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apostila senar colheita mecanizada

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Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR 
Administração Regional Pará
Programa “Jovem Aprendiz Rural”
PLANTIO DA CANA-DE-AÇÚCAR
UM POUCO DA HISTORIA
"Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura...Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te enamores de mim, para que não me sejas infiel". Esta frase faz parte do Atharva-Veda, 4º. Livro dos Vedas, livro sagrado dos hindus”.
A palavra açúcar, vem do sânscrito – sakkara – antiga língua de uma das tribos da Índia – e esse termo derivou para saccharum (latim), sukkar (árabe), zucker (alemão), sugar (inglês), zucchero (italiano) e hoje em dia não há região do mundo onde ele não seja consumido.
A planta é uma gramínea de origem asiática, consenso geral. Embora existam algumas posições divergentes é uma aceitação sem contradições que a Ásia é a pátria dessa planta que nos dá variados produtos e subprodutos de consumo indispensável e na Nova Guiné deve ter acontecido o primeiro contato do homem com essa planta “que produzia mel sem abelhas”, de lá tendo sido levada para a Índia, daí a controvérsia sobre a sua origem com alguns historiadores apontando para a Índia (Golfo de Bengala) como o berço da cana-de-açúcar com a ancestral Saccharum spontaneum.
Assim, a cana era desconhecida no Ocidente.
No ano de 327 a.C, durante as suas marchas de conquista, essa planta acabou por ser alvo da curiosidade de alguns generais de Alexandre Magno lá pelo ano 327 a.C, que a teria levado para a Pérsia e posteriormente dos cruzados durante as incursões pelo Oriente Médio. 
Os árabes, por sua vez, já no século X introduziram o seu cultivo nas terras do Egito que chegou a produzir um açúcar da melhor qualidade para a época; a partir daí, migrar pelo Mar Mediterrâneo, sendo levada para as ilhas de Chipre e da Sicilia até chegar à Península Ibérica, foi questão de pouco tempo.
MAPA DA EXPANSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR DO SÉCULO II AO SÉCULO XV
A CANA DE AÇÚCAR COMO ESPECIARIA
Por sua composição a seguir apresentada, o açúcar era tido na antiguidade como uma das especiarias que entravam na Europa vinda do Oriente e era consumido por reis e nobres que o adquiriam de mercadores que mantinham uma linha de comércio com o Oriente Próximo e por ser um ótimo energético, era administrada pelos médicos aos pacientes em recuperação; por ser assim tão procurado, era um produto na época extremamente caro para a época – o equivalente nos dias de hoje a R$ 200,00 o quilograma – de modo que esses nobres registravam em testamento as quantidades estocadas em seus palácios. Essa é uma das razões para que a cana-de-açúcar se tornasse alvo dos conquistadores.
Composição média da Cana-de-Açúcar
	 Composição
	Teor (%)
	Água
Açúcares
Fibras
Sólidos solúveis
	65 a 75
11 a 18
8 a 14
12 a 23
Durante o renascimento com o comércio atingindo níveis importantes entre as nações, o comércio marítimo se intensificou, para fugir dos impostos escorchantes cobrados pelos senhores feudais nas passagens por suas terras. Portugal, porta de acesso do Mediterrâneo ao oceano Atlântico, por onde obrigatoriamente passava a produção de açúcar, antevendo a importância da cultura na história do mundo, tratou de implantá-la na ilha de Madeira de onde chegou aos Açores e Cabo Verde e dessas bases, para a América recém-descoberta. 
Daí seguiu levada pelos navegadores para as ilhas do Mar do Caribe, implantando-a na ilha Hispaniola para que servissem de abastecimento para outros navegadores que viriam depois e para o Brasil pelas mãos de Martim Afonso de Souza na Capitania de São Vicente onde foi construído o primeiro engenho de açúcar.
	
	Foi, porém, no Nordeste, nas capitanias de Pernambuco, Paraíba e Bahia que a cultura encontrou na época condições propícias ao seu desenvolvimento e os engenhos se multiplicaram, produzindo bem em terras férteis, de relevo suavemente ondulado, produzindo um açúcar muito superior ao açúcar produzido na Índia.
O MONOPÓLIO BRASILEIRO - Após 50 anos de sua chegada ao nosso território, o Brasil monopolizou a produção mundial de açúcar, comercializada na Europa por Portugal e Holanda, auferindo grandes lucros. A Europa passou a ser então a grande consumidora de açúcar e as regiões produtoras, de Salvador e Olinda experimentaram grande progresso. 
Em 1578 Portugal foi anexado à Espanha pelo rei católico Felipe II, que se opunha à Holanda e à Inglaterra, protestantes, e passou a restringir o comércio com aqueles países, levando a Holanda a invadir o Brasil, aí permanecendo por 76 anos, quando foram expulsos levando consigo mudas da planta para as suas colônias no Mar do Caribe e Antilhas. 
Começava assim a quebra do monopólio brasileiro na produção de açúcar
Os holandeses então iniciaram a produção açucareira no Caribe e mais tarde também os ingleses e franceses em suas colônias. 
Mesmo assim, embora coincidindo com a descoberta do ouro no final do século XVII em Minas Gerais, que provocou uma queda na produção de açúcar, a renda com o comercio de açúcar no Brasil Império (1500 a 1822) duplicou em relação ao ouro e foi cinco vezes maior do que a obtida com o comércio de outros produtos reunidos: café, algodão, madeiras, etc. 
Com o crescimento da produção de açúcar no Século XVIII nas ilhas do Caribe e nas Antilhas o Brasil perdeu várias posições na produção mundial de açúcar. Inglaterra e França disputavam em suas colônias os primeiros lugares na produção. O Haiti, colônia francesa no Caribe na ilha Hispaniola passou a ser o maior produtor mundial embora o Brasil, continuasse entre os cinco maiores produtores do mundo.
No século XIX, com a guerra entre Inglaterra e França, os ingleses com seu poderio naval bloqueou os portos de modo que ao se virem privados de receber o açúcar de cana produzido em suas colônias do Caribe, Napoleão estimulou
MODERNIZAÇÃO – Multiplicando a sua produção de açúcar, os usineiros tiveram que se preparar para competir também no mercado externo. Coube então à Coopersucar, cooperativa fundada por usineiros paulistas para a defesa de seus interesses a iniciativa de procurar novas tecnologias para o setor, buscando novas idéias e novos maquinários mais modernos da Austrália e da África do Sul.
Na década de 70, com a criação do PROALCOOL, incentivou-se também a produção de álcool combustível levando outros Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás a plantar cana e em menos de 5 anos a produção do país saltou de 300 milhões de litros para 11 bilhões de litros de álcool combustível, energia renovável, trazendo para o país a economia de US$ 30 bilhões em divisas.
IMPORTÂNCIA DA CANA-DE-AÇÚCAR
Observando a economia no mundo observa-se que o Brasil tem no momento uma grande oportunidade para se consolidar como líder na política de combustíveis com benefícios para o país levando a um aumento da produção de máquinas e insumos, participando de maneira decisiva para diminuir os danos causados ao meio ambiente.
SÓCIOECONÔMICA – A importância da cana de açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada “in natura”, como matéria prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool, sob a forma de forragem para a alimentação animal e o bagaço utilizado na produção de energia empregada nas próprias usinas; o vinhoto, antes poluidor de mananciais, hoje é empregado como fertilizante em plantios de milho, café e da própria cana-de-açúcar.
O Brasil com 25% da produção mundial de açúcar, está à frente dos 80 países produtores de açúcar, seguido pela Índia e pela China. É um setor produtivo que gera uma renda de cerca de US$ 10 bilhões sendo 30% para atender o mercado externo. A cana-de-açúcar é a base para todo o agronegócio sucroalcooleiro, que envolve 350 indústrias de açúcar e álcool e contabiliza mais de 1.000.000 empregos diretos e indiretos.
Um aspecto importante é que o cultivo da cana-de-açúcar emprega milhares de trabalhadores na colheita,atividade que o sistema mecanizado ainda não conseguiu substituir, representando ocupação de mão-de-obra no campo.
MORFOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR
Colmo: Se desenvolve a partir da gema do tolete de cana. Quando a cana é plantada, cada gema pode formar um colmo primário. Colmos secundários chamados de "perfilhos" podem se formar a partir as gemas subterrâneas do colmo primário. Além disso, perfilhos podem formar-se á partir das gemas subterrâneas dos colmos secundários. O colmo é formado por nós e entrenós. O nó é onde a folha está presa ao colmo e onde as gemas e a raiz primária são encontradas. Uma cicatriz da folha pode ser encontrada no nó das folhas quando estas caem. O comprimento e o diâmetro dos nós e entrenós variam muito de com as cultivares e as condições de cultivo. 
As cores do colmo vistas nos entrenós dependem das cultivares de cana e das condições ambientais. Por exemplo, a exposição dos entrenós ao sol pode resultar em uma alteração completa de cor. A mesma cultivar cultivada em climas diferentes pode exibir cores 
O topo do colmo é relativamente baixo em sacarose e, portanto tem pouco valor industrial.
O 1/3 superior do colmo, porém, contém muitas gemas e um bom suprimento de nutrientes, o que o torna valioso na propagação da cana (plantio). Dois tipos de rachaduras podem ser encontradas na superfície do Colmo; rachaduras inofensivas com pequenas espirais, que são restritas a epiderme, e rachaduras de crescimento que podem ser profundas e ocorrem ao longo de toda a extensão do entrenó. Rachaduras de crescimento são prejudiciais, pois permitem aumento de perda de água, exposição do colmo para microrganismos e insetos. Rachaduras de crescimento dependem da variedade e condições de crescimento.
Folhas: A folha da cana-de-açúcar é dividida em duas partes: bainha e lâmina. A bainha cobre completamente o colmo, estendendo-se sobre pelo menos um entrenó completo. As folhas se desenvolvem de forma alternada, nos nós, portanto formando duas fileiras em lados opostos. A planta madura de cana de açúcar tem uma superfície foliar, em media, de 0,5 metros quadrado, nas folhas superiores. O número de folhas verdes por colmo é ao redor de dez, (6 a 12) dependendo da variedade e condições de crescimento. O número de folhas é menor em condições de déficit hídrico ou em temperaturas baixas. As folhas velhas ao receberem pouca intensidade luminosa, tornam-se senescentes. As folhas verdes do topo são eretas, com o ápice curvo, podendo as demais serem mais ou menos eretas. Bonnett (1998), ao relatou que em temperaturas médias baixas, inferiores a 8 ºC, o desenvolvimento das folhas de alguns cultivares foi prejudicado. Sinclair et al. (2004), ao estudar o efeito das temperaturas mínimas ideais para o desenvolvimento das folhas, encontrou limites diferentes de temperatura para cada cultivar avaliado, tendo observado que a temperatura base para desenvolvimento dos aparatos foliares estaria em torno de 10 ºC, variando conforme o cultivar. 
Inflorescência: Quando a planta da cana-de-açúcar atinge uma maturação relativa de desenvolvimento, seu ponto de crescimento pode, sob certo fotoperíodo e condições de umidade do solo, passar de vegetativo para reprodutivo. O ponto de crescimento para de formar folhas e começa a produzir uma inflorescência. A cana é uma planta de dias curtos. Suas condições fotoperiódicas são alcançáveis nos trópicos. A inflorescência da cana de açúcar é uma panícula aberta. Cada panícula possui milhares de flores, cada uma capaz de produzir uma semente. Os sementes são extremamente pequenas e cerca de 250 sementes pesam 1 grama. Para a produção comercial de cana-de-açúcar, o desenvolvimento da inflorescência tem pouca importância econômica. O florescimento é importante para cruzamento e produção de variedades híbridas. Geralmente dias com duração de 12,5 horas e temperaturas noturnas entre 20° e 25° C induzirão o início do florescimento. Condições de crescimento ótimas na fase vegetativa (solo fértil, suprimento abundante de nitrogênio e umidade) restringem a inflorescência enquanto condições de estresse induzem a formação de florescimento.
Raízes: As primeiras raízes formadas são as raízes do tolete, que emergem de banda de raiz primárias acima da cicatriz da folha nos nós do tolete. Raízes do tolete podem emergir dentro de 24 horas após o plantio. Essas raízes são finas e com muitas ramificações, que sustentam a planta em crescimento nas primeiras semanas depois da brotação. Raízes do broto são tipos secundários de raízes, que emergem da base do novo colmo 5 - 7 dias após o plantio. Esta raízes são mais grossas que as raízes do tolete e vão formar o sistema de raiz principal da planta. As raízes do tolete continuam a crescer por um período de 6 - 15 dias após o plantio, a maioria desaparecendo aos 60 -90 dias enquanto o sistema de raízes do broto desenvolve-se e apropria-se do suprimento de água e nutrientes. Até a idade de três meses, as raízes do tolete contêm menos que 2% da massa seca da raiz.
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR
A Cana-de-açúcar tem essencialmente quatro estádios de desenvolvimento: brotação, perfilhamento (formação), crescimento dos colmos e maturação. O conhecimento prévio desses estádios de desenvolvimento ajudará a gerenciar melhor o cultivo.
Brotação e Estabelecimento: A brotação vai do plantio até a completa brotação das gemas.
Conforme as condições do solo, a brotação começa de 7 a 10 dias após o plantio e geralmente dura ao redor de 30-35 dias. A brotação da gema é influenciada por fatores externos e internos. Os fatores externos são a umidade do solo, temperatura do solo e aeração. Os fatores internos são a saúde da gema, a umidade do tolete, a redução do conteúdo de açúcar do tolete e o estado nutritivo do tolete. A Temperatura ideal para a brotação é de 28 - 30°C. A temperatura básica para brotação é ao redor de 12°C. Solo úmido e calor asseguram uma brotação rápida. Os resultados da brotação resultam em uma respiração aumentada e assim uma boa aeração do solo é importante. Portanto, solos porosos bem estruturados facilitam uma melhor brotação. Conforme a condição do solo considera-se que cerca de 60% das brotações serão efetivamente estabelecidas.
Perfilhamento: O perfilhamento começa ao redor de 40 dias depois do plantio e pode durar até 120 dias. O perfilhamento proporciona ao cultivo o número de colmos necessários para uma boa produção. Vários fatores tais como cultivar, luz, temperatura, irrigação (umidade do solo) e adubação influenciam o perfilhamento. Luz é o mais importante fator externo que influencia o perfilhamento. É de extrema importância ter a luminosidade adequada alcançando a base da planta durante o período de perfilhamento. Temperatura ao redor de 30°C é considerada ideal para o perfilhamento. Temperatura abaixo de 20°C retarda o perfilhamento. Perfilhos formados mais cedo ajudam a produzir colmos mais grossos e mais pesados. Perfilhos formados mais tarde morrem ou permanecem curtos ou imaturos. A população de perfilho máxima é alcançada ao redor de 90 - 120 dias depois do plantio. Ao redor de 150 - 180 dias, pelo menos 50% dos brotos(perfilhos) morrem e uma população estável é estabelecida. 
Práticas de cultivo tais como espaçamento, tempo de fertirrigação, disponibilidade de água e controle de plantas daninhas influenciam o perfilhamento. Embora 6 - 8 perfilhos são produzidos de uma gema, no final somente 1.5 a 2 perfilhos por gema restam para formar colmos. O cultivo de cana-soca produz muito mais e mais cedo o perfilhamento que um cultivo de cana-planta.
Crescimento dos Colmos: A fase de crescimento dos colmos começa a partir de 120 dias depois do plantio e dura até 270 dias em um cultivo de 12 meses. Durante o período anterior, no perfilhamento, ocorre uma estabilização. Do total de perfilhos produzidos somente 40 - 50% sobrevivem até 150 dias para formar colmos. Essa é a fase mais importante do cultivo onde ocorre a formação e alongamento do colmo e assim resultando naprodução da cana. Sob condições favoráveis, os colmos crescem rapidamente quase que de 4 - 5 entrenós por mês. Irrigação, fertirrigação, calor, umidade e condições climáticas solares favorecem um melhor alongamento de cana. Falta de umidade reduz a extensão dos entrenós. Uma temperatura ao redor de 30°C com uma umidade ao redor de 80% é o ideal para esta fase.
Maturação: A fase de maturação em um cultivo de doze meses dura ao redor de três meses começando de 270 - 360 dias. A síntese de açúcar e acumulo rápido de açúcar acontece durante essa fase, e o crescimento vegetativo é reduzido. Conforme a maturação avança, açucares simples (monossacarídeo, frutose e glicose) são convertidos na cana de açúcar (sacarose, um dissacarídeo).
A maturação da cana acontece de baixo para cima e assim a parte de baixo contém mais açúcar que a porção de cima. Bastante luminosidade, céu limpo, noites frescas e dias quentes e clima seco são altamente benéficos para a maturação.
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS – A cana-de-açúcar é cultivada no mundo numa ampla faixa de latitudes, desde 37° N até 31° S. É uma planta tropical mas que, pela duração do seu ciclo e pelas regiões onde é cultivada, convive com todas as estações do ano.
Os principais elementos de clima que interferem no crescimento, na produção e na qualidade da cana são a temperatura, o fotoperíodo, a umidade relativa e a chuva. Ela se desenvolve melhor em áreas ensolaradas quentes e tropicais. O clima "ideal" para produção de açúcar da cana é caracterizado por uma estação longa e quente, com alta incidência de radiação solar e umidade adequada, fruto da pluviosidade e uma estação razoavelmente seca, ensolarada e fresca, mas sem geada, para o amadurecimento e a concentração dos açúcares nos colmos.
Temperatura: O crescimento está diretamente ligado também à temperatura. A temperatura ideal para brotação está entre 32°C e 38°C. Temperaturas acima de 38°C reduzem a fotossíntese e aumentam a respiração reduzindo acentuadamente a fotossíntese líquida. A temperatura do ar de 20ºC é considerada a temperatura base inferior para o desenvolvimento da cana-de-açúcar. Abaixo desse valor o desenvolvimento é nulo. A germinação ocorre quando a temperatura do ar está acima de 21ºC .
O crescimento da cana é máximo no intervalo de temperatura entre 30 e 34º C, é lento abaixo de 25º C e acima de 35ºC e praticamente nulo acima de 38ºC.
Climas muito frios inibem a brotação da gema. Temperaturas abaixo de 0°C induzem ao congelamento de partes menos protegidas tais como folhas jovens e gemas laterais. O dano depende da duração do período frio e do grau de temperatura.
Umidade relativa: Alta umidade relativa – 80% a 85% - favorece um alongamento rápido da cana durante o período de crescimento. Valores entre 45% e 65 % junto com um suprimento de água limitado é muito bom para a cana-de-açúcar durante a fase de amadurecimento.
Radiação solar e Duração do brilho solar: A cana-de-açúcar é uma planta exigente em radiação solar. Ela cresce bem em áreas que recebem de 18 a 36 MJ/m2. Sendo uma planta C4, a cana de açúcar é capaz de produzir altos índices fotossintéticos e o processo mostra uma variação de alta saturação em relação à luz. 
O perfilhamento é afetado por intensidade e duração do brilho do sol. Alta intensidade de luz e longa duração do dia (fotoperíodo) promovem o perfilhamento enquanto dias curtos e nublados afetam de forma inversa. O crescimento da haste aumenta quando a duração do dia é de 10 a 14 horas. O aumento do índice de área da folha é rápido durante o terceiro e quinto mês, coincidindo com a fase de formação do cultivo e alcança seus valores de pico durante a fase de crescimento precoce.
Chuva: Requer de 1100 a 1500 mm de chuva bem distribuída, abundante no período de desenvolvimento vegetativo – germinação, perfilhamento e alongamento seguido por um período de amadurecimento. Durante o período de crescimento ativo, a chuva estimula um crescimento rápido, alongamento e formação dos colmos, porém quando atinge a época de maturação precisa de um repouso por falta de água ou por frio para inibir o crescimento vegetativo e concentrar os açúcares nos colmos. Ela requer de 150 a 300g de água para produzir 1 g de substância seca.
Solo: Antes que se faça a escolha da área de forma indiscriminada é importante considerar as preferências da cultura com relação a tipo de solo e, se necessário, proceder às correções física e química, uma vez que a diversidade nos solos é muito grande.
O tipo de solo requerido para o bom desenvolvimento da planta, ao contrário das condições climáticas, não se encontra com as mesmas características nas diferentes regiões do mundo onde é cultivada a cana daí o rendimento diferenciado em várias regiões.
Pelo fato da cana-de-açúcar apresentar dimensões desproporcionais entre o seu comprimento e o seu diâmetro e ainda por apresentar um colmo pleno de líquido (caldo), devido à ocorrência eventual de ventania, obriga a planta a desenvolver um sistema radicular robusto e profundo para dar sustentação à touceira. Para tanto, o solo deve ser profundo de modo a favorecer o desenvolvimento das raízes além de apresentar uma boa retenção de água, boa drenagem e fornecer os elementos necessários para o desenvolvimento normal da planta.
Sendo o clima favorável, o cultivo poderá ser feito em vários tipos de solo. Deve ser, sobretudo, fértil, drenado e com bom teor de matéria orgânica, o que se consegue com a aplicação de produtos químicos. 
Os terrenos excessivamente argilosos devem ser evitados por serem compactos e difíceis de trabalhar, como também os arenosos, porque secam com facilidade e são pobres em elementos nutritivos.
Comparado com o sistema radicular das demais culturas, principalmente as anuais, a cana-de-açúcar possui um sistema radicular diferenciado em relação à exploração das camadas mais profundas do solo. Por ser uma cultura semi-perene e com ciclo de até cinco anos incluindo cana planta e cana soca, o seu sistema radicular se desenvolve em maior profundidade e assim passa a sofrer a influência do pH, do alumínio e de teores de cálcio nas camadas mais profundas do solo, que influenciarão na produtividade principalmente em solos de baixa fertilidade e de menor capacidade de reter umidade.
Solos Argilo arenosos – São os terrenos que atendem as exigências da cultura da cana-de-açúcar porque permitem a sustentação e o desenvolvimento do sistema radicular, retêm a umidade necessária e oferecem uma boa aeração ao sistema radicular e a sua coloração mais escura indica a presença de matéria orgânica neles. A prática de queimadas acaba por retirar essa matéria orgânica, mineralizando o solo, sendo portanto, altamente prejudicial sob este e outros aspectos.
Solos Areno Argilosos – Também são indicados para o plantio de cana-de-açúcar por apresentarem uma permeabilidade natural não permitindo o encharcamento porém o seu poder de retenção de água é menor do que o anterior levando a maior freqüência de irrigação.
Solos Argilosos e Arenosos excessivos - Qualquer um deles não é propício à cultura devido às suas características e, portanto, não tem condições de oferecer rendimentos, o que distancia este cultivo dos mesmos. Existem tentativas de melhorar a textura, incorporando em solos arenosos a matéria orgânica ou material arenoso nos solos argilosos.
O pH do solo e a produção relativa de açúcar - O pH do solo tem grande importância sobre a formação de açúcar. Observe que no quadro abaixo, de um modo geral, o melhor valor de pH encontrado para oferecer a melhor produção relativa fica entre 7,0 e 7,3.
	
pH do Solo
	Produção relativa de açúcar 
	
	(kg/tc)
	6,4 a 6,5
6,6 a 6,7
6,8 a 6,9
7,0 a 7,1
7,2 a 7,3
7,4 a 7,5
7,6 a 7,7
7,8 a 7,9
	126
125
127
129
131
123
119
116
Canas cultivadas em solos ácidos costumam conter maior quantidade de amido e dextrina que dificultam a purificação do caldo. Dextrina é um polissacarídeo produzido pela quebra do amido e tem propriedades adesivas; sendo uma colavegetal é utilizada na fabricação de papel a partir da conversão do amido. Ainda sobre a acidez do solo, notou-se que canas de terras ácidas são muito mais sujeitas às moléstias foliares do que as cultivadas em solos de pH neutro.
Resumindo, embora a cana de açúcar, devido à sua rusticidade, ocorra em diferentes tipos de solo, como os solos arenosos, de baixa fertilidade e de baixa capacidade de retenção de água, os solos profundos, férteis, médios a pesados, bem estruturados e com boa capacidade de retenção de água são os que mais favorecem a produtividade da cultura. 
Profundo – porque ao se desenvolver desloca o seu centro de gravidade para cima e pelo pequeno espaçamento entre plantas favorecido pelo perfilhamento, em ocasiões de vento forte pode resistir melhor ao acamamento;
Férteis - porque a limitação de algum nutriente pode fazer com que a sua potencialidade genética não corresponda à expectativa;
Pesados e bem estruturados – porque favorecem a oxigenação da zona das raízes, favorecem também a retenção de água, importante para solubilizar os nutrientes do solo e atender a evapotranspiração da planta, fundamental no alongamento e no transporte de nutrientes para as várias partes do vegetal;
Solos rasos, isto é, com camadas impermeáveis em um dos seus horizontes ou superficial ou ainda mal drenados, devem ser evitados para a cana-de-açúcar por dificultar o desenvolvimento do sistema radicular em profundidade.
A cana-de-açúcar é também encontrada sendo cultivada entre o nível do mar e a altitude de cerca de 1000 metros.
RAÍZES DA CANA-DE-AÇÚCAR EM SOLOS COM DIFERENTES ESTADOS DE UMIDADE.
	
	
	
	Bem suprido de água
	Cerca de 50% do suprimento de água
	Solo seco
Declividade - Em cultivos semi-mecanizadas, que é a tendência atual da maioria das nossas explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12%; declividades acima desse limite apresentam restrições às práticas mecânicas. Se o sistema de cultivo adotado prevê, também a colheita mecânica, essa declividade não deverá ultrapassar os 8 a 10%. Essa preocupação está no fato de, quando maior for a declividade do terreno, mais difícil se torna a regulagem das máquinas em operação mecanizada.
Variedades – O segredo da alta produção de um canavial está no clima, na fertilidade do solo, na potencialidade genética e na manutenção da área livre de plantas invasoras que possam competir com a cultura por nutrientes e água.
Uma variedade não pode ser descrita apenas por sua morfologia, mas também por suas características agroindustriais: precocidade, capacidade de brotação e perfilhamento, adaptabilidade à época de plantio, tolerância à seca, produtividade e pelo seu PUI (Período de Utilização Industrial) que deverá ser longo.
No início do cultivo da cana-de-açúcar a exploração se dava somente com a Saccharum officinarum, altamente produtiva.
Um dos pontos que deve merecer especial atenção do agricultor é a escolha da cultivar para  plantio como geradora de massa verde e riqueza em açúcar, e pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias quando comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. 
Todas as cultivares empregadas hoje derivam da Saccharum officinarum, L que vem sendo cruzada com outras de modo que hoje temos as Saccharum sp.
A Sacharum officinarum, L possui colmos grossos, ricos em sacarose, porém é muito exigente em clima e em solo, sendo suscetível a viroses. São as chamadas canas nobres ou canas tropicais. O melhoramento genético a partir dela visou aproveitar as suas virtudes e agregar outras virtudes de outras canas do mesmo gênero.
O melhoramento genético é dinâmico e nesses cruzamentos os pesquisadores visam obter uma cultivar que apresente:
Alta produção de cana planta e cana soca;
Alto teor de sacarose;
Resistência a pragas e doenças;
Pouca ou ausência de florescimento;
P.U.I (Período Útil Industrial) Longo;
Porte ereto;
Adaptação a diversos tipos de solo.
Observação: o P.U.I - após atingir a maturação por quanto tempo essa variedade permanecerá madura sem sofrer perdas significativas de sacarose O P.U.I pode ser curto (70 a 120 dias); médio (121 a 150 dias); longo (maior que 150 dias)
Infelizmente ainda não se conseguiu chegar a uma cultivar que reúna todas essas virtudes; desse modo o produtor deve optar por uma cultivar que reúna o máximo possível desses itens desejáveis.
As variedades ou cultivares trazem uma nomenclatura que as identificam e que reúne um mínimo de informações a respeito. Por exemplo:
IAC 52-150 – Desenvolvida no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no ano de 1952 (52) no experimento de numero 150
CO 997 – Desenvolvida na cidade de Coimbatore, no sul da Índia (CO) e recebe o número 997 da progênie de melhor desempenho;
CB 45-3 – Desenvolvida em Campos dos Goitacazes no Rio de Janeiro (CB) e recebe o 45 do ano em que foi lançada (1945) e o número 3 da progênie que melhor desempenho teve;
SP 70.143 – Desenvolvida pela Copersucar em São Paulo (SP) no ano de 1970 (70) em que foi lançada e 143, o número da melhor progênie.
Dentre as várias maneiras para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da colheita. Quando apresentarem longo Período Útil Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá para mais de uma época.
Assim o produtor deverá consultar o técnico sobre a cultivar que melhor rendimento lhe dará na sua região levando em consideração a disponibilidade ambiental.
Na região do Pará que produz a cana-de-açúcar com expressividade, a PAGRISA planta as cultivares SP 801842 (precoce), SP 791011 (semi-precoce) e SP 701143 (ciclo médio), esta, mais rústica, empregada principalmente para abrir novas áreas ao cultivo. Porém a pesquisa vem criando novas cultivares de modo que seria difícil apontar uma em especial.
PLANTIO DA CANA-DE-AÇÚCAR
Para a implantação de um canavial, deve-se fazer, inicialmente, o planejamento da área, realizando um levantamento topográfico. Nos locais de plantio é feito um trabalho de engenharia, conhecido como sistematização do terreno, no qual se subdivide a área em talhões e alocam-se os carreadores principais e secundários. 
Atualmente, busca-se obter talhões planos mantendo linhas de cana com grande comprimento para evitar manobras das máquinas, otimizando operações mecanizadas. Em geral, os talhões de cana são subdivididos quanto à topografia e homogeneidade do solo e apresentam, em média, entre dez e 20 hectares.
Os princípios de conservação do solo e a execução de terraços devem orientar todo o planejamento da sistematização do terreno. Antes do plantio, é necessário, também, planejar o plantio das mudas ou buscar no mercado um fornecedor idôneo. O plantio da cana pode ser efetuado manualmente ou mecanicamente. 
O plantio compreende, basicamente, três etapas principais:
•	corte de mudas; 
•	distribuição no sulco e corte dos colmos em pedaços menores, dentro do sulco; 
•	cobertura.
Porém, antes de realizar a distribuição das mudas nos talhões, muitas variáveis devem ser levadas em consideração, como:
Amostragem do solo para fins de fertilidade 
Assim que terminar a sistematização do terreno, o produtor deve coletar amostra de solo em cada talhão para análise com vistas às operações de correção do solo e adubação. 
Escolha da cultivar e formação de mudas sadias
É muito importante que, antes do plantio, o produtor escolha a cultivar que se adapta às características do local onde sua propriedade está estabelecida, com o objetivo de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e, consequentemente, aumentar a produtividade. Daí a importância de certificar-se se a cultivar escolhida é resistente às principais moléstias que podem ocorrer em canaviais. Após a escolha da cultivar, é importante, ainda, que o produtor verifique a procedência das mudas escolhidas, se são sadias e se realmente são da variedade escolhida.
Épocas de plantio
A escolha adequada da época de plantio é fundamental para o bom desenvolvimento da culturada cana-de-açúcar, que necessita de condições climáticas ideais para se desenvolver e acumular açúcar. Para seu crescimento, a cana necessita de alta disponibilidade de água, temperaturas elevadas e alto índice de radiação solar. A cultura pode ser plantada em três épocas diferentes: sistema de ano-e-meio, sistema de ano e plantio de inverno.
Sistema de ano-e-meio (cana de 18 meses): A cana-de-açúcar é plantada entre os meses de janeiro e março. Nos primeiros três meses, a planta inicia seu desenvolvimento e, com a chegada da seca e do inverno, o crescimento passa a ser muito lento durante cinco meses (abril a agosto), vegetando nos sete meses subseqüentes (setembro a abril), para, então, amadurecer nos meses seguintes, até completar 16 a 18 meses. Este período (janeiro a março) é considerado ideal para o plantio da cana-de-açúcar, pois apresenta boas condições de temperatura e umidade, garantindo o desenvolvimento das gemas. Essa condição possibilita a brotação rápida, reduzindo a incidência de doenças nos toletes. 
Sistema de ano (cana de 12 meses): Em algumas regiões, a cana-de-açúcar pode ser plantada no período de outubro a novembro. Esse sistema de plantio precisa ser utilizado de forma restrita, pois apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: 
Vantagens
•	Quando se tem grandes áreas para plantio, uma segunda época de plantio facilita o gerenciamento e otimiza a utilização de máquinas e de mão-de-obra, que ficam subdivididas entre o período de plantio de cana de ano-e-meio e cana de ano.
Desvantagens
•	menor produtividade que a cana de 18 meses, uma vez que a cana de ano tem apenas sete ou oito meses de crescimento efetivo (um verão); 
•	o preparo do solo para o plantio da cana de ano pode ser dificultado, uma vez que há pouco tempo para o preparo, incorporação do calcário e de outros corretivos etc. Logo após a colheita anterior é necessário arrancar as soqueiras para um novo plantio. Com o início da estação chuvosa, ocorrem poucos dias úteis para operações agrícolas e, se a área de plantio for muito grande, é necessária elevada quantidade de mão-de-obra nesse período; 
•	em algumas situações e para variedades floríferas, a utilização de inibidores de florescimento pode ser necessária. 
Plantio de inverno 
Com o uso da torta de filtro que contém cerca de 70 a 80% de umidade, aplicada no sulco de plantio, é possível plantar a cana-de-açúcar mesmo no período de estiagem. A torta fornece a umidade necessária para a brotação. Se ainda for feita uma fertirrigação com vinhaça, ou mesmo irrigação, o plantio da cana pode ocorrer praticamente o ano todo. 
Espaçamento e profundidade
Escolher um espaçamento adequado é de fundamental importância, já que possibilita a otimização de atividades como o uso intensivo de máquinas e colheita. 
O espaçamento adequado contribui para o aumento da produção, pois interfere favoravelmente na disponibilização de recursos como luz, água e temperatura – variáveis consideradas determinantes para que haja aumento de produção. O espaçamento do plantio deve variar de acordo com a fertilidade do terreno e as características da variedade recomendada. No caso da cana-de-açúcar, o espaçamento entre sulcos pode variar de um metro a 1,8 metros, com as seguintes recomendações:
•	a profundidade do sulco deve variar entre 20 e 30 centímetros; 
•	em solos arenosos, espaçamentos mais estreitos como 1 metro ou 1,20 metro são mais indicados, pois permitem que o fechamento da entrelinha ocorra mais rapidamente, facilitando o controle do mato. Se a colheita for mecanizada, o espaçamento deve ser de ao menos 1,5 metro para evitar o pisoteamento e a compactação das linhas de cana pelas rodas das máquinas. Em solos férteis, o espaçamento mais comum é de 1,5 metro; 
- Espaçamento uniforme: quando a distância entre os sulcos de plantio é constante em toda a área plantada; 
- Espaçamento combinado: quando num mesmo talhão combinam-se faixas de espaçamento uniforme com faixas de espaçamento alternado, a fim de propiciar condições para o controle do tráfego. Para a cultura da cana é comum o chamado espaçamento abacaxi, onde duas linhas de cana são plantadas a 0,30 centímetros de distância uma da outra, com espaçamento da entrelinha de 1,50 metro, num total de 1,80 metro. Existe, também, o plantio com sulcos largos. Neste caso, o sulcador faz o sulco com base larga, permitindo o plantio de mudas para formar uma linha dupla. O espaçamento total é também de 1,80 metro. 
Quantidade necessária de mudas
A quantidade necessária de mudas varia entre dez e 15 toneladas por hectare. Quando a época de plantio é adequada e a qualidade da muda está excelente, pode-se optar por menores quantidades de mudas. 
As mudas são canas jovens, com oito a dez meses, plantadas em condições ótimas, bem fertilizadas, com controle de pragas e doenças. É necessária a distribuição de ao menos 12 gemas por metro de sulco. Para o plantio em épocas de estiagem, é necessário dar preferência para densidade de 15 a 18 gemas por metro.
Operação de plantio
Uma vez seguidas todas as recomendações de preparo da área que irá receber as mudas, deve-se fazer o plantio. Como a cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene, o plantio é a ocasião de preparar o solo criteriosamente para o cultivo da cana que ocorrerá nos cinco ou seis anos subseqüentes. É a oportunidade de aplicar calcário e incorporá-lo e controlar pragas como cupins e plantas daninhas.
MUDAS	
A importância das plantas sadias 
A escolha de mudas sadias tem influência durante todo o ciclo da cana-de-açúcar e não se pode esquecer que os talhões são renovados após cinco ou mais anos. Assim, após definir a cultivar mais adaptada a determinada área, é preciso atentar para a utilização de mudas sadias, livres de pragas e doenças.
Tratamento térmico da cana
É importante salientar que os programas de melhoramento genético brasileiros têm conseguido lançar materiais resistentes ou bastante tolerantes às principais doenças. Mesmo assim, recomenda-se que as mudas do viveiro passem por tratamento térmico antes do plantio. 
O tratamento térmico, cujo custo é bastante acessível, pode ser feito em mini toletes ou em gemas isoladas com o objetivo de controlar o raquitismo-da-soqueira. O tratamento consiste em submeter os colmos a uma temperatura de 50,5 ºC, por duas horas. 
Todas as recomendações técnicas devem ser criteriosamente observadas sob o risco de incidência de doença ou deterioração das mudas em formação no viveiro. A termoterapia pode ser realizada de várias formas, sendo que os tratamentos mais utilizados são: de toletes de diversas gemas ao mesmo tempo e de gemas isoladas.
Viveiro multiplicador primário
Para evitar uma eventual contaminação, o material a ser reproduzido é retirado da touceira apenas quebrando as mudas, sem o uso de ferramentas. Cada colmo deve apresentar cerca de cinco gemas viáveis. O plantio deve ser realizado em sulcos com o espaçamento usual. Deve haver um espaçamento nas linhas, entre as mudas, de aproximadamente 70 centímetros. Para a formação do viveiro, o solo deve ser de alta fertilidade ou, ao menos, deve receber todos os insumos recomendados, como calagem, gessagem e adubação. Se possível, a irrigação deve ser feita. 
Viveiro multiplicador secundário 
O material retirado do viveiro multiplicador primário poderá ser plantado em outra área - multiplicador secundário - e, assim, sucessivamente. 
Descarte fitossanitário – Rouguing 
O descarte das plantas enfermas é realizado desde a termoterapia até o fim da formação das mudas. Pode ser feito manualmente, retirando-se a planta, ou com a utilização de herbicidas. As principais doenças controladas pelo descarte são o mosaico, o carvão e escaldadura, entre outras. As touceiras que apresentarem canas com aspecto diferente no talhão devem ser retiradas. As inspeções devem ser feitas periodicamente. 
Umas das principais finalidades dos viveiros é a produção de mudas sem mistura. Havendo o crescimento de mudas de diferentes variedades, aquelas que não se enquadramnos objetivos da empresa devem ser descartadas, pois elas poderão ser fonte de inóculo de doenças. Também devem ser evitados os brotos de touceiras mal arrancadas.
Sistema de produção de mudas – Meiosi
Neste sistema, a produção de mudas (Figura 1) ocorre no próprio local onde se pretende instalar o canavial. Após o preparo do terreno, sulca-se duas linhas de cana e deixa-se oito sem sulcar, as quais podem ser utilizadas para um cultivo intercalar. Aos oito meses, as duas linhas de cana serão suficientes para completar as oito linhas remanescentes. As vantagens são a inexistência do transporte das mudas para o local de plantio e, também, não é necessário dispor de terreno para o viveiro. 
 
Fig. 1. Modelo esquemático do sistema de meiosi na reforma do canavial.
Fonte: Adubo verde (2006). 
Controle de plantas daninhas 
As plantas daninhas podem ocasionar um menor desenvolvimento das mudas, pois concorrem por nutrientes, luz e água, além de ser possíveis fontes de inoculaçao de pragas e doenças.

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