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Auditoria dos estoques e inventário físico APRESENTAÇÃO Você sabia que o controle de estoques contempla os controles contábeis e também físicos? Sab e-se que o bom controle contábil de estoques é realizado através de um sistema no qual as funçõ es dos colaboradores sejam segregadas, ou seja, os colaboradores que realizam as vendas ou efet uam o lançamento das compras não são os mesmos que controlam os estoques. Os estoques estã o focados no método de contabilização e no valor do custo que deve ser reconhecido como ativo e conservado na escrituração até que as referidas receitas sejam reconhecidas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a relevância do controle de estoques, identificar os custos que o abrangem e analisar a apresentação dos estoques nas demonstrações. Ao final desta unidade, voc ê deve apresentar os seguintes aprendizados: Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a existência e a importância do controle de estoques.• Reconhecer os custos que envolvem os estoques e os lançamentos de ajustes a valor de me rcado. • Verificar a evidenciação do estoque nas demonstrações financeiras.• DESAFIO A empresa Farol S.A. apresentou as seguintes informações, mostradas em relatórios impressos a partir do sistema utilizado pela empresa: Considere a informação apresentada pela empresa mediante relatórios entregues ao auditor que demonstram a posição do estoque de mercadorias designadas à venda em 31/12/2010. Você, sen do auditor, deve apresentar o lançamento correto referente ao ajuste de estoque ao valor de merc ado e demonstrar o saldo da conta de estoques no grupo correto do balaço patrimonial da empres a Farol após estes ajustes. INFOGRÁFICO Observando o infográfico, você vai poder analisar o processo de auditoria de estoques e inventár io físico. Confira! CONTEÚDO DO LIVRO Os estoques envolvem os bens adquiridos e designados à venda, inserindo, por exemplo, produt os, terrenos e outros imóveis adquiridos por um comerciante com intenção de revenda. Os estoq ues também contemplam os produtos acabados e os que estão em processo de fabricação pela e mpresa, incluindo matéria-prima e outros materiais que serão usados no meio de produção, com o embalagens e material de consumo. Acompanhe o capítulo Auditoria dos estoques e inventário físico, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. AUDITORIA CONTÁBIL AVANÇADA Aline Alves Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 A472a Alves, Aline. Auditoria contábil avançada / Aline Alves. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 219 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-046-7 1. Auditoria contábil. I. Título. CDU 657.63 Auditoria de estoques e inventário físico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identi� car a existência e a importância do controle de estoques. Reconhecer os custos que envolvem os estoques e os lançamentos de ajustes a valor de mercado. Veri� car a evidenciação do estoque nas demonstrações � nanceiras. Introdução Você sabia que o controle de estoques contempla os controles contá- beis e também físicos? Sabe-se que o bom controle contábil de estoques é realizado através de um sistema no qual as funções dos colabora- dores sejam segregadas, ou seja, os colaboradores que realizam as vendas ou efetuam o lançamento das compras não são os mesmos que controlam os estoques. Os estoques estão focados no método de contabilização e no valor do custo que deve ser reconhecido como ativo e conservado na escri- turação até que as referidas receitas sejam reconhecidas. Neste texto, você vai estudar a relevância do controle de estoques, identificar os custos que o abrangem e analisar a apresentação dos es- toques nas demonstrações. U N I D A D E 2 As normas contábeis e os objetivos da auditoria de estoques A Deliberação da CVM nº 575/09 aprovou o pronunciamento técnico CPC 16 (R1), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009). Ele aborda os estoques. Contudo, posteriormente a Deliberação CVM nº 575/09 foi alterada pela Deli- beração CVM nº 624/10 (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 2010). O CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009) tem por finalidade definir o método contábil usado para os estoques. O ponto primordial na contabilização dos estoques se refere ao valor do custo que deve ser reconhecido como ativo e conservado nos registros até que as referidas receitas sejam reconhecidas. O pronunciamento aqui comentado visa a direcionar sobre a definição do valor de custo relativo ao estoque e seu posterior reconhecimento como despesa no resultado, inserindo toda redução ao valor realizável líquido. O pronunciamento auxilia na condução referente ao procedimento e aos métodos utilizados para agregar custos aos estoques. Os estoques correspondem aos bens que foram contraídos e que possuem como destino a venda. Consideram também as mercadorias, os terrenos e os imóveis que foram adquiridos com intuito de revenda. Conforme o CPC 16 (R1), sua aplicabilidade se estende a todos os estoques. Contudo, é importante observar algumas exceções (COMITÊ DE PRONUN- CIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009): 2. Este Pronunciamento aplica-se a todos os estoques, com exceção dos seguintes: (a) produção em andamento proveniente de contratos de construção, incluindo contratos de serviços diretamente relacionados (ver o Pronun- ciamento Técnico CPC 17 – Contratos de Construção); (b) instrumentos financeiros (ver os Pronunciamentos Técnicos CPC 38 e CPC 39 sobre Instrumentos Financeiros); e Auditoria contábil avançada66 (c) ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola e o produto agrícola no ponto da colheita (ver Pronunciamento Técnico CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola). 3. Este Pronunciamento não se aplica também à mensuração dos estoques mantidos por: (a) produtores de produtos agrícolas e florestais, de produtos agrícolas após colheita, de minerais e produtos minerais, na medida em que eles sejam mensurados pelo valor realizável líquido de acordo com as práticas já estabelecidas nesses setores. Quando tais estoques são mensurados pelo valor realizável líquido, as alterações nesse valor devem ser reconhe- cidas no resultado do período em que tenha sido verificada a alteração; (b) comerciantes de commodities que mensurem seus estoques pelo valor justo deduzido dos custos de venda. Nesse caso, as alterações desse valor devem ser reconhecidas no resultado do período em que tenha sido verificada a alteração. Os estoques apontados no item 3 do CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUN- CIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009), elemento (a), precisam ser estimados mediante o valor realizável líquido em etapas de produção definidas. Esse processo ocorre, por exemplo, se as culturas agrícolas tiverem sido apanhadas ou se os minerais tiverem sido retirados e a venda for garantida conforme as condições de contrato futuro ou mediante garantia do governo, ou ainda se existir um mercado ativo em que se tenha um risco pequeno de insucesso das referidas vendas. Tais estoques precisam ser removidos somente das solicitações de mensuração do pronunciamento. O item 5 do CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CON- TÁBEIS, 2009) defende que os operadores de commodities, conhecidos como broker-traders, representam os que compram ou vendem commodities para os demais ou ainda por sua própria iniciativa. O item 3, elemento (b), aponta estoques que são basicamente contraídos com o objetivo de venda próxima futura e de constituir lucro baseado nas alterações dos preços ou na margem dos operadores. Quando tais estoques são avaliados conforme valor justo, reduzindo os custos de venda, eles são removidos apenas das solicitações de mensuração do pronunciamento. Objetivos da auditoria de estoques Definir a existência de um controle eficiente para os estoques. Confirmar que o estoquede fato pertence ao cliente. 67Auditoria de estoques e inventário físico Verificar a quantidade de estoque que está em mãos de clientes. Verificar e confirmar que o preço do estoque atribuído pelo cliente está conforme. Determinar se existe responsabilidade sobre o estoque. Definir a probabilidade de venda do estoque existente, devendo observar se há produtos defeituosos, entre outros aspectos. Definir o modo correto de evidenciação do estoque mediante as de- monstrações financeiras. O valor realizável líquido corresponde ao valor que a empresa pretende efetuar com a venda das mercadorias, já deduzidos os impostos. Já o valor justo contempla o valor pelo qual o estoque pode ser trocado por meio de vendedores e compradores. Custos de aquisição e de transformação Você deve saber que o custo de aquisição dos estoques contempla o valor de compra, os impostos relativos à importação e demais tributos. A exceção são aqueles impostos recuperáveis junto ao fi sco, ou seja, os custos que envolvem transporte, seguro, manipulação e outras atividades que estão vinculadas de forma direta à aquisição de mercadorias acabadas, materiais e serviços. Vale ressaltar que os descontos comerciais, os abatimentos e demais elementos similares precisam ser deduzidos na definição do custo de aquisição do produto. Os custos de transformação de estoques integram os custos que estão ligados de modo direto às unidades que estão sendo fabricadas ou às linhas de produção, como os referentes à mão de obra direta. Também se insere aí a Auditoria contábil avançada68 alocação organizada de custos indiretos de produção, fixos e variáveis, que foram considerados incorridos para modificar os materiais, transformando-os em produtos acabados. Os custos indiretos fixos de fabricação do produto correspondem aos que permanecem relativamente contínuos. Eles não de- pendem da quantidade de produção, ou seja, incluem a depreciação e também a manutenção de edifícios e instalações fabris, as máquinas e equipamentos utilizados na produção e os custos obtidos com a administração da fábrica. Os custos indiretos de produção variáveis correspondem aos que possuem variação direta ou quase direta em relação à quantidade de produção. Por exemplo: materiais indiretos e algumas espécies de mão de obra indireta. A definição dos custos fixos indiretos de produção relacionada às unidades fabricadas necessita ter como alicerce a capacidade básica de produção. A capacidade básica se refere a uma média de produção de mercadorias que se pretende alcançar ao longo de diversos períodos em situações normais. Dessa maneira, é preciso considerar, para a definição dessa capacidade básica, a fração da capacidade total que não pode ser usada devido a manutenções preventivas. É necessário observar ainda eventos como férias coletivas e outros similares considerados habituais para qualquer organização. O grau verdadeiro relativo à produção pode ser utilizado se for próximo à capacidade normal. Dessa forma, por consequência, o valor do custo fixo definido para cada unidade fabricada não pode ser elevado devido à baixa quantidade de produção ou ociosidade. Os custos fixos que não forem in- clusos no produto precisam ser apropriados de modo direto como despesa no período em que são incorridos. Já em períodos atípicos, ou seja, em que a quantidade de produção é elevada, o total de custo fixo definido para cada unidade produzida precisa ser reduzido, de modo que os estoques não sejam avaliados acima do custo. É necessário estipular os custos indiretos de fabricação variáveis a cada unidade pro- duzida, tendo como base o uso verdadeiro relativo aos insumos variáveis de produção, ou seja, a capacidade real que foi usada. Dependendo do critério de produção, esse processo poderá resultar em mais de um produto fabricado ao mesmo tempo. Um exemplo é a situação em 69Auditoria de estoques e inventário físico que se fabricam mercadorias em conjunto ou a existência de uma mercadoria principal e um ou mais subprodutos. Quando não se separam e identificam os custos de transformação de cada produto, eles precisam ser agregados às mercadorias em base racional e consistente. Essa determinação pode ter como eixo, por exemplo, o valor relacionado da receita de venda de cada mercadoria. Isso pode ocorrer na etapa do processo de produção em que as mercadorias são separadamente identificáveis ou no término da produção, dependendo da situação. Grande parte dos subprodutos, em função de sua essência, nor- malmente é imaterial. Na ocorrência dessa situação, eles são normalmente avaliados conforme valor realizável líquido, e esse valor é diminuído do custo da mercadoria fundamental. Como consequência, o valor contábil dessa mercadoria considerada como principal não deve ser materialmente diferente do seu custo. Produtos acabados e em fase de andamento O processo de acumulação de custos para a fabricação ou o desenvolvimento de mercadorias muda de uma companhia para outra. Isso ocorre com base no tipo de produto que é produzido. A avaliação dos produtos acabados e em fase de andamento precisa estar baseada em três elementos fundamentais: matérias-primas, mão de obra direta e despesas gerais de fabricação. Nessa situação, os exames aplicados pelo auditor precisarão cobrir alguns elementos. Estes devem ser testados com relação à exata apropriação relativa à matéria-prima por intermédio das solicitações de materiais, à apropriação de mão de obra direta conforme indicações de mão de obra direta e aos métodos usados para definição das despesas gerais de fabricação. Quando se tratar de produtos acabados ou em processo, será preciso es- pecificar a etapa de produção em que se encontra o percentual de conclusão realizado ou a efetiva acumulação referente aos custos que já foram incorridos. Independentemente de os exames se referirem a produtos acabados ou em fase de andamento, o auditor precisa verificar os métodos usados pela empresa para mensuração desses elementos. Depois, deve encaminhar seu trabalho a fim de cumprir esses métodos, além de analisar se eles são os mais adequados. Ele também deverá realizar uma análise referente às despesas gerais de fabricação de forma criteriosa. Seu intuito é o exame que confirme se todos os custos indiretos relativos à produção, e somente estes, foram inseridos. Auditoria contábil avançada70 Na ocorrência de a empresa fazer uso do custo padrão, é função do auditor verificar as contas relativas a variações. Isso ocorre pois os saldos elevados referentes às alterações apontam imprecisão em relação ao uso dos padrões ou à inexistência de determinação correta dos custos. Os participantes e os critérios da contagem física O processo de inventário físico corresponde a critérios de controles que bus- cam apurar as obrigações das pessoas que vigiam os bens da companhia. O processo ocorre mediante a contagem física dos bens em contrapartida ao resultado dos saldos de estoques. Sendo assim, é sugerido que os participantes da contagem física não sejam os mesmos que façam a guarda dos estoques. O inventário físico também tem por fi nalidade adaptar os registros contábeis à situação real da empresa. A contagem física precisa ser efetuada pelo menos uma vez por ano. Algu- mas empresas realizam o inventário físico de todos os bens do estoque perto do final do ano ou do encerramento do seu exercício social. Enquanto isso, outras empresas fazem uso do método rotativo, em que realizam a contagem física ao longo dos meses do ano, tomando o cuidado para que todos os bens sejam contados ao menos uma vez durante o exercício social. Esse processo deduz que a companhia tenha um registro contínuo dos estoques, ou seja, um registro analítico. Esse registro comporta todas as movimentações em reais e as quantidades de acordo com cada bem, acompanhadas por um bom sistema de controle interno. As capacitações de colaboradores e as instruções por escrito são pré-requisitospara que o inventário físico tenha êxito. Etapas do inventário físico a) Inventariar os bens da empresa. b) Confrontar os elementos que foram inventariados com os registros constantes dos estoques. c) Ajustar os registros e o razão geral relativo aos estoques. 71Auditoria de estoques e inventário físico Toda divergência encontrada entre o estoque físico e os registros precisará passar por análise investigativa. Controle interno A defi nição de controle interno tem por fi nalidade proporcionar ao auditor a base para estabelecer o propósito do seu trabalho. Ela o orienta quanto aos métodos que ele deve utilizar, ao período e à extensão dos trabalhos. O controle interno contempla os controles contábeis e os físicos. Um controle contábil eficaz se define mediante um sistema em que as funções dos colabo- radores sejam separadas. Ou seja, em um sistema no qual não seja possível que o colaborador que fiscaliza os estoques tenha responsabilidade sobre o faturamento das vendas da empresa ou sobre os lançamentos de compras. O sistema precisa ser desenvolvido de modo que a movimentação dos dados contábeis ocorra simultaneamente à movimentação dos estoques. Somente será possível remeter o estoque após a aprovação das vendas e a autorização do envio. O faturamento relativo às compras não deve ser lançado nem autorizado para pagamento sem que se tenha verificado os relatórios de recebimentos. Estes devem estar corretos com relação aos itens que foram faturados. Os inventários correspondem a um excelente controle. As empresas estabelecem o controle interno de acordo com as suas necessidades, já que uma empresa é diferente de outra. Por isso, cada uma possui métodos próprios para aplicar o controle interno. Verifique, abaixo, algumas espécies de controles internos que podem ser executados pelas companhias: Auditoria contábil avançada72 a) Divisão de funções entre a guarda física de estoques e a de contabilização. b) Aprovação para compras mediante responsável nivelado. c) Uso de pesquisa de preços ou coletas para as aquisições. d) Uso de solicitação de materiais que forem utilizados na fabricação. e) Indicação da quantidade de horas trabalhadas no processo de produção. f) Registro ininterrupto de estoques. Valorização e avaliação dos estoques O custo dos estoques de elementos que geralmente não são intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e separados de acordo com projetos carac- terísticos precisa ser conferido mediante o uso da identifi cação exclusiva dos seus custos individuais. A identifi cação exclusiva relativa ao custo signifi ca que são conferidos custos exclusivos a elementos identifi cados do estoque. Esse é o processo adequado para elementos que sejam divididos para um pro- jeto característico, desconsiderando se eles foram comprados ou produzidos. No entanto, na ocorrência de grandes volumes de elementos de estoque que sejam normalmente intercambiáveis, a identifi cação exclusiva de custos não é apropriada. Nesse tipo de situação, se deve utilizar um método de valoração dos elementos que continuam nos estoques. De acordo com o CPC 16 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2009), os critérios de valoração de estoques compreendem: 25. O custo dos estoques, que não sejam os tratados nos itens 23 e 24, deve ser atribuído pelo uso do critério Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou pelo critério do custo médio ponderado. A entidade deve usar o mesmo critério de custeio para todos os estoques que tenham natureza e uso semelhantes para a entidade. Para os estoques que tenham outra natureza ou uso, podem justificar-se diferentes critérios de valoração. 26. Por exemplo, os estoques usados em um segmento de negócio podem ter um uso para a entidade diferente do mesmo tipo de esto- ques usados em outro segmento de negócio. Porém, uma diferença na localização geográfica dos estoques (ou nas respectivas normas fiscais), por si só, não é suficiente para justificar o uso de diferentes critérios de valoração do estoque. 27. O critério PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que perma- necerem em estoque no fim do período sejam os mais recentemente 73Auditoria de estoques e inventário físico comprados ou produzidos. Pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período. A média pode ser determinada em base periódica ou à medida que cada lote seja recebido, dependendo das circunstâncias da entidade. Durante a realização do inventário físico, alguns auditores registram nos seus papéis de trabalho os comentários relativos aos métodos aplicados pe- los clientes no levantamento. Eles também incluem as condições como são apresentados e sua opinião própria referente às contagens. Os comentários registrados pelos auditores formam evidências que são úteis na formação de opinião referente aos estoques. Também são importantes para os auditores realizarem recomendações construtivas para o cliente. Algumas vezes, em situações de observação de levantamento de inventário físico, é necessário que o auditor faça uso dos seus sentidos, abrindo mão de seu entendimento para que consiga constatar a exatidão dos volumes analisados. Algumas espécies de estoques podem apresentar problemas com relação ao levantamento do volume, conforme você pode observar a seguir: Enormes pilhas de material em espécie de carvão. Líquidos em tanques, observando os de formato horizontal ou cilíndrico. Diversos volumes de peças pequenas. Trabalhos em andamento. Toras de madeiras alocadas em rios. Também é possível encontrar dificuldades em definir a essência qualitativa do estoque. Isso pode acontecer, por exemplo, se o material corresponde a um produto químico de um tipo específico, ou ainda a uma joia de valor individual. O que ocorre é que poderão surgir situações em que o auditor não poderá contar somente com os seus conhecimentos. Dependendo da situação, Auditoria contábil avançada74 é recomendada a contratação de especialistas que possam afirmar quanto à natureza do item em estoque. Procedimentos de auditoria O auditor precisa ler atentamente as recomendações da companhia para o levantamento do inventário. Ele também deve verifi car alguns dos principais pontos: Planejamento; Monitoramento das etiquetas; Corte das operações; Fluxo interno e externo referente às mercadorias; Identificação das mercadorias. Faz-se necessário ainda ler os papéis de trabalhos relativos ao exercício social anterior. O auditor precisa estar atento aos métodos utilizados, aos problemas indicados e aos comentários que podem ser executados ao exercício social ao qual está submetido o exame. O auditor também deve obter a apuração aproximada referente ao estoque para cada local da companhia, definindo os setores que serão abordados. É importante que ele faça a devida comunicação por escrito, especificando os detalhes relativos à contagem aos demais escritórios da empresa de auditoria que também estão participando do inventário. Antecipando a contagem, o auditor deve realizar uma visita aos locais onde estão armazenadas as matérias-primas e as mercadorias. O objetivo dessa visita é verificar se os estoques estão organizados de forma correta e analisar se há áreas com maiores dificuldades ou obstáculos, onde deverão trabalhar os auditores que possuem mais experiência. É aconselhável que o auditor externo converse com o responsável pelos auditores internos e solicite a presença de um deles no levantamento físico. Isso porque os auditores internos podem cobrir a área que não seria verificada pelos auditores externos. 75Auditoria de estoques e inventário físico É preciso ainda definir quais serão os auditores externosque farão a apu- ração das contagens. Isso é feito mediante reunião. Esses auditores recebem orientações sobre a natureza do inventário e a particularidade das operações da companhia. Além disso, nessa reunião se definem os setores em que cada auditor vai atuar. Durante o período da contagem, será necessário que o auditor siga os seguintes critérios: Analisar se os participantes estão obedecendo às orientações do in- ventário físico; Realizar testes de contagens realizando o confronto imediato com o que foi apontado pelos participantes e esclarecer qualquer dúvida existente; Ordenar os papéis de trabalho referentes aos exames de contagens de elementos que possuem maior valor monetário, para que posteriormente possam ser confrontados com as relações conclusivas do inventário; Verificar e questionar as mercadorias obsoletas e matérias-primas que possuem defeitos ou que não estão em uso, geralmente sem utilização nos últimos 12 meses. Na ocorrência desse material, é preciso ordenar papéis de trabalho com especificações; Verificar se foram escolhidos os métodos de acordo com as mercadorias faturadas e não entregues, observando também as matérias-primas que foram recebidas no período do inventário físico; Ordenar o papel de trabalho relativo ao cutoff (corte das operações), quanto aos documentos de entrada e saída; Desenvolver cutoff para as etiquetas de contagem, incluindo as emitidas e as em uso, as que foram canceladas e as em branco. Você deve saber também que é preciso solicitar confirmação ao custodiante quando houver estoque sobre posse de terceiros. Para isso, é preciso observar alguns pontos: a) Se o estoque realmente se refere à empresa que está passando pela auditoria; b) Se o estoque está em condições adequadas; c) Se o estoque se encontra livre de qualquer ônus. Analise, a seguir, alguns testes importantes que precisam ser efetuados sobre os produtos acabados: Auditoria contábil avançada76 a) Realizar a conferência dos dados com os registros perpétuos de estoques; b) Confirmar o cálculo das quantidades, no qual é preciso multiplicar a quantidade pelo custo unitário, confrontando o resultado com o custo total existente; c) Conferir, do mesmo modo, a matéria-prima, revendo o cálculo da apu- ração relativo aos custos unitários durante o exercício social que está em exame; d) Comparar o custo unitário atual em relação ao ano anterior, pesquisando a existência de irregularidades ou diferenças; e) Comparar o custo unitário momentâneo com o valor realizável líquido. Na ocorrência de o valor realizável líquido estar abaixo do custo, é preciso que a companhia constitua provisão para desvalorização dos estoques. Nessa situação, o auditor precisa ter consciência da necessi- dade de constituir provisão para o estoque relativo à matéria-prima que posteriormente será transformada em produtos acabados. Para o teste de produtos em andamento, também deve ser efetuada constituição de provisão para desvalorização de estoques. Isso se o valor realizável líquido for menor que o custo unitário total. 77Auditoria de estoques e inventário físico 1. Com relação à auditoria de estoques e inventário físico, indique a alternativa correta. a) O CPC 16 (R1) tem como objetivo delimitar o custo total dos estoques. b) O CPC 16 (R1) foi aprovado mediante a Deliberação CVM nº 585/10. c) O ponto fundamental na contabilização dos estoques é relativo ao valor do custo que precisa ser reconhecido como ativo e mantido nos registros até que as devidas despesas sejam reconhecidas. d) Os estoques representam os bens que foram adquiridos e cujo destino é a venda. e) Conforme a CPC 16 (R1), o item 2 afirma que o pronunciamento se aplica a qualquer estoque, incluindo a produção em andamento decorrente de contratos de construção e os contratos de serviços relacionados. 2. Com relação à auditoria de estoques, marque a alternativa que se enquadra nos objetivos desse tipo de auditoria. a) Determinar um controle eficaz para estoques. b) Determinar a possibilidade de o estoque existente não ser vendido. c) Estabelecer a forma correta de apresentar o estoque por meio dos auditores internos. d) Verificar e conferir se o valor de estoque adquirido pelo fornecedor está adequado. e) Conferir a falta de responsabilidade sobre os estoques. 3. Analise as afirmativas que abordam os custos de aquisição e de transformação, e também quanto aos produtos acabados ou em fase de andamento. Após analisar, indique a alternativa correta. a) Os custos de transformação de estoques incluem aqueles vinculados de modo indireto às unidades que estão sendo produzidas. b) Nos custos de transformação, os descontos comerciais, os abatimentos e outros itens semelhantes devem ser somados na definição do custo de aquisição do produto. c) As determinações dos custos variáveis indiretos de produção relativos às unidades produzidas precisam ter como base a capacidade básica de produção. d) A avaliação dos produtos acabados e em fase de andamento deve ter como base somente matérias-primas e despesas gerais de fabricação. e) Nos produtos acabados e em processo, é preciso fazer uma análise rigorosa referente às despesas gerais de produção. Nela, o objetivo é o exame que confirme se todos os custos Auditoria contábil avançada78 indiretos relativos à produção, e somente estes, foram incluídos. 4. Avalie as alternativas que tratam sobre o controle interno e aponte a correta. a) O controle interno corresponde somente a controles físicos. b) O faturamento relativo às compras pode ser lançados e autorizados para pagamento, dispensando a análise dos relatórios de recebimentos. c) As organizações definem seus controles internos para atender às prioridades de seus clientes. d) A utilização de solicitação de materiais que serão usados na fabricação corresponde a um controle interno. e) A utilização de pesquisa de preços ou coleta para aquisições não corresponde a um controle interno. 5. Com relação aos procedimentos de auditoria de estoques, indique a alternativa correta: a) É preciso que o auditor observe o que foi apurado por meio do inventário e analise, entre outros, o controle das etiquetas. b) Não é necessário definir com antecedência as áreas que serão visitadas, pois se os setores forem pegos de surpresa, os resultados serão mais eficazes. c) Na contagem, o auditor deve obedecer a alguns critérios, como a realização de testes de contagens, em que o confronto poderá ocorrer em outro momento. d) Se o estoque estiver sob posse de terceiros, deve ser solicitada a confirmação do custodiante, observando se o estoque pertence mesmo aos fornecedores. e) Quanto aos testes efetuados sobre os produtos acabados, é desnecessário efetuar a confirmação das informações com os registros perpétuos de estoques. 79Auditoria de estoques e inventário físico COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM nº 624, de 28 de janeiro de 2010. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/ legislacao/deli/anexos/0600/ deli624.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 16(R1). Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/ Documen- tos/243_CPC_16_R1_rev%2003%20(2).pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017. Leituras recomendadas ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade: auditoria e perícia. 3. ed. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http:// portalcfc.org.br/wordpress/ wp-content/ uploads/2013/01/livro_auditoria-e-pericia. pdf>. Acesso em: 05 jan. 2017. CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013. SLOMSKI, V. Manual da contabilidadepública: um enfoque na contabilidade municipal, de acordo com a lei de responsabilidade fiscal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Auditoria contábil avançada80 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir apresenta a importância da auditoria de estoques e inventário físico nas empres as. Assista! Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) Com relação à auditoria de estoques e ao inventário físico, indique a alternativa corre ta. A) O CPC 16 (R1) tem como objetivo delimitar o custo total dos estoques. B) O CPC 16 (R1) foi aprovado mediante a Deliberação CVM no 585/10. C) O ponto fundamental na contabilização dos estoques é relativo ao valor do custo que precis a ser reconhecido como ativo e mantido nos registros até que as devidas despesas sejam re conhecidas. D) Os estoques representam os bens que foram adquiridos e cujo destino é a venda. E) Conforme a CPC 16 (R1), o item 2 afirma que o pronunciamento se aplica a qualquer esto que, incluindo a produção em andamento decorrente de contratos de construção e contratos de serviços relacionados. 2) Com relação à auditoria de estoques, marque a alternativa que se enquadra nos objet ivos desse tipo de auditoria. A) A determinação de um controle eficaz para estoques. B) Determinar a possibilidade do estoque existente não ser vendido. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/9714d38e827d38ea79c823cff9a91a5a C) Estabelecer a forma correta de apresentar o estoque através dos auditores internos. D) Verificar e conferir se o valor de estoque adquirido pelo fornecedor está adequado. E) Conferir a falta de responsabilidade sobre os estoques. 3) Analise as afirmativas que abordam os custos de aquisição e de transformação e tam bém quanto aos produtos acabados ou em fase de andamento. Após analisar, indique a alternativa correta. A) Os custos de transformação de estoques incluem os custos que estão vinculados de modo i ndireto às unidades que estão sendo produzidas. B) Dentro dos custos de transformação, os descontos comerciais, os abatimentos e outros iten s semelhantes devem ser somados na definição do custo de aquisição do produto. C) As determinações dos custos variáveis indiretos de produção, relativos às unidades produzi das, precisam ter como base a capacidade básica de produção. D) A avaliação dos produtos acabados e em fase de andamento deve ter como base somente m atérias-primas e despesas gerais de fabricação. E) Nos produtos acabados e em processo, é preciso fazer uma análise referente às despesas ge rais de produção de forma rigorosa. O objetivo é o exame que confirma se todos os custos i ndiretos são relativos à produção e se somente estes foram incluídos. 4) ,Avalie as alternativas que tratam sobre o controle interno e aponte a correta. A) O controle interno corresponde somente a controles físicos. B) O faturamento relativo às compras pode ser lançado e autorizado para pagamento, dispens ando a análise dos relatórios de recebimentos. C) As organizações definem seus controles internos para atender às prioridades de seus client es. D) A utilização de solicitação de materiais que serão usados na fabricação corresponde a um c ontrole interno. A utilização de pesquisa de preços ou coleta para aquisições não corresponde a um control E) e interno. 5) Com relação aos procedimentos de auditoria de estoques, indique a alternativa corret a. A) É preciso que o auditor observe o que foi apurado através do inventário e analise, entre out ros, o controle das etiquetas. B) Não é necessário definir com antecedência as áreas que serão visitadas, pois, se os setores forem pegos de surpresa, os resultados serão mais eficazes. C) Na contagem, o auditor deve obedecer alguns critérios, como a realização de testes de cont agens, em que o confronto poderá ocorrer em outro momento. D) Se o estoque estiver sob a posse de terceiros, deve ser solicitada a confirmação do custodia nte, observando se o estoque pertence mesmo aos fornecedores. E) Quanto aos testes efetuados sobre os produtos acabados, é desnecessário efetuar a confirm ação das informações com os registros perpétuos de estoques. NA PRÁTICA Eduarda trabalha na empresa Facto e é responsável pelo estoque. Faltava apenas um mês para a auditoria externa, mas Eduarda tinha muitas outras tarefas para fazer e acabou deixando a contag em dos produtos em estoque para a última hora. A semana da auditoria externa coincidiu com os dias que Eduarda estava de atestado médico, já que havia ficado doente. A auditoria foi realizada no setor e constatou-se a ausência de controle de estoque, pois o contro le não era feito há cerca de quatro meses. A auditoria detectou também que a empresa realizou u ma venda de produtos bem maior do que havia em estoque, e isso ocorreu porque a empresa uso u como base os números que estavam indicados como quantidades existentes, mas a contagem e stava desatualizada, o que resultou no atraso da entrega de mercadoria ao cliente. A colaboradora compreendeu a importância do controle físico dos estoques. Se tivesse sido reali zado, a empresa não precisaria pagar multa ao cliente pela falta do produto já vendido, pago e nã o entregue. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Auditoria de estoque Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Auditoria interna operacional em estoques Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://youtu.be/KqKz4Aj4DRA https://www.youtube.com/embed/DggW6s9WGhg?rel=0
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