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Didatica at 1 Marcela Nogueira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
UFMG FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FaE Ensino Remoto Emergencial – ERE
2º Semestre de 2021
DISCIPLINA: Didática
PROFESSORA: Vanessa Regina Eleutério Miranda
ALUNA: Marcela Maciel Nogueira
ATIVIDADE 1 – TEXTO (20pts)
	
Para esta atividade, escolhi o filme “O sorriso de Monalisa”. Assisti uma parte antes da leitura do texto de Mary Dalton, o artigo “O Currículo de Hollywood: quem é o bom professor, quem é a boa professora?” e também antes das discussões realizadas na aula do dia 12 de novembro. Achei interessante observar qual seria minha percepção antes e depois das análises acadêmicas e, de fato, percebi que a imagem do “bom/ boa professor / a” é intensamente arraigada na cultura Hollywoodiana, a ponto de ser natural que sejam sempre retratados da mesma forma. 
Como abordado no artigo lido, é comum que os alunos tidos como “difíceis” sejam o principal interesse dos bons professores. O “plot twist” coincide sempre com uma espécie de abrir de olhos dos estudantes para aquilo que os deixam livres para serem sua melhor versão. Mesmo que essa seja subversiva em culturas conservadoras e limitadas. Dalton chama atenção para os currículos que corroboram com a estratificação e hierarquização social, porém também enfatiza o quanto Hollywood parece achar que a saída para tal situação seria somente pela via da experiência pessoal e da proximidade e estabelecimento de laços pessoais com os alunos. Como se o conteúdo acadêmico-escolar fosse secundário nessa interação. O cinema de que se fala nessa atividade faz questão de protagonizar os chamados “outsiders” , que não conseguiram sucesso ou prestígio profissional ou social pela profissão. Aqueles que apresentam sempre o fracasso como modo de ir. Tendo a ver beleza nessa retratação, já que, de fato, não é o ofício mais valorizado em nossa cultura. Assim, esses filmes jogam luz para modos diferentes de estar no mundo. Porém, os finais tentem a apresentar problemas, já que, usualmente, o professor outsider só triunfa mesmo quando o aluno antes marginalizado conquista o sucesso e a admiração das figuras que já estavam no poder ou no padrão de prosperidade anterior. É como se o “outsider” fosse um local admirado somente para os professores. Mesmo assim, eles devem se contentar com tal admiração sem benefícios materiais. Para que ele/a sejam realmente a figura do bom professor, é preciso que não saiam da marginalidade social. 
Ao se pensar a exclusão do profissional discutido na atividade, o artigo menciona o fato de que essa distância acontece também com seus demais colegas de profissão, já que os bons professores estabelecem relações mais próximas com seus alunos que com os outros mestres. Essa distância que se apresenta causa a imagem da boa experiência em sala de aula é rara e depende da sorte de se ter um profissional raro que cruze os caminhos do aluno em algum momento. Hollywood tenta mostrar uma imagem de encantamento, de plenitude, de aceitação pessoal independente das pressões sociais, mas acaba pintando um quadro de distância entre alunos e professores, e de certa desvalorização dos conteúdos ministrados em sala de aula. Como se tudo que importasse para o desenvolvimento dos sujeitos ao passarem pela escola fossem as relações pessoais entre professores e alunos.
Entendo que a escola funciona de forma extremamente problemática e que é preciso grande esforço para que não seja mais uma forma de reproduzir e propagar as desigualdades, porém, muito do conhecimento científico de mundo, de preservação do ambiente, matemático, linguístico e social vem da instituição. A saída para os graves problemas que a escola apresenta não é sua extinção. Ao perceber o distanciamento do bom professor do conhecimento adquirido pelos anos de estudo retratado pelo cinema norte-americano para que a criação de laços entre os alunos seja feita, sinto-me, hoje aluna do curso de pedagogia, ainda mais desvalorizada em meu esforço, em minha vontade de aprender, de estudar, de entender sobre educação. É como se o bom/ a professora fosse uma espécie de louca ou gênia rara que nasce com aquele dom. Dalton menciona as tensões entre professores e administradores como algo frequente e isso é triste e desestimulante. Os currículos sempre com uma pitada de algo único, nunca feito. Essa caricatura criada oprime da mesma forma e ainda limita a ideia que quem é bom na profissão. 
No Sorriso de Monalisa, a professora entra na universidade conservadora como alguém que quebra padrões e apresenta o pensamento feminista de que as mulheres podem ter a carreira independente e não precisam se casar e exercer a função destinada às mulheres da época. Mas é problemática a obrigatoriedade de sucesso que a mulher que escolhe tal caminho precisa apresentar para conseguir fazer, de fato, sua decisão ter valido à pena. Pressão maior que libertação. 
Hollywood, assim como a estrutura de escola que temos, precisam de revisões e discussões mais complexas e profundas.

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