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Ana Luiza Bittencourt DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Das partes - Parte é quem postula em nome próprio (autor e réu). Parte é todo aquele que integra a disputa travada no processo, levando a controvérsia à apreciação judicial > além das partes tem o juiz, o MP, os advogados, terceiros. Capacidade processual - Capacidade processual é a aptidão de praticar atos num processo > permissão do legislador para você praticar atos no processo. - Tipos de capacidade processual: CAPACIDADE DE SER PARTE: aptidão de integrar a relação jurídica processual. Decorre da personalidade. Um bebê pode ajuizar uma ação e pode ser processado, porque ele é pessoa. Quem já morreu (“decujos”) não é mais pessoa, logo, não pode ser processado. CAPACIDADE DE ESTAR EM UM JUÍZO (legitimidade “ad processum”; capacidade processual propriamente dita): aptidão de postular direito próprio por si só. Decorre da capacidade de fato do direito civil > maioridade. Um bebê é capaz de ser parte porque é pessoa, mas não tem capacidade de estar em juízo. Essa incapacidade pode ser suprida*. CAPACIDADE POSTULATÓRIA: aptidão de fazer pedidos diretamente ao juízo. Essa capacidade é exclusiva do advogado regularmente inscrito na OAB*. Lei 9.099, art. 9º (pode ir ao juízo sem advogado se for uma causa abaixo de 20 salários mínimos). Obs.: o advogado apenas suprime a capacidade postulatória do menor (o menor continua sendo parte). - *Supre-se a incapacidade de estar em juízo por meio da representação ou da assistência, conforme o grau da incapacidade for relativo ou absoluto. - *Substituição processual (legitimação extraordinária) é DIFERENTE de representação de incapazes. A mãe ou o pai não é parte no processo do bebê, ela é representante, pois quem é o autor é o bebê. Na substituição processual alguém pleiteia direito alheio a nome próprio > via de regra isso não pode, mas excepcionalmente pode. Ex.: o MP pode agir em nome do bebê de uma mãe em que seu ex-marido não paga pensão alimentícia. O sindicato também pode ajuizar uma ação pleiteando em nome próprio o direito de um sindicalizado. Legitimidade Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse (de agir) e legitimidade (ad causam). Se não tiver uma dessas coisas, a ação não é postulada. LEGITIMIDADE “AD CAUSAM”: correspondência entre os titulares da relação de direito material deduzida em juízo e os titulares da relação processual. Tendo essa legitimidade o juiz irá verificar a relação, uma vez que já se constatou a legitimidade. Quando não há correspondência há a exclusão da resolução do mérito. LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA (substituição processual): é a permissão legal para que não haja coincidência entre os titulares da relação material e processual. Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio (regra geral: LEGITMIDADE AD CAUSAM), salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico (ação do MP que pleiteia em nome próprio um direito que não é seu: LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA). Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial. Ex.: MP (pleiteando direito de um bebê) e pai: o bebê não é parte > SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL > LEGITIMAÇÃO EXTRAODINÁRIA. As partes são MP e pai. Ex.: bebê (mãe) e pai: o bebê é parte, porém ele não tem capacidade de estar me juízo. Logo, ele deve ser representado por seu responsável > REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL (por sua mãe) > LEGITIMAÇÃO AD CAUSAM. As partes são bebê e pai - A despeito de não possuírem personalidade jurídica, existem certas massas patrimoniais necessárias que gozam de capacidade processual civil de ser parte. São chamadas de pessoas formais ou ente despersonalizados. Ex.: condomínio, espólio, massa falida. Pode ter uma ação contra o condomínio, mas alguém precisa representá-lo, pois ele não tem capacidade postulatória. Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I – a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado; II – o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores; III – o Município, por seu prefeito ou procurador; IV – a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; V – a massa falida, pelo administrador judicial; VI – a herança jacente ou vacante, por seu curador; VII – o espólio, pelo inventariante; VIII – a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores; Pode mandar o representante mandar o seu representante. IX – a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; X – a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; XI – o condomínio, pelo administrador ou síndico. Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. OUTORGA CONJUGAL. - Exige-se a OUTORGA CONJUGAL PARA AJUIZAR AÇÃO QUE VERSA SOBRE DIREITO REAL IMOBILIÁRIO (versa sobre propriedade). Outorga é o mesmo que autorização; consentimento. A pessoa casada (união estável também) precisa da outorga de seu cônjuge para ajuizar ação que verse sobre direito real imobiliário (se for solteiro não precisa da autorização de ninguém). O cônjuge não precisa participar da ação, apenas consentir. - Exceção: casados sob o regime de separação absoluta de bens. Se o cônjuge não aceitar > pode pedir ao juiz que dê essa permissão (art. 76 CPC). - Ex.: ação de imissão na posse; ação de extinção de condomínio sobre seus imóveis. - Obs.: outorga marital (dado pelo homem); outorga oxória (dada pela mulher). Curador especial - A nomeação do curador especial à lide é “ad hoc” (com uma finalidade > só pra aquele processo), de modo que ele atuará apenas no processo para o qual foi nomeado, nos casos em que não há ninguém para representar o incapaz. Geralmente, o curador é defensor público. - Se há a falta de curador especial enquanto o processo ainda está em andamento, a declaração de nulidade será inevitável, porque ainda não se sabe se aquele em favor de quem o curador será nomeado sairá vencedor. - Se o processo já estiver encerrado, com sentença transitada em julgado em seu desfavor, haverá nulidade, a ensejar a propositura de ação rescisória. - Se a sentença for favorável àquele em favor de quem a nomeação deveria ter sido feita, nenhuma nulidade existirá, porque não terá havido prejuízo. - Ex.: bebê representado pelo curador num processo contra o pai > as partes são bebê e pai > REPRESENTAÇÃO. Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: PARA AJUDAR A PARTE (que está em desvantagem) I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade; Tanto ao absoluta quanto ao relativamente incapaz que não tiverem quem os represente ou assista. II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado. A finalidade é reequilibrar o processo, dando ao preso a possibilidade de se defender. Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei. Das despesas processuais - A prestação da tutela jurisdicional é um serviço prestado pelo Estado de maneira ONEROSA. As partes devem antecipar as despesas dos atos que realizaram no processo. - O princípio da sucumbência dispõe que as partes respondam pelas despesas processuais, inclusive honorários de advogado, desde que percam a demanda, estejam ou não usando abusivamente do meio jurisdicional. - Obs.: antecipar é diferente de pagar (sucumbir) > a pessoa interessada no processo (autor) arca com os gastos primeiramente e depois a parteque “perdeu” irá sucumbir (pagar as despesas que o autor teve com o processo). - O autor que desiste da ação deve arcar com as despesas feitas pela parte contrária, pagando os honorários do advogado dela; o réu que reconhece o pedido arca com a verba de sucumbência. Regime econômico do processo - A condenação aos encargos de sucumbência encontra fundamento na causalidade, ou seja, deverá arcar com os honorários de sucumbência aquele que der causa ao processo (aquele que “perdeu” a demanda). - O benefício da justiça gratuita é uma exceção à regra de que a prestação jurisdicional é serviço público oneroso. Ex.: o autor (que está interessado nos autos processuais) vai pagando custas ao longo do processo. Suponha que o pedido do autor foi de dez mil e os gastos foram 2 mil. Logo, caso o autor ganhe, o réu terá que pagar 12 mil (o que o juiz concedeu e as custas do processo). Além disso, o juiz vai determinar os honorários de sucumbência para serem pagos ao advogado. Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça (exceção), incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. §1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. §2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou. REGRA Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. Contratuais (pago pelo cliente ao seu advogado); sucumbenciais §2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. O advogado da parte vencedora não ganha os honorários sucumbenciais se o vencedor é hipossuficiente. Ex.: AUTOR (justiça gratuita) x RÉU --------> o autor ganhou / réu sucumbiu - AUTOR (justiça gratuita): despesas processuais não são antecipadas. Suponha que a ação é de 10 mil e que as despesas seriam de 2 mil. - RÉU (sucumbiu): paga 10 mil e o juiz isenta o réu de pagar os honorários sucumbenciais que seriam de 2 mil.
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