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- -1 MUSEOLOGIA CURADORIA EM MUSEUS - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1 - Apresentar o trabalho da curadoria em museus; 2 - Aprofundar os conhecimentos sobre a comunicação museológica; 3 - Apresentar sugestões para você criar ações educativas que articulem o estudo da História com os espaços ecoculturais. Esta nossa última aula aprofunda os temas abordados nas aulas 4 a 7. Nela, você vai expandir seus conhecimentos sobre a comunicação museológica. Vai aprender como são criadas as estratégias de comunicação para que uma experiência expositiva seja prazerosa e sua mensagem bem compreendida pelo público. E para isso, é imprescindível que você conheça o trabalho da curadoria em museus. É isso que veremos nesta aula. Bons estudos! 1 Revisão Esta aula aprofunda os temas abordados nas aulas 4, 5, 6 e 7. Nela, você vai expandir seus conhecimentos sobre a comunicação museológica. Vai aprender como são criadas as estratégias de comunicação para que uma experiência expositiva seja prazerosa e sua mensagem bem compreendida pelo público. E para isso, é imprescindível que você conheça o trabalho da curadoria em museus. A partir desses conhecimentos, você poderá criar roteiros ecoculturais que combinam os estudos de História com caminhadas, passeios e viagens. Você vai poder inventar experiências lúdicas para aprender e ensinar a História, utilizando os ambientes onde os fatos aconteceram. Vai aprender como fazer as pessoas “viajarem" no tempo histórico. Curadoria: o que significa? A palavra “curador" vem da expressão latina tutor, e significa "aquele que cuida". Nos museus, os curadores são os responsáveis pela administração de uma exposição em todas as suas fases e níveis – desde a concepção, montagem, supervisão e elaboração dos seus conteúdos didáticos. Geralmente são profundos conhecedores do tema abordado ou, conforme o tipo da mostra, especialistas em História, Filosofia ou estética. - -3 A curadoria diz respeito ao estudo e à interpretação dos objetos – ou coleções de um museu –, seus significados e capacidades de expressão. Você deve lembrar que os objetos musealizados são aqueles que possuem sentido, e por isso mesmo são escolhidos para serem exibidos num cenário expositivo. Essas escolhas são feitas pelo curador, ou por uma equipe de curadores, a partir do estudo dos seus significados e capacidades expressivas. Por isso o seu trabalho, na fase de seleção, tende a ser mais interpretativo. As demais responsabilidades e tarefas administrativas são distribuídas – às vezes pelo próprio curador – para os demais integrantes da equipe que, como você também já viu, é constituída de profissionais de diversas áreas e formações. Esse foco na interpretação explica por que a curadoria é sempre considerada o coração de uma exposição museológica. Seja quando o museu expõe suas próprias coleções ou quando recebe acervos de outras instituições, é preciso que haja uma curadoria. Curador é o profissional que se responsabiliza pela administração desse material, isso é, pela recepção, conservação, segurança, transporte e pelo estudo desse acervo, para usá-lo como transmissor da mensagem expositiva. Mesmo naquelas exposições em que não existe uma coleção a ser mostrada – como as dos centros de ciências ou de museus para crianças –, é necessário interpretar a pesquisa feita pela curadoria, pois é através dela que será elaborada a narrativa do conteúdo que a exposição irá apresentar ao público. Quando não há um curador indicado, normalmente são os museólogos ligados à própria instituição que se incumbem dessa responsabilidade, ou à própria equipe do museu. Mas esse papel pode também ser compartilhado com outros profissionais escolhidos para atuar como “curadores convidados” – artistas, educadores, especialistas, colecionadores, representantes do público para o qual a exposição é dirigida ou membros da comunidade da qual a coleção se origina. Isso não altera o caráter fundamental da curadoria, que se mantém como parte integrante da missão do museu. Seja individualmente ou em equipe, é uma função estratégica que exige esforço de pesquisa e deve ser bem executada. - -4 2 A curadoria no planejamento de uma exposição No planejamento de uma exposição museológica, cabem à curadoria as seguintes responsabilidades: • Idealizar e formular o conceito da exposição; • Pesquisar o tema; • Analisar e selecionar os objetos da coleção a serem expostos; • Documentar esses objetos (justificar as suas escolhas e traçar uma estratégia de comunicação para transmitir os seus significados); • Preparar e ordenar as legendas, os textos, os gráficos e demais instrumentos a serem usados para explicar o conceito da exposição; • Avaliar o resultado da mostra em relação ao público-alvo. O estágio inicial no desenvolvimento de uma exposição é escolha de uma ideia central, isto é, um conceito que define o seu objetivo. Isto pode ser facilmente demonstrável quando a ideia é explícita; por exemplo: uma mostra cujo tema é diretamente anunciado e o seu objetivo é evidente. Os eventos de grandes proporções e as exposições comemorativas têm, em geral, esse perfil. Imagine a comemoração da Independência do Brasil no dia 7 de setembro, com seus desfiles por todo o país. • • • • • • - -5 As autoridades presentes, os veículos militares, os uniformes, os armamentos, as bandas de música marcando o passo e o ritmo dos hinos, as bandeiras, as evoluções das tropas, das esquadrilhas e das cavalarias formam um grande conjunto simbólico, cuja ideia é reafirmar o sentimento de unidade, nacionalidade e patriotismo. Esse objetivo é evidentemente demonstrado; é explícito. Nesse caso, as obras são usadas como "janelas" através das quais são transmitidas informações não anunciadas de antemão, mas o público as percebe e as assimila por meio dos "outros" significados daqueles objetos. Portanto, a ideia central de uma exposição é a estratégia criada pela curadoria para abordar uma questão e propor uma reflexão. Assim, atinge seu objetivo, estando ele explícito ou implícito. Para isso, é necessário ter claro esse objetivo e tudo fazer para alcançá-lo, isto é, prever os resultados de toda a ação, desde a escolha do momento propício, do lugar e dos objetos pelos seus significados até à forma de apresentá-los e para quem. A ideia central de uma mostra define a estratégia de comunicação. É a tese criada pela curadoria para reunir e associar assuntos em torno de um tema e apresentá-los e explicá-los intencionalmente através de "janelas". E essas janelas são os objetos inseridos em um cenário-narrativa. 3 O objeto museológico As exposições vistas pelos olhos dos visitantes: a chave para o sucesso Você já sabe que os objetos são o principal ingrediente de uma exposição. Portanto, o modo de distribuí-los no espaço físico é a primeira preocupação dos organizadores de uma mostra. Ainda que o objetivo seja organizar o acervo de modo a facilitar a assimilação do conteúdo, este deve ser disposto de forma a causar impacto e enfatizar sua importância. Lembre-se que os objetos são as “musas” de uma mostra, e a sua posição em relação ao observador, ao ambiente como um todo e aos demais objetos "concorrentes" irá determinar se ele será mais ou menos atraente. Imagine um ambiente superlotado; além de prejudicar a experiência do visitante, pode até comprometer a integridade do acervo. Quando você visitar uma mostra, assuma uma postura crítica em relação ao tema proposto e a forma como ele está sendo apresentado. Analise a escolha dos objetos. Julgue seus significados e suas capacidades de exprimi- los. Lembre-se: os objetos não competem entre si; complementam-se. São partes de um todo. Um todo-significado, um todo-expressão, um todo-mensagem, um todo-ideia, um todo-reflexão, um todo-ação. - -6 Aprecie minuciosamente a mostra e faça-lhe um julgamento – severo – de acordo com o que você aprendeu. Debata com seus colegas. Como você apresentaria esse tema? Proponhauma forma diferente – mais do seu jeito – para convidar o público à reflexão-ação. Lembre que a qualidade de uma mostra pode ser medida pela soma qualitativa dos seus elementos. Uma boa mostra deve propor uma reflexão que leve a uma ação sobre a realidade; para modificá-la para melhor, claro! O público pode ter diferentes reações quando convidado a refletir sobre uma realidade – e mais ainda quando consegue se projetar dentro dessa realidade. 4 Exposições de tipo estético Em uma mostra que apela para o sentido estético, a reação mais comum é a simples contemplação. Diante de uma obra de arte, ou quando se está imerso em um cenário que convida à fruição estética, geralmente a experiência convida à observação dos efeitos plásticos da criação artística. Assim, esse tipo de mostra propõe uma experiência mais orientada às emoções e sentimentos, com menor nível de informação. Figura 1 - Exposição do tipo estético: contemplação. Esse tipo de exposição se concentra mais na percepção de cada objeto como uma entidade em si mesma, única, tal como as pinturas, gravuras, esculturas, montagens e instalações. - -7 Também podem ser incluídas nesse tipo de mostra as artes decorativas – objetos interessantes e belos de diferentes culturas que não foram concebidos originalmente como obras de arte, embora sejam exibidos como tais. Esse tipo de exposição pode, contudo, exibir também objetos tridimensionais - mobiliário, veículos, joalheria, indumentária etc. – que geralmente são percebidos como partes de um cenário estético. Seja como for, o convite apela à contemplação, à fruição da beleza plástica. 5 Exposições de tipo histórico Nas exposições de tipo histórico – ou temático –, os objetos são organizados dentro de vitrines ou inseridos em dioramas (Diorama é uma representação de uma cena, cuja finalidade é despertar a imaginação do público, fazendo-o vivenciar uma experiência visual – às vezes também auditiva e tátil – ao apreciar a obra) ou ainda dispostos em galerias, geralmente junto a outros meios de informação - gráficos, mapas e outros acessórios –, usados para auxiliar a compreensão do tema ou relacioná-los entre si dentro de um contexto. Figura 2 - Exposições de tipo histórico e temático. Para serem mais compreendidas, essas exposições demandam um conhecimento prévio sobre o tema, e por isso apresentam um nível mais elevado de informação. - -8 Em geral, as informações são dispostas associando textos e imagens, convidando o público à assimilação. Os objetos são expostos em pequenos grupos formando um conjunto lógico, podendo também incorporar outros elementos – espécimes, maquetes – e outros recursos audiovisuais, interativos ou gráficos em grande escala. 6 Exposições do tipo exploração Exposições do tipo exploração ou descoberta tradicionalmente apresentam temas arqueológicos ou de história natural. Geralmente exibem coleções de mineralogia, artefatos de povos primitivos e espécimes taxidermizados, seguindo esquemas de classificação científica nos moldes dos antigos “gabinetes de curiosidades”. A disposição do acervo segue uma ordem cronológica, onde toda a superfície do piso e da parede é utilizada para exibi-lo. Figura 3 - Exposições do tipo exploração ou descoberta. Para serem mais compreendidas, essas mostras exigem que o visitante possua um maior nível de informação. Daí a postura do público ser uma busca contínua pela informação, normalmente apresentada em sequência através de textos e imagens associadas. - -9 As peças menores e em maior quantidade – geralmente espécimes de invertebrados – são organizadas por espécie e exibidas em gavetas envidraçadas, e as peças maiores em pequenos nichos simulando seus ambientes naturais. Os objetos de maior tamanho – esqueletos de grandes animais e painéis que simulam seus ambientes naturais – são exibidos em galerias à parte, em destaque. Podem ser explicados por outros recursos audiovisuais – filmes, desenhos, dioramas -, que permitem uma melhor assimilação do conteúdo pela boa visualização e circulação no espaço expositivo. 7 Exposições interativas Já as exposições interativas incluem experimentos, simulações e demonstrações ao vivo. Em geral são apresentadas em museus de ciência e tecnologia, salas multimídia, aquários, planetários e parques temáticos. São mais direcionadas para o público jovem de estudantes e também crianças. Figura 4 - Exposições interativas. As interações podem ocorrer de diversas formas: quiosques de computadores, apresentações audiovisuais e oficinas de criação, onde a informação é obtida durante o próprio fazer interativo. - -10 Essas exposições convidam ao experimento e à descoberta, tanto individuais como em grupos. Por isso podem permitir que várias pessoas participem ativamente de um experimento ao mesmo tempo. Para melhor obter a informação disponibilizada, é preciso um razoável grau de conhecimento para manipular equipamentos multimídia. Geralmente esse tipo de mostra é acompanhada por monitores, e o número de visitantes-participantes é limitado conforme a atividade. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Identificou as funções e responsabilidades da curadoria em museus e sua forte atuação no campo da pesquisa e interpretação de acervos; • Entendeu que as mostras devem ser mediadas a partir do olhar dos visitantes, e as reações que eles podem ter diante de determinados objetos e acervos, conforme o tema abordado, as experiências e reflexões propostas e os conhecimentos adquiridos; • Aprendeu como elaborar atividades educativas extraescolares – as aulas-passeio – e como torná-las Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre curadoria em museus, leia os artigos: JULIÃO, Letícia (coord.); BITTENCOURT, José Neves (org.) Mediação em museus: curadorias, exposições e ação educativa. Cadernos de diretrizes museológicas 2. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, Superintendência de Museus, 2008. Disponível aqui. Acesso em 9 abr. 2014. http://www.cultura.mg.gov.br/files/museus /1caderno_diretrizes_museologicas_2.pdf LIMA, Solange Ferraz de; CARVALHO, Vânia Carneiro de. Cultura visual e curadoria em museus de História. Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre: PUCRS, vol. XXXI, n. 2, p. 53-77, dez. 2005. Disponível aqui. Acesso em 9 abr. 2014. http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index. php/iberoamericana/article/viewFile/1338/1043 RANGEL, Marcio. Curadoria em museus: múltiplos olhares. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém: Ciências Humanas, vol. 5, n. 1, p. 191-193, jan.- abr. 2010. Disponível aqui. Acesso em 9 abr. 2014. https://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v5n1/a14v5n1.pdf Para mais informações sobre as aulas-passeio, consulte o método didático-pedagógico do seu criador, Celestin Freinet em: linguaportuguesafacil.wordpress.com seteeducadores.blogspot.com.br Acesso em 9 abr. 2014. • • • - -11 • Aprendeu como elaborar atividades educativas extraescolares – as aulas-passeio – e como torná-las experiências fascinantes para o ensino e o aprendizado da História. Referências ARAS, Lina Maria Brandão de. TEIXEIRA, Maria das Graças de Souza. .Os museus e o ensino de História Disponível aqui. Acesso em 9 abr. 2014. RODRIGUES, Ana Ramos. . Revista Brasileira de História eO museu histórico como agente de ação educativa Ciências Sociais. Vol. 2, n. 4. Dezembro de 2010. Disponível aqui. Acesso em 9 abr. 2014. • Olá! 1 Revisão 2 A curadoria no planejamento de uma exposição 3 O objeto museológico 4 Exposições de tipo estético 5 Exposições de tipo histórico 6 Exposições do tipo exploração 7 Exposições interativas CONCLUSÃO Referências
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