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Tópicos de Atuação Profissional LIVRO-TEXTO II

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5 TRABALHO DA ESCRITA
O curso de Letras não tem, entre seus objetivos, formar escritores, por exemplo, literários. Na verdade, 
não existe um curso superior voltado para tal objetivo. Contudo, como o objeto de nosso curso é a 
língua – matéria-prima de qualquer escritor – e a literatura, cujo produto é do escritor, o nosso curso 
pode colaborar com o aluno que escreve, tendo ou não publicação, e que pretende tornar-se profissional 
na área. A colaboração consiste na maior consciência sobre a língua, uma vez que a ciência da nossa 
área é a Linguística, que perpassa por diversos paradigmas teóricos sobre a língua, além dos estudos 
voltados à crítica literária.
O curso colabora, também, ao criar eventos culturais incentivadores da produção literária, como 
os saraus, em cursos presenciais, e os concursos, em cursos a distância. No primeiro semestre do ano 
de 2012, foi lançado o concurso de haicai com a temática O centro urbano e as estações do ano. 
Muitos alunos do curso de Letras do EAD enviaram seus textos e três textos venceram o concurso. É 
um prazer poder dizer que os alunos (quem sabe você está entre eles) gostam e sabem produzir textos 
literários criativos.
Os vencedores do concurso de haicai de 2012 foram:
1º Lugar
De uma árida fenda
que rasga o concreto amargo,
germina uma flor
(Leandro Leite Leocadio)
2º Lugar
O sol brilha ardente.
Sorvetes bem coloridos,
Vão de lá prá cá.
(Eunice Dias Nardin)
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3º Lugar
Águas, mês de março
névoa seca a inalar
cinzento outono.
(Silvia Helena da Silva Rosa)
Aos alunos-escritores vencedores, os parabéns!
Você, leitor deste livro-texto, está entre um dos dois grupos: no grupo de pessoas que gostam 
de escrever textos literários ou que já escrevem profissionalmente e leu os haicais vencedores e os 
congratula, ou no grupo de pessoas que, apesar de ficar feliz pelos colegas, considera a escrita literária 
tarefa muito difícil.
Para o segundo grupo, propomos uma atividade de descontração, criatividade e coragem, encontrada 
na obra consultada por Lajolo (2005, p. 15):
Escritor a jato
A mulher ordenhava a vaca balançando o berço com o pé.
O elefante arrancava a árvore empurrando as raízes com as
 presas.
A panela fervia as batatas levantando a tampa aos
 borbotões.
O pé pisava as pedras esmagando os caracóis brutalmente
O anel furava a orelha apertando a carne como
 uma pinça.
Você pode fazer um exercício de “escrita” que consiste simplesmente em escolher uma palavra de 
cada frase, na ordem que você quiser, de modo a formar outra frase, de acordo com o exemplo.
Aceita o desafio? Quem sabe ficará animado e participará de outros concursos, lançados pela nossa 
instituição de ensino ou em outras situações.
Entre os alunos, existem aqueles que ingressam no curso de Letras por serem apaixonados por 
literatura e quererem aventurar-se no mundo da escrita literária; outros que já escrevem, mas ainda 
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não lançaram oficialmente seus textos por meio de editoras ou sites; e há aqueles outros que já estão 
nesse universo literário, produzem bastante, lançam em sites e/ou editoras e sem esse universo não 
vivem mais.
Destaco um aluno do curso de Letras de nossa instituição: Robson di Brito. Ele é o escritor para quem 
a escrita é vital. Autor de vários textos literários, ele criou seu próprio blog, O paulistano, em que publica, 
além de ensaios e outros gêneros não literários, contos e poemas.
Figura 12 – Robson di Brito, escritor e aluno do curso de Letras da UNIP
Em depoimento encontrado na página principal do seu blog, di Brito declara:
Com o blog apresento contos e poemas inspirados em personagens ou 
imagens tiradas da cidade de São Paulo. Além, relato programas culturais 
da cidade, buscando sempre o olhar do que de melhor e mais humano 
ela tem a oferecer. Escritor com formação em Jornalismo e estudante 
do curso de Letras, coautor de antologias poéticas e autor de dois 
romances, ainda sem editora; busco aprimorar meu trabalho literário 
com o Blog. Muito mais do que um exercício, faço uso da cidade como a 
fonte de inspiração para o meu trabalho. Como busca de algo verdadeiro 
e de verossimilhança aproximo-me dos grandes escritores da terra 
“tupiniquim” que se apoiaram em seu tempo para revelar o cotidiano 
de sua cidade. (BRITO, R. di. O paulistano. Blog: http://robsondibrito.
blogspot.com.br/)
Ele é um exemplo de aluno que leva a sério a escrita literária e se considera escritor. O curso de 
Letras, em seu caso, amplia os conhecimentos dele sobre a língua, por meio da Linguística, Semântica 
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e de outras áreas teóricas, e sobre literatura, uma vez que o curso abrange disciplinas como Teoria 
Literária, literaturas brasileira e portuguesa, inglesa e/ou espanhola.
Este capítulo do livro-texto serve, então, para mostrar que o curso de Letras possibilita ao aluno, com 
incentivo adequado, vontade própria e, quem sabe, a ocasião, inserir-se profissionalmente no mundo 
dos escritores literários e não literários.
5.1 O ato de escrever
Um escritor já nasce feito? Escrever, então, é um dom?
Perdura até hoje a ideia de que escrever um texto, principalmente literário, não requer 
habilidade nem treinamento, mas, sim, inatismo. É preciso romper com essa ideia de dom, pois 
cria barreiras para o aluno diante da escrita e, o processo da escrita, na verdade, exige muito 
esforço.
Temos o desabafo de José Roberto Torero sobre “dom” ou “inspiração”:
Começo este texto com uma confissão: “não estou inspirado para fazer este texto”. 
Contudo, para que o leitor não pense que vai ler um texto pior que o de costume, faço uma 
segunda confidência: “não acredito nesse negócio de inspiração”.
Na verdade, tenho até uma certa ojeriza pela ideia da inspiração, aquele 
arrebatamento que vem não se sabe de onde, possui o autor e retorna para as brumas 
do além. Sempre que vejo um poeta, um artista plástico ou um videoartista dizer que 
só trabalha quando possuído por esse espírito, meu estômago embrulha e tenho que 
tomar um sal de frutas.
Mais do que na inspiração, acredito na transpiração; mais do que em Palas Atena, 
no suor. Um texto não é agradável porque seu autor recebeu um sopro divino, mas sim 
porque ele domina pequenas leis e técnicas que o fazem mais ou menos suportável. 
Excesso de orações subordinadas, rimas internas, repetição de palavras, exagero no 
tom, abuso de conjunções, poluição adverbial, citações pernósticas, estrangeirismos 
gratuitos, pobreza de vocabulário e delírios sintáticos poderiam compor uma espécie 
de dez mandamentos às avessas, vícios que se deve evitar para não corromper a forma 
de um texto razoável.
(http://www.microeducacao.com.br/Artigos/JoseRobertoToreroArquivo.htm)
Vários escritores literários fazem depoimentos sobre o ato de escrever e o enfrentamento da página 
em branco. Em todos os depoimentos, não há quem diga que a escrita é fácil e é um dom. Vejamos 
alguns deles, retirados do material de Passarelli e Cintra (2002, pp. 6-7):
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Com muito trabalho – e transpiração.
Patrícia Melo (Folha de S. Paulo, pp. 5-2, 8 out. 1995)
Muita gente pensa que é fácil. É um engano. Escrever é muito difícil. É a coisa mais difícil 
do mundo. Tem hora, por exemplo, que você empaca numa frase, ou numa simples palavra, 
e não há santo que ajude. No entanto, o pior é quando você quer escrever e não sai nada. 
Aí é desesperador. Quando isso ocorre, a vontade que eu tenho é a de meter a cabeça na 
parede.
(VILELA, L. Para gostar de ler, v. 8. São Paulo: Ática, 1995, p. 9)
Foi um processo demorado, que amadureceu devagar. Quando resolvi experimentar 
escrever, não consegui da primeira vez. Escrevi uma história, não gostei, e desanimei. Eu 
estava descobrindo que ler é muito mais fácil do que escrever. Entretanto, quando a gente 
joga a toalha, entrega os pontos num assunto que sente que é capaz de fazer, fica infeliz, 
e acaba voltando à luta. Voltei a tentar, apanhei, caí, levantei – até que um dia escrevi uma 
história que, quando li de cabeça fria, achei que não estava ruim; com uns consertos aqui 
e ali, ela ficaria apresentável. Consertei, e gostei do resultado. Animado, escrevi outras e 
outras histórias, nessa batalha permanente. Todavia, é uma batalha curiosa: as derrotas que 
a gente sofre nela não são derrotas, são lições para o futuro.
(VEIGA, J. J..Para gostar de ler, v. 8. São Paulo: Ática, 1995, p. 7)
Na produção textual, temos em mente que o ato da escrita só é possível em decorrência de um 
trabalho extenso e árduo, que exige muito empenho e dedicação.
Exemplo de aplicação
E para você, o que é escrever? Faça um depoimento sucinto e pessoal sobre o ato de escrever.
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Assim, como o ato de escrever envolve trabalho (muito trabalho), neste tópico do livro-texto, 
apresentaremos as etapas do processo da escrita. Não nos ocuparemos especificamente do modo de 
escrever literário, mas apresentaremos considerações mais gerais, que servirão para que o aluno conheça 
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mais sobre produção escrita, e servirão ao futuro professor, que assumirá um papel de incentivador e 
organizador da produção escrita de seus alunos.
Há um consenso por parte dos teóricos sobre o ensino da escrita quanto à possibilidade de ensinar/
aprender a desenvolver um texto com base na distinção das várias fases progressivas que implicam a 
realização do texto escrito.
A estudiosa Passareli (2004) esquematiza a produção do texto escrito:
Planejamento
memória
repositório de conhecimentos
elementos motivadores
 
ideias/fatos reais/fictícios
criação de uma realidade
contexto da tarefa
 
tópico receptor
 
seleção do que for relevante futuros leitores
organização
 
mapas anotações
Tradução de ideias em palavras
texto provisório
 
ideias no papel esboço, rascunho
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Revisão
leitor de si mesmo
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Editoração
caráter público
leitores
Figura 13
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Guardião do texto
Elemento de vigilância
 
Bom senso Intuição 
Sentimentos
 
Realidade
concreta
Mundo das
possibilidades
Valores
pessoais
Figura 14
O planejamento é uma etapa que os alunos conhecem pouco, tampouco a utilizam. Em geral, ou 
iniciam a redação (escolar) logo que recebem o tema a ser desenvolvido, ou aguardam por uma inspiração.
Sabemos que a leitura pode ser um contributo para instaurar ideia para tema. No caso, um texto 
como a crônica de Ivan Ângelo pode suscitar ideias tanto para produção, por exemplo, dissertativa, 
quanto criativa (conto, poema etc.).
Ai, que dó! A expressão é comum. O fraseado brasileiro reserva-a para comentarmos a 
miúda tristeza que captamos à nossa volta e que muitos nem percebem. A carência alheia, 
uma cena de frustração, um esforço mal recompensado provocam em nós essa reação. 
Depois passa, esquecemos. Contudo, o sentimento fica guardado em nosso banco de dados, 
e se alguém clicar ele reaparece na telinha da memória.
Foi o que aconteceu naquela reunião. Alguma fútil disse “Tenho dó de homens de pasta”, 
e outra pessoa estranhou, e a moça tentou justificar dizendo que eles suam, têm uma cara 
desconsolada, parecem cansados, carregam aquela pasta como se fossem problemas. Os da 
sala não gostaram do esnobismo dela. Para contornar o mal-estar uma falou do que tinha 
dó e logo outros a seguiram.
– Pois eu tenho dó é dos atores em um teatro vazio. Gente, a cara deles por trás do 
personagem, a obrigação de levar aquilo até o fim, para quatro pessoas! A sensação de 
fracasso, de prejuízo, de rejeição! A opção é ir lá na boca do palco e falar para o público: 
olha, não vai dar. Ai, que dó!
– Uma coisa que me deu pena – disse outro – é parecida com essa. Um escritor que 
lançou um livro e só foi a mulher dele e eu. Bem que eu não queria ir. Se eu não tivesse ido, 
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ele podia mentir para mim no dia seguinte que tinha sido legal e pronto. No entanto, eu 
estava lá e a cara dele era de perplexidade. Um dó!
– Coisa que me dá dó é bicho – disse uma louraça estilo Vera Fischer. – Cachorro faminto, 
pombo de asa quebrada, burro magro puxando carroça. Uma vez vi na praia um peixe 
mordido pela metade por outro peixe, ele ainda arfava. Que dó daquele bicho! Me lembrou 
uma galinha que quiseram matar lá em casa, com o pescoço cortado correndo pela casa e 
espirrando sangue. Desde isso aí não como carne nenhuma - concluiu veemente (enquanto 
as pessoas se perguntavam onde é que ela ia buscar aquela saúde toda).
– Sabe o que eu acho? – disse o rapaz que estava ao lado da loura. – Triste é torcedor 
derrotado, com camisa e bandeira do time, sentado na guia, de madrugada, esperando 
condução. Meu, não tem nada que dê mais dó. Ele tá com fome, gastou o dinheiro dele no 
ingresso, só tem a merreca da condução, leva vaia de quem passa. Dá pena, meu.
– Mesma coisa é folião no Carnaval – disse outro.
– Só que não tem a derrota, o bode da derrota – devolveu o rapaz.
– Isso é. Mas eu tenho dó não é de folião, não, é de goleiro. Sabe aquela, do jogo 
decisivo, últimos minutos, campeonato na mão e, de repente, a bola vem, pá!, Escapa, entra, 
culpa dele – conhece? Sabe aquela frase: “Infeliz é o goleiro. No lugar onde ele pisa não 
nasce nem grama” – sabe? Não nasce por causa do sal das lágrimas dele.
– Para mim, o que dá dó é carinha de criança de rua na madrugada. De menina dói até 
mais. O destino dela tá desenhado – disse a moça de tatuagem no ombro. E a amiga, ao 
lado:
– Meu, e fim de namoro? É um dó! Amiga encanada querendo morrer, rompendo a 
madrugada no telefone, sem espaço para nada dentro dela que não o carinha que sumiu, e 
ela se acha um lixo, porque se não serve para ele é um lixo.
– O que me dá pena é homemque precisa de pegar prostituta de noite na rua – disse 
com amargura a mulher de cabelo à Chanel, olhando o homem grisalho à sua frente.
– Eu queria voltar à categoria dos rejeitados – disse o grisalho. – Aquela ali falou dos 
atores sem plateia e ele, do escritor sem amigos no lançamento do livro. Eu tive muita pena 
de um homem sozinho num velório. Só ele e o defunto, ninguém mais, nenhuma coroa, 
nenhuma pessoa para conversar. A noite inteira. Ele, o defunto e os bancos inúteis. Eu vi, e 
compreendi as razões dos solitários.
A roda se desfez. A mulher de cabelo Chanel tinha lágrimas nos olhos.
(Veja SP, 1º mai. 2002 apud PASSARELI e CINTRA, 2002, p. 22).
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O trabalho de produção textual, durante a fase de planejamento, nos primeiros momentos, dá-se no 
nível de plano mental. Cada escritor possui uma maneira peculiar para anotar suas ideias. Pode elaborar 
um mapa de ideias, fazer anotações, entre outras formas, mas sempre com algum tipo de organização. 
O mapa, por exemplo, é mais ordenado, uma vez que as ideias são colocadas nele com uma organização 
relacional, podendo-se visualizar as informações centrais e secundárias.
Para determinados escritores, o planejamento envolve praticamente todo o processo da produção. 
Ou seja, o escritor faz todo o texto mentalmente e somente com o texto pronto na cabeça passa para o 
papel. Vejamos o caso do escritor Paulo Coelho:
Você segue uma disciplina de trabalho?
Primeiro, não acredito em processos demorados. Escrever é o ato final do processo 
criativo. É só colocar no papel. Na verdade você desenhou o livro na sua imaginação, naquilo 
que os alquimistas chamavam de alma do mundo. Então eu sigo uma disciplina: uma vez 
que começo, termino. Acabo trabalhando oito, nove horas por dia. Acredito que, quanto 
mais espontânea a coisa, sai melhor. Livros que eu demoro mais de dois meses para escrever, 
simplesmente destruo. Só uso computador e não tomo notas. O que é importante fica.
(O GLOBO, 11 out. 1997 apud PASSARELI e CINTRA, 2002, p. 34).
Na segunda etapa – tradução de ideias em palavras – ocorre efetivamente a produção de ideias. O 
escritor põe suas ideias no papel, configurando a primeira versão de seu texto provisório. Trata-se do 
esboço do texto.
Já encontrado o tema – delimitado na etapa anterior –, o escritor começa a pôr no papel suas ideias.
É preciso ter critério ao fazer escolhas linguísticas, não perdendo de vista o nível do interlocutor. Ao 
escritor, cabem dois tipos de competência:
• competência linguística, a qual se refere aos saberes que o usuário da língua possui sobre a língua 
e os utiliza para construção de seus textos;
• competência estilística, que é a capacidade de o sujeito escolher, entre os recursos expressivos da 
língua, os mais convenientes às condições de produção, finalidade, gênero e suporte.
Temos o exemplo de um texto que circula pela Internet (PASSARELI e CINTRA, 2002, p. 36):
Rui Barbosa, ao chegar em sua casa, ouviu um barulho esquisito vindo do seu quintal. 
Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Ele se aproximou 
vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro, disse-lhe:
- Ô Bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes e sim pelo ato vil e 
sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação. Se fazes isso por necessidade, 
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transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, 
dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto de tua sinagoga que reduzir-te-á à 
quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
E o ladrão, confuso, pergunta:
- Ô moço, eu levo ou deixo os patos?
Em relação à adequação das competências, a dificuldade do personagem Rui Barbosa está na tradução 
de ideias em palavras, que deveriam expressar adequadamente o contexto. O produtor da advertência 
elabora a sua produção textual por meio de escolhas lexicais provenientes de seu conhecimento de 
mundo. O nome Rui Barbosa foi utilizado como sinônimo de pessoa muito culta e despreocupada com a 
recepção de suas mensagens. No caso do receptor da advertência, o larápio não entende seu interlocutor 
por não partilhar do mesmo universo de experiência de mundo.
Um dos fatores de coerência textual – o da focalização – tem a ver com a concentração dos usuários 
(produtor e receptor) em apenas uma parte do seu conhecimento e com a perspectiva da qual são vistos 
os componentes do mundo textual.
Exemplo de aplicação
I. Se essa situação (furto) acontecesse em outros universos, que enunciados provavelmente seriam 
produzidos por diferentes personagens (vítima e ladrão)?
1. Vítima: dona de casa de meia idade; ladrão: rapaz de 17 anos, baixo nível de escolaridade.
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2. Vítima: advogado recém-formado; ladrão: senhor de idade.
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3. Vítima: senhora moradora no bairro do Bixiga, em São Paulo; ladrão: adolescente praticante de surf.
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II. Temos um exemplo de focalização de como a linguagem é adaptada a cada situação:
Minhas férias
Certamente o leitor já reparou que as ruas estão um pouco menos congestionadas e 
as pessoas com um tanto mais de humor. Alguns atribuem este ânimo ao excesso de raios 
ultravioleta, muito comum no verão; outros à conjunção astral pela qual passa o país, com 
Júpiter no meio do céu. Eu, por mim, prefiro não culpar as circunstâncias astronômicas ou 
astrológicas pelo estado das coisas. Nem mesmo o Fernando Henrique. Creio firmemente 
que o motivo para o bom humor nas ruas é algo bem mais prosaico e terrestre: as crianças 
estão de férias.
Até mesmo o Rei, do alto de seu posto e magnitude, percebeu que o povo é tocado por 
singulares sentimentos nas férias, e não foi à toa que escreveu: “Quando as crianças saírem 
de férias, talvez então a gente possa amar um pouco mais.” Com os pequenos fora da escola, 
o cotidiano do paulistano classe média muda totalmente. Em geral, as mães vão com seus 
filhos para a praia, o que diminui o tráfego (pois elas não estão fazendo filas duplas para 
esperar seus filhotes).
Já que estamos em época de férias, achei por bem escrever alguma coisa sobre o assunto. 
Porém, como o espírito desta época é justamente não fazer nada de útil, decidi passar esta 
tarefa a uma família amiga minha, formada por Sílvio, o pai trabalhador; Roseli, a zelosa 
mãe; e Lucas, o pequeno monstro. A mãe e o filho foram para Caraguatatuba, o pai, por 
obrigação (ou esperteza) ficou no escritório.
Abaixo, as três cartas que recebi de meus amigos:
A vida vale a pena
As férias são para mim um mar de tranquilidade. Demoro muito menos tempo para chegar 
ao trabalho e depois do serviço saio com os amigos para um chopinho. No apartamento 
está tudo muito calmo. Roselideixou-me o congelador entupido com uma deliciosa comida 
congelada. Tenho até pena de dar os restos para o cachorro.
Nos fins de semana vejo toda a programação esportiva. Voltei até a fazer esporte. 
Joguei peteca com o Ariosto no Ibirapuera. Tive uma distensão, mas já estou bem. Meu 
único problema tem sido com roupa suja. O cesto já está quase cheio, mas ainda tenho 
camisas para duas semanas. Nestas horas tenho saudade de Roseli e penso nas qualidades 
do casamento.
Às vezes, quando a programação da TV está fraca, tenho saudade do Lucas. Penso em 
como seria divertido estar com ele na praia, sentado numa boa cadeira, com as ondas 
molhando meus pés, tomando uma caipirinha gelada e vendo ao longe um joguinho de 
futebol. Uma verdadeira relação pai e filho. Talvez eu desça para praia neste fim de semana. 
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Aproveito e levo umas camisas para a Roseli lavar.
Enfim, meu querido, devo dizer que as férias recompõem o espírito e recuperam o corpo, 
e só lamento que sejam tão poucas.
Sílvio Rodrigues Batista. Paraíso -São Paulo
A praia é legal
Tio, aqui na praia é tudo o maior legal. Dá até prá fazer castelo na areia, mas eu não 
consigo fazer eles muito grandes porque quando eles tão quase do tamanho que eu queria 
vem uma onda e derruba tudo e aí eu choro muito. Se o papai vier vai ser superlegal, porque 
aí eu vou fazer o castelo em cima da barriga dele e a água não vai chegar.
O apartamento que a gente tá não é muito grande, mas dá para jogar bola na sala 
quando a mamãe vai fazer compras. Tinha um treco bem legal de vidro no meio da sala, mas 
acho que ele não era muito forte não.
Arranjei uns amigos muito legais, o Hélcio, que é muito bom em fazer fogueirinha, e o 
Cláudio Oito, que se chama Oito porque um dia quebrou oito copos da mãe dele de uma vez 
só. Eles são muito legais. A mamãe chama eles de Esquadrão Perigo. A mamãe é engraçada.
Lucas. Debaixo da cama da mamãe - Caraguatatuba
Trabalho e suor
Sabe os doze trabalhos de Hércules? Fichinha. Queria ver ele aqui com o Lucas. A tia 
Esther foi um anjo emprestando a kitchenette, mas ela podia ter avisado que a lotação 
máxima era uma pessoa. De preferência, anã.
Minha rotina balneária é a seguinte: cozinhar, limpar e cuidar do Lucas. Sinto-me em 
casa. A diferença é que aqui há mais areia e não tem aspirador de pó. Para piorar, o Lucas 
arranjou dois amiguinhos que são um terror. Até fogueira na lixeira do banheiro eles já 
fizeram.
Não sei como vou contar para a tia Esther que o vaso de cristal, que ela tinha desde 1919, 
quebrou. Acho que foi o vento, porque o Lucas jura que não foi ele e ele não é de mentir.
Esta noite sonhei com o Sílvio. Deve estar morrendo de saudade da gente. Tomara que 
ele ache a comida do cachorro que eu deixei no congelador.
Roseli. Sétimo círculo do Inferno – Caraguatatuba
(TORERO, J. R.. Minhas férias. In: PASSARELLI; CUNHA, 2002, pp. 41-42).
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1. Podemos transformar as cartas da família em outros gêneros, tais como panfleto publicitário, 
panfleto político e panfleto religioso.
Qual carta se encaixaria melhor em cada um desses panfletos?
Elabore alguns exemplos de panfletos.
2. Recrie as três cartas, transformando-as assim:
• o pai manda um e-mail para a mãe;
• a mãe manda para a sogra;
• o filho manda um para o pai.
Os exercícios de transformação de texto ajudam a mostrar que a tradução de ideias em palavras 
depende do contexto da produção e do planejamento, que, por sua vez, estão ligados ao veículo pelo 
qual esse texto será divulgado, ao leitor, sempre em função da intencionalidade do escritor.
Todos esses fatores demonstram que a escrita não decorre de uma inspiração transcendental, de 
um misterioso talento, nem é fruto da improvisação. O ato da escrita é, na verdade, um processo de 
descoberta e vagar.
Depois dessas etapas, vem a etapa de revisão, em que o escritor passa a ser leitor de si mesmo, 
voltando a ser escritor novamente: altera as partes de seu texto, inclui sentença(s), descarta um parágrafo 
e transforma uma narrativa em ensaio.
A função da revisão é a de examinar detalhadamente o material produzido:
• convenções da língua escrita;
• compatibilização entre termos, significados e intenções do autor;
• acessibilidade e aceitabilidade por parte do leitor.
A revisão é pouco trabalhada na escola e contra a qual os alunos mais se rebelam. Passarelli e Cintra 
(2002) dão sugestão de estratégia que pode minimizar a resistência dos alunos frente ao trabalho de 
revisão.
1ª sugestão:
Passar para os alunos sinais para serem utilizados na revisão de textos, como motivação para o 
trabalho.
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Quadro 26
[ Abrir parágrafo
me Colocar a parte enquadrada no ponto indicado pela seta
Transpor letras ou palavras
Suprimir grupo de letras, palavra ou palavras
/ Barra de atenção: colocar à margem, ao lado da emenda a ser feita
x Suprimir
# Abrir espaço
unir
Os sinais do quadro foram retirados de tabela utilizada para revisão e marcação de originais em 
editoras.
As autoras aconselham a invenção de sinais novos criados pelos alunos.
2ª sugestão:
Combinar com os alunos sinais para frases ou trechos do texto:
• frase incompreensível: desenhar carinha chorando → 
• trecho muito bom: desenhar carinha sorridente → 
• trecho mais ou menos: desenhar carinha meio sem graça → 
A editoração, a etapa final, consiste na preparação final do texto, incluindo diagramação, o visual 
do texto.
O que significa editorar na escola? Geralmente, no dia a dia escolar, o professor é o único leitor, mas 
é bom que, ao menos, os alunos da classe venham a ler os textos.
5.2 Oficina: escrita criativa
Não existe um curso superior, em cujo diploma consta “Bacharelado em Escritor Literário e Não 
Literário”. Em alguns cursos, como em Letras, existem disciplinas que trabalham o processo da escrita, 
podendo a disciplina ser dividida em módulos para atender à produção de dissertações e outros textos 
técnicos e científicos e à produção criativa, voltada a textos literários.
No caso de produção criativa, existem oficinas, encontros, palestras, que podem dar oportunidade 
à pessoa de ser escritor ou aperfeiçoar seus talentos. Como disse José Saramago, “todos nós somos 
escritores, a diferença é que alguns escrevem e outros não” (PERFETTI e SCORTECCI, 2010, p. 205).
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Pensando no aluno (que pode ser você) que escreve e quer se aperfeiçoar ou que quer ser escritor, 
indico algumas dicas para a produção de texto literário, com base nos cursos de Escrita Criativa oferecidos 
por Sena-Lino (2009), que transformou suas oficinas em livro.
 Saiba mais
As oficinas de Sena-Lino (2009) são constituídas de exemplos, textos 
resultantes de participantes das oficinas e exercícios. Entre os temas 
trabalhados estão: ponto de vista, sensorialização, metaforização, intertexto, 
inversão, intenção, ritmo, adverbialização e imagens de memória.
Trata-se de uma obra extremamente prática, voltada para produção de 
texto criativo:
SENA-LINO, P. Curso de escrita criativa I. Criative-se: usar em caso de 
escrita. 2. ed. Porto: Porto, 2009.
Antes de iniciar as dicas, temos um momento de crítica de Daniel Piza:
Vejo livros e artigos sobre o que é escrever bem.
Nada contra; mas no máximo o que se passa são dicas, observações técnicas. Mais útil 
é mostrar o que é escrever mal. Pego o novo livro de Rubem Fonseca, Mandrake – a Bíblia 
e a Bengala (Companhia das Letras), e nas primeiras 20 páginas já me sinto dentro de um 
filme policial de terceira classe, ou de um seriado de TV,com o mesmo destrato à língua: 
“Para um advogado às vezes é melhor o cliente começar pelo fim, eu disse, e ela lançou-
me um olhar arguto, como se procurasse algum significado oculto por trás das minhas 
palavras.” Primeiro: o adequado seria “ela me lançou”, porque o pronome pessoal atrai a 
preposição, além de ser a forma coloquial no Brasil. Segundo: se ela procurava significado 
por trás das palavras, era certamente porque estava oculto. Terceiro, mas importante: um 
olhar em busca de um significado não é arguto, mas inquiridor, curioso ou, melhor ainda, 
investigativo. Como dizia Monteiro Lobato, o adjetivo certo para um substantivo é como a 
porca no parafuso.
(http://www.curso-objetivo.br/.../12_1309_SimENEM_LING_COD_PORT.pdf)
Piza não teve dúvida ao apontar falha em uma das obras literárias do famoso e respeitado escritor 
brasileiro Rubem Fonseca. Piza extraiu um fragmento da obra e indicou o que poderia ser melhorado 
para sair do clichê (o trecho parece, para Piza, filme policial de 3ª categoria) e causar impacto pela ideia 
e pela construção.
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 Observação
Daniel Piza é um ótimo exemplo da versatilidade profissional. Com 
vínculo empregatício no jornal O Estado de S.Paulo, ele escrevia crônicas 
e resenhas. Paralelamente, lançou livros ficcionais, inclusive para o público 
juvenil.
Essa crítica de Piza reforça o alerta de Sena-Lino (2009) sobre o fato de que ninguém escreve numa 
ilha; há necessidade da vivência e ajuda dos colegas como passo mais urgente para progredir na escrita. 
Por isso, se o aluno escreve ou pretende escrever, compartilhe seu texto com colegas e pessoas de sua 
confiança; não deixe seu texto “engavetado”, guardado. Com seus pares, você poderá trocar opiniões, 
aprimorar seu texto e tomar coragem para divulgá-lo.
Entre as dicas de Sena-Lino (2009) para escrever criativamente, está o ponto de vista.
Ponto de vista: um dos problemas na produção textual refere-se ao foco, pois o escritor tende a 
escrever sob seu ponto de vista, ou seja, escrever segundo sua vida, experiência, vivências e sentimentos. 
A solução é abandonar a si próprio e adotar outro modo de ver; ver uma sala não apenas por um ângulo 
x ou z, mas incorporar a forma de ver daquilo que o escritor adotar.
Observe (realmente leia) a pintura de Velázquez. Quantos pontos de vista ou olhares você pode 
indicar na pintura?
Figura 15 – As meninas ou A família de Filipe IV, Diego Velázquez, 1656-1657
Ao observar a pintura, vemos a figura de um pintor – considerado o próprio Velázquez – durante 
uma pausa para observar o modelo diante de si. Ele segura um pincel e a paleta e, se desse um passo à 
frente para retomar a pintura, desapareceria de vista.
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Temos, nessa perspectiva, um ponto de vista: a do pintor dentro da obra. Se o pintor está na obra, 
temos outro ponto de vista: a do pintor ao fazer seu autorretrato.
Pela posição do pintor, ele observa seu modelo; este se situa exatamente no lugar ocupado por nós 
espectadores. Assim, temos o olhar concomitante do modelo e do leitor sobre a cena vista na pintura. 
Esse olhar é um terceiro olhar (ponto de vista). O leitor vê o quadro e é visto pelo quadro.
Em cena do fundo, temos à esquerda um quadro ou espelho com duas figuras e, à direita, uma porta, 
por onde uma figura masculina indica movimento de saída ou de entrada. As figuras à esquerda causam 
ambiguidade, pois não sabemos se são retratos ou se são reflexo; se forem reflexo, estão na posição do 
modelo, ou seja, as figuras podem ser o próprio modelo e presenciam a cena a sua frente; cena essa a 
que nós – leitores – temos acesso. Seria outro ponto de vista.
Ao seguir a história da pintura, feita no século XVII, sabe-se que o pintor retrata a família real. No 
nível social, temos mais de um ponto de vista, pois temos a figura do pintor, que presta um serviço aos 
reis (as duas figuras no fundo à esquerda); a dos reis, autoridade e patronos da arte; a da princesa, que 
ocupa lugar central e em primeiro plano; e das amas e pajens à volta da princesa, em posição de serviço.
Temos, então, mais de um ponto de vista, mais de um olhar, e para isso o artista desprendeu-se e 
assumiu outras posições. Na produção literária, o ponto de vista incorpora as circunstâncias de quem 
narra. Para essa incorporação, o texto precisa manter coerência interna em relação ao mundo próprio e 
à forma de ver o que conta.
Veja um exemplo de texto literário em que sobressai o ponto de vista:
Discurso de Copus McGlass antes da batalha de Calgon Wash
Highlanders do tabuleiro superior! Nós, os filhos de McGlass, conjuntamente com os 
McCup, temos de resistir ao invasor!
A massa nobre de areia, cálcio, sódio ou potássio, que nos corre nas veias cristalinas, 
soprada nos tórridos fornos de Vulcano, trabalhada e arrefecida pelos artífices humanos, 
reclama a nossa coragem! Clama pela nossa valentia!
Vamos ser bombardeados com jatos de água, detergente e abrilhantador...
Vamos ser revistados por dentro e por fora...
Vamos ser torturados, escaldados e arrefecidos...
É preciso resistir!
Agarrem-se ao nosso tabuleiro e não se deixem soltar! Não se deixem ir!...
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Lá em baixo, os lowlanders McFork, McSpoon, McKnife e McDish estão conosco!
Contudo, se se soltarem e partirem em mil pedaços, fiquem certos de que a vossa morte 
e o vosso sacrifício não será em vão!
Os restos do vosso delicado corpo serão levados pelas Valquírias do vidrão e reconduzidos 
aos fornos do Vallhada das vidreiras, onde a vossa poderosa alma materializar-se-á, de 
novo, em copos, para orgulho de todos os McGlass.
Para que os lábios possam continuar a acariciar-nos e a sorver, por nós, os néctares do 
mundo inteiro: nós somos o orgulho da cristalaria!
Podem expulsar-nos do tabuleiro, sujar-nos, deixar-nos cair ou atirar-nos ao chão, partir-nos 
em mil estilhaços; mas não podem tirar-nos a dignidade e a liberdade de tornarmos a nascer!
Angus, reúne os McGlass e forma-os em linha!
Viva os McGlass!
(SENA-LINO, 2009, pp. 18-19).
A história foi desenvolvida sob o ponto de vista de um copo. O autor, um dos participantes da oficina 
Escrita Criativa, faz uma brincadeira com os nomes dos personagens e sua origem.
Exemplo de aplicação
1. Imagine um copo: pode ser um copo que você use frequentemente. Conte a história de vida desse 
copo: onde nasceu, como chegou aqui, a sua vida e experiência.
Contudo, antes de contar, na primeira pessoa, pense na forma de ser e viver de um copo:
• o que um copo conhece dos seres humanos? Mãos e lábios e deve distingui-los por isso;
• tem medo de várias coisas de que os humanos também têm: diferenças brutais de temperatura, 
cair no chão e partir-se, rachar-se. Também há que ter em conta que gosta ou odeia a máquina 
de lavar louça;
• tem diferenças de forma e feitio, origem e meio, como os seres humanos: há os copos de cristal, 
os coloridos, os de marca etc.
Desenvolva a história de vida de um copo, tendo em vista que contará e verá o mundo como se fosse um..
2. Infância, livro de Memórias de Graciliano Ramos, é uma narrativa em que se alternam a voz do 
protagonista-criança e a do narrador adulto, além da voz das personagens que constituem a obra. O 
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fragmento seguinte de Infância restitui um diálogo, segundo Cunha (apud BUNZEN e MENDONÇA, 
2006, p. 137). Analise as vozes presentes no texto – voz do narrador; voz da criança-protagonista; voz 
de outra personagem; voz da opinião pública, de instituições: escola, igreja etc.
Em casa mostrei o achado a Emília,descrevi o menino, a mata e o cachorro. Nenhum sinal 
de aprovação. Emília arregalou os olhos, atentou horrorizada no folheto, pegou-o com as 
pontas dos dedos, soltou-o, como se ele estivesse sujo, aconselhou-me a não ler. Aquilo era 
pecado. Aventurei-me a discutir. Minha prima se enganava: no conto havia um menino e um 
cachorro excelentes. Recuou, muito pálida, receosa de se contaminar, e virou o rosto. Pecado.
- Pecado por quê, Emília?
Porque o livro era excomungado, escrito por um sujeito ruim, para enganar os tolos. 
Objetei que o menino e o cachorro procediam como cristãos. Respondeu que o perigo estava 
aí: quando o diabo queria tentar as pessoas, simulava boa aparência, escondia os pés de pato 
e dava conselhos razoáveis. Depois mostrava as unhas e o rabo, cheirava a enxofre, levava a 
gente para o inferno. Ignorante e novo, eu não sabia o que era certo ou errado, mas se o livro 
tinha procedência má, boa coisa não podia ser. Afirmei que ele não tinha má procedência; 
Emília espiou de longe as letras da capa, discordou, afastou-se cheia de repugnância.
(...) Havia os protestantes, havia o diabo – e estes entes remotos e confusos encheram-
me de pavor (...)
Ai de mim, ai das crianças abandonadas na escuridão. Chorei muito. E não me atrevi a 
ler O menino da mata e seu cão Piloto.
(RAMOS, 1995, p. 200-203).
Podemos usar a dica “Ponto de vista” quando sentimos que a nossa forma de contar está fechada 
no que conhecemos (experiências, hábitos...). Essa estratégia permite contar outra experiência, 
singularidades e mundividência.
Outra dica de Sena-Lino (2009) para escrever criativamente é o “listar”.
Listar: temos a seguir uma lista de cinco palavras referentes a “uma parede branca” e entre as 
palavras não pode haver as palavras “parede” e “branca”. Uma das palavras da lista substitui, por relação 
de antonímia, outra original.
1. possibilidade
2. arritmia
3. preto
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4. fuga
5. luz
Essas palavras foram utilizadas no texto a seguir de Sena-Lino (2009, p. 56):
Chuva
J. concentrou-se na luz de final de tarde que pousava nas árvores e nos animais. 
Via ali a possibilidade de tudo. Via ali também a fuga ao resto. J. tentou 
aproximar-se com os olhos dessa luz minúscula que intersectava as folhas e 
trespassava os organismos. Sentiu a arritmia das coisas paradas e desejou que o 
preto das sombras ficasse para trás. Bem para trás. Lá perto do horizonte.
A lista serve tem serventia antes, durante e depois do texto escrito:
• antes de iniciar o texto: para programar o que você quer dizer.
• durante a produção textual: se não conseguir desenvolver o texto, a lista serve de resumo e 
programação para o que dizer a seguir.
• depois do texto escrito: serve como diretriz para revisão e reescrita.
Intenção: o que o escritor quer dizer, num texto literário, como resultado, argumento, intenção, 
não pode ser excessivamente expresso porque o texto literário é um jogo livre de interpretação, que 
permite vários sentidos. Quando consideramos uma obra de arte, não temos uma palavra final sobre o 
seu sentido e linha mestra e central de leitura.
Ler, por exemplo, o conto O enfermeiro, de Machado de Assis, ou os contos de Um bom homem é 
difícil de encontrar, de Flannery O’Connor, e discuti-los sob a égide da intenção, fará com que em menos 
de dez minutos de discussão mudemos de opinião quanto ao tema dos textos, porque o tema não se 
encontra explícito.
Como queremos que a intenção fique apenas subentendida no texto que escrevemos, há a proposta 
de exercício dada por Sena-Lino (2009).
Exemplo de aplicação
A proposta é a produção de um pequeno conto.
1. Descreva, num texto escrito em sete minutos, a vida comunitária (política, cultural, organizacional, 
histórica) das formigas do Monte Branco. Note que o Monte Branco não tem forçosamente de ser na 
Europa, e muito menos que se trate do seu açucareiro lá de casa. Este será o tema 1.
2. Depois de escrever, vamos procurar o tema 2. Escolha um tema de que não goste (mas que não 
odeie), sobre o qual sinta não ter muito o que falar. Tome nota de suas ideias e faça três frases, uma com 
cada ideia. Comece ou acabe cada frase com a indicação do tema.
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3. Depois disso, semeie as suas três frases, com o tema 2, pelo texto da cultura das formigas do 
Monte Branco.
Como exemplo de resultado do exercício anterior, vamos imaginar os seguintes passos:
• tema 1: o autor escreveu sobre a cultura da formiga em sete minutos;
• tema 2: por não gostar do esporte rugby, escolheu-o como tema e sobre ele anotou ideias:
— brutal
— de regras e objetivos incompreensíveis
— são como carros em acidentes permanentes
• transformou as duas ideias em frases e comparação (ou metáfora), começando ou terminando 
cada frase com o tema escolhido:
— É brutal como o rugby.
— Tem regras e objetivos incompreensíveis, como o rugby.
— São como carros em acidentes permanentes, como o rugby.
• depois, semeou as frases no tema das formigas. O resultado fica qualquer coisa como:
“As formigas do Monte Branco são uma espécie em extinção. Talvez por terem uma democracia 
complicada, que implica devorar os políticos corruptos. É brutal como o rugby. As formigas 
dedicam-se...”
Assim, o seu texto poderá demonstrar como resultado final:
— é um texto cujo assunto é, para o leitor, sobre as formigas do Monte Branco, apoiando a sua 
crítica ou ironia com um outro tema;
— é um texto sobre o tema 2 (rugby ou beterrabas...) que se serve das formigas do Monte Branco 
para dizer realmente o que pensa sobre o tema 2;
— é um texto sobre uma terceira coisa, não expressa, que nem é sobre as formigas nem sobre o 
tema 2, mas sobre outra coisa qualquer que fica sugerida.
Em qualquer um desses casos, a intenção é o que ficou levemente expresso.
O poema Em Creta, com o Minotauro, de Jorge de Sena, utiliza dois temas (o do Minotauro e o do 
declínio da civilização ocidental, tendo como cenário a Grécia), usando o tema do Minotauro, grosso 
modo, como nós utilizamos o tema 2.
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Em Creta, com o Minotauro
I
Nascido em Portugal, de pais portugueses,
e pai de brasileiros no Brasil,
serei talvez norte-americano quando lá estiver.
Colecionarei nacionalidades como camisas se despem,
se usam e se deitam fora, com todo o respeito
necessário à roupa que se veste e que prestou serviço.
Eu sou eu mesmo a minha pátria. A pátria
de que escrevo é a língua em que por acaso de gerações
nasci. E a do que faço e de que vivo é esta
raiva que tenho de pouca humanidade neste mundo
quando não acredito em outro, e só outro quereria que
este mesmo fosse. Mas, se um dia me esquecer de tudo,
espero envelhecer
tomando café em Creta
com o Minotauro,
sob o olhar de deuses sem vergonha.
II
O Minotauro compreender-me-á.
Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.
É metade boi e metade homem, como todos os homens.
Violava e devorava virgens, como todas as bestas.
Filho de Pasifaë, foi irmão de um verso de Racine,
que Valéry, o cretino, achava um dos mais belos da “langue”.
Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.
Teseu, o herói, e, como todos os gregos heroicos, um filho da puta,
riu-lhe no focinho respeitável.
O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto
o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,
cheias de ninfas e de efebos desempregados,
se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,
como o açúcar que mexeremos com o dedo sujo
de investigar as origens da vida.
(SENA, 1978, p. 101).
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Exemplo de aplicação
Vamos fazer ocontrário. Pense em uma situação comum: um jantar, um velório, uma reunião de trabalho. 
Todos estão presentes com um motivo: comemorar, homenagear, discutir, chegar a objetivos convergentes.
Entretanto, uma pessoa está lá com um motivo diferente. O contrário. Por exemplo, alguém vai 
matar o aniversariante, dizer que o chefe rouba a empresa, que é filho (a) do fidelíssimo marido morto.
Já pensou no que vai fazer? Conte tudo pensando no motivo de todos os presentes. E, mais ou 
menos no meio do texto, faça aparecer a outra intenção... E revele no final!
Do exercício anterior, Sena-Lino (2009, pp. 62-63) nos dá um exemplo de resultado:
Olhou o bolo de aniversário carregado de velas, tantas quantos os anos que lhe passaram 
pelo corpo. Parecia que toda a superfície do bolo estava em chamas, aquela luz cortante a 
ferir-lhe os olhos, os gritos cantados a cortarem-lhe os ouvidos.
Agora pede um desejo, avô, gritavam os miúdos, todos os anos, após a estridente e 
descontrolada cantoria que durava tempo de mais, tal como ele.
E todos os anos ele olhava aquele aglomerado de chamas pequeninas apertando-se uma 
contra as outras. Parecia que aquele bolo não acabava mais, ano após ano mais uma se lhes 
juntava e o bolo esticava, esticava. Até um dia, pensava, que rebente de vez.
O desejo, avô, insistiam.
O desejo era sempre o mesmo, desde os tempos em que naquele bolo apenas eram 
espetadas, à pressa, meia dúzia de velas tristes, já usadas de outros anos, até se dissolverem 
na cobertura rala de chocolate.
Desde então o desejo era sempre o mesmo, apesar de saber que nunca se iria realizar. No 
entanto, desejava-o sempre, a mesma intensidade, a mesma força, ano após ano, vela após 
vela, até que o bolo se apague de vez.
Como fazer o tempo voltar atrás, interrogava-se. Era só isso que desejava, fazer o tempo 
voltar atrás para aquele dia em que tudo mudara. Como voltar atrás e ficar em vez de o 
deixar sozinho, tão pequenino que era?
Apagou as velas com o esforço da lembrança do irmão mais novo, ainda bebê, sozinho 
no chão, junto ao berço, corpinho sem vida, enquanto ele, alegre e esquecido, trepava alto 
a figueira do quintal até onde os seus sonhos iam, sem responsabilidades ou obrigações.
Apagou as velas como sempre, desde então, com as lágrimas do arrependimento.
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5.3 Informações sobre publicação e divulgação
Seu livro está pronto? Você tem na gaveta páginas e páginas impressas, organizadas, com sumário e 
título, seja de contos, poemas, crônicas ou um romance? Está na hora de encaminhar os seus originais 
para avaliação e publicação. Antes, porém, há a necessidade de garantir a autoria.
Este tópico do livro-texto serve, então, para orientar no cumprimento de dispositivos legais que 
validam a publicação.
Com base nos esclarecimentos de Perfetti e Scortecci (2010), apresento algumas diretrizes para 
o aluno que quiser escrever e publicar um livro. Neste capítulo tratamos da escrita literária, mas as 
informações de publicação servem para qualquer tipo de livro.
Primeiramente, qualquer escritor ou que pretende sê-lo precisa saber que existe a Lei do Direito 
Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, da qual destacamos alguns artigos e parágrafos de maior 
interesse, recomendando a leitura na íntegra.
A Lei do Direito Autoral estabelece, no Artigo 3º, o significado dos direitos autorais: “Os direitos 
autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis”. A obra que você produz é um bem móvel e o 
Artigo 7º, juntamente com seus incisos, explicita o que é obra:
Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas 
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, 
conhecido ou que se invente no futuro, tais como:
I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II- as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por 
escrito ou por outra qualquer forma;
V - as composições musicais, tenham ou não letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as 
cinematográficas;
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo 
ao da fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
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IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, 
engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, 
apresentadas como criação intelectual nova;
XII - os programas de computador;
XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, 
bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou 
disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.
A lei continua, especificando que não são considerados objeto de direitos autorais, por exemplo, 
ideia, métodos, formulários, leis e decretos.
A explicitação sobre autoria em si é encontrada no Artigo 5º, em especial no Inciso VIII – obra:
a) em coautoria – quando é criada em comum, por dois ou mais autores;
b) anônima – quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou 
por ser desconhecido;
c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto;
d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;
e) póstuma - a que se publique após a morte do autor;
f) originária - a criação primígena;
g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da 
transformação de obra originária;
h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de 
uma pessoa física ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca 
e que é constituída pela participação de diferentes autores, cujas 
contribuições se fundem numa criação autônoma.
Do artigo 11º ao artigo 17º, a Lei do Direito Autoral trata “Da Autoria das Obras Intelectuais”, 
especificando sobre o que é o autor, coautor e a identificação como tais:
Da Autoria das Obras Intelectuais
Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.
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Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas 
jurídicas nos casos previstos nesta Lei.
Art. 12. Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária, 
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por 
suas iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
Art. 13. Considera-se autor da obra intelectual, não havendo prova em 
contrário, aquele que, por uma das modalidades de identificação referidas 
no artigo anterior, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciada 
essa qualidade na sua utilização.
Art. 14. É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou 
orquestra obra caída no domínio público, não podendo opor-se a outra 
adaptação, arranjo, orquestração ou tradução, salvo se for cópia da sua.
Art. 15. A coautoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo 
ou sinal convencional for utilizada.
§ 1º Não se considera coautor quem simplesmente auxiliou o autor na 
produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, 
bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por 
qualquer meio.
§ 2º Ao coautor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, 
são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra 
individual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à 
exploração da obra comum.Art. 16. São coautores da obra audiovisual o autor do assunto ou argumento 
literário, musical ou lítero-musical e o diretor.
Parágrafo único. Consideram-se coautores de desenhos animados os que 
criam os desenhos utilizados na obra audiovisual.
Art. 17. É assegurada a proteção às participações individuais em obras 
coletivas.
§ 1º Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá 
proibir que se indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo 
do direito de haver a remuneração contratada.
§ 2º Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o 
conjunto da obra coletiva.
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§ 3º O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, 
o prazo para entrega ou realização, a remuneração e demais condições para 
sua execução.
Do título anterior, convém destacar o Artigo 17 § 2º, que se volta à autoria de obra coletiva, ou seja, 
a obra tem um organizador. Nos últimos anos, vemos muitas publicações, em especial científicas, em que 
constam muitos autores e um organizador. A título de exemplo, enumeramos apenas algumas obras:
• Trilhas da escrita: autoria, leitura e ensino, da editora Cortez. Eduardo Calil é o organizador;
• Leitura e escrita na formação de professores, da editora UFJF. Maria Teresa A. Freitas e Sérgio 
Roberto Costa são os organizadores;
• Leitura: práticas, impressos, letramentos, da editora Autêntica. Ana Maria de Oliveira Galvão e 
Antônio Augusto Gomes Batista são os organizadores;
• A formação do professor, da editora Mercado de Letras. Angela B. Kleiman é a organizadora.
São muitas obras publicadas, atualmente, em parceria, e um (ou mais autores) torna-se o organizador. 
Temos, também, obras literárias, cujo organizador reúne textos curtos, no caso, contos, crônicas e 
poemas, de diversos autores. O organizador tem assegurado seus direitos autorais, os quais passam aos 
seus descendentes.
No capítulo III, da mesma lei, encontramos diretrizes sobre o registro das obras intelectuais. Muitos 
alunos na graduação nos questionam sobre os passos para registrar os direitos autorais. A Lei nº 5.988, 
de 14 de dezembro de 1973 – Art. 17º esclarece sobre onde fazer o registro da obra:
Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá registrá-la, 
conforme sua natureza, na Biblioteca Nacional 7, na Escola de Música, 
na Escola de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro, no Instituto 
Nacional de Cinema 8, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura 
e Agronomia.
O escritor Robson di Brito registrou seu romance A garota das maçãs. O cadastro foi realizado na 
Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Escritório de Direitos Autorais sob o N° de registro: 490.233, 
Livro: 926, Folha: 269.
A seguir, um fragmento da obra A garota das maçãs:
Capítulo: Execução da Função
Eu adoro maçã, adoro mesmo, de corpo e alma, amo de paixão, e eu não podia comer 
durante a minha função. Não porque eu não queria comer maçãs e, mesmo se eu não 
estivesse com fome e aparecesse uma maçã em minha frente, eu iria devorá-la por pura 
gulodice. Enquanto menina do fim, eu não sentia fome, e tudo o que eu tocava apodrecia, 
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estragava, envelhecia e deixava de ter vida. Não faz ideia de como eu sofri, na primeira 
vez, que peguei uma maçã e ela “mofou” na minha mão. Foi a pior coisa que poderia ter 
acontecido, fiquei muito triste, ao mesmo tempo, muito irritada. Acredito que era primavera, 
porque havia várias flores e muitas frutas onde eu estava. Fui ao encontro de uma menina 
para dar o fim a sua vida, e esta, estava em um pomar.
Foi lá que vi uma árvore negra, atrás dela, dava para enxergar o céu branco e nuvens 
num tom de cinza bem claro. Penduradas, em seus galhos, grandes maçãs, vermelhas como 
o batom da minha tia “Ana Babaloo”, o nome da minha tia não é esse, esse é o apelido 
dela, o nome dela é Ana Maria, mas ela gosta que a chamem de “Babaloo”, e ela usa um 
batom vermelho bem forte, cor de sangue. As maçãs eram as mais lindas que eu já tinha 
visto em toda a minha existência. Eram tenras, suculentas, brilhantes, e eu sorri por poder 
enxergar suas cores. Se eu pudesse chorar, eu teria-me desfeito em lágrimas naquela hora. 
Acredito que meus olhos brilharam como dois diamantes, diante da visão mais bela de todo 
universo – o vermelho da fruta mais saborosa que a terra pode nos dar. Senti também, como 
se estivesse diante da árvore do fruto proibido. Uma atmosfera de mistério estava ao meu 
redor, se eu pudesse, com certeza teria-me arrepiado.
Uma das maçãs caiu do alto da árvore negra, deslizou pelo grosso tronco e rolou pelo 
gramado até bater na ponta do meu pé. Peguei delicadamente, como se estivesse pegando 
a maior preciosidade do universo. Faltou mão para envolvê-la, e enquanto eu a trazia para 
cima, para diante dos meus olhos, ela mofava. Surgiu uma camada grossa de veludo mofo 
por cima do vermelho paixão. Fiquei tão furiosa com aquilo, senti como se fosse uma falta 
de respeito pelos meus sentimentos, joguei na garotinha que tinha de dar cabo de sua vida. 
Sim, foi uma vingança, devo confessar. Se alguém pudesse me ver naquela hora, poderia 
jurar ter visto o capeta em forma de menina, de tão furiosa que fiquei. Foi então, que escolhi 
esta forma de dizer: “Chegou a sua hora!”
Sei que foi crueldade o que eu fiz com a menina, mas eu estava fora de mim, e ela tinha 
de deixar de existir mesmo!
Se você, caro aluno, tem uma obra pronta, faça como o aluno Robson di Brito e registre sua obra em 
um dos Serviços de Direitos Autorais (EDA):
• Fundação Biblioteca Nacional
Escritório de Direitos Autorais
Rua da Imprensa, 16 - 12º andar - Rio de Janeiro - RJ - 20030-120
Tel: (21) 2220.0039
Rua General Júlio Marcondes Salgado, 234 – Campos Elíseos – São Paulo – SP – 01201.020
Tel: (11) 38255249
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• Representação do EDA ; Brasília/DF
Biblioteca Demonstrativa de Brasília – BDB
Av. W3-Sul – EQ. 506/507. Asa Sul.
70350-580 – Brasília/DF
Telefone: (61) 443-5669 – 443-0852 – 443-5682
• Representação do EDA ; Salvador/BA
Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Rua General Labatut, 27 – 3º Andar. - Barris.
40070-100 – Salvador/BA
Tel: (71) 3317-6064
• Representação do EDA ; Recife/PE
Biblioteca Pública Estadual Presidente Castelo Branco
Rua João Lira, s/n. - Santo Amaro.
50050-550 – Recife/PE
Telefone: (81) 3423 8446
• Representação do EDA ; Natal/RN
Biblioteca Pública Câmara Cascudo
Rua Pontengi, 535 - Petrópolis.
59020-030 – Natal/RN
Telefax: (84) 3232-9746
• Representação do EDA ; Aracaju/SE
Universidade Federal de Sergipe – UFS – Biblioteca Central
Cidade Universitária Prof. José Aluísio de Campos. São Cristóvão
49100-000 – São Cristóvão/SE
Telefone: (79) 212-6521 / 212-6528
• Representação do EDA ; Vitória/ES
Universidade Federal do Espírito Santo
Endereço: Av. Fernando Ferrari, 514- Goiabeiras – Campus Universitário.
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29060-900 – Vitória/ES
Telefone: (27) 3335-2370 / 3335-237
• Representação do EDA ; São Luís/ Ma
MAP
Praça do Pateon S/N – Centro
65020-048 – São Luís/ MA
Telefone: (98) 3218-9961
• Representação do EDA ; Cuiabá/MT
Universidade de Cuiabá
Av. Beira Rio, 3.100- Bloco F. Jardim Europa.
78015-480 – Cuibá/MT
Telefone: (65) 3615-1261 – 615-1177
• Representação do EDA ; Florianópolis/SC
Universidade do Estado de Santa Catarina – Reitoria
Av. Madre Benventura, 2007. Itacorubi.
88035-001 – Florianópolis/SC
Telefone: (48) 3321-8020 / 3231-1590
• Representação do EDA ; Macapá/AP
BibliotecaEstadual Elcy Lacerda
Rua São José, 1800 – Bairro Central
68900-110 – Macapá/AP
Telefone: (96) 3212-5119 / 3212-5239
• Representação do EDA ; Curitiba/PR
Biblioteca Pública do Paraná
Rua Cândido Lopes 133. Centro.
80020-901-Curitiba-PR
Telefone (41) 322-9800 – 224 0575 – Ramais: 4865/4866
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• Representação do EDA ; Belém/PA
Universidade Federal do Pará
Campos Universitário do Guamá – Prédio da Reitoria
Av. Augusto Corrêa nº 01 – 2º andar
66075-900 – Belém – Pará
Telefone: (91) 211-1436
• Representação do EAD – Belo Horizonte/MG
Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerais
Praça da Liberdade, 21 – Sala 303 – Funcionários
30140-010 – Belo Horizonte/MG
Tel: (31) 3269.1166 ramal 11
Depois de registrado devida e legalmente sua obra em um dos EAD e quiser publicar por meio de 
uma editora, Perfetti e Scortecci (2010) fazem recomendações e aconselham alguns cuidados na hora 
de assinar um contrato. Entre os cuidados, estão:
• procurar saber mais sobre a editora:
— consultar sites.
— consultar entidades e associações de classe: CBL, SNEL, UBE etc.
— pesquisar junto à FBN do registro do ISBN.
— pesquisar junto à FBN sobre o cumprimento da Lei do Depósito Legal.
— consultar sites de feiras e bienais do livro.
— conversar com autores que já publicaram livros com tal editora.
— solicitar catálogos de publicações.
— consultar o Serviço de Proteção de Crédito e ou PROCON.
• observar no contrato as diferenças entre: edição, reedição, nova edição, impressão e reimpressão;
• evitar contratos longos com tempo superior a três anos;
• incluir, sempre que possível no contrato, as cláusulas:
— “Esgotada uma edição, e o editor com direito a outra não a publicar, poderá o autor notificá-lo 
a que o faça no prazo de três meses, sob pena de perder aquele direito.”
— “A obra não poderá ser utilizada para eventos culturais sem prévia e expressa autorização do autor.”
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• não autorizar a editora a dispor de número superior a 5% (cinco por cento) de cada edição para 
divulgação ou publicidade da obra;
• atenção com armadilhas ou textos de duplo sentido, como:
— “A primeira edição será de até dois mil exemplares.”
— “O presente contrato engloba os direitos da versão da obra para outros idiomas, para sua 
comercialização em outros países, hipótese em que outorga à editora o poder de entabular 
negociações necessárias para esse fim.”
— “A editora poderá, a seu critério, disponibilizar a obra na Internet (e-book) ou em qualquer 
meio eletrônico.”
• antes de assinar, havendo dúvidas, solicite uma cópia e procure orientação com o seu advogado.
A seguir um exemplo de contrato dado por Perfetti e Scortecci (2010, pp. 50-56):
Contrato de Edição de Livro
Pelo presente Instrumento Particular de Contrato e na melhor forma de direito, 
as partes, de um lado PADRÃO EDITORA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, 
regularmente constituída, com sede nesta Capital, na Rua Maria da Silva Nunes, nº 
100 -, CEP: 00000-000, São Paulo – SP, inscrita no CNPJ sob nº 00.000.000/ 0001-00, 
IE nº 000.000.000.000, telefone (11) 3032-0000, e-mail: editorapadrao@padrao.com.
br, doravante designado EDITORA, e de outro lado, José Versino Prosa, RG nº 00.000.000 
– SSP, CPF 000.000.000-00, residente na Av. Comendador Américo, 11, São Paulo – 
SP, CEP: 00000-00, telefone (11) 3031-0000, e-mail: joseversinoprosa@bol.com.
br, doravante designado AUTOR, resolvem celebrar CONTRATO DE EDIÇÃO DE LIVRO, 
mediante as cláusulas e termos seguintes:
Cláusula 1ª – DO OBJETO:
O AUTOR é o legítimo titular dos direitos autorais sobre a obra intitulada DO OUTRO 
LADO DA LUA, doravante de OBRA e, portanto em condições dela dispor, a qualquer título, 
conforme lhe é facultado pela Lei 9.610/98.
§ Único: O AUTOR declara que sobre a OBRA não recaem ônus de qualquer espécie, e 
bem assim como que não existem contratos editoriais vigentes que impeçam o pacto da 
presente EDIÇÃO.
O AUTOR dá autorização à EDITORA para editar e publicar a OBRA, nas condições 
estabelecidas nas cláusulas deste contrato.
Cláusula 2ª – DO PREÇO:
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Por este contrato de EDIÇÃO e PUBLICAÇÃO o AUTOR receberá da EDITORA, a título de 
direito autoral, o valor correspondente a 10% (dez por cento) na primeira edição e 10% (dez 
por cento) nas demais impressões (reimpressões ou nova edição), valor esse calculado sobre 
o preço de capa de cada exemplar efetivamente vendido.
§ Primeiro: A primeira remuneração devida será declarada e paga pela EDITORA, 
mediante recibo, ao AUTOR ou seu representante, até o dia 20 (vinte) do mês subsequente 
ao fechamento do trimestre a partir do levantamento das vendas realizadas e efetivamente 
liquidadas.
§ Segundo: Será de responsabilidade exclusiva do AUTOR o pagamento de todo e 
qualquer encargo fiscal ou previdenciário incidente sobre a remuneração que lhe for paga 
a título de direitos de autor.
§ Terceiro: No caso de vendas a entidades do governo, religiosas, industriais ou comerciais, 
em que o preço ajustado for especial, caberá ao AUTOR receber percentual de 5% (cinco por 
cento) sobre o preço da capa.
§ Quarto: A EDITORA disporá de 5% (cinco por cento) dos exemplares de cada 
edição (impressão ou reedição) da OBRA, para divulgação, sobre os quais o AUTOR 
concorda em não receber nenhuma percentagem, em vista do caráter publicitário 
dessa distribuição.
§ Quinto: Caso a EDITORA, por força das circunstâncias do mercado, seja obrigada a 
remarcar o preço da OBRA, objeto do presente CONTRATO, majorando-o ou diminuindo-o, 
os direitos autorais devidos ao AUTOR serão calculados sobre a nova base quanto aos 
exemplares vendidos pelo novo preço. O AUTOR será comunicado por escrito desta decisão.
Cláusula 3ª – DA EDIÇÃO:
A primeira edição será de 3000 (três mil) exemplares, para comercialização em território 
Nacional ou em países cujo idioma oficial seja o Português.
§ Primeiro: O presente contrato não engloba os direitos da versão da OBRA para outros 
idiomas e sua comercialização em outros países.
§ Segundo: A EDITORA, no caso de reimpressão ou reedição, informará ao AUTOR por 
escrito o número de exemplares da tiragem de cada nova impressão.
Cláusula 4ª – DAS OBRIGAÇÕES DO AUTOR:
O AUTOR obriga-se a entregar os originais da OBRA, com a forma literária definitiva, 
para efeito da edição e publicação.
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§ Primeiro: O AUTOR compromete-se a fazer a revisão de provas e as emendas que se 
tornarem necessárias, dentro dos prazos estipulados pela EDITORA, e aprovar a versão final 
do miolo da OBRA.
§ Segundo: As alterações que por ventura sejam feitas no texto original ou na prova da 
OBRA revisada pelo AUTOR não poderão ultrapassar 5% (cinco por cento) do total da OBRA, 
sob pena de ser levado à conta do AUTOR o que exceder essa porcentagem.
§ Terceiro: A EDITORA poderá se opor às alterações que lhe prejudiquem os interesses, 
ofendam a reputação ou aumentem responsabilidades.
§ Quarto: O AUTOR se compromete igualmente a fazer na OBRA, para futuras impressões, 
se as houver e desde que se torne necessário, ou seja, pedido pela EDITORA, a devida revisão, 
acréscimos, ou emendas, sem que por semelhantes tarefas faça jus a bonificação ou paga 
extraordinária.
O AUTOR obriga-se a responder pela originalidade do trabalho contratado, inclusive 
por citações, transcrições, ilustrações, fotografias, imagens de pessoas, uso de nomes e 
lugares, referências históricas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao texto e que 
faça parte integrante da OBRA, exonerando, desde logo, a EDITORAde toda e qualquer 
responsabilidade e obrigando-se a indenizar a EDITORA por perdas e danos que vier 
a sofrer em caso de contestação e/ou reivindicações futuras.Ao AUTOR compete a 
responsabilidade de registrar a obra e sua autoria junto ao Escritório de Direito Autoral 
da Fundação Biblioteca Nacional, com cópia autenticada do documento anexado a esse 
contrato.
Cláusula 5ª – DAS OBRIGAÇÕES DA EDITORA:
Obriga-se a EDITORA a promover, no prazo máximo de até 3 (três) meses, a contar da 
data de assinatura deste contrato, a impressão da OBRA.
Obriga-se a EDITORA a promover a distribuição, venda e publicidade da OBRA publicada, 
decidir sobre a execução e fixar o seu preço de capa para sua comercialização.
Obriga-se a EDITORA a prestar, trimestralmente, contas ao AUTOR.
Obriga-se a EDITORA a efetuar o pagamento dos direitos do AUTOR, nos termos do 
presente contrato, a partir da primeira prestação de contas.
Obriga-se a EDITORA a franquear o acesso do AUTOR aos depósitos, registros fiscais e 
contábeis da EDITORA que possam interessar diretamente ao controle da comercialização 
da OBRA, desde que o AUTOR faça esse pedido por escrito, com pelo menos 30 dias de 
antecedência.
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Obriga-se a EDITORA a entregar ao AUTOR, gratuitamente, 20 (vinte) exemplares 
da primeira edição e 10 (dez) exemplares de cada uma das demais impressões e/ou 
edições.
Obriga-se a EDITORA a incluir na ficha técnica da obra a Ficha Catalográfica – o ISBN – 
Código de Barras (contracapa) e providenciar, após publicação, o envio de 1 (um) exemplar 
para cumprimento da Lei de Depósito Legal, junto à FBN.
Cláusula 6ª – DO FORMATO DA EDIÇÃO:
Fica estabelecido que as ilustrações, desenhos, fotografias, diagramação, ou quaisquer 
outros materiais ou criações gráfico-visuais que vierem a fazer parte integrante da OBRA 
contratada, bem como tudo o que disser respeito ao know how fornecido pela EDITORA, 
assim como os fotolitos, a composição gráfica e montagem original são de propriedade da 
EDITORA, não podendo o AUTOR ou terceiros reproduzir, usar ou dispor dos materiais sem o 
expresso consentimento da EDITORA.
Cláusula 7ª – DO PRAZO:
O prazo do presente contrato é de 3 (três) anos, contados da data de sua assinatura, 
podendo ser prorrogado, por períodos iguais ou não, a combinar entre as partes.
Caso uma das partes não queira promover sua renovação deverá comunicar sua decisão, 
por escrito, no prazo de 30 dias.
Se nenhuma das partes o fizer, o contrato estará automaticamente cancelado no final 
do período de sua vigência cabendo à EDITORA a obrigação de prestar contas ao AUTOR no 
prazo máximo de 90 (noventa) dias.
Havendo saldo e livros em estoque a EDITORA poderá oferecer ao AUTOR com desconto 
de 90% (noventa por cento). Não havendo interesse a EDITORA poderá doá-los para 
bibliotecas públicas ou carentes ou optar em incinerá-los.
Cláusula 8ª – DA SUCESSÃO:
As partes contratantes obrigam-se, por si, seus herdeiros e/ou sucessores ao fiel 
cumprimento deste contrato.
Cláusula 9ª – DO FORO:
As partes elegem o foro da Comarca de São Paulo – Estado de São Paulo para dirimir 
eventuais omissões ou desavenças oriundas do presente pacto, renunciando a qualquer 
outro por mais privilegiado que seja.
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
E, por estarem justos e contratados, as partes firmam o presente instrumento particular, 
em 2 (duas) vias de igual forma e conteúdo, na presença de 2 (duas) testemunhas que a 
tudo assistiram e dão fé.
São Paulo, 10 de março de 2008.
Assinaturas (Editora, Autor(es) e Testemunha).
Esse é um modelo de contrato e você pode examiná-lo com cuidado, verificando os pontos fortes 
do texto, e procurar as possíveis variantes. Por exemplo, se, depois da conclusão do curso de Letras, você 
decidir publicar uma série de livro didático, seu contrato com a editora terá alguns diferenciais. Durante 
a produção do livro didático, o autor poderá ter revisão constante; o revisor ou revisores trabalham na 
editora e tal trabalho constará no contrato. Outro aspecto é a inserção de figuras e textos; a editora, 
sempre que possível, paga pelos direitos autorais dessas figuras e textos. Assim, haverá no contrato uma 
cláusula ou parágrafos mais detalhados sobre revisão e pagamento pela editora de direitos autorais de 
textos alheios a serem inseridos no livro didático.
 Observação
As informações sobre publicação podem ser aplicadas a outros tipos de 
produção, além da literária.
As leis, exemplo de contrato e outras informações não servem apenas para publicação de textos 
literários. Servem para qualquer tipo de publicação.
Além de contrato com editoras, seguindo o modelo anterior, existe outra forma de publicar uma 
obra por meio da editora: o autor pagar pela impressão dos livros. Muitos autores, principalmente 
desconhecidos do grande público, fazem contrato com determinadas editoras (a editora Annablume é 
uma delas), estabelecem o número de exemplares e pagam para a editora pelo trabalho de diagramação 
etc. Ou esses autores procuram uma gráfica, que tenha condição de fazer diagramação, capa etc. em 
produção digital ou offset, estabelecem o número de exemplares e pagam pela impressão. No primeiro 
caso, a editora ajuda a divulgar a obra; no segundo caso, fica a cargo do autor ser divulgador, vendedor, 
negociante de sua obra.
No Brasil, temos editoras que publicam livros de diversas naturezas – literários, científicos, 
autoajuda, manuais, entre outros – e muitas delas são notórias: Contexto, Abril, Companhia das Letras, 
Moderna, Mercado de Letras e muitas outras. Temos, também, as editoras universitárias, que publicam, 
principalmente, textos científicos, ensaios e outros, voltados ao mundo intelectual e, de forma geral, 
produzidos por autores ligados à universidade, como professores e alunos de pós-graduação. Muitas 
dissertações de Mestrado e teses são transformadas em livros e publicadas por essas editoras da própria 
universidade.
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Unidade II
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Existem outras formas de divulgação de seus textos. Entre elas, temos os sites, blogs, etc. O autor 
pode criar seu blog, como fez Robson di Brito, e publicar seus textos, ou publicar em sites como Recanto 
das Letras, dividindo com outros autores esse espaço virtual.
Outra forma é participar de feiras, bienais, festas literárias e salões do livro no Brasil, eventos em que 
o autor pode divulgar seus textos e se tiver exemplares impressos (mesmo que seja com seus próprios 
recursos) poderá vender sua obra. Entre esses eventos, encontram-se:
Bienais:
• Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro;
• Bienal Internacional do Livro de São Paulo;
• Bienal do Livro da Bahia;
• Bienal do Livro do Guarujá;
• Bienal Capixaba do Livro;
• Bienal do Livro de Santa Catarina;
• Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes;
• Bienal Internacional do Livro do Ceará;
• Bienal do Livro de São José do Rio Preto – SP;
• Bienal Nacional do Livro de Alagoas;
• Bienal Nacional do Livro de Natal;
• Bienal Nacional do Livro da Paraíba;
• Bienal Internacional do Livro de Pernambuco;
• Bienal do Livro de Goiás.
Festas literárias:
• FLIP – Festa Literária Internacional de Parati;
• Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas – PE;
• Primavera dos Livros;
• Corredor Literário na Paulista.
Feiras:
• Feira Pan-Amazônica do Livro;
• Feira do Livro de São Luís;
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TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
• Feira de Porto Alegre;
• Feira do Livro de Ribeirão Preto – SP;
• Feira do Livro de Poços de Caldas – MG;
• Feira do Livro de São João da Boa Vista;
• Feira do Livro de Caxias do Sul –

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