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PERGUNTAS 2 sem 2022 AMMA 1022-311

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QUESTÕES 
SOBRE 
DIREITO 
AMBIENTAL 
Prof. Dr. Roberto Covolo Bortoli 
FATEC-SP 
DISCIPLINA: AMMA 
2022 – 2º Sem 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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a2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIEDADE
AMBIENTE
DESENVOLVIMENTO
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
P
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in
a3
 
 
A grande Invocação: 
Do ponto de Luz na mente de Deus, flua Luz à mente dos 
homens. 
Que a Luz desça sobre a terra. 
Do ponto de Amor do coração de Deus. 
Flua Amor ao coração dos homens. 
Que Cristo retorne a terra. 
Do centro onde a vontade de Deus é conhecida, guie o propósito 
as pequenas vontades dos homens - O propósito que os Mestres 
conhecem e a que servem. 
Do centro que chamamos de raça dos homens, 
Realize-se o Plano de Amor e Luz, 
E possa ele selar a porta onde habita o mal. 
Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano sobre a Terra. 
 
Os filhos dos homens são um, e eu sou um com eles. 
Eu quero amar, não odiar. 
Quero servir e não ser servido. 
Quero curar, não ferir. 
Que a dor traga a merecida recompensa de Luz e de Amor. 
Que a alma controle a forma externa da vida e tudo o que 
acontece, e traga à Luz o Amor que está na base de todos os 
eventos 
Que a visão e a intuição se manifestem. 
Que o futuro se revele. 
Que a união interior se evidencie e as divisões exteriores se 
dissolvam. 
Que o Amor prevaleça. 
Que todos os homens amem. 
 
E disse o Mestre: 
De que adianta o conhecimento se 
não o colocas em prática? 
 
 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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a4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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a5
 
Sumário 
ProVA .................................................................................................. 7 
O CONCEITO DE LÍDER ................................................................. 8 
OBJETIVOS E FUNÇÕES DE UM LÍDER ...................................... 8 
A AUTOESTIMA E A CRÍTICA ...................................................... 9 
CONCEITO DE AUTOESTIMA .................................................... 10 
MATERIAL DE AULA PARA REFERÊNCIAS RÁPIDAS ..... 11 
1. Globalização ................................................................................ 11 
2. Conceito de globalização .......................................................... 11 
3. Antecedentes históricos da globalização: Guerra fria ......... 12 
5. Corrida Armamentista ............................................................... 13 
6. Crises do Petróleo 1973 e 1980 .................................................. 14 
7. Ronald Reagan e Margaret Tatcher e o Estado Interventor 14 
8. Informática e telecomunicações ............................................... 14 
9. Conceito de Globalização ......................................................... 15 
10. Produção industrial em um mundo globalizado ................ 15 
12. Importância do Direito ............................................................ 17 
13. Aspectos do direito ................................................................... 19 
14. Vida social e coercibilidade da norma .................................. 23 
15. Ética ......................................................................................... 33 
Exercícios de Ética ....................................................................... 36 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
P
ág
in
a6
 
 
QUESTÕES SOBRE ÉTICA ........................................................ 42 
ATIVIDADE MINERÁRIA E MEIO AMBIENTE ................... 45 
 BIBLIOGRAFIA ....................................................................... 942 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
P
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a7
 
 
 
ProVA 
PROJETO DE VALORIZAÇÃO DO ALUNO 
Formando os líderes do amanhã 
Na formação dos líderes do futuro é importante ressaltar, que o 
bom andamento de uma carreira depende da autoestima, por vezes tão 
negligenciada pelas instituições de ensino. 
Todos e, principalmente os centros de formação, deveriam ter 
extremo cuidado com a autoestima dos alunos, pois é ela importante na 
gênese e desenvolvimento dos futuros profissionais e líderes. 
Entendo que a autoestima é um importante motor na busca de 
melhores condições de vida, de crescimento e de desenvolvimento da 
própria pessoa e, consequentemente do país e, indo mais além, da 
Civilização. 
Os ataques à nossa autoestima podem ocorrer por diversas formas. 
Veja, por exemplo, que no dia a dia, somos bombardeados por 
informações provenientes das propagandas comerciais, que podem, em 
alguns momentos, diminuir nossa autoestima. 
Se você verificar as propagandas veiculadas na televisão, como por 
exemplo, a de alguns grandes bancos, verá que o conceito de sucesso, 
não corresponde à realidade de vida de mais de 90% da população 
brasileira. Neste exemplo, a quantidade de bens de alto luxo, como 
casas e carros, vai determinar a diferença entre uma pessoa que tem 
sucesso de outra que não tem. 
Quando procuramos inserir esta imagem na realidade, verificamos 
que nosso país carece de habitações para maioria pobre da população e 
que esta mesma população sequer tem transporte decente até o local de 
trabalho. O que se dirá da segurança... 
Entendo que este conceito que a televisão passa, mostrando que o 
sucesso e a felicidade são alcançados com a posse de bens, cria na 
grande maioria da população sem recursos, um sentimento de 
impotência e de desacerto, que certamente reflete na autoestima. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
P
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in
a8
 
 
Interfere de forma negativa na construção de seus sonhos e nas metas 
do que pretende realizar nesta vida. 
Creio que embora não se trate de uma propaganda enganosa (o 
que é crime, segundo os arts. 37 e 66 do Código de Defesa do 
Consumidor), não deixa de passar uma noção falsa sobre a realidade, 
induzindo nas pessoas um sentimento de menos valia de si mesmo. 
Algumas pessoas na sociedade são mais suscetíveis às propagandas do 
que outras. Veja como exemplo as crianças, que segundo os 
especialistas em marketing, quanto mais cedo forem bombardeados 
com as mensagens da propaganda, mas rápido e mais fácil se tornarão 
consumidores fiéis . 
 
O CONCEITO DE LÍDER 
O líder, aqui em nosso contexto, pode ser qualquer um, qualquer 
um mesmo. Isso pode espantar você que está lendo, porque você tem a 
falsa noção que o líder é uma pessoa que já nasceu sabendo liderar, ou 
que tem qualidades especiais e raras. Mas isso não é bem assim. Como 
tudo na vida, a liderança se constrói, se desenvolve, se edifica e se 
aprimora. 
Parafraseando Hermógenes: “quando eu disse para a semente de 
laranja que dentro dela dormia um laranjal, ela me olhou 
estupidamente incrédula”. 
É claro, você é muito mais que uma semente de laranja, muito mais. 
Mas, em um ponto, talvez, você e a semente de laranja são 
semelhantes: você não acredita suficientemente em você mesmo, você 
não acredita que é um líder, ou que um dia possa ser um. 
O líder a que nos referimos é aquele que lidera pelo exemplo. Não 
lidera baseado em sua força, sua astúcia ou sua inteligência. Então, a 
primeira dica para se tornar um líder é trabalhar a si mesmo. É tentar 
melhorar a si mesmo, o tempo todo. 
 
OBJETIVOS E FUNÇÕES DE UM LÍDER 
Os futuros líderes têm que reconhecer a importância de alcançar 
seus objetivos e de entender suas funções. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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a9
 
E esta tarefa de conhecer seus objetivos e a sua função, a meu ver, 
deve passar, necessariamente, pelo autoconhecimento. 
Seria incrível conhecer o objetivo do Universo, seria incrível 
conhecer a função do Universo. E, quando digo Universo estou me 
referindo a tudo: todas as galáxias e planetas e todos os sóis, tudo, tudo 
mesmo, cada partícula atômica e subatômica, cada aglomerado de 
galáxia e cada ser vivo, desde as amebas, até o ser humano e outros 
tantosseres que acredito existirem por aí no Universo. Isto para mim 
seria magnífico, talvez porque eu seja professor, talvez porque eu seja 
apaixonado pelas coisas ocultas enfim, pode ser um sonho muito 
particular meu, que de tão distante, diriam alguns, não é prático e não 
é necessário. 
Posso até concordar com quem pensa assim, afinal há uma 
liberdade de pensamento e uma liberdade de expressão e cada um é 
livre para ir à direção que quiser. Posso concordar, também, que não 
devemos nos preocupar com isso.... mas, vamos nos fazer mais claros. 
O Universo tem uma função e um objetivo. Não temos a 
compreensão desta função e deste objetivo, porque isto está além de 
nosso entendimento, muito além. Mas você foi concebido dentro deste 
Universo para realizar uma função e cumprir um objetivo, do qual você 
não pode abdicar. Cada um de nós, portanto, é importante para o 
Universo atingir seus designíos! 
As funções e objetivos dos líderes, no meu entender, é de 
possibilitar que cada um alcance seus próprios objetivos e realize suas 
funções, sempre, pensando aqui, em um nível mais alto e elevado de 
realizações, em um nível que seja benéfico à toda sociedade. 
E isso, como vimos, deve ocorrer pela liderança dada pelo 
exemplo. 
 
A AUTOESTIMA E A CRÍTICA 
Na educação alguns pensam que repetir as críticas de forma 
incessante e contundente, melhoram o comportamento do aluno e seu 
aprendizado. Isto não é verdade. Você não deve aceitar qualquer coisa 
de qualquer jeito na sua vida, isso nunca. E uma crítica incessante e 
contundente, muito menos. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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0
 
 
Na realidade, se isto ocorre, é porque você permite. Ninguém 
invade um espaço se ele está limitado por uma cerca, se não existe cerca, 
qualquer um se sente no direito de entrar. Esta cerca, neste caso, se 
chama autoestima. 
CONCEITO DE AUTOESTIMA 
Como enfrentar os desafios do nosso cotidiano? Como entender a 
vida? Como empreender nossa busca pela felicidade? 
Como responder as perguntas acima, respeitando os próprios 
interesses e as necessidades como um ser humano, digno de respeito e 
consideração? 
A boa autoestima nos coloca em uma situação de reconhecermos 
nossas competências e de nossos sentirmos dignos; se ela for ruim, você 
se sentirá desajustado e se for mais ou menos, ora você se sentirá certo 
ou errado, agindo ora bem, ora mal. 
De acordo com o Dicionário, autoestima é: “Apreço ou valorização 
que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos 
próprios atos e pensamentos”. 
Portanto, não caia na auto sabotagem e procure se conhecer. 
O que realmente sentimos e porque agimos de determinada 
maneira? Devemos examinar estas situações, sem desculpas e sem 
meias verdades, bem como, nossos desejos, nossos pensamentos e 
nossos dons e nossas habilidades. Enfrentar cada problema, como uma 
chance para melhorar, como uma forma de galgar um novo 
aprendizado e de ter um novo nível de consciência. 
Uma das melhores armas para você enfrentar a vida e seus 
problemas é a autoestima. 
Jamais entregue a sua autoestima a quem quer que seja e, sob 
qualquer motivo ou circunstância, nem ao menos de brincadeira. Saiba 
que: 
 Você pode! 
 Você é capaz! 
 
 
 
 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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1
 
 
MATERIAL DE AULA PARA REFERÊNCIAS RÁPIDAS 
 
1. Globalização 
A globalização é um fenômeno importante, influente em todas as 
sociedades ao redor do globo, assim, significante verificar alguns 
aspectos desse fenômeno para que se possa levar adiante o estudo e 
compreensão do Direito. 
 
2. Conceito de globalização 
Conceituar os termos que serão utilizados no nosso estudo é 
conveniente, pois, as informações devem ser passadas com precisão, de 
tal modo que as acessa tenha a exata noção da mensagem que está 
sendo transmitida, como se estivesse observando aquilo que está sendo 
descrito. 
A linguagem ambígua e imprecisa torna a mensagem pouco clara 
e confusa, dando margem a erros, conceitos dúbios, incompatíveis com 
a ciência do Direito. 
As descrições de objetos do mundo real são sempre mais simples 
de serem feitas, em comparação com o mundo imaterial do 
pensamento, por exemplo. Do mesmo modo, é difícil conceituar um 
fenômeno que está se desenvolvendo dentro da sociedade humana, 
pois a cada momento ele adquire uma nova faceta e se desenvolve, 
como um ser vivo, que passa por várias fases, distintas umas das outras. 
Conceituamos a globalização – por uma de suas facetas – como a 
busca, pelas empresas, de novos mercados para as vendas de seus 
produtos, livre circulação de mercadorias e dinheiro, no comércio 
internacional, facilitadas pela informática e telecomunicações. 
Desde quando existe a globalização? 
Desde a época das grandes navegações1, da expansão de Portugal 
 
1 O período compreendido entre o final do século XV e início do século XVI, ficou 
conhecido como o período das grandes navegações européias em direção à Ásia e 
América. A Ordem de Cristo herdou os bens dos Templários portugueses e teve 
importância nos descobrimentos de novas terras. Isso explica porque as caravelas 
portuguesas tinham suas velas pintadas com a cruz templária. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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2
 
 
e Espanha, o homem procura novos mercados para vender seus 
produtos, utilizando a tecnologia como meio de alcançar novos modos 
de fabricação e de atingir novos espaços comerciais. 
Globalização, contudo, é um conceito cunhado nas escolas de 
marketing na década de 70, com significado de que o mercado a ser 
conquistado não é a de alguns países somente, mas de todo o globo. 
 
3. Antecedentes históricos da globalização: Guerra fria 
A Guerra Fria, assim chamada a Era de 45 anos de 
enfrentamento, mantida pelos Estados Unidos da América - EUA com 
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS, nos campos 
político, econômico e militar está compreendida desde a explosão da 
primeira bomba atômica (1945) até o fim da URSS (1991). 
Essa era foi marcada pela expectativa muito real de início de uma 
guerra nuclear devastadora, que poria fim à humanidade, extinguindo 
a vida no planeta Terra. 
Essa política, mantida por essas duas superpotências, era 
denominada de MAD (=Mutually Assurred Destruction – Destruição 
Mútua Assegurada)2, ou seja, a possibilidade de destruição mútua 
inevitável impedia que um lado ou outro iniciasse a destruição total da 
civilização. 
Assim, buscou-se o equilíbrio de forças pela sua distribuição em 
zonas de influência através do mundo. Como exemplo famoso, temos 
a divisão da Alemanha em duas, por um Muro (1961): Alemanha 
Ocidental e Alemanha Oriental. 
A situação continuou estável até a década de 70, quando o 
sistema internacional entrou em uma crise política e econômica. Antes 
desse período as duas superpotências procuravam resolver suas 
disputas de demarcação sem o choque aberto de suas forças armadas, 
acreditando que uma coexistência pacífica era possível em longo prazo. 
Confiava-se na moderação mútua quando se achavam 
oficialmente à beira da guerra ou já dentro dela. (A exemplo disso 
tivemos diversas guerras apoiadas indiretamente pelos EUA e URSS, 
 
2Mad significa louco na língua inglesa. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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3
 
como na Guerra da Coréia de 1950-1953, a crise dos Mísseis Cubanos 
de 19623, a guerra do Vietnam de 1965-1975, a guerra do Yom Kipur de 
1973 entre Israel de um lado e, Síria e Egito do outro). 
A preocupação dos dois lados era impedir que gestos belicosos 
(=guerreiros, militares) fossem interpretados como gestos efetivos para 
a guerra. 
Por outro lado, ocorria uma verdadeira guerra oculta travada 
pelos serviços secretos (CIA e KGB), inclusive com assassinatos 
clandestinos4. 
Criou-se um imenso complexo industrial militar, com 
crescimento cada vez maior de homens e recursos que viviam da 
preparação da guerra, exportando os excedentes de produção. 
AGuerra Fria estava baseada na crença da época de que o futuro 
do capitalismo5 mundial e da sociedade livre não estava de modo 
algum assegurado. 
 
5. Corrida Armamentista 
EUA e URSS mantinham uma corrida armamentista buscando 
armas cada vez mais poderosas e precisas. Nesse passo, a URSS 
conseguiu fabricar a primeira bomba atômica quatro anos depois de 
Hiroxima (1945) e a primeira bomba de hidrogênio nove meses depois 
dos Estados Unidos (1953). 
Os EUA haviam decidido ganhar a Guerra Fria levando seu 
 
3 Foi criada a “linha quente” que ligava diretamente a Casa Branca ao Kremlin, em 
1963. 
4 A respeito disso o filme Syriana - A Indústria do Petróleo trata desses de outros 
assuntos de forma interessante. 
5 Capitalismo entendido aqui como o complexo social e político, além do agir 
econômico, ou modo de produção, baseado na propriedade privada dos meios de 
produção, com trabalho assalariado e livre; sistema de mercado baseado na livre 
iniciativa e na empresa privada e dos processos de racionalização diretos e indiretos 
de valorização do capital e a exploração das oportunidades de mercado para efeito 
de lucro in Bobbio, Norberto; Mateucci, Nicola; Pasquino, Gianfranco. Dicionário 
de Política, 5ª edição, Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo: 
Imprensa Oficial do Estado: 2000, p. 141. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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4
 
 
antagonista à bancarrota e o regime de Leonid Brejnev6 começou um 
processo de autofalência, mergulhando num programa de armamentos 
que elevou os gastos com defesa numa taxa anual de 4% a 5% (em 
termos reais) durante vinte anos após 1964. Os dois, desde o início da 
corrida armamentista, podiam reduzir um ao outro a entulho. 
 
6. Crises do Petróleo 1973 e 1980 
A partir de 1973, a primeira crise do Petróleo, seguida da 
segunda, no início da década de 80, com a elevação dos preços do Barril 
de Petróleo pelos países produtores, afetaram as economias mundiais. 
 
7. Ronald Reagan e Margaret Tatcher e o Estado Interventor 
Papéis importantes desempenharam o presidente dos Estados 
Unidos, Ronald Reagan7 (1980-88) e a primeira ministra da Grã-
Bretanha, Margaret Tatcher (1979-90). Foram dois governos de direita, 
comprometidos com uma forma de dominação dos mercados e total 
liberdade comercial, dando fim ao Estado Interventor, ao Estado do 
Bem Estar Social, ao capitalismo intervencionista patrocinado pelo 
Estado das décadas de 50 e 60, que de certa forma se assemelhava ao 
socialismo.8 
 
8. Informática e telecomunicações 
Com o fim da guerra fria e a abertura econômica e a completa 
desregulamentação do mercado financeiro internacional, com os 
avanços da microinformática e das telecomunicações, formou-se um 
 
6 Leonid Ilitch Brejnev, presidente da URSS entre 1977 e 1982, ano da sua morte. 
7 Segundo uma frase atribuída a Ronald Reagan (1991-2004): Política é a segunda 
profissão mais antiga do mundo, muito semelhante à primeira, aliás. In Revista História 
Viva, agosto de 2004, p. 13. 
8 Hobsbawm, Eric. Era dos extremos – O breve século XX 1914-1991. São Paulo: 2001, 
2ª edição, p. 223-245. 
Segundo Kenichi Ohmae, em seu livroContinente Invisível, Rio de Janeiro: Campus, 
2001, p. 35, a iniciativa comum dos dois, em iniciar a derrubada de barreiras e 
regulamentos das telecomunicações, finanças e transportes, irá acelerar o processo 
de globalização. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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5
 
gigantesco mercado único de dinheiro, com as praças interligadas em 
tempo real, funcionando 24 horas por dia, fazendo surgir a especulação 
financeira. 
Podemos dizer que a desregulamentação financeira se tornou um 
dos motores da globalização. 
 
9. Conceito de Globalização 
O termo globalização foi cunhado nas escolas de administração e 
marketing dos EUA e logo foi adotado nos discursos políticos dos 
neoliberais9, indicando a liberalização dos mercados e a sua 
desregulamentação. 
Em 1990 chegam, ao público, às primeiras obras que fazem a 
defesa de um mundo sem fronteiras, com empresas sem nacionalidade, 
uma vez que divididas em unidades produtivas nos diversos países, 
voltadas para o mercado global, não mais para apenas alguns países. 
As grandes empresas, antes chamadas de multinacionais, porque 
participavam nos mercados de diversos países, passam a montar uma 
estratégia para atuar em todo globo. As atuações dessas empresas, 
portanto, passam a ser global. Produção, comercialização, 
gerenciamento são descentralizados em diversas praças ao redor do 
mundo. 
Dentro desse contexto as fronteiras dos países não fariam mais 
sentido, ainda mais se pensarmos na formação dos grandes blocos da 
União Europeia, Mercosul, etc.10 
É inserido nesse panorama que o Direito será estudado. 
 
10. Produção industrial em um mundo globalizado 
Em um mundo globalizado, procura se retirar, do local onde se 
instala algum empreendimento, as maiores vantagens possíveis. 
 
9 Em resumida síntese, podemos entender o neoliberalismo, em um de seus sentidos, 
como a idéia de que o Estado não deve intervir na economia, a não ser naquelas 
funções que o mercado não se interessa. 
10 Nesse sentido, já diziam os astronautas, que o que mais os surpreende quando 
estão no espaço e examinam a terra é que não existem fronteiras demarcando os 
territórios. 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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6
 
 
O empreendimento é desestruturado em unidades que melhor 
aproveitam as vantagens locais. Desse modo, a produção se realizará 
onde a mão-de-obra é mais barata, a administração financeira se dará 
onde maiores facilidades existirem para guarda e aplicação dos 
recursos e a logística de comercialização se realizará onde a rede de 
transporte se encontra bem aparelhada, consolidada e desenvolvida. 
Isso resulta que as empresas recolham os impostos, quando o 
fazem, não em seus países de origem, mas em outros localidades, com 
maiores vantagens. 
Há, ao mesmo tempo, uma divisão internacional de mão-de-obra. 
O hemisfério norte, em grande parte, utiliza uma mão-de-obra mais 
qualificada, com produtos de maior e melhor tecnologia e alto valor 
agregado, enquanto o hemisfério, praticamente utiliza uma mão-de-
obra pouco qualificada, produzindo mercadorias de baixo valor 
agregado11. 
 
11. Noções gerais de Direito 
O Direito prescreve uma norma para o futuro: é o dever-ser. 
A elaboração da regra jurídica depende das necessidades da 
sociedade, que vão se modificando com o curso do tempo. Cada 
sociedade, portanto, tem seu Direito e, o que é permitido em nosso país 
pode ser proibido em outro e vice-versa. 
O Direito tem três elementos: sujeito, objeto e relação. 
Sujeito: pessoa física ou jurídica12. 
Objeto: bem ou vantagem determinada pela ordem jurídica em 
relação à pessoa. 
Relação: garantia dada pela ordem jurídica para proteger o 
sujeito de direito e o objeto. 
Um dos símbolos do direito é a balança com dois pratos 
colocados no mesmo nível, como o fiel (ponteiro) no meio, quando este 
 
11 Valor agregado do produto ou do serviço representa o conjunto de valores 
adicionados ao seu preço, em função dos benefícios agregados por melhoria de 
qualidade. 
12 Uma ficção jurídica, admitida pela legislação, dotadas de personalidade. 
 
 
 
AMMA 2º SEM 2022 
 
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7
 
existia, em posição perfeitamente vertical13. 
Os antigos gregos colocavam essa balança com dois pratos, mas 
sem o fiel no meio, na mão da deusa Diké (deusa da justiça, filha de 
Zeus, senhor dos céus, deus supremo da mitologia grega e de Themis, 
deusa da lei e da ordem, da justiça e protetora dos oprimidos), em cuja 
mão direita estava uma espada e que, estando em pé e de olhos bem 
abertos declarava solenemente existir o justo quando os pratos estavam 
em equilíbrio, ou íson, (de onde vem a palavra isonomia). Assim, para 
os antigos gregos, o justo (o direito) significar o que era visto com 
igualdade. 
O símbolo romano, entre as várias representaçõescorrespondia à 
deusa Iustitia, a qual distribuía a justiça por meio da balança, com os 
pratos e o fiel bem no meio, que ela segurava com as duas mãos. Ela 
permanecia de pé e tinha os olhos vendados e dizia o direito (jus) 
quando o fiel estava completamente vertical – direito (rectum, quer 
dizer perfeitamente reto, reto de cima a baixo = de + rectum). 
Os olhos abertos da deusa grega Diké apontavam uma concepção 
mais abstrata, especulativa e generalizadora, que precedia em 
importância o saber prático. Por outro lado, a deusa Iustitia dos 
romanos, mostram que a sua concepção do direito era mais de um 
saber-agir, de uma prudência, de um equilíbrio entre a abstração e o 
concreto. 
A espada da deusa grega demonstrava que os gregos aliavam o 
conhecer o direito à força para executá-lo (iudicare), enquanto para os 
romanos, bastava segurar a balança com as duas mãos, com uma 
atitude firme, para dizer o direito por meio do jurista. 
 
12. Importância do Direito 
O Direito pode ser visto como a forma que a sociedade se 
organiza. Quando pensamos no Direito temos que entendê-lo em 
relação à sociedade e ao ambiente em que ela está inserida. Não é 
possível falar em Direito como algo isolado e absoluto, como algo que 
 
13 Ferraz, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito – técnica, decisão, 
dominação. São Paulo: Atlas, 1989, p. 33/35. 
 
 
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existe fora de um contexto de existência de relações entre seres 
humanos. Todos os direitos estão voltados para os seres humanos, 
todos, são, portanto, por assim dizer, direitos humanos. Não é possível 
pensar em direitos, que não sejam humanos, nem quando falamos dos 
direitos dos animais ou do direito ambiental, porque mesmo esses 
ramos sempre levarão em conta as necessidades e anseios dos seres 
humanos. Os homens necessitam de regras para viver em sociedade. 
Conceituar o Direito não é uma tarefa simples. Essa é a missão da 
Filosofia do Direito. 
Nosso direito provém do direito romano. O direito romano é o 
complexo de normas vigentes em Roma, desde a sua lendária fundação 
no Século VIII a. C. até a codificação de Justiniano no século VI d. C.. 
Para os romanos, o direito era a arte do bom e do eqüitativo (do respeito 
à igualdade de direitos de cada um). 
Direito pode ser conceituado como o conjunto de regras e 
princípios, destinados a regular a vida humana em sociedade. O Direito 
está organizado em um conjunto, pois é composto de várias partes 
organizadas formando um sistema. Miguel Reale diz que o Direito é um 
conjunto de regras obrigatórias que garantem a convivência social, 
graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um dos membros 
da sociedade14. 
Podemos dizer que o Direito é um conjunto de regras 
obrigatórias que garante a convivência social, graças ao 
estabelecimento de limites à ação de cada um dos membros da 
sociedade15. O objetivo do Direito é regular a vida humana em 
sociedade, visando à paz e a ordem social, atingindo, também as 
relações individuais. 
O Direito tem princípios próprios, como qualquer ciência, ainda 
que não seja exata, por exemplo: da legalidade, da boa-fé, da 
razoabilidade. 
É de uso corrente a expressão: o meu direito termina onde começa o 
 
14 Reale, Miguel. Lições preliminares de direito. Editora Saraiva, São Paulo: 1984, 
11ª edição, p.1/2. 
15 Reale, Miguel. Idem. 
 
 
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do outro. Pensamos que não é exatamente dessa maneira. Em realidade 
o meu direito não termina onde começa o do outro. Isto é uma visão 
extremamente individualista. Os direitos das pessoas se entrelaçam, 
formando direitos e obrigações recíprocas. 
O entrelaçamento é necessário para manter a sociedade. O tecido 
social deve estar coeso e deve ser mantido por uma fibra ética. 
Na visão de Tercio Sampaio Ferraz Junior: 
“...o Direito é um dos fenômenos mais notáveis da vida humana, 
compreendê-lo é compreender uma parte de nós mesmos. É saber em parte 
porque obedecemos, porque mandamos, porque nos indignamos, porque 
aspiramos mudar em nome de ideais, porque em nome de ideais conservamos 
as coisas como estão. Ser livre é estar no direito e, no entanto, o direito nos 
oprime e nos tira a liberdade. Por isso compreender o direito não é um 
empreendimento que se reduz facilmente a conceituações lógicas e 
racionalmente sistematizadas. O encontro com o direito é diversificado, às 
vezes conflitivo e incoerente, às vezes linear e conseqüente. Estudar o direito é 
assim uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, preparo, 
mas também encantamento, intuição, espontaneidade. Para compreendê-lo é 
preciso, pois, saber e amar. Só o homem que sabe pode ter-lhe o domínio. Mas 
só quem o ama é capaz de dominá-lo rendendo-se a ele. Por tudo isso o direito 
é um Mistério, o mistério do princípio e do fim da sociabilidade humana. Suas 
raízes estão enterradas nessa força oculta que nos move a sentir remorso 
quando agimos indignamente e que se apodera de nós quando vemos alguém 
sofrer uma injustiça. Introduzir-se ao estudo do direito é, pois, entronizar-se 
num mundo fantástico de piedade e impiedade, de sublimação e perversão, pois 
o direito pode ser sentido como uma prática virtuosa que serve ao bom 
julgamento, mas também usado como instrumento para propósitos ocultos ou 
inconfessáveis.(...)16. 
 
13. Aspectos do direito 
A palavra direito vem do latim directum e quer dizer aquilo que 
é conforme a regra. 
 
16 Ferraz Junior, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito – técnica, 
decisão, dominação. São Paulo: Atlas:, 1989, p. 25. 
 
 
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Há, no entanto, uma plurivalência semântica17 do vocábulo 
direito, que comporta numerosos conceitos: quando alguém repele a 
agressão ao seu direito de propriedade, dizemos que está defendendo 
seus direitos; quando o juiz resolve a controvérsia usando a norma 
ditada pelo poder público, dizemos que ele aplica o direito, quando o 
cidadão critica as leis em vigor em nome do ideal de justiça, está 
dizendo que essas leis se afastam do direito.18 
O direito pode ser visto pelo ângulo interno, que é a prática 
jurídica, quanto pelo ângulo externo, que é o das modalidades por meio 
das quais, o direito se insere na vida social, política e econômica.19 
Assim, é difícil encontrar uma forma sucinta que dê a noção de 
direito, independentemente de qualquer restrição, devido às suas 
características, entre as quais podemos citar a coercibilidade da norma 
e na sujeição, tanto do indivíduo, quanto do Estado, ao seu imperativo. 
Por outro lado, pode-se dizer que o direito é o princípio de adequação 
à vida social.20 
O Direito, como ciência social que é, só pode ser imaginado em 
função do homem vivendo em sociedade. Não se pode conceber a vida 
social sem pressupor a existência de certo número de normas 
reguladora das relações entre os homens, julgadas, por estes mesmos, 
obrigatórias e que irão determinar, de um modo menos ou mais 
intenso, o comportamento do homem no grupo social21. 
Qualquer agrupamento humano, por mais rudimentar que seja 
seu estágio de desenvolvimento, possui um conjunto de normas, vistas 
pelos componentes como obrigatórias, disciplinado o comportamento 
de tais indivíduos e aplicando uma sanção no caso de 
 
17 Semântica: estudo da mudança da significação das palavras no tempo e no espaço. 
18 Pereira, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil, vol I, Editora Forense, 
Rio de janeiro: 1990, p. 4/5. 
19 Lafer, Celso. In apud Ferraz, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito - 
técnica decisão, dominação, Editora Atlas, São Paulo: 1989, p. 17. 
20 Pereira, Caio Mário da Silva. Idem. 
21 Rodrigues, Silvio. Direito Civil – Parte Geral, vol I, Editora Saraiva, São Paulo: 
1989, 20 ª edição, p. 1. 
 
 
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descumprimento.22 
Primeiros códigos de leisque temos conhecimento são os 
Códigos de Ur-Namu e o Código de Hamurabi. 
Assim, sob o ponto de vista das normas, o Direito é o conjunto de 
normas, ou regras de conduta. Nossa vida se desenvolve em um mundo 
de normas. Acreditamos ser livres, mas na realidade, estamos envoltos 
em uma rede muito espessa de regras de conduta, desde o nascimento 
até a morte, dirigindo nossas ações. Muitas dessas normas já se 
tornaram tão habituais que nem percebemos. O desenvolvimento do 
ser humano se dá pela atividade educadora dos pais, da escola, do 
trabalho e assim por diante. Isso se dá, guiado pelas regras de conduta, 
num contínuo processo educativo. Toda a nossa vida é repleta de 
normas umas mandam fazer, outras, proíbem fazer e ainda outras 
permitem fazer.23 
Há sem dúvida um ponto de vista normativo na compreensão da 
história humana, pois as civilizações podem ser estudas de acordo com 
as regras que regulam as ações dos homens que as criaram. As normas, 
nesse contexto, se sucedem, se sobrepõem, se contrapõem e se 
integram.24 
O Direito apesar de ser uma ciência, não é exata. O Direito faz 
parte da vida humana em sociedade. Não se pode querer apartar o 
Direito dos seres humanos. O homem é resultado da integridade de 
todas as coisas e de tudo que existe. Dividimos a vida humana em 
vários departamentos apenas para fins de aprendizado e às vezes de 
trabalho, mas a vida humana forma um todo indivisível. Desde o 
momento da criação o ser humano vive em completa harmonia com o 
todo. Somos parte integrante do todo. O Universo nunca quis se 
separar, nunca almejou a separação entre os homens e entre os homens 
e ele mesmo25. 
 
22 Rodrigues, Silvio. Direito Civil – Parte Geral, vol I, Editora Saraiva, São Paulo: 
1989, 20 ª edição, p. 1. 
23 Bobbio, Norberto. Teoria da norma jurídica, Bauru, SP: EDIPRO, 2001, p. 23. 
24 Idem. 
25 Nas palavras de Goffredo Telles Jr: “Convenci-me de que a ordem jurídica é um 
simples setor da ordem cósmica” in Bucci, Eugênio. Uma entrevista (com Goffredo 
 
 
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Em algumas religiões, como o Cristianismo, o homem se separa 
do paraíso, do todo, para viver uma vida de exilado, sem os benefícios 
que antes existiam, uma vida diferente, agora sob as novas regras, 
próprias de novo momento, escolhidas pelos próprios homens e, que 
em dados momentos, por meio de sacrifícios e oferendas, fazem 
lembrar a existência de um tempo, de um lugar paradisíaco já 
esquecido e que não lhe pertence mais, por ter o homem quebrado essas 
regras. 
De acordo com essa religião, retornará o homem, algum dia, a 
esse paraíso depois de uma longa jornada. Essa é a busca de uma 
sociedade ideal26 que motiva alguns seres humanos. É a caminhada do 
homem, feita de acordo com as normas, cada vez mais próximas da 
perfeição ou pelo menos do desejo de perfeição. 
Interessante notar que o homem pouco a pouco, mais devagar 
que o desejável, vai aumentando o rol de deveres e direitos por meio 
da legislação. Estende-os não só a si próprio como espécie, mas a todos 
as outras também, como a fauna e flora, embora a preocupação sempre 
se dê entorno de sua figura humana. 
Os direitos dos animais, por exemplo, levam em consideração os 
anseios e necessidades próprias do ser humano, sob o ponto de vista 
humano, é claro. 
Tudo isso representa a luta entre o antropocentrismo – o homem 
como centro de tudo – e o biocentrismo – a vida como centro de tudo. 
Nesse ponto vale lembrar as palavras de Goffreddo Teles Jr.: 
“Uniforme é o fenômeno da vida. A célula de uma ameba e a célula de 
um homem são indústrias muito semelhantes. No protozoário, na árvore, nas 
flores, na lagarta, na andorinha, no meu cachorrinho, em Beethoven; a oficina 
primordial da vida é sempre a mesma. Somos todos irmãos, nós os vivos. Somos 
irmãos, porque somos biologicamente semelhantes. “Todos são iguais perante 
a lei”, diz o Direito. Tal é o mandamento jurídico mais sublime. Com realismo 
científico, logo após as descobertas modernas sobre a engenharia uniforme de 
 
Telles Jr.). Revista do Advogado, ano XXII, nº 67, agosto de 2002, Publicação da 
associação dos advogados de São Paulo, p. 50. 
26 Utopia. 
 
 
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todas as células, afirmamos, extasiados, que todos nós somos irmãos de todos 
os seres vivos. Como irmãos, somos criaturas de um mesmo pai. E não seria de 
surpreender que, em meio do deslumbramento que nos ilumina, nossos lábios 
se ponham a murmurar as palavras que nos ensinaram quando éramos 
crianças: “Pai nosso que estais nos céus... ”27. 
 
14. Vida social e coercibilidade da norma 
A sanção no Direito existe para que a norma seja cumprida 
(embora a norma possa ser cumprida espontaneamente). 
As dimensões do Direito são: a) os fatos que ocorrem na 
sociedade; b) a valoração que se dá a esses fatos; c) a norma que regula 
as condutas de acordo com os fatos e valores. 
 
14.1 Exercício 
Leia o texto, extraído de uma decisão judicial do Supremo Tribunal 
Federal (Acórdão) e responda: No Brasil a legislação permite a 
cobrança de dívidas de jogo? Fundamente. (resposta depois do texto) 
CR 9970 / EU - ESTADOS UNIDOS DA AMERICA CARTA 
ROGATÓRIA, Relator(a): Min. PRESIDENTE Julgamento: 18/03/2002 
Presidente, Min. MARCO AURÉLIO, Publicação, DJ 01/04/200, PP-
00003, Partes, JUST. ROG. : TRIBUNAL DO DISTRITO DOS 
ESTADOS UNIDOS PARA O DISTRITO DE NEW JERSEY, 
INTDO.: CITAÇÃO Despacho DECISÃO DÍVIDA DE JOGO - 
ATIVIDADE LÍCITA NA ORIGEM - AÇÃO - CONHECIMENTO - 
CARTA ROGATÓRIA - EXECUÇÃO DEFERIDA. 1. Trata-se de carta 
rogatória originária do Tribunal do Distrito dos Estados Unidos para o 
Distrito de New Jersey, nos Estados Unidos da América, com o objetivo de 
citar Osmar Zambardino, a fim de que responda a processo ajuizado por 
Trump Plaza Associates. Segundo consta do documento de folha 21 a 23, 
o interessado teria perdido, em jogo, no cassino, o montante de US$ 
50.000,00 (cinqüenta mil dólares), vindo então a efetuar o pagamento por 
 
27 Bucci, Eugênio. Uma entrevista (com Goffredo Telles Jr.). Revista do Advogado, 
ano XXII, nº 67, agosto de 2002, Publicação da associação dos advogados de São 
Paulo, p. 50. e p. 58. 
 
 
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meio de cheques, alfim devolvidos em face da falta de fundos. À folha 58, 
determinei que se procedesse à intimação do interessado, consoante 
previsto no artigo 226 do Regimento Interno desta Corte, estando 
certificado, à folha 64, que não se conseguiu localizar o destinatário. O 
parecer do Procurador-Geral da República, de folha 68, é pelo 
indeferimento da execução - por implicar atentado à ordem pública 
brasileira -, devendo ser devolvida, assim, a carta à Justiça de origem. 2. 
Após pedir vista dos autos da Sentença Estrangeira Contestada nº 5.404, 
relatada pelo ministro Sepúlveda Pertence, cujo julgamento encontra-se 
suspenso, tive oportunidade de refletir sobre a espécie e elaborei voto que 
não cheguei a proferir, mediante o qual: Na assentada em que teve início a 
apreciação do pedido de homologação de sentença estrangeira, pronunciou-
se o Relator, Ministro Sepúlveda Pertence, no sentido da incidência, na 
espécie, do disposto na parte final do artigo 17 da Lei de Introdução ao 
Código Civil: Art. 17 As leis, atos e sentenças de outro país, bem como 
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando 
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
Considerou o Relator a circunstância de as dívidas de jogo ou aposta não 
obrigarem a pagamento - artigo 1.477 do Código Civil. Pedi vista dos autos 
para maior reflexão sobre a matéria e exame das peculiaridades do caso. Sr. 
Presidente, de há muito os brasileiros somos estigmatizados por uma tão 
suposta quanto propalada malemolência, secundada pelo não menos 
famoso "jeitinho", traduzido, na maior parte das vezes, como um atalho 
ilegal ou pouco éticocom vistas à rápida obtenção de algo que demandaria 
mais esforço se conseguido pelas vias normais. Não passa de lenda, sem a 
mínima comprovação, a frase atribuída a De Gaulle, no sentido de este não 
ser um país sério. Entretanto, tal folclore bem revela a visão debochada que 
têm de nós outros países nem sempre assim tão prósperos: a pouca 
seriedade de propósitos, o hedonismo generalizado no comportamento das 
massas populares (consoante o qual toda bem-aventurança advém tão-
somente do prazer, e nele se resolve), uma quase atávica passividade teriam 
engendrado paulatinamente o epíteto de "país do samba, suor e cerveja", 
de recanto exótico do carnaval e do futebol. Eis a imagem do Brasil no 
exterior. No campo da Antropologia, houve quem propagasse, como que 
para reforçar a já baixíssima auto-estima brasileira, que tantas mazelas 
 
 
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resultaram da fatalidade de termos descendido de degredados, expatriados, 
enfim, bandidos de toda sorte, miscigenados inicialmente com tribos e mais 
tribos de índios ignorantes e preguiçosos, e ao depois com contingentes de 
negros inconformados, macambúzios e insurretos. Tal ideologia foi-nos 
ministrada em lentas, mas contínuas e eficazes doses durante séculos, a 
exemplo das distorcidas lições sobre História colonial, aplicadas ainda 
hoje, já no curso primário. Pois bem, chegamos às portas do terceiro 
milênio conquistando a duras penas o direito de pelo menos sermos 
considerados com respeito. Pagamos, com imensos sacrifícios e durante 
séculos, o tributo da miséria, do medo, do servilismo. Curvamo-nos 
seguidamente à prepotência dos poderosos, à ambição desmedida dos mais 
fortes, e por várias vezes tivemos que engolir a seco humilhações profundas 
à nossa soberania nacional. Sobrevivemos a ditaduras subservientes e à 
exploração gananciosa de todos os nossos valores - materiais e morais. Não 
obstante, superando uma história de privações e abusos, com muito 
trabalho e criatividade, com o sacrifício de gerações inteiras - relembre-se 
a perdida década de 80 - estamos conseguindo impor-nos como país livre, 
democrático, em plena maturidade civil. Ainda que não tenhamos atingido 
a desejada democracia econômica, o estado de bem-estar social, lentamente, 
mas a passos firmes, estamos chegando à tão sonhada inserção na ordem 
econômica mundial, haja vista a incontestável liderança brasileira entre os 
países sul-americanos. Somos a oitava economia do mundo, o quarto 
exportador de alimentos. Sim, a duras penas vamos conquistando nosso 
espaço. Repita-se: com o sacrifício de milhões que viveram e morreram à 
míngua de alguma assistência do Estado. É preciso ressaltar um ponto de 
supina importância. Nesta quadra de festejada globalização - cujo 
verdadeiro nome é hipercapitalismo -, a credibilidade vem da segurança. 
Nos dicionários, as duas palavras se entrelaçam. E aí chegamos ao ponto 
nevrálgico desta discussão aparentemente banal, mas em cujo âmago 
residem valores caros à sociedade brasileira. Caberia à Suprema Corte do 
País dar como que um bill de indenidade, referendar um álibi de modo a 
tornar impune o comportamento irresponsável e amoral de inescrupulosos 
para quem a dignidade é valor menor? Há poucos dias, Sr. Presidente, V. 
Exa. manifestava preocupação ante as repercussões de uma possível greve 
de juízes na imagem do País. Guardadas as devidas proporções, sustento 
 
 
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também neste caso que a honra de uma nação não pode ficar comprometida, 
sequer arranhada, por obra e graça, em última análise, da desfaçatez sem 
peias de playboys inconseqüentes: não esqueçamos em momento algum 
que, na hipótese ora examinada, houve o reconhecimento consciente - até 
com o pagamento de uma primeira parcela - de uma dívida licitamente 
contraída, de acordo com a lei do local em que avençado o débito. A mim 
parece que, numa época na qual o famigerado hipercapitalismo corrói todos 
os valores, à Suprema Corte não cabe emprestar aval a procedimento 
escuso de quem se pendura nas filigranas obscuras da letra fria - quiçá 
morta - da lei, mormente se o texto legal padece de notória longevidade. À 
data em que engenhado o texto civil em comento - 1916 - objetivou-se 
proteger, em derradeira instância, os alimentos dos mais necessitados 
contra a insanidade trazida pelo vício hediondo, a corromper 
inexoravelmente perdulários irresponsáveis. Entrementes, hoje, o que 
temos? Grassa no nosso País a oficialização da jogatina. Às escâncaras, 
jogos de azar - bingos e loterias em incontáveis e inimagináveis formas - 
são abundantemente oferecidos em todas as esquinas, a cada dia de uma 
maneira mais surpreendente, com ilusórios atrativos, mil chamarizes. A 
antinomia, na hipótese, é flagrante: a proibição de antigamente contrasta 
com a habitualidade dos jogos patrocinados pela Administração Pública 
(em todas as esferas - federal, estadual e municipal) porque somente aos 
mais cínicos é possível diferenciar os azares da roleta dos reluzentes 
números - anunciados até pela mídia, em propaganda explícita de 
incentivo, na maioria das vezes de reconhecida qualidade - relacionados 
com loterias, bingos, "raspadinhas" e outros concursos de igual jaez, nos 
quais também se manipula e explora o contexto de esperança num possível 
revés da sorte. Atente-se para o agravante de que, nas roletas e cassinos, 
normalmente adentram os mais aquinhoados, cujas dívidas são 
supostamente incobráveis segundo o arbítrio da velha lei, o que não ocorre 
na jogatina oficial: quem paga um jogo de loteria com cheque destituído de 
provisões de fundo é processado e sumariamente executado, sem poder 
usar os argumentos ora articulados pelo Requerido. Por outro lado, 
imagine-se o rebuliço que adviria se o Governo, escancarando as cortinas 
da hipocrisia, e encastelando-se na jurisprudência que agora se almeja 
recrudescida, retrucasse em brado altissonante: não posso pagar o prêmio 
 
 
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prometido porque se trata de dívida de jogo, incobrável, portanto. Ainda 
que se abandone tal argumento, tido talvez por extremado, não se há de 
recusar que os tempos mudaram bastante de 1916 para cá: a impostura, o 
imediatismo, o despudor, enfim, os escândalos são maiores e dissociam-se 
em muito do verdadeiro espírito que norteou a elaboração da lei que agora, 
em meio a sofismas e falso tecnicismo, pretende-se fazer valer. Vale repisar: 
a intenção do legislador não foi no sentido de resguardar esbanjadores tão 
inconseqüentes quanto argutos, e assim, por vias transversas, prejudicar 
a imagem desgastada, vilipendiada do País, com dano irreparável. Se o 
vezo, o mau costume pega, não há quem controle a repercussão dessa 
nefasta jurisprudência, mormente nos dias de hoje, em que a notícia é 
sempre tão on line no mundo inteiro. Não será inverídica, então, a notícia 
de que no Brasil é possível gastar-se no exterior sem arcar com custos, isso 
com o endosso definitivo, irrecorrível do Supremo Tribunal Federal. Close 
para o devedor que, displicentemente, explica, mascando chicletes: devo, 
não nego, mas não pago porque a legislação do meu país protege pessoas 
como eu. Senhor Presidente, é preciso que seja observado um mínimo de 
decoro, principalmente se a questão envolve o respeito a normas legítimas 
de outros países. Frisemos, sublinhando, que a harmonia só acontece ante 
o absoluto respeito ao direito de outrem. Veja-se, por absurdo, a seguinte 
hipótese. Até recentemente, a venda de pílulas anticoncepcionais era 
terminantemente proibida no Japão. Vamos imaginar que um determinado 
cidadão japonês houvesse comprado de nossa indústria farmacêutica 
algumas toneladas desse medicamento e faturasse a operação. Recebida a 
partida, na hora de pagar, retruca: esse contrato é nulo porque a origem da 
transação é obscura e rechaçada no meu país. Por isso, não pago e muitomenos devolvo o que adquiri. A hipótese beira as raias do ridículo, de tão 
absurda se afigura aos olhos do homem mediano. No entanto, rechaçamos 
a mesma lógica no caso em tela, em que o Requerido adquiriu bens e 
serviços, usufruiu de um crédito, participou de uma atividade lícita pela 
qual se comprometeu a pagar. Daí a minha perplexidade e um certo 
inconformismo diante de situação que reputo das mais esdrúxulas. 
Assumindo a postura do Juiz atento à almejada Justiça, sem menosprezo à 
Lei e ao Direito, concluo de forma diversa da externada pelo Relator, 
vinculada a vetusta jurisprudência - e estou certo não fosse isso, à mercê 
 
 
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de grande sensibilidade, outro seria o voto de S. Exa. sobre o real alcance 
das normas de regência. Aliás, pesquisa realizada nos anais da Corte 
mostrou- se infrutífera. Não encontrei um único acórdão do Plenário sobre 
o tema. Os precedentes dizem respeito a decisões da Presidência da Corte 
negando o exequatur, sendo que nestas não foi analisada a questão relativa 
à observância do artigo 9º da Lei de Introdução ao Código Civil. Confira-
se com os processos de concessão de exequatur nºs 5332-1, 7424-7 e 7426-
3. Conclamo a Corte a uma reflexão sobre o tema, mormente nesta quadra 
em que o artigo 1.477 do Código Civil ganha contornos mitigados, 
revelando ser fruto de proibição relativa. Ninguém desconhece a 
inexistência, no ordenamento jurídico nacional, de ação para cobrar dívida 
de jogo ou aposta proibidos. Todavia, não se está diante, em si, de ação 
ajuizada com o fito de impor ao Requerido sentença condenatória de 
pagamento. O caso é diverso. O Requerido contraiu, nos Estados Unidos 
da América do Norte, obrigação de satisfazer a quantia de quatrocentos e 
setenta mil dólares em prestações sucessivas, havendo honrado o 
compromisso somente no tocante a cinqüenta e cinco mil dólares. A origem 
do débito mostrou-se como sendo a participação em jogos de azar, mas isso 
ocorreu nos moldes da legislação regedora da espécie. No país em que 
mantida a relação jurídica, o jogo afigura-se como diversão pública 
propalada e legalmente permitida. Ora, norma de direito internacional, 
situada no mesmo patamar do artigo regedor da eficácia das sentenças 
estrangeiras, revela que "para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á 
a lei do país em que se constituírem" - cabeça do artigo 9º da Lei de 
Introdução ao Código Civil. Esse dispositivo apenas é condicionado, 
quando a obrigação deva ser executada no Brasil, à observância de forma 
essencial, mesmo assim admitidas as peculiaridades da lei estrangeira 
quanto aos requisitos extrínsecos do ato - § 1º do aludido artigo 9º. 
Portanto, não cabe, no caso, aplicar, relativamente à obrigação contraída e 
objeto de homologação em juízo, o artigo 1.477 do Código Civil, mas ter 
presente o direito estrangeiro. É certo estar a homologação de sentença 
estrangeira subordinada à ausência de desrespeito à soberania nacional, à 
ordem pública e aos bons costumes. Entretanto, na espécie não concorre 
qualquer dos obstáculos. Dos três, todos previstos no artigo 17 da Lei de 
Introdução ao Código Civil, o que aqui se faz merecedor de análise é o 
 
 
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concernente à ordem pública, porquanto impossível é cogitar-se, em se 
buscando homologação de sentença estrangeira, de afronta à soberania 
nacional e aos bons costumes, no que envolvem conceitos flexíveis. Ora, 
sob o ângulo do direito internacional privado, tem-se como ordem pública 
a base social, política e jurídica de um Estado, considerada imprescindível 
à própria sobrevivência. É o caso de indagar-se, à luz dos valores em 
questão: o que é capaz de colocar em xeque a respeitabilidade nacional: a 
homologação de uma sentença estrangeira, embora resultante de prática 
ilícita no Brasil, mas admitida no país requerente, ou o endosso, pelo 
próprio Estado, pelo Judiciário, de procedimento revelador de torpeza, no 
que o brasileiro viajou ao país-irmão e lá praticou o ato que a ordem 
jurídica local tem como válido, deixando de honrar a obrigação assumida? 
A resposta é desenganadamente no sentido de ter-se a rejeição da sentença 
estrangeira como mais comprometedora, emprestando-se ao território 
nacional a pecha de refúgio daqueles que venham a se tornar detentores de 
dívidas contraídas legalmente, segundo a legislação do país para o qual 
viajarem. Uma coisa é assentar-se que o jogo e a aposta, exceto as loterias 
federal e estadual, a quina, a supersena, a megasena, a loteria esportiva, a 
lotomania, a trinca, as diversas formas de raspadinha e os bingos, não são 
atos jurídicos no território nacional, ficando as dívidas respectivas no 
campo do direito natural, na esfera da moral. Quanto a isso, a disciplina 
pátria não permite qualquer dúvida. Outra diversa é, olvidando-se a regra 
de sobredireito do artigo 9º da Lei de Introdução ao Código Civil - a afastar 
a normatização pelas leis do Brasil da prática implementada e segundo a 
qual, para qualificar e reger as obrigações há de ser aplicada a lei do país 
em que se constituírem - vir-se a recusar a prevalência de sentença 
prolatada consoante as normas do país em que situado o órgão julgador. 
Nem se diga que a homologação da sentença estrangeira ganha, em si, 
aspectos ligados a um verdadeiro julgamento. As situações são díspares. 
Enquanto, defrontando-se com uma ação, o julgador deve apreciá-la na 
extensão total que possua, relativamente à homologação de sentença 
estrangeira cumpre perquirir tão-só a existência de situação válida e a 
ausência de ofensa à soberania nacional, à ordem pública e aos bons 
costumes. Aliás, aqui mesmo no Brasil, restando prolatada sentença sobre 
dívida de jogo ou aposta ilegais e transitada em julgado (ante o fato de não 
 
 
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se haver percebido a origem da dívida), admite-se a execução do título 
respectivo que, enquanto não desconstituído, tem força de sentença 
transitada em julgado. A hipótese equipara-se a ação versando sobre os 
jogos admitidos no Brasil. Ninguém se atreveria a dizer carecedor da ação 
alguém que viesse - e muitos já o fizeram - a demandar visando a receber 
prêmio de uma das nossas múltiplas loterias. Somente o que passível de 
ser rotulado como contravenção é que não gera a possibilidade de exigir-se 
em juízo. Repita-se: o jogo nos Estados Unidos está em tudo igualizado 
àqueles jogos endossados pela nossa ordem jurídica. Concluindo, as regras 
do artigo 9º da Lei de Introdução ao Código Civil e do artigo 1.477 do 
Código Civil são incompatíveis. A primeira exclui a incidência da 
segunda, revelando lícito o jogo praticado na América do Norte, como, 
aliás, é o que, no Brasil, tem cunho oficial, sendo que a participação do 
Estado abre margem, por isso mesmo, a questionamentos na Justiça. Aqui, 
somente conflita com os bons costumes o jogo ligado à contravenção, não 
aquele revelado pelos bingos e loterias supervisionados pelo Estado. 
Conclui-se, assim, sob pena de flagrante incoerência, estar o jogo gerador 
da dívida constante da sentença que se quer homologada em tudo 
equiparado aos permitidos no solo pátrio. Fora isso, é sofismar; é adotar 
postura em detrimento da melhor brasilidade; é enveredar por caminho 
tortuoso; é solapar a respeitabilidade de nossas instituições, tornando o 
Brasil um país desacreditado no cenário internacional, porque refúgio 
inatingível de jogadores pouco escrupulosos, no que, após perderem em 
terras outras, para aqui retornam em busca da impunidade civil, da 
preservação de patrimônio que, por ato próprio, de livre e espontânea 
vontade, em atividade harmônica com a legislação de regência - do país-
irmão (artigo 9º da Lei de Introdução ao Código Civil) -, acabaram por 
comprometer. Em última análise, peço vênia ao nobre Ministro Relator 
para entender que, relativamente à obrigaçãoque deu margem à sentença, 
cumpre observar não o disposto no artigo 1.477 do Código Civil, mas a 
regra do artigo 9º da Lei de Introdução dele constante, que direciona ao 
atendimento da legislação do país em que contraída a obrigação. Com isso, 
afasto algo que não se coaduna com a Carta da República, que é o 
enriquecimento sem causa, mormente quando ligado ao abuso da boa-fé de 
terceiro, configurado no que o Requerido se deslocou do Brasil para a 
 
 
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América do Norte, vindo a praticar jogos de azar legitimamente admitidos, 
e até incentivados como mais uma forma de atrair turistas, contraindo 
dívida e retornando à origem onde possui bens, quem sabe já tendo 
vislumbrado, desde o início, que não os teria ameaçados pelo credor. O 
Requerido assumiu livremente uma obrigação, e o fez, repita-se, em país 
no qual agasalhada pela ordem jurídica, devendo o pacto homologado ser, 
por isso mesmo, respeitado. Sopesando as peculiaridades do caso, concluo 
que não se tem, na espécie, a incidência do disposto no artigo 1.477 do 
Código Civil e, por via de conseqüência, que descabe falar em sentença 
estrangeira contrária à ordem pública e, portanto, no óbice à homologação 
prevista no artigo 17 da Lei de Introdução ao Código Civil. Aliás, outro 
não foi o entendimento que acabou por prevalecer no julgamento, pelo 
Tribunal de Justiça do Distrito Federal, dos embargos infringentes 
interpostos por Wigberto Ferreira Tartuce - Processo nº 44.921/97, 
quando, em 14 de outubro do ano findo de 1999, a Desembargadora 
Revisora Dra. Adelith de Carvalho Lopes, autora do primeiro voto 
divergente que formou na corrente majoritária, deixou consignada a 
incidência, na espécie, do artigo 9º em comento, isso ao defrontar-se com 
situação concreta menos favorável que a destes autos, porque ligada ao 
novo instituto de monitória. Eis a ementa redigida: DIREITO 
INTERNACIONAL PRIVADO. DÍVIDA DE JOGO CONTRAÍDA 
NO EXTERIOR. PAGAMENTO COM CHEQUE DE CONTA 
ENCERRADA. ART. 9º DA LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO 
CIVIL. ORDEM PÚBLICA. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 1. O 
ordenamento jurídico brasileiro não considera o jogo e a aposta como 
negócios jurídicos exigíveis. Entretanto, no país em que ocorreram, não se 
consubstanciam tais atividades em qualquer ilícito, representando, ao 
contrário, diversão pública propalada e legalmente permitida, donde se 
deduz que a obrigação foi contraída pelo acionado de forma lícita. 2. Dada 
a colisão de ordenamentos jurídicos no tocante à exigibilidade da dívida de 
jogo, aplicam-se as regras do Direito Internacional Privado para definir 
qual das ordens deve prevalecer. O art. 9º da LICC valorizou o locus 
celebrationis como elemento de conexão, pois define que, "para qualificar 
e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem." 3. 
A própria Lei de Introdução ao Código Civil limita a interferência do 
 
 
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Direito alienígena, quando houver afronta à soberania nacional, à ordem 
pública e aos bons costumes. A ordem pública, para o direito internacional 
privado, é a base social, política e jurídica de um Estado, considerada 
imprescindível para a sua sobrevivência, que pode excluir a aplicação do 
direito estrangeiro. 4. Considerando a antinomia na interpenetração dos 
dois sistemas jurídicos, ao passo que se caracterizou uma pretensão de 
cobrança de dívida inexigível em nosso ordenamento, tem-se que houve 
enriquecimento sem causa por parte do embargante, que abusou da boa fé 
da embargada, situação essa repudiada pelo nosso ordenamento, vez que 
atentatória à ordem pública, no sentido que lhe dá o Direito Internacional 
Privado. 5. Destarte, referendar o enriquecimento ilícito perpretado pelo 
embargante representaria afronta muito mais significativa à ordem 
pública do ordenamento pátrio do que admitir a cobrança da dívida de jogo. 
6. Recurso improvido. No mesmo sentido, ante o artigo 9º da Lei de 
Introdução ao Código Civil, decidiu o Tribunal de Alçada Criminal do 
Estado de São Paulo - apelações nºs 577.331 e 570.426 - precedentes 
citados pelo Requerente e noticiados no voto do relator. Portanto, acolho o 
pedido de homologação formalizado. 3. Pelas razões acima, defiro a 
execução desta carta rogatória, a ser remetida à Justiça Federal de São 
Paulo, para a ciência pretendida. Ressalto a necessidade de todo o empenho 
possível na localização do interessado. 4. Publique-se. Brasília, 18 de 
março de 2002. Ministro MARCO AURÉLIO Presidente 
Resposta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15. Ética 
Definir a ética não é tarefa fácil. Segundo Álvaro L.M Valls, em 
sua obra: O que é ética? 22ª edição, Ed. Brasiliense, 2006, p.7: “A ética é 
daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de 
explicar, quando alguém pergunta”. (...) “Tradicionalmente ela é entendida 
como um estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até 
teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também 
chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados 
corretos”. (...) “A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser 
a própria realização de um tipo de comportamento28”. 
A Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do obrar 
humano, isto é, considera os atos humanos enquanto são bons ou maus. 
A Ética é uma ciência29 prática, porque não se detém pela contemplação 
da verdade, mas aplica esse saber nas ações humanas livres. Nesse 
sentido o filósofo grego Aristóteles30 entende que as virtudes éticas são 
alcançadas pelo exercício, pelo hábito, pela ação, uma vez que 
decorrem do saber prático31. 
O Direito deve ser pautado pela Ética, para atender aos interesses 
da sociedade, do bem comum e da democracia32. 
É contra a ética impor verdades33. Até mesmo porque, o que é 
verdade nessa época de incerteza a respeito do nosso futuro como 
humanidade? Vale lembrar, ainda, que algumas das teorias mais 
 
28Valls, Álvaro L.M. O que é ética? 22ª edição, Ed. Brasiliense, 2006, p.7. 
29 Vale lembrar os ensinamentos de Alfredo Augusto Becker em sua obra Teoria 
Geral do Direito Tributário, 3ª edição, São Paulo: Lejus, 1998, p. 66: a criação da 
regra jurídica é arte, mas sua interpretação é ciência. 
30 Aristóteles, pensador grego que teria vivido entre 384-322 a.C.. 
31 Martins, Ives Gandra da Silva. Ética no Direito e na economia in Fischer, Octavio 
Campos. Tributos e Direitos Fundamentais, coord., São Paulo: Dialética, 2004, 125 
in apud Angel Rodrigues Luño, Ética, Pamplona: Eunsa, 1984, p. 17. 
32 Martins, Ives Gandra da Silva. Ética no Direito e na economia in Fischer, Octavio 
Campos. Tributos e Direitos Fundamentais, coord., São Paulo: Dialética, 2004, 129. 
33Dallari, Dalmo de Abreu. Ética. Palestra na fundação Abrinq em dezembro de 
2003. 
 
 
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importantes da ciência são a teoria da relatividade de Einstein e a teoria da 
incerteza da Física Quânticade Werner Heisemberg, o que, sob um ponto 
de vista simplificador e de um leigo, demonstra que a própria ciência, 
que busca uma verdade absoluta, vê o universo sob o domínio de 
infinitas variáveis, incertas e relativas. 
A ética ou é praticada ou não existe. A questão ética não é uma 
questão teórica, mas essencialmente prática. Não há, em nosso mundo, 
uma fibra ética que mantenha unida toda a sociedade dita globalizada 
e isso nos faz muita, muita falta mesmo. 
A ética não pode ser artificial, criada por uma elite a partir de 
princípios abstratos próprios, únicos e parciais, imposta à população e 
que não resistiria a uma reflexão interior mais profunda. 
Uma discussão a respeito da ética pode nos ajudar a viver com 
mais consciência do que nós próprios somos, mais conscientes das 
nossas possibilidades e responsabilidades, mais conscientes dosimensos problemas que estamos enfrentando e que teremos que 
enfrentar, para levar a vida mais adiante em níveis aceitáveis para as 
próximas gerações. 
Devemos ter a percepção de que a ética é muito mais do que uma 
formalidade, de regras estabelecidas às quais nos adaptamos. É 
necessária uma interiorização do sentimento e da consciência ética para 
que nós possamos nos dar conta das atitudes que tomamos. 
Os primeiros valores éticos são a pessoa humana e a socialidade34 
necessária para a vida em comum. Hoje, em nossa sociedade, 
 
34 A socialidade (ver e pensar a pessoa dentro do coletivo) assumiu importância na 
propriedade privada (função social da propriedade) e nos contratos (função social 
dos contratos), fazendo valer os valores coletivos sobre os individuais, sem perder 
de vista o valor fundamental da pessoa humana.Valoriza-se a pessoa humana e sua 
dignidade acima de qualquer interesse patrimonial. Ver a respeito da socialidade a 
obra dos autores: Martins-Costa, Judith; Branco, Gerson Luiz Carlos. Diretrizes 
teóricas do novo Código Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 131: "Ambas 
– eticidade e socialidade – constituem perspectivas reversamente conexas, pois as 
regras dotadas de alto conteúdo social são fundamentalmente éticas, assim como as 
normas éticas têm afinidade com a socialidade. A distinção ora procedida, de cunho 
meramente metodológico, não faz mais do que assinalar ênfases, ora pendendo para 
o fundamento axiológico das normas, ora inclinando-se às suas características numa 
 
 
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predomina o individualismo que permeia todos os campos de atuação 
do ser humano. Até na formação profissional somos elevados a uma 
especialização cada vez maior em determinado ramo do conhecimento 
científico, esquecendo do todo. 
Em um dado momento, por volta dos séculos XVII e XVIII, 
quando – assim como hoje – as camadas sociais discriminadas não eram 
respeitadas como pessoas e, não havia garantia pessoal ou de suas 
atividades, do seu patrimônio, ou de seus negócios, surgiram 
pensadores que escreveram a respeito do indivíduo, da igualdade 
inerente a todos os indivíduos, do respeito que todos merecem e dos 
direitos que todos têm. 
Isso acarretou com o desenrolar da história, em uma super 
valorização do indivíduo e da excessiva individualidade e aos poucos 
fomos esquecendo que todos, necessariamente, dependemos uns dos 
outros. 
A palavra indivíduo pode ser entendida como aquilo que não 
está dividido e que, portanto, pertence ao todo, uma vez que dele não 
se separou. 
Aristóteles disse que o homem é um animal político. Isso significa 
que a pessoa pertence à polis, na época o núcleo de convivência. O 
homem só existe na convivência, não existe sozinho. 
A evolução da humanidade tornou a sociedade mais complexa e 
especializada, o que aumentou a dependência de uns com os outros. 
Nós não vivemos apenas, convivemos. Assim, por exemplo, um ponto 
que é fundamental é a necessidade afetiva. Todos querem amar, todos 
querem ser amados e, em parte, os problemas da nossa época, de 
violência, de desajuste da infância e da juventude, são devidos às 
carências afetivas em momentos cruciais da vida, com a infância e a 
adolescência. 
 
sociedade que tenta ultrapassar o individualismo, não significando, de modo 
algum, que uma regra ética não se ponha, também, na dimensão da socialidade, e 
vice-versa" (MARTINS-COSTA, Judith; BRANCO, Gerson Luiz Carlos. Diretrizes 
teóricas do novo código civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 131). 
 
 
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Todos nós temos necessidades afetivas. O ser humano necessita 
do outro, o ser humano, apesar de ser racional necessita viver as 
emoções para se tornar completo. E na nossa sociedade os sentimentos 
estão sendo colocados em segundo plano, porque para essa sociedade 
o que importa é ter e não ser. 
O ser humano tem a necessidade de expressão, por isso o direito 
de expressão é um direito humano, um direito resguardado pela nossa 
constituição, que faz parte das necessidades essenciais da pessoa 
humana. A pessoa humana tem necessidade de se comunicar, que só se 
satisfaz na convivência. 
A pessoa humana tem, portanto, necessidades materiais, 
afetivas, intelectuais e espirituais. 
Quando dizemos os direitos de cada um terminam onde começa o 
direito do outro, estamos esquecendo que os direitos se entrelaçam em 
direitos e obrigações recíprocas para e com toda a sociedade. Os 
direitos foram feitos para a convivência em sociedade. A boa 
convivência implica a existência de uma fibra ética. 
Ética tem origem na palavra grega ethos que era usada para se 
referir a costume informado por valores e que, portanto, pode ser 
adotado. 
A expressão latina para os costumes é mores e decorrendo daí a 
moral. Ética e moral têm, desse modo, uma origem comum e dizem 
respeito aos costumes apoiados por valores. 
Entre os valores predominantes em nossa sociedade 
encontramos o poder econômico, que passou a ser medida de tudo, 
colocando de lado a ética. Infelizmente predomina em nossa sociedade 
o materialismo. 
 
 
Exercícios de Ética 
Leia os quatro textos que se seguem e a seguir responda as 
questões propostas. 
 
1º Texto 
 
 
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“Assassinos Econômicos (AEs), são profissionais altamente 
remunerados cujo trabalho é lesar países ao redor do mundo em golpes que se 
contam aos trilhões de dólares. Manipulando recursos financeiros do Banco 
Mundial, da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional 
(USAID), além de outras organizações americanas de "ajuda" ao exterior, eles 
os canalizam para os cofres de enormes corporações e para os bolsos de algumas 
famílias abastadas que controlam os recursos naturais do planeta. 
Entre os seus instrumentos de trabalho incluem-se relatórios 
financeiros adulterados, pleitos eleitorais fraudulentos, extorsão, sexo e 
assassinato. Eles praticam o velho jogo do imperialismo, mas um tipo de jogo 
que assumiu novas e aterradoras dimensões durante este tempo de globalização. 
Eu sei do que estou falando; eu fui um AE35.(...) O meu trabalho, disse 
ela, era fazer as previsões dos efeitos de investir bilhões de dólares num país. 
Especificamente eu produziria estudos que projetassem crescimento econômico 
20 a 25 anos no futuro e que avaliassem as consequências de diversos projetos. 
Por exemplo, se uma decisão fosse tomada para emprestar 1 bilhão de dólares a 
um país a fim de persuadir os seus líderes a não se alinharem com a União 
Soviética, eu compararia os benefícios de investir aquele dinheiro em usinas 
elétricas com os benefícios de investir numa nova rede ferroviária nacional ou 
num sistema de telecomunicações. Ou poderia ser informado de que aquele país 
estava tendo a oferta de uma oportunidade de receber um moderno sistema de 
abastecimento elétrico, dependeria de mim, demonstrar que aquele sistema 
resultaria em crescimento econômico suficiente para justificar o empréstimo. 
O fator crítico, em cada caso, era o produto nacional bruto. O projeto que 
resultasse na maior média anual de crescimento do PNB36 venceria. Se apenas 
 
35 Perkins, John. Confissões de um assassino econômico. Tradução de Henrique 
Amat Rego Monteiro. São Paulo: Cultrix, 2005, p. 9. 
36 PNB – Produto Nacional Bruto é o valor agregado de todos os bens e serviços 
resultante da mobilização de recursos nacionais (pertencentes a residentes no país) 
independentemente do território econômico em que foram produzidos. Incluem-se 
nele o valor da depreciação e o resultado, positivo ou negativo, da conta de 
rendimento do capital do balanço de pagamentos. Ou seja, os rendimentos 
recebidos em decorrência de investimentos no exterior são agregados ao PNB; 
paralelamente, deduzem-se os rendimentos remetidos ao exterior em virtude de 
inversões do capital estrangeiro no país. Por outro lado, oPNB resulta o valor bruto 
 
 
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um projeto estivesse em consideração, eu precisaria demonstrar que 
desenvolvê-lo traria benefícios superiores ao PNB. 
O aspecto velado de cada um desses projetos era que eles pretendiam 
criar grandes lucros para os contratantes, e fazer a felicidade de um punhado 
de famílias ricas e influentes nos países recebedores, enquanto assegurava a 
dependência financeira a longo prazo e, portanto, a lealdade política de 
governos ao redor do mundo. Quanto maior o empréstimo, melhor. O fato de 
que a carga da dívida colocada sobre um país privaria os seus cidadãos mais 
pobres de saúde, educação e de outros serviços sociais por décadas no futuro 
não era levado em consideração37. 
Claudine e eu discutíamos a natureza enganosa do PNB. Por exemplo, 
o crescimento do PNB pode ocorrer mesmo quando ele favorece apenas uma 
pessoa, como um sujeito que seja proprietário de uma empresa prestadora de 
serviços públicos, e mesmo que a maioria da população seja sobrecarregada com 
a dívida. Os ricos ficam mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Ainda 
 
da produção, deduzidas as transações intermediárias. (...) Quando o PNB é inferior 
ao PIB – Produto Interno Bruto, o país em questão remete para o exterior mais renda 
do que recebe, conforme: Sandroni, Paulo. Dicionário de administração e finanças. 
São Paulo: Editora Nova Cultural, 2000, p. 410/411. 
37 A dívida externa brasileira em 2006 era aproximadamente US$ 230 bilhões de 
dólares, pouco menos de 40% do PIB. Deste total, cerca de US$ 98 bilhões 
correspondem à dívida pública. O Brasil devia aos países do Clube de Paris cerca 
de US$ 3,7 bilhões, que deviam ser desembolsados até o final de 2006. Outros US$ 
13 bilhões correspondem às dívidas com organismos bilaterais e multilaterais de 
fomento ao desenvolvimento. O perdão da dívida é muitas vezes a única alternativa 
possível para países menos desenvolvidos. (...) Segundo recente relatório da 
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura, 
em parceria com a CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 
a América Latina precisa aumentar em US$ 13,5 bilhões seus investimentos anuais 
em educação, a fim de alcançar as metas de Educação Para Todos. O Brasil é o país 
da região que maior volume de recursos adicionais necessita, algo em torno de US$ 
3,6 bilhões ao ano. Isso representaria um crescimento de, aproximadamente, 15% 
dos investimentos em educação atualmente realizados pelo país. Representa, 
contudo, pouco mais de 0,5% do PIB brasileiro. Conforme 
http://www.unesco.org.br/noticias/opiniao/index/comitesocialdivida/mostra_docu
mento, acessado em 05 de agosto de 2006. 
http://www.unesco.org.br/noticias/opiniao/index/comitesocialdivida/mostra_documento
http://www.unesco.org.br/noticias/opiniao/index/comitesocialdivida/mostra_documento
 
 
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assim, do ponto de vista da estatística, isso é registrado como progresso 
econômico38”. 
 
2º Texto 
Assim como os problemas teóricos morais não se identificam com os 
problemas práticos, embora estejam estritamente relacionados, também não se 
podem confundir a ética e a moral. A ética não cria a moral. Conquanto seja 
certo que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de 
comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada comunidade. 
A ética depara com uma experiência histórico-social no terreno da moral, ou 
seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo delas, procura 
determinar a essência da moral, sua origem e as condições objetivas e subjetivas 
do ato moral, as fontes da avaliação moral, a natureza e a função dos juízos 
morais, os critérios de justificação destes juízos e o princípio que rege a 
mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais. A ética é a teoria ou ciência 
do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma 
forma específica de comportamento humano. (...) Se por moral entendemos um 
conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos 
numa comunidade social dada, o seu significado, função e validade não podem 
deixar de variar historicamente nas diferentes sociedades. Assim como umas 
sociedades sucedem as outras, também as morais concretas, efetivas, se 
sucedem e substituem umas as outras. Por isso, pode-se falar da moral da 
Antiguidade, da moral feudal própria da Idade Média, da moral burguesa, na 
sociedade moderna etc. Portanto, a moral é um fato histórico e, por conseguinte 
a ética, como ciência da moral, não pode concebê-la como dada de uma vez para 
sempre, mas tem de considerá-la como um aspecto da realidade humana 
mutável com o tempo. Mas a moral é histórica precisamente porque é um modo 
de comportar-se de um ser – o homem – que por natureza é histórico, isto é, um 
ser cuja característica é a de estar-se fazendo ou se autoproduzindo 
constantemente tanto no plano de sua existência material, prática, como no de 
sua vida espiritual, incluída nesta a moral. (...) A moral é um sistema de 
normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações 
mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que 
 
38 Perkins, John. Idem p. 38/39. 
 
 
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estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e 
conscientemente, por uma convicção íntima, e não uma maneira mecânica, 
externa ou impessoal”39. 
 
3º Texto 
Para a ética, o que importa não é o benefício de um indivíduo ou 
de um específico grupo de indivíduos: o ponto de vista da ética não é 
egoístico, individual ou pessoal, mas coletivo, universal, visando toda 
a coletividade humana. As ações ditas éticas devem se reportar a um 
público maior, a uma base mais ampla, pois a ideia de ética traz consigo 
a ideia de uma coisa maior40. 
O preceito Cristão, comum em outras religiões41, é 
essencialmente ético: “amai-vos uns aos outros como ama a ti mesmo”, 
porque estabelece uma igualdade na forma de amar e porque estabelece 
a necessidade de se autoconhecer42. 
Para Emmanuel Kant43 a maneira de agir ética, conforme expresso 
em seu imperativo categórico é atuar: “sempre de tal maneira que a 
máxima de tua ação possa ser lei universal ou bem atua sempre de tal modo que 
o ser humano, seja você ou seja o outro, sejam sempre tomados como um fim, 
não como um meio” (tradução livre)44. 
 
39 Sánchez Vasquez, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 22, 
23, 37 e 84. 
40 ALMEIDA, Guilherme Assis de; Christmann, Martha Ochsenhofer. Ética e direito: 
uma perspectiva integrada, 2ª edição, São Paulo: Atlas, 2004, p. 15/16. 
41 A chamada regra de ouro. 
42 Idem, p. 16. 
43 Emmanuel Kant, (1724-1804) Kant nasceu, viveu e morreu em Konisberg, uma 
cidade da Prússia Oriental (Alemanha). Era filho de um humilde comerciante de 
descendência escocesa. Frequentou a Universidade a partir de 1740, como estudante 
de filosofia e matemática. Dedicou-se ao ensino, vindo a desempenhar as funções 
de professor adjunto (1755-1770) e depois de professor ordinário (1770-1796) na 
Universidade de Konisberg. Inhttp://afilosofia.no.sapo.pt/12Kant.htm 
44E. Kant. Hacia la paz perpetua, Biblioteca Nueva, Madrid, 199, p. 113, in Apud 
GARZA, MARIA Teresa de la. Política de la memória: Una mirada sobre ocidente 
desde el margen. Rubi (Barcelona): Anthropos Editorial; México: Universidad 
Iberoamericana, 2002, p94. 
http://afilosofia.no.sapo.pt/12Kant.htm
 
 
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Já em relação à política, afirmava Kant: a política diz – se astutos 
como as serpentes. A moral (acrescenta) como condição limitativa: e sem 
malícia, como as pombas. Se não podem coexistir ambas em um mesmo 
preceito, então, existe realmente um choque entre a política e a moral; porém, 
se se unem, resulta absurdo conceito

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