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Manual Caseiro - Organização Criminosa

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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI DE ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA 
Lei nº 12.850/2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ed. 2020 
 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Manual Caseiro 
Instagram: @manualcaseiro 
E-mail: manualcaseir@outlook.com 
Site: www.meumanualcaseiro.com.br 
Lei de Organização Criminosa – Lei n. 12.850/2013 
 
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
Lei nº 12.850/2013 
 
 
 
 
 
Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Organização Criminosa. O presente 
material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões dos 
certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema objeto de 
estudo, a legislação (lei seca), questões que já foram cobradas pela Banca CESPE, questões já cobradas em 
concurso público pelas diversas bancas, alterações promovidas pelo PAC – Pacote Anticrime, e, por fim, 
informativos. 
Feita as devidas considerações iniciais, vamos ao conteúdo. 
Bons estudos, #TmJuntos! 
 
1. Noções introdutórias 
A Lei de ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA também conhecida como LOC, trata da definição de 
organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, infrações 
penais correlatas e o procedimento criminal. 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
Direito Administrativo – De 
na Súmula!!! 
 
 
Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, 
infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. 
 
Corroborando ao assunto, sobre o objeto da Lei, o prof. Gabriel Habib (2016)1 preleciona: 
A lei possui cinco objetivos: Em primeiro lugar, ela traz a conceituação de organização criminosa; em segundo 
lugar, dispõe sobre a investigação criminal das organizações criminosas; em terceiro lugar, trata dos meios de 
obtenção de prova que poderão levar ao conhecimento do Poder Judiciário; em quarto lugar, cria infrações 
penais correlatas às organizações criminosas; por fim, em quinto lugar, trata do procedimento criminal 
aplicável. 
 
O prof. Rogério Sanches (2020)2, explica que no ano de 1995 o Brasil editou a Lei nº 9.034/95, 
dispondo sobre a utilização dos meios operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por 
organizações criminosas. Apesar de louvável, a iniciativa veio acompanhada de falhas, chamando a atenção 
pela sua ausência de definição do próprio objeto da Lei, qual seja, a compreensão do que é Organização 
Criminosa. 
Assim, contemplamos que a lei que fora criada para reprimir a organização criminosa não 
contemplava a definição de seu próprio objeto de estudo. 
A omissão legislativa incentivava parcela da doutrina a emprestar a definição dada pela Convenção 
de Palermo (sobre criminalidade transnacional). 
Diante da inércia do legislador brasileiro em conceituar organizações criminosas, era crescente o 
entendimento no sentido de que, enquanto a lei brasileira não fornecesse um conceito legal, seria possível a 
aplicação do conceito dado pela Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional 
(Convenção de Palermo), ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n° 5.015/2004, cujo art. 2° dispõe: 
“grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o 
propósito de cometer uma ou mais infrações graves enunciadas na presente Convenção, com a intenção de 
obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro beneficio material”. (Renato Brasileiro de 
Lima, Legislação Criminal Especial Comentada, 2016). 
Ocorre que a utilização “emprestada” do conceito de definição criminosa empregado na Convenção 
de Palermo fora objeto de severas críticas. Sob os argumentos: 
 
1 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
2 CUNHA, Rogéro Sanches. Leis Penais Especiais Comentadas. 2020. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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• 1º. A definição de Crime Organizado contida na convenção é muito ampla, genérica e viola 
o princípio da taxatividade; 
• 2º. Ainda que não fosse considerada ampla ou genérica, a referida definição contida na 
Convenção é válida somente para as relações do Brasil com o direito internacional; 
• 3º. Definições em Convenções e Tratados não podem implicar crimes para o direito interno 
(somente para o Direito Internacional). 
Nesse sentido, corroborando ao exposto, preleciona Gabriel Habib (Leis Penais Especiais, 2016): 
“Sempre houve crítica na doutrina no sentido de que o legislador teria violado o princípio 
da reserva legal, na vertente da taxatividade, em razão de não ter conceituado organização 
criminosa. A celeuma se instalou de a Lei nº 9.034/95 ter feito menção à organização 
criminosa na sua ementa e em diversos de seus dispositivos sem ter, entretanto, conceituado 
tal instituto”. 
Inobstante as severas críticas pela doutrina, o STJ ainda chegou a utilizar da definição legal exposta 
na Convenção de Palermo para tipificar a conduta no plano interno. 
STJ possui inúmeros precedentes adotando essa tese, ou seja, a de que se pode utilizar o conceito de 
“organização criminosa” previsto na Convenção de Palermo: II. A conceituação de organização criminosa 
se encontra definida no nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 5.015, de 12 de março de 2004, que 
promulgou a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional - Convenção de 
Palermo, que entende por grupo criminoso organizado, "aquele estruturado de três ou mais pessoas, existente 
há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou 
enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício 
econômico ou outro benefício material". (HC 171.912/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado 
em 13/09/2011). 
A lição critica quanto a utilização do conceito de organização criminosa empregado na Convenção 
de Palermo, entretanto, foi acolhida pelo STF no HC de nº 96.007-SP. 
A 1ª Turma deferiu Habeas Corpus para trancar ação penal instaurada. Segundo entendeu o STF, utilizar a 
Convenção de Palermo nesse caso violaria o princípio da legalidade, segundo o qual não pode haver 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX). Assim, 
para que a organização criminosa seja usada como crime antecedente da lavagem de dinheiro faz-se necessária 
a edição de uma lei em sentido formal e material definindo o que seja organização criminosa. 
 
Atualmente essa divergência (STJ e STF) encontra-se superada diante da definição legal de organização 
criminosa prevista na Lei 12.850/2013. 
 
 
 
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Diante do contexto apresentando, surge a Lei nº 12.694 de 2012, oportunidade em que o legislador 
finamente, definiu organização criminosa para o Direito Penal Interno, anunciando no seu art. 2º: 
“Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo 
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena 
máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de carátertransnacional”. 
Com o advento da Lei nº 12.694 de 2012 o operador passou a trabalhar com duas legislações, a 
saber: a Lei nº 9.034 de 95 e Lei nº 12.694 de 2012. 
Agora, com a Lei nº 12.850 de 2013, o legislador revê o conceito, definindo organização criminosa 
no §1º do seu artigo inaugural. 
Vejamos a diferença: 
Lei n. 12.694/12 Lei n. 12.850/13 
Associação de 3 (três) ou mais pessoas. Associação de 4 (quatro) ou mais pessoas. 
Estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente. 
Estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente. 
Com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza. 
Com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de qualquer natureza. 
Mediante a prática de crimes cujas penas máximas 
seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam 
de caráter transnacional. 
Mediante a prática de infrações penais, cujas penas 
máximas seja superior a 4 (quatro) anos ou que 
sejam de caráter transnacional. 
 
Desse modo, o conceito legal de organização criminosa introduzido pelo art. 2° da Lei n° 12.694/12 
teve uma curta vida útil, isso porque a Lei n° 12.850/13, que define organização criminosa e dispõe sobre 
a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, infrações penais correlatas e o procedimento 
criminal, introduziu novo conceito de organizações criminosas no art.1°, §1° (Lei n. 12.850/13). 
Corroborando ao exposto, Gabriel Habib (2016)3 
Diferenças entre o conceito de organização criminosa na lei 12.694/2012 e na lei 12.850/2013. Como é possível 
notar, houve pouca modificação em relação ao conceito de organização criminosa entre as leis 
12.694/2012 e 12.850/2013. Destacam-se três modificações: em primeiro lugar, o número mínimo de pessoas 
que compõem a organização aumentou de três para quarto; em segundo lugar, enquanto a lei 12.694/2012 
referia-se a crimes, excluindo, dessa forma, a prática de contravenções penais, a lei 12.850/2013 refere-se a 
infrações penais, conferindo uma maior abrangência à lei para abarcar também as contravenções penais; em 
terceiro lugar, a lei 12.694/2012 fazia menção a crimes com pena igual ou superior a quatro anos. A lei 
 
3 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
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12.850/2013 foi mais restritiva ao dispor infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) 
anos. 
 
O art.1 § 1º que traz exatamente o conceito de organização criminosa. Vejamos: 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com 
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática 
de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de 
caráter transnacional. 
 
Trata-se o presente dispositivo legal de norma penal explicativa. As normas penais explicativas são 
aquelas visam esclarecer ou explicitar conceitos, podemos citar outros exemplos além do conceito de 
organização criminosa prevista ao teor do art. 1º, §1º, os arts. 327 e 150, § 4º, do Código Penal, quando 
tratam sobre o conceito de “funcionário público” e de “casa”. 
No tocante a definição de organização criminosa, observe que é uma associação de 4 ou mais pessoas, 
estruturalmente ordenada que seria uma forma de estrutura hierárquica para a divisão de tarefas, com o 
objetivo de obter direta ou indiretamente vantagem de qualquer natureza seja ela financeira, sexual, moral, 
política, etc. Mediante a prática de infrações penais que neste caso significa o gênero, incluindo 
contravenções, crimes ou delitos superior a 4 anos ou de caráter transnacional, ou seja, se essas infrações 
forem transacionais podem ser de pena até menores que 4 anos. 
Cuidado. Este conceito possui muitos detalhes, as bancas poderão cobrar suas minúcias, por exemplo 
podem fazer menções ao que a doutrina e a jurisprudência tratam, como a hierarquia que está exatamente 
embutida na expressão “estruturalmente ordenada”, bem como a estabilidade que seria entendida pela real 
finalidade da organização criminosa, e não só apenas um encontro esporádico de 4 ou mais pessoas para 
prática de crime isolado por exemplo. 
Cuidado. A Convenção de Palermo foi recebida pelo OJ Brasileiro, no entanto traz uma conceituação 
diferente da retratada pelo art. 1, § 1º. Vejamos a definição proposta pela Convenção de Palermo. 
“Grupo criminoso organizado”, grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum 
tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves enunciadas 
na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro 
benefício material. 
 
 
 
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Observe que já trata de uma quantidade diferente de pessoas (3 ou mais e não 4 ou mais). Traz a 
expressão “existente há algum tempo” diferente do que diz a Lei 12.850, que traz a questão da estabilidade 
e não da existência de lapso temporal. A convenção afirma ainda sobre “infrações graves ou enunciadas na 
presente Convenção”, na Lei n. 12.850/13 é usado um critério mais objetivo. Ainda ao final a Convenção 
traz como intenção final de obter “benefício econômico ou outro benefício material”, enquanto a Lei traz um 
conceito de vantagem de qualquer natureza. 
Convenção de Palermo Lei n. 12.850/2013 
Grupo estruturado de três ou mais pessoas, 
existente há algum tempo e atuando 
concertadamente com o propósito de cometer uma 
ou mais infrações graves enunciadas na presente 
Convenção, com a intenção de obter, direta ou 
indiretamente, um benefício econômico ou outro 
benefício material. 
Considera-se organização criminosa a associação 
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente 
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, 
ainda que informalmente, com objetivo de obter, 
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais 
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) 
anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Cuidado. Não confundir também o conceito de organização criminosa, com Associação Criminosa 
do CP. Vejamos: 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 Veja que a diferença já começa na questão numérica, no entanto o que mais diferencia é com relação 
aos elementos de hierarquia, estrutura ordenada e divisão de tarefas. 
 Sobre o assunto, o prof. Gabriel Habib (2016)4 descreve minuciosamente as diferenças. Vejamos: 
Diferenças entre Associação Criminosa no art. 288 do Código Penal e organização criminosa. Da análise 
dos elementos típicos previstos no art. 288 do Código Penal e no art. 2o, §1o da lei 12.850/2013, extraem-se 
as seguintes diferenças entre ambos: 
1. No delito de Associação Criminosa exige- se o mínimo de 3 pessoas. Para a configuração da organização 
criminosa, basta a reunião de, no mínimo, 4 pessoas; 
2. O delito de Associação Criminosa somente pode estar configurado se a sua destinação for para a prática de 
crimes, uma vez que o legislador utilizou tal expressão crimes no plural, ou seja, jamais haverá uma associação 
criminosa com destinação à prática de apenas um delito, independentemente do quantum de pena cominada. A 
organização criminosa pode existir para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 
4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional; 
 
4 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
 
 
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3. O delito de Associação Criminosa não exige a divisão de tarefas entre os agentes para a sua configuração. 
A organização criminosa requer que a associação seja estruturalmente ordenada e seja também caracterizada 
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente; e 
4. Na Associação Criminosa, o legislador exigiu expressamente especial fim de agir de cometer crimes. A 
organização criminosa exige como especial fim de agir o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem 
de qualquer natureza. 
 Vamos esquematizar? 
Associação criminosa Organização Criminosa 
Exige-se o mínimo de 3 pessoas Exige-se a reunião de, no mínimo, 4 pessoas 
Destina-se à prática de crimes, independentemente 
da pena cominada. 
Destina-se à prática de infrações penais cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que 
sejam de caráter transnacional. 
Não se exige a divisão de tarefas entre os agentes 
para a sua configuração. 
Exige-se que a organização criminosa seja 
estruturalmente ordenada e seja também 
caracterizada pela divisão de tarefas. 
Exige-se o especial fim de agir de cometer crimes. Exige-se como especial fim de agir o objetivo de 
obter, direta ou indiretamente, vantagem de 
qualquer natureza. 
Fonte: Quadro esquematizado extraído da obra do prof. HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
Não podemos confundir também com o delito de Associação para o tráfico da Lei 11.343/06: 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, 
qualquer dos crimes previstos nos art.s 33, caput e §1º, e 34 desta Lei: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e 
duzentos) dias-multa. 
Temos mais uma vez uma diferença numérica, bem como uma estrutura ordenada e divisão de tarefas. 
Vamos esquematizar? 
Associação criminosa (art. 288 do CP) Associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343) 
a. exige o envolvimento de pelo menos TRÊS 
pessoas; 
b. se agrupam para praticar quaisquer outros 
delitos diversos do tráfico; 
c. exige reiteração. 
a. envolvimento de duas pessoas; 
b. intenção de cometer quaisquer dos crimes 
previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34 desta Lei: 
tráfico; 
c. exista ou não reiteração na intenção de cometer 
os crimes. 
 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2019 – CGE – CE – Auditor de Controle Interno – área de Correição) Acerca do crime de 
organização criminosa, julgue os itens a seguir, tendo como referência a Lei n.º 12.850/2013; 
 
 
 
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Manual Caseiro 
 
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I. Considera-se organização criminosa a associação composta por, pelo menos, três participantes que 
tenham por objetivo obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais. 
II Uma organização criminosa tem como característica elementar a estrutura ordenada e a divisão de tarefas. 
III A associação de pessoas com o fim de cometer infrações penais cujas penas cominadas forem inferiores 
a quatro anos será reconhecida como organização criminosa somente se pelo menos um de seus membros 
for servidor público. 
IV Para a consumação do crime de organização criminosa, é prescindível a prática de outros atos criminosos 
pela organização. 
Assinale a opção correta; 
a) Apenas o item I está certo. 
b) Apenas o item II está certo. 
c) Apenas os itens I e III estão certos. 
d) Apenas os itens II e IV estão certos. 
e) Apenas os itens III e IV estão certos. 
Atente-se para o fato de que não cometer nenhuma infração penal, não tem o condão de 
descaracterizar o crime, tendo em vista que basta ter a finalidade de cometer os crimes, o conceito não exige 
o cometimento da infração penal, apenas que tenha sido criada a organização criminosa com esse objetivo. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2018 – PC – MA – Escrivão de Polícia Civil). Determinada conduta configurará 
organização criminosa somente se: Determinada conduta configurará organização criminosa 
somente se: 
a) o objetivo exclusivo dos agentes for o de obter vantagem de natureza patrimonial. 
b) a associação for ordenada para a prática da infração, ainda que inexista a divisão de tarefas entre os agentes. 
c) os agentes cometerem infrações sujeitas a pena de reclusão. 
d) houver escalonamento hierárquico entre os agentes. 
e) estiverem associadas, no mínimo, três pessoas. 
 
 
 
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O caráter de natureza patrimonial é dado na Convenção de Palermo, na Lei n. 12.850, por sua vez, a 
vantagem será de qualquer natureza, bem como deve existir a divisão de tarefas. A pena não 
necessariamente será de reclusão e o conceito traz que não é prescindível o cometimento de crimes. A 
quantidade mínima de pessoas na organização criminosa será de quatro pessoas. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2018 – PC-MA – Delegado de Polícia Civil). Constitui requisito para a tipificação do 
crime de organização criminosa: 
a) a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a cinco anos. 
b) a atuação de estrutura organizacional voltada à obtenção de vantagem exclusivamente econômica. 
c) a divisão de tarefas entre o grupo, mesmo que informalmente. 
d) a prática de crimes antecedentes exclusivamente transnacionais. 
e) a estruturação formal de grupo constituído por três ou mais pessoas. 
A organização tem que ser estruturada mediante a pratica de infrações penais com pena superior a 4 
anos, no intuito de obter vantagem de qualquer natureza, não necessitando de crime antecedente nem que 
seja exclusivamente transnacional. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2015 – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – Conhecimentos Gerais). Em relação 
ao disposto na Lei n.º 12.850/2013, que trata de crime organizado, julgue o item a seguir. Nos termos 
dessa lei, organização criminosa é a associação de, no mínimo, quatro pessoas com estrutura 
ordenada e divisão de tarefas, com estabilidade e permanência. A ausência da estabilidade ou da 
permanência caracteriza o concurso eventual de agentes, dotado de natureza passageira. Correto. 
Embora o artigo não cite estabilidade ou permanência a jurisprudência e a doutrina possuem esse 
entendimento. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE- 2014 – Câmara dos Deputados – Analista Legislativo – Consultor Legislativo) A nova 
definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena máxima superior a quatro 
anos. Errado. O artigo compreende que não são apenas crimes, são infrações penais, além dos crimes que 
possuem caráter transnacional. 
Já caiu CESPE! 
 
 
 
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(CESPE – 2014 – TJ –SE – Analista Judiciário – Direito). A lei conceitua organização criminosa 
como sendo a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, 
vantagem de natureza econômico-financeira, mediante a prática de qualquer crime cometido no país 
ou no estrangeiro. Errado, a vantagem não será necessariamente econômica financeira, bem como não 
será apenas a prática de crimes, e sim de infrações penais. 
 
2. Normas de extensão 
 
Aplicação da Lei 12.850/13 nos seguintes casos; 
Art. 1º § 2º Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
Quando iniciada no Brasil e o resultado devesse ocorrer no estrangeiro, ou quando iniciado no 
estrangeiro e o resultado devesse ocorrer no Brasil. (Critério da ubiquidade – ora se atém ao resultado, ora 
se atém aos atos executórios).II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de 
terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016). 
Os atos de terrorismo são regrados pela Lei antiterrorismo 13.260/2016. 
 
3. Tipo básico ou crime de “Organização Criminosa” 
 
Após o advento da Lei n. 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa), a figura da organização 
criminosa deixa de ser considerada apenas um modo de execução dos crimes para se tornar delito autônomo, 
previsto a teor do art. 2 da lei em estudo. 
Nessa esteira, temos que quando o conceito de organização criminosa foi introduzido no art. 2° da 
Lei n° 12.694/12, que versa sobre a formação do juízo colegiado para o julgamento de crimes por elas 
praticados, a formação de uma organização criminosa, por si só, não era crime, não era um tipo penal, já que 
sequer havia cominação de pena. À época, tratava-se apenas de uma forma de se praticar crimes, sujeitando 
o agente a certos gravames. 
 
 
 
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Porém, com a entrada em vigor da Lei n° 12.850/13, subsiste a possibilidade de aplicação de todos 
esses gravames. Entretanto, a figura da organização criminosa deixa de ser considerada uma simples forma 
de se praticar crimes para se tornar um tipo penal incriminador autônomo, consistente na conduta de: 
“Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização 
criminosa” (Lei n° 12.850/13, art. 2°) -, punido com pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, sem 
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Em que pese a Lei n° 12.850/13 não ter fornecido o nomen iuris do crime, podemos denominá-lo 
de Organização Criminosa. 
Trata-se de evidente novatio legis incriminadora, não retroage para alcançar os fatos esgotados antes 
da entrada de sua vigência, por respeito ao princípio da irretroatividade prejudicial. 
O tipo penal do art. 2º da Lei nº 12.850/2013 é exemplo típico de norma penal em branco homogênea 
homovitelina, uma vez que o conceito de organização criminosa deve ser buscado no art. 1º, §1º da própria 
lei. 
Candidato, vamos lembrar o conceito de norma penal em branco homogênea homovitelina? 
A norma penal em branco homogênea homovitelina é aquela que o complemento normativo emana da 
mesma instância legislativa (norma incompleta e seu complemento integram a mesma estrutura normativa). 
 Vamos ao estudo do tipo penal: 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, 
organização criminosa: 
A conduta punida no tipo penal consiste em PROMOVER (trabalhar a favor), constituir (formar), 
financiar (custear despesas) ou integrar (fazer parte), pessoalmente (forma direta) ou por pessoa interposta 
(indireta), organização criminosa. 
Assim, são 04 (quatro) as condutas incriminadas pelo art. 2° da Lei n° 12.850/13: 
Promover 
Constituir 
Financiar 
Integrar 
 
• Promover é impulsionar, fomentar, fazer avançar. 
 
 
 
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• Constituir é formar, compor, instituir, reunir, estabelecer, organizar. 
• Financiar é custear, bancar, fornecer os meios financeiros. 
• Integrar é fazer parte, compor, juntar-se, tornar-se membro, incorporar-se, seja pessoalmente 
ou mediante pessoa interposta. 
Trata-se de crime de tipo misto alternativo, não sendo necessário prática de todas as condutas, mas 
sim de apenas uma destas. Não será necessário praticar a conduta pessoalmente, pode ser feito por intermédio 
de outra pessoa, uma laranja, por exemplo. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às 
demais infrações penais praticadas. 
O indivíduo poderá responder apenas pela organização criminosa previsto neste artigo, mas também 
poderá haver concurso de crimes em caso da prática de outro crime, o legislador foi taxativo ao mencionar 
“sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas”. 
Delito Autônomo 
Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização (art. 2) independe da prática de qualquer 
crime pela associação, o qual, ocorrendo, gera o concurso material (art. 69 do CP), cumulando as penas. O 
que já era tranquilo na doutrina (seguida pela jurisprudência), agora está expresso no preceito secundário do 
artigo em comento (reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais 
infrações penais praticadas). 
O art. 2º, §1º da Lei 12.850 (Lei de Organização Criminosa), consagra uma hipótese de figura 
equiparada no tocante as consequências penais. Nesse sentido, dispõe o texto normativo: 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação 
de infração penal que envolva organização criminosa. 
 
A doutrina chama esta prática de embaraço de investigação criminosa. O art. 2º, §1º estar punindo a 
obstrução ou embaraço da persecução penal de infração que envolva organização criminosa. 
Assim, são duas as condutas tipificas no tipo penal em comento, quais sejam: 
• impedir – que significa obstar, interromper, tolher, consumando-se com a efetiva cessação 
em virtude da conduta praticada pelo agente; ou 
 
 
 
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• embaraçar – que significa complicar, perturbar. Nesta modalidade, o crime estará consumado 
com a prática de qualquer conduta (ação ou omissão) que cause alguma espécie de embaraço 
à investigação. 
O bem jurídico tutelado é a Administração da Justiça. 
Pode ser sujeito ativo qualquer pessoa, trata-se de crime comum (não exige qualidade especial do 
agente), além disso, é crime MONOSSUBJETIVO (de concurso eventual). 
Corroborando ao exposto, Rogério Sanches (2020)5: 
O crime, quanto ao sujeito ativo, é comum (dispensando qualidade ou condição especial do agente), 
plurissubjetivo (de concurso necessário) de condutas paralelas (umas auxiliando as outras), estabelecendo o 
tipo incriminador a presença de, no mínimo, quatro associados, computan- do-se eventuais inimputáveis ou 
pessoas não identificadas, bastando prova no sentido de que tomaram parte da divisão de tarefas estruturada 
dentro da organização. 
 
O sujeito passivo, por sua vez, considerando-se o interesse protegido pela norma é o Estado-
Administração. 
A conduta punida no tipo penal em estudo consiste em impedir ou, de alguma forma, embaraçar a 
investigação da infração penal que envolva organização criminosa. 
 
Crime de embaraçar investigação previsto na Lei do Crime Organizado não é restrito 
à fase do inquérito 
A Lei das organizações criminosas (Lei nº 12.850/2013) prevê o seguinte crime: Art. 2º (...) 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a 
investigação de infração penal que envolva organização criminosa. Quando o art. 2º, § 1º 
fala em “investigação” ele está se limitando à fase pré-processual ou abrange também a ação 
penal? Se o agente embaraça o processo penal, ele também comete este delito? SIM. A tese 
de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei nº 12.850/2013 limita-se à fase 
do inquérito não foi aceita pelo STJ. Isso porque as investigações se prolongam durante toda 
a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada 
pelo recebimento da denúncia. Assim, como o legislador não inseriu uma expressão estrita 
como “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o 
 
5 CRIME ORGANIZADO. Comentários à Lei no 12.850/2013. 2020. 5 edição: Revista, ampliada e atualizada. Ed. Juspodivm. 
 
 
 
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Direito Administrativo – De 
na Súmula!!!sentido de “persecução penal”, até porque carece de razoabilidade punir mais severamente a 
obstrução das investigações do inquérito do que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-
se que muitas diligências realizadas no âmbito policial possuem o contraditório diferido, de 
tal sorte que não é possível tratar inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente 
independentes da persecução penal. O tipo penal previsto pelo art. 2º, §1º, da Lei nº 
12.850/2013 define conduta delituosa que abrange o inquérito policial e a ação penal. STJ. 
5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019 (Info 650). 
 
O tipo penal em estudo trouxe situações ensejadoras aptas a agravar a pena, uma vez configurada. 
Vejamos: 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver 
emprego de arma de fogo. 
 
 Na hipótese de a organização criminosa atuar com o emprego de arma de fogo, a pena é aumentada 
até a metade. Trata-se de causa de aumento de pena que deve incidir na 3 fase da aplicação da pena criminal. 
Nesse caso, tratando-se de organização criminosa armada, a Lei 13.964/19 previu maior rigor na fase de 
execução da pena. Suas lideranças deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de 
segurança máxima (art. 2, §8), lembrando que os estados e o Distrito Federal, a partir da novel lei, estão 
autorizados a criarem estabelecimentos dessa natureza6. 
 
Observe que se trata de um aumento de ATÉ a metade, e não aumento da metade. O juiz irá fazer 
análise do caso concreto e avaliar o tipo de armamento e a quantidade. 
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização 
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
 Para o comandante/líder da organização, por mais que não pratique os crimes, este responderá com 
incidência da causa agravante. Não é causa de aumento de pena, apenas agravante. 
O §3º, pune mais severamente quem tem o domínio da associação. Trata-se de agravante semelhante 
a do art. 62, I, do CP, a ser considerada pelo magistrado na segunda fase do cálculo da pena. 
 
6 CRIME ORGANIZADO. Comentários à Lei no 12.850/2013. 2020. 5 edição: Revista, ampliada e atualizada. Ed. Juspodivm. 
 
 
 
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Nas lições de Gabriel Habib (Leis Penais Especiais, 2016) “essa circunstância agravante é aplicada 
ao denominado pela doutrina de AUTOR INTELECTUAL, que é a pessoa que tem em suas mãos o 
comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, mas não pratica o delito pessoalmente”. 
Trata-se de agravante semelhante ao do art. 62, I do Código Penal. Nessa hipótese, não será aplicada 
a causa do Código Penal, sob pena de ocasionar bis in idem. 
Assim, temos que a incidência da agravante do art. 2º, §3º, da Lei 12.850 de 2013 afasta a incidência 
do art. 62,I, do Código Penal em razão do princípio da especialidade, e sob pena de bis in idem, conforme 
destacado acima. 
 
Observação. No número de “4 ou mais pessoas”, pode-se considerar aqueles que não tenham sido 
identificados ou menor de idade. Caso de não saber quem é, mas que tem provas de que esteve na 
participação. Cuidado, o menor contará mas responderá de acordo com o ECA. 
Observação². O crime não será possível aplicação na modalidade culposa. Lembre-se que crime 
culposo deverá ser expresso na descrição do artigo. 
Observação³. Para o crime se consumar, é dispensável a prática de infração penal pela Organização 
Criminosa. Basta ter apenas o propósito de cometer crimes. 
 
3.1 Tipo básico - Majorantes 
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
A simples participação de criança ou adolescente na organização criminosa faz incidir a causa de 
aumento em análise, em virtude da maior reprovação na corrupção moral e social do menor, desvirtuando 
desde cedo conceitos de moralidade social. 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição 
para a prática de infração penal; 
 Não será causa de aumento de pena se for apenas funcionário público, a organização criminosa deve 
utilizar esse funcionário para praticar as infrações penais, ou como meio de facilitação para essa prática. 
 
 
 
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Assim, o funcionário público que, valendo-se de sua condição de funcionário, prática a infração 
penal, terá sua pena aumentada haja vista a maior reprovação da conduta daquele que estaria a disposição 
da Administração para melhor servir a coletividade. 
Corroborando ao exposto, Rogério Sanches (2020) “percebam que não basta ser o concorrente 
funcionário público, mas valer-se a organização criminosa dessa sua condição para a prática de infração 
penal. Em sua, exige-se que a atuação do funcionário público seja útil para a associação na busca da 
vantagem objetivada pelos seus integrantes”. 
Nos termos do art. 327, do Código Penal, considera-se funcionário público quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
Por outro lado, equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução 
de atividade típica da Administração Pública. 
Em sequência, temos mais uma causa de aumento. Vejamos: 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; 
 Quando o produto ou proveito do crime destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior, impõe-se a 
aplicação da causa de aumento. 
Considera-se aqui não ser necessária a transposição de fronteiras, caso de a organização ter sido 
capturada em um aeroporto com bagagem internacional já despachada. Ou ainda conhecida organização que 
estava na iminência de cometer mais uma infração penal internacional. 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas 
independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
 Caso do PCC por exemplo, onde existem várias notícias que essa organização não atua apenas no 
Brasil. 
 Candidato, para melhor fixação das causas de aumento de pena, reunimos tudo em um quadro 
esquematizado. Vejamos: 
 Participação de criança ou adolescente; 
 
 
 
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CAUSAS DE AUMENTO DE 
PENA 
Há concurso de funcionário público, valendo-se dessa condição; 
Produto ou proveito do crime destinado ao exterior; 
Se mantém conexão com outras organizações independentes; 
Transnacionalidade da organização. 
 
 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – TJ - BA – Juiz de Direito Substituto). Assinale a opção correta, a respeito do crime de 
organização criminosa previsto na Lei n.º 12.850/2013. 
a) Para que se configure o referido crime, tem de se comprovar a ocorrência de associação estável e permanente 
de três ou mais pessoas para a prática criminosa. 
b) Constitui circunstância elementar desse delito a finalidade de obtenção de vantagem de qualquer natureza 
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos ou que sejam de 
caráter transnacional. 
c) A estruturação organizada e ordenada de pessoas, com a necessária divisão formal de tarefas entre elas, é 
circunstância elementar objetiva do crime em apreço. 
d) A prática de pelo menos um ato executório das infrações penais para as quais os agentes se tenham 
organizado constitui condição para a consumação do referido delito. 
e) Ao agente que exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa, ainda que não pratique 
pessoalmente atos de execução, será aplicadacausa de aumento de pena de um sexto a dois terços. 
 
Necessário 4 ou mais pessoas com divisão de tarefas ainda que informalmente, sendo prescindível a 
prática de outro delito. Lembrando que, o agente exercer o comando é uma agravante e não causa de aumento 
de pena. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2017 – DPE-AC – Defensor Público). Considerando-se a legislação pertinente e o 
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema, o crime de organização criminosa; 
a) será assim tipificado somente se houver consumação de delitos antecedentes, sendo configurada tentativa 
quando não demonstrada a efetiva estabilidade do grupo. 
b) é de tipo penal misto alternativo, não admite a forma culposa e deve ser punido com a fixação da pena pelo 
sistema de acumulação material. 
 
 
 
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c) poderá ser cometido por pessoa jurídica, a qual, nesse caso, conforme expresso em legislação específica, será 
diretamente responsabilizada pelo crime. 
d) será assim caracterizado apenas quando houver a participação de, pelo menos, quatro agentes maiores de 
idade. 
e) exige, para sua tipificação, por expressa previsão legal, que tenha sido obtida vantagem de natureza 
econômica de origem ilícita. 
Não é necessária a consumação de delitos antecedentes, a pessoa jurídica não poderá responder por 
crime de organização criminosa, o menor de idade também será incluso na contagem de pessoas, e a 
vantagem precisa ter o intuito (não precisa acontecer) de ser obtida vantagem de qualquer natureza. 
 
4. Indícios de envolvimento de funcionário público 
O legislador determinou o afastamento cautelar do funcionário público de suas funções, em caso de 
indícios suficientes de que ele integra uma organização criminosa, quando a medida se apresentar necessária. 
Por função pública, conforme descrição do art. 327 do Código Penal, deve-se compreender como 
toda atividade desempenhada como objetivo de atender as finalidades próprias do Estado. Assim, exercem 
função pública todos aqueles que prestam serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração indireta, 
englobando os: agentes políticos, servidores públicos, bem como, os particulares em colaboração com o 
Poder Público. 
O §5º, trata de medida cautelar já prevista ao teor do art. 319, VI do Código de Processo Penal. 
A medida pressupõe perriculum in mora e o fomus bonis iuris, podendo ser decretada em qualquer 
fase da persecução penal. 
Vejamos: 
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, 
poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo 
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. 
 
Na hipótese de indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, em 
um primeiro momento o juiz poderá determinar o afastamento cautelar do servidor, sem prejuízo de 
remuneração (tendo em vista que será ainda apenas indícios), para que se caso este servidor tenha 
participação não atrapalhe a investigação. 
 
 
 
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§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a 
Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que 
designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. 
 O § 7º, por sua vez, foi ainda mais específico e tratou da figura do policial, seja civil, militar, federal, 
legislativo, etc. Cuidado que o afastamento cautelar serve para todos, a especificidade do policial no § 7º é 
feita para trazer apenas mais procedimentos a serem realizados se for este o tipo de servidor. 
Assim, o dispositivo legal tem como finalidade garantir a eficiência na investigação, impedindo 
eventual omissão decorrente de corporativismo. 
Trata-se de desdobramento lógico do controle da polícia, exercido pelo Ministério Público, nos 
moldes preconizados pelo art. 129, VII, da Constituição Federal. 
A atuação da corregedoria acompanhada pelo Ministério Público, obviamente não impede 
investigação conduzida pelo próprio MP. 
 
 4.1 Efeitos extrapenais da condenação definitiva 
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, 
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público 
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. 
A Lei das Organizações Criminosas, prevê em seu art. 2°, § 6, que a condenação com trânsito em 
julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a 
interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao 
cumprimento da pena. 
Como se percebe, não consta do dispositivo legal qualquer exigência quanto à quantidade de pena 
imposta ao agente (diferentemente do que consta do art. 92 do Código Penal). Desse modo, 
independentemente da pena cominada, o trânsito em julgado de sentença condenatória irrecorrível acarretará 
a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo. 
Cuida o §6º de importante efeito extrapenal da condenação – perda do cargo, função, emprego ou 
mandato eletivo. 
Como já ocorre na lei de tortura, trata-se de efeito automático da condenação. 
A perda do cargo é AUTOMÁTICA, de modo que é desnecessário fundamentação do magistrado 
no sentido de demonstrar a necessidade da perda do referido cargo, emprego, função ou mandato eletivo, 
como ocorre no crime de tortura. 
 
 
 
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Diante do exposto, temos que com o trânsito em julgado o funcionário perde o cargo, função ou 
mandato e tem sua interdição, ou seja, ficará impedido de exercer cargo público durante 8 anos CONTADOS 
APÓS o cumprimento da pena. Tais efeitos serão automáticos, ou seja, o juiz sequer precisará escrever na 
sentença, porque a Lei diz que é em decorrência da punição. 
 
Nesse sentido, ensina o prof. Gabriel Habib (2016)7 o legislador tratou da perda do cargo, emprego, 
função ou mandato eletivo e da interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos 
subsequentes ao cumprimento da pena. Os institutos são distintos. A perda refere-se ao cargo que já era 
ocupado pelo agente. A interdição refere-se à impossibilidade de o agente vir a ocupar qualquer outra 
função ou cargo público pelo prazo de 8 anos, isso é, com efeitos futuros. Trata-se de efeito da condenação 
que só pode ser aplicado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Esse efeito é 
automático e decorre da condenação, não sendo necessária motivação expressa na sentença. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2015 – AGU- Advogado da União). Um servidor público, concursado e estável, praticou 
crime de corrupção passiva e foi condenado definitivamente ao cumprimento de pena privativa de 
liberdade de seis anos de reclusão, em regime semiaberto, bem como ao pagamento de multa. A 
respeito dessa situação hipotética, julgue o seguinte. Na situação considerada, se houvesse suspeita de 
participação do agente em organização criminosa, o juiz poderia determinar seu afastamento cautelar 
das funções, sem prejuízo da remuneração; e se houvesse posterior condenação pelo crime de 
organização criminosa, haveria concurso material entre esse crime e o crime de corrupção passiva. 
Correto. Caberá o afastamento cautelar sem prejuízo de remuneração, e haverá concurso material de crimes 
entre corrupção passiva e organização criminosa. 
 
5. Investigação e meios de obtenção de provas. 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já 
previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
A lei fala emqualquer fase da persecução penal, ou seja, não só aplicável apenas a investigação, mas 
também a instrução e apresenta um rol exemplificativo. 
 
7 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
 
 
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I - colaboração premiada 
 Instituto trazido para buscar a maior efetividade nas investigações e possíveis soluções de crimes. 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
 A conhecida escuta ambiental, aquela que capta o som em um determinado ambiente, sendo 
importante para determinadas reuniões e acordos feitos por organizações criminosas. Só necessitando de 
autorização judicial quando feita em ambientes internos, sendo desnecessária tal autorização para ambientes 
públicos. 
III - ação controlada; 
Ação controlada consiste na autorização legal concedida ao agente policial para, diante da prática de 
infração penal, em vez de efetuar a prisão em flagrante delito, aguardar o momento mais adequado, de forma 
a permitir a produção de uma prova mais robusta. 
Poderíamos definir, em síntese, como o ato de retardamento da ação policial para a captação do maior 
número de criminosos e até toda a estrutura. 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de 
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
 Todos os registros telefônicos e telemáticos como por exemplo WhatsApp e cadastros realizados 
costumeiramente em todos os âmbitos, sejam presenciais ou virtuais. 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação 
específica; 
 Regida pela legislação específica 9.296/96. 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
 Para detectar por onde os recursos financeiros das organizações criminosas possam passar, por quais 
contas, “laranjas”. 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
 Trata-se de ações bastante restritivas, tendo em vista o alto risco dessa atividade. 
 
 
 
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Infiltração é o procedimento por meio do qual o agente de polícia age como se fosse membro da 
organização criminosa, com o objetivo de colher provas dos crimes cometidos. Neste caso é necessária a 
autorização judicial, decidida mediante requerimento do Ministério Público ou representação do Delegado, 
ouvido o Ministério Público. 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca 
de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
 Sem cooperação não existe investigação de algo tão complexo como o crime organizado. 
§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá 
ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou 
locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de 
provas previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015). 
 Para proteção da investigação, não será necessária a licitação para contratação de serviços técnicos e 
equipamentos destinados ao rastreamento e obtenção de provas. Para que ninguém saiba que a polícia está 
adquirindo aquele material, naquele momento e tente adquirir equipamentos para burlar esse possível rastreio 
da polícia. 
§ 2º No caso do § 1º, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da 
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da 
realização da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015). 
 A lei menciona ainda como mais uma medida de proteção da investigação, a dispensa a publicação, 
necessitando apenas de haver a comunicação ao órgão de controle interno, para verificação da lisura da 
dispensa do procedimento de licitação. 
 5.1 Colaboração premiada 
 Na definição do prof. Gabriel Habib (2016)8, a colaboração premiada consiste em um acordo que o 
investigado ou réu faz com o Estado, no sentido de obter um benefício em troca de informações prestadas 
por ele. Diz-se premiada porque o colaborador recebe um benefício do Estado em troca das informações 
prestadas. Na lei ora comentada, o “prêmio” consiste na concessão do perdão judicial, na redução da pena 
ou na substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. 
 
8 HABIB, Gabriel. Leis Penais Especiais. Volume único. 8a ed. 2016. Editora Juspodivm – Salvador. 
 
 
 
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Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção 
de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 A colaboração premiada como afirma o artigo, é um negócio jurídico, que não visa o bem-estar do 
colaborador, mas que tem uma finalidade ao interesse público. Bem como é um meio para obtenção de 
provas. 
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o 
início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação 
de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de 
documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019). 
 Quando há o recebimento da proposta, ofertada pelo Delegado, MP ou pelo próprio investigado, a 
partir desse ponto será o início das negociações, bem como o marco para confidencialidade. Caso seja 
divulgado tais tratativas ou documento que as formalize, configura violação de sigilo, quebra de confiança e 
de boa fé, podendo pôr fim ao acordo jurídico ora formado. O sigilo só será quebrado quando houver o 
levantamento deste por decisão judicial. 
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com 
a devida justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 O investigado pode querer colaborar, mas o Delegado ou o MP, podem sumariamente indeferir, desde 
que com uma justificativa. 
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de 
Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na 
negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019). 
 Caso não seja indeferido pelo Delegado ou MP, as partes irão firmar o termo de confidencialidade 
que vinculará os órgãos envolvidos e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa, tendo em vista a 
proteção dos Direitos do colaborador. 
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade 
não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à 
propositura de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas 
processuais cíveis admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). 
 
 
 
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Não é porque foi assinado o termo que a investigação vai ser parada, inclusive para o colaborador. 
Mas o réu poderá agora após inclusão do PAC negociar sua prisão preventiva por exemplo. 
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver 
necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua 
definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019). 
 É possívelque antes de firmado o acordo, haja uma instrução para verificar se o colaborador 
realmente fala a verdade e se tem algum proveito para a investigação. 
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão 
elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor 
público com poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Os documentos formais (o recebimento de proposta e o termo de confidencialidade), serão assinado 
por todas as partes envolvidas, o celebrante, o investigado bem como seu advogado ou defensor com poderes 
específicos para tal ato. 
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se 
valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para 
qualquer outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Caso da Autoridade Policial ou o MP, se recuse a receber o acordo, estes não poderão usar nenhuma 
das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, salvo se este último estiver de má fé, mentindo ou 
mascarando algo, neste caso as informações poderão ser usadas. 
Observação. 
Art. 4º § 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas 
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em 
seu desfavor. 
 
Atente que ainda no início das negociações, quando o colaborador de boa-fé quiser fazer o acordo, 
mas o Delegado ou o MP indeferirem, as informações obtidas não poderão ser usadas. Neste caso já houve 
uma proposta de colaboração, inclusive homologada, mas se a parte que colaborou quiser voltar atrás e se 
retratar, nesse caso os órgãos não poderão utilizar o conteúdo dessa colaboração contra a pessoa que 
colaborou, mas poderá usar contra outros delatados. 
 
 
 
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Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2018 – STJ – Analista Judiciário) Situação hipotética: Roberto foi acusado de participar de 
organização criminosa que praticava crimes contra a administração pública. No curso da ação penal, 
Roberto resolveu, voluntariamente, contribuir com as investigações por meio do instituto da 
colaboração premiada. Posteriormente, entretanto, ainda no curso da instrução penal, ele desistiu de 
participar do programa de colaboração premiada. Assertiva: Nessa situação, as provas colhidas no 
acordo de colaboração não poderão ser utilizadas exclusivamente contra Roberto. Correto. Nesta 
situação Roberto em um momento posterior desiste e decide se retratar, invocando, portanto, o Art. 4º § 10 
que lhe permite tal ato, na impossibilidade de ter as provas colhidas usadas contra si próprio, embora não 
impedindo que as provas sejam usadas contra outros. 
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do 
interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas 
tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou 
defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Remetendo ao Art. 3º- B § 5º, no qual o advogado terá que ter procuração com poderes específicos 
para que possa haver uma negociação com as autoridades competentes. 
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de 
advogado constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 O Delegado não pode tentar se aproveitar da situação em que o investigado está só, e tentar negociar. 
Deverá obrigatoriamente estar o investigado na presença de seu advogado. 
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante 
deverá solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Imagine a situação em que o advogado que representa o colaborador represente também um dos 
delatados, uma situação clássica de conflito de interesse. 
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para 
os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019). 
 O colaborador deverá narra os fatos com nexo e que tenham relação com os fatos investigados, não 
com outros crimes, necessita ter pertinência temática com o objeto investigado 
 
 
 
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§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos 
adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos 
de corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 A colaboração não pode ser usada por si só para embasar alguma coisa, terá de ser corroborada com 
outros elementos indicados pelo colaborador. 
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 
(dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que 
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, 
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
 É indispensável o requerimento das partes pelos benefícios dos quais dependerão da eficácia da 
colaboração, podendo o juiz conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou 
substitui-la por uma restritiva de direitos. Lembrando que a lei apenas exige que seja voluntariamente e não 
espontaneamente, ou seja, o colaborador pode ser convencido por sua família e colaborar não de forma 
espontânea, mas voluntária. 
 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações 
penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas 
pela organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
 A colaboração terá de ser efetiva, e, portanto, gerar pelo menos uma dessas consequências acima 
supracitadas. 
 Cumpre destacarmos que, os resultados que dispõe o art. 4º, não precisam ser cumulativos, porém, 
quanto mais informações, maior será provavelmente a “premiação”. 
 Objetivos almejados na colaboração premiada: 
• Identificação dos demais coautores e participes da organização e das infrações praticadas; 
• Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas; 
 
 
 
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• Prevenção contra novas infrações; 
• Recuperação total ou parcial do produtor e proveito da atividade criminosa; 
• Localização de eventual vítima com sua integridade física preservada. 
 
Em todas as hipóteses acima citadas de colaboração premiada, para que o agente faça jus aos 
benefícios penais e processuais penais estipulados em cada um dos dispositivos legais, é indispensável aferir 
a relevância e a eficácia objetiva das declarações prestadas pelo colaborador. 
Assim, não é suficiente a mera confissão acerca da prática delituosa. Em um crime de associação 
criminosa, por exemplo, a confissão do acusado deve vir acompanhada do fornecimento de informações que 
sejam objetivamente eficazes, ou seja, capazes de contribuir para a identificação dos comparsas ou da trama 
delituosa. 
Desse modo, para fins de concessão dos prêmios legais não nos interessa apenas o arrependimento, a 
prestação de informações, deve-se aferir no caso concreto, se estas foram objetivamente eficazes para 
consecução daquele objetivo. 
Nesse sentido, o STF já se manifestou:STF: “(...) Delação premiada. Perdão judicial. Embora não caracterizada objetivamente a 
delação premiada, até mesmo porque a reconhecidamente preciosa colaboração da ré não foi 
assim tão eficaz, não permitindo a plena identificação dos autores e partícipes dos delitos 
apurados nestes volumosos autos, restando vários deles ainda nas sombras do anonimato ou 
de referências vagas, como apelidos e descrição física, a autorizar o perdão judicial, incide 
a causa de redução da pena do art. 14 da Lei nº 9.807/99, sendo irrelevantes a hediondez do 
crime de tráfico de entorpecentes e a retratação da ré em Juízo, que em nada prejudicou os 
trabalhos investigatórios (...)” (STF, 1ª Turma, AI 820.480 AgR/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, j. 
03/04/2012, Dje 78 20/04/2012). 
 
STJ: “(...) Não obstante tenha havido inicial colaboração perante a autoridade policial, as 
informações prestadas pelo Paciente perdem relevância, na medida em que não contribuíram, 
de fato, para a responsabilização dos agentes criminosos. O magistrado singular não pôde 
sequer delas se utilizar para fundamentar a condenação, uma vez que o Paciente se retratou 
em juízo. Sua pretensa colaboração, afinal, não logrou alcançar a utilidade que se pretende 
com o instituto da delação premiada, a ponto de justificar a incidência da causa de 
diminuição de pena”. (STJ, 5ª Turma, HC 120.454/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 23/02/2010, 
Dje 22/03/2010). 
 
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do 
colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso 
e a eficácia da colaboração. 
 
 
 
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 Quando o juiz for conceder o benefício ele irá olhar as individualidades do colaborador e a eficácia 
de sua colaboração. Haverá duas perspectivas a serem analisadas pelo juiz. 
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer 
tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do 
Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial 
ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-
se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal). 
 
Por mais que não tenha sido previsto na proposta inicial o perdão judicial, este que é um dos maiores 
benefícios, durante a investigação/inquérito o Delegado pode representar ao juiz solicitando tal ato, e o MP 
pode solicitar ao juiz tal benefício a qualquer tempo. 
Observação. O Delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de 
inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter 
vinculante, previamente à decisão judicial. Os parágrafos 2 e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/13, que preveem 
essa possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao 
Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 20/06/2018. (Info 907). 
 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2018 – Polícia Federal – Delegado de Polícia Federal). Se algum dos indiciados no âmbito 
desse IP apresentar elementos que justifiquem a celebração de acordo de colaboração premiada, e se 
a situação permitir a concessão do benefício a esse indiciado, o próprio delegado que estiver à frente 
da investigação poderá celebrar diretamente o acordo, devendo submetê-lo à homologação judicial. 
Correto. Se a celebração do acordo for feita pelo Delegado no âmbito do inquérito policial, este será levado 
a homologação e será plenamente validado. 
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá 
ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas 
as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 
 O prazo para o MP oferecer a denúncia poderá ser suspenso (6meses + 6 meses) tendo em vista o 
acontecimento da negociação, bem como o prazo prescricional será suspenso. Na intenção de evitar que o 
colaborador apenas queira colaborar para gastar o tempo e haver a prescrição. 
 
 
 
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§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de 
oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se à infração de cuja 
existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, 
de 2019). 
 Este parágrafo trata de um benefício ainda maior que o perdão judicial, tendo em vista que sequer o 
MP oferece a denúncia, temos uma mitigação da obrigação do dever de propor ação penal nos casos; 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público 
ou a autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório 
para apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 O conhecimento prévio de que trata o § 4º, é de que o colaborador terá de trazer fatos novos, que não 
são conhecidos pelo Delegado ou MP, para que possa haver o maior benefício (MP não oferecer sequer a 
denúncia). Um fato que não tenha sido já formalizado na investigação, pois está é a única forma de o 
Delegado ou MP não afirmar que já sabia da informação, ou seja, se não está formalizada pressupõe-se que 
não é conhecida. 
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será 
admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
 
 Se o indivíduo demora e decide fazer a colaboração apenas após a sentença, tem a sua pena reduzida 
até a metade ou admitir-se a progressão de regime mesmo ausentes os requisitos objetivos. Ou seja, sair do 
regime fechado para o semiaberto tendo apenas bom comportamento, por exemplo. 
 Em resumo teremos a possibilidade de aplicação dos seguintes benefícios para a colaboração 
premiada; 
Benefício Possíveis 
Regra geral MP deixar de oferecer denúncia Colaboração posterior a sentença 
Perdão judicial, redução em até 
2/3 (dois terços) da pena 
privativa de liberdade ou 
substituição por restritiva de 
direitos. 
-Não haver prévio conhecimento 
-Não ser o líder da org. crim. 
-Ser o primeiro a colaborar 
efetivamente. 
Redução da pena até a metade ou 
progressão de regime ainda que 
ausentes os requisitos objetivos. 
 
 
 
 
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Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2017 – Prefeitura de Belo horizonte – MG – Procurador Municipal). Poderá ser reduzida 
até a metade a pena de membro de organização criminosa que realizar colaboração premiada após a 
prolação da sentença. Correta. Para o colaborador que decidir contribuir após a sentença, este terá a redução 
da pena até a metade ou progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
Já caiu CESPE! 
(CESPE – 2015 – TER-MT – Analista Judiciário – Judiciária) Segundo a Lei nº 12.850/2013, não é 
permitido ao juiz conceder perdão judicial ao réu colaborador que tenha identificado os demais 
coautores e participes da organização criminosa e das infrações penais por ele praticadas. Errado. O 
juiz não pode propor, porque tem que ficar na imparcialidade, mas poderá conceder tal benefício caso 
solicitado. 
 
Candidato, se o réu colaborador não tenha concedido informações de grande efetividade como meio 
para se obter provas, ele terá o perdão judicial? Não, segundo o STF, o colaborador teráapenas à redução da 
pena, caso sua colaboração não tenha tido grande efetividade como meio para obter provas, considerando 
que as investigações policiais, em momento anterior ao da celebração do acordo, já haviam revelado os 
elementos probatórios acerca do esquema criminoso integrado. STF. 1º Turma. HC 129877/RK, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 18/04/2017 (Info 861). 
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do 
acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, 
com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e 
o investigado ou acusado e seu defensor. 
 Esse parágrafo deixa claro, que a negociação não terá a participação do juiz. Apenas é autorizada 
entre o Colaborador, Delegado e MP. 
 O poder judiciário, portanto, não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de colaboração 
premiada. – STF. 2º Turma. MS 35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/05/2019 (Info 942). 
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o 
respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir 
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os 
seguintes aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 
 
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 Realizado o acordo, este irá para o juiz analisar o termo, bem como as investigações, e então aplicar 
a novidade do PAC, ouvir sigilosamente o colaborador (antes o juiz não era obrigado a ouvir), para analisar 
antes de homologar, os seguintes aspectos; 
I - regularidade e legalidade: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Analisar se os benefícios acordados estão dentro das legalidades formais. 
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, 
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento 
de pena do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras 
de cada um dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 
(Lei de Execução Penal) e os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste 
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Verificar se os benefícios concedidos são possíveis, por exemplo, se o delegado negociou uma 
redução de até a metade da pena (benefício concedido para colaboração após a sentença) mas o colaborador 
falou questões primordiais na fase de inquérito (tinha direito a um perdão judicial ou redução de até 2/3). 
Desta forma a uma nulidade e o juiz não homologa. 
 
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, 
II, III, IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 O juiz aqui analisa se a colaboração tem relação com os objetivos: identificar os demais coautores e 
participes, resgatar uma vítima com vida, recuperar o produto do crime. 
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador 
está ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 O indivíduo que esta ou esteve preso, tem uma tendência a querer negociar para escapar da prisão. 
Nessa hipótese o delegado ou MP pode se aproveitar da situação e se exceder por exemplo. Portanto o juiz 
também irá fazer essa análise. 
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do 
perdão judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro 
de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando 
 
 
 
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o acordo prever o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já 
tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 
 O juiz em um primeiro momento verificou a regularidade, agora ele irá adentrar no conteúdo da 
colaboração, para verificar a efetividade, o mérito da denúncia e as consequências, para analisar se há uma 
relação adequada entre os benefícios concedidos e os resultados obtidos. 
Em resumo temos duas etapas pertinentes ao fim da colaboração: 
• VERIFICAÇÃO pelo juiz da regularidade e voluntariedade, seguindo com a homologação. 
• VERIFICAÇÃO pelo juiz do conteúdo e efetividade, proferindo uma sentença e aplicação dos 
benefícios. 
 
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão 
homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Se houver alguma cláusula no acordo de colaboração, afirmando que o autor renuncia ao direito de 
recorrer da decisão homologatória, essa cláusula é nula de pleno direito. O colaborador sempre poderá 
recorrer. 
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, 
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 Esse parágrafo foi modificado no sentido de que antes o juiz mesmo podia fazer as adequações 
necessárias, agora não mais, o PAC reforçou a atuação imparcial do juiz, portanto remete as partes para 
fazerem as correções necessárias. 
 
§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu 
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia 
responsável pelas investigações. 
 Não é porque o acordo foi elaborado que o colaborador não será mais ouvido, este poderá ser ouvido 
ainda a qualquer tempo. 
 
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias 
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
 
 
 
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 Após a homologação as partes podem desistir, mas nesse caso não se pode usar as provas adquiridas 
contra quem colaborou, apenas em relação aos outros. 
 
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de 
manifestar-se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). 
 A introdução trazida pelo PAC foi em decorrência de uma decisão do supremo que afirmava que o 
réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu delator. Ou seja, quem foi 
delatado, como uma espécie de garantia do sistema acusatório, tem a possibilidade sempre de contrapor 
aquilo que foi dito pelo delator. (STF. 2 º Turma. HC 157627), julgado em 27/8/2019. Info 949.) 
 
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
 Não é mais uma decisão com relação a validade e sim acerca do inteiro teor do conteúdo. Destaca-se 
que para esta decisão que apura a eficácia, a competência será colegiada do STF, diferentemente da primeira 
decisão que homologava limitando-se a análise da regularidade, legalidade e voluntariedade, que nestes casos 
podem ser proferidas pelo relator. 
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser 
ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. 
 Esse parágrafo reafirma a situação do colaborador poder ainda ser ouvido mesmo após adquirir algum 
dos benefícios. 
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos 
de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados 
a obter maior fidelidade das informações,

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