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teoria-macroeconomica (2)

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Teoria MacroeconômicaTeoria Macroeconômica
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Bem vindo(a)!
Olá, caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao material pedagógico de Teoria
Macroeconômica. Somos os professores Luiz Henrique Paloschi Tomé e George
Lucas Máximo Ferreira, e é com grande satisfação que lhe apresentamos este
conteúdo de nossa autoria, cuja �nalidade consiste em introduzir os conceitos,
de�nições e análises da teoria macroeconômica que possibilitem a compreensão
dos agregados econômicos, dos efeitos das políticas econômicas nos curto e longo
prazos e dos determinantes do crescimento econômico e do nível de renda dos
países.
Sendo assim, na Unidade I iniciamos com os princípios fundamentais de
macroeconomia, explicando as contribuições dos teóricos clássicos, neoclássicos e
modernos. Além disso, apresentamos de forma breve alguns modelos e abordagens
que contribuíram para a construção do pensamento econômico moderno. Por sua
vez, estudamos sobre as variações do produto e emprego por meio da visão clássica,
abordando o conceito de função de produção, bem como os fatores de produção:
capital e trabalho. Ademais, abordamos o trade off entre horas de trabalho e lazer, as
contribuições de Keynes e o seu Princípio de Demanda Efetiva (PDA), alguns fatos
sobre a macroeconomia brasileira, taxa de câmbio, moeda, dé�cits orçamentários
público e in�ação e a introdução à Teoria do Crescimento Econômico.
Na Unidade II estudaremos o equilíbrio externo, introduzindo a curva BP, que
demonstra os pontos de equilíbrio do Balanço de Pagamentos, e o Modelo IS-LM-
BP, que inclui o setor externo ao Modelo IS-LM. Dessa forma, analisaremos a
determinação do nível de renda para uma economia aberta e os efeitos das políticas
econômicas ou de alterações em variáveis exógenas sobre o equilíbrio de curto
prazo. Discutiremos esses efeitos nos regimes cambiais �xo e �utuante,
considerando uma economia sem mobilidade de capitais, com perfeita mobilidade
de capitais e com mobilidade imperfeita de capitais.
Na Unidade III apresentamos o conceito de Curva de Oferta Agregada com Base em
Preços Passados. Posto isso, introduzimos as expectativas racionais e adaptativas
cuja aplicação nos levou a Curva de Oferta de Lucas e a Curva de Oferta de Phillips.
Nesta última fomos apresentados ao trade off que acontece entre os níveis de
desemprego e as taxas de in�ação. Por conseguinte, discorremos sobre a Curva de
Phillips Aceleracionista, como resultado da inclusão das expectativas adaptativas
que levam os agentes a considerar as previsões futuras com base em experiências
do passado. Além disso, discutimos acerca dos Choques de Oferta com o exemplo
clássico da elevação abrupta dos preços do petróleo de�agrado pela OPEP, na
década de 1970.
Por �m, na Unidade IV, veremos o consumo e a escolha intertemporal, considerando
que as famílias decidem quanto consumir e poupar no presente, levando em conta
o futuro; discutiremos a importância do investimento tanto como componente da
demanda agregada, como no aumento da capacidade produtiva da economia no
longo prazo; analisaremos a atuação do governo e as consequências da existência
de dé�cits públicos; e discutiremos o crescimento econômico com o Modelo
Harrod-Domar, o Modelo de Solow e o Modelo de Solow com capital humano. 
Muito obrigado e bom estudo!
Unidade 1
Conceitos Gerais
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Introdução
Caro(a) aluno(a) da disciplina de Teoria Macroeconômica, vamos iniciar a nossa
jornada pelo aprendizado abordando as principais características, conceitos e
de�nições que abrangem a Macroeconomia. Sendo assim, começamos com os
princípios fundamentais de macroeconomia, explicando o seu alvorecer, bem como
o desenvolvimento e a necessidade que a evidenciou. Apresentaremos os principais
economistas clássicos e neoclássicos cujas contribuições são o fundamento dos
modelos e abordagens tais como conhecemos hoje quais são alvos de críticas, mas
também da construção do pensamento econômico moderno. Discorreremos sobre
a Teoria Keynesiana, contribuições e modelos que a sucederam como forma de
representar as identidades macroeconômicas.
Além disso, abordaremos, por meio da visão classicista, os conceitos e
comportamentos do produto e emprego utilizando uma função de produção e
assumindo alguns pressupostos, que veremos na sequência, serem refutados por
Keynes. Por sua vez, introduzimos alguns modelos keynesiano e a ênfase no
Princípio da Demanda Efetiva, �nalizando com a apresentação do multiplicador de
gastos. Conquanto, apresentamos brevemente os aspectos da macroeconomia
brasileira por meio do seu desenvolvimento, endividamento, processo
hiperin�acionário e as insatisfatórias tentativas de estabilização da economia que
culminou no Plano Real.
Ademais, apresentamos e explicamos o Balanço de Pagamentos Brasileiro por meio
de dados reais da economia, bem como, discorremos sobre a taxa de câmbio como
principal mecanismo e meio de troca internacional. Por sua vez, �nalizamos com os
aspectos elementares acerca da Teoria do Crescimento Econômico cujo objetivo
consiste em introduzir o(a) caro(a) estudante no contexto de variáveis e modelos de
crescimento econômico, e, sobretudo explicar suas funcionalidades e aplicações.
Bons estudos!
Princípios Fundamentais
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Olá, caro(a) aluno(a). Vamos abordar brevemente os princípios fundamentais sobre a
Macroeconomia. Posto isso, o termo Macroeconomia surgiu na década de 1930, num
contexto de progresso nos estudos das questões econômicas agregadas. No período
antecedente, as questões microeconômicas dominavam os meios acadêmicos,
sendo que os fatores que determinam a renda, como o emprego e os preços,
passaram a receber atenção a posteriori.
Além disso, os estudos macroeconômicos foram intensi�cados devido à “Grande
Depressão” de 1929, resultando em pesquisas sobre “ciclos de negócios”, bem como
em alternativas cujo teor consistia na estabilização da economia. Dessa interação,
surgiu a obra intitulada A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John
Maynard Keynes no período conhecido como “Revolução Keynesiana”. Por sua vez,
Keynes atacava a “Economia Clássica”, bem como, os monetaristas, novo-clássicos e
teóricos dos ciclos reais de negócios atacavam a teoria keynesiana partindo de
pressupostos clássicos (FROYEN, 1999; JONES, 1979).
Diante do exposto, o objetivo da Teoria Econômica é analisar como são formados os
preços e as quantidades dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção
presentes na economia. Além disso, Lopes e Vasconcellos (2008) sublinham que os
economistas da escola neoclássica elaboraram um método cujo princípio consistia
na hipótese de racionalidade dos agentes econômicos, isto é, diante de um conjunto
de variáveis, os indivíduos escolheriam a opção que apresentasse a maior vantagem.
Assim sendo, a abordagem foi estruturada em duas entidades: o consumidor e a
�rma. Por sua vez, o consumidor objetiva a maximização de alguma função, que seja
de satisfação ou utilidade, e as �rmas são baseadas na premissa básica de
maximização dos lucros.
Ademais, a macroeconomia pode ser examinada por meio de vários modelos
macroeconômicos, os quais são representações econômicas simpli�cadas que
objetivam detectar, segundo Froyen (1999), fatores importantes na determinação de
vários agregados, como: produto, emprego e nível de preços. Além disso, para
entender as relações teóricas hipotéticas entre essas variáveis econômicas
agregadas e variáveis de política macroeconômica, vamos de�nir e conceituar as
respectivas contrapartidas das variáveis dos nossos modelos no mundo real.
Conquanto, vamos considerar algumas relações contábeis existentes entre essas
variáveis, como as medidas nas Contas Nacionais e Balanço de Pagamentos. Por
conseguinte, discorreremos sobre os Clássicos da Macroeconomia no próximo tópico. 
Clássicos da macroeconomia
Os economistas clássicos a rigor sãoos que precederam os neoclássicos, a saber:
Adam Smith, David Ricardo, Stuart Mill, Thomas R. Malthus e Jean-Baptiste Say.
Entretanto, segundo Lopes e Vasconcellos (2008), o termo “clássico”, empregado na
Teoria Macroeconômica, usualmente destaca os economistas neoclássicos, os quais
baseavam suas interpretações no racionalismo econômico, representados por Alfred
Marshall, Léon Walras, Arthur Cecil Pigou e Francis Y. Edgeworth.
Por conseguinte, essa vertente de pensadores econômicos acreditava na capacidade
da economia de mercado, expurgando a intervenção do governo, de empregar de
maneira e�ciente todos os recursos à disposição, de modo a atingir o nível de pleno
emprego, isto é, no contexto em que não existem indivíduos desempregados
voluntariamente. Posto isso, os economistas neoclássicos se baseavam na suposição
de plena �exibilização de preços e salários, por sua vez, preços e salários tenderiam
ao ajuste no mercado de trabalho, garantindo assim, o equilíbrio no mercado de
trabalho a pleno emprego. Além disso, acreditava-se no poder autorregulador do
mercado, ou seja, na crença no liberalismo na qual a oferta criaria a sua própria
demanda, conhecida como a Lei de Say (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Ademais, após a “Grande Depressão” de 1929 surgiu uma grande insatisfação com os
resultados que as teorias econômicas conjecturavam, isto é, a convergência
automática ao pleno emprego e, portanto, a não existência de desemprego e
capacidade ociosa, o que se revelou uma falácia devido a procura por empregos sem
êxito. Assim sendo, Lopes e Vasconcellos (2008) a�rmam que somente com a “A
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, de John Maynard Keynes, postulada
em 1936, que são intensi�cadas as críticas aos modelos anteriores e disposta a
oportunidade da intervenção governamental por meio de instrumentos de política
monetária e/ou �scal, cujo objetivo consiste em conduzir a economia à plena
utilização dos recursos.
Keynes, por sua vez, postulou que, contrariamente à teoria clássica, não existe
�exibilidade perfeita entre preços e salários e, portanto, não garante o pleno
emprego dos recursos. Diante do contexto, o autor evidenciou a participação dos
sindicatos na preci�cação dos salários cujo efeito resultava em rigidez e que, por sua
vez, conduzia ao chamado desemprego involuntário, isto é, o cenário em que os
indivíduos procuram emprego, mas não obtém oportunidades com a economia
posicionada abaixo do pleno emprego. 
CONCEITUANDO
Segundo Brue (2006), o termo neo signi�ca “novo”, portanto,
neoclássico implica uma nova forma de classicismo.
Produto e emprego
A produção e o emprego são os fatores que determinam, no modelo clássico, as
posições nas curvas de oferta e demanda por trabalho, bem como da função de
produção agregada. Dito isso, a função de produção se desloca, pressupondo uma
mudança tecnológica que altera a quantidade de produtos a ser obtido, dada uma
quantidade �xa de insumos. Além disso, à medida que o estoque de capital se altera
no �uxo temporal, a função de produção também é deslocada. Diante do exposto,
Froyen (1999) sublinha que a curva de demanda por trabalho se iguala à curva do
produto marginal do trabalho, in�uenciando a inclinação da função de produção.
Assim sendo, a relação central do modelo clássico é dada por meio da função
produção agregada, que se baseia na tecnologia das �rmas individuais e que
relaciona os níveis de produção e os níveis de insumos. Posto isso, Froyen (1999)
destaca que, para cada nível de utilização dos insumos, a função de produção
expressa o valor respectivo de produção, conforme equação (1).
Na qual, y representa a produção real, K é o estoque de capital (fábrica e
equipamentos) e N signi�ca a quantidade de mão-de-obra, por suposição
homogênea.
Como observado, supõe-se que o estoque de capital seja �xo e a tecnologia e a
população, constantes no intervalo considerado. Assim, a produção varia no curto
prazo devido a alterações na quantidade de mão de obra derivada da população
considerada inalterada (FROYEN, 1999).
REFLITA
“É um erro capital teorizar antes de se ter as informações. As pessoas
começam a torcer os fatos para que se encaixem nas teorias, em vez de
formular teorias que encaixem os fatos”.
Sherlock Holmes (Um Escândalo na Boêmia)
y = F(K
−
,N) (1)
(K
−
)
Diante do contexto, podemos extrair algumas pressuposições (Figura 1), a saber: (i)
sob a hipótese de baixos níveis de emprego , é suposto que a função seja uma
linha reta, o que signi�ca que acréscimos de trabalhadores em determinada fábrica
e na utilização de equipamentos não gera alterações na produtividade do último
trabalhador contratado. Entretanto, (ii) situações entre demonstram que
acréscimos de mão-de-obra provocam aumentos na quantidade produzida,
ademais, conforme são adicionados novos trabalhadores, esses acréscimos são
reduzidos até não produzir nenhum incremento no produto.
ATENÇÃO
A barra superior, segundo Mankiw (2015), signi�ca que a variável é �xa
em determinado nível, bem como os fatores de produção são
preestabelecidos. Dito isso, no modelo apresentado é suposto haver
uma quantidade �xa de capital e mão-de-obra.
(< N ′)
N ′eN ′′
Figura 1 - Função de Produção e Produto Marginal do Trabalho
Fonte: adaptado de Froyen (1999).
Uma inspeção visual na Figura 1 permite veri�car que, conforme a mão-de-obra 
sobe, a produção aumenta, entretanto a uma taxa marginal decrescente.
Segundo Froyen (1999), a inclinação da razão é positiva, porém apresenta
(N)
(y)
(Δy/ΔN)
reduções conforme se avança na curva. Além disso, o Produto Marginal do Trabalho (
) é um acréscimo proporcionado pela adição de uma unidade de mão-de-
obra, representado por uma curva negativa, dado que o aumento de uma unidade
de trabalho produz incrementos cada vez menores na produção. Por sua vez, a
função de Produção mede o nível de produção por meio da relação
tecnológica dada uma determinada quantidade de mão-de-obra (trabalho).
Ademais, para os economistas clássicos, o nível de emprego utilizado era
determinado pelas forças de oferta e demanda do mercado de trabalho.
Sendo assim, segundo os clássicos, o pressuposto é de que o mercado de trabalho
funciona de forma apropriada, com as �rmas e trabalhadores agindo de maneira
ótima. Além disso, não havendo assimetria de informações sobre os preços, ou seja,
todos são informados sobre os preços relevantes, o mercado converge para o
equilíbrio devido à ausência de entraves ao ajustamento dos salários nominais
(FROYEN, 1999).
Por sua vez, pela ótica da demanda, os serviços de mão-de-obra são absorvidos pelas
�rmas que produzem os bens e serviços. Dessa forma, para estimar a demanda por
trabalho, vamos supor uma �rma qualquer designada como i-ésima �rma. Além
disso, vamos introduzir o conceito observado no modelo clássico, em que as �rmas
são perfeitamente competitivas, isto é, segundo Lopes e Vasconcellos (2008), as
empresas não decidem sobre os preços (P) que vendem as mercadorias, por
hipótese é dado e não determina o quanto de salário será pago à mão-de-obra.
Posto isso, a decisão da �rma é restrita à escolha da quantidade de trabalho a ser
contratada e estimar o quanto produzir de modo que maximize o lucro por meio da
expressão:
e
Na qual,
: Salário Nominal por unidade laboral;
: Custo por unidade de capital;
: Representa o preço do produto (Y).
Reescrevendo a equação (3) em função da utilização do trabalho, obtemos:
De acordo com a premissa da �rma de maximização do lucro, derivamos a equação
(4) com relação à força de trabalho , portanto a condição de primeira ordem
(CPO) é:
PMgNi
y = F (K,
–––
N)
Lucro = Receita Total − Custo Total (2)
Lucro (π) = P ∗ Y − (WN + RK) (3)
W
R
P
π = PF (N) − WN − RK (4)
(N)
e
Assim sendo, é a derivada primeira da função do trabalho e signi�ca, que para a
�rma maximizar o lucro, ela precisa contratar trabalhadores até o ponto que a 
 ou seja igual ao salário real (W/P). Posto isso,   representa a
própria demanda de mão-de-obra pela �rma (LOPES; VASCONCELLOS,2008). Diante
do contexto, Froyen (1999) destaca que a produção no curto prazo é alterada caso
haja variações na quantidade de trabalho utilizada, de modo que o nível de produção
e trabalho resulta numa decisão única. Além disso, a �rma perfeitamente
competitiva buscará aumentar a sua produção até que o custo marginal de
produção se iguale à receita marginal advinda das vendas, por sua vez, a receita
marginal é igual ao preço do produto.
Sabemos, por de�nição, que a mão-de-obra (trabalho) é o único fator variável da
produção, assim sendo, o custo marginal de cada unidade adicionada de produção é
igual ao custo marginal do trabalho. Além disso, o custo marginal do trabalho se
iguala à razão entre o salário em unidades monetárias e a quantidade de unidades
fabricadas com relação ao acréscimo de unidades de mão-de-obra na produção,
conforme a expressão a seguir:
Na qual, , representa o Custo Marginal da i-ésima �rma, que, por sua vez, é
igual a razão entre o salário nominal ou monetário , e que signi�ca o
Produto Marginal da mão-de-obra para a i-ésima �rma. Dessa forma, Froyen (1999)
supõe que seja remunerado o trabalho com 15,00 u.m (unidades monetárias) por
hora e que cada unidade adicional de mão-de-obra produza cinco unidades de
produção, assim o , isto é, o salário real, será de 3,00 u.m.
Reescrevendo a equação (8) sob a premissa inicial das �rmas de maximização dos
lucros no curto prazo, obtemos:
ou
= PFN − W = 0 (5)
∂π
∂N
PFN = W (6)
FN = (7)
W
P
FN
PMgNi FN PMgNi
CMgi = (8)
W
PMgNi
CMgi
W PMgNi
(W/P)
P = CMgi = (9)
W
PMgNi
= PMgNi (10)
W
P
Assim sendo, sob a premissa de maximização do lucro a condição é que o salário real
– remuneração da mão-de-obra, representada por unidades de produção e não em
unidades monetárias, e, por sua vez, a �rma, para maximizar, o lucro contrata até o
ponto no qual o produto marginal do trabalho se iguale ao salário real (MANKIW,
2015, p.110) – representado por a ser pago pela �rma se iguale ao Produto
Marginal do Trabalho, o qual é medido em unidades de produção. Posto isso, Mankiw
(2015), destaca que o  é dependente da quantidade de mão-de-obra, assim a
curva de produto marginal apresenta uma inclinação descendente devido à redução
que acontece com os acréscimos de unidades de trabalho (Figura 2).
Figura 2 - Curva de Demanda por trabalho da empresa
Fonte: adaptado de Froyen (1999).
Uma inspeção visual na Figura 2 permite veri�car que, sob o salário real de 3,0, uma
quantidade de trabalho contratada pela empresa será de 400 unidades, o que
representa o ponto de equilíbrio. Por sua vez, com a quantidade sendo inferior a 400
unidades, ou seja, 350 unidades, o salário real será de 4,0 u.m, o que excede o salário
real de 3,0 u.m, signi�cando que, em termos reais, o pagamento ao trabalhador é
inferior ao produto real produzido por ele. Dessa forma, para aumentar os lucros,
seria necessário o acréscimo de unidades de trabalho. Ademais, se a quantidade for
superior a 400 unidades o salário real de equilíbrio (3,0 u.m) excederia o .
(W/P)
PMgNi
PMgNi
Além disso, os pagamentos da mão-de-obra superariam o produto marginal dos
trabalhadores e os custos marginais excederiam o preço do produto, condicionando
a maximização dos lucros a uma redução das unidades de trabalho.
Por conseguinte, vamos relacionar o último aspecto necessário para determinar o
emprego e, na sequência, o nível de produção na abordagem clássica, por meio da
Curva de Oferta de Trabalho. Os economistas clássicos adotavam a premissa da
maximização da utilidade ou satisfação do indivíduo cujo nível dependia da renda e
lazer, resultando no tradeoff entre esses dois objetivos devido à condição imposta de
que a renda aumenta com o trabalho, no entanto reduz as horas disponíveis de lazer.
Por sua vez, o trabalho não gera prazer apenas à renda necessária que permite
consumir e obter satisfação por meio do consumo de produtos. Além disso, o lazer
produz satisfação por meio da maximização da utilidade do indivíduo. Ademais, cada
hora destinada ao trabalho é uma hora reduzida de lazer (LOPES; VASCONCELLOS,
2008). A Figura 3 ilustra essa dinâmica. 
Figura 3 - TradeOff entre Horas trabalhadas e disponíveis para Lazer
Fonte: adaptado de Froyen (1999), Mankiw (2015).
A Figura 3 demonstra o custo de oportunidade que o indivíduo deve fazer entre
horas de trabalho e lazer. O indivíduo detém a força de trabalho ( ), ou seja, 24
horas à disposição e oferta até o ponto em que o trabalho seja trocado por renda,
representado pelo salário real (W/P). Sendo assim, salários maiores tendem a
provocar aumentos na oferta de mão-de-obra, conforme plotado na Figura 3 (b).
N sj
Além disso, a inclinação das curvas de indiferença ( ilustra as preferências
do indivíduo, ou seja, representa o quanto está propenso a realizar a troca entre
horas trabalhadas e lazer (FROYEN, 1999). Ademais, para obter a renda de 48 u.m (
, o indivíduo precisa escolher trabalhar por 8 horas sendo remunerado
em 6,0 u.m/hora, entretanto, ele consegue optar por aumentar as suas horas de lazer
e escolher trabalhar 6 horas, e sua renda será reduzida a 30 u.m, devido ao salário real
de 5,0 u.m/hora.
Finalmente, determinadas a oferta e a demanda de mão-de-obra, cabe analisar o
funcionamento do mercado de trabalho, para estimar o nível de emprego e salário
real. Relembrando que no modelo clássico é suposta a concorrência perfeita, ou seja,
com grande número de ofertantes (não considerando a in�uência de forças sindicais
por meio de tabelamento de preços) e por meio de um grande número de
demandantes (devido à ausência de poder por parte das �rmas em �xar salários
excluindo a existências de monopolistas e/ou oligopolistas). Assim sendo, havendo
excesso de oferta de mão-de-obra, o salário real reduz e na medida em que houver
excedente de demanda, o salário real aumenta (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Posto isso, o mercado tende a alcançar um nível de salário real em que a oferta de
trabalho se iguale a demanda, assim nesse contexto, todos que desejarem trabalhar
encontrará emprego e as �rmas obterão oferta su�ciente de mão-de-obra para
atender suas demandas (Figura 4).
U1,U2,U3)
W/P ∗ N s
j
)
CONCEITUANDO
Segundo Sandroni (1999), Trade-off é a expressão que de�ne situação de
escolha con�itante, ou seja, uma ação econômica cujo objetivo é a
resolução de determinado problema, mas que, de forma inevitável,
provoca outros problemas.
Figura 4 - Equilíbrio no mercado de trabalho segundo a Teoria Clássica
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008).
Uma inspeção visual na Figura 4 permite veri�car que quando o salário for superior
ao nível de equilíbrio, haverá excesso de oferta de mão-de-obra, fazendo com que o
número de horas de trabalho oferecidas pelos trabalhadores exceda o demandado
pela �rma, gerando uma condição de desemprego . Diante do contexto, a
concorrência devido ao excesso de oferta de trabalho converge para uma redução
salarial, diminuindo a oferta e aumentando a demanda até que as duas quantidades
tendem ao equilíbrio novamente, a um nível inferior do salário real (LOPES;
VASCONCELLOS, 2008). Por sua vez, se o salário real se situar abaixo do equilíbrio,
provocará um excesso de demanda por trabalho, gerando a condição de super
emprego . Dessa forma, a concorrência entre as �rmas para obter
trabalhadores tende a elevar os salários reais por meio da ampliação da oferta de
trabalho, reduzindo a demanda até que as quantidades retornem ao ponto de
equilíbrio. 
Teoria macroeconômica moderna
Como observamos, na abordagem clássica e sob a hipótese de que o mercado
funciona livremente e na ausência de imperfeições, a economia tenderia a buscar o
ponto de equilíbrio no mercado de trabalho, isto é, o pleno emprego. Posto isso, não
haveria desemprego involuntário, o que signi�ca que os indivíduos buscam trabalho
(W/P)A
(W/P)E
(W/P)B
ao nível do salário de mercado e, no entanto, não obtêm emprego. Assim sendo, o
desemprego só aconteceria na situação em que os trabalhadores desejassem
remuneração superiorao salário de mercado, conhecido por desemprego voluntário.
Entretanto, Lopes e Vasconcellos (2008) ressaltam que a Teoria Clássica não obteve
êxito em explicar por que, no contexto econômico da “Grande Depressão” da década
de 1930, o desemprego aumentava mesmo com os salários nominais em derrocada
e, sobretudo, na situação em que os indivíduos aceitavam salários cada vez menores
e não encontravam oportunidades de emprego.
Diante do contexto, surge a necessidade de alterar a abordagem que se deslocou da
Oferta Agregada, condições tecnológicas, fatores de produção e nível do produto
para a análise da Demanda Agregada. Por conseguinte, a obra de John Maynard
Keynes, The general theory of employment, interestand Money (1936) (A teoria geral
do emprego, do juro e da moeda), na qual o autor introduziu o conceito conhecido
por Princípio da Demanda Efetiva (doravante PDE), tinha como objetivo a
determinação do produto e da renda, dessa forma acontecia a ruptura com as ideias
clássicas da passividade da demanda e a adequação à oferta, conforme formulado
pela Lei de Say (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Diante do contexto, é importante destacar que muitas das ideias apresentadas por
Keynes foram pensadas por economistas dos Estados Unidos, cujas teorias
compreendiam programas trabalhistas públicos, orçamentos do governo federal e
facilitação de acesso ao crédito por meio do Sistema Federal de Crédito.Além disso,
muitos teóricos tinham conhecimento acerca do efeito multiplicador que o aumento
nos gastos do governo poderia provocar sobre os gastos e a renda total. Por sua vez,
algumas teorias previam que, à medida em que a renda nacional aumentava, os
gastos com consumo cresciam à taxa inferior à renda total e, por conseguinte, as
poupanças aumentavam de modo acelerado. Ademais, os salários eram
considerados custos de produção e fonte de demanda por bens e serviços, além do
que as reduções nos salários não apresentavam solução na diminuição do
desemprego. Entretanto, foi Keynes que operacionalizou a estrutura analítica e
pavimentou a “revolução keynesiana” (BRUE, 2006).
Assim sendo, tendo por base o PDE proposto por Keynes, as principais variáveis da
demanda são o consumo (C) e o investimento (I), no qual o autor considera o
consumo agregado uma função da renda e, por conseguinte, o crescimento do
consumo está condicionado ao aumento da renda, entretanto, não na mesma
proporção como demonstrado pela variável de propensão marginal a
consumir(doravante PMC ou “c”) (Tabela 1a). Além disso, a PMC é afetada por vários
fatores, como distribuição de renda, preferências individuais e/ou abstratas, como
aversão ao risco, avareza entre outros e, por sua vez, essa variável deve ser positiva 
.
Por conseguinte, as ideias de Keynes podem ser expressas por meio dos modelos
macroeconômicos apresentados na Tabela 1. Sendo assim, o modelo simples é de
que o produto (Y) é determinado pela demanda agregada (DA) considerando que
não há restrições da oferta agregada (OA) para o crescimento do produto, o que, por
sua vez, implica que as �rmas são livres para ofertar qualquer quantidade de
0 < c < 1
produtos a um nível de preços estabelecidos, ou seja, a OA no limite tendendo ao
in�nito é elástica com relação aos preços, de tal modo que é por meio da DA que o
nível de produto é determinado, mantendo a premissa do PDE (LOPES;
VASCONCELLOS, 2008).
Ademais, como estímulo da produção ao movimento dos estoques, a economia
converge ao equilíbrio com o nível de produção se igualando à demanda agregada
planejada, representada por e, por sua vez, igual ao consumo, além de
que, o investimento involuntário é zero, conforme apresentado na Tabela 1a por meio
da equação , que pode ser expressada supondo uma função linear do
consumo , em que representa o consumo autônomo,que
independe do nível de renda, isto é, mesmo que a renda seja zero exista, essa variável
e c são o PMC.
Posto isso, por de�nição, a poupança é o complemento da função consumo com
relação à renda não consumida. Por conseguinte, Lopes e Vasconcellos (2008)
sublinham que a poupança é considerada o resíduo da renda não consumida,
representada pela equação , que possui sinal negativo devido à
situação em que, na ausência de produção, acontece a poupança negativa. Além do
que, signi�ca a propensão marginal a poupar (doravante PMP) que
representa à proporção que a poupança cresce em consonância com os aumentos
em unidades de renda.
O segundo modelo macroeconômico keynesiano apresentado, segundo Lopes e
Vasconcellos (2008), considera o investimento sendo �xo, ou seja, com características
autônomas em relação à renda, representado por . Dessa forma, o
investimento não depende do nível da renda assumindo um valor constante. Além
disso, são mantidas as condições de equilíbrio na qual o produto é igual à demanda
acrescida do termo de investimento, conforme descrito na Tabela 1b por meio da
identidade macroeconômica .
OA = DA
Y = C
C = C0 + cY C0 > 0
S = −C0 + (1 − c)Y
(1 − c)
I = I0
Y = C + I
Tabela 1 - Modelos Macroeconômicos Keynesiano
Veri�cando os sistemas de equações (a) e (b) desenvolvidos até agora, percebemos
que o nível da renda de equilíbrio varia de acordo com a PMC (c) e do nível de gastos
autônomos, representados por e . Posto isso, a renda de equilíbrio é sensível a
aumentos e/ou reduções nessas variáveis, o que provoca o deslocamento da função
de demanda agregada. Ademais, a dinâmica de variações que acontece entre gastos
autônomos e as variações sob a renda é devido ao multiplicador de gastos, que,
segundo Lopes e Vasconcellos (2008), é representado pela equação:
Na qual, representa a variação da renda nacional; é a Variação autônoma
na DA. Dessa forma, uma variação inicial nas despesas in�uencia diretamente a
renda em consonância com aqueles favorecidos pelos gastos. Além disso, os
indivíduos que recebem essa renda ampliarão o consumo de acordo com a PMC
devido ao acréscimo obtido da renda e geram, por conseguinte, um novo aumento
na renda, representado pelo termo , em que c é a PMC. Na sequência,
temos o modelo keynesiano incluindo os gastos públicos (Governo) os quais são
somados ao consumo privado e aos investimentos supondo uma economia fechada,
isto é, não há trocas de bens e serviços com outros países. Por sua vez, ao incluir o
governo no modelo se deve considerar a receita pública que acontece por meio de
arrecadação de impostos representado pelo termo (Tabela 1c), cuja aplicação
subtrai parte da renda dos indivíduos que poderia ser destinado ao consumo ou
poupança, portanto, é representado pela equação de renda disponível como, 
 (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Ademais, o último elemento a ser introduzido na análise dos modelos
macroeconômicos keynesiano é o comércio exterior (resto do mundo), representado
por meio do termo , isto é, se trata de uma economia aberta com trocas
comerciais com outros países (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015). Assim, 
signi�ca exportações, ou seja, a demanda do resto do mundo aos produtos
brasileiros e as importações ou um elemento de vazamento de renda, o que, por
sua vez, pode ser substituído pela propensão marginal a importar ( de
acordo com a Tabela 1d. 
Determinação e as �utuações do nível
global
De acordo com Dornbusch, Fischer e Startz (2013), a determinação e as �utuações do
nível global de atividade econômica, isto é, do produto no curto prazo, podem ser
explicadas por meio da demanda agregada. Sendo assim, temos que no curto prazo
a curva de oferta agregada é horizontal – Lopes e Vasconcellos (2008) de�nem como
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008).
C0 I0
Multiplicador de Gastos = (11)
ΔY
ΔDA
ΔY ΔDA
1/ (1 − c)
T = tY
(Yd)
Yd = Y − T
(X − M)
X
M
M = mY )
a oferta agregada keynesiana –, ou seja, o nível de preços é �xo no ponto em que a
curva de oferta alcança o eixo vertical. Entretanto, o produto em oposição ao
comportamento apresentado consegue assumir qualquer valor, devido ao
pressuposto de que a quantidade do produto não in�uencia os preços no curto
prazo.
Doravante,podemos pensar em uma situação em que nem a oferta agregada seja
�xa em um determinado nível de preços e tampouco seja imóvel no pleno emprego,
cuja curva é positiva inclinada e representa o trade off entre crescimento e in�ação.
A economia brasileira passou por sucessivas transformações desde o processo de
desvinculação da capital colonizadora, Lisboa. Intrinsecamente, o país enfrentou problemas
de endividamento desde o início de sua independência com a coroa portuguesa. Posto isso e
transpostos os primeiros desa�os, surgiram outros ao longo do curso da história, os quais
foram sendo superados. Por sua vez, na história moderna do Brasil, o povo lutou por
Brasil e a Macroeconomia
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
liberdades, direitos e deveres por meio de constituições, revoltas, revoluções e a um elevado
custo o país venceu a ditadura militar de 1964, redemocratizando o Estado, e por meio das
“Diretas Já” de 1990 elege o primeiro presidente da democracia moderna brasileira, Fernando
Collor de Mello. No contexto macroeconômico, os desajustes frequentes eram: desequilíbrio
das contas externas, endividamento excessivo do governo, hiperin�ação, escassez de
mercadorias devido às barreiras de importação, indústria nacional não competitiva, elevada
concentração de renda, entre outras variáveis.
Sendo assim, nas décadas de 1980-90 foram implementadas uma sucessão de medidas
econômicas, cujo objetivo consistia em equilibrar e estabilizar a economia brasileira,
começando por planos econômicos mal sucedidos, como: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser
(1987), Plano Verão (1989) e Plano Collor (I e II), os quais possibilitaram uma curva de
aprendizado acerca do que não fazer no processo de estabilização, como congelar preços e
salários, ou atacar o estoque de moeda, não considerando o �uxo monetário ou as
expectativas dos agentes econômicos os quais antecipam os acontecimentos e sabotam a
mudança.
Posto isso, em 1993-94, por meio do Plano Real, elaborado pela equipe econômica do
Presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), surge a Unidade Real de Valor (URV) ou
“URVerização” qual viria a substituir o Cruzado e, paralelamente, instaurar a nova moeda, o
Real. Além disso, para sustentar a estabilização da economia, foi adotada uma série de
medidas e a principal foi a implementação do Tripé Macroeconômico por meio de câmbio
�utuante, regime de metas de in�ação e superávit primário (Quadro 1). 
Quadro 1 - Breve resumo dos eventos econômicos brasileiros
Evento Aspectos Macroeconômicos Período Fonte
“Diretrizes Gerais
do Plano Nacional
de
Desenvolvimento”;
Plano de Metas ou
“50 anos em 5”de
JK .
Crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB);
Aceleração da in�ação, aumento
do dé�cit público e;
Desgaste da situação externa .
1955-
1963
Villela
(2011)
Plano de Ação
Econômica do
Governo (Paeg)
Reformas estruturais nos setores:
Financeiro
Tributário
Mercado de trabalho
1964-
1967;
Hermann
(2011)
“Milagre
econômico”
Taxas de crescimento superiores a
10% a.a.
Redução moderada da in�ação
qual espreitou valores próximo a
15% a.a.
Indicadores do Balanço de
Pagamentos (BP) promissores.
1968-
1973
Schmidt e
Giambiagi
(2015)
Choque dos preços do Petróleo entre 1973-1979
II Plano Nacional
de
Desenvolvimento
(II PND)
Com a implementação do II PND
no governo Geisel foram
concluídos o processo de
Industrialização por Substituição
de Importações (ISI);
Forte Crescimento econômico;
Transformações na infraestrutura
produtiva do país;
Aceleração in�acionária;
Deterioração das contas públicas.
Desequilíbrio no Balanço de
Pagamentos
1974-
1984
Hermann
(2011)
Hiperin�ação brasileira entre 1985-1993
Experiências
malsucedidas de
Plano
Cruzado
Governo Sarney 1985-
1989
Castro
(2011)
⊥
†
a
estabilização da
in�ação
(1986)
Plano Bresser
(1987)
Plano Verão
(1989)
Deterioração das contas �scais e
externas
Plano Real
Plano Collor I
e II 
Medidas
Fiscais
Aumento da
carga
tributária (IPI,
IOF etc.).
PICE 
PND 
Fernando
Collor de Mello
(impeachment)
1990-
1998
Pavimentação
do programa
de
estabilização
Itamar Franco
“Proposta
Larida”
Fase I: Ajuste
Fiscal
Fase II:
Desindexação
Fase III:
Âncora
Nominal
Fernando
Henrique
Cardoso (FHC)
Governo “Lula”
Carta ao Povo Brasileiro
Nota sobre o Acordo com o FMI
2003-
2010
Giambiagi
(2011)
Fonte: adaptado de Giambiagi (2011).
1
2
3
⸸
Uma inspeção visual no Quadro 1 permite veri�car, de modo breve, alguns acontecimentos
importantes na economia brasileira. Não obstante, não há pretensão de esgotar a literatura ou
os fatos econômicos que contribuíram para a transformação do status quo do país. Dito isso,
observamos períodos como do “Milagre econômico”, qual apresentou taxas de crescimento
superiores a 10% (a.a.) acompanhado de reduções nas taxas in�acionárias e com relativa
melhora nos indicadores do Balanço de Pagamentos. Além disso, Hermann (2011) reitera que
essas relações macroeconômicas são controversas devido à di�culdade de equilíbrio existente
entre crescimento econômico e in�ação ou desemprego e in�ação, comumente conhecida
como a curva de Phillips.
Ademais, Giambiagi (2011), sublinha a manutenção do establishment pelo presidente recém
eleito, Luiz Inácio “Lula” da Silva e a sua equipe econômica, que seguiram com as políticas
implementadas no governo FHC por meio da “Carta ao Povo Brasileiro”, em que se
comprometia em preservar o Tripé Macroeconômico, posição esta reforçada com a “Nota
sobre o Acordo com o FMI”, rea�rmando os acordos de pagamento da dívida externa
brasileira.
Nota:
⊥ JK: Juscelino Kubitschek de Oliveira ocupou a presidência da república entre
1956-1961.
† Situação agravada pelas Instruções 70 substituída pela 113 da Sumoc.
ª se trata de evento exógeno, mas que exerceu in�uência sobre a economia
brasileira.
⸸ Homenagem aos economistas Pérsio Arida e André Lara Resende formuladores
do plano.
¹ Amplamente conhecido pelo desastre econômico provocado devido ao
congelamento da poupança dos brasileiros como uma medida desesperada de
controle in�acionário.
² PICE: Política Industrial e de Comércio Exterior cujo objetivo consistia no
incentivo para as empresas brasileiras aumentarem a competitividade
³ Plano Nacional de Desestatização, marcou o início do processo de privatizações
qual contribuiu para o sucesso da estabilização posterior da economia.
SAIBA MAIS
Diante do contexto hiperin�acionário da década de 1990, foram adotadas
medidas para combater e estabilizar a economia brasileira. Posto isso, para
“ancorar” as mudanças estruturais realizadas, foi necessário implementar o
chamado Tripé Macroeconômico, qual defendia a utilização de taxas de câmbio
�utuante com a livre mobilidade de capitais cujo objetivo consistia em auxiliar no
ajuste das contas externas, na sequência foram adotadas metas de superávit
primário para reduzir o endividamento do setor público e pôr �m a adoção do
regime de metas de in�ação e por conseguinte a utilização da política monetária.
Fonte: Côrte e Souza (2020).
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Instrumentos de Análise
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Modelos de balanço de pagamentos e taxa
de câmbio
O Balanço de Pagamentos (doravante BP) é organizado para manter o controle das
entradas e saídas de um país, assim toda transação que resulte em recebimento do
exterior entra no BP como crédito e quando se tratar de pagamento ao exterior é
registrado como débito. O Banco Central do Brasil (Bacen), a partir de abril/2015,
passou a divulgar os resultados do setor externo da economia brasileira de acordo
com a 6ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de
Investimento (BPM6), proposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) (MILTONS,
2016). Para Dornbusch, Fischer e Startz (2013), o BP é subdividido em duas contas, a
saber: conta corrente e conta de capital. Assim sendo, é na conta corrente que são
registrados o comércio de bens e serviços, além dos pagamentos de transferências
e, por sua vez, na conta capital sãoregistradas as compras e vendas de ativos (ações,
títulos, entre outros).
Além disso, de acordo com Krugman, Obstfeld e Melitz(2015), as transações
internacionais são divididas em: (i) transações cuja origem são as exportações e
importações de mercadorias ou serviços provisionadas diretamente na conta
corrente; (ii) transações cuja origem são a compra e venda de ativos �nanceiros,
como: ações, metais preciosos, obras de arte etc., o registro é realizado na conta
�nanceira; e (iii) outras atividades que destinam transferência de riquezas entre
países são registradas na conta capital. 
Posto isso, o princípio do BP segue o Método das Partidas Dobradas ou Método
Veneziano, isto é, toda transação internacional é lançada duas vezes, uma como
crédito e uma como débito. Por sua vez, Krugman, Obstfeld e Melitz (2015)
sublinham que muitas circunstâncias podem in�uenciar a forma como uma
transação é provisionada no BP.
Assim, qualquer transação comercial internacional gera, automaticamente, entradas
de crédito e débito compensatórios no BP e, portanto, a soma do saldo da conta
corrente e do saldo da conta capital se igualam ao saldo da conta �nanceira mais
erros e omissões (Tabela 1), cujo objetivo é o fechamento das contas do BP que torna
nula a soma de créditos e débitos do BP, impedindo que discrepâncias in�uenciem
nos resultados (MILTONS, 2016). 
Tabela 1 - Balanço de Pagamentos do Brasil
          US$milhões
Discriminação 2019     2020*  
  Jun. Jan-jun. Ano Jun. Jan-jun.
I. Transações
correntes
- 2
659 
- 20
998 
- 49
452  2 235  - 9 734 
  Balança comercial
(bens) 4 714  22 412 
40
782 
6
898  19 327 
      Exportações 18429 
109
590 
225
821 
17
997  102 184 
      Importações 13715  87 177 
185
039 
11
099  82 858 
  Serviços - 3550 
- 17
653 
- 35
139 
- 1
371  - 11 187 
  Renda primária - 3876 
- 26
420 
- 56
059 
- 3
452  - 18 608 
  Renda secundária   52    662    964    160    734 
II. Conta capital   3    147    369    18    190 
III. Conta �nanceira - 2
605 
- 22
646 
- 51
511 
2
420  - 8 643 
Erros e omissões   51  - 1 795  - 2428    167    902 
Fonte: adaptado de BACEN (2020).
1/
2/
3/
Os resultados apresentados na Tabela 2 indicam um saldo de conta corrente no
período referente a 2019 de: . Esse
resultado indica que os pagamentos para o exterior são inferiores às receitas atuais.
Por sua vez, signi�ca que os residentes brasileiros produziram mais do que
consumiram. Além disso, essas transações correntes já foram pagas por algum meio
e sabemos que essa entrada de débito líquido, de US$ 41.746 bilhões de dólares,
deve ser compensada por um crédito líquido de mesmo valor em outro lugar no BP.
Sendo assim, cada país possui sua própria moeda na qual são efetuadas transações
comerciais entre países distintos por meio de operações de exportação e
importação, criando a necessidade de um sistema cambial. Além disso, Assaf Neto
(2018) destaca que a taxa de câmbio é o preço entre duas moedas estrangeiras, isto
é, pressupondo que a troca cambial seja realizada entre a moeda dólar norte-
americano e o real brasileiro, a taxa é de�nida pela quantidade de reais necessários
para adquirir uma unidade de dólar ou vice versa. A valorização cambial da moeda
nacional (Real) acontece quando há um aumento do seu poder aquisitivo, isto é,
quando é necessária uma quantidade menor de moeda nacional para obter uma
unidade de moeda estrangeira (e.g., Dólar EUA), entretanto, o caso inverso se veri�ca
com o aumento da necessidade de moeda nacional para efetuar essa troca e o
cenário predominante será desvalorização cambial.
Moeda, dé�cits e in�ação
Nota:
¹ Exclui mercadorias, deixando o território nacional sem mudança de
proprietário. Inclui mercadorias entregues no território nacional,
encomendas postais, e outros ajustes.
² Exclui mercadorias ingressando no território nacional sem mudança
de proprietário. Inclui mercadorias entregues fora do território nacional
(importação �cta), importação de energia elétrica sem cobertura
cambial, encomendas postais e outros ajustes.
³ Para contas de ativo e de passivo, + = aumento de estoque e - =
redução de estoque.  Conta            �nanceira = �uxos de investimentos
ativos - �uxos de investimentos passivos.
*Dados preliminares
BPSaldo = 225.821 − 185.039 + 964 = 41.746
Para entender o conceito de moeda precisamos pensar num sistema baseado em
trocas com inexistência de moeda. Posto isso, quando povos nômades desejavam
obter outras mercadorias precisaram recorrer ao escambo, entretanto, houve o
esgotamento desse modelo devido à implementação de técnicas agrícolas e o
estabelecimento dos grupos de indivíduos na terra aprofundando os
relacionamentos econômicos. Além disso, a atividade econômica tornou-se mais
complexa por meio do aumento de produtos e serviços comercializados, como as
ferramentas de cultivo fabricadas pelos ferreiros e os calçados, pelos artesões
(LOPES; ROSSETI, 1998). Assim, surgiu a necessidade do desenvolvimento do sistema
de trocas, que cedeu lugar gradativamente a formas de pagamentos que
inicialmente se tratava de produtos de ampla aceitação, cujas características
precederam a moeda.
Por conseguinte, o conceito de moeda, segundo Mankiw (2015), é interpretado por
um estoque de ativos, os quais estão à disposição para realizar transações, portanto,
os reais nas mãos dos brasileiros constituem o estoque de moeda do Brasil. Além
disso, a moeda possui três �nalidades, a saber: (i) Reserva de valor, (ii) Meio de troca;
e (iii) unidade de conta. Assim sendo, a reserva de valor representa o poder de
compra de moeda, ou seja, o quanto uma unidade monetária é capaz de adquirir.
Por sua vez, a moeda é uma reserva de valor imperfeita, devido às variações nos
preços, o que pode levar à deterioração do poder aquisitivo (in�ação) ou a
valorização (de�ação). É um meio de troca porque empregamos a moeda para
adquirir bens e serviços, cuja aceitação consiste na recíproca con�ança entre os
agentes econômicos. Finalmente, temos a moeda como unidade de conta, a qual
de�ne os termos pelos quais os preços são determinados e as dívidas são �rmadas.
Posto isso, Mankiw (2015) enfatiza que a moeda constitui o padrão por meio do qual
contabilizamos as transações econômicas.
CONCEITUANDO
Escambo é a troca de bens e serviços sem o uso de moeda. Trata-se do
estágio mais rudimentar das relações de trocas e caracteriza a
sociedade de economia natural. Ademais, na sociedade moderna a
prática pode ressurgir sob a incerteza do valor da moeda, isto é, em
períodos com elevadas taxas in�acionárias em que os consumidores
perdem a con�ança na moeda (e.g., Alemanha pós Segunda Guerra
Mundial, quando o Marco alemão foi substituído pelo café e cigarro)
(SANDRONI, 1999).
Dé�cits orçamentários e dívida pública
A dívida pública basicamente pode ser contraída por meio de emissão de títulos do
Tesouro Nacional (LFT, LTN, NTN-B, NTN-C, entre outros) cujo objetivo consiste em
�nanciar dé�cits orçamentários públicos. Além disso, o governo pode por meio da
senhoriagem (seigniorage) imprimir moeda como alternativa de �nanciamento,
entretanto, o resultado em adotar tal medida em excesso é a hiperin�ação. Posto
isso, surge a seguinte questão: por que o Estado precisa �nanciar dé�cits públicos?
Uma das respostas está associada ao fato de o governo não ser gerador de renda,
portanto, precisam arrecadar impostos cujo objetivo é entre outras obrigações pagar
os funcionários de repartições públicas, juros da dívida pública, bem como, os
investimentos em infraestrutura (e.g., estradas, saneamento básico), saúde
(hospitais, unidades de atendimento básico), educação (escolas, creches).
Conquanto, com frequência as despesas superam as receitas e o governo precisa
recorrer ao endividamento por meio de oferta de títulos públicos junto dos
investidores para cumprir com seus compromissos. 
CONCEITUANDO
A de�nição de in�ação, segundo Mankiw (2015), é de um aumento
generalizado nos preços.
Para Sandroni (1999), a de�ação consiste na queda persistente do
nível geraldos preços.
Senhoriagem consiste na receita obtida por meio da emissão de
moeda, cuja etimologia da palavra seigneur é francesa e remete à
“senhor feudal”. Assim sendo, na idade média o senhor feudal
detinha o poder de cunhar a própria moeda em seus domínios
(MANKIW, 2015).
Para Mankiw (2015), a hiperin�ação pode ser de�nida como a taxa
de in�ação que excede, com frequência, 50% ao mês. Por sua vez,
ao se consolidar nesses níveis por muitos meses os preços perdem
as referências e a economia passa a ser subjugada por um espiral
in�acionária em que sucessivos reajustes salariais associados ao
descontrole �scal retroalimentam o aumento dos preços.
Fundamentos da Teoria do
Crescimento Econômico
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Um dos principais objetivos da Teoria do Crescimento Econômico (doravante TCE) é
explicar o constante aumento nos padrões de vida que veri�camos em muitos
países. Por conseguinte, um dos modelos usualmente utilizados é o Modelo de
Crescimento de Solow – Autor contribui amplamente para a Teoria Neoclássica do
Crescimento cuja base é a ênfase da acumulação do capital com as decisões de
poupança, que, por sua vez, supunha a inexistência de progresso tecnológico
(DORNBUSCH; FISCHER; STARTZ, 2013) –, que demonstra que a percepção dessa
elevação provém necessariamente do progresso tecnológico.
Posto isso, para compreender com profundidade o processo de crescimento
econômico, precisamos transcender ao modelo de Solow e desenvolver modelos
cuja capacidade seja a explicação do progresso tecnológico. Ademais, é possível
alcançar esse objetivo por meio da Teoria do Crescimento Endógeno, cujo
pressuposto rejeita a mudança tecnológica exógena do modelo de Solow, isto é, a
presunção da variável tecnológica.
Diante desse contexto, para explicar a ideia inerente ao crescimento econômico,
iniciaremos com uma função de produção simpli�cadora, que, de acordo com Barro
e Sala-i-Martin (2004), é representada por meio da função de produção do modelo
AK notada como um caso especial da função Cobb-Douglas.
Na qual,
: Representa a produção total da economia;
 Representa a Produtividade Total dos Fatores (nível tecnológico),
 É o capital;
 Força de trabalho;
 Elasticidade da saída do capital, sendo que 
Reescrevendo a equação (12), segundo Dornbusch, Fischer e Startz (2013), em função
da força de trabalho (L) obtemos:
Como, ; , o resultado é a função de produção Cobb-Douglas em
termos per capita:
Y = AKαL1−α (12)
Y
A : ∀ A > 0.
K :
L :
α : 0 < α < 1.
= = = A( )
α
(13)
Y
L
AKαL1−α
L
AKL−αL
L
K
L
K/L ≡ k L/L ≡ 1
y = f (k) = Akα (14)
Por sua vez, conforme o capital per capita cresce, o produto acompanha tal
crescimento. Ademais, derivando a equação (14) com relação à força per capita do
trabalho, obtemos as seguintes condições de primeira e segunda ordem:
Uma inspeção visual nas equações (15) e (16) revelam a propriedade de rendimentos
marginais decrescentes dos fatores de produção, isto é, na medida em que são
acrescentadas novas unidades do fator de produção trabalho (L) os ganhos obtidos
na produção são cada vez menores, assim, no limite obtemos, , por
sua vez, quando as unidades de trabalho são reduzidas, têm-se,
  Ademais, Mankiw (2015) reitera a importância dos modelos de crescimento de
Solow e endógeno para demonstrar como a poupança, o crescimento da população
e o progresso tecnológico se relacionam para determinar o nível e o bem estar
econômico dos cidadãos de um país. Por conseguinte, vamos voltar à abordagem
desse tema na Unidade IV.
= Aαkα−1 > 0 ; (15)
∂y
∂k
= −Aα (α − 1) kα−2 < 0 (16)
∂2y
∂2k
limk→∞∂y/∂k = 0
limk→0∂y/∂k = ∞.
CONCEITUANDO
A função Cobb-Douglas é amplamente utilizada na economia para
representar a relação entre dois fatores de produção, expressos,
segundo Sandroni (1999), como L e K, trabalho e capital
respectivamente. Assim, se o somatório dos expoentes resultar em um,
é dito que a função é linear homogênea, ou seja, o retorno será
constante com relação à escala de produção. Posto isso, se capital e
trabalho forem acrescidos de uma unidade, a produção também será. 
Caro(a) estudante, nesta unidade aprendemos sobre as principais características,
conceitos e de�nições que abrangem a Macroeconomia. Iniciamos com os princípios
fundamentais de macroeconomia, explicando o seu alvorecer, bem como a
determinação e consolidação por meio das contribuições de teóricos clássicos,
neoclássicos e modernos. Apresentamos, de forma breve, modelos e abordagens que
contribuíram para a construção do pensamento econômico moderno.
Estudamos sobre as variações do produto e emprego por meio da visão clássica,
introduzindo o conceito de função de produção e os fatores, capital e trabalho. Além
disso, apresentamos o objetivo de maximização do lucro da �rma por meio da função
de lucro. Ademais, abordamos o tradeoff entre horas de trabalho e lazer, e, sobretudo,
discorremos sobre a Teoria Moderna Macroeconômica por meio das contribuições de
Keynes e o seu Princípio de Demanda Efetiva. Por conseguinte, explicamos o conceito
da Teoria CER, cujo objetivo consiste em determinar as causas das �utuações do nível
global por meio de ciclos econômicos.
Analisamos de forma breve, sem pretensão de esgotar os fatos sobre a
macroeconomia brasileira, os problemas intrínsecos à economia do país, como o
endividamento sumário, bem como os crônicos desequilíbrios no Balanço de
Pagamentos, perpassando pelos períodos desenvolvimentistas e hiperin�acionário,
cujo desdobramento foi a estabilização monetária por meio do Plano Real (1994).
Por sua vez, abordamos o modelo de Balanço de Pagamentos Brasileiro, explicando o
conceito, construção e �nalidade, utilizando dados reais da economia brasileira.
Ademais, adentramos sob os aspectos da taxa de câmbio, moeda, dé�cits,
orçamentos públicos e in�ação. Finalizamos com uma breve introdução acerca da
Teoria do Crescimento Econômico, cujo objetivo é estudar como os fatores de
produção são combinados à variável tecnológica para gerar o produto.
Na próxima unidade vamos dar continuidade, abordando a Curva BP e equilíbrio
externo, o Modelo IS-LM-BP com câmbio �xo: políticas monetária, �scal e cambial em
uma economia sem mobilidade de capitais, o Modelo IS-LM-BP com câmbio �exível:
Conclusão - Unidade 1
políticas monetária e �scal em uma economia sem mobilidade de capitais, Modelo
IS-LM-BP com câmbio �xo: políticas monetária, �scal e cambial em uma economia
com mobilidade perfeita de capitais; Modelos IS-LM-BP com câmbio �exível: políticas
monetária e �scal em uma economia com mobilidade perfeita de capitais; Modelos
IS-LM-BP com câmbio �xo: políticas monetária e �scal em uma economia com
mobilidade imperfeita de capitais; e Modelos IS-LM-BP com câmbio �exível: políticas
monetária e �scal em uma economia com mobilidade imperfeita de capitais.
Leitura Complementar
AGUILAR FILHO, H. A.; SAVIANI FILHO, H. A Evolução da Macroeconomia
Moderna entre Perspectivas: em busca de uma sistematização. Revista
de Economia Contemporânea [online], v.21, n.2, p.1-27, 2017.
BARBOSA FILHO, N. O desa�o macroeconômico de 2015-2018. Revista de
Economia Política, São Paulo, v.35, n.3, p.403-425, set.2015.
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Unidade 2
Modelos
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Caro(a) aluno(a), bem vindo(a) a segunda unidade da apostila, na qual abordaremos
o modelo de determinação da renda de curto prazo IS-LM-BP.
Inicialmente faremos uma breve revisão do Modelo IS-LM, um modelo originário do
trabalho de Hichs (1937), denominada “Mr. Keynes and the classics: a suggested
interpretation”, no qual o autor tenta sintetizar as contribuições de Keynes (1996
[1936]) em sua Teoria Geral. Os pressupostos básicos são mantidos os mesmos do
modelo keynesiano simples, em que a demanda determina o produto, Princípio da
Demanda Efetiva, e o nível de preços é considerado constante. No IS-LM, é
acrescentado o mercado monetárioe, consequentemente, a determinação da taxa
de juros de equilíbrio, que passa a ser variável importante e in�uente sobre o nível de
renda da economia.
Além disso, será apresentada uma terceira curva, que representa os pontos de
equilíbrio do Balanço de Pagamentos (transações correntes e movimentos de
capitais), denominada Curva BP. A partir da dedução dessa curva e a inserção da
mesma ao Modelo IS-LM, chegaremos ao Modelo IS-LM-BP. Com base nesse último
modelo, discutiremos como se dá a determinação do nível de renda em uma
economia aberta e de que forma as políticas econômicas ou modi�cações em
outras variáveis exógenas podem afetar o equilíbrio sob diferentes regimes cambiais
e mobilidade de capitais.
Para tanto, desenvolveremos a análise para duas situações cambiais, �xo e �utuante,
e três condições de mobilidade de capitais: i) sem mobilidade de capitais (em que o
país não possui acesso ao mercado internacional de capitais); ii) com perfeita
mobilidade de capitais (considerando uma economia pequena com acesso ao
mercado internacional de capitais); e, iii) com mobilidade imperfeita de capitais
(para uma economia grande com acesso ao mercado internacional de capitais). 
Bons estudos!
Revisão do Modelo IS-LM
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
O modelo IS-LM é um modelo de equações simultâneas. Nele, temos a
determinação simultânea da taxa de juros e da renda que equilibram o mercado de
bens e o mercado monetário na economia. Parte-se do mercado monetário, em que
a interação entre oferta e demanda de moeda determina a taxa de juros de
equilíbrio. Nesse modelo, o investimento agregado (I), componente da Demanda
Agregada (DA) da economia, é impactado negativamente pela taxa de juros, pois
quanto maior a taxa de juros, menor o investimento. Dessa forma, a taxa de juros,
estabelecida no mercado monetário, impacta a Demanda Agregada por meio dos
investimentos. Logo, partindo-se do Princípio da Demanda Efetiva, haverá alteração
no produto (Y), que é igual a renda (Y). A seu turno, a renda impacta o mercado
monetário, pois in�uencia a demanda por moeda (quanto maior a renda, maior a
demanda por moeda), afetando a taxa de juros. Desse modo, temos a interação do
lado real (produto e renda) com o lado monetário da economia. Vale ressaltar que a
política �scal (tributos e gastos do governo), a política monetária (oferta de moeda) e
o nível de preços (constante) são considerados exógenos (LOPES; VASCONCELLOS,
2008).
Iniciaremos nossa discussão pelo equilíbrio no mercado de bens e serviços,
introduzindo no modelo keynesiano para uma economia aberta, visto na unidade
anterior, a taxa de juros na determinação do investimento, para que possamos
deduzir a relação IS (Investment = Saving ou Investimento = Poupança) e sua
respectiva curva. Para isso, vamos utilizar a mesma estrutura do modelo keynesiano
para uma economia aberta, inserindo a taxa de juros como variável explicativa do
investimento.
Como destacado anteriormente, o investimento varia inversamente à taxa de juros.
Isso é devido à E�ciência Marginal do Capital, que é a taxa de desconto que iguala o
�uxo de receitas esperado ao custo do investimento, análoga a Taxa Interna de
Retorno da Matemática Financeira. Nesse sentido, a taxa de juros é interpretada
como o custo de se obter empréstimos para realizar o investimento ou o custo de
oportunidade do capital, e quanto maior ela for, menor será o investimento, ou, de
outra forma, quanto menor for a taxa de juros, maior será o investimento. 
Assim, o modelo é expresso da seguinte forma:
Em que,
 é a renda/produto;
 é o consumo, que depende da renda disponível ;
 é o investimento, que depende da taxa de juros ;
 é o gasto do governo;
 são as exportações líquidas (exportações menos importações).
Y = C (Yd) + I (i) + G + (X − M) (1)
Y
C (Yd) Yd
I (i) i
G
X − M
No modelo keynesiano da unidade I, observamos que elevações no investimento
elevam a renda. Contudo, naquele modelo o investimento era considerado
autônomo, ou seja, exógeno. Nessa nova formulação, ao introduzirmos a taxa de
juros, passamos a de�nir endogenamente o investimento de acordo com as
variações na taxa de juros. Dessa forma, reduções na taxa de juros levam a elevações
no investimento e, consequentemente, na renda. Isso pode ser visto na Figura 1.
Figura 1 - Investimento em função da taxa de juros 
Fonte: autor (2020).
A partir da inserção da taxa de juros como determinante do investimento, podemos
estabelecer a relação IS. Na Figura 2 são apresentados dois grá�cos para que
possamos desenvolver esse raciocínio. No primeiro grá�co temos o equilíbrio no
mercado de bens, no qual a demanda agregada é uma função crescente do produto
(relação representada pelas curvas DA) e a reta de 45° demonstra os possíveis
pontos de equilíbrio entre demanda agregada e produto (a reta de 45° representa os
pontos em que DA = Y).
Ainda no primeiro grá�co, observamos o efeito de uma redução na taxa de juros
sobre a demanda agregada e o produto. Em um primeiro momento temos a
demanda e o equilíbrio no ponto , resultando no produto de equilíbrio .
Supondo uma redução na taxa de juros de para , de modo que , teremos
inicialmente uma elevação no investimento, como visto na Figura 1, e um
consequente aumento na demanda agregada, que é representado pelo
deslocamento da curva de demanda agregada para cima, passando de para 
. Diante disso, teremos um novo ponto de equilíbrio em , com um nível de
produto de equilíbrio maior, . Dessa forma, observamos que uma redução na taxa
de juros leva a um aumento no produto, ou que uma elevação na taxa de juros leva a
uma redução no produto.
Essa relação de equilíbrio no mercado de bens e serviços é representada pela curva
IS negativamente inclinada, como se pode observar no segundo grá�co da Figura 2.
À taxa de juros , o produto de equilíbrio é , e quando elevamos a taxa de juros até
o patamar , temos uma redução no produto para . A curva IS nos dá o nível de
produto de equilíbrio como função da taxa de juros, qualquer ponto sobre a curva IS
representa o equilíbrio no mercado de bens e serviços: oferta agregada igual à
demanda agregada. Destaca-se que IS é representada tomando como dados os
valores de tributos (T) e de gastos do governo (G), de modo que mudanças em T e/ou
G deslocarão a curva IS. Reduções em T e/ou elevações em G provocarão
deslocamento para a direita de IS (política �scal expansionista), enquanto que
elevações em T e/ou reduções em G deslocarão IS para a esquerda (política �scal
contracionista). 
DA1 A1 Y1
i1 i2 i2 < i1
DA1
DA2 A2
Y2
i2 Y2
i1 Y1
Figura 2 - Derivação da relação IS 
Fonte: autor (2020).
Seguindo, deduziremos agora a curva LM (do inglês Liquidity Money), que
representa o equilíbrio no mercado de monetário, para a qual utilizaremos a
discussão sobre demanda de moeda. O equilíbrio no mercado monetário ocorre
quando a demanda de moeda ( ) (lado direito da equação 2) iguala a oferta de
moeda ( ) (lado esquerdo da equação 2):
Em que, 
 é a oferta real de moeda (quantidade de moeda nominal dividida pelo nível geral
de preços );
 é a renda real;
 é uma função da taxa de juros. 
A oferta de moeda é controlada pelo Banco Central, por meio de instrumentos
especí�cos, de modo que, consideraremos a oferta da moeda como uma variável
determinada de maneira exógena, por decisão da autoridade monetária. Já a
demanda de moeda tem dois motivos: para transações e para investimento. No
primeiro motivo, a demanda de moeda é diretamente atrelada ao nível de renda da
economia. Quanto maior for o nível de renda/produto, maior será o volume de
transações e, dessa forma, maior será a quantidade de moeda demandada. Com
relação ao motivo investimento, os indivíduos, ao decidirem como alocar sua
riqueza, vão comparar o diferencial de rentabilidade entre os diferentes ativos da
economia. Desconsiderando a in�ação, sabe-se que manter moeda em espécie
resulta em retorno real nulo, ao passo que alocar a riqueza em títulos rende a taxa
de juros vigente.Por isso, a taxa de juros representa o custo de oportunidade de
reter moeda, e a demanda de moeda diminui conforme aumenta a taxa de juros
(LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
No grá�co à esquerda do Figura 3 podemos ver a interação das curvas de oferta de
moeda ( ) e demanda de moeda ( ). Neste grá�co, observamos a curva de
oferta de moeda �xa, vertical, e a curva de demanda de moeda negativamente
inclinada, demonstrando a relação inversa entre demanda de moeda e taxa de juros.
O ponto em que as duas curvas se cruzam representa o ponto de equilíbrio no
mercado monetário, no qual a oferta de moeda é igual a demanda de moeda,
de�nindo assim a taxa de juros de equilíbrio da economia. A partir desse grá�co
podemos veri�car o efeito de um aumento na renda sobre a taxa de juros. Partimos
do equilíbrio inicial, em , com a oferta de moeda igual a demanda de moeda 
M d
M s
= YL (i) (2)
M
P
M
P
P
Y
L (i)
M s M d
A1 M
s
, resultando na taxa de juros . Agora, suponhamos um aumento na renda da
economia de para , de forma que . Esse aumento na renda elevará o
volume de transações na economia e, consequentemente, a demanda de moeda,
deslocando a curva de demanda de moeda para a direita e para cima, passando de 
 para . Dada a oferta de moeda constante, a elevação da demanda de moeda
provoca um aumento na taxa de juros de equilíbrio, evidenciado no novo ponto de
equilíbrio em , com uma taxa de juros maior, . Assim, observamos que uma
elevação na renda leva a um aumento na taxa de juros da economia. 
Figura 3 - Derivação da relação LM
Fonte: autor (2020).
Essa relação de equilíbrio no mercado monetário é representada pela curva LM
positivamente inclinada, como se pode observar no grá�co à direita da Figura 3. Ao
nível de renda , a taxa de juros de equilíbrio é , e quando há elevação no nível de
renda até o patamar , temos uma elevação na taxa de juros para . Além disso,
temos que a posição da curva LM é determinada pela oferta real de moeda. Como
pressupomos o nível de preços constante, a LM é modi�cada basicamente pela
política monetária, de modo que expansões na oferta de moeda deslocam a LM para
a direita e para cima, e contrações na oferta monetária a deslocam para a esquerda
e para baixo.
Explicados os dois mercados e seus respectivos equilíbrios, analisaremos o equilíbrio
simultâneo em ambos. A relação IS demonstra o equilíbrio no mercado de bens e
serviços e mostra como a taxa de juros afeta o produto/renda. A relação LM
demonstra o equilíbrio no mercado monetário e mostra como o produto/renda afeta
a taxa de juros. Ao combinarmos essas duas curvas determinaremos
simultaneamente o produto e a taxa de juros de equilíbrio na economia
(BLANCHARD, 2007). 
M
d
1 i1
Y1 Y2 Y2 > Y1
M
d
1 M
d
2
A2 i2
Y1 i1
Y2 i2
Figura 4 - Modelo IS-LM
Fonte: autor (2020).
No ponto E a economia está em equilíbrio, pois ambos os mercados estarão em
equilíbrio, aos níveis de taxa de juros e renda . Nesse modelo, a curva IS é
delineada para uma dada política �scal (nível de gastos do governo e impostos) e a
curva LM para uma determinada oferta de moeda. Desse modo, modi�cações no
ponto de equilíbrio da economia advém de deslocamentos nas curvas IS e LM que,
por sua vez, são oriundos da condução das políticas econômicas pelo governo e
pelas autoridades monetárias. 
i
e
Y
e
Curva BP e Equilíbrio
Externo
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Dando prosseguimento a nossa análise, precisamos deduzir a curva BP, que
demonstra os pontos de equilíbrio do Balanço de Pagamentos. As transações entre
os residentes de um país e o resto do mundo são registradas no Balanço de
Pagamentos e são divididas em dois grupos principais de contas: i) as Transações
Correntes (TC), que referem-se aos �uxos de bens e serviços (importações e
exportações); e, ii) o Movimento de Capitais (MK), relacionado a direitos e obrigações
(investimentos, empréstimos, �nanciamentos etc.) (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Desse modo, temos que:
O saldo em transações correntes depende da taxa de câmbio e dos níveis de renda
interno (doméstica) e externo (do resto do mundo). A taxa de câmbio in�uencia
tanto exportações quanto importações. Mantidas �xas as rendas interna e externa,
elevações na taxa de câmbio aumentarão as exportações e diminuirão as
importações, melhorando o saldo em transações correntes (condição de Marshall-
Lerner). Por sua vez, se mantivermos taxa de câmbio e renda externa constantes, as
exportações serão dadas e elevações na renda doméstica provocarão expansões na
importação (maior renda eleva a demanda por bens e serviços internos e externos),
acarretando piora no saldo em transações correntes. De outra forma, mantendo taxa
de câmbio e renda interna constantes, as importações serão dadas e ampliações na
renda do resto do mundo elevarão as exportações (maior renda do resto do mundo
eleva sua demanda por nossos produtos), melhorando o saldo em transações
correntes.
O movimento de capitais depende das decisões de investimento dos agentes
econômicos em busca de maximizar o retorno sobre o capital. Dessa forma, o
movimento de capitais está relacionado positivamente ao diferencial entre as taxas
de juros interna e externa. Logo, admitindo uma taxa de juros internacional
constante, a entrada de capitais tende a se ampliar quanto maior for a taxa de juros
doméstica. 
A partir disso, podemos reescrever a equação 3 da seguinte forma:
Em que TC é uma função decrescente da renda interna e MK é uma função
crescente da taxa de juros interna. No equilíbrio do Balanço de Pagamentos (saldo
igual a zero) temos:
A curva BP representa as combinações de renda, , e taxa de juros, , que satisfazem
a condição de equilíbrio no Balanço de Pagamentos. A inclinação da curva BP
depende basicamente do grau de mobilidade de capitais, ou seja, da forma como o
�uxo de capitais responde a variações na taxa de juros doméstica. Resumidamente,
existem três condições de mobilidade de capitais: (a) sem mobilidade de capitais
(em que o país não possui acesso ao mercado internacional de capitais); (b) com
BP = TC + MK (3)
BP = TC (Y ) + MK (i) (4)
TC (Y ) = −MK (i) (5)
Y i
perfeita mobilidade de capitais (considerando uma economia pequena com acesso
ao mercado internacional de capitais); e, (c) com mobilidade imperfeita de capitais
(para uma economia grande com acesso ao mercado internacional de capitais). As
possíveis inclinações da BP podem ser vistas na Figura 1.
Figura 1 - Inclinações da curva BP 
Fonte: autor (2020).
Para o caso em que não há movimento de capitais, Figura 5a, a condição de
equilíbrio do Balanço de Pagamentos requer apenas que o saldo em transações
correntes seja zero, ou seja, quando as exportações são exatamente iguais às
importações. Ao supormos a taxa de câmbio e o nível de renda externa constantes,
temos que o volume de exportações passa a ser uma variável exógena, enquanto
que as importações são função crescente da renda interna. Nesse cenário há um
único nível de renda que equilibra as transações correntes e, portanto, o Balanço de
Pagamentos não depende da taxa de juros interna e a curva BP é vertical. Elevações
na renda provocarão expansões nas importações e, consequentemente, dé�cits em
TC e em BP, ao passo que reduções na renda diminuirão as importações,
acarretando superávits (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
Em oposição ao caso que acabamos de ver, temos o caso de uma economia de
pequeno porte que possui livre acesso ao mercado internacional de capitais (Figura
5b), dada a taxa de juros internacional. Agora, temos uma perfeita mobilidade de
capitais, indicando que qualquer dé�cit em transações correntes pode ser
�nanciado à taxa de juros internacional, e qualquer superávit pode ser aplicado no
exterior à essa mesma taxa de juros. Dessa forma, o saldo em transações correntes é
irrelevante na determinação do equilíbrio do Balanço de Pagamentos, pois sempre
haverá um movimento de capitais compensatórios a uma dada taxa de juros
internacional. Nesse caso, a variável determinante do equilíbriodo BP passa a ser a
taxa de juros e não mais o nível de renda (BP é horizontal). Há, nessa situação, um
único nível de taxa de juros interna que equilibra BP: quando a taxa de juros interna
( ) é igual à taxa de juros externa ( ). Se a taxa de juros interna for maior que a
externa, haverá entrada de capitais na economia e superávit no BP, enquanto que
se a taxa de juros interna for menor que a externa, haverá saída de capitais da
economia e dé�cit no BP (LOPES; VASCONCELLOS, 2008). 
i i∗
Por �m, temos a situação intermediária, para uma economia de grande porte, em
que a mobilidade de capitais é imperfeita, demonstrada na Figura 5c. Nesse caso, a
renda e a taxa de juros se tornam importantes na determinação do equilíbrio do
Balanço de Pagamentos. Aumentos na renda provocarão elevações na importação e
deterioração no saldo em transações correntes (dé�cit), levando a uma maior
necessidade de capitais externos para �nanciá-la. Como essa economia é de
grandes proporções, a demanda maior por capitais pressionará o mercado
internacional, elevando a taxa de juros internacional. Vê-se, portanto, que expansões
na renda serão seguidas de elevações na taxa de juros externa, evidenciando uma
curva BP positivamente inclinada (LOPES; VASCONCELLOS, 2008).
A partir da consideração da curva BP, nas próximas seções analisaremos o modelo
IS-LM-BP a �m de discutir como se dá a determinação do nível de renda em uma
economia aberta. Nesse sentido, veremos os efeitos das políticas econômicas sobre
o equilíbrio econômico de curto prazo em diferentes regimes cambiais. 
REFLITA
“Em economia, as verdades são incertas. Os acadêmicos devem ser
humildes quanto à precisão de suas teorias. Mas nossa humildade
resulta do conhecimento, e não da ignorância. Não desejamos aplausos
de leigos. Trabalhamos pela única recompensa que vale a pena: nossos
próprios aplausos.” 
Paul Samuelson 
Modelo IS-LM-BP para
uma Economia sem
Mobilidade de Capitais
AUTORIA
Luiz Henrique Paloschi Tomé 
George Lucas Máximo Ferreira
Iniciaremos veri�cando os efeitos das políticas econômicas em uma economia sem
mobilidade de capitais, em que a curva BP é vertical, pressupondo que há um único
nível de renda que equilibra BP. Inicialmente veremos o modelo com câmbio �xo e
depois com câmbio �utuante.
Câmbio �xo
Vejamos inicialmente uma política monetária expansionista para uma economia
sem mobilidade de capitais e regime de câmbio �xo. O aumento da oferta de
moeda levará em primeiro lugar a um deslocamento da curva LM para a direita, de 
 para . Esse movimento deslocará o equilíbrio interno do ponto A para o
ponto B, onde a curva intercepta a curva IS. No ponto B, teremos uma taxa de
juros menor que a taxa de juros inicial , que elevará o nível de investimentos e,
consequentemente, da demanda agregada e da renda de equilíbrio da economia.
Por sua vez, o aumento da renda irá expandir as importações, acarretando dé�cits
no Balanço de Pagamentos. Como nossa economia hipotética adota o regime de
câmbio �xo, o Banco Central (BC) precisa, necessariamente, atender a maior
demanda por moeda estrangeira provocada pelo aumento das importações, caso
contrário a taxa de câmbio será elevada. Dessa forma, o BC vende moeda
estrangeira aos agentes, recebendo moeda doméstica em troca, o que provocará
uma queda no nível de reservas internacionais e uma redução na oferta de moeda,
fazendo com que LM se desloque para a esquerda.
Essa contração monetária se manterá enquanto houver dé�cit no BP, ou seja, até
que o nível de renda volte ao patamar inicial. O mecanismo que leva a isso é a
elevação na taxa de juros provocada pela contração na oferta de moeda, fazendo
com que o investimento retorne ao nível inicial. Portanto, o equilíbrio �nal será
exatamente o mesmo que o inicial, pois LM volta à posição original no ponto A.
Percebemos, assim, que a política monetária expansionista em uma economia sem
mobilidade de capitais e câmbio �xo não é e�ciente para expandir a renda,
provocando apenas a redução nas reservas internacionais. O grá�co da Figura 1
mostra esse processo. 
LM1 LM2
LM1
i2 i1
Figura 1 - Política monetária expansionista no Modelo IS-LM-BP sem mobilidade
de capitais e câmbio �xo 
Fonte: autor (2020).
Considerando o mesmo cenário, vejamos agora o efeito de uma política �scal
expansionista conduzida pelo aumento nos gastos do governo e/ou redução nos
tributos. Em primeiro lugar há um deslocamento da curva IS para a direita, de 
para , modi�cando o equilíbrio do ponto A para o ponto B, com uma taxa de
juros maior que a taxa de juros inicial , (que reduz o investimento, mas não no
mesmo patamar da elevação dos gastos do governo) e um nível de renda maior. O
nível de renda maior provoca dé�cits no Balanço de Pagamentos, fazendo com que
o Banco Central disponibiliza suas reservas internacionais, contraindo a oferta de
moeda, deslocando a curva LM para a esquerda, de para , elevando ainda
mais a taxa de juros e reduzindo o investimento. Esse processo será mantido até que
o nível de renda volte ao nível inicial, eliminando o dé�cit no BP, mas agora a taxa de
juros será maior, ao nível , com o equilíbrio situando-se no ponto C. Ao �nal desses
movimentos, haverá queda nas reservas internacionais para cobrir os dé�cits
temporários no BP, e uma substituição do investimento privado por gastos públicos,
ou seja, uma alteração na composição da demanda agregada (denominado efeito
crowding-out). Esse processo pode ser visto no grá�co da Figura 2. 
IS1
IS2
i2 i1
LM1 LM2
i3
Figura 2 - Política �scal expansionista no Modelo IS-LM-BP sem mobilidade de
capitais e regime de câmbio �xo
Fonte: autor (2020).
Finalmente, veremos o efeito da política cambial. Considere a situação de
desvalorização cambial (desvalorização da moeda doméstica em relação à
estrangeira; elevação da taxa de câmbio). Dessa forma, os produtos nacionais serão
relativamente mais baratos que os produtos estrangeiros, o que estimula as
exportações e reduz as importações, e leva a uma melhora no saldo em transações
correntes. Assim, o país poderá expandir o produto/renda, uma vez que haverá
melhora no saldo em transações correntes para cada nível de renda. Nesse sentido,
o nível de renda compatível com o equilíbrio no BP será maior, deslocando a curva
BP para a direita, de para .BP1 BP2
O melhor desempenho do setor externo representa um aumento da demanda
agregada, o que fará com que IS se desloque para a direita, de para ,
aumentando a renda e as taxas de juros, com a nova posição de equilíbrio interno no
ponto B. Supondo que o deslocamento da IS seja inferior ao da BP, haverá superávit
no balanço de pagamentos. No câmbio �xo, o Banco Central comprará a oferta
excedente de moeda estrangeira, expandindo a oferta de moeda, que desloca a LM
para a direita, de para . Esse deslocamento de LM permanece até que o
superávit no BP seja eliminado, atingindo um novo equilíbrio no ponto C, com um
nível de renda maior e compatível com o equilíbrio externo. O grá�co da Figura 3
demonstra esses efeitos. 
Figura 3 - Política cambial (desvalorização cambial) no Modelo IS-LM-BP sem
mobilidade de capitais e regime de câmbio �xo
Fonte: autor (2020).
IS1 IS2
LM1 LM2
Com base nas análises, observamos que em um cenário sem mobilidade de capitais
e câmbio �xo, a única política econômica capaz de afetar o nível de renda da
economia de maneira permanente é a cambial, por meio de alterações na taxa de
câmbio, que eleva o nível de exportações e também o nível de produto/renda
compatível com o equilíbrio externo. 
Câmbio �utuante
Agora, veremos os efeitos das políticas monetária e �scal no regime de câmbio
�utuante, mantendo um cenário sem mobilidade de capitais. Nesse cenário, a taxa
de câmbio é de�nida pelo mercado e, por isso, não veremos política cambial.
Uma política monetária expansionista para essa economia desloca a curva LM para a
direita, de para , movendo o equilíbrio interno do ponto A para o ponto B,
onde a curva intercepta a curva . No ponto B, teremos uma taxa de juros 
menor que a

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