísticos. Tem-se a necessidade de uma avaliação criteriosa, 
baseada nos desejos dos clientes, sendo realizados as estimativas de custos e, 
também, a viabilidade da logística para a execução, para tanto, recomenda-se que 
seja elaborado um projeto completo, para ser executado em etapas, com todos os 
detalhes da obra, com o intuito de evitar transtornos de incompatibilização nos 
projetos.
A técnica do retrofit pode ser usada em qualquer tipo de edifício, e envolve diversos 
setores da construção civil, dentre as quais: a fachada, o piso, a iluminação, as 
instalações hidráulicas e outros, que variam de acordo com a necessidade de cada 
projeto.
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MÉTODO │ UNIDADE II
Observa-se que, com o surgimento de novos materiais, são contempladas as 
novas exigências tecnológicas, sendo assim, pode-se associar isso à ideia de 
retrofit, no qual é necessário conceber que a novidade deve ser capaz de alcançar 
todos os objetivos do que se tornou ultrapassado e, ainda, agregar novos valores 
à sua existência.
Logo, retrofitar um edifício, em questão de iluminação, por exemplo, significa 
substituir lâmpadas tradicionais (incandescentes) de uma luminária, por modelos 
de melhor desempenho, que garantam mais vantagens, como a redução de consumo 
de energia e maior durabilidade. A tecnologia LED é a mais indicada nesse caso, 
pois está associada à eficiência energética e econômica.
É conveniente destacar algumas vantagens que a técnica retrofit propicia às obras 
arquitetônicas, dentre elas, o poder de ser sustentável. Sabe-se que a adequação 
torna uma fachada mais eficiente, permitindo que sejam introduzidos os sistemas 
de eletricidade, hidráulicos, iluminação e ventilação, que asseguram as condições 
ambientais.
Tem-se, nesta técnica, uma tendência ao seu crescimento, por meio de uma maior 
demanda, levando-se em consideração a sua importância para a preservação dos 
patrimônios históricos, além de se representar como uma forma de solucionar com 
mais praticidade e sincronicidade dos edifícios tombados aos novos padrões.
Sendo assim, o retrofit também propicia a relação custo-benefício à uma 
construção. Considerando que a despesa com a permuta de materiais e execução 
do projeto pode demandar, de início, a economia criada pelas novas tecnologias, 
faz o investimento, neste tipo de procedimento, valer a pena.
Com frequência, pode-se ser observado a existência de vários empreendimentos 
comerciais, que vêm passando pelo método de retrofit, sendo adquiridos por 
investidores e empresas incorporadoras que, ao comprar prédios antigos, realizam a 
técnica para renová-los e, por conseguinte, comercializá-los.
Contudo, pode-se observar, também, que há uma grande tendência na procura por 
projetos do método retrofit, em empreendimentos residenciais. Os proprietários 
veem, nessa técnica, uma adequação muito proveitosa, sendo um investimento 
rentável para adequação. De antemão, não adianta você investir em melhorias 
para seu apartamento, caso o prédio onde você mora não possua uma boa 
infraestrutura que deixe seu imóvel valorizado, e que também torne mais fácil o 
dia a dia do transeunte.
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UNIDADE II │ MÉTODO
Em síntese, além de ser uma grande intervenção no edifício, o retrofit determina 
a maneira como a edificação irá funcionar, para reduzir gastos com energia e 
custos com manutenções devidas.
Vale fazer destaque de um espaço que foi recuperado, entre os anos 2009 a 2012, 
utilizando o procedimento retrofit, que foi o conjunto Ibirapuera, projetado 
por Oscar Niemeyer, em 1950. O prédio, atualmente, abriga o Museu de Arte 
Contemporânea.
Na atualidade, tornou-se comum a busca pela revitalização de antigos edifícios, 
sendo essa a motivação principal, o que aumenta a vida útil, com a utilização das 
avançadas novas tecnologias, tanto em sistemas prediais, quanto na utilização de 
materiais modernos, compatibilizando-os com as restrições urbanas e de ocupação, 
sem contar que promove a preservação do patrimônio histórico, sobretudo, o 
arquitetônico. 
É conveniente mencionar que, na maioria das vezes, o retrofit sai mais custoso 
do que demolir um antigo edifício, e construir um outro. Todavia, tratando-se de 
conservação de um patrimônio histórico, o custeio é ignorado. Mas nem sempre 
isso ocorre. A técnica de retrofit planejado, projetado e executado de forma correta,poderá manter a edificação sempre atualizada, o que estende a sua vida útil. Isso 
contribui para diminuir os custos com a manutenção, e aumenta as possibilidades 
de utilização. Dessa maneira, o retrofit pode, e deve, ir ao encontro da eficiência, 
compondo o edifício de tecnologias, podendo, assim, ser traduzido em conforto, 
funcionalidade e segurança ao usuário, mas mantendo a viabilidade econômica 
para quem vai investir.
Dessa forma, ocorre a possibilidade de obter valores acessíveis para 
investimento, o que vem estimulando cada vez o método retrofit, que tem a 
necessidade de passar por análise de viabilidade econômica, sendo que a mera 
análise por comparações convencionais pode levar a erros na conclusão. Sendo 
assim, quando é realizada uma análise simples de custos, que pode acarretar 
em prejuízos ao mensurar certos valores, é importante ter cautela ao executar 
esse tipo de análise, pois se trata de uma avaliação de um bem imóvel, no qual 
se pretende aplicar sua melhoria, tanto no que tange a sua eficiência energética, 
quanto na sua preservação de memória, ou, ainda, no seu padrão de segurança 
e melhoria de conforto.
Pode-se, ainda, dizer que a técnica do retrofit não se limita às edificações, mas 
pode ser aplicada também às grandes áreas urbanas, em especial quando se trata 
da questão da revitalização urbana e modernização das construções. 
39
MÉTODO │ UNIDADE II
Diante disso, vale salientar que, em qualquer das situações, o método de retrofit 
tem o sentido de inovação, em que se pressupõe uma intervenção integral, 
desde as soluções nas fachadas, instalações elétricas e hidráulicas, circulação, 
elevadores, proteção contra incêndio e demais itens, que caracterizam o uso do 
que existir de melhor no mercado.
De tudo o que foi exibido, pode-se observar que o retrofit deve ir em busca da 
eficiência, pois é mais difícil do que iniciar uma obra, em função das limitações 
físicas da antiga estrutura de uma edificação. Todavia, a redução do prazo e a 
adequação geográfica de um imóvel, com certeza, estimulam cada vez mais a 
adoção dessa prática. Além disso, o retrofit é conhecido como a reciclagem, 
ou reabilitação dos espaços conservados, pois se trata de uma intervenção de 
adaptação aos ambientes que já existem, a fim de acolher determinadas atividades 
distintas, para as quais foram construídos, vale salientar que isso é uma prática 
comum nos dias de hoje.
Complemente seus conhecimentos com o artigo abaixo: Acesse o link:
http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/viewFile/V7N3A13/V7N3A13. 
Acesso em: 15/1/2020.
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CAPÍTULO 4
Reconstrução
Define-se a reconstrução como uma recriação de um edifício, que deixou de existir no 
seu local de origem. Contudo, isso é uma característica que muito se questiona, porém 
pode ser justificado devido a vários fatores, dentre os quais, quando for abordado 
um edifício que teve seu desempenho vital, em uma composição monumental; ora 
quando se tratar de uma edificação relacionada a personagens ou eventos relevantes 
para um país; ou qualquer outro motivo que o justifique. Todavia, há que ressaltar a 
importância da existência de registros fiéis que possibilitem tal reprodução. Há, ainda, 
os casos em que a reprodução se deu a partir de suposições, resultando em algo que 
não, necessariamente, era a reprodução de origem.
Para a técnica em estudo, é de importância ser citada a Declaração de Amsterdã. É 
na carta de Burra, de 1980, que fica estabelecido com clareza os itens que definem os 
tipos de intervenções de um monumento para a reconstrução. Esta carta é de grande 
importância para os profissionais de arquitetura que atuam nesta área do conhecimento, 
os quais começaram a ver, de outra maneira, a forma do processo de execução do 
restauro. 
Contudo, apesar de existir uma situação dúbia de se interpretar, nessa carta teve a 
possibilidade de achar pontos éticos, quanto ao método de reconstrução, no artigo 19, 
ele se refere aos materiais e documentos que são de preciosidade para a execução de 
tais serviços.
A reconstrução será o estabelecimento, com o máximo de exatidão, 
de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela introdução na 
substância existente de materiais diferentes, sejam novos ou antigos. 
A reconstrução não deve ser confundida nem com a criação, nem com 
a reconstrução hipotética, ambas excluídas do domínio regulamentado 
pelas presentes orientações; 
[...] Art.19. A reconstrução deve limitar-se a reprodução de substâncias 
cujas características são conhecidas graças aos testemunhos 
materiais e/ou documentais. As partes reconstruídas devem poder 
ser distinguidas quando examinadas de perto (CARTA DE BURRA, 
in: CURY, 2000, p. 247).
Esses documentos apresentados demonstram a existência e a evolução de uma forte 
corrente, que defende e acredita na autenticidade da reconstrução de elementos 
41
MÉTODO │ UNIDADE II
arquitetônicos, com o intuito de manter o registro histórico das técnicas construtivas 
tradicionais. Podemos recorrer até a Brandi, que, no seu livro “Teoria da Restauração”, 
diferenciava a cópia, a imitação, e a falsificação pela sua intencionalidade, e definia 
a cópia ou reprodução como determinado período histórico, ou de determinada 
personalidade artística, para nenhum outro fim, a não ser uma documentação do objeto 
ou prazer que se quer extrair (BRANDI, 2005, p.114);
Não obstante, percebe-se que, ao se utilizar da reprodução, deve ser realizada, quando 
existir, pelo menos os registros físicos, ou documentais que possam servir de auxílio 
na etapa executiva, a fim de que seja realizado um serviço correto e fidedigno ao que 
foi construído à época. Logo, a partir do instante em que ocorrer uma ideia duvidosa, 
não poderá mais ser executado a técnica de restauração, ou a reconstrução consciente, 
ou seja, recomenda-se que outro caminho seja tomado para a construção de elementos 
contemporâneos, seguindo as recomendações da Carta de Burra e Veneza.
Todavia, nem todo o patrimônio arquitetônico da atualidade teve a sua preservação 
como eixo de intervenção, mas, sim, o de seu oposto e inverso, que é a técnica de 
reconstrução. Como nos casos dos pavilhões da Exposição Universal, de 1929, de 
Mies van der Rohe, e daquele da Exposição de Paris, em 1937, de Josep Sert e Luis 
Lacasa, ambos reconstruídos entre os anos 1980 e 1990. São obras transitórias, que 
se tornaram eternas. 
Diante a técnica discutida neste capítulo, nota-se que, em países onde ocorrem 
constantes desastres naturais, o Chile, por exemplo, é acostumado a passar por 
processos de reconstrução. Não obstante, é constante o aumento desses ciclos, ao 
longo dos anos. Ficou registrado um grande número desses incidentes entre os 
anos de 2014 a 2017. O governo do Chile está empenhado em vários processos de 
reconstrução, em todo território nacional.
É curioso, ainda, saber que as tragédias proporcionadas pelos desastres naturais 
no mundo continuam a deixar milhares de pessoas desassistidas todos os anos, 
forçando-os a buscar refúgio, sem outra opção. Em várias situações, as cidades não 
conseguem abrigar os refugiados, limitando sua cobertura. Adicionado a isso, as 
dificuldades para sustentar as pessoas vitimadas, de forma digna, tornam-se cada 
vez mais difíceis, levando as estratégias convencionais ao colapso.
É dessa maneira que a inovação, a criatividade, e a vontade exercem um significativo 
papel nas diferentes práticas de construção, que funcionam de forma eficaz e que, 
finalmente, tornam-se um exemplo de construção valiosa no mundo.
42
UNIDADE II │ MÉTODO
Há alguns princípios que norteiam, e que devem ser levados em consideração, se 
quisermos projetar uma estrutura emergencial ou transitória, e é assim que se reúnem 
algumas dicas que possam ser de utilidade.
Também, a título de conhecimento, na última década, o país Nigeriano vivenciou 
o espectro nebuloso, e o constante conflito dilacerou o seu território, ceifando 
centenas de milhares de pessoas,além de destruir milhões de casas e causar 
consideráveis impactos a já precária infraestrutura pública de seu país. 
Felizmente, essa terrível situação está começando a tomar novos rumos, isso 
porque, ao longo dos últimos anos, grupos de militares nigerianos conseguiram 
libertar várias das cidades que estavam sitiadas, dando início a um amplo 
trabalho de reconstrução do país. Contudo, os efeitos da guerra deixaram uma 
marca imutável, que modificou para sempre os espaços urbanos dessas cidades. 
A Nigéria encarou seu país ser completamente dizimado, não apenas vidas foram 
perdidas, mas, também, os espaços públicos e a infraestrutura básica, forçando as 
pessoas a reconstruir o país do zero.
Época em que a cidade ficou marcada por vários atentados, com recorrentes 
explosões, causadas por homens-bomba, resultando na morte de inúmeras pessoas, 
sem contar a devastação causada pelo conflito, deixando marcas irreparáveis na 
economia local, negando aos trabalhadores os seus direitos mais básicos, e a 
oportunidade de ter uma vida minimamente digna.
Dessa maneira, foram surgindo as várias ideias de reconstrução do espaço urbano, 
este um modelador da paisagem, de antemão, a ideia era converter a estrutura de um 
edifício residencial existente, por exemplo, num espaço coletivo de trabalho, dedicado 
a servir como incubadora de iniciativas inovadoras, que procurassem desenvolver 
soluções práticas para os mais graves problemas sociais da região, o que favoreceria a 
toda comunidade.
Por outro lado, vale incrementar que a arte não é uma via de expressão subjetiva, 
mas uma atividade que se volta ao bem de todos. Essa foi a ideia do trabalho de 
El Lissitzky, arquiteto e um artista com multifacetas, que traz a grandiosidade no 
construtivismo russo. Visionário da arte como motor de transformações sociais, e 
seu gênio em experimentos, além de ser inovador, tornaram-no uma figura ilustre 
das vanguardas do século passado.
Faz-se saber que a reconstrução da arquitetura, na União Soviética, divide-se em 
três partes. A primeira de trata do teórico publicado originalmente, em Viena, no 
ano de 1930. Temos, ali, os fundamentos e princípios do pensamento arquitetônico 
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MÉTODO │ UNIDADE II
de El Lissitzky, para a reconstrução da União Soviética, destacando o papel da 
arquitetura e urbanismo para a solidificação da revolução e fornecendo algumas 
das diretrizes do que se tornaria a arquitetura contemporânea.
Já a segunda parte apresenta uma série de ideias do construtivista, escritos entre 
1921 a 1926, sobre temas que vão desde teoria da arte até a produção da ópera 
futurista Vitória sobre o Sol. Os textos ajudam no entendimento de seus valores e 
sua visão de mundo, tão bem resumidos e expressos em sua arte, e em sua atuação 
como arquiteto. 
Na terceira parte, surgem os textos escritos por colegas da época de El Lissitzky, 
que ajudaram na definição da arquitetura europeia, dos anos 1920. 
Enfim, o que ficou sintetizado, neste capítulo, foram os conceitos do que é a 
reconstrução da arquitetura de um espaço urbano, além disso, pode-se também 
perceber como isso se dá em diferentes épocas, e as causas motivadoras da 
reconstrução para cada tipo de situação, o que pode ser notado, em diferentes 
lugares, como também em várias épocas distintas na história.
Renovação, reconstrução e pastiche: Faça uma análise das principais 
diferenças dessas técnicas aplicadas na arquitetura.
Link texto: http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/stpi/paper/
viewFile/316/237. Acesso em: 15/1/2020.
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CAPÍTULO 5
Réplicas
As réplicas podem ser caracterizadas como uma cópia fidedigna de um original, 
que já existe. Os custos e dificuldades de se obter réplicas arquitetônicas tornam 
essa arte muito rara.
A prática de replicar é realizada, comumente, aos bens móveis. São exemplos 
as esculturas situadas nos locais de domínio público, e que estão sujeitas à ação 
das intempéries, poluição e vandalismo, sendo, desta maneira, substituídas por 
réplicas, e passam a integrar acervos dos museus, como é o caso da Estátua de 
David, de Michelangelo, em Florença, na Itália.
As réplicas têm os seguintes significados (do latim replicare, responder, repetir, 
e do italiano replica, com o mesmo sentido ou de repetição), também chamadas 
cópias, clone, duplos ou reproduções, caracterizam-se por fazer a reprodução 
de um objeto existente, ou de que já existiu, com o máximo de suas exatas 
características de formas, de tamanho ou cromáticas. Entretanto, apesar desses 
atributos, as réplicas, geralmente, estão fora do contexto em que a arquitetura 
original foi edificada, o que corresponde apenas em parte às expectativas de uma 
visualização plena do objeto arquitetônico.
Todavia, a palavra réplica carrega o estigma de ser uma imitação, ou seja, de 
algo que não corresponde à verdade, a um original. Seu uso em arquitetura é 
relativamente amplificado, sobretudo quando associado às edificações de valor 
histórico. Pode-se citar, como exemplo, um dos casos mais emblemáticos de 
réplicas arquitetônicas, o Pavilhão Barcelona, de Mies van der Rohe. 
O pavilhão nacional da Alemanha foi construído na exposição universal de 1929. 
Foi demolido logo em seguida, ao término da exposição. A imagem que resistiu 
foi divulgada em inúmeros livros, por meio de fotografias em preto e branco, 
que alimentaram sua aura de obra-prima durante várias gerações de arquitetos 
(BERGER; PAVEL, 2006, p. 52). 
Reconstruído em 1986, por ocasião do centenário de nascimento de Mies, por 
iniciativa da prefeitura de Barcelona, e coordenado por Ignasi de Solà-Morales, 
Cristian Cirici e Fernando Ramos, foi seguida de alguma polêmica. Por sua lógica 
construtiva, alguns consideravam o Pavilhão também como um protótipo e/ou 
réplica, um perfeito experimento espacial autônomo, um objeto, que poderia ser 
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MÉTODO │ UNIDADE II
construído em qualquer lugar, embora os autores da reconstrução argumentem que 
o edifício estabelece uma relação única com o entorno, e que foi muito estudada 
por Mies (SOLÁ-MORALES; CIRICI; RAMOS, 2000, p. 28). 
Com o intuito de mostrar ao público as grandes obras da arquitetura francesa, 
de diversos períodos históricos, um grande projeto de construção de réplicas de 
arquitetura foi esboçado por Viollet-le-Duc, a partir de 1855. 
As réplicas, ao reproduzirem uma realidade ausente, ou mesmo quando 
deslocadas de seu contexto original, permitem vivenciar o espaço projetado, 
em praticamente toda sua plenitude, propiciando um entendimento de projetos 
paradigmáticos da arquitetura mundial que, de outra maneira, teriam que ser 
conhecidos de forma indireta.
A análise dos exemplos aqui apresentados ratifica a relevância dos protótipos 
e réplicas, como um dos recursos mais significativos, não só de sua 
representatividade, como também de sua documentação na arquitetura, porém 
sobressaem como ferramenta auxiliar na tomada de decisões de projeto. 
Fazendo a substituição, mesmo que temporariamente da arquitetura, ou suas 
particularidades, esses recursos têm como fator diferenciador a representação em 
escala real, o que favorece uma melhor percepção, mais acurada do expectador/
usuário/arquiteto em relação à obra realizada.
A sapiência do espaço passa a ser de outra ordem, não mais baseada no 
reconhecimento de outros sistemas de representação (desenhos, maquetes, 
croquis, fotografias), mas deste quase objeto real, que são os protótipos e réplicas. 
O interpor dos sistemas de representação passa a não existir, onde o observador 
passa a contemplar a obra, em um nível de fidedignidade quase na sua totalidade. 
Essa habilidade também permite avaliações ergonômicas, funcionais, técnicas, 
estéticas sensoriais da melhor qualidade, já que qualquer outro tipo de se 
representar será sempre uma aproximação, seja em maior ou menor escala, da 
realidade. Por mais concebidos que sejam outros tipos de representação, como 
os modernos sistemas digitais, nunca vão substituir plenamente a experiência 
presencial, em relação ao

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