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Patrimônio Histórico Cultural Brasileiro

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PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL 
BRASILEIRO
PATRIMÔNIO CULTURAL E ARTÍSTICO 
BRASILEIRO: REGIÃO NORTE
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar as características patrimoniais da região Norte, formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas,
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
2. Observar grande parte do que a região pode oferecer em termos de Turismo.
Nessa segunda metade da disciplina, vamos nos deter nas características patrimoniais de cada região. Por isso, a
aula 6 será dedicada à região Norte, deixando claro que a ordem de apresentação das regiões foi aleatória e não
obedeceu a nenhum critério pré-estabelecido. Portanto, conheceremos mais de todos os estados que compõem a
região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
1 Região Norte
Uma das primeiras características da região Norte é o fato de ter baixa densidade populacional. Isso se justifica
basicamente pelo seu ecossistema específico, que abriga florestas tropicais densas e rios que alagam grande
parte do território anualmente.
A região é composta pelos estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Amazonas e Pará. O clima
predominante é o equatorial, quente e chuvoso. No entanto, em algumas partes ao norte do Pará, ao sul do
estado do Amazonas e em Rondônia, o clima é tropical. Esse tipo de clima favorece a Floresta Amazônica, cuja
importância é mundialmente reconhecida.
Além disso, a região também abriga a maior bacia hidrográfica do planeta, assim como a ilha do Bananal – a
maior ilha fluvial do mundo, localizada na bacia do rio Tocantins.
A região Norte era habitada originalmente por grupamentos indígenas, mas, a partir do século XVII, passou a ser
visitada por espanhóis e portugueses. Esses visitantes estavam interessados em explorações militares e
religiosas, no intuito de proteger o território e de catequizar os índios, respectivamente. Nessa época, os
europeus se valeram do conhecimento dos índios a respeito dos recursos naturais das florestas e mantiveram
uma lucrativa atividade econômica com a Europa, baseada na exploração de especiarias e na exportação
realizada pela foz do rio Amazon
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2 Acre
No que diz respeito de cada estado, sabe-se que o Acre pertenceu à Bolívia até 1903. No entanto, somente em
1962 o governo brasileiro passou o Acre da condição de território para estado da Federação.
Trata-se de um estado que ainda preserva mais de 80% de sua cobertura vegetal original. No ano de 2004, foi
criado o Parque Estadual do Chandles, a fim de que ele pudesse exercer a função de Unidade de Conservação de
Proteção Integral numa área de aproximadamente 700 mil hectares de florestas nativas.
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O nome do estado do Acre é de origem indígena, cujo termo aquiri significava rio de jacarés. Atualmente, há
cerca de 146 aldeias indígenas, totalizando aproximadamente 14.500 índios no estado, os quais habitam quase
14% do território acreano.
Somente em 1877 surgiram os primeiros habitantes não-indígenas: migrantes nordestinos atraídos pela
extração do látex (atividade diretamente ligada ao desenvolvimento da região) dos seringais.
A chegada dos nordestinos ao Acre fez com que os costumes de ambos os lados convivessem lado a lado,
principalmente no que se referia à culinária. A capital do Acre (Rio Branco) detém quase 50% da população e
representa o grande centro econômico e cultural do estado.
O IPHAN não tombou nenhum bem no estado, mas há a preservação de alguns bens materiais que valem a pena
serem visitados pelos turistas, como:
• O Palácio Rio Branco: Localizado no centro da capital, de estilo clássico, sede do governo do estado até 
1998 e atualmente Museu Histórico.
• A Casa do Seringueiro: Onde há um rico acervo ligado a essa atividade extrativista.
• O Museu da Borracha: Responsável por preservar, pesquisar e divulgar a cultura material e imaterial 
do estado.
• O Cine Teatro Recreio: Grande testemunho do período do desenvolvimento acreano.
Percebe-se, pois, que o maior patrimônio do Acre é representado por suas riquezas naturais. Sendo assim, o
grande desafio é conciliar o desenvolvimento urbano e econômico com a preservação do meio ambiente. Para
aproveitar a vocação ecológica, foram criadas rotas turísticas, como os Caminhos do Pacífico e os Caminhos de
Chico Mendes, apresentados no Salão de Turismo de São Paulo em 2008.
3 Rondônia
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Em seguida, abordaremos o estado de Rondônia, cuja capital é Porto Velho. A partir do século XVI, o território
correspondente ao estado de Rondônia começou a ser disputado pelos europeus, até que, no século XVIII, o
governo português de D. João I iniciou a edificação de vários fortes, dentre os quais se destaca o Real Forte
Príncipe da Beira. Esse forte foi construído sob a responsabilidade do ministro português Marquês de Pombal. O
maior objetivo da construção era delimitar os limites entre os domínios espanhóis e portugueses.
O Real Forte Príncipe da Beira é o mais antigo monumento do estado de Rondônia e foi inaugurado em 1783, à
margem direita do rio Guaporé, fronteira com a Bolívia. A construção fica localizada no município de Costa
Marques e foi tombada em 1950 no Livro Histórico do IPHAN. No entanto, somente em junho de 2008 o governo
brasileiro começou a revitalização e a preservação histórica do forte.
Outro importante ponto turístico é o Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, principal atração histórica do
estado e instalado na capital, no Complexo Turístico Ferroviário de Porto Velho. Nesse museu, estão expostas
antigas locomotivas e vários objetos que preservam a memória da ferrovia, que marcou o ciclo da borracha e foi
inaugurada em 1912.
Devido ao grande número de vidas perdidas durante as obras, a ferrovia foi conhecida como a “estrada do
diabo”. Por sua importância histórica e cultural, o IPHAN tombou a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Por fim, chegamos a outro ponto de interesse: o Parque Natural Municipal de Porto Velho. Para impedir o
processo de desmatamento efetuado por garimpeiros e madeireiras, o Parque Natural foi criado em 1989 pelo
município de Porto Velho. No Parque Ecológico (como também é conhecido), há o estímulo à educação ambiental
e ao lazer conjugado à diversidade biológica do local.
4 Roraima
Continuando nossa apresentação dos estados da região Norte, falemos de Roraima (cuja capital é Boa Vista). No
século XVII, os portugueses chegaram a esse território em busca das drogas do sertão e de outros produtos,
como urucum, pimenta, guaraná, cravo e castanha. Roraima recebeu esse nome em homenagem ao monte
Roraima, o ponto mais alto do estado. Na língua indígena, temos “roro-imã”, ou “serra verde”. A iniciativa de
povoamento do território compreendido pelo estado aconteceu no século XVIII, quando o governo português
construiu o Forte de São Joaquim do Rio Branco em 1775.
Durante o Período Imperial (1822-1889), a região foi transformada em sede da freguesia, recebendo o nome de
Boa Vista. No século XX, o crescimento acelerado do estado se deu em virtude da exploração dos garimpos, pois o
solo do lugar abriga muitas jazidas de ouro, diamante, cassiterita, bauxita, cobre, dentre outros minérios. Porém,
essa riqueza continua sendo motivo para conflitos frequentes entre garimpeiros e índios.
A respeito de Roraima, podem-se destacar os patrimônios:
Materiais
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Em relação aos materiais, poucos bens representativos do início da colonização foram preservados. Dentre os
bens que restaram, mencionamos o Forte São Joaquim, distante 52km de Boa Vista. Atualmente, o Exército
Brasileiro vem trabalhando na recuperação das ruínas no forte, transformando-o em museu histórico militar em
virtude de sua importância histórica para o estado.
A capital Boa Vista, por sua vez, abriga a atual diocese de Roraima. Inicialmente, o prédio (construído em 1907)
foi a Prelazia do Rio Branco e funcionou como residência de bispos, hospital e como sede administrativa do
território.
Imateriais
Sobre o patrimônioimaterial do estado, pode-se dizer que se trata de um conjunto de costumes de origem
indígena, dos colonizadores portugueses e de migrantes provenientes de outros estados brasileiros. A cultura de
Roraima possui danças indígenas e um vocabulário específico representado por palavras de muitas comunidades
de índios.
Naturais
No tocante ao patrimônio natural, esse é o ponto forte do estado. As áreas protegidas somam quase 75% do
estado e quase 10% da população é indígena. Trata-se, portanto, da maior população de índios do Brasil.
Roraima também tem oito Unidades de Preservação (três parques nacionais, três estações ecológicas e duas
florestas nacionais). Destaca-se o Parque Nacional do Monte Roraima, criado em 1989.
5 Amapá
O quarto estado de nossa aula é o Amapá (cuja capital é Macapá). O referido estado foi originalmente habitado
por índios, mas invadido por holandeses, franceses e ingleses. Todos, porém, foram expulsos pelos portugueses
na época da colonização. O estado foi objeto de interesse devido à sua localização estratégica, à descoberta de
ouro e ao extrativismo da borracha no século XIX. Por todos esses motivos, Portugal consolidou a conquista
desse território construindo a Fortaleza de São José de Macapá, em 1764, na margem esquerda do rio Amazonas.
A fortaleza foi tombada pelo IPHAN em 1950 e, atualmente, é o Museu Territorial, um dos mais belos
monumentos militares do Brasil colonial.
Outro patrimônio histórico de Macapá é a igreja de São José, datada de 1761. Representa o bem material mais
antigo da capital do estado e, durante a festa de São José, a igreja promove um arraial e uma procissão que
movimentam o turismo na cidade. Outro ponto turístico é o Monumento Marco Zero do Equador, marco que
indica a linha imaginária que divide a Terra em dois hemisférios. Macapá é a única capital atravessada pela linha
do Equador.
O patrimônio natural do Amapá conta com o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT – maior
unidade de conservação da floresta tropical do mundo).
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Como representante do patrimônio imaterial, destacamos a arte Kusiwa, dos índios Wajãpi. Essa arte é repleta
de simbolismos e forma um sistema de comunicação gráfica, usando tintas feitas a partir do urucum, do jenipapo
e de resinas perfumadas. Em 2002, a arte Kusiwa foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão como
patrimônio imaterial do estado.
6 Tocantins
A partir de agora, vamos analisar o patrimônio:
Natural: O patrimônio natural é constituído pelo Parque Indígena do Araguaia, pelo Parque Nacional do
Araguaia e pelo Parque Estadual do Jalapão.
Material: No tocante aos bens materiais, Tocantins só tem um bem tombado pelo IPHAN. Trata-se do Conjunto
Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico na cidade de Natividade. O conjunto é composto por mais de trezentas
obras barrocas.
Imaterial: Quanto ao patrimônio imaterial, destacam-se as folias de Reis, as festas do Divino Espírito Santo, as
cavalhadas e as danças, tais como a catira ou sússia. Além desses patrimônios imateriais, o artesanato
tocantinense feito com o capim-dourado da região do Jalapão ganhou fama inclusive no âmbito internacional.
Do estado de Tocantins (cuja capital é Palmas). Essa cidade foi completamente planejada e é a menos populosa
capital do país, com 178.386 habitantes. Tocantins é o mais novo estado brasileiro, criado em 1988 e originado a
partir do estado de Goiás. O estado contém 80% de seu território coberto pela vegetação do cerrado e o restante
por florestas.
7 Amazonas
Em nossa sequência, abordaremos o estado do Amazonas (o penúltimo da presente aula). Vamos apontar os
quatro bens tombados pelo IPHAN, um pelo patrimônio estadual e dois patrimônios imateriais do Amazonas. Já
que a Floresta Amazônica foi destaque em aula anterior, não a mencionaremos nesse momento.
Todos os quatro patrimônios materiais tombados pelo IPHAN estão localizados na capital do estado, Manaus.
Eles são representados pelo conjunto arquitetônico do Porto de Manaus, pelo Mercado Municipal, pelo
Reservatório de Mocó e pelo Teatro Amazonas. Todos eles são atrativos que movimentam o setor do Turismo na
região.
Em 1980, o governo amazonense, por sua vez, tombou o Palácio Rio Negro, construído no século XIX e que
servira de moradia a um comerciante de borracha. O referido palácio é um dos grandes pontos turísticos do
estado.
Como patrimônios imateriais do Amazonas, destacamos dois: a Cachoeira do Iauaretê e a manifestação folclórica
do Boi-Bumbá. O primeiro fica localizado na cidade de São Gabriel de Cachoeira, cuja população é formada 85%
por indígenas e que considera aquela queda d’água um lugar sagrado. Tal cachoeira foi aprovada em 2006 pelo
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IPHAN como patrimônio imaterial. O segundo, por seu turno, deu origem ao espetáculo de Parintins. Nele, duas
agremiações encenam lendas e rituais indígenas, durante três noites, no final do mês de junho, no Centro
Cultural Amazonino Mendes, o Bumbódromo. Uma agremiação é o Boi Caprichoso, cuja cor representativa é o
azul; a outra é o Boi Garantido, representado pelo vermelho.
8 Pará
Na sequência, apresentaremos o estado do Pará (cuja capital é Belem), cidade na qual se encontram quase todos
os bens tombados pelo IPHAN. Destacamos três bens de bastante relevância: o Mercado Ver-o-Peso, o Teatro
Nossa Senhora da Paz e a Igreja da Sé.
A fim de proteger os ecossistemas do estado e incentivar a educação ambiental, o Pará instituiu sete novas
Unidades de Preservação em 2006, das quais destacam-se a Reserva Biológica Maicuru e a Estação Ecológica
Grão-Pará. Além dessas, tem importância a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de Marajó, localizada na
foz do rio Amazonas.
Por fim, em 2005, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré foi inscrito como patrimônio imaterial do estado.
Em poucas palavras, representa uma emocionante festa em forma de procissão que envolve a população, num
caráter tanto religioso quanto profano. Ao seu lado, o patrimônio imaterial paraense também conta com uma
típica culinária, exemplificada, a título de curiosidade, pelo pato no tucupi (preparado com um sumo retirado da
mandioca-brava e com jambu).
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre o seguinte assunto:
•Patrimônio cultural e artístico brasileiro: Região Centro-Oeste.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou as características patrimoniais da região Norte, formada pelos estados do Acre, Amapá, 
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
• Observou grande parte do que a região pode oferecer em termos de Turismo.
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