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DIREITO DAS COISAS - A DIFERENÇA ENTRE A DESAPROPRIAÇÃO E A EXPROPRIAÇÃO

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Cite e discorra sobre 2 (duas) reportagens atuais que abordam a intervenção do estado na propriedade privada. Explique a diferença existente entre desapropriação e expropriação.
Nos termos do art. 5º, XXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, o Estado pode intervir na propriedade privada na hipótese de a função social da mesma não estiver sendo observada, por meio de instrumentos legais previstos pela legislação. 
A desapropriação se trata de uma das modalidades de intervenção, através do qual o Estado pode transferir a propriedade do bem para o poder público, mediante o pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro, seja por necessidade ou utilidade pública ou seja por interesse social (art. 5º, XXIV, CF).
Já a expropriação se trata de outra modalidade utilizada, prevista pelo art. 243 da Constituição Federal. Nesse caso, segundo o dispositivo mencionado, “As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º”. 
A principal diferença entre ambos os institutos é, portanto, o pagamento de indenização, o qual apenas ocorre no caso da desapropriação. No segundo caso, da expropriação, não há nenhum pagamento, apenas uma penalidade imposta ao dono do imóvel, segundo entende o STF.
A doutrina também entende que a expropriação é a transferência da posse de um imóvel a um terceiro, em razão de dividas, o que comumente ocorre nos processos de execução cíveis.
Pois bem. 
No Brasil, a disputa por terras já perdura desde o período colonial. E, na atualidade, isso ainda pode ser encontrado. 
Com relação à expropriação, os casos mais emblemáticos da aplicação desse instituto no Brasil envolvem o trabalho escravo, o que classicamente se enquadra nos requisitos básicos para sua incidência, nos termos do art. 243 da Constituição Federal. 
Em janeiro deste ano, o Senado Notícias publicou um artigo que demonstra a movimentação do Senado para que a expropriação das terras mantidas com trabalho escravo seja regulamentada[footnoteRef:1]. Segundo a reportagem, o texto em destaque nessa área é o apresentado por Randolfe Rodrigues (PL 5970/2019), o qual prevê justamente a regulamentação da expropriação nessas condições. Além disso, o PL 1678/2021, redigido por Rogério Carvalho e Paulo Paim também trata sobre o assunto. [1: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/01/28/projetos-querem-regulamentar-expropriacao-de-propriedades-com-trabalho-escravo] 
A desapropriação, por sua vez, é mais corriqueira e menos polemica, haja vista que apenas ocorre mediante indenização. Ela pode ocorrer, por exemplo, nos casos em que o projeto de construção de rodovias exige que parte da construção seja realizada em parte de propriedades privadas. 
Uma reportagem do Beroreg, publicada no ano de 2021[footnoteRef:2], ilustra bem a aplicação desse instituto. In casu, o estado de Santa Catarina havia construído justamente uma rodovia em área particular, mas, não havia observado a previsão constitucional de indenização. Por isso, foi condenado ao pagamento da mesma. [2: https://www.irib.org.br/noticias/detalhes/estado-condenado-ao-pavimentar-rodovia-em-area-de-particular-sem-previa-desapropriacao]

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