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1 Geografia Econômica Geografia das indústrias no Brasil Dr. Fábio Coltro Unidade de Ensino: 03 Relacionar o uso das inovações técnicas às novas formas de apropriação do espaço. Analisar os processos de industrialização e regionalização econômica para compreender as transformações e seus impactos socioespaciais. Resumo: Localização industrial e seus efeitos no espaço geográfico. Matrizes e hierarquia da indústria brasileira. Palavras-chave: Geografia das indústrias; Estado e economia; industrialização. Título da Teleaula: Geografia das indústrias no Brasil Teleaula nº: 03 Algumas reflexões • Atividade industrial é parte da vida em sociedade. • Alguns autores consideram a manufatura artesanal uma “pré-indústria”. • Muitas políticas industriais estão associadas ao contexto histórico vivido. • Geografia industrial: distribuição espacial da indústria, suas condições de desenvolvimento, cadeias produtivas e padrões de consumo. Trajetória industrial brasileira. A indústria é contida pela Metrópole • Priorizava a vocação agrária do país. • Não competir com as manufaturas portuguesas ou de aliados (Inglaterra p.ex.). • Pequena produção estava autorizada • Panos simples e equipamentos para uso na agricultura. • Tecidos para escravos, indústria moveleira. • Era em suma: doméstica e artesanal! • Mentalidade Mercantilista de Portugal • Metalismo e balança comercial favorável. • Proteção da indústria nacional (no caso PORTUGAL). • Colônia deveria contribuir com a auto- suficiência da Metrópole. O “exclusivo” metropolitano e a Política de “genros”. • Bases diplomáticas e de domínio territorial. • Comércio com indígenas (escambo). • Apesar da proibição há aumento da manufatura. Fábrica de pólvora no Rio de Janeiro (1818). Thomas Ender. Fonte: Casa Rui Barbosa 2 Aspas para: A gradativa constituição de um mercado interno colonial é apontada como o elemento básico de conformação de uma rede de lugares articulados por relações e interesses comuns, com especialização da produção local e forte divisão do trabalho interna à colônia. Os circuitos de complementação produtiva gerados nesse processo delineiam círculos de cooperação que relacionam espaços (...) Desenham-se assim, os prototerritórios dos projetos de rompimento com a condição colonial , isto é, a área reivindicada de jurisdição dos Estados a serem criados pelos movimentos de independência (MORAES, 2005, p.71, adaptado.) . Vila ou cidade Povoado de boca de sertão Sertões (fundos territoriais) Economia Colonial Economia do Brasil - Colônia •Produção nacional (agrícola) orbita em torno das demandas internacionais. •Ciclos econômicos. Panorama econômico do Brasil Séc.XVIII. Fonte: SCHNEEBERGER, FARAGO, 2003, p.78. Ciclos econômicos no Brasil. Fonte: Todamateria.com “Fim” da política de contenção (1808) • Fim do período de proibição foi assinado por Dom João. • No entanto ainda reforçava o papel rural. • 1808: Chegada da Família real ao Brasil. • Corpo burocrático transplantado. • Missões artísticas. • Esboço sistema bancário e comercial nacional. • Corpo técnico de artesãos e especialistas! • Subsídios à produção de lã e seda. Weaving on a loom. Fonte: Allamy.com Taxa de importação: • 24% para produtos estrangeiros. • 16% de Portugal. • 15 % Inglaterra (aliado de Portugal). • Na prática, a indústria nascente enfrentava competição com produtos ingleses mais baratos e de melhor qualidade. Tratado de aliança e amizade entre Portugal e Inglaterra. Fonte: wikicommons. 3 Fase de implantação (1808-1930) Fase de implantação (1808-1930). •Lei Alves Branco (1844) •Proteção da indústria nacional. •Sociedade auxiliadora da indústria nacional e escola politécnica (1874). •1850: 50 fábricas. •1899: 636 fábricas. Período republicano 1. a chegada de imigrantes e regime assalariado. 2. o acúmulo de capitais oriundos principalmente do café. 3. o estabelecimento de uma malha ferroviária. 4. a urbanização 5. a liberação de capitais resultante do fim da importação de escravos. Consolidação (1930-1955). • Crise de 1929: Dependência da exportação do café fragilizam economia brasileira. • Anos 1930: Alto grau de centralização, pela maior autonomia e por outras três características: 1. Atuação econômica: promover a industrialização. 2. Atuação social, que dava proteção aos trabalhadores urbanos (aliança de classes com o poder estatal). 3. 3. Forças armadas como suporte da criação de uma indústria base e fator de garantia da ordem. Criação de uma infraestrutura • Uma política de substituição de importações e estabelecimento de uma indústria de base. • A aproximação com as associações industriais. • A criação de empresas estatais de energia e infraestrutura e a nacionalização do solo. Progresso de pequenas empresas 4 Ana resolve utilizar seu conhecimento como costureira e os cursos de aprimoramento para montar uma pequena tecelagem no fundo de Casa. •Com o tempo o negócio progrediu. •Diversificação do catálogo de produtos, talvez seja preciso considerar a transformação da tecelagem em uma fábrica de tecidos e roupas. Ana procurará minimizar ao máximo seus riscos, mas a mudança do status de uma “manufatura” para uma pequena indústria pode ser estratégico para consolidar sua posição no mercado regional. A ideia é cobrir uma deficiência na produção de camisas estampadas e produtos especializados em sua região (os consumidores acabavam tendo de viajar até a capital, que fica a 400 km de distância, aproximadamente). •Exemplo do Tio que fracassou ao dar esse passo. Nos anos 1980, a inflação e a competição com produtos estrangeiros de melhor qualidade eram impeditivos para indústrias nascentes. Sua serralheria teve de competir com indústrias moveleiras maiores. Os custos eram proibitivos, somente os fretes consumiam quase 30% do custo dos produtos. Acabou indo à falência em menos de três anos. Tendo em mente a experiência de seu tio e a leitura das potencialidades e dos fatores locacionais, quais decisões deve tomar de forma a não ter o mesmo fim de seu tio? Resolução Ana e seu marido Paulo decidem recorrer a uma instituição de apoio aos microempresários e que tem como objetivo a qualificação. Ana reconheceu quase todos os erros de seu tio nas situações problema apresentadas por seus professores, o que refletia, à época, a importância de uma boa formação de base para a ação empresarial. De posse disso Ana fez uma leitura das condições do mercado consumidor regional e constatou algumas dificuldades na própria demanda por camisas estampadas. Percebeu que o investimento necessário era alto demais em relação ao retorno; que as pessoas simplesmente não consumiriam camisas estampadas o suficiente e a economia digital tornou possível a produção de suas próprias camisetas pela internet e o envio pelo correio. Logo, Ana abandonou a ideia da estamparia. Opta por montar uma pequena planta industrial em sua própria cidade, mas em uma localidade nova, na qual o custo da terra é baixo (política de atração de pequenas empresas com impostos mais baixos). Esse crédito faz parte de uma política econômica de incentivo à criação de empresas nacionais, e parte de seu aporte vem via BNDES, uma instituição idealizada dentro do contexto de fomento às atividades econômicas no país com uma taxa de juros fixada. As vantagens comparativas oferecidas em sua cidade que facilitam a instalação da indústria compensa a distância de sua cidade dos grandes centros consumidores. 5 Aparece assim uma nova oportunidade: o valor agregado das roupas de bebê no mercado é alto e sua cidade é reconhecida pelas ótimas costureiras: os produtos seriam parte “artesanal” e parte “industrial”, diferenciando-os dos atuais produtos disponíveis no mercado. Cria assim a Ana baby Ink. Utilizando-se de um micro-crédito para empresas, procurou realizar os investimentos aos poucos, deixando sempre uma margem para cobriros prejuízos, em um rumo diferente de seu tio. Perguntas e reflexões Década de 1960-1990 Década de 1960-1990 • Plano de metas (1957-1961): • Filiais de grandes empresas automobilísticas estrangeiras no país. • O investimento maciço em energia • Criação de Brasília. • Década de 1970: Entrada de multinacionais. • Setor automobilístico. • Diversificação da indústria. Fonte: http://tiburcioreginabh.blogspot.com Com os governos militares até anos 1990 • Implantação de pólos de desenvolvimento e planos econômicos. • Abertura comercial nos anos 1990. • Desestruturação do sistema fabril. • Uma maior descentralização e desconcentração industrial. • Choque financeiro. • Milagre econômico” (1968-1973). • Plano de ação decenal de desenvolvimento econômico e social (1967-1976) e os PND’s . O desenvolvimento industrial brasileiro. 6 Industrialização e espacialização • Fatores associados com a atração industrial: • Transporte, trabalho, matérias-primas, mercados, locais apropriados, serviços, atitudes governamentais, estrutura de imposto, clima e comunidade”. • Região sudeste apresentava maior atratividade no território nacional • Impacto sobre a urbanização. Região sudeste reúne condições para o surgimento da indústria • Rede de transportes mais consolidada e locais apropriados para instalação das indústrias com disponibilidade de energia e matérias-primas. • Mão de obra. • A dimensão do mercado consumidor nas capitais. • Políticas de incentivo à industrialização (substituição de importação, investimentos, etc.). Fonte: baixarmapas.com • Governos militares prosseguem com a tradição varguista de alavancagem da indústria nacional e integração territorial do país. • Governo militar seguiu basicamente em três frentes: • Políticas econômicas • Criação de estatais, como a Petrobrás e a CSN • Questões macroeconômicas (controle de câmbio, imposto sobre importação e empréstimos internacionais). Durante o regime militar, o número de estatais pularia de 12 para 44. Aspas para: Os militares assumiam o comando de uma economia que havia crescido ininterruptamente com taxas altas, maiores que a média mundial [...] em períodos diversos do cenário internacional, a fórmula brasileira fora a mesma: incentivar a indústria local e com isso obter uma taxa de mercado interno maior do que a do setor exportador. (CALDEIRA, 2017, p.556 e 557) Zona Franca de Manaus • Parte do projeto de integração nacional (anos 1960). • Pólo natural x Pólo artificial de crescimento. • Redução de tributos federais e impostos de importação(ALC). Três pólos econômicos: • Comercial: ascensão no final da década de 80 (economia fechada). • Industrial: base de sustentação da ZFM com mais de 600 indústrias(Manaus). • Agropecuário: produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, madeira, etc. Milagre Econômico As reformas realizadas pelos planos de ação do governo que permitiram o aumento dos investimentos. 1. o aproveitamento da capacidade ociosa da indústria. 2. o cenário internacional favorável ao aumento das exportações (1945-1973). 3. os crédito aos consumidores. 4. investimento estatal na infraestrutura. 5. o crescimento da indústria da construção civil por meio dos sistema de habitação. 7 Desgaste econômico e recessão • Muitos investimentos foram realizados com aporte financeiro estrangeiro. • Aumento da dívida externa. • Crise do Petróleo de 1973 agrava esse cenário. • Anos 1980: Década perdida. • Baixo crescimento econômico, planos econômicos disfuncionais, Inflação e estagnação. • Desconcentração industrial. Panorama atual da indústria brasileira. Uma nova Geografia Industrial • Antigo (1940-1970): • centro (polariza bens de consumo, equipamentos e serviços) • Periferia (especializadas em produções primárias). • Terceira revolução industrial (Revolução tecnocientífica) . • Transformações no sistema financeiro internacional e inserção de economias “periferia”. Aspas para: É quando a esfera da circulação financeira se autonomiza da esfera de produção da indústria, dissolve os recortamentos regionais da acumulação industrial-mercantil e organiza o todo do espaço mundial nos circuitos da acumulação do dinheiro. O espaço da centralidade fabril começa a ser dissolvido numa espacialidade organizada sem fronteiras, cujo resultado final é o atual espaço mundial globalizado em rede (MOREIRA, 2009, p.54) Internacionalizações, privatizações e desestatizações • O processo de internacionalização de empresas:passam de uma base local/nacional e passam a atuar em mercados externos. • Capital financeiro é móvel: Presença do capital estrangeiro. •Ameaça da soberania? •Muitas vezes: circulação pura e simples de dinheiro. • Vantagens comparativas. Internacionalização de empresas à brasileira. Fatores Associados: 1. A melhoria significativa nas condições financeiras das empresas nacionais (aumento do retorno do capital do próprio e diminuição do grau de endividamento). 2. A valorização da moeda nacional que facilitou a aquisição de empresas no exterior. 3. Política de apoio através das políticas industriais e de operações de empréstimo e capitalização feitas pelo BNDES. 8 Privatização • Intensificação governo Itamar (1992-1994) e FHC (1995-2002): • P.ex. Embratel (telefonia), a CSN (siderurgia) e a Vale do Rio Doce (mineração). Desestatização: redução da proporção do controle do Estado sobre uma empresa por meio da venda de ativos públicos, ou da transferência da prestação de serviço público à iniciativa privada. “Venda e transferência, à iniciativa privada, de empresas públicas e sociedades de economia mista (NOGUEIRA, 2015, p. 345)”. Alguns aspectos na discussão. • Problemas de financiamento interno e crises cíclicas na economia brasileira (diversos planos econômicos, moedas e inflação). • Redução dos gastos públicos: tipo de incentivo gerado no setor público. • Plano nacional de desestatização (Governo Collor). • Diminuição do controle do Estado sobre setores econômicos. Indústria e mercado de trabalho no Brasil • Trabalho assalariado é herança do sistema capitalista de produção. • O “Mercado” de trabalho: oferta e procura por mão- de-obra. • Formal: prevalecem contratos e regulamentações. • Informal: prevalecem forças do mercado. Menor interferência do Estado. Mensuração: No Brasil prevalece o PIA (população com idade para trabalhar). Fonte: Chahad (1996 p.384) Transformações no mercado de trabalho • Anos 1990: • Mudança no perfil do mercado de trabalho. • Aumento no setor de serviços. • Queda na produção industrial. • Advento do plano real (1994). • Diferenças e salariais entre o salário na indústria e no comércio. • Hoje: Maior escolaridade da mão-de-obra mas está distante das nações mais ricas. Os frutos do empreendimento e a leitura correta do setor. 9 Ana enfrenta o desafio de exportar para outros países. Interesse de uma empresa de importação situada na França (membro da União Europeia). Esse bloco econômico possuiu um conjunto de normas especificas para receber produtos de fora como impostos de importação e medidas ou características necessárias à importação. Isso tudo implica custos e necessidade de preparo para internacionalizar sua empresa, logo, como Ana deverá proceder para competir no mercado internacional com seus produtos? Resolução Ana procura se profissionalizar e busca ajuda de terceiros (para investir em um curso de inglês e em uma assessoria para exportação) bem como compensar as deficiências do transporte regional com empresas de transporte especializadas (assim não precisa custear caminhões próprios). Opções: • Terceirização. • Especialização. • Ana procurou a ajuda de uma firma especializada em exportação a fim de estudar a estrutura de impostos comerciais e exigências técnicas dos produtos (dimensões, questões de segurança, composição, etc). Para ser considerada viável para exportação para UniãoEuropeia, foi preciso contratar um técnico de segurança de trabalho assim como um engenheiro de produção que pudesse atestar a qualidade dos produtos. • A Ana Baby Ink traçava os caminhos da indústria têxtil no Brasil, de uma produção local especializada tornou-se nacional por meio de estratégias de comercialização e produção diferenciada. Perguntas e reflexões Recapitulando •A industrialização brasileira enfrentou um grande período restrito por conta de imposições da Metrópole (até 1808). •O processo de substituição de importações ocorre especialmente em momentos de crise nas potências centrais (guerras mundiais). •Os regimes políticos elaboraram planos para o estabelecimento de uma estrutura industrial em contrapartida com uma vocação “agrária”. 10 • Condições como investimentos disponíveis, rede de transportes , mão de obra qualificada e mercado consumidor estão entre os elementos do pioneirismo do Estado de São Paulo • Políticas de incentivo à industrialização foram comuns durante os períodos de maior concentração de poder do Estado como no Estado Novo e durante o regime militar. Essa concentração na região Sudeste persiste, mas sofre com um processo de descentralização, derivado das vantagens comparativas e cadeias globais de produção. • O período de estagnação pós-milagre econômico (1980-1990) gerou efeitos negativos sobre a capacidade de capitalização da indústria. • Endividamento externo (consumindo boa parte das receitas do orçamento governamental). • A inflação e as mudanças na política econômica durante os anos 1980-1990. • O Plano Real (1994) ajudou a estabilizar a economia. A indústria brasileira enfrenta atualmente os desafios da falta de infraestrutura adequada, os desafios da revolução técnico- científica e a competição no mercado global.
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