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Solos agricolas

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Prévia do material em texto

Solos Agrícolas 
Profª. Drª. Camila de Cassia Silva
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling 
Caroline da Silva Marques 
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante 
Geovane Vinícius da Broi Maciel 
Jéssica Eugênio Azevedo 
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt 
Carlos Eduardo Firmino de Oliveira
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
S586s Silva, Camila de Cassia 
 Solos agrícolas / Camila de Cassia Silva. Paranavaí: 
 EduFatecie, 2022. 
 114 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Solos - Manejos. 2. Fertilidade do solo. 3. Solos - 
 Classificação. 4. Solos - Degradação . I. Centro Universitário 
 Unifatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 631.42 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTORA
Professora Dra. Camila de Cassia Silva
● Doutora em Agronomia pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). 
● Licenciada em Ciências Biológicas pela UENP (Universidade Estadual do Norte 
do Paraná). 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/8196551482918960
http://lattes.cnpq.br/8196551482918960
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já 
é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Aqui, iremos 
discutir sobre um dos tópicos mais importantes na área das Ciências Agrárias: o solo. Te 
convido a explorarmos juntos os pontos chave relacionados aos solos agrícolas, e a melhor 
forma de manejá-los para que seja possível garantir a produtividade das culturas.
Na unidade I começaremos a nossa jornada entendendo como se deu o início 
do uso dos solos para fins agrícolas, e, também, como esse solo foi formado, visto que 
muitos fatores estão envolvidos como a sua formação. Além disso, serão apresentados 
os processos que dão origem ao solo. Esse conhecimento é fundamental para que você 
possa compreender por que os solos podem apresentar características específicas que são 
facilmente observadas nas diferentes camadas do solo, também chamadas de horizontes.
A partir daí, na unidade II, vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as propriedades 
do solo e como eles podem ser classificados. Serão discutidas as principais propriedades 
químicas, físicas e biológicas do solo, e os sistemas que podem ser utilizados para a classificação 
do solo. O entendimento da interação entre as propriedades do solo é fundamental para entender 
o comportamento do solo, pois elas podem variar de região para região, e também de acordo 
com o tipo de manejo que se é realizado na área. A partir do conhecimento das propriedades 
do solo, é possível realizar a sua classificação. No Brasil, devido à grande diversidade das 
paisagens, foi desenvolvido um sistema próprio de classificação.
Já na unidade III, iremos conversar a respeito da fertilidade do solo e nutrição das 
plantas. A partir dos conteúdos explorados nesta unidade você irá compreender porque 
alguns nutrientes são considerados essenciais ao desenvolvimento vegetal, enquanto 
outros não o são, e quais os fatores podem interferir em sua disponibilidade no solo.
Por fim, na unidade IV, discutiremos um assunto que tem ganhado cada vez mais 
espaço no cenário a agrícola: a qualidade do solo. Não é novidade que algumas práticas 
empregadas nos sistemas de produção podem levar à degradação dos solos, o que pode 
causar grandes prejuízos, principalmente a longo prazo, se considerarmos que o solo não 
é um recurso renovável. No entanto, junto com a modernização da agricultura têm sido 
apresentadas algumas práticas que têm por objetivo promover a conservação do solo, 
as chamadas práticas conservacionistas, as quais podem garantir a qualidade do solo, e 
consequentemente, a produção das culturas. 
Dessa forma, a partir dos conteúdos abordados nesse material, espero contribuir 
para seu crescimento pessoal e profissional. 
Muito obrigada e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 
UNIDADE II ................................................................................................... 27
Propriedades e Classificação do Solo 
UNIDADE III .................................................................................................. 55
Introdução à Fertilidade do Solo
UNIDADE IV .................................................................................................. 80
Qualidade x Degradação do Solo
4
Plano de Estudo:
● Breve histórico do surgimento da agricultura;
● O solo: processo de formação.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar a importância do solo para a agricultura;
● Descrever os fatores e processos envolvidos na formação do solo;
● Discutir como é formado o perfil do solo;
● Conceituar os horizontes do solo.
UNIDADE I
 A Importância do Solo em 
Sistemas Agrícolas 
Profª. Drª. Camila de Cassia Silva
5UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
INTRODUÇÃO
Olá! Nesta unidade iremos discutir sobre a formação e importância dos solos 
agrícolas. O solo é considerado um dos principais fatores da área de Ciências Agrárias. 
Historicamente, o homem sempre se interessou pelo solo, visto que este é o suporte 
das plantas que são consideradas úteis à subsistência da humanidade, além de suas 
propriedades serem condicionantes ao rendimento das culturas. 
Mas como os solos foram formados? Quais processos estão envolvidos em sua 
formação? Quais são as suas propriedades? Por que o entendimento de suas características 
é tão relevante aos sistemas agrícolas? A seguir, iremos discutir os principais pontos 
relacionados à história da formação deste componente fundamental da paisagem agrícola, 
assim como a sua relação com a agricultura.
Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a 
maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam da sua formação. 
6UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
1. BREVE HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA AGRICULTURA
A palavra Agricultura é um substantivo feminino que deriva do latim, sendo que ager 
significa campo e cultura,enquanto colere tem o sentido de cuidar, cultivar plantas. Dessa 
forma, seu significado é o conjunto de trabalhos que transformam o meio natural para a 
produção de vegetais e de animais úteis ao homem (TAVARES et al., 2019).
A agricultura é um fenômeno recente na história da humanidade. De acordo com 
estudos arqueológicos, enquanto a existência do homem é avaliada em aproximadamente 
1.000.000 de anos, os vestígios da execução de práticas agrícolas surgiram, no máximo, 
há 10.000 anos (OLIVEIRA JR, 1989).
Durante a maior parte da sua existência, o homem retirou da natureza os produtos 
necessários à sua alimentação de forma a garantir sua reprodução biológica. Neste cenário, 
a caça, a pesca e a coleta de frutos, raízes, cereais, entre ouros alimentos, foram as 
principais atividades humanas até que a agricultura se consolidasse (OLIVEIRA JR, 1989).
Diante disso é fácil perceber que a agricultura não surgiu como uma transformação Diante disso é fácil perceber que a agricultura não surgiu como uma transformação 
repentina, onde o homem simplesmente passou de caçador e coletor, a agricultor. Durante repentina, onde o homem simplesmente passou de caçador e coletor, a agricultor. Durante 
todo esse processo, algumas espécies começaram a ser cultivadas e criadas, e logo todo esse processo, algumas espécies começaram a ser cultivadas e criadas, e logo 
depois foram abandonadas. Também houve casos de que que animais e plantas foram depois foram abandonadas. Também houve casos de que que animais e plantas foram 
domesticados e depois voltaram ao seu estado selvagem. Dessa forma, é muito complicado domesticados e depois voltaram ao seu estado selvagem. Dessa forma, é muito complicado 
apontar as diferenças entre as atividades de caça e coleta de certas formas de agricultura, apontar as diferenças entre as atividades de caça e coleta de certas formas de agricultura, 
principalmente porque não existe sucessão alguma de etapas que nos permitam determinar principalmente porque não existe sucessão alguma de etapas que nos permitam determinar 
com com clareza os elementos capazes de demonstrar o período em que as atividades de caça 
e coleta terminaram, e deram lugar à agricultura propriamente dita (OLIVEIRA JR, 1989).
7UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Dessa forma, iremos considerar que o surgimento da agricultura se deu quando 
determinada sociedade reuniu uma série de condições, historicamente suficientes, para 
tirar proveito das potencialidades de um determinado meio natural. Alguns elementos 
são apontados como facilitadores do surgimento da agricultura como uma prática social, 
como: o modelo de consumo alimentar, que passou a integrar os cereais nas dietas; a 
sedentariedade, que permitiu que os cereais passassem a ser cultivados, e a criação de 
animais. Sendo assim, de forma geral, o surgimento da agricultura só foi possível devido a 
presença de uma economia sedentária de coleta intensiva (OLIVEIRA JR, 1989).
Até aqui, podemos observar que a agricultura teve início no momento em que o homem 
deixou de atender apenas às suas necessidades básicas e passou a produzir excedentes, 
prestando mais atenção no uso e manejo do solo e das sementes. Naquela época, não 
havia nenhuma preocupação com a preservação do meio ambiente, apenas a obtenção de 
altas produtividades era considerada importante. Como consequência desse pensamento, os 
solos perderam sua capacidade nutricional e produtiva (TAVARES et al., 2019).
Acompanhando o desenvolvimento das civilizações, houveram transformações 
nas formas de cultivo, os quais tornaram-se mais prósperos, ultrapassando questões de 
sobrevivência. Neste contexto, após o surgimento da agricultura, é possível dividir sua 
história em mais quatro fases (ALMEIDA, 2004). 
Na segunda fase, surge uma agricultura mais organizada, para atender às 
necessidades dos nobres e do clero. A terceira fase se caracterizou pelo surgimento das 
primeiras unidades agrícolas, em áreas cedidas pela Igreja ou por senhores feudais, e foi 
quando surgiu o uso de tração animal. A quarta fase ocorreu durante o século XX, em que a 
atividade agrícola passou a ser o acúmulo de capital para amparar a economia de consumo. 
Já a quinta fase teve início no final do século XX, caracterizando-se pelo surgimento de 
novas ideias agronômicas, transformando os pensamentos de uma agricultura familiar para 
outra de nível muito maior, e mais moderna (ALMEIDA, 2004).
A seguir, iremos discutir sobre o elemento chave para a existência a agricultura: o solo.
8UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2. O SOLO: PROCESSO DE FORMAÇÃO
O solo pode ser definido como uma coleção de corpos naturais, ocupando uma 
parte da superfície do globo, que suporta as plantas, e cujas propriedades são provenientes 
do efeito integrado do clima e da matéria viva sobre um material original, condicionado pela 
natureza da rocha, o relevo e o tempo (SOIL SURVEY STAFF, 1999). 
É considerado como o substrato para a vida dos ecossistemas, constituindo um 
sistema vivo e dinâmico que intervém como regulador dos ciclos biogeoquímicos e hidrológico, 
funcionando como filtro e reservatório de armazenamento de água, desempenhando ainda 
funções de suporte físico e químico para a vida. Dessa forma, pode ser visto como um 
recurso natural vital, embora seja finito (CORTEZ e ABREU, 2008).
No entanto, há milhões de anos atrás o solo não existia, e durante muito tempo 
foram observadas apenas rochas, dos mais variados tamanhos, as quais foram denomina-
das rochas matrizes. No entanto, esses rochedos começaram a ruir, até que se quebraram 
tantas vezes que se transformaram em pequenos grãos. Estes, por sua vez, passaram por 
novos processos de divisão, até se tornarem minerais. Todo o processo de alteração da 
formação de rochedos, devido à desagregação e decomposição das rochas, é chamado de 
intemperismo (DAIBERT e SANTOS, 2014). 
Esses materiais que passaram pelo processo de intemperismo, posteriormente 
sofreram uma reorganização estrutural, o que caracteriza o processo de pedogênese. Segundo 
Muggler et al. (2005), a pedogênese pode ser definida como o processo no qual o solo se 
forma, levando em consideração o resultado dos fatores de formação do solo que nele atuam.
9UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
A pedogênese é considerada uma ciência recente, que teve o seu início marcado 
pelos trabalhos realizados pelo pesquisador V. V. Dokuchaev (1846-1903), que ficou 
conhecido por apresentar um modelo fatorial de formação do solo, que propunha que este 
era formado devido à interação entre o clima, os organismos presentes na paisagem, o 
relevo, o material parental e o tempo (PEREIRA et al., 2019). 
Ou seja, a formação dos solos está relacionada às intempéries sofridas, e à interação 
dos cinco fatores, os quais dão origem aos processos pedogenéticos: a transformação, a 
translocação, a adição e perda. A atuação desses processos em diferentes intensidades, 
que irá depender das condições ambientais, é responsável pela variabilidade dos tipos de 
solos de uma determinada paisagem (PEREIRA et al., 2019). 
O solo compreende a porção superior da crosta terrestre (litosfera), mais 
precisamente a porção superior do regolito, que é o material solto, constituído de rocha 
alterada e solo, ocorrendo acima da rocha consolidada (Figura 1).
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA FORMAÇÃO DE UM SOLO, 
CONTENDO A MATRIZ ROCHOSA (BEDROCK), MATERIAL DE ORIGEM (PARENTE 
MATERIAL), SUBSOLO (SUB SOIL), SOLO SUPERFICIAL (TOP SOIL) E A CAMADA 
ORGÂNICA (ORGANIC LAYER)
 
10UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.1 As rochas
As rochas podem ser definidas como um agregado sólido que ocorre naturalmente, 
constituído por um, ou mais, minerais, e podem ser classificadas de acordo com sua 
composição química, sua forma estrutural ou sua textura, sendo mais comum classificá-las 
de acordo com os processosde sua formação. 
2.1.1 Rochas Ígneas
As rochas ígneas, também conhecidas como magmáticas, são resultantes do 
processo de solidificação e consolidação do magma. 
As rochas ígneas podem ser classificadas sob dois critérios: o textural e o 
mineralógico. O critério textural é muito útil quando se deseja realizar a identificação do 
ambiente em que a rocha se cristalizou. Já o critério mineralógico é baseado na proporção 
entre seus minerais principais. 
As rochas magmáticas também podem ser classificadas como: vulcânicas (ou 
extrusivas), que são aquelas formadas devido às erupções vulcânicas, que passaram por 
um rápido processo de resfriamento na superfície, como acontece com o basalto, a pedra-
pomes e o vidro vulcânico; e plutônicas (ou intrusivas), formadas dentro da crosta terrestre 
por meio de um processo lento de resfriamento, como acontece com o granito e a diábase 
(DAIBERT e SANTOS, 2014). 
2.1.2 Rochas Sedimentares
As rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo de pequenos fragmentos que 
são decorrentes do desgaste de uma rocha matriz. Por serem constituídas por sedimentos 
acumulados, recebem o nome de rochas sedimentares, e podem ser classificadas em:
● Detríticas – formadas a partir de detritos de outras rochas, como por exemplo o 
arenito, o argilito, o varvito e o folhelho.
● Quimiogénicas – formadas devido a precipitação de substâncias dissolvidas em 
água, assim como ocorre com o sal-gema, as estalactites e as estalagmites.
● Biogênicas – formadas por restos de seres vivos. Aqui pode-se citar como 
exemplo o calcário conquífero, formado a partir dos resíduos de conchas de animais 
marinhos e que possui o mineral calcita, e o carvão, formado a partir dos resíduos 
de vegetais.
11UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.1.3 Rochas Metamórficas
As rochas metamórficas são formadas pela deformação de rochas magmáticas, 
sedimentares, e até mesmo outras rochas metamórficas, devido às alterações de condições 
ambientais, como a temperatura e a pressão, ou a atuação simultânea de ambas.
Como exemplos de rocha metamórfica podemos citar o gnaisse, que é formado 
a partir do granito, a ardósia, formada a partir do argilito, o mármore, formado a partir do 
calcário, e o quartzito, formado a partir do arenito (DAIBERT; SANTOS, 2014). 
SAIBA MAIS
Para que seja possível a formação de diferentes tipos de rochas, essas passam por 
processos específicos, resultando em propriedades particulares em cada uma delas. 
Para compreender melhor os processos de formação das rochas ígneas, sedimentares 
e metamórficas.
Assista ao vídeo disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=EGK1KkLjdQY.
2.2 Intemperismo
O intemperismo é o conjunto de fenômenos químicos, físicos e biológicos que 
provocam a alteração das rochas e seus minerais e que levam à degradação e enfraquecimento 
das rochas. Esse fenômeno, junto com a erosão, é de grande importância para a formação, 
assim como para a constante modificação no relevo terrestre (DAIBERT e SANTOS, 2014).
As rochas e seus minerais são submetidos à ação dos agentes do intemperismo, 
e os fragmentos obtidos de tais rochas vão ficando cada vez menores e se acumulando 
nas encostas, baixadas ou até mesmo sobre o próprio material de origem. Dessa forma, é 
sobre esse material geológico o verdadeiro solo é formado, resultante da ação de forças 
pedogenéticas (DAIBERT e SANTOS, 2014).
A seguir, você irá conhecer os diferentes tipos de intemperismo.
https://www.youtube.com/watch?v=EGK1KkLjdQY
12UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.2.1 Intemperismo Físico
O intemperismo físico é responsável por alterar o tamanho ou a forma dos minerais 
sem modificar a composição mineralógica (CARNEIRO; GONÇALVES e LOPES, 2009). 
Ocorre principalmente devido à variação de temperatura nas rochas, sendo mais comum 
em climas secos, sejam eles quentes ou frios. As rochas podem se expandir ou contrair 
quando são aquecidas e resfriadas, respectivamente, e com isso, acaba havendo uma 
tendência de as rochas se fragmentarem devido ao enfraquecimento de suas estruturas.
Considerando que a superfície externa das rochas frequentemente permanece 
mais quente, ou mais fria, do que as porções mais protegidas em seu interior, algumas 
rochas podem sofrer intemperismo por esfoliação, que é a desintegração em camadas das 
suas partes externas (BRADY e WEIL, 2013).
O intemperismo físico também pode acontecer devido à abrasão por água, gelo e 
vento. No caso da água, existe a possibilidade do transporte de sedimentos, que tem um 
enorme poder de erosão. O arredondamento das rochas do leito dos rios e os grãos de 
areia das praias constituem um exemplo da abrasão provocada pela água em movimento 
(BRADY e WEIL, 2013).
O transporte de poeira e areia pelo vento, também é considerado agente de 
intemperismo físico devido à abrasão provocada nas rochas. A ação da movimentação de 
gelo também se enquadra no intemperismo físico, pois trituraram e incorporaram fragmentos 
de rocha e solo, transportando grandes quantidades desses materiais (BRADY e WEIL, 2013).
2.2.2 Intemperismo Biogeoquímico 
O intemperismo químico compreende as fases de decomposição química dos 
minerais primários das rochas e de síntese de minerais secundários, bem como liberam 
os nutrientes das plantas em formas solúveis. A decomposição dos minerais primários das 
rochas resulta da ação separada ou simultânea de vários processos químicos, sendo eles: 
hidrólise, oxidação, hidratação, carbonatação e dissolução (BRADY e WEIL, 2013). 
Enquanto o intemperismo físico é mais acentuado em ambientes muito frios ou 
muito secos, os processos químicos são mais intensos onde o clima é úmido e quente. 
No entanto, ambos os tipos de intemperismo ocorrem juntos, e um tende a acelerar 
o outro. Por exemplo, a abrasão física (pelo atrito) diminui o tamanho das partículas, 
consequentemente aumentando sua superfície e tornando-as mais suscetíveis às rápidas 
reações químicas (BRADY e WEIL, 2013).
13UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
O intemperismo químico conta com a atuação de agentes geológicos, como a 
água e o oxigênio, e também com agentes biológicos, como os ácidos produzidos pelo 
metabolismo dos microrganismos e das raízes das plantas. Dessa forma, a denominação 
intemperismo biogeoquímico é frequentemente utilizada para descrever tais processos 
(BRADY e WEIL, 2013). 
2.3 Fatores que Influenciam a Formação do Solo
Conforme apresentado anteriormente, a formação dos solos está relacionada 
às intempéries sofridas, e à interação de cinco fatores, o material de origem, o clima, os 
organismos, o relevo e o tempo, que atuam de forma dependente uns dos outros. Vejamos 
como esses fatores atuam.
2.3.1 Material de Origem
O material de origem é a matéria-prima a partir da qual os solos se desenvolvem, 
podendo ser de natureza mineral, compreendido por rochas ou sedimentos, ou orgânica, que 
são os resíduos vegetais. Por ocuparem extensões consideráveis, os materiais rochosos 
são, sem dúvida, os mais importantes e abrangem os diversos tipos conhecidos de rochas 
(BERTOLLO et al., 2021).
Devido ao fato de os solos terem se originado a partir de diferentes tipos de material 
de origem, eles podem apresentar diferentes características. Por exemplo, um solo pode 
herdar uma textura arenosa quando se origina a partir de um material constituído de 
partículas grosseiras e rico em quartzo, como o arenito ou o granito (BRADY e WEIL, 2013). 
A composição química e mineralógica do material de origem exerce forte influência 
sobre o intemperismo químico e a vegetação natural. Por exemplo, a presença de calcário 
em um material de origem é responsável por retardar o desenvolvimento da acidez que 
normalmente ocorre em climas úmidos (BRADY e WEIL, 2013).
De forma geral, a natureza do material de origem influencia os tipos de argilas que 
se formam no solo em desenvolvimento, de forma que os argilomineraispresentes nesse 
material de origem são resultantes de um ciclo anterior de intemperismo. Por sua vez, a 
natureza dos minerais de argila presentes afeta muito o tipo de solo que se desenvolve 
(BRADY e WEIL, 2013).
Os materiais de origem podem ser formados no local (in situ), como se fossem 
um manto residual intemperizado da rocha, ou podem ser transportados do local onde se 
formaram para serem depositados em outro lugar. Esse transporte pode ocorrer por ação 
da água, da gravidade, do gelo ou do vento (BRADY e WEIL, 2013). 
14UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Embora os materiais de origem sejam classificados por suas propriedades 
químicas e físicas, eles também podem ser classificados de acordo com o modo como 
foram depositados, como: depósito em lagos; depósito por cursos d’água; depósitos em 
oceanos; depósitos por ação da gravidade; depósito por gelo; depósito por água; e depósito 
pelo vento (BRADY e WEIL, 2013).
Apesar de esses termos se relacionarem apenas à forma de deposição do material 
de origem, normalmente as pessoas se referem aos solos que se formam a partir desses 
depósitos como solos orgânicos, solos glaciais, solos aluviais e assim por diante. No 
entanto, esses termos são considerados pouco específicos, não só́ porque as propriedades 
do material de origem variam amplamente dentro de cada grupo, como também pelo fato de 
que o efeito do material de origem é modificado pela influência do clima, dos organismos, 
do relevo e do tempo (BRADY e WEIL, 2013). 
SAIBA MAIS
Existem diferentes tipos de material de origem. O solo brasileiro é formado a partir 
de três estruturas geológicas, são elas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e 
terrenos vulcânicos. Cada uma permite a formação de determinados minerais e solos. 
A partir dessas estruturas geológicas são identificados quatro tipos de solos: terra roxa, 
massapé, salmorão e aluviais.
Fonte: LARA, A. A. et al. Material de origem em solos brasileiros, coleção de rochas calcária. Revista 
Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas da FAIT, v. 12, n. 2, p. 1-6, 2018.
2.3.2 Clima
O clima é considerado o fator mais influente entre os fatores que atuam sobre o material 
de origem, pois é responsável por determinar a natureza e a intensidade do intemperismo que 
ocorre em grandes áreas geográficas. A atuação do clima na pedogênese está associada 
principalmente aos atributos: precipitação efetiva e temperatura (PEREIRA et al., 2019).
A precipitação efetiva é de grande importância quando se considera que é essencial 
para que todas as principais reações químicas de intemperismo ocorram. Mas para que tais 
reações aconteçam, a água deve penetrar no regolito. Pelas reações de hidrólise, ocorrem 
alterações do material de origem e a remoção dos solutos originados na reação. 
15UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Além disso, a água atua na translocação, adição ou remoção de materiais no interior 
do perfil do solo. Quanto maior a profundidade de penetração da água, mais intemperizado 
e espesso será́ o solo (BRADY e WEIL, 2013). 
Da mesma forma, a limitação de água é um fator importante na determinação das 
características dos solos naquelas regiões mais secas. O déficit hídrico faz com que os 
sais solúveis não sejam lixiviados desses solos, de forma que em alguns casos sejam 
acumulados em níveis elevados e consequentemente limitam o crescimento das plantas 
(BRADY e WEIL, 2013).
Por sua vez, a temperatura apresenta um efeito indireto, influenciando a velocidade 
das reações químicas e do intemperismo. A cada 10°C de aumento na temperatura, as 
taxas das reações bioquímicas aumentam de forma exponencial, podendo até mesmo 
dobrar. Em ambientes de clima tropical, onde é comum a ocorrência de altas taxas de 
precipitação pluviométrica e altas temperaturas, o intemperismo é intenso (SILVA e TADRA, 
2017), sendo formados solos profundos e de composição química e mineralógica bastante 
alterada. Já em regiões de clima frio e temperado, os solos tendem a ser mais jovens e 
menos intemperizados (BRADY e WEIL, 2013). 
2.3.3 Biota
Todos os organismos que habitam o solo desempenham um papel muito importante 
na sua formação, pois além de consistirem em fonte de matéria orgânica, atuam também 
na transformação dos constituintes orgânicos e minerais. De todos os organismos, a maior 
influência sobre a formação do solo é a da vegetação natural, isto porquê ela fornece 
matéria orgânica, proteção contra a erosão devido à ação das raízes fixadas no solo, além 
de as folhas evitarem o impacto direto da chuva. Quando se decompõe, a matéria orgânica 
libera ácidos que também participam na transformação dos constituintes minerais do solo 
(LIMA V. e LIMA M., 2007). 
A fauna do solo, que é representada por organismos como minhocas, besouros, 
formigas, cupins, entre outros, atua sobre a quebra e transporte dos resíduos vegetais no 
perfil do solo, enquanto os microrganismos, como os fungos e as bactérias, são responsáveis 
por realizarem o ataque microbiano, a partir do qual ocorre a transformação da matéria 
orgânica fresca em húmus. Esse composto apresenta grande capacidade de retenção 
de água e nutrientes, o que é muito importante para o desenvolvimento das plantas que 
habitam o solo (BRADY e WEIL, 2013). 
16UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Os animais de grande porte também exercem influência sobre a formação do 
solo. Os roedores, as toupeiras e os cães-de-pradaria, perfuram superficialmente o solo, 
e esses túneis acabam facilitando o movimento da água e do ar em direção às camadas 
inferiores do solo. Por outro lado, em certas situações, a atividade animal pode impedir o 
desenvolvimento do solo por provocarem sua perda por erosão (BRADY e WEIL, 2013).
As atividades humanas também influenciam consideravelmente a formação do solo. 
Atualmente, são responsáveis por causar a destruição da vegetação (árvores e capins), 
de forma que os cultivos subsequentes do solo para produção agrícola têm modificado, e 
muito, a formação dos solos (BRADY e WEIL, 2013). 
2.3.4 Relevo
O relevo é considerado um importante fator na formação do solo, pois é responsável 
pelo controle de toda dinâmica dos fluxos de água na paisagem, como lixiviação de solutos, 
atuação de processos erosivos e condições de drenagem (ANJOS et al., 1998). O relevo, 
muitas vezes referido como topografia, diz respeito às feições da superfície terrestre e é 
descrito em termos de diferenças de altitude, inclinação e posição na paisagem, ou seja, 
quanto à configuração do terreno, a qual tanto pode apressar como retardar o trabalho das 
forças climáticas (BRADY e WEIL, 2013). De acordo com o tipo de relevo, que pode ser 
plano, inclinado ou abaciado, a água da chuva pode entrar no solo (processo de infiltração), 
escoar pela superfície (consequentemente causando erosão), ou se acumular formando 
banhados (WILDING, 2000; LEPSCH, 2002). 
Nos relevos planos, praticamente toda a água da chuva infiltra no solo, o que leva à 
disponibilização de condições para que haja a formação de solos mais profundos. Por outro 
lado, nas regiões em que o relevo é inclinado, a maior parte da água escorre pela superfície, 
o que favorece a ocorrência de processos erosivos, consequentemente dificultando a 
formação do solo e predominando solos rasos. Por sua vez, nas áreas onde o relevo é 
abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas provenientes das áreas 
inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de banhados, também 
chamados de várzeas, cujo se formam os solos chamados de hidromórficos (WILDING, 
2000; LEPSCH, 2002; BRADY; WEIL, 2013). 
Rhue e Walker (1968) citado por Bonfatti (2012) propõem um modelo de segmentação 
da paisagem (Figura 2), em que demonstram as principais relações entre topografia e as 
características dos solos.
17UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Neste modelo de paisagem,foram propostos diferentes segmentos, sendo eles: 
● Topo: é a parte mais elevada da paisagem, cujo é possível encontrar tantos solos 
mais profundos, quando o topo é suavemente ondulado ou plano, quanto solos 
mais rasos, quando se constitui numa crista.
● Ombro: consiste na área da paisagem onde o declive é maior, apresentando 
característica convexa, ocorrendo muito escoamento superficial. Normalmente 
nessa região formam-se solos rasos.
● Encosta: localizada logo abaixo do ombro, é também uma área declivosa onde 
observa-se muito escoamento superficial, tendendo à formação de solos rasos. 
No terço superior da encosta há maior retirada e transporte de material, e no terço 
inferior há maior deposição. No entanto, um importante fator relacionado à encosta 
diz respeito à cobertura vegetal. Quanto maior a cobertura, menor o escoamento e 
maior a infiltração, favorecendo a formação de solos mais profundos.
● Pedimento: área após a encosta que assume formato côncavo, consequentemente 
contribuindo para a acumulação de material erodido do ombro e da encosta, com 
tendência a formação de solos mais profundos.
● Planície aluvial: é formada por material transportado pelos rios (planície aluvial) 
ou por material retirado e depositado do ombro e encostas (planície coluvial). 
Normalmente é formado após um longo período de evolução da paisagem.
FIGURA 2 - MODELO DE SEGMENTAÇÃO DE UMA PAISAGEM
 Fonte: Bonfatti (2012) adaptado de: Rhue e Walker (1968).
18UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.3.5 Tempo
O fator tempo apresenta uma relação não apenas de cronologia, mas também de 
maturidade e evolução (SILVA e TADRA, 2017). Sendo assim, de forma geral, os processos 
de formação do solo demoram a mostrar seus efeitos. 
O tempo interage com os outros fatores de formação do solo. Por exemplo, em um local 
quase plano, que apresenta clima quente e muita chuva sendo depositada sobre um material 
de origem permeável e rico em minerais reativos, a ação do intemperismo e a diferenciação 
do perfil do solo podem se revelar muito mais rapidamente do que em um local com declive 
acentuado e material de origem resistente ao clima frio e seco (RODRIGUES, 2018).
No estudo dos solos é muito comum encontrar as expressões solo “jovem” e solo 
“maduro”. Essas expressões são relacionadas à idade do solo em anos, mas sim ao seu 
grau de intemperismo e desenvolvimento do seu perfil. Dessa forma, o desenvolvimento 
de um solo maduro e profundamente intemperizado a partir de rochas muito resistentes ao 
intemperismo pode levar milhares de anos, e está relacionado com a natureza das condições 
ambientais em um determinado local ao longo do tempo (Figura 3) (PEREIRA et al., 2019).
FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DE UM TRANSECTO COM VARIAÇÕES NA COBERTURA 
PEDOLÓGICA RELACIONADAS À ATUAÇÃO DOS FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO
 
Fonte: Pereira et al. (2019).
19UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.4 Processos Básicos de Formação do Solo
O acúmulo do regolito a partir da fragmentação e decomposição da rocha ou da 
deposição de materiais geológicos não consolidados pode preceder ou, mais comumente, 
ocorrer ao mesmo tempo que o desenvolvimento dos característicos horizontes de um perfil 
do solo. Durante a formação (gênese) de um solo, a partir de um material de origem, o regolito 
passa por muitas mudanças profundas causadas por quatro grandes processos de formação 
do solo, sendo eles: transformação, translocação, adição e remoção (BRADY e WEIL, 2013). 
Esses quatro processos básicos de formação, ou processos pedogenéticos, ajudam 
a distinguir os solos das camadas de sedimentos depositadas por processos geológicos. A 
seguir, será apresentado cada um desses processos (BRADY e WEIL, 2013). 
Os processos da gênese dos solos, operando sob a influência dos fatores ambientais 
discutidos anteriormente, nos dá um suporte para a compreensão da relação existente entre 
os solos, as paisagens e o ecossistema em que eles funcionam (BRADY e WEIL, 2013). 
2.4.1 Transformação 
As transformações ocorrem quando os constituintes do solo são modificados 
(química ou fisicamente) ou destruídos, enquanto outros são sintetizados a partir dos 
materiais precursores. Como exemplo de alteração química, podemos citar a transformação 
dos minerais primários, que são aqueles que eram constituintes da rocha, em novos minerais 
(minerais secundários) (BRADY e WEIL, 2013). A cor do solo também é um exemplo de 
transformação. Solos que apresentam coloração vermelha, amarela ou vermelho-amarela 
são resultantes da formação de compostos óxidos a partir da liberação de ferro (Fe) das 
rochas (LIMA V. e LIMA M., 2007).
Os materiais vegetais que caem no solo, como as folhas, galhos, frutos e flores, 
assim como as raízes que morrem, também sofrem transformações. Durante o processo de 
decomposição dessas estruturas, para que haja a formação do humus, ocorre liberação de 
ácidos orgânicos, que também contribuem para a alteração dos componentes minerais do 
solo (LIMA V. e LIMA M., 2007).
20UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
2.4.2 Translocação
As translocações estão relacionadas com o movimento de materiais orgânicos e 
inorgânicos (tanto no sentido vertical como lateral), em que a água é o agente translocante 
mais comum, tanto descendo (devido à força da gravidade), como subindo (por ação capilar) 
(BRADY e WEIL, 2013) 
2.4.3 Adições
As entradas de materiais de fontes externas para os perfis de solos já́ desenvolvidos 
são consideradas como adições. Um exemplo muito comum é o da adição da matéria 
orgânica das folhas e raízes das plantas, que caem quando mortas (sendo que o carbono 
se origina na atmosfera) (BRADY e WEIL, 2013). 
2.4.4 Remoções
As remoções ocorrem por lixiviação (para as águas subterrâneas), por erosão de 
materiais superficiais ou outras formas de remoção. A erosão, agindo como fator principal 
das perdas, muitas vezes remove as partículas mais finas (humus, argila e silte), deixando 
o horizonte superficial relativamente mais arenoso e menos rico em matéria orgânica 
(BRADY e WEIL, 2013). 
2.5 Perfil do Solo
À medida que se transforma o solo, o material de origem vai se diferenciando 
em seções mais ou menos paralelas à superfície do terreno, as quais são denominados 
horizontes, que podem apresentar constituição orgânica ou mineral. Cada solo é 
caracterizado por uma determinada sequência desses horizontes. Quando essa sequência 
é exposta em um corte vertical, a chamamos de perfil do solo (BRADY e WEIL, 2013). 
Os horizontes de um perfil de solo são formados devido a múltiplos processos 
pedogenéticos de adições, perdas, translocações e transformações, e ao fato desses 
fenômenos ocorrerem com intensidades diferentes no regolito. O perfil do solo exprime 
a ação conjunta dos cinco fatores responsáveis pela sua formação. Dessa forma, as 
várias propriedades do solo, tais como textura, cor, estrutura, consistência e sequência de 
horizontes são responsáveis por caracterizá-lo (BRADY e WEIL, 2013).
Os seis horizontes principais do solo mais conhecidos são designados usando 
pelas letras maiúsculas O, A, E, B, C e R (Figura 4). Dentro de um horizonte principal 
podem ocorrer horizontes subordinados (ou sub-horizontes), os quais são designados por 
letras minúsculas (sufixos) logo após a letra maiúscula do horizonte principal, como por 
exemplo Bt, Ap ou Oi (BRADY e WEIL, 2013).
21UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
FIGURA 4 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA SEÇÃO TRANSVERSAL DE 
UM SOLO (GROUND CROSS SECTION) APRESENTANDO OS DIFERENTES 
HORIZONTES QUE PODEM SER FORMADOS, EM QUE: HORIZONTE O (HORIZON 
O) – CAMADA DE RESÍDUO ORGÂNICO (ORGANIC – LITTER LAYER); HORIZONTE 
A (HORIZON A) – CORRESPONDE AO SOLO SUPERFICIAL (TOP SOIL); HORIZONTE 
E (HORIZON E) – CAMADA ELUVIADA, LIXIVIADA (ELUVIATED, LEACHING LAYER); 
HORIZONTE B (HORIZON B) – COMPREENDE O SUBSOLO (SUB SOIL); HORIZONTE 
C(HORIZON C) – CAMADA QUE CONTÉM MATERIAL DE ORIGEM INTEMPERIZADO 
(WEATHERED PARENT MATERIAL), E ONDE SE ENCONTRA OS LENÇÓIS FREÁTICOS 
(GROUNDWATER); HORIZONTE R – CONSISTE DA ROCHA-MÃE, MATERIAL PARENTAL 
(ROCK - PARENT MATERIAL)
 
Os horizontes O geralmente são formados acima do solo mineral ou ocorrem em 
um perfil de solo orgânico. São derivados de plantas mortas e resíduos de origem animal 
(BRADY e WEIL, 2013).
Os horizontes A são mais superficiais, e geralmente contêm matéria orgânica 
suficiente, parcialmente decomposta (humificada), para imprimir uma cor mais escura do 
que a dos horizontes inferiores. É comum observar uma textura mais grosseira nesses 
horizontes, por terem perdido alguns dos seus materiais mais finos para os horizontes mais 
profundos por processos de translocação e/ou erosão (BRADY e WEIL, 2013).
22UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Horizontes E são zonas de máxima lixiviação, ou de eluviação, de argila ou óxidos 
de ferro e de alumínio, que são responsáveis pelo surgimento de uma concentração de 
minerais resistentes (como o quartzo) na forma de partículas do tamanho da areia e do silte. 
Geralmente localiza-se abaixo do horizonte A, tem cor mais clara do que qualquer horizonte 
situado imediatamente acima ou abaixo (BRADY e WEIL, 2013). 
Os horizontes B, que se formam abaixo de um horizonte O, A ou E durante a 
gênese do solo, sofreram mudanças suficientes para que a estrutura do material de origem 
não mais permanecesse discernível. Em muitos horizontes B, vários materiais, geralmente 
removidos dos horizontes a ele sobrepostos, se acumularam em um processo chamado de 
iluviação (BRADY e WEIL, 2013). 
O horizonte C é o material inconsolidado subjacente ao solum (horizontes A e 
B), podendo, ou não, ser idêntico ao material de origem a partir do qual esse solum foi 
formado. Este horizonte se encontra abaixo das zonas de maior atividade biológica e não 
foi suficientemente alterado pela gênese do solo para se qualificar como um horizonte B. 
Apesar de ser solto o suficiente para ser escavado com uma pá́, o material do horizonte 
C muitas vezes mantém algumas das características estruturais da rocha-mãe ou dos 
depósitos geológicos dos quais se formaram. Suas camadas superiores podem, com o 
tempo, tornarem-se uma parte do solum caso o intemperismo e a erosão tenham continuidade 
(BRADY e WEIL, 2013).
Por fim, as camadas R consistem de rochas inconsolidadas, com pouca evidência 
de intemperismo (BRADY e WEIL, 2013).
Muitas vezes, camadas características estão presentes dentro de um horizonte principal, 
as quais são indicadas por um algarismo arábico após a designação da letra maiúscula. Por 
exemplo, se três combinações diferentes de estrutura e cores puderem ser percebidas no 
horizonte B, o perfil poderá incluir a sequência: B1-B2-B3 (BRADY e WEIL, 2013).
Se dois materiais de diferentes origens geológicas estão presentes dentro do perfil 
do solo, o algarismo 2 é colocado antes do símbolo do horizonte principal, a partir dos ho-
rizontes desenvolvidos na segunda camada de material de origem (BRADY e WEIL, 2013).
Também é comum a ocorrência de uma camada de material de solo mineral 
transportada por seres humanos, de forma que se origina fora do pedon. Neste caso, o 
símbolo de acento circunflexo (^) é colocado antes da designação do horizonte principal 
(BRADY e WEIL, 2013). 
23UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
Entre os horizontes principais podem existir outros horizontes com feições intermediárias. 
Ou seja, apresentam determinadas características de um horizonte, mas também algumas 
características de um outro horizonte. Nesse caso, duas letras maiúsculas são usadas para 
designar esses horizontes de transição, como por exemplo AE, EB, BE e BC. Nessa designação 
o símbolo do horizonte dominante é colocado antes do subordinado (BRADY e WEIL, 2013). 
REFLITA
“Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação 
(FAO), cerca de 33% dos solos mundiais estão degradados, trazendo como consequência 
a redução da produtividade de alimentos em até 60%”. Considerando todos os processos 
e fatores envolvidos na formação do solo, você acha que é possível recuperar o solo que 
é perdido devido à sua má utilização? 
Fonte: FOGTEC AMBIENTAL. Dia Mundial do Solo. A Importância do Solo para a sociedade. 2021. 
Disponível em: https://www.semagro.ms.gov.br/estudo-revela-que-30-dos-solos-do-mundo-estao-
degradados/. Acesso em: 20 out. 2021.
SAIBA MAIS 
Os solos apresentam muitas particularidades, estando de acordo com as condições 
climáticas e ambientais de cada uma das regiões do planeta. 
Fonte: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Pedologia. 2º edição. 
Rio de Janeiro: [s.n.], 2007. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv37318.pdf. 
Acesso em: 15 nov. 2021.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv37318.pdf
24UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade foi possível perceber que o processo de surgimento do solo exige 
a atuação conjunta de diversos fatores, ao longo dos anos, que são responsáveis por 
transformar grandes formações rochosas no solo que conhecemos e utilizamos para a 
produção de alimentos. Compreender todos esses processos nos permite entender por 
quê existe tanta heterogeneidade entre os solos agriculturáveis.
25UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
LEITURA COMPLEMENTAR
 
Por que o solo é tão importante quanto a água e o ar?
O artigo apresenta informações sobre a importância do adequado manejo do solo 
na garantia da manutenção do funcionamento equilibrado dos ecossistemas, e como essas 
más práticas estão afetando o meio-ambiente de forma geral. São apresentadas possíveis 
soluções para amenizar os impactos decorrentes da degradação do solo, assim como para 
sua preservação.
Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57867457/
artigo-por-que-o-solo-e-tao-importante-quanto-a-agua-e-o-ar
Fonte: BERNARDI, A. Por que o solo é tão importante quanto a água e o ar? 
Brasília: Embrapa, 2020. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noti-
cia/57867457/artigo-por-que-o-solo-e-tao-importante-quanto-a-agua-e-o-ar. Acesso em: 20 
out. 2021.
 
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57867457/artigo-por-que-o-solo-e-tao-importante-quanto-a-agua-e-o-ar 
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/57867457/artigo-por-que-o-solo-e-tao-importante-quanto-a-agua-e-o-ar 
26UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Manual técnico de geomorfologia
Autor: IBGE.
Editora: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Sinopse: O manual técnico de geomorfologia contempla técnicas 
e procedimentos para interpretação e mapeamento do relevo, com 
a expectativa de atender a setores da sociedade que necessitam 
deste tipo de informação. O material proporciona informações so-
bre os conjuntos de formas de relevo que compõem as unidades, 
constituindo compartimentos identificados como planícies, depres-
sões, tabuleiros, chapadas, patamares, planaltos e serras.
 
FILME/VÍDEO
Título: Vamos Falar Sobre Solos
Ano: 2014.
Sinopse: A animação VAMOS FALAR SOBRE SOLOS enfatiza 
a dependência da humanidade dos solos e descreve como o 
desenvolvimento sustentável é ameaçado por certas tendências 
de como os solos são manejados e como a terra é governada. O 
filme oferece opções para transformar a nossa gestão dos solos 
rumo à sustentabilidade.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=e8uqY0Aqcf0
27
Plano de Estudo:
● Propriedades química, física e biológica do solo; 
● Classificação do solo segundo a sua formação; 
● Classificação granulométrica do solo; 
● Sistema brasileiro de classificação de solos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar quais são as propriedades química, físicae 
biológica do solo e sua importância;
● Discutir sobre as formas de classificação do solo.
UNIDADE II
Propriedades e 
Classificação do Solo 
Profª. Drª. Camila de Cassia Silva
28UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 28UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
INTRODUÇÃO
Olá! Nesta unidade iremos discutir sobre as propriedades e classificação dos solos 
agrícolas. Os solos são considerados corpos tridimensionais dinâmicos e vivos, devido à 
constante alteração que sofrem, e também por contarem com a presença de organismos. 
Basicamente, são organizações de compostos sólidos (orgânicos e minerais — fase sólida) 
e espaços porosos contendo água (fase líquida) e ar (fase gasosa). Ou seja, pode-se dizer 
que o solo é composto por diferentes propriedades.
Devido à grande variedade de tipos e comportamentos apresentados pelos solos, 
assim como às suas diversas aplicações, foi inevitável a necessidade de dividi-los em 
conjuntos. Essa separação em conjuntos apresenta como objetivo, do ponto de vista prático, 
dividir os diferentes tipos de solos de acordo com suas características comuns. No entanto, 
não existe um consenso sobre um sistema único de classificação de solos definitivo. 
A seguir, serão discutidas as diferentes propriedades do solo, assim como os 
sistemas de classificações dos solos mais utilizados. 
 
29UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 29UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
1. PROPRIEDADES QUÍMICA, FÍSICA E BIOLÓGICA DO SOLO
Cada região da superfície terrestre apresenta um tipo específico de solo, variando 
de acordo com o material de origem. Mas de forma geral, dentro da perspectiva agrícola, 
o ideal para um solo agricultável é que sua constituição seja de aproximadamente 45% 
de minerais, 5% de matéria orgânica e 50% de espaço poroso, sendo 25% desse espaço 
preenchido com ar e 25% com água (GLIESSMAN, 2005).
Dessa forma, assume-se que os solos possuem propriedades físicas, químicas e 
biológicas, que interagem entre si e resultam em características específicas (GUERRA e 
BOTELHO, 1996). A seguir, iremos discutir cada uma delas.
1.1 Propriedades químicas 
O estudo das propriedades químicas do solo pode ser realizado sob diferentes 
perspectivas. Para compreender os solos sob o ponto de vista pedológico e agronômico, 
é possível analisar diversas características, como a quantidade de carbono orgânico, 
nitrogênio total, valor de pH, concentração de cloreto de potássio, fósforo assimilável, 
carbonato de sódio, sílica, sesquióxido de ferro, óxido de titânio, capacidade de troca de 
cátions, saturação de bases, entre outras variáveis (PALMIERI e LARACH, 1996). Já os 
estudos que levam em consideração a perspectiva geomorfológica, normalmente irão 
analisar características como os teores de carbono orgânico e o pH, que juntamente com 
as outras propriedades químicas, também interferem sobre os atributos físicos dos solos, 
como o teor e estabilidade de agregados, porosidade, densidade aparente, entre outros 
fatores (GUERRA e BOTELHO, 1996). 
30UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 30UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
As características do solo que são influenciadas pela composição química podem ser 
reunidas em: relação solo planta, qualidade da água, capacidade tamponante, mobilidade 
de contaminantes, disponibilidade de nutrientes, assim como de água para os seres vivos, 
entre outros (SANTANA e BAHIA FILHO, 1999).
O local onde ocorrem os fenômenos químicos e físico-químicos do solo é na 
fração de argila, pois se trata de um sistema coloidal. Essa fração coloidal do solo é muito 
heterogênea, constituindo-se de partículas de diferentes espécies minerais (argilominerais 
e óxidos), de partículas orgânicas (húmus) e de compostos organominerais (associação de 
argilominerais, óxidos e húmus) (SANTOS, 2007). 
Considerando que os solos apresentam diversas características químicas, a seguir 
serão apresentadas a principais.
1.1.1 Cargas Elétricas
A maioria das reações que ocorrem no solo são fenômenos de superfície. Um bom 
entendimento da quantidade e distribuição de cargas na superfície dos colóides e seus 
pontos de carga zero (PCZs) podem apresentar diferentes utilidades, como: a) explicar as 
adsorções de ocorrência natural e sintetizadas; b) contribuir na interpretação de algumas 
propriedades físicas, como é o caso da coagulação, agregação e mobilidade eletroforética, 
e também de algumas propriedades químicas, como acontece com a capacidade de troca 
catiônica (CTC); c) entender o comportamento da carga de superfície em função do pH e da 
força iônica da solução do solo; d) validar os modelos moleculares (CHERLET e SPOSITO, 
1987); e) avaliar o desenvolvimento pedogenético (HENDERSHOT e LAVKULICH, 1978). 
A origem e a natureza da carga são importantes na delimitação da magnitude de 
propriedades físicas e químicas dos solos, como a troca iônica, a adsorção de ânions e 
as interações de partículas. Nos colóides é possível encontrar dois tipos de cargas, as 
permanentes e as variáveis. Essas cargas se desenvolvem na superfície da partícula sólida 
do solo por meio de três processos principais: 1) substituição isomórfica; 2) dissociação 
e associação de prótons (H+) (protonação/desprotonação); e 3) adsorção específica de 
cátions e ânions.
As cargas permanentes são resultantes da substituição isomórfica no momento 
da formação do mineral, e independe da composição da solução. Já as cargas variáveis, 
originam-se a partir dos processos de protonação e desprotonação, e adsorção específica 
de cátions e ânions, como H+ e OH-. Podem ser carregadas positivamente, negativamente 
ou neutras, dependendo da solução que as envolvem (SANTOS, 2007). 
31UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 31UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
Devido à essa presença de cargas elétricas o solo é considerado um armazém de 
íons e moléculas, os quais podem ou não serem absorvidos pelas plantas e microrganismos, 
ou migrarem até o lençol freático. Além disso, as partículas da fração de argila do solo podem 
se aglutinar formando agregados, ou podem se manter livres (dispersas) (SANTOS, 2007). 
1.1.2 Adsorção e Troca de Íons
A adsorção é o mecanismo de acúmulo químico e/ou físico de uma determinada 
substância na interface entre a superfície sólida e a solução por meio de processos químicos. 
No sistema solo, a adsorção ocorre entre a solução e as superfícies minerais e orgânicas 
da fração coloidal, resultando em um balanço de cargas entre as superfícies e a solução do 
solo (POZZA et al., 2009; NASCIMENTO SOBRINHO, 2014).
Conforme apresentado anteriormente, as partículas coloidais do solo apresentam 
cargas elétricas negativas e positivas, podendo adsorver tanto cátions como ânions devido 
à diferença de carga. Essas cargas, negativas ou positivas, são neutralizadas por íons de 
carga contrária, que podem ser trocados por outros íons presentes na solução do solo. 
Neste sentido, as cargas negativas são neutralizadas por íons eletropositivos, ou seja, 
pelos cátions, caracterizando o processo de adsorção catiônica. Na neutralização de cargas 
positivas pelos ânions tem-se a adsorção aniônica. Os íons envolvidos nesse processo de 
adsorção ligam-se por eletrovalência ou por covalência às partículas coloidais do solo. Os 
cátions mais envolvidos quantitativamente nesse processo são: Ca2+, Mg2+, Al3+, H+, K+, Na+ 
e NH4+. Em alguns solos, geralmente o Ca2+ é mais abundante, enquanto em outros, é o Al3+ 
(NOVAIS e MELLO, 2007). 
Os íons adsorvidos às partículas coloidais podem ser deslocados e substituídos, 
estequiometricamente, por outros íons de mesmo tipo de carga, constituindo uma troca 
iônica (BRANDÃO et al., 2021). Como as cargas da fase sólida se manifestam na superfície 
das partículas do solo, existe uma estreita relação entre o fenômeno de troca e a área 
superficial dessas partículas. Essaárea, expressa em m2 g-1, é a superfície específica do 
solo. Dessa forma, o fenômeno de troca iônica do solo, que é basicamente a expressão de 
suas propriedades físico-químicas, é função de sua superfície específica e da densidade de 
cargas elétricas que se manifestam nesta superfície (NOVAIS e MELLO, 2007). 
32UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 32UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
Todos esses processos são decorrentes do constante deslocamento dos íons nas 
entre a superfície das partículas coloidais e a solução do solo. Conhecer o funcionamento 
desses processos é muito importante para a compreensão das características físico-
químicas de um determinado solo, além de ser fundamental para a abordagem de um 
manejo adequado, visando a melhorar a qualidade e a fertilidade do solo e a auxiliar na 
nutrição e na produção vegetal (BRANDÃO et al., 2021). 
1.1.3 Capacidades de Troca Catiônica (CTC) 
As cargas presentes na superfície das partículas do solo promovem a atração e a 
ligação dos íons e das moléculas polarizadas presentes na solução do solo. Tais ligações são 
consideradas reversíveis, pois permitem que ocorra a troca de cátions, característica do solo 
conhecida como capacidade de troca catiônica (CTC). As principais substâncias que possuem 
superfície de troca catiônica mais ativa são os argilominerais, os compostos húmicos e os 
óxidos de Fe e Al. Devido ao maior número de cargas negativas presentes nessas substâncias, 
a adsorção é principalmente de cátions (NOVAIS e MELLO, 2007; RONQUIM, 2010).
Na determinação da CTC do solo, o pH é um fator importante a ser considerado 
durante a troca catiônica. Isso porquê, uma parte das cargas elétricas do solo pode formar 
cargas permanentes, devido às ligações eletrovalentes, e a outra parte será dependente das 
alterações do pH, formando ligações covalentes. Dessa forma, dependendo do pH formado 
no solo, parte das cargas pode ser bloqueada devido à presença de íons H+ (ligações 
covalentes). Neste caso, a CTC dos solos será dada por ambas as cargas (permanentes 
e variáveis) com o pH, porém livres de ligações covalentes com o hidrogênio, constituindo 
a CTC efetiva do solo. Dessa forma, quanto maior o aumento do pH no solo, maior será a 
concentração de íons H+ ligados às cargas dependentes do pH que serão neutralizados, 
aumentando a CTC efetiva do solo.
Em um solo, a CTC representa a quantidade total de cátions retidos à superfície das 
partículas dos coloides em condição de permuta (RONQUIM, 2010). Os principais cátions 
básicos que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do solo são: Ca2+, Mg2+, K+, 
Na2+ e NH4+, além do Al3+ e dos cátions H+, que se ligam a cargas de caráter eletrovalente, 
do tipo ácido forte (NOVAIS e MELLO, 2007). 
33UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 33UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
Um outro tipo de CTC que também pode ser determinada é a CTC potencial, a 
qual é obtida a partir de análise em uma solução a pH 7,0. Normalmente, os solos, irão 
apresentar CTC efetiva menor que a CTC potencial, visto que, em sua maioria, os solos são 
ácidos. A CTC potencial é estimada por meio do valor T, que nada mais é do que a soma 
dos seguintes elementos adsorvidos:
T = Ca2+ + Mg2+ + K+1 + Na1+ + H+ + Al3+ 
Já a CTC efetiva é estimada pela seguinte soma:
CTCefetiva = Ca2+ + Mg2+ + K+1 + Na1+ + Al3+
Além da CTC efetiva e CTC potencial, outras relações podem ser realizadas, como 
por exemplo a soma de bases, dada pelo valor S a partir da soma das bases trocáveis Ca2+, 
Mg2+, K+, Na2+, obtido pela fórmula:
S = Ca2+ + Mg2+ + K+1 + Na1+
Além da soma de bases, também é possível encontrar a porcentagem de bases 
trocáveis na CTC potencial, que é chamada de saturação de bases e dada pelo valor V, a 
qual é obtida pela seguinte fórmula: 
V (%) = S/T x 100.
1.2 Propriedades Físicas
Do ponto de visa físico, o solo é um meio poroso, não rígido, trifásico, formado por 
partículas que possuem complexidade de forma, de tamanho e de estrutura mineralógica 
e algumas partículas são finamente divididas de maneira a apresentar uma grande área 
superficial. Para que o solo seja considerado ideal ele deve apresentar boa aeração e 
retenção de água, assim como bom armazenamento de calor e pouca resistência mecânica 
ao crescimento radicular (REICHERT J. e REINERT D., 2007). Definir as características 
físicas de cada horizonte do solo, como, por exemplo, cor e textura, possibilita classificar os 
perfis e analisar a aptidão para cultivo agrícola. A seguir, serão apresentadas as principais 
propriedades físicas do solo.
1.2.1 Textura
A textura do solo diz respeito às proporções das diferentes partículas que constituem 
o solo e é um ponto fundamental para a compreensão das melhores formas de manejá-lo. 
Ela é considerada uma propriedade permanente, pois não pode ser facilmente alterada, e 
deve ser analisada de forma particular nos diferentes horizontes (BRADY e WEIL, 2013).
34UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 34UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
As partículas são classificadas de acordo com seu tamanho, podendo variar de 
boulderes, ou > 1 m, até argilas < 10-6 m, e são agrupadas em frações. Sendo assim, a 
textura do solo é definida por três intervalos de classificação das partículas de acordo com 
seu tamanho, que são areia, silte e argila. Cada grupo de partículas é responsável por 
conferir características distintas ao solo (FINKLER et al., 2018).
A areia é a partícula unitária mineral de solo de maior tamanho, sendo seguida pelo 
silte e pela argila (Quadro 1). Porém, é importante considerar que existem partículas sólidas 
de maior tamanho que as areias, como cascalho (2 a 20 mm de diâmetro), calhaus (20 a 
200 mm) e matacões (acima de 200 mm) (FINKLER et al., 2018).
QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DE SÓLIDOS DO SOLO EM RELAÇÃO AO SEU DIÂMETRO
Fonte: Finkler et al. (2018).
A Figura 1 é amplamente utilizada para auxiliar na interpretação da textura 
predominante do solo, de acordo com a proporção areia, silte e argila. Para utilizá-la, é 
necessário encontrar o valor percentual de areia na base do triângulo e trace uma linha 
em direção paralela ao eixo do silte a partir do valor percentual de areia correto. Proceda 
com o valor de silte e trace uma reta que seja, neste caso, paralela ao eixo da argila. Por 
fim, localize o valor percentual remanescente de argila e trace uma reta paralela ao eixo da 
areia. A intersecção das três linhas se dará em algum ponto dentro da área do triângulo, em 
uma das possíveis classificações texturais já assinaladas (FINKLER et al., 2018).
Partícula Tamanho (diâmetro em mm) Comparação às demais
Areia 0,05-2 Maior
Silte 0,002-0,05 Intermediária
Argila Abaixo de 0,002 Menor
35UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 35UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
FIGURA 1 - TRIÂNGULO DE CLASSES TEXTURAIS
 
Fonte: Santos et al. (2018).
A areia é considerada quimicamente inerte, ou seja, não possui função importante 
na retenção de íons (macro e micronutrientes) ou quaisquer outras moléculas, como 
agroquímicos ou água. Dessa forma, solos arenosos são naturalmente menos férteis por 
possuírem menor capacidade de retenção e troca de cátions ou ânions e menor capacidade 
de retenção de água, além de serem menos resistentes à erosão (COOPER, [20--]). A fração 
areia é ainda subdividida em três categorias, seguindo o diâmetro médio das partículas: 
areia grossa, média e fina (FINKLER et al., 2018). 
Por sua vez, silte são partículas de tamanho que variam de 0,002 a 0,05 mm de 
diâmetro. Com relação ao tato, essas partículas conferem a mesma sensação que farinha 
de trigo entre os dedos. Quando constituído por materiais intemperizáveis, o silte pode 
liberar quantidades significativas de nutrientes para as plantas. Em comparação à areia, 
por ser constituído por partículas com maior superfície específica,pode reter mais a água 
e apresentar menor capacidade de drenagem. Mesmo úmido, não tem muita pegajosidade 
ou plasticidade. Uma vez que uma película de argila se adere ao silte, ele pode apresentar 
pouca coesão e adsorção. Tais fatores o tornam suscetível à erosão, tanto pela água quanto 
pelo vento (BRADY e WEIL, 2013).
36UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 36UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
Já as argilas são as menores partículas no solo. É denominada argila aquelas 
partículas que possuem diâmetro inferior a 0,002 mm, sendo completamente invisíveis a 
olho nu. Devido ao seu tamanho, as argilas adicionam uma grande área superficial ao solo. 
Além disso, a grande área de contato entre as partículas deixa poucos espaços ocupados 
pelo ar em relação a partículas maiores, como areia. Argilas tendem a formar agregados no 
solo com grande presença de microporos (FINKLER et al., 2018).
Além de adicionarem maior área superficial ao solo e elevarem sua capacidade 
de retenção de água, as argilas também diferem da areia em um ponto crucial: elas são 
quimicamente ativas, possuindo carga negativa. Na prática, devido a essa carga, os solos 
argilosos possuem maior capacidade de retenção e troca catiônica (íons carregados 
positivamente) (FINKLER et al., 2018).
SAIBA MAIS
A fração argila do solo é composta por uma grande família de minerais: os argilominerais. 
Esses minerais podem ser classificados em vários grupos, que variam conforme a 
estrutura cristalina e propriedades semelhantes (CASTRO; VENDRAME; PINESE, 
2014). Estes componentes contribuem significativamente para as propriedades físicas 
(textura, estrutura e consistência) e químicas (pH, capacidade de troca catiônica [CTC]) 
do solo. Para conhecer cada tipo de argilominerais, faça a leitura do tópico “Minerais do 
solo: primários e secundários”.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786556901763/pageid/18. 
A avaliação da textura do solo pode ser realizada diretamente no campo, ou em 
laboratório. No campo, a estimativa é baseada na sensação ao tato ao manusear uma 
amostra de solo. A areia manifesta sensação de aspereza, o silte maciez e a argila maciez 
e plasticidade e pegajosidade quando molhada. No laboratório, a amostra de solo é 
dispersa numa suspensão e, por peneiramento e sedimentação, se determina exatamente 
a proporção de areia, argila e por diferença a de silte (REICHERT J. e REINERT D., 2007).
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786556901763/pageid/18
37UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 37UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
1.2.2 Estrutura
A estrutura do solo está relacionada à forma como as partículas estão agregadas, 
podendo caracterizar a porosidade e os canais do solo (BRADY; WEIL, 2013). Podem 
ocorrer diferentes formatos estruturais nos solos, e mesmo ao longo do perfil. A estrutura 
do solo pode variar de grãos simples (partículas não agregadas) a uma estrutura maciça, 
quando estão presentes sedimentos de argila (PELINSON et al., 2021). 
A estrutura do solo, conceitualmente, não é um fator de crescimento das plantas ou 
um indicativo direto da qualidade ambiental. No entanto ela está indiretamente relacionada 
com praticamente todos os fatores que agem sobre eles, como o suprimento de água, a 
aeração, a disponibilidade de nutrientes, a atividade microbiana e a penetração de raízes, 
dentre outros (REICHERT D. e REINERT D., 2007).
De acordo com Reichert J. e Reinert D. (2007), os solos podem ser classificados 
em quatro tipos principais de unidades estruturais, sendo elas: 
● Granular e grumosa: os agregados são arredondados, formados 
predominantemente na superfície do solo sob influência marcada da matéria orgânica 
e atividade microbiológica. Os grumos apresentam poros visíveis, a sensação ao 
manusear o solo é de friabilidade, e soltam-se facilmente dos agregados vizinhos;
● Laminar: os agregados são de formato laminar e formados por influência do 
material de origem ou em horizontes muito compactados;
● Prismática e colunar: os agregados formam-se em ambientes mal drenados 
e em horizontes subsuperficiais com pequena influência da matéria orgânica. 
Geralmente constituem-se de agregados grandes e adensados. Quando o topo 
dos prismas é arredondado, observa-se a estrutura colunar;
● Blocos angulares e subangulares: os agregados têm formato cubóide e 
formam-se em ambientes moderadamente a bem drenados nos subsolos.
1.2.3 Densidade
A densidade do solo é definida como a massa por unidade de volume de solo 
seco (partículas sólidas + espaços porosos), enquanto a densidade de partículas se refere 
à massa das partículas sólidas em um volume conhecido de partículas. A densidade do 
solo pode ser determinada com anel de amostragem ou anel de Kopeck, em que o solo 
é coletado, seco em estufa e pesado e, então, calcula-se a sua densidade com base no 
volume conhecido do anel de amostragem, por meio da seguinte fórmula: D = m/V, em que 
m – massa e V – volume (PES e ARENHARDT, 2015; PELINSON et al., 2021).
38UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 38UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
De forma geral, a densidade aumenta com a profundidade do perfil devido às 
pressões exercidas pelas camadas superiores provocando a compactação, reduzindo a 
porosidade. A movimentação de material fino dos horizontes superiores (eluviação) também 
contribui para a redução dos espaços porosos aumentando a densidade aparente dessas 
camadas (PEQUENO, 2013).
Os valores normais de densidade para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3, 
enquanto solos argilosos apresentam valores mais baixos, de 0,9 a 1.7 g cm-3. Valores 
de densidade associados ao estado de compactação com alta probabilidade de oferecer 
riscos de restrição ao crescimento radicular encontram-se na faixa de 1,65 g cm-3 para solos 
arenosos e 1,45 g cm-3 para solos argilosos (REICHERT J. e REINERT D., 2007).
1.2.4 Porosidade
O espaço do solo não ocupado por sólidos, mas sim pela água e ar compõem o 
espaço poroso, definido como sendo a proporção entre o volume de poros e o volume total 
de um solo (REICHERT J. e REINERT D., 2007). A partir do cálculo da densidade é possível 
determinar a porosidade. Em solos que apresentam a densidade de partículas iguais, quanto 
menor a densidade maior será o percentual de poros (PELINSON et al., 2021). 
A porosidade é um fator que varia muito entre solos, sendo de 25 a 60% em camadas 
subsuperficiais compactadas, e superficiais com alta agregação e matéria orgânica, 
respectivamente. Os poros podem ser classificados da seguinte maneira:
● Macroporos: > 0,08 mm, possibilitam a livre circulação de ar e água. 
● Microporos: < 0,08 mm, geralmente ocupados com água. 
Em solos arenosos predominam os macroporos, enquanto em solos argilosos 
a tendência é predominar microporos. Neste contexto, a origem do tamanho dos poros 
está relacionada ao tamanho de partículas, e são considerados de natureza textural ou 
porosidade textural. Quando as partículas se organizam em agregados, ocorre a criação de 
poros no solo, geralmente poros grandes entre agregados, sendo considerados porosidade 
estrutural (REICHERT J. e REINERT D., 2007). 
A aeração dos solos refere-se à capacidade de um solo atender a demanda 
respiratória da vida biológica do solo. Para isso, há necessidade de contínua troca 
de oxigênio e CO2 entre a atmosfera e o solo e, para que isso aconteça, é de grande 
importância a presença de macroporos. Normalmente, considera-se que o espaço aéreo 
de 10% de macroporos é suficiente para arejar o solo e satisfazer a demanda respiratória 
no solo (REICHERT J. e REINERT D., 2007).
39UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 39UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
1.2.5 Consistência
A consistência está relacionada ao comportamento do solo em diferentes 
umidades. Ela descreve a resistênciado solo em diferentes umidades contra pressão ou 
forças de manipulação, ou refere-se à sensação de dureza, à facilidade de quebra ou à 
plasticidade e pegajosidade de um solo em diferentes umidades ao ser manipulado pelas 
mãos. Sua descrição morfológica é feita em três classes de umidade, seco, úmido e 
molhado, manifestando, respectivamente, dureza, friabilidade, plasticidade e pegajosidade 
(REICHERT J. e REINERT D., 2007).
A consistência do solo refere-se à resposta do mesmo às forças externas que são 
aplicadas sobre ele e tentam deformá-lo ou rompê-lo, devido às forças de coesão (atração 
eletrostática e molecular entre a superfície de partículas de mesma natureza, e presença de 
materiais coloidais) e adesão (atração entre partículas de natureza distinta devido à tensão 
superficial da água) sob diferentes teores de água do solo (REICHERT J. e REINERT D., 2007). 
A consistência do solo é dada pelos ‘estados de consistência’, que são o estado 
sólido, semi-sólido, plástico e líquido, e também pelos limites de consistência, que são 
o limite de liquidez, limite de plasticidade e limite de consolidação. De forma geral, a 
consistência depende de: conteúdo de argila; mineralogia; trocas catiônicas; e matéria 
orgânica (REICHERT J. e REINERT D., 2007).
1.2.6 Coloração
A cor é uma propriedade física a partir da qual pode-se inferir diversas informações 
sobre o solo. Quando ocorre uma mudança da cor, esse fato pode ser decorrente de uma 
resposta a mudanças de relevo, vegetação, profundidade, clima, aeração, material de origem, 
grau de intemperismo, mineralogia e concentração de matéria orgânica. Dessa forma, a análise 
da cor pode ser utilizada para obter informações sobre as propriedades do solo e do ambiente, 
na classificação dos solos e diferenciação dos horizontes, além de exercer influência na 
temperatura do solo (FERNANDEZ; SCHULZE, 1992; SCHAETZL; ANDERSON, 2005).
Geralmente, a cor do solo reflete a composição de cores de minerais de ferro e o 
conteúdo de matéria orgânica presente no solo. Neste contexto, a cor de um horizonte ou 
camada pode ser relativamente uniforme ou, apresentar misturas de diferentes cores. A cor 
do solo é uma importante propriedade morfológica que pode ser facilmente determinada 
no campo pela comparação visual de amostras secas e úmidas, por meio da utilização da 
carta de Munsell. 
40UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 40UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
A Carta de Cores Munsell para Solos reúne diversos padrões de cor encontrados nos 
solos, e abaixo de cada padrão de cor há uma abertura onde são posicionadas as amostras 
de solo para se fazer a comparação visual. A notação Munsell referente a cada padrão de 
cor é feita da seguinte forma: matiz valor/croma. O matiz é a cor espectral dominante, o 
valor é a tonalidade da cor e o croma é a pureza da cor (USDA, 2017). 
Do ponto de vista óptico, a cor que você vê no solo representa ondas de diferentes 
comprimentos que são refletidas pelo solo e suas partículas constituintes. Mais do que 
uma simples característica dos solos, a cor é também um fator importante para a sua 
classificação. Ela é, inclusive, parte do nome de alguns solos, como dos solos podzólicos 
vermelho-AMARELOS (FINKLER et al., 2018).
SAIBA MAIS
A cor de um determinado horizonte ou camada do solo pode ser relativamente uniforme 
ou, apresentar padrões mosqueados ou variegados de diferentes cores, sendo então 
necessário observar a cor da massa dominante e a (s) cor (es) da (s) mancha (s) 
presentes. 
Para saber mais acesse: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195720/1/A-Cor-Do-Solo-
-Interpretando-as-Cores-Do.pdf. 
1.3 Propriedades Biológicas
As propriedades biológicas do solo dizem respeito aos organismos presentes 
nesse meio. Uma quantidade muito grande de organismos vive no solo e nele causam 
modificações. Embora muitas pessoas acreditem que o solo é um corpo morto, na verdade 
ele deve ser considerado um organismo vivo, pois é habitado por uma grande quantidade 
de organismos, que são responsáveis por causar diversas modificações no solo. O solo é 
constituído por uma vibrante comunidade viva, como fungos, bactérias, insetos, raízes e 
minhocas, constituindo a fauna e a flora do solo (PELINSON et al., 2021).
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195720/1/A-Cor-Do-Solo-Interpretando-as-Cores-Do.pdf
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195720/1/A-Cor-Do-Solo-Interpretando-as-Cores-Do.pdf
41UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 41UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
A fauna (animais) pode ser subdividida em: macrofauna (minhocas, centopeias e 
toupeiras), mesofauna (ácaros e colêmbolos), e microfauna (protozoários e nematoides). 
Já a flora (plantas) inclui algas diatomáceas e raízes de plantas superiores. Além da fauna e 
da flora, o solo também conta com uma comunidade microbiológica, constituída por fungos 
e bactérias (PES e ARENHARDT, 2015; PELINSON et al., 2021).
Entre os organismos do solo existem aqueles que são benéficos, ou seja, formam 
associações que compartilham nutrientes com as plantas, como as micorrizas (importantes 
na absorção de fósforo) e as bactérias fixadoras de nitrogênio (que se associam às 
raízes das leguminosas e conseguem retirar nitrogênio do ar atmosférico, sendo uma 
parte disponibilizada para as plantas). Os organismos do solo também podem contribuir 
com o processo de agregação das partículas, por meio de atividades de moldagem e 
escavação, associação e rede estabelecida entre raízes e hifas fúngicas e produção de 
gomas orgânicas ou exsudatos por fungos e bactérias. Por outro lado, existem aqueles 
organismos considerados prejudiciais, que se alimentam de partes das plantas cultivadas 
ou são causadores de doenças (PELINSON et al., 2021).
As raízes são responsáveis por estabilizar as ligações organominerais e propiciar o 
fendilhamento (rachaduras) e a contração do solo devido à perda de umidade, aumentando 
a estabilidade dos agregados. Além disso, essas estruturas também são responsáveis por 
atraírem muitos microrganismos devido aos exsudatos que produzem, proporcionando o 
estabelecimento de relações simbióticas (BRADY e WEIL, 2013).
Uma parte considerável dessa vida existente no solo atua na ciclagem dos 
nutrientes. Alguns organismos atuam partindo os resíduos das plantas e animais, retirando 
deles os seus nutrientes e deixando as frações menores. Estas frações menores se tornam 
acessíveis à ação dos microrganismos, que após decompor esse material, liberam os 
nutrientes para a solução do solo, podendo ser novamente absorvidos pelas plantas (PES 
e ARENHARDT, 2015).
1.3.1 Matéria Orgânica
A matéria orgânica do solo (MOS) pode ser definida como todo material orgânico de 
origem vegetal e animal em decomposição (fragmentos de resíduos, biomassa microbiana, 
compostos solúveis e matéria orgânica ligada intimamente aos argilominerais do solo). A 
vegetação representa o material mais abundante do qual a matéria orgânica se origina. 
Acredita-se que aproximadamente 90% da estrutura da MOS é composta de carbono (C), 
oxigênio (O), nitrogênio (N) e hidrogênio (H) (REIS, 2017), os quais possuem diferentes 
graus de associação com as fases minerais do solo (ZANDONADI et al., 2004).
42UNIDADE I A Importância do Solo em Sistemas Agrícolas 42UNIDADE II Propriedades e Classificação do Solo
Além de serem uma fonte de nutrientes, a MOS apresenta cargas de superfície que 
contribuem para o aumento da CTC do solo e, em decorrência da sua alta reatividade, consegue 
regular a disponibilidade de vários nutrientes, principalmente os micronutrientes. Além disso, 
também atua na regulação da atividade de elementos considerados fitotóxicos, como o alumínio 
(Al3+) e o manganês (Mn2+), naqueles solos que são ácidos (ZANDONADI et al., 2014).
Nos ambientes tropicais a MOS possui uma importância muito grande,

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