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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Imunologia O sistema complemento consiste em um conjunto de proteínas séricas e de superfície celular que interagem umas com as outras e com outras moléculas do sistema imune de maneira altamente regulada, para gerar produtos que atuam na eliminação dos microrganismos. As proteínas do complemento são proteínas plasmáticas normalmente inativas; elas são ativadas apenas em condições particulares para gerar produtos que medeiam várias funções efetoras. Conjunto de proteínas do soro, produzidos pelo fígado que atuam na lise de microrganismos; Os subprodutos da ativação do complemento estimulam reações inflamatórias; A ativação do complemento é inibida por proteínas reguladoras que estão presentes em células normais do hospedeiro e ausentes nos microrganismos. Há três vias principais de ativação do complemento: a via clássica, ativada por determinados isotipos de anticorpos ligados a antígenos; a via alternativa, ativada na superfície das células microbianas na ausência de anticorpo; e a via das lectinas, ativada por uma proteína ligante de manose que se liga a carboidratos de superfície em microrganismos. Embora as vias de ativação do complemento apresentem diferenças na forma como são iniciadas, todas resultam na clivagem da proteína mais abundante do complemento: C3; As vias alternativa e das lectinas representam mecanismos efetores da imunidade inata, ao passo que a via clássica representa um dos principais mecanismos de imunidade humoral adaptativa. A via alternativa de ativação do complemento resulta na proteólise de C3 e na fixação estável de seu produto de degradação C3b nas superfícies microbianas, sem a participação de anticorpo. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Imunologia A hidrólise espontânea do C3 plasmático leva à formação de uma C3 convertase de fase fluida (não mostrada) e à geração de C3b. Se for depositado sobre uma superfície microbiana, o C3b se liga ao Fator B, que por sua vez é clivado pelo Fator D em Ba e Bb. A subunidade Bb permanece ligada ao C3b, formando a C3 convertase da via alternativa. Essa convertase cliva C3 para produzir mais C3b, que se liga a superfícies microbianas e participa da formação da C5 convertase. A C5 convertase cliva C5 para gerar C5b, o evento iniciador das etapas terminais de ativação do complemento. OBS: A ativação da via alternativa ocorre prontamente nas superfícies de células microbianas, mas não em células de mamífero. Se o complexo C3bBb é formado na superfície das células de mamíferos, é rapidamente degradado e a reação finalizada pela ação de diversas proteínas reguladoras presentes nessas células. A via clássica é iniciada pela ligação da proteína C1 do complemento aos domínios CH2 das moléculas de IgG ou aos domínios CH3 das moléculas de IgM que possuem antígeno ligado a elas. Entre os anticorpos IgG, a IgG1 e a IgG3 (em humanos) são ativadores do complemento mais eficientes do que as outras subclasses. O C1 é um complexo proteico grande e multimérico, composto pelas subunidades C1q, C1r e C1s; C1q liga- se ao anticorpo, enquanto C1r e C1s são proteases. Os complexos antígeno-anticorpo que ativam a via clássica podem ser solúveis, fixados na superfície de células (como mostrado) ou depositados em matrizes extracelulares. A via clássica é iniciada pela ligação do C1 a moléculas de anticorpo complexadas ao antígeno, que leva à produção das convertases de C3 e de C5 ligadas às superfícies nas quais os anticorpos foram depositados. A C5 convertase cliva C5 para iniciar as etapas terminais de ativação do complemento. OBS: Somente anticorpos ligados a antígenos, e não anticorpos livres Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Imunologia circulantes, podem iniciar a ativação da via clássica. A razão para isso é que cada molécula de C1q deve se ligar a pelo menos duas cadeias pesadas de Ig para ser ativada e cada região Fc de Ig tem apenas um único sítio de ligação a C1q. Dessa maneira, duas ou mais regiões Fc precisam estar acessíveis a C1 para que a ativação da via clássica seja iniciada. Como cada molécula de IgG tem apenas uma região Fc, várias moléculas de IgG precisam estar próximas antes que C1q possa se ligar. A ativação do complemento pela via das lectinas é desencadeada pela ligação de polissacarídeos microbianos a lectinas circulantes, como a MBL (lectina ligante de manose ou manana) ou com ficolinas. Essas lectinas solúveis são proteínas do tipo colágeno que se assemelham estruturalmente a C1q; MBL, L-ficolina e Hficolina são proteínas plasmáticas; M-ficolina é secretada principalmente por macrófagos ativados nos tecidos. MBL quanto as ficolinas se ligam a serina proteases associadas à MBL (MASPs) incluindo MASP-1, MASP-2 e MASP-3. As MASPs são estruturalmente homólogas às proteases C1r e C1s e apresentam função semelhante, como, a clivagem de C4 e de C2 para ativar a via do complemento. Multímeros de MBL associam-se a MASP-1 e MASP-2 (ou MASP-3 e MASP-2), sendo MASP-2 a protease que cliva C4 e C2. Os eventos subsequentes desta via são idênticos àqueles que ocorrem na via clássica. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Imunologia As C5 convertases geradas pelas vias alternativa, clássica ou das lectinas iniciam a ativação dos componentes da via terminal do sistema complemento, que culmina na formação do complexo de ataque à membrana (MAC). A C5 convertase associada à célula cliva C5 e gera C5b, que fica ligado à convertase. O C5b se liga a C6 e C7 sequencialmente e o complexo C5b7 se insere na membrana plasmática, seguido pela formação do complexo C5b-8 que forma poros instáveis. O complexo C5b-8 pode formar um poro com C9 e pode induzir C9 a se homo-oligomerizar. Até 15 moléculas de C9 podem se polimerizar para formar o complexo de ataque a membrana (MAC), o qual cria poros na membrana e induz a lise celular. O C5a liberado pela proteólise de C5 estimula a inflamação. As principais funções do sistema do complemento na imunidade inata e na imunidade adaptativa humoral são: promover a fagocitose de microrganismos sobre os quais o complemento é ativado, estimular a inflamação e induzir a lise desses microrganismos. O C3b ligado à célula é uma opsonina que promove a fagocitose das células recobertas (A); os produtos proteolíticos C5a, C3a e (em menor extensão) C4a estimulam o recrutamento de leucócitos e a inflamação (B); e o complexo de ataque a membrana (MAC) lisa as células (C). Opsonização: é o processo que consiste em fixar opsonina (C3a e C4a), facilitando a fagocitose por macrófagos e neutrófilos por meio de receptores que reconhecem essas proteínas.
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