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FUNDAMENTOS-DE-PEDOLOGIA-E-EDAFOLOGIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DE PEDOLOGIA E 
EDAFOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5 
2 GÊNESE E FORMAÇÃO DOS SOLOS .................................................................. 6 
2.1 A evolução dos estudos de solos na geografia ................................................... 6 
3 O INTEMPERISMO DAS ROCHAS NA FORMAÇÃO DO SOLO ......................... 10 
3.1 Agentes externos ou exógenos......................................................................... 11 
3.1.1 Intemperismo .................................................................................................... 11 
3.1.2 Erosão............................................................................................................... 13 
4 OS PROCESSOS E OS FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS .................... 15 
4.1 Fatores de formação dos solos ......................................................................... 15 
4.2 Material de origem ............................................................................................ 16 
4.3 Clima ................................................................................................................. 17 
4.4 Organismos vivos ............................................................................................. 18 
4.5 Relevo ............................................................................................................... 18 
4.6 Tempo cronológico ........................................................................................... 19 
5 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS SOLOS ........................................ 20 
5.1 Conhecendo o perfil do solo ............................................................................. 20 
5.2 Características morfológicas do perfil do solo .................................................. 21 
5.2.1 Cor............... ..................................................................................................... 22 
5.2.2 Textura............. ................................................................................................. 23 
5.2.3 Estrutura....... .................................................................................................... 24 
5.2.4 Consistência. .................................................................................................... 25 
5.2.5 Cerosidade e superfícies de fricção .................................................................. 26 
5.2.6 Cimentação, nódulos e concreções minerais ................................................... 26 
5.3 Descrevendo um perfil de solo.......................................................................... 27 
5.3.1 Objetivo da descrição morfológica .................................................................... 27 
6 COMPOSIÇÃO GERAL DOS SOLOS .................................................................. 28 
6.1 As composições líquidas dos solos .................................................................. 31 
6.2 As composições gasosas dos solos ................................................................. 34 
7 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ........................................................................... 37 
7.1 Níveis categóricos do sistema de classificação de solo .................................... 37 
7.2 Distribuição geográfica dos solos brasileiros .................................................... 41 
 
3 
 
7.2.1 Argissolos (P) .................................................................................................... 42 
7.2.2 Cambissolos (C) ............................................................................................... 42 
7.2.3 Chernossolos (M) .............................................................................................. 42 
7.2.4 Espodossolos (E) .............................................................................................. 42 
7.2.5 Gleissolos (G) ................................................................................................... 42 
7.2.6 Latossolos (L) ................................................................................................... 43 
7.2.7 Luvissolos (L) .................................................................................................... 43 
7.2.8 Neossolos (R) ................................................................................................... 43 
7.2.9 Nitossolos (N) ................................................................................................... 43 
7.2.10 Organossolos (O) ........................................................................................... 44 
7.2.11 Planossolos (O) .............................................................................................. 44 
7.2.12 Plintossolos (F) ............................................................................................... 44 
7.2.13 Vertissolos (V) ................................................................................................ 45 
8 SISTEMA ÁGUA-SOLO ........................................................................................ 46 
8.1 Umidade e potencial da água no solo ............................................................... 47 
8.1.1 Energia da água no solo ................................................................................... 47 
8.1.2 Retenção de água no solo ................................................................................ 49 
8.1.3 Movimento da água no solo .............................................................................. 49 
8.2 Relações solo-planta-água ............................................................................... 50 
8.3 Fatores que afetam a quantidade de água disponível para as plantas ............. 50 
8.3.1 Textura......... ..................................................................................................... 50 
8.3.2 Matéria orgânica ............................................................................................... 51 
8.3.3 Compactação do solo ....................................................................................... 51 
8.3.4 Salinização (potencial osmótico) ....................................................................... 51 
8.3.5 Profundidade do solo ........................................................................................ 51 
9 ORGANISMOS E ECOLOGIA DO SOLO ............................................................. 52 
9.1 A pedofauna...................................................................................................... 52 
9.2 Os efeitos dos organismos do solo nas comunidades vegetais ........................ 55 
9.3 Organismos prejudiciais às plantas .................................................................. 57 
9.4 A ecologia do solo ............................................................................................. 58 
10 POLUIÇÃO DOS SOLOS...................................................................................... 61 
10.1 Problemas dos resíduos gerados pelas atividades antrópicas ......................... 61 
10.2 Contaminantes inorgânicos............................................................................... 64 
 
4 
 
10.3 Degradação física do solo ................................................................................ 65 
10.3.1 Desertificação ................................................................................................. 66 
10.3.2 Degradação estrutural do solo ........................................................................ 66 
10.3.3 Erosão.......... .................................................................................................. 67 
10.3.4Degradação química do solo .......................................................................... 69 
10.3.5 Salinização.... ................................................................................................. 71 
10.3.6 Arenização.... .................................................................................................. 72 
10.3.7 Acidificação... .................................................................................................. 73 
11 PRÁTICAS DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS ................................ 74 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 GÊNESE E FORMAÇÃO DOS SOLOS 
 
O estudo sobre o solo na Geografia tem como objetivo compreender as 
influências externas para conhecer sua formação e desenvolvimento, para utilizar com 
maior eficiência esse elemento para diversas atividades econômicas, para o 
desenvolvimento das sociedades e Estados e para implementar construções e 
preservar a fauna e flora que depende dele. (BERTOLLO, 2018). 
Nesta disciplina, você vai estudar como se dá a evolução dos estudos de solo, 
conhecer os tipos de intemperismo e os processos e agentes que agem sobre as 
rochas e o solo. Verá também como as transformações contínuas pelas quais o solo 
passa estão ligadas aos vários tipos de intemperismo e fatores variados nas 
configurações distintas que possui em vários lugares do planeta, considerando 
também as distintas formas de acumulação de material orgânico e os fatores que 
resultam no processo de origem e constituição dos solos. 
 
2.1 A evolução dos estudos de solos na geografia 
 
O estudo do solo, ou pedologia, tem grande importância, por ser um recurso 
natural fundamental, tanto quanto a água e a atmosfera. O solo supre e sustenta a 
existência tanto das sociedades quanto dos elementos naturais, como as florestas e 
os recursos hídricos, uma vez que filtra e serve de depósito de parte da água 
consumida. No solo, crescem e se desenvolvem as plantas que produzem grande 
massa de oxigênio e umidade e regulam o clima; além disso, ele é essencial para o 
cultivo dos alimentos de origem vegetal. Ainda, é no solo que ocorrem os ciclos da 
água. (BERTOLLO, 2018). 
Dada a importância do solo, é necessário conhecer suas propriedades e 
preservá-lo por meio de diagnósticos, considerando que os solos variam de acordo 
com o relevo, o tipo de rocha de origem, a vegetação e o clima. O seu estudo permite 
planejar o uso das terras, principalmente no Brasil, cuja vocação e economia são 
baseadas sobretudo na agropecuária. Por meio do estudo do solo, podem ser 
corrigidos os níveis de fertilidade do solo e a sua acidez; ainda, pode-se caracterizar 
os solos para cada tipo de cultivo, acompanhar os elementos presentes neles e 
preservá-los. O objetivo da pedologia é oferecer uma base para algumas ciências, 
 
7 
 
como a geologia, a agronomia, as ciências ambientais e a geografia, visto que o solo 
é a base dos sistemas de produção agrícola e do desenvolvimento (ou da decadência) 
de várias civilizações que dependem do uso desse recurso natural. (BERTOLLO, 
2018). 
Para realizar uma análise pedológica, são feitos estudos do perfil do solo no 
meio natural, mediante a escavação de trincheiras. Na sequência, são descritas as 
características do solo, como as propriedades dos horizontes e das camadas, a sua 
cor, a sua reação a alguns materiais e a sua textura, por exemplo. Por meio da coleta 
de amostras, os solos são categorizados de acordo com seus atributos, com base na 
classificação de solos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). 
(BERTOLLO, 2018). 
 
 
Mapa de solos do Brasil, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 
Fonte: Dias (2014, documento on-line). 
 
Como componente principal dos ecossistemas do planeta, o solo tem papel 
fundamental no balanço da energia e no ciclo hidrológico, por exemplo. Trata-se de 
 
8 
 
um recurso natural que ocupa todas as porções da superfície terrestre, como suporte 
de toda a vegetação e da fauna, bem como das sociedades, das construções 
humanas, das produções agrícola e silvícola e da criação de animais, demandando 
um uso racional e a sua preservação. 
O solo é um elemento poroso e biologicamente ativo que está em 
desenvolvimento contínuo na crosta da superfície terrestre, como uma casca do 
planeta, atuando sobre ele (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, [2020]). 
O desenvolvimento da pedosfera, que é a camada mais externa do planeta, composta 
pelo solo em constante processo de formação, ocorre por meio da interação entre a 
atmosfera, que compõe o ar, a biosfera, que abrange toda a vida na Terra, a litosfera, 
constituída por rochas e minerais, e a hidrosfera, que é a água em vários corpos 
hídricos. 
Os solos são compreendidos como elementos naturais compostos e 
organizados, que ocupam certas superfícies do planeta e apresentam certas 
características morfológicas. Seu estudo abrange os tipos de minerais que o 
compõem, as suas propriedades químicas e físicas e o reconhecimento de processos 
de origem e desenvolvimento. Tal estudo teve início em meados do século XIX e 
evoluiu por meio de observações e registros. Os conceitos desenvolvidos nesse 
período ainda são muito úteis para se obterem conhecimentos sobre o solo e a sua 
aplicação para a nutrição das plantas e para entendê-lo como produto de 
decomposição das rochas e como um corpo natural organizado (UNIVERSIDADE 
FEDERAL DE SANTA MARIA, [2020]). Desde então, há um desenvolvimento contínuo 
na área da ciência do solo, designada gênese de solos ou pedogênese. Essa 
denominação vem da palavra pedon, que é utilizada para designar a menor porção ou 
o menor volume de solo. Assim, um conjunto de pedons com as mesmas 
características compõe o polipedon, que significa a repartição de um tipo de solo. 
Cabe ressaltar que o solo é considerado um sistema aberto, pois troca tanto 
matéria como energia nas formas de oxigênio, água líquida, vapor, gás carbônico e 
outros com a atmosfera. Aqueles materiais que são solúveis, como o nitrato ou outros 
orgânicos, são lixiviados do corpo do solo — isto é, são “lavados”. Os processos 
físicos, químicos e biológicos que ocorrem no solo derivam da repartição desigual de 
materiais nos horizontes e nos vários tipos de solos. Isso também ocorre nos 
 
9 
 
processos de erosão, transporte e deposição de vários tipos de materiais por 
centenas, milhares ou milhões de anos. 
Em uma escala de tempo menor, como nas atividades agrícolas, existem 
variados fluxos de energia e de nutrientes, como os ciclos hidrológicos. Quando 
ocorrem grandes transformações do solo, desde o preparo, o manejo, a fertilização, o 
cultivo e a irrigação,há diferentes resultados nos processos de evaporação e 
decomposição da matéria orgânica, por exemplo, que afetam toda a estrutura do solo 
e os seus complexos sistemas. Por isso, estudar o solo é importante para o manejo 
mais apropriado do mesmo. 
Friedrich Ratzel (1844-1904) foi um dos principais teóricos da geografia, e seus 
estudos abordam o ser humano, priorizando o ponto de vista biológico, sob a noção 
do chamado determinismo geográfico, e tratando do solo em um contexto social. Para 
o determinismo geográfico, o indivíduo seria produto das condições naturais, que 
determinam a vida em sociedade. Ratzel (1983) desenvolveu também conceitos sobre 
o Estado Moderno como um organismo vivo, que seria constituído pela sociedade, 
organizada com o objetivo de desenvolver, proteger e ampliar seu território, sob um 
conceito de espaço vital. Esse espaço, segundo Ratzel (1983), abrangeria as 
qualidades espaciais e naturais necessárias para manter e consolidar o poder do 
Estado sobre o território. A obra de Ratzel está fundamentada na noção do Estado 
tendo como componente fundamental o solo e na relação entre o espaço e a 
sociedade que nele se estabelece. Assim, para Ratzel (1983), o Estado não pode 
existir sem território e sem fronteiras, sob uma noção da geografia política, e não pode 
existir sem um solo. 
 
 
Fonte: https://cerradocase.com.br/ 
 
10 
 
3 O INTEMPERISMO DAS ROCHAS NA FORMAÇÃO DO SOLO 
 
Nas ciências da terra, o solo pode ser definido como o produto do intemperismo, 
do remanejamento e da organização das camadas superiores da crosta terrestre, sob 
ação da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera e das trocas de energia envolvidas 
(TEIXEIRA et al., 2000). Assim, os solos são conjuntos de corpos naturais que contêm 
matéria viva e são resultantes da ação do clima e da biosfera sobre a rocha, e a sua 
transformação ocorre permanentemente e é influenciada pelo tipo de relevo. 
Os solos são formados a partir da transformação das rochas expostas na 
superfície terrestre, que pode ocorrer por meio da decomposição, denominada 
intemperismo químico, e/ou da desagregação, chamada de intemperismo físico. Elas 
também podem ser transformadas mediante o acúmulo de matéria orgânica. Os 
agentes atmosféricos e biológicos atuantes sobre a rocha matriz (ou rocha-mãe) criam 
uma camada do chamado material inconsolidado, que pode ser entendido como rocha 
alterada, que iniciará o processo de formação do solo — a pedogênese —, que se dá 
ao longo do tempo. 
A ação da gravidade e da água das chuvas dispõe o material inconsolidado em 
camadas sobrepostas, formando os horizontes. Essa organização pode ter 
características físicas e químicas diferentes, notadas pela variedade de cor, 
granulometria, textura, porosidade, estrutura e densidade do solo. Cada solo tem 
horizontes ou camadas com características próprias, em razão de sua pedogênese. A 
intensidade da transformação das rochas pelo intemperismo depende do tipo de 
rocha, do clima ao qual ela está exposta, do tipo de relevo e do tempo geológico. 
Uma vez que a rocha é exposta na superfície, ela será intemperizada pelos 
condicionantes atmosféricos, como a temperatura, a umidade e os ventos. 
Gradualmente, ela será decomposta pelo intemperismo químico ou degradada pelo 
intemperismo físico. Isso possibilitará que suas partículas minerais sejam 
transportadas por meio do processo chamado de erosão, e esse material se deslocará 
para aquelas áreas de menor declividade no terreno. Em virtude das fissuras formadas 
por esses processos, os microrganismos adentram a rocha, o que acelera o processo 
de decomposição do material. Isso também cria condições para que determinadas 
plantas se fixem à rocha, ampliando a sua decomposição, por causa das raízes 
dessas plantas, que favorecem a penetração da água, do ar e de animais menores 
nas fendas da rocha. 
 
11 
 
3.1 Agentes externos ou exógenos 
 
As estruturas da crosta terrestre e as rochas foram criadas por forças internas 
e são expostas na superfície terrestre, podendo ser modificadas quando expostas, por 
meio da sedimentação e do metamorfismo. Elas também estão sujeitas às forças 
atmosféricas, que esculpem o relevo e propiciam alterações nas estruturas rochosas, 
mediante intemperismo, que é a transformação que ocorre pelo transporte de 
materiais, e deposição, que é o depósito de sedimentos. Os elementos que causam 
essas mudanças são as chuvas, os movimentos dos rios e dos oceanos, as alterações 
de temperatura, o movimento das geleiras, a ação dos ventos, as dinâmicas dos 
microrganismos, a cobertura vegetal e a ação humana. Portanto, esses são os 
principais fatores que estruturam as formas esculturais do relevo e que modelam a 
paisagem terrestre. (BERTOLLO, 2018). 
 
3.1.1 Intemperismo 
 
O intemperismo é um conjunto de modificações físicas, como a desagregação 
das rochas, químicas, como a decomposição, e biológicas, de forma física e química, 
em que as rochas são modificadas ao serem expostas na superfície terrestre. 
 
Intemperismo químico 
 
Esse tipo de transformação se dá pela ação da água, que é solvente universal, 
sobre os agregados de minerais que formam as rochas, causando a decomposição. 
O intemperismo químico é mais intenso nas regiões de clima mais quente e úmido, 
em que os altos índices de chuvas e as altas temperaturas aceleram a decomposição 
das rochas, proporcionando a formação de solos mais profundos. (BERTOLLO, 2018). 
O processo químico que ocorre nas rochas é chamado de hidrólise e ocorre por 
meio da quebra de moléculas pela ação da água (H2 O). Assim, a molécula de água 
libera para a solução íons H+, em que o elemento hidrogênio da água perde seu 
elétron, e OH-, em que o oxigênio adquire elétrons. Nesse caso, quando uma molécula 
é quebrada, ocorre a formação de novos compostos, ocorrendo, assim, o processo de 
intemperismo químico. 
 
12 
 
Outra ação química desse tipo de intemperismo é a latolização, quando ocorre 
a remoção de bases e do elemento sílica do perfil do solo por meio da lixiviação, que 
consiste na lavagem da camada mais superficial do solo por meio do escoamento das 
águas, principalmente das chuvas. Assim, há o acúmulo de óxidos de ferro e alumínio, 
um processo comum em relevos planálticos e topos de morros mais arredondados. 
 
 
Intemperismo químico sobre calcário. 
Fonte: Azeredo (c2015, documento on-line). 
 
Intemperismo biológico 
 
Esse tipo de alteração da rocha ocorre pela ação das plantas e dos animais 
(desde os microscópicos até os maiores) sobre as rochas. As raízes das plantas, os 
fungos e as bactérias aceleram a decomposição das rochas por meio do intemperismo 
químico, ao mesmo tempo que, pela ação do crescimento das plantas, ocorre a 
desagregação física, pelo chamado intemperismo físico. (TEIXEIRA et al., 2000). 
 
 
Intemperismo biológico sobre rocha calcária. 
Fonte: Atjanan Charoensiri/Shutterstock.com. 
 
13 
 
Intemperismo físico 
 
Esse tipo de transformação das rochas ocorre nas regiões com menores 
índices de chuva e regiões onde a água permanece a maior parte do tempo 
congelada. O intemperismo físico promove a desagregação, isto é, a quebra das 
rochas pela ação contínua e prolongada da variação das temperaturas, ou seja, pelo 
aumento e pela diminuição da temperatura. No período do dia, as rochas expostas na 
superfície sofrem dilatação, e, no período da noite, com a diminuição da temperatura, 
as rochas se contraem. (TEIXEIRA et al., 2000). 
Esse processo contínuo de dilatação e contração, ao longo do tempo, provoca 
a quebra, isto é, a desagregação das rochas em pedaços, que são os sedimentos, 
cada vez menores. O intemperismo físico é comum nas regiões polares, onde a água 
se infiltra na fenda das rochas e expande seu volume no estado sólido, pressionando 
as paredes das rochas. 
 
 
Intemperismo físico sobre rocha calcária. 
Fonte: Moreira (2009, documento on-line).3.1.2 Erosão 
 
Uma vez que as rochas já tenham sofrido ações do intemperismo, seus 
sedimentos são transportados pela ação das águas das chuvas, dos rios, dos mares, 
das geleiras e dos ventos para as regiões mais baixas da superfície terrestre. 
 
14 
 
Esse processo de remoção e transporte dos sedimentos é denominado erosão, 
que combina um conjunto de fatores que provocam a desagregação e o transporte de 
partículas de rocha sobre a superfície terrestre. (BERTOLLO, 2018). 
As Figuras a seguir mostram exemplos de diferentes tipos de erosão. 
 
 
Erosão fluvial, ocasionada pelo transporte de sedimentos pelas águas dos rios, que aprofundam seu 
leito sobre as rochas menos resistentes. 
Fonte: Josephine Julian/Shutterstock.com. 
 
 
Erosão eólica, ocasionada pela ação dos ventos. 
Fonte: Gabriel (2012, documento on-line) 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
4 OS PROCESSOS E OS FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS 
 
A constituição dos solos engloba quatro elementos principais: as partículas 
minerais, a matéria orgânica, a água e o ar. As partículas minerais e orgânicas 
compõem a parte sólida dos solos, enquanto a água e o ar ocupam o espaço poroso 
dos solos, isto é, os poros e os espaços no solo. As partículas minerais dos solos 
podem ser classificadas tanto pelo tamanho, abrangendo desde a argila, o silte, a 
areia, o cascalho, o calhau e o matacão, quanto pela origem e pela composição dos 
resíduos da rocha que dão origem ao solo. A matéria orgânica é formada pelo 
acúmulo de plantas e animais em estágio de decomposição nas camadas superiores 
do solo, e esse processo é influenciado principalmente pelo clima e pela atividade 
biológica. (BERTOLLO, 2018). 
 
 
Constituição do solo. 
Fonte: Adaptada de São Paulo (2020). 
 
4.1 Fatores de formação dos solos 
 
Os solos variam dependendo de sua localização, podendo se diversificar ao 
longo de grandes áreas ou mesmo em uma pequena parcela de terra. As ações 
conjuntas do tipo de material da rocha de origem, do tipo de clima, do relevo, dos 
seres vivos que estão sobre o solo e do tempo são os principais fatores de formação 
dos inúmeros tipos de solos. 
O clima e os organismos são denominados fatores ativos, pois agem, durante 
certo tempo e em certas condições de relevo, diretamente sobre o material de origem, 
 
16 
 
que pode ter algum ou nenhum fator de resistência. Por exemplo, uma camada de 2 
centímetros de solo pode levar de 100 a 2 mil anos para se formar. Assim, a formação 
dos solos não ocorre por meio de um único processo, isoladamente, mas por meio de 
vários deles. 
 
4.2 Material de origem 
 
Na pedogênese, os agentes externos, como o intemperismo e a erosão, 
transformam as rochas e se relacionam com a velocidade e a forma como eles atuam. 
Essas mudanças também se relacionam com a resistência física e química de cada 
tipo de rocha. Logo, os diferentes tipos de solos resultam do material de origem, que 
é a chamada rocha-mãe ou rocha matriz, e das inúmeras combinações que induzem 
os processos de intemperismo e pedogênese. 
A rocha-mãe tem papel importante na formação dos variados tipos de solos, já 
que suas propriedades e características dependem, primeiramente, da composição 
do material de origem. Alguns minerais constituintes do material de origem continuam 
inalterados, enquanto outros sofrem decomposição, como por ação química, e se 
transformam em minerais úteis no solo. 
Um exemplo de como essas rochas resultam do intemperismo é a 
decomposição do calcário, que forma o solo de massapé, com cor cinza-escuro e alto 
teor de argila; ele é predominante no litoral nordestino e tem grande fertilidade. Outro 
exemplo é a ocorrência, no Centro-Sul do Brasil, de um solo também muito fértil e 
utilizado para atividades agrícolas, que é o nitossolo vermelho, popularmente 
chamado de terra, resultante da decomposição do basalto e do diabásio, que são 
rochas de origem vulcânica. 
A fertilidade do solo está ligada a um processo químico chamado de oxidação 
e redução (ou oxirredução), que é um processo em que há transferência de elétrons, 
isto é, quando o íon receptor de elétrons é reduzido, e o que doa o elétron é oxidado. 
Os elementos mais comuns do solo que sofrem essa transformação são o ferro e o 
manganês, que têm maior importância na formação do solo, e o elemento nitrogênio, 
que tem um papel fundamental na fertilidade do solo (UNIVERSIDADE FEDERAL DE 
SANTA MARIA, [2020]). 
 
 
17 
 
 
Solo argiloso e Solo arenoso, respectivamente. 
Fonte: Silva (2019, documento on-line) / Elena Larina/Shutterstock.com 
 
4.3 Clima 
 
O clima, que abrange a temperatura e a umidade, regula a velocidade e o tipo 
de intemperismo que agem sobre as rochas. Nas regiões de climas quentes e secos, 
áridos e semiáridos, prevalece o intemperismo físico, em que há desagregação sobre 
as rochas, originando solos rasos e pedregosos. Já nas áreas quentes e úmidas, 
equatoriais e tropicais, são gerados solos profundos e bem desenvolvidos. (LEPSCH, 
2010). A Figura a seguir traz um mapa das principais zonas climáticas do globo 
terrestre. 
 
 
Principais zonas climáticas do globo e diferentes tipos de intemperismo. 
Fonte: Lepsch (2010, p. 64). 
 
Como exemplo, podemos citar as regiões desérticas, onde o intemperismo 
físico prevalece. A exposição da rocha à insolação e ao calor intenso durante o 
 
18 
 
período diurno provoca sua dilatação, e, no período noturno, devido à diminuição da 
temperatura, a rocha se contrai. Esse processo de dilatação e contração, ao longo do 
tempo, gera pequenas fendas na rocha, principiando sua fragmentação em partes 
cada vez menores. 
Em lugares de clima quente e úmido, como a região amazônica, o intemperismo 
químico prevalece. Por causa das elevadas temperaturas e da pluviosidade intensa, 
ocorre a acelerada decomposição das rochas, produzindo solos profundos e 
desenvolvidos. É importante compreender que esses tipos de intemperismos podem 
acontecer simultaneamente. Um exemplo são os rochedos localizados no litoral, que, 
durante o dia, são aquecidos, dilatando-se. Quando ocorre a maré alta ou ondas mais 
fortes, há um resfriamento brusco dessa superfície rochosa, resultando em pequenas 
trincas. A água do mar ou das chuvas acaba penetrando nessas trincas e acelera o 
processo de destruição da rocha, por meio da decomposição de seus componentes. 
 
4.4 Organismos vivos 
 
Os organismos vivos são elementos ativos no processo de formação dos solos 
e são constituídos pela microflora e pela microfauna, em pequena escala, e pela flora, 
pela fauna e pelo ser humano. A vegetação tem a capacidade de proteger os solos da 
incidência de energia e luz solar e do impacto direto das gotas de chuva na superfície, 
fornece material para decomposição, como galhos e folhas, e gera intemperismo físico 
durante o crescimento reticular das raízes das plantas. Os animais agem sobre o solo 
ao revolvê-lo e distribuir matéria orgânica, ação feita principalmente pelas minhocas, 
pelos cupins e pelas formigas, que fazem galerias que distribuem ar, água e matéria 
orgânica. Os estágios iniciais dos intemperismos químico e físico por meio dos 
organismos vivos se dão por meio de líquenes, bactérias e fungos (a microflora e a 
microfauna) sobre a rocha matriz que formará o solo. A ação humana também pode 
transformar o solo, conforme o tipo de atividade realizada sobre ele. (LEPSCH, 2010). 
 
4.5 Relevo 
 
O relevo tem influência importante na formação dos solos: nas áreas íngremes, 
há dificuldade na formação dos solos, já que os sedimentos da rocha que sofreu 
intemperismo são transportados pela água e/ou pelo vento, no processo de erosão, 
 
19 
 
para as regiões mais baixas, por meio da ação da gravidade. Isso diminui o contato e 
o tempo de permanência da água com a rocha, típico do intemperismo químico. Assim, 
é comum, em vertentes inclinadas, a existência de rocha exposta. 
É o que ocorre,por exemplo, na região da Serra do Mar, em que a vegetação 
que cobre esse relevo é mais densa e alta entre as montanhas, área chamada de 
fundos de vale. Ali, ocorre o acúmulo de sedimentos, água e nutrientes. Já nas áreas 
mais íngremes, quando há vegetação, ela é rasteira ou dispersa pela baixa 
concentração de nutrientes e água e devido à profundidade do solo ser muito 
pequena, compondo o chamado neossolo. Nesse contexto, há também os fatores 
que influenciam no tipo de solo, como a insolação, a altitude e a potência dos ventos. 
A gênese dos solos no Brasil, que tem clima predominantemente quente e úmido, 
deriva da atuação desses elementos sobre uma estrutura geológica antiga e 
aplainada, proporcionando o desenvolvimento de solos mais profundos e espessos, 
chamados de latossolos. 
 
4.6 Tempo cronológico 
 
Um fator essencial para a formação dos solos é o tempo. O solo começa a se 
desenvolver tomando como início o chamado tempo zero, que se dá a partir do 
momento em que a rocha fica exposta aos agentes atmosféricos e biológicos e, se 
não houver erosão, atinge o estágio de maturidade. O tempo cronológico permite a 
interação dos fatores que atuam na formação dos solos, como o material de origem, 
o tipo de clima, o relevo e a ação dos organismos vivos. (LEPSCH, 2010). 
 
 
Fonte: Adaptada de Lopes (2015). 
 
20 
 
5 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DOS SOLOS 
 
A morfologia dos solos é a anatomia pedológica que corresponde à estrutura e 
à configuração de um solo. Por meio do conhecimento morfológico desses corpos 
naturais, tem-se o resultado da história evolutiva e também da dinâmica atual dos 
constituintes do solo. 
Nesse sentido, a morfologia permite a dedução sobre vários dos atributos 
físicos, químicos e biológicos do solo, assim como interpretações relacionadas ao seu 
uso e manejo. 
A morfologia do solo trata do estudo da sua aparência no meio ambiente 
natural e da sua descrição segundo as características perceptíveis, visíveis a olho nu 
ou sensíveis ao tato, geralmente diagnosticadas em um perfil de solo. A descrição 
morfológica constitui a base para identificar o conjunto de características do solo e é 
realizada por meio do emprego da metodologia padronizada descrita por Santos et al. 
(2015). Esse conjunto de características morfológicas é complementado com as 
análises de laboratório para identificação do solo (SANTOS; REICHERT, 2008). 
Tendo em vista que o solo é um corpo natural dinâmico e integrado na 
paisagem, que se compõe de horizontes, o estudo dessa ciência é complexo. Por isso, 
é muito importante que as formas de um solo sejam primeiramente descritas em 
campo, antes da retirada das amostras para as análises laboratoriais (LEPSCH, 
2010). 
 
5.1 Conhecendo o perfil do solo 
 
Um solo se forma sob a ação de um conjunto de fenômenos biológicos, físicos 
e químicos. A partir de uma rocha e um saprolito relativamente homogêneos, surge 
uma série de camadas, ou “bandas”, aproximadamente paralelas à superfície e de 
aspecto e constituição diferentes, chamadas horizontes. É possível visualizar a 
sequência de camadas sobrepostas, embora a transição entre elas nem sempre seja 
bem definida. 
A sequência vertical de horizontes da superfície até a rocha, quando um solo é 
cortado como em um barranco de estrada, denomina-se perfil de solo. O perfil de um 
solo completo e bem desenvolvido, normalmente, apresenta cinco tipos de horizontes 
pedogenéticos (horizontes principais): O, A, E, B e C. 
 
21 
 
 
Esquema de um perfil de solo em um corte de talude de estrada e seus principais horizontes. 
Fonte: Adaptada de Lepsch (2010). 
 
Na Figura, o horizonte O é a camada de acumulação de matéria orgânica 
(pouco decomposta) que recobre o solo mineral. Essa camada se constitui 
basicamente da decomposição primária das folhas e dos galhos que caem dos 
vegetais. O horizonte A é dominantemente mineral, mas com acúmulo de matéria 
orgânica (parcial ou totalmente humificada) e com elevada atividade biológica. O 
símbolo E denomina o processo de eluviação que ocorre com perdas de materiais 
translocados (argilas e/ou óxidos de ferro e húmus) para o horizonte B. A camada 
representada pelo símbolo B é o horizonte mineral de máxima expressão de cor, 
consistência e estrutura e de concentrações de argila e matéria orgânica removidas 
dos horizontes superiores (A e/ou E). Sob esse horizonte, situa-se a camada C, que 
normalmente corresponde a um material inconsolidado, pouco afetado pelos 
organismos, mas que pode estar intemperizado; trata-se da rocha pouco alterada 
pelos processos de formação do solo e, portanto, com características mais próximas 
ao material parental (do qual o solo presumivelmente se formou). O símbolo R 
representa a rocha inalterada (material de origem/material parental). (LEPSCH, 2010). 
 
5.2 Características morfológicas do perfil do solo 
 
Para que possamos conhecer a morfologia dos solos, devemos observar várias 
características, tanto da sua parte interna (ou do seu perfil) como da parte externa (ou 
 
22 
 
da paisagem onde se situa). A seguir, conheceremos as principais características que 
compõem a descrição morfológica do solo. 
 
5.2.1 Cor 
 
A cor é uma das feições pedológicas de mais fácil visualização e identificação. 
A variação da cor do solo está ligada à inferência sobre a ocorrência de processos 
pedogenéticos ou à avaliação de características importantes no solo. Por exemplo, 
solos escuros costumam indicar altos teores de matéria orgânica decomposta. A cor 
vermelha está ligada a solos naturalmente bem drenados e com altos teores de óxidos 
de ferro. A tonalidade cinza pode indicar excesso de água por longo tempo no perfil, 
como em solos situados em áreas baixas próximas aos rios. A cor deve ser descrita 
seguindo uma padronização mundial, denominada de sistema Munsell de cores, 
fazendo-se uso da carta de cores Munsell para solos. (LEPSCH, 2010). 
A anotação da cor do solo é feita pela comparação de um fragmento (torrão) 
de um determinado horizonte do solo com os retângulos da carta de Munsell. A cor 
mais aproximada do torrão de solo amostrado deve ser escolhida, e anotam-se os três 
elementos básicos que compõem uma determinada cor: matiz, valor e croma, 
descritos a seguir. 
 
 
Carta de cores Munsell para solos 
Fonte: https://coralis.com.br/munsell-solos 
 
 Matiz — cor pura (do espectro da luz), estando relacionado com o 
comprimento de onda de luz refletida na amostra de solo (p. ex.: amarelo, marrom, 
cinza). 
 
23 
 
 Valor ou tonalidade — refere-se à luminosidade relativa da cor ou dos tons 
de cinza presentes (entre branco e preto). Varia de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para 
o branco puro). 
 Croma — é a proporção da mistura da cor pura em relação ao cinza (valor). 
Também varia de 0 a 10. 
 
5.2.2 Textura 
 
A textura do solo (ou granulometria) se refere ao conteúdo percentual unitário 
dos constituintes minerais dos agregados ou torrões de um determinado horizonte do 
solo nas seguintes frações (SANTOS et al., 2015): 
 calhaus (ou pedras) (200 a 20 mm de diâmetro); 
 cascalho (de 20 a 2 mm); 
 areia (partículas maiores do que 2 mm); 
 silte (entre 0,05 a 0,002 mm); e 
 argila (menor que 0,002 mm). 
Existem classes texturais para classificar o solo quanto aos seus percentuais 
de areia, silte e argila. Para isso, utilizamos o triângulo textural, que é um diagrama 
generalizado que determina 13 classes texturais do solo em cinco principais 
agrupamentos: muito argilosa, argilosa, média, arenosa e siltosa. 
 
 
Fonte: Santos et al. (2015). 
 
24 
 
A determinação da classe da textura pode ser feita no laboratório ou no campo. 
Sua determinação no campo se baseia na sensibilidade ao tato, em que, quando há 
predomínio de areia, a sensação é de aspereza (tipo lixa, pouco pegajosa). Em caso 
de prevalência de argila, a sensação é de suavidade e pegajosidade (tipo barro),e 
quando a fração silte é predominante, a sensação é de suavidade (tipo talco em pó). 
A facilidade de mecanização do solo, a suscetibilidade à erosão, a porosidade, o 
armazenamento de água, entre outras, são características importantes do solo que a 
textura é responsável por informar. 
 
5.2.3 Estrutura 
 
Refere-se ao padrão de arranjamento das partículas primárias do solo (areia, 
silte e argila), aglomerados em unidades chamadas de agregados ou unidades 
estruturais, separadas entre si pelas superfícies de fraqueza. Os agregados são, 
portanto, unidades naturais secundárias compostas das partículas primárias do solo, 
que são ligadas entre si por substâncias orgânicas, óxidos de ferro e de alumínio, 
carbonatos, sílica e a própria argila (SANTOS et al., 2015). A descrição de estrutura é 
feita no campo, observando-se detalhadamente os agregados, quando removidos do 
perfil. Existem basicamente sete classes de estrutura, conforme mostra a Figura a 
seguir: 
 
 
 
 
25 
 
 
Tipos de estruturas de solo. 
Fonte: Adaptada de Santos e Reichert (2008). 
 
Além do tipo, a estrutura pode ser classificada quanto ao seu grau de 
desenvolvimento, podendo ser maciça, moderada, fraca e forte, e quanto ao seu 
tamanho, podendo ser muito pequena, pequena, média, grande e muito grande. A 
estrutura do solo é um atributo fundamental, pois faz dele um meio poroso. Várias 
propriedades físicas e processos biológicos e químicos são afetados pelo tipo, pelo 
tamanho e pelo grau de desenvolvimento dos agregados dos solos, como: resistência 
à compactação, suscetibilidade à erosão, porosidade do solo, infiltração de água, 
permeabilidade do solo, crescimento de raízes, entre outras. (SANTOS E REICHERT, 
2008). 
 
5.2.4 Consistência 
 
Termo usado para designar as manifestações das forças físicas de coesão 
(solo-solo) e adesão (solo-água) entre as partículas do solo, conforme variações do 
grau de umidade (teor de água) do solo. Podemos conhecer três estados de umidade 
determinados pela consistência, descritos a seguir. 
 Solo seco — avalia a dureza ou tenacidade, medida pela resistência do 
torrão seco à ruptura ou fragmentação, quando comprimido, entre o polegar e o 
indicador. Pode ser classificada como: solta, macia, ligeiramente dura, dura, muito 
dura e extremamente dura. 
 Solo úmido — avalia a friabilidade em um estado médio de umidade e 
consiste em comprimir um torrão, fragmentando-o, e, posteriormente, tentar 
 
26 
 
reconstruí-lo por nova compressão. Ocorrem os seguintes tipos de consistência: solta, 
muito friável, friável, firme, muito firme e extremamente firme. 
 Solo molhado — avalia a plasticidade e a pegajosidade. A plasticidade se 
refere à moldabilidade do solo e é feita pela formação de um fino cilindro de solo e 
posterior tentativa de formar um círculo com o cilindro, entre o indicador e o polegar. 
A resistência à deformação é expressa da seguinte maneira: não plástica, ligeiramente 
plástica, plástica e muito plástica. A pegajosidade é avaliada pela sensação de 
aderência que o solo produz entre o indicador e o polegar. Os graus de pegajosidade 
são expressos pelos seguintes tipos: não pegajosa, ligeiramente pegajosa, pegajosa 
e muito pegajosa. 
A umidade, a textura, o tipo de argilominerais e a matéria orgânica do solo são 
propriedades do solo que afetam sua consistência. Por meio dessa característica, é 
possível inferir a dureza do solo e a plasticidade e a pegajosidade nos diferentes graus 
de umidade, bem como o melhor estágio para a mecanização do solo (friabilidade). 
 
5.2.5 Cerosidade e superfícies de fricção 
 
A cerosidade é um atributo dos solos que apresentam um aspecto lustroso e 
brilho graxo, que pode ser bem observado no plano de ruptura de um bloco e que se 
relaciona à formação de películas ou filmes de argila. Normalmente ocorre na 
manifestação de cor de matiz mais intenso, e as superfícies cerosas são, 
frequentemente, livres de grãos cobertos de areia. Podemos classificar a cerosidade 
quanto ao grau de desenvolvimento (fraca, moderada e forte) e à quantidade de 
ocorrência (pouco, comum e abundante). As superfícies de fricção, também 
comumente chamada de slickensides, são superfícies alisadas e lustrosas geradas 
pelo deslizamento e pelo atrito da massa do solo em função de expansão e contração 
de argilominerais expansivos, por processos alternados de umedecimento e secagem. 
(SANTOS E REICHERT, 2008). 
 
5.2.6 Cimentação, nódulos e concreções minerais 
 
A cimentação existe quando o material do solo apresenta consistência 
quebradiça e dura, devido à presença de um agente cimentante, que pode ser 
 
27 
 
carbonato de cálcio, sílica ou óxidos de ferro e de alumínio. O material de solo 
cimentado não é alterado com o umedecimento, mantendo a sua dureza quando 
molhado. Podemos classificar a cimentação de três maneiras: fracamente cimentado, 
fortemente cimentado e extremamente cimentado. 
A cimentação se refere a materiais cimentados que podem ser removidos sem 
se desfazer da massa do solo. Esses materiais apresentam composição química 
variável, podendo ser de carbonato, de óxidos de manganês ou ferro e de sílica. A 
descrição dos nódulos e das concreções minerais deve conter informações sobre a 
quantidade, o tamanho, a dureza, a cor e a natureza. 
 
5.3 Descrevendo um perfil de solo 
 
A descrição do perfil do solo compõe o levantamento dos solos (ou 
levantamento pedológico), sendo este um prognóstico da distribuição dos solos 
enquanto corpos naturais. Por meio dele, é feita a classificação taxonômica e técnica 
para a identificação do solo. No Brasil, a classificação é realizada por meio do Sistema 
Brasileiro de Classificação de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(Embrapa) e corresponde à ferramenta mais tradicional e mais utilizada para se obter 
informações a respeito de uma área (SANTOS et al., 2015). 
Por meio do levantamento, é possível prever e delinear as áreas nos mapas 
por meio de classes. Para Lepsch (2011), os levantamentos de solos apresentam a 
distribuição espacial das classes de solos, bem como sua descrição e interpretação, 
fornecendo informações essenciais para a tomada de decisões em áreas agrícolas e 
urbanas. As informações provenientes do levantamento pedológico são base de 
dados para projetos, planejamento de uso, manejo e conservação de solos, auxiliando 
na avaliação do potencial e das limitações de uma área (EMBRAPA, 2016). 
 
5.3.1 Objetivo da descrição morfológica 
 
As informações contidas em um levantamento pedológico servem de base para 
atender variados órgãos de assistência técnica, de planejamento e de execução de 
projetos, com finalidades diversas, como estudos de manejo e fertilidade do solo 
(agronomia), estudos de compactação (engenharia) e viabilidade técnica de projetos 
 
28 
 
de irrigação e drenagem. Também têm atendido a instituições de ensino e pesquisa, 
por exemplo, em estudos de identificação, caracterização, gênese e morfologia do 
solo, constituindo bases para pesquisas e estudos em diversas áreas de agronomia, 
engenharia e geociências. Quando a finalidade do levantamento é a representação 
de unidades de mapeamento, é importante que o pesquisador tenha bastante cuidado 
na escolha do(s) local(is) para a(s) descrição(ões) de perfil(is) e coleta de material. Os 
locais devem ser representativos e devem permitir a caracterização adequada da 
unidade referida. 
 
6 COMPOSIÇÃO GERAL DOS SOLOS 
 
O solo é muito importante para o desenvolvimento da vida na Terra, sendo 
utilizado para o cultivo de alimentos e para a implementação de infraestruturas. 
Considerado um recurso fundamental para a sobrevivência de todas as espécies do 
Planeta tanto quanto a água e o ar, o solo é formado por compostos sólidos, líquidos 
e gasosos que, juntos, desenvolvem-no de forma contínua e lenta por meio da ação 
das águas das chuvas, dos ventos, da temperaturae de vários tipos de reações de 
organismos microscópicos e outros maiores. Esses compostos interagem entre si e 
com o ambiente ao redor, já que o solo é um sistema aberto, sofre influência e interfere 
em diversos elementos do Planeta. 
Em todos os períodos da história humana, as atividades desenvolvidas sempre 
tiveram como base a relação do ser humano com o solo. Na Pré-História, os seres 
humanos colhiam os produtos oriundos da terra. Contudo, com o passar dos anos e a 
evolução das técnicas, eles passaram a desenvolver diversos tipos de cultivo da terra 
para a obtenção de alimentos. Portanto, o solo é um recurso tão importante quanto a 
água e o ar para a sobrevivência humana e de todas as espécies do planeta. 
O solo é o resultado de processos contínuos e lentos, em que partículas 
minerais e orgânicas se depositam gradualmente em camadas — os chamados 
horizontes —, por meio da ação das chuvas, dos ventos, da temperatura (calor e frio) 
e de vários tipos de organismos, desde os microscópicos, como fungos e bactérias, 
até as minhocas, as formigas e os cupins. Esses organismos degradam e desgastam 
os elementos do solo, porém o processo de formação do solo é muito lento: para o 
desenvolvimento de um centímetro de solo, são necessários 400 anos (MELO, 2020). 
 
29 
 
Em se tratando das composições sólidas dos solos, é importante considerar 
que o solo é constituído de elementos minerais e macronutrientes, como o nitrogênio 
(N), o fósforo (P), o potássio (K), o cálcio (Ca), o magnésio (Mg) e enxofre (S), que 
são vitais para as plantas. Também fazem parte da sua constituição os elementos 
denominados micronutrientes, como o boro (B), o cloro (Cl), o cobre (Cu), o ferro 
(Fe), o manganês (Mn), o molibdênio (Mo), o zinco (Zn), o silício (Si) e o níquel (Ni), 
exigidos por vários tipos de cultivos. Portanto, os minerais e as rochas que compõem 
a crosta terrestre apresentam grande diversidade, devido ao alto número de 
elementos químicos presentes na litosfera (i.e., a camada exterior sólida da superfície 
terrestre). 
O solo é considerado um elemento reciclador do planeta, pois nele ocorre o 
reaproveitamento de nutrientes que servem como alimento para plantas e animais e 
desempenham um papel vital nesses ciclos geoquímicos. O solo pode assimilar 
grandes quantidades de substâncias orgânicas, transformando-os em húmus, por 
exemplo. (BERTOLLO, 2018). 
 
 
As minhocas presentes no solo produzem húmus e galerias. 
Fonte: Naillin (2018, documento on-line). 
 
Além disso, no solo, ocorre a conversão de nutrientes minerais em formas que 
podem ser aproveitadas pelos animais e pelas plantas, em um processo que retorna 
o carbono (C) para a atmosfera como dióxido de carbono (CO²). Assim, 
sistematicamente, ele se tornará parte dos organismos vivos através da fotossíntese 
das plantas, um processo bioquímico realizado a partir do dióxido de carbono (CO²) 
presente na atmosfera e na água, utilizando a luz solar como fonte de energia. 
Os minerais presentes no solo são definidos como elementos ou compostos 
químicos sólidos, formados por processos geológicos inorgânicos. Dessa forma, para 
 
30 
 
se distinguir os mais de 4 mil tipos de minerais encontrados no planeta Terra, verifica-
se as seguintes propriedades: composição química; arranjo geométrico que organiza 
os átomos que constituem os minerais; cor; dureza e consistência; brilho; 
transparência; e densidade (TEIXEIRA, 2000). 
Quando há uma grande concentração de minerais em determinado lugar da 
crosta terrestre, com viabilidade econômica para ser explorada, os minerais são 
denominados minério ou jazida mineral. Exemplos desses minerais são: ágata, 
galena e ametista. 
Por meio de minerais, rochas e compostos orgânicos, o solo também tem o 
papel de canalizar a água da chuva para os rios e outros corpos hídricos, transferindo 
os elementos antes contidos nos minerais das rochas para os oceanos. Em geral, a 
rocha que está exposta na superfície terrestre se desintegra e se altera, produzindo 
uma camada de detritos desintegrados, que cobrem a rocha dura. Essa camada não 
consolidada, denominada regolito, pode ter uma espessura muito fina ou dezenas de 
metros de espessura. O material do regolito pode ser transportado por muitos 
quilômetros do local onde foi formado inicialmente e é depositado. Logo, esse material 
pode ou não estar relacionado com a rocha que ele cobre. 
Quando essa rocha se intemperiza e fica solta para ser revolvida por alguma 
ferramenta (p. ex., uma pá), esse material pode ser chamado de saprolito. Dessa 
maneira, há efeitos físicos e bioquímicos onde organismos, como bactérias, fungos e 
raízes de plantas, transformaram o regolito, revelando a interação entre os elementos 
que constituem os solos, como rocha, ar, água e seres vivos (BRADY; WEIL, 2013). 
A composição sólida do solo resulta de processos sintetizadores, como o 
intemperismo das rochas, a decomposição de elementos orgânicos, a formação de 
novos minerais (p. ex., argilas) e a formação de camadas, chamadas de horizontes 
do solo. O regolito interage com a atmosfera, as rochas, a água e os seres vivos, e as 
proporções relativas desses componentes influenciam as propriedades e a 
produtividade dos solos. Assim, a composição sólida é composta por uma fração de 
origem mineral, formada por partículas de areia, silte (i.e., fragmentos de rocha 
menores que um grão de areia) e compostos argilosos, e por uma fração de matéria 
orgânica. Em geral, a fração só lida do solo é composta por cerca de 5% de matéria 
orgânica e 95% de material mineral. 
 
 
31 
 
 
Constituição do solo. 
Fonte: Adaptada de Antoniolli (2010, documento on-line). 
 
6.1 As composições líquidas dos solos 
 
A presença da água no solo promove a dissolução dos seus elementos, além 
de ser fundamental para a sobrevivência e o desenvolvimento de plantas e 
organismos que vivem nesse ambiente. As características do clima têm forte influência 
na umidade do solo, um dos principais condicionantes para a vida dos ecossistemas 
e para a produção agrícola. (BRADY; WEIL, 2013). 
O movimento e a circulação da água e das substâncias que estão dissolvidas 
pelo solo garante a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos. A água que circula 
pelo regolito proporciona a formação do solo. Quando há um maior conteúdo de 
matéria orgânica no solo, há maior capacidade de reter a água, ao contrário do que 
ocorre em solos com pouca matéria orgânica. Quando o teor de umidade do solo é 
propício para o crescimento de plantas, a água se move pelos poros para ser usada 
pelas plantas. 
Quando a água do solo não está em estado puro, em virtude de ter substâncias 
inorgânicas e orgânicas dissolvidas, ela é denominada solução. Assim, a parte só lida 
dos solos, sobretudo as partículas menores orgânicas e inorgânicas (p. ex., argila e 
húmus), desprendem nutrientes para a solução do solo, os quais são absorvidos pelas 
 
32 
 
raízes das plantas. Uma série de reações e processos químicos e biológicos 
dependem dos níveis relativos de í ons de hidrogênio (H) e hidroxila (OH) na solução 
do solo, os quais são determinados de acordo com a medição do pH do solo. 
As composições líquidas do solo, também chamadas de água do solo ou 
solução do solo, são compostas por água e seus solutos. Na fase líquida, há a 
possibilidade de deslocamento dos elementos, de modo que as plantas absorvem 
nutrientes diretamente da água do solo. 
 
 
Raiz da planta no solo que absorve nutrientes dissolvidos na água. 
Fonte: Santos (2020, documento on-line) 
 
Portanto, as três principais fases do solo — sólida, líquida e gasosa — 
interagem entre si por meio de interações elétricas e ligações químicas e requerem 
água para ocorrer (Figura). Os cátions (i.e., íons com carga elétrica positiva) de 
elementos como potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) se ligam às cargas 
negativas da parte só lida do soloe se deslocam para a solução do solo, sendo, assim, 
transportados. O nitrogênio também pode constituir a fase só lida e se desloca na 
solução do solo ou na forma de gás nitrogênio e óxidos nitrosos na fase gasosa 
(ANTONIOLLI, 2010). 
Assim, a interação entre as fases do solo é uma dinâmica fundamental para os 
processos químicos, físicos e biológicos. Por esse motivo, o solo é um sistema ativo 
e aberto, realizando trocas com os outros sistemas do seu entorno, a fim de 
desempenhar funções essenciais para a vida na Terra. 
 
 
33 
 
 
Interações entre as fases da composição do solo. 
Fonte: Adaptada de Antoniolli (2010, documento on-line) 
 
O desenvolvimento e as dinâmicas do solo estão relacionados de forma 
inseparável com o ciclo da água no planeta. Nesse contexto, o solo — que é um meio 
poroso — proporciona a infiltração da água das chuvas e a armazena. (ANTONIOLLI, 
2010). 
O solo é um sistema aberto, pois troca matéria e energia com os outros 
sistemas. Uma das principais matérias trocadas é a água, que se desloca da 
atmosfera e penetra no solo. Contudo, também ocorre o movimento inverso, quando 
a água sai do solo e vai para a atmosfera. Por meio dessa dinâmica, a água entra na 
superfície do planeta por meio de infiltração e pode ser armazenada em lençóis 
freáticos e aquíferos. A Figura a seguir, apresenta os componentes do ciclo da água. 
 
 
Fonte: Adaptada de Antoniolli (2010, documento on-line). 
 
34 
 
A ligação da água e dos demais componentes líquidos com o solo também 
influencia a qualidade e a quantidade de água que está disponível aos seres vivos. 
Além das condições naturais, isso depende do tipo de manejo nos sistemas de 
produção agrícola. Por exemplo, revolver o solo, aplicar agrotóxicos, utilizar produtos 
orgânicos para fertilizá-lo ou compactá-lo causará consequências tanto no solo quanto 
na água. 
Os fatores que afetam o conteúdo da água no solo podem ser: ambientais, 
como aqueles relacionados a intensidade e volume das chuvas, topografia, 
intensidade de radiação solar e declividade; relacionados com as próprias 
características do solo, como textura, profundidade, estrutura, densidade, porosidade 
e quantidade de matéria orgânica; e relacionados com as práticas de manejo, como o 
tipo de revolvimento do solo, a manutenção ou ausência de cobertura vegetal e 
irrigação. 
 
6.2 As composições gasosas dos solos 
 
As composições gasosas do solo têm como principal e fundamental 
característica o gás oxigênio. Utilizado por todos os seres vivos, mais especificamente 
aqueles presentes no solo, o oxigênio tem nas raízes das plantas um vetor de 
transferência de elementos minerais das rochas da crosta terrestre para a vegetação. 
Além disso, ele processa os restos orgânicos de plantas e animais terrestres e, em 
uma escala de poucos milímetros, favorece a produção de diversos micro-hábitats 
para os microrganismos que conduzem água e outros nutrientes para as raízes das 
plantas e fornecem várias possibilidades de reações bioquímicas. 
Assim, os espaços entre as partículas do conteúdo só lido do solo são 
essenciais, pois é por meio deles que o ar e a água se deslocam, as raízes das plantas 
se desenvolvem e os microrganismos vivem. Para uma condição de crescimento 
eficiente para a maioria das plantas, o espaço poroso tem de estar dividido com, pelo 
menos, 25% do volume de solo formado por água e os restantes 25% formados por 
ar. Se houver mais água do que nessa divisão, o solo poderá encharcar; ao passo 
que, se tiver menos água, as plantas podem morrer com a seca (ANTONIOLLI, 2010). 
A Figura a seguir, apresenta as passagens de ar no solo. 
 
 
35 
 
 
Passagens de ar no solo. 
Fonte: Lorelyn Medina/Shutterstock.com. 
 
As proporções relativas de água e ar de um solo variam de acordo com a adição 
ou subtração de água no solo. Os solos com a maior parte do seu volume constituí do 
de só lidos são muito compactados, de modo que afetam o desenvolvimento das 
plantas. Ao comparar as camadas mais superficiais do solo, as mais profundas 
tendem a ter menos espaço poroso e matéria orgânica, com uma maior proporção de 
poros pequenos, que podem ser preenchidos por água, em vez de ar. 
A fase gasosa, também chamada de atmosfera do solo, é geralmente composta 
por diversos gases, principalmente oxigênio (O²), gás carbônico (CO²) e nitrogênio 
(N²), que sã o os mesmos gases presentes na atmosfera terrestre. Entretanto, o que 
muda é a concentração em que ocorrem: a concentração de CO² na atmosfera é de 
0,03%, ao passo que, no solo, é de 0,9%. 
Aproximadamente metade do volume do solo é constituído por poros de vários 
tamanhos, geralmente preenchidos por água ou ar. Assim que a água penetra no solo, 
ela é capaz de deslocar o ar de alguns dos poros. Dessa maneira, a quantidade de ar 
do solo é inversamente proporcional ao conteúdo de água. A rede de poros do solo 
funciona como um sistema de ventilação, ligando os seus espaços vazios à atmosfera. 
Assim, quando os poros são preenchidos por água em excesso, esse sistema de 
ventilação é interrompido. (ANTONIOLLI, 2010). 
Pode-se comparar essa situação com uma sala sem espaços para a ventilação, 
onde o oxigênio não poderia entrar, tampouco o dióxido de carbono poderia sair. 
Assim, o ar dentro da sala logo ficaria pobre em oxigênio e com grande teor de dióxido 
de carbono e vapor de água, em virtude da respiração (pela atividade de inalação e 
exalação) das pessoas que ali estivessem. O mesmo resultado ocorre em um poro do 
 
36 
 
solo ocupado com ar, circundado de poros menores cheios de água, onde ocorrem as 
reações químicas e biológicas de raízes das plantas e dos microrganismos (BRADY; 
WEIL, 2013). 
Dependendo da localização do solo, a composição do ar que está em seu 
interior pode variar. Em compartimentos pequenos e isolados, certos gases são 
consumidos pelas raízes das plantas ou pelas reações químicas dos micróbios, ao 
mesmo tempo que outros são liberados, o que altera significativamente a composição 
do ar presente no solo. O teor de certos gases e a composição do ar do solo são 
motivados pelo teor de água, pois o ar é encontrado nos poros que não são ocupados 
por líquido. Quando o solo é drenado, após receber uma chuva intensa ou irrigação, 
em um contexto em que a água vai sendo deslocada pela evaporação ou a 
transpiração das plantas, os primeiros poros deixados pela água sã o os grandes, 
depois os de tamanho médio, seguidos pelos menores. Assim, há uma tendência de 
os solos com grande proporção de poros pequenos serem deficientes em aeração. A 
falta de oxigênio, tanto no ar do solo como dissolvido na água, altera as reações 
químicas que ocorrem na solução do solo. O impacto de qualquer elemento nas 
propriedades do solo ocorre de forma dependente dos outros, já que eles interagem 
entre si e determinam as características do solo. Por exemplo, a matéria orgânica tem 
capacidade de aglutinação de materiais e influencia no arranjo de partículas minerais 
em agregados, o que aumenta o número dos poros maiores do solo e as interrelações 
entre o ar e a água (BRADY; WEIL, 2013). 
No contexto das inter-relações entre elementos, as raízes das plantas podem 
absorver todos esses nutrientes da solução do solo quando o oxigênio presente for 
suficiente para sustentar o metabolismo da planta. 
Logo, entre as funções desempenhadas pelas composições gasosas dos solos, 
principalmente pelo oxigênio, está a participação das reações dos organismos que 
vivem no solo, que realizam a decomposição e a estabilização da matéria orgânica. 
Esses organismos promovem a disponibilização e a reciclagem de nutrientes, além 
de utilizarem esses gases como energia para desempenhar funções físicas, como a 
agregação e a produção de poros biológicos. Essas funções são fundamentais para 
um funcionamento eficiente do solo, bem como para a saúde, a fertilidade e a 
produtividade das diversasculturas. 
 
 
37 
 
7 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 
 
Constantemente, se tem contato com as rochas e o solo. E é nessas condições 
que se constrói, se planta e se vive. O processo de intemperismo físico, químico e 
biológico resulta no processo de pedogênese e formação do solo, que é fundamental 
para a vida na Terra. Os solos encontrados na superfície da Terra apresentam 
diversidade em função das condicionantes de formação. Por isso, são classificados. 
É fundamental ao profissional da Geografia conhecer os critérios e fatores para a sua 
classificação. Os solos encontrados na superfície da Terra apresentam grande 
diversidade, e sua classificação pode ser feita segundo diferentes critérios. As 
diferentes combinações de fatores de formação genéticos, morfológicos ou 
morfogenéticos dão origem a diferentes classificações pedológicas. 
 
7.1 Níveis categóricos do sistema de classificação de solo 
 
O solo é resultado do processo de intemperismo, que leva à pedogênese, ou 
seja, à formação do solo. De acordo com Teixeira et al. (2003), essa situação ocorre 
quando as modificações se tornam estruturais, com organização e transferência de 
minerais formados no solo. Nesse sentido, torna-se importante classificar os solos em 
função, principalmente, de suas características morfológicas, físico-químicas e 
mineralógicas. Todas as características morfológicas são de extrema relevância, mas 
algumas são indispensáveis para o entendimento das condições dos solos, como: as 
cores úmidas e secas dos horizontes e as cores úmidas dos subsuperficiais, conforme 
a carta de cores de Munsell, a estrutura, a cerosidade, a consistência e a transição 
(EMBRAPA, 2020). 
A ciência que estuda o solo, denominada pedologia, é bastante recente (1870), 
se a compararmos com as demais ciências. O cientista russo Vasily Dokuchaev e seus 
discípulos conceberam que os solos existem como corpos da natureza e, então, 
desenvolveram um sistema para classificá-los. Porém, as dificuldades de 
comunicação internacional naquela época retardaram o processo. Foi apenas em 
1920 que Curtis F. Marbut, um cientista do Departamento de Agricultura dos Estados 
Unidos (USDA), compreendeu o conceito de solos como corpos da natureza e 
desenvolveu um esquema de classificação com base nesse princípio (BRADY; WEIL, 
2013). 
 
38 
 
Ao se abordar o sistema de classificação, convém definirmos o termo 
taxonomia, que se refere ao estudo teórico da classificação, incluindo bases, 
princípios, procedimentos e regras, sendo o termo táxon utilizado para designar um 
grupo de organismos de qualquer categoria. No campo, os solos são heterogêneos, 
e, por isso, há necessidade de se caracterizar um indivíduo solo em termos de uma 
unidade tridimensional imaginária, denominada pedon, sendo considerada a menor 
unidade de amostragem e aquela que apresenta toda a gama de propriedades de um 
determinado solo. 
Um conjunto de pedons similares, com tamanho suficiente para ser 
reconhecido como um componente da paisagem, é denominado polipedon ou 
indivíduo solo (BRADY; WEIL, 2013). Todos os indivíduos solo do mundo, que 
possuem um conjunto de propriedades do perfil e horizontes em comum, pertencem 
a uma mesma série de solo. Assim, uma série de solo corresponde a uma classe de 
solos, e não a um indivíduo solo. Veja a ilustração na Figura a seguir (BRADY; WEIL, 
2013). 
 
 
Diagrama esquemático ilustrando os conceitos de pedon e do perfil do solo que o caracteriza. 
Fonte: Brady e Weil (2013, p. 67). 
 
Apesar de a classificação científica dos solos ter se iniciado com os trabalhos 
de Dokuchaev na Rússia, muito países desenvolveram, e continuam desenvolvendo, 
os seus sistemas próprios de classificação, sendo o Brasil um deles (BRADY; WEIL, 
2013). De acordo com Brady e Weil (2013), o órgão do USDA denominado Soil Survey 
Staff começou, em 1951, a colaborar com pedólogos de vários países na elaboração 
de um sistema de classificação abrangente, para retratar a realidade de todos os solos 
do planeta Terra. Tais estudos foram publicados em 1975 (revisados em 1999) e 
 
39 
 
resultaram em um importante documento, intitulado Soil Taxonomy, que tem sido 
utilizado nos EUA e em outros 50 países, permanecendo vigente até hoje. 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2004), 
o Soil Taxonomy é um sistema que abrange a classificação americana de solo, e os 
agrupamentos obtidos inicialmente são os chamados táxons, que constituem o 
esqueleto desse sistema. O sistema está definido com base em propriedades 
mensuráveis e observadas no campo. São seis as categorias utilizadas pelo sistema 
americano, sendo ordem, subordem, grande grupo, subgrupo, família e série. 
A nível mundial, a Organização para Alimentação e Agricultura das Nações 
Unidas (FAO) desenvolveu uma classificação comum para todos os países, 
denominada Base de Referência Mundial para Recursos do Solo, ou World Reference 
Base for Soils (WRB/FAO)( BRADY; WEIL, 2013). No Brasil, a classificação de solos 
teve início no final do século XIX, a partir dos conceitos estabelecidos por Dokuchaev. 
Mais adiante, na década de 1950, foram realizadas as primeiras modificações na 
classificação americana, com os primeiros levantamentos pedológicos realizados pela 
extinta Comissão de Solos do Centro Nacional de Ensino e Pesquisa Agronômica. De 
acordo com Teixeira et al. (2003), os solos brasileiros vêm sendo estudados 
gradativamente pela Embrapa, com levantamentos cartográficos sistemáticos em todo 
o território brasileiro. 
Esses trabalhos, ao longo do tempo, permitiram o desenvolvimento de uma 
classificação própria, publicada em 1999, com o esforço de diversas instituições de 
ensino. Trata-se da 1ª edição do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos 
(SiBCS), que teve como influência as escolas francesas e americanas e suas várias 
publicações, como Soil Taxonomy, WRB/FAO, Référentiel Pédologique Français e 
Référentiel Pédologique (EMBRAPA, 2020). Ela consiste em uma evolução do antigo 
sistema americano, escrito por Baldiw et al. (1938) e, posteriormente, modificado por 
Thorp e Smith (1949). Segundo a Embrapa (SANTOS et al., 2018), foram mantidos os 
conceitos centrais do antigo sistema americano, porém, a classificação brasileira 
realizou modificações de critérios, criou classes de solo, desmembrou outras classes 
e formalizou o reconhecimento de subclasses de transição e intermediária. O SiBCS 
é continuamente aprimorado, em decorrência da evolução científica e do uso de 
escalas reduzidas, por meio de novos levantamentos técnicos in loco. O SiBCS teve 
sua 5º edição lançada no ano de 2018. 
 
40 
 
Conforme os levantamentos pedológicos foram sendo executados pela 
Comissão de Solos e por outras instituições sucessoras, foram realizadas 
modificações, acréscimos, reajustes e inovações, em função do avanço da pesquisa 
de solos no Brasil (SANTOS et al., 2018). Ainda na década de 1960, em um 
levantamento pedológico realizado no estado de São Paulo, foi reconhecido que 
horizontes pedogenéticos distintivos são legítimos como critérios de diagnóstico para 
o estabelecimento de classes de solo. Tal medida resultou em conceitos de horizonte 
B latossólico e horizonte B textural (SANTOS et al., 2018). Ao longo do tempo, estudos 
realizados em algumas regiões brasileiras reconheceram novos horizontes e novos 
tipos de solo, em regiões como o sul de Minas Gerais, a região Sul do País, o estado 
de São Paulo, a região Nordeste, entre outras. 
Segundo a Embrapa (SANTOS et al., 2018), o SiBCS vem sendo 
gradativamente construído pela comunidade científica brasileira há décadas, com a 
participação de cientistas de diversas instituições de ensino, da própria Embrapa e de 
outros centros de pesquisa. Atualmente, o SiBCS se encontra estruturado na forma 
de chave taxonômica até o 4º nível categórico, com recomendações de 
características/propriedades aserem empregadas na classificação de solos no 5º 
nível categórico (família). Ainda assim, na forma em que se encontra, o SiBCS já 
atende a praticamente todas as demandas atualmente conhecidas no Brasil acerca 
dos solos. As sugestões de características/propriedades para o 6º nível categórico 
são de caráter preliminar, e a sua implementação demandará um volume de 
informação específico e suporte organizacional no país para a sua validação. 
 
 
Fonte: https://agriculturaemar.com/ 
 
41 
 
7.2 Distribuição geográfica dos solos brasileiros 
 
Segundo o Programa Nacional de Solos do Brasil (2016), conhecido como 
PronaSolos, o Brasil dispõe apenas de levantamentos de solo de caráter geral, com 
mapas de pequena escala, sendo que menos de 5% do território nacional conta com 
mapas de solos em escala 1:100.000 ou maior. Ou seja, ainda não conhecemos com 
detalhes boa parte do solo brasileiro. 
Levantar e mapear com detalhes os solos brasileiros é importante porque os 
resultados mostram, dentre outras coisas, as propriedades dos solos que afetam o 
uso da terra, a localização exata de cada tipo de solo de uma determinada área 
(fazenda, município, microbacia, estado) e a sua caracterização. Por esse motivo, foi 
criado, no ano de 2015, o PronaSolos. 
A importância dessa temática é tão grande que, por meio de uma exigência do 
Tribunal de Contas da União, o governo federal criou o Decreto Federal n°. 9.414, de 
19 de junho de 2018, que institui o Programa Nacional de Levantamento e 
Interpretação de Solos do Brasil, a ser financiado por meio de orçamentos 
disponibilizados pelo governo federal (BRASIL, 2018). 
Em todo o caso, os estudos de classificação e mapeamento do solo realizados 
no Brasil ao longo das últimas décadas resultaram em um conhecimento técnico 
avançado, que, mesmo em pequena escala, nos mostra um panorama sobre a 
realidade do país. É isso que abordaremos a seguir. O mapa de solos do Brasil 
atualizado foi apresentado no ano de 2011 pela Embrapa Solos, na escala de 
1:5.000.000 (ou seja, um centímetro linear no mapa equivale a 50 km no terreno), 
sendo reconhecido internacionalmente pelas contribuições relevantes aos solos 
tropicais. Esse mapeamento foi atualizado conforme a primeira versão do SiBCS 
(SANTOS et al., 2006), possibilitando a visualização e a identificação das classes 
gerais de solos do país. 
Desse modo, temos, no Brasil, as seguintes classes de solos: argissolos, 
cambissolos, chernossolos, espodossolos, gleissolos, latossolos, luvissolos, 
neossolos, nitossolos, organossolos, planossolos, plintossolos e vertissolos. Vamos 
estudar detalhadamente cada um deles a seguir. 
 
 
42 
 
7.2.1 Argissolos (P) 
 
Esse tipo de solo é encontrado em todas as regiões brasileiras, sendo o 
segundo mais representativo, abrangendo aproximadamente 24% da superfície do 
país. Sua coloração pode variar de acinzentada a avermelhada, sendo os matizes 
amarelos e vermelhos. Identifica-se pelo maior teor de argila nos horizontes 
subsuperficiais em relação aos superficiais. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.2 Cambissolos (C) 
 
Esse tipo de solo é encontrado em todas as regiões brasileiras, ocupando 2,5% 
da área do país. Possui uma alta quantidade de matéria orgânica e alumínio extraível 
e é importante principalmente nos estados da região Sul do Brasil. Sua coloração é 
escura (preta), com pouco diferenciação dos horizontes (cor e estrutura). Apresenta 
elevada fertilidade natural. É comum também no Nordeste do Brasil, principalmente 
no Acre. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.3 Chernossolos (M) 
 
Esse tipo de solo tem baixa ocorrência no Brasil e ocupa 0,5% da área do país. 
Apresenta cor escura na superfície, possui uma alta fertilidade e apresenta de médios 
a altos teores de carbono, cálcio e magnésio, com alta saturação por bases. 
(EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.4 Espodossolos (E) 
 
Esse tipo de solo ocorre de maneira muito esparsa no Brasil, pela costa do país 
(áreas de restinga) e no interior da Amazônia Ocidental, onde é expressivo. Ocupa 
em torno de 2% do território brasileiro. Apresenta coloração escura (marrom escuro, 
geralmente) na subsuperfície, onde há acúmulo de matéria orgânica e/ou alumínio e 
ferro (podendo ou não ocorrer). (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.5 Gleissolos (G) 
 
Esse tipo de solo é encontrado principalmente na planície amazônica, nos 
estados de Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro e São Paulo e no Rio Grande do Sul, 
 
43 
 
ocupando aproximadamente 4% da área do Brasil. É caracterizado como mal ou muito 
mal drenado, correspondendo a um solo hidromórfico. Dessa maneira, apresenta 
baixo grau de desenvolvimento pedogenético, apresentando grande variabilidade em 
relação à composição química e física, em decorrência da natureza do material 
depositado. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.6 Latossolos (L) 
 
Esse tipo de solo cobre 39% do território brasileiro, sendo o que possui a maior 
ocorrência. É altamente evoluído e intemperizado e sem incremento de argila em 
profundidade; apresenta espessura acima de 1,50 m. A textura varia de média a muito 
argilosa. As cores são geralmente brunadas, avermelhadas ou amareladas. Sua 
coloração possui relação com a presença de óxidos de ferro e alumínio, que conferem 
valores de capacidade de troca de cátions menores ou iguais a 17 cmolc kg-1. 
(EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.7 Luvissolos (L) 
 
Esse tipo de solo cobre 3% do território brasileiro, sendo que a área de maior 
ocorrência é no Nordeste do Brasil, principalmente na zona semiárida. Possui 
estrutura bem desenvolvida, com alta fertilidade química natural. É raso, de maneira 
geral, e de coloração amarelada ou avermelhada. Possui um aumento significativo 
dos teores de argila nos horizontes subsuperficiais, podendo apresentar mudança 
textural abrupta. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.8 Neossolos (R) 
 
Esse tipo de solo se apresenta em 15% do território brasileiro, com ocorrência 
em todas as regiões do Brasil. São solos pouco evoluídos, jovens, constituídos por 
material mineral ou por matéria orgânica com menos de 0,20 m de espessura. 
(EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.9 Nitossolos (N) 
 
Esse tipo de solo se apresenta em 1,5% do território brasileiro, com ocorrência, 
principalmente, nos estados da região Sul; porém, é visto também no estado de São 
 
44 
 
Paulo. Apresenta textura argilosa ou muito argilosa, com pouco argila em 
profundidade. São solos profundos, evoluídos, de coloração variando de avermelhado 
a bruno, sendo observada pouca diferenciação de coloração entre seus horizontes. 
São bem drenados, moderadamente ácidos e de fertilidade natural variável. 
 
7.2.10 Organossolos (O) 
 
Esse tipo de solo se apresenta de forma dispersa, em pequenas manchas pelo 
território brasileiro. É constituído por material orgânico (restos de vegetais), por isso, 
possui elevados teores de carbono e coloração preta, cinzenta, muito escura ou 
brunada. O material orgânico acumulado pode ocorrer em condições de drenagem 
livre, em altitude elevada e com baixas temperaturas, ou com forte restrição de 
drenagem, como em vales/baixas ou depressões. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.11 Planossolos (O) 
 
Esse tipo de solo se apresenta em aproximadamente 2% da área do país, 
principalmente em áreas de relevo plano ou suave ondulado, especialmente no Rio 
Grande do Sul, onde se planta arroz irrigado, e em pastagens na região Nordeste do 
país e no Pantanal. A textura é arenosa em superfície, porém, com presença de argila 
em subsuperfície, podendo ocorrer mudança textural abrupta. São extremamente 
duros quando secos, com baixa permeabilidade em subsuperfície, propiciando cores 
acinzentadas ou variegadas e mosqueadas, devido aos ciclos de redução e oxidação 
do ferro. (EMBRAPA, 2020). 
 
7.2.12 Plintossolos (F) 
 
Esse tipo de solo se apresenta em aproximadamente 6% da área do país, 
principalmente em áreas de relevo plano ou suave ondulado, em áreas deprimidas, 
em planícies aluvionais e em terços inferiores

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