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Transtornos e dificuldades de aprendizagem

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Prévia do material em texto

TRANSTORNOS
APRENDIZAGEM
DIFICULDADES DEE
Priscila Chupil
Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem Priscila Chupil
ISBN 978-65-5821-111-2
9 786558 211112
Código Logístico
I000485
Transtornos e 
dificuldades de 
aprendizagem 
Priscila Chupil
IESDE BRASIL
2022
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2022 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: Rawpixel/Envato Elements/ VALUA STUDIO/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C487t
Chupil, Priscila
Transtornos e dificuldades de aprendizagem / Priscila Chupil. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2022. 
94 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-111-2
1. Crianças - Desenvolvimento. 2. Crianças com distúrbios da aprendi-
zagem. 3. Distúrbios da aprendizagem - Diagnóstico. 4. Resposta à interven-
ção (Crianças com distúrbios da aprendizagem). I. Título.
22-75595 CDD: 618.9285889
CDU: 616.89-053.2
Priscila Chupil Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUC-PR). Graduada em 
Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro 
Universitário Internacional (UNINTER). Especialista 
em Análise do Comportamento Aplicada ao TEA 
(CENSUPEG). Professora no ensino superior, atua 
também como psicopedagoga clínica e institucional. 
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Processos de aprendizagem 9
1.1 Definição de aprendizagem 10
1.2 O cérebro e a aprendizagem 13
1.3 Estímulos para a aprendizagem 17
1.4 Afetividade e aprendizagem 20
1.5 Estilos de aprendizagem 22
2 Dificuldades de aprendizagem 26
2.1 Dificuldades de aprendizagem: causas e tipos 26
2.2 Dislexia 30
2.3 Disgrafia 33
2.4 Disortografia 36
2.5 Discalculia 38
3 Transtornos de aprendizagem 43
3.1 Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) 43
3.2 Transtorno do espectro autista (TEA) 48
3.3 Síndrome de Asperger 51
3.4 Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 54
3.5 Transtorno desafiador opositor (TOD) 56
4 Fatores que interferem na aprendizagem 62
4.1 Fatores externos e internos que interferem na aprendizagem 62
4.2 Fatores afetivos 64
4.3 Fatores sociais 68
4.4 Fatores biológicos 71
5 Prevenção, diagnóstico e intervenção 75
5.1 Desenvolvimento das funções executivas 75
5.2 Prevenção às dificuldades de aprendizagem 79
5.3 Diagnóstico das dificuldades de aprendizagem 81
5.4 Intervenção aos problemas de aprendizagem 84
 Resolução das atividades 90
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Vídeos
em QR code!
Nesta obra buscamos discutir como ocorre e quais são as 
principais dificuldades de aprendizagem, a origem e as possíveis 
intervenções para cada uma. Conhecer as causas dos insucessos 
no processo de aprendizagem propicia a reflexão sobre as 
práticas realizadas nas escolas e possibilita rever e superar as 
práticas que não contribuem para o sucesso dos alunos, pois 
cada um aprende de uma maneira e em tempos diferentes.
Nesse viés, no primeiro capítulo, trataremos sobre os 
processos de aprendizagem, ou seja, refletiremos sobre o ato 
de aprender de maneira geral, compreendendo inicialmente 
a definição de aprendizagem. É essencial, nesse momento, 
também saber a relação entre o cérebro e a aprendizagem e, com 
isso, reconhecer os estímulos necessários para que esta ocorra. 
Ainda no primeiro capítulo, refletiremos sobre a importância da 
afetividade e os diferentes estilos para que o ato de aprender 
aconteça.
No segundo capítulo, trataremos das principais dificuldades 
de aprendizagem, isto é, daquelas mais frequentes em sala 
de aula e que se tornam um desafio para o professor, como a 
dislexia, a disgrafia, a disortografia e a discalculia.
O terceiro capítulo propõe reflexões mais amplas, pois 
devemos ter o entendimento de que alguns transtornos e 
distúrbios também geram dificuldades de aprendizagem. Por 
isso, são relacionadas as causas e características do transtorno 
do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), do transtorno do 
espectro autista (TEA), da síndrome de Asperger, do transtorno 
obsessivo compulsivo (TOC) e do transtorno desafiador opositor 
(TOD).
Diante da amplitude de obstáculos frente à aprendizagem, 
e das características específicas de cada uma, é necessário, 
no quarto capítulo, analisar quais fatores contribuem para as 
dificuldades de aprendizagem e, dessa forma, refletir sobre 
fatores externos e internos que interferem na aprendizagem, 
bem como sobre os fatores afetivos, sociais e biológicos que 
estão relacionados a esse processo.
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
No quinto e último capítulo, analisaremos como prevenir, diagnosticar e 
intervir nos casos de transtornos e dificuldades de aprendizagem por meio 
do entendimento sobre a importância do desenvolvimento das funções 
executivas como base para todo o aprender. Consequentemente, a partir 
desse entendimento, veremos como agir de maneira preventiva com relação 
às dificuldades. Visto que essas questões precisam ser vistas e analisadas 
de modo responsável e por profissionais específicos, compreenderemos 
também como são feitos o diagnóstico e a intervenção adequados a cada um 
dos transtornos e dificuldades de aprendizagem. 
Com base nessas análises, o entendimento sobre como o ser humano 
aprende, a forma única de cada um ser e existir e os obstáculos que podem 
acontecer nesse caminho certamente será um grande diferencial para a 
atuação de todos aqueles que trabalham com a educação.
Bons estudos!
Processos de aprendizagem 9
1
Processos de aprendizagem
Você já parou para pensar como acontece a aprendizagem? Quais são 
os processos que a envolve? O que faz o ser humano realmente aprender 
e praticar seu conhecimento?
Parece algo automático, mas não é. Aprender é um processo comple-
xo que envolve diferentes fatores, e eles podem contribuir ou não para 
que a aprendizagem aconteça.
Todos os fatores ligados à aprendizagem estão relacionados inicial-
mente ao desenvolvimento do cérebro. É esse órgão que rege todas 
nossas funções e comanda nossa forma de pensar e agir. Conhecer seu 
funcionamento e compreender a importância da memória nos traz um 
grande diferencial diante do trabalho e da interação para favorecer a 
aprendizagem.
No processo de aprender, tanto os estímulos do ambiente quanto o 
vínculo afetivo são fundamentais para proporcionar ao cérebro diferentes 
vivências. São esses fatores que possibilitam torná-lo ainda mais capaz de 
assimilar conhecimento e de vivenciá-lo em forma de ações no dia a dia.
Durante o processo de assimilação do conhecimento, devemos ainda 
ter a certeza de que ele não ocorre da mesma maneira para todas as pes-
soas. Cada ser humano, a partir de seu desenvolvimento, seus estímulos 
e suas experiências vividas, possui seu próprio estilo de aprendizagem.
Por isso, neste primeiro capítulo vamos compreender a aprendiza-gem e como ela acontece, relacionando-a com o desenvolvimento ce-
rebral e os diferentes estímulos necessários para a progressão do ato 
de aprender. Em seguida, vamos refletir sobre como a afetividade faz 
parte do processo de aprendizagem e influencia sua forma de acon-
tecer. Por fim, vamos conhecer os diferentes estilos de aprendizagem 
que fazem com que nos tornemos tão únicos e especiais, cada um a 
seu modo, na forma de ser, agir, pensar e aprender.
1.1 Definição de aprendizagem 
Vídeo A aprendizagem é um processo muito especial. Ela pode ser vista 
e analisada por diferentes perspectivas, além de ser influenciada por 
diferentes situações e ambientes vivenciados durante o processo de 
desenvolvimento.
O ato de aprender estabelece uma relação do ser humano com o 
mundo, a fim de compreendê-lo e transformá-lo ao longo de sua vida. 
Dessa forma, a cada nova aprendizagem o ser humano se modifica e é 
capaz de modificar também seu meio.
Mas como podemos definir a aprendizagem?
Para compreendermos e analisarmos a aprendizagem, podemos 
interpretá-la por meio de dois conceitos principais, de diferentes teóri-
cos, que a estudam com com base em linhas distintas de pensamentos.
O primeiro conceito é o da visão comportamental, ou behaviorista. 
Essa abordagem considera a função de modelar e controlar as ações 
das pessoas como uma função dos estímulos do meio ambiente. De 
acordo com Portilho (2011), para os pesquisadores dessa corrente, o 
mais importante é o estudo daquilo que se pode constatar empirica-
mente, isto é, a consistência da pesquisa está na conduta observável e 
em suas consequências. Nessa corrente, podemos ter como referência 
Ivan Pavlov (1849-1936) e Burrhus F. Skinner (1904-1990).
 Na perspectiva comportamental, devemos considerar que todos 
os fatores ambientais, como a interação social e as experiências 
práticas, podem constituir e modificar o comportamento huma-
no. São esses os elementos responsáveis pelas experiências 
das transformações de nosso modo de ser e agir.
A outra concepção é a cognitivista, para 
a qual é atribuída a conduta dos seres 
humanos, não mais os aspectos ambien-
tais externos, mas sim certas estruturas 
Compreender a definição 
de aprendizagem humana.
Objetivo de aprendizagem
1010 Transtornos e dificuldades de aprendizagemTranstornos e dificuldades de aprendizagem
Liderina/Shutterstock
Processos de aprendizagem 11
mentais complexas e determinados mecanismos de caráter interno 
(PORTILHO, 2011).
Para os teóricos dessa corrente, o ser humano se desenvolve “de 
dentro para fora”; é seu desenvolvimento neurológico e biológico que 
possibilita as interações e a aprendizagem. Nessa concepção, podemos 
considerar autores como Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget (1896-
1980), entre outros.
Nos caminhos percorridos para o processo de aprender, muitas 
são as influências que o compõem, sendo elas internas ou externas. 
Nesse percurso, um fator importante é a contribuição da psicologia 
para a pedagogia. Ao pensarmos na aprendizagem escolar, essa contri-
buição veio para que houvesse uma modificação no ensino tradicional, 
uma vez que trouxe a ideia do aluno como agente de sua aprendiza-
gem, deixando, assim, de ser considerado como um ser passivo ao en-
sino do professor, modificando a fórmula: aluno aprende, professor 
ensina; com base na qual a educação se desenvolveu por muito tempo.
Seja em uma concepção comportamentalista, cognitivista ou, então, 
voltada para a contribuição da psicologia, podemos entender a apren-
dizagem como um processo complexo e repleto de possibilidades.
E quando a aprendizagem começa a acontecer?
Desde o desenvolvimento intrauterino, bilhões de células chamadas 
neurônios se desenvolvem e formam o sistema nervoso, o que torna 
possível todo o restante do desenvolvimento humano. Após o nasci-
mento, a criança começa a descobrir o mundo e, partindo disso, sur-
gem as primeiras representações de aprendizagem.
Das contribuições e dos autores citados, aquilo que mais nos dire-
ciona para a compreensão desse processo evolutivo são as fases do 
desenvolvimento apresentadas por Piaget (1999). Porém, devemos 
compreender que Piaget tratou de maneira distinta a aprendizagem e 
o desenvolvimento, pois são conceitos diferentes.
O desenvolvimento é algo mais complexo, não se trata somente 
de desenvolvimento físico, mas também do amadurecimento do sis-
12 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
tema nervoso e das funções mentais. Ao contrário da aprendizagem, 
que acontece por meio de uma mediação, o professor exerce a fun-
ção do mediador, o que amplia as possibilidades de aprendizagem 
desse ser humano.
Dessa forma, compreender as fases do desenvolvimento apre-
sentadas por Piaget nos leva a pensar sobre quais são as influências 
positivas que podem ser disponibilizadas em cada fase para que a 
aprendizagem ocorra. Cada uma delas representa um avanço, fazen-
do com que a criança desenvolva novas habilidades e possibilitando 
que ela evolua e aprenda mais.
Vamos conhecer, então, cada uma dessas fases? Estas são chama-
das também de estágio do desenvolvimento, segundo Piaget (1999), e 
possuem uma idade aproximada para que o desenvolvimento ocor-
ra. Temos, portanto, os seguintes estágios:
 • Sensório-motor: do nascimento aos 18 meses de idade.
 • Pré-operatório: dos 18 meses aos 6 anos de idade.
 • Das operações concretas: dos 6 aos 12 anos de idade.
 • Das operações formais: a partir dos 12 anos de idade.
O estágio sensório-motor refere-se ao momento que a criança 
mais necessita de contatos sensoriais que a apresentem ao mundo 
e proporcionem seu desenvolvimento motor. Nessa fase, inicia-se a 
capacidade de imitação, tão importante para os processos de apren-
der, uma vez que gera novos conhecimentos ao apresentar formas 
diferentes de agir e interagir.
No estágio pré-operatório a criança, agora em fase de educa-
ção infantil, tem a capacidade de reconhecer símbolos (base inicial 
para o processo de alfabetização) e interagir com eles. A representa-
ção da realidade e a aprendizagem são externalizadas por meio das 
brincadeiras de faz de conta e jogos realísticos. Começa nessa fase, 
também, a regulação das emoções.
O estágio das operações concretas é um marco nas questões 
da ampliação no processo de compreensão de regras e estratégias, 
que, em forma de brincadeiras, contribuem para sua estrutura de 
pensamento, que agora está cada vez menos egocêntrica e mais vol-
Processos de aprendizagem 13
tada para as interações sociais. A criança tem uma lógica indutiva 
que consegue relacionar sua experiência com outros fatores apren-
didos, por isso, nesse estágio, ocorre um grande amadurecimento 
no que se refere às estratégias para desenvolver a memória. Com o 
desenvolvimento desse estágio, a criança já possui base e condições 
para compreender e interagir com situações-problema e trabalhar 
com lógica. A maturidade do pensamento abre diversas possibilida-
des para a aprendizagem e para ingressar em um mundo adolescen-
te, com novos desafios.
Já o estágio das operações formais, corresponde ao momento em 
que todas essas fases já foram superadas e o sujeito possui condições 
de aprender e interagir com essa aprendizagem de diferentes formas 
na sua vida prática
Cada um desses estágios representa um marco no desenvolvi-
mento humano em ampliação de capacidades motoras, cognitivas e 
afetivas. Por isso, requer atenção especial nos momentos de estímu-
los a serem trabalhados, para levar a criança à evolução das fases.
Mas e quando esse desenvolvimento não ocorre dentro do espe-
rado? E quando aparecem lacunas ou dificuldades? Essas são ques-
tões que abordamos na sequência, buscando compreender esses 
obstáculos e saber como agir diante deles.
Para complementar as 
ideias apresentadas nesta 
seção, recomendamos a 
leitura do livro Como se 
aprende? Estratégias, estilos 
e metacognição, de Evelise 
Portilho. O livro tem como 
foco diferentes noções do 
entendimento do conceito 
de aprendizagem e suasdiferentes possibilidades.
PORTILHO, E. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Wak Editora, 2011.
Livro
1.2 O cérebro e a aprendizagem 
Vídeo Já sabemos que ao pensarmos em aprendizagem podemos imagi-
nar todos os fatores que estão envolvidos nesse processo. Esses fato-
res podem ser sociais, escolares, emocionais e de estímulos do meio. 
No entanto, para compreender como a aprendizagem ocorre, é neces-
sário discutirmos sobre o cérebro e o sistema nervoso central (SNC).
Podemos, inicialmente, relacionar a aprendizagem à memória, que 
é uma das principais habilidades proporcionadas pelo SNC. A partir do 
momento que o que foi vivenciado se torna parte da nossa memória, 
é possível considerarmos que ocorreu a aprendizagem. O aprender se 
torna significativo no momento em que se modificam os mecanismos 
do sistema nervoso central.
Relacionar a aprendiza-
gem com o desenvolvi-
mento cerebral.
Objetivo de aprendizagem
14 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Im
ag
eF
low
/S
hu
tte
rs
to
ck
Porém, a aprendizagem é determinada também pelo número 
de neurônios disponíveis. Todos somos capazes de aprender, e, no 
caso dos seres humanos, esse número é suficiente para permitir 
a formação de novas conexões que possibilitam a aprendizagem. 
A essas novas conexões damos o nome de sinapses. Desde o nasci-
mento e durante o processo de desenvolvimento humano muitas 
sinapses acontecem a favor da aprendizagem, principalmente nos 
primeiros anos de vida, quando a produção de neurônios é rápida 
e crescente. 
Do nascimento aos 2 anos de idade é o momento em que mais 
ocorre a produção de neurônios. Em outros termos, esse é o momento 
de maior facilidade para assimilação de novas experiências.
Esse desenvolvimento transcorre gradativamen-
te, e por volta dos 6 anos de idade o cérebro 
atinge seu tamanho final. A partir daí seu de-
senvolvimento vai ocorrendo de maneira 
mais lenta.
É por essa razão que é importante 
estimular a criança até essa faixa etária, 
por ser mais fácil de o cérebro se mo-
dificar. Sendo o SNC responsável pelo 
funcionamento cognitivo, os estímulos 
serão reflexos do desenvolvimento para 
a vida toda.
M
at
tL
ph
ot
og
ra
ph
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Sh
ut
te
rs
to
ck
Processos de aprendizagem 15
Por isso, é importante sabermos também que o funcionamento 
cognitivo se desenvolve no córtex, o qual possui zonas específicas, 
denominadas lobos, em cada um dos dois hemisférios cerebrais (Fi-
gura 1).
Figura 1
Desenvolvimento dos neurônios do nascimento até os 2 anos
Lobo 
frontal
Lobo 
parietal
Lobo 
occipital
Bi
gM
ou
se
/S
hu
tte
st
oc
k
Lobo 
temporal
Al
ex
 S
wi
m
/S
hu
tte
rs
to
k
Frontal: responsável pelo pensamento, planejamento, decisão, juízo, 
criatividade, resolução de problemas, comportamento, valores, hábitos.
Parietal: responsável pela informação sensorial (tato, dor, gustação, 
pressão, temperatura).
Temporal: responsável pela audição, linguagem, memória e emoção. 
Occipital: responsável pela informação visual.
Fonte: Elaborada pela autora.
O desenvolvimento dessas habilidades será por meio das experiên-
cias vividas e dos estímulos proporcionados para a criança ao longo de 
seu crescimento.
16 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
A modificação na função cerebral depende das experiências vividas e 
dos estímulos investidos na primeira infância. A atenção ao desenvolvi-
mento nesse momento é essencial para o amadurecimento do cérebro.
Se o cérebro determina a maneira e a qualidade da capacidade de 
aprendizagem de uma criança, ter o conhecimento de como essa apren-
dizagem pode ser otimizada, por meio de estratégias neuroeducativas, 
é uma ideia desejável (MAIA, 2011). Essa ideia justifica a aproximação 
da neurociência com a educação, a qual pode ser considerada algo re-
cente e que vem trazendo ótimas experiências para aqueles que traba-
lham com a aprendizagem.
De que se tratam essas estratégias neuroeducativas?
Inicialmente, trata-se de conhecermos as áreas de nosso cérebro 
responsáveis pela aprendizagem. Algumas delas são citadas por Levine 
(2003):
 • Controle da atenção: capacitar para a concentração de recursos 
mentais.
 • Controle da recepção: capacitar para retardar a recompensa e 
se tornar processador ativo da informação.
 • Controle da expressão: capacitar para pensar sobre alternativas.
 • Ordenação sequencial: capacitar para agir passo a passo.
 • Orientação espacial: capacitar para se engajar no pensamento 
não verbal produtivo.
 • Memória: capacitar para usar seus arquivos 1 de modo consciente.
 • Linguagem: capacitar para se tornar comunicador verbal 
eficiente.
 • Motricidade: capacitar para um nível satisfatório de eficiência 
motora.
 • Pensamento social: capacitar para compreender as habilidades 
interpessoais.
 • Pensamento superior: capacitar para se tornar analista concei-
tual, criativo, sistêmico e crítico.
Para ampliar e sistema-
tizar os conhecimentos 
desta seção, recomenda-
mos o vídeo Neurociência 
na aprendizagem escolar, 
do canal Gabriel Sathler, 
com a fala da Professora 
Marta Relvas.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso 
em: 21 set. 2021.
Vídeo
A palavra arquivos nesse 
contexto, se refere a 
todas as informações que 
o indivíduo vivenciou e 
guarda em sua memória. 
Um arquivo de suas recor-
dações e aprendizagens.
1
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Para ampliar e sistematizar os conhecimentos dessa sessão, recomendamos o vídeo Neurociência na aprendizagem escolar, do canal Gabriel Sathler, com a fala da Professora Marta Relvas, intitulado.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE. Acesso em: 10 set. de 2021.
Processos de aprendizagem 17
Jacob Lund/Shutterstock
Conhecer essas competências 
cognitivas e saber estimulá-las fará 
toda a diferença para a aprendi-
zagem; essa, vale ressaltar, é uma 
preocupação daqueles que tra-
balham com a aprendizagem. As 
competências cognitivas podem ser 
desenvolvidas por meio de estímu-
los que constituem o desenvolvi-
mento humano, conforme veremos 
no tópico a seguir.
1.3 Estímulos para a aprendizagem 
Vídeo Já sabemos da importância e da necessidade de desenvolver 
atenção, recepção, expressão, ordenação espacial e sequencial, 
memória, linguagem, motricidade e pensamento social e superior 
para que a aprendizagem aconteça.
Para isso, podemos entender os estímulos como um fator que 
impulsiona e incentiva o ser humano a aprender. Esses estímulos 
estão presentes no meio em que vivemos e podem ser experien-
ciados por meio de brincadeiras, jogos, trocas de afeto, conversas 
e outras situações que motivem a criança em todas as fases do de-
senvolvimento. Esses estímulos precisam estar presentes em todos 
os ambientes de convívio da criança, ou seja, tanto em casa, com a 
família, quanto na escola.
Situações educativas por meio desses momentos vão fazendo 
parte de um ambiente motivador e estimulante, que leve a criança 
a aprender de maneira tranquila, espontânea e contínua, e tam-
bém a armazenar e transformar o que vivenciou em seus momen-
tos de aprendizagem.
Por meio dos estímulos, desde o primeiro ano de vida, a criança 
passa a se identificar como ser ativo no ambiente e a identificar 
o outro. “É por meio dos primeiros cuidados que a criança per-
cebe seu próprio corpo como separado do outro, organiza suas 
emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo” (BRASIL, 
1998, p. 15).
Reconhecer os diferentes 
estímulos de base para a 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem18 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Zalena Photo/Shutterstock
Sabemos que esses primeiros cuidados podem ser trata-
dos como estímulos e que eles afetam diretamente a formação 
da personalidade da criança, bem como abre portas para sua 
predisposição ao aprender.
Nossas funções cerebrais estão abertas a esses estímulos, prin-
cipalmente na infância, fase em que os neurônios estão aguar-
dando por novas experiências e novos estímulos que os façam 
aprender e se desenvolver.
Porém, devemos ter ciência de que a quantidade de estímulos é 
adequada e dosada conforme o crescimento e o desenvolvimento 
da criança. O indicador da faixa etária traz diferentes possibilidades 
de trabalho; um exemplo é a fase até os 6 meses de idade, em que 
o toque é de grande importância. Uma possibilidade é trabalhar 
com brincadeiras que envolvam o corpo, como massagens suaves 
nos braços e pernas, e trabalhar estímulos auditivos por meio de 
chocalhos e outros brinquedos que proporcionem diferentes sons.
Aproximadamente a partir dos 6 meses a 1 ano de idade, a crian-
ça já pode ser estimulada a segurar objetos e sentir diferen-
tes texturas, sentar, engatinhar, andar com apoio, montar 
e desmontar cubos.
Do primeiro até aproximadamente o segundo ano 
de idade, a criança já começa a correr, subir e descer 
escadas, empilhar blocos, montar e desmontar. Per-
cebe-se até aqui que a aquisição de habilidades por 
meio dos estímulos é gradativa e depende da finalização 
da fase anterior para que a próxima venha a acontecer. O 
desenvolvimento motor se torna cada vez mais visível.
Dos 2 aos 3 anos de idade a criança já pedala, dança, rabisca linhas 
horizontais e tem capacidade de participar da organização de brinque-
dos. Esses estímulos são essenciais para a elaboração prévia de uma 
organização mental, que mais tarde refletirá em seus costumes na or-
ganização dos estudos e do planejamento de seu dia a dia.
Já dos 3 aos 4 anos de idade, a criança deve ser estimulada a pu-
lar com desenvoltura, desenhar pessoas (ainda incompletas) e come-
çar a copiar e se interessar por letras. O faz de conta de escrever traz 
a primeira expectativa em transformar suas mensagens em escrita. 
Nessa faixa etária, a criança também monta e desmonta pequenos 
quebra-cabeças.
Processos de aprendizagem 19
Do quarto ao sexto ano de idade, a criança tem a habilidade e pode 
ser estimulada a permanecer em um pé só, além de já desenhar pessoas 
completas, escrever letras e reconhecer diferentes pesos e tamanhos.
Essas simples habilidades, ao serem estimuladas na fase certa, trazem 
um grande diferencial para a concretização das bases para a aprendi-
zagem. No entanto, devemos ter a ciência de que esses estímulos são 
apenas alguns exemplos do que cada criança é capaz de desenvolver 
em cada fase, se estimulada. O ser humano é formado por elementos 
mais complexos, que necessitam de estímulos diferenciados para se 
desenvolver. 
Nessa perspectiva podemos considerar os seguintes estímulos:
Pu
ck
un
g/
Sh
utt
erstock
São aqueles relacionados ao desenvolvimento emocional da 
criança, a maneira como se sente e lida com as emoções durante 
sua interação, seus sentimentos, seus desejos e suas ansieda-
des. Os estímulos afetivos são importantes e necessários, uma 
vez que a criança precisa aprender a lidar com cada um deles.
Estímulos afetivos
Cu
be
29
/S
hu
tter
stock
Coordenação motora, lateralidade e o psicomotor, estão voltados 
aos movimentos. Além de aprimorar o conhecimento do próprio 
corpo e o ritmo dele, auxilia na socialização e são pré-requisitos 
importantes para o desenvolvimento da escrita.
Estímulos físicos
 
Al
in
aP
ol
in
a/
Sh
utt
erstock 
Compreendem a base para a aprendizagem: a atenção, a memó-
ria, a criatividade, a curiosidade, a linguagem, os pensamentos, 
a observação, a leitura e o raciocínio. O desenvolvimento desses 
fatores dá suporte para as ações de pensar, refletir, desenvolvi-
mento do senso crítico e enriquecimento de ideias.
Estímulos cognitivos
Su
do
wo
od
o/
Sh
utt
erstock
Trata-se do desenvolvimento dos sentidos auditivo, visual, olfati-
vo, tátil e gustativo. Esses estímulos aprimoram a leitura de mun-
do da criança, são base para a aprendizagem por contribuirem 
para a construção do conhecimento e da personalidade.
Estímulos sensoriais
Percebemos, assim, o quanto os estímulos são necessários e es-
senciais para desenvolver diferentes habilidades na criança, e que 
esse trabalho em cada fase cria uma base que sustentará toda a 
aprendizagem humana.
Com o filme Ao mestre, 
com carinho, você conhe-
cerá a história de Mark 
Thackeray, um engenheiro 
desempregado que resol-
ve dar aulas em Londres, 
para alunos brancos, em 
uma escola no bairro 
operário de East End. Os 
alunos são indisciplina-
dos, desordeiros e estão 
determinados a destruir 
suas aulas. Porém, 
Thackeray enfrenta o 
desafio e, ao receber um 
convite para voltar a atuar 
como engenheiro, precisa 
decidir se pretende seguir 
como mestre ou voltar ao 
antigo cargo. Podemos 
relacioná-lo com a habi-
lidade do professor de 
focar o estilo de cada um 
aprender a se desenvol-
ver e mudar suas formas 
de pensar e agir.
Direção: James Clavell. Inglaterra: 
Columbia British Productions, 1967.
Filme
20 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
E quando os estímulos são empregados de maneira inadequada? Ou, 
então, esses estímulos não ocorrem?
A falta de estímulo, seja por qualquer motivo, pode causar pre-
juízos para o desenvolvimento infantil, pois leva à perda de expe-
riências necessárias para cada idade. Por exemplo, a criança que em 
casa brinca pouco terá mais dificuldade para interagir com diferen-
tes objetos, socializar e até mesmo explorar diferentes formas de 
brincar na escola.
É por essa razão que ações voltadas aos estímulos afetivos, cogni-
tivos, físicos e sensoriais devem ser trabalhadas de modo integrado 
e contínuo ao longo do desenvolvimento da criança. Isso deve con-
tribuir para a formação de sua personalidade, para a construção do 
conhecimento e para torná-la mais ativa, motivada a realizar tarefas 
com autonomia e confiança em si. O desenvolvimento de apenas um 
estímulo e a defasagem de outros não garante a aprendizagem e o 
desenvolvimento de maneira efetiva.
1.4 Afetividade e aprendizagem 
Vídeo Os bons relacionamentos, a troca de ideias positivas, sentir-se aco-
lhido e parte de um meio social são sentimentos que fazem bem ao ser 
humano. Todas essas ações envolvem e podem ser representadas por 
uma palavra: afeto.
Você já parou para pensar qual o verdadeiro sentido da palavra afeto? E por que 
a afetividade está relacionada à aprendizagem?
Para Antunes (2008), o ser humano nasce extremamente imaturo 
o que afeta suas chances de sobrevivência, dessa forma, necessita da 
presença do outro, e essa necessidade chamamos de amor. O instinto 
de sobrevivência e a percepção da necessidade de proteção despertam 
esse sentimento na mãe e no pai, gerando a reciprocidade desse amor, 
e isso denominamos de afetividade. Esse sentimento implica viver em 
grupo, expandindo a afetividade de um para o outro.
Compreender a importân-
cia da afetividade para a 
aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Processos de aprendizagem 21
Nesse sentido, podemos relacionar a palavra afeto ao ato de cuidar, 
afetar a ponto de interferir em seu processo de aprender e interagir. Es-
ses momentos, em que o ato de afetar se apresenta ao indivíduo, podem 
causar também sensações, as quais será necessário afetar a fim de ensi-
nar a lidar, por exemplo, ao se frustrar, contrariar para, então, consequen-
temente aprender a lidar com sentimentos negativos também. Dessa 
forma, a afetividade pode ser considerada uma dinâmica relacional, que 
proporciona crescimento e aprendizagem de diferentes situações.
A afetividade é algo extremamente relevante na vida das pessoas 
desde o nascimento, e deve ser considerada como fator importante na 
construção da autoestima, pois é por meio dela que adquirimos con-fiança no modo de pensar e agir, na forma como resolvemos e enfren-
tamos problemas. A autoimagem bem construída leva à confiança de 
se relacionar e de aprender.
Assim, a escola constitui-se como um importante ambiente de tro-
cas e construção de afetividade. Sabemos que o professor, desde mui-
to cedo, representa uma referência para a criança e que uma relação 
positiva entre eles traz ao aluno a sensação de maior valor, confiança 
e aprovação para o que executa. Além disso, proporciona liberdade de 
interação, alegria e entusiasmo para buscar conhecimento. Esse é o 
verdadeiro sentido do ato de afetar. A afetividade está relacionada à 
preocupação com o próximo, com sua aprendizagem e bem-estar, além 
de tornar próximo e acessível esse momento de desenvolvimento.
De acordo com Antunes (2008), o professor muitas vezes é quem 
melhor pode ajudar o aluno a desenvolver e descobrir suas qualidades 
e seus talentos, surpreender-se com a responsabilidade, a disciplina e 
a felicidade. O papel da escola é fundamental no desenvolvimento so-
cioafetivo da criança, ela auxilia no estabelecimento da relação com o 
outro para o desenvolvimento da aprendizagem.
Nossa vida afetiva, desenvolvida em diferentes ambientes inclusive 
no escolar, faz-nos também assimilar valores ao longo da vida. Para 
Wallon (1978) –  um dos principais estudiosos sobre a afetividade –, é 
partindo de suas próprias experiências que a criança se torna capaz de 
distinguir e reconhecer aquilo que está ou não de acordo com suas ex-
pectativas e necessidades, levando, consequentemente, ao aprendizado.
Wallon (1978) ressalta a importância das experiências para a apren-
dizagem. Lidar com elas é uma construção que envolve afetividade, 
pois esta impulsiona a ação e leva à concepção da inteligência, além de 
O livro Afetividade e 
aprendizagem: contri-
buições de Henri Wallon 
discute a afetividade 
no cotidiano escolar, 
apresentando pesquisas 
que se apoiaram na teoria 
de desenvolvimento de 
Henri Wallon. Segundo 
os estudos destacados, 
em todos os níveis de 
ensino – do fundamental 
ao superior –, alunos e 
professores se expressam 
por inteiro com cognições, 
sentimentos e movimen-
tos. Assim, o processo de 
ensino-aprendizagem se 
enriquece à medida que 
considera a integração 
cognitiva-afetiva-motora.
ALMEIDA, L. R. A.; MAHONEY, A. A. 
São Paulo: Loyola, 2007.
Filme
22 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
possibilitar ao ser humano como identificar os desejos e sentimentos 
que o levarão ao sucesso diante de suas ações e decisões.
O sentimento de insucesso e reprovação de suas capacidades com-
promete o desempenho ao aprender, impossibilitando a espontanei-
dade e a forma de se desenvolver. Valorizar o desempenho da criança 
torna-se, assim, o papel principal do professor e de outros profissionais 
que a acompanham e da família, lembrando que cada um aprende e se 
desenvolve à sua maneira.
1.5 Estilos de aprendizagem 
Vídeo Cada ser humano é único em sua forma de ser, pensar, agir e aprender.
Você já parou para pensar qual é seu estilo de aprender? Como e por qual cami-
nho assimila melhor os conhecimentos?
Essas individualidades são percebidas desde a infância e se des-
tacam ainda mais à medida que o ser humano vai se desenvolvendo 
e passando por diferentes experiências que o aproximam das for-
mas que para ele são as mais fáceis de aprender, pois as diferenças 
pessoais se acentuam com o passar do tempo, sendo mais evidentes 
na vida adulta.
Essas diferenças são caracterizadas devido aos estímulos e ao desen-
volvimento pelo qual essa pessoa passou. Entendemos o termo estilos 
de aprendizagem – que ainda se apresenta como algo amplo – como um 
objeto de pesquisas e novas possibilidades a cada investigação.
De acordo com algumas teorias, existem pessoas que respondem 
melhor a alguns estímulos, ou seja, a maneira como elas compreen-
dem algo quando é ensinado se difere uma da outra.
Ao longo da vida, as pessoas estão em constante processo de 
aprendizagem. Para alguns, esse processo é mais fácil de ser assimi-
lado, para outros, nem tanto, ou pelo menos não encontraram sua 
forma específica de aprender.
Identificar os diferentes 
estilos de aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
Processos de aprendizagem 23
Considerando que a aprendizagem é um processo individual (cada 
ser humano aprende à sua maneira), por mais que ocorra com influên-
cia da coletividade, estabelece, com ela, conexões de maneira única e 
de acordo com seu próprio desenvolvimento.
Para compreendermos melhor esses estilos de aprendizagem, par-
tiremos dos conceitos originais dos estudos de Neil Fleming e Charles 
Bonwell (apud PORTILHO, 2011). Os estilos são divididos em quatro gru-
pos: visual, auditivo, leitura e escrita e cinestésico, descritos a seguir.
1. Visual: maior facilidade para aprender com estímulos visuais, por 
meio de gráficos, tabelas, mapas mentais, listas, que possibilitem 
a visualização e a assimilação da informação. Geralmente também 
expressam melhor o que sabem por meio de resoluções visuais.
2. Auditivo: ouvir vai de encontro a esse perfil. Como a leitura nem 
sempre pode ser suficiente, realizá-la em voz alta para estimular 
a sensibilidade auditiva para conseguir memorizar, contar sobre 
o que aprendeu e discutir sobre esses temas também são boas 
estratégias de aprendizagem.
3. Leitura e escrita: a escrita aparece como um fator em destaque. 
Esse estilo consegue representar com facilidade suas ideias na 
forma escrita, com textos e redações, por exemplo. Também 
conseguem assimilar com mais facilidade por meio de anotações 
escritas no momento de aprender.
4. Cinestésico: esse perfil precisa aprender na prática, com 
estímulos externos para compreender novas aprendizagens. 
As experiências concretas estão relacionadas a simulações, 
demonstrações e dinâmicas.
É importante ressaltarmos que essa teoria também considera que 
existem pessoas multimodais, ou seja, pessoas que, no momento da 
aprendizagem, se adaptam a qualquer um dos estilos que a elas pos-
sam ser oferecidos.
Outra teoria, também dividida em quatro grupos, é a de David Kolb 
(1984). Para o autor, esses estilos se dividem em adaptadores ou aco-
modadores, assimiladores, divergentes e convergentes; que podem ser 
representados por meio da Figura 3.
24 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Experiência 
concreta
Conceitualização 
abstrata
Conhecimento 
divergente
Conhecimento 
assimilador
Observação 
reflexiva
Experimentação 
ativa
Conhecimento 
adaptativo
Conhecimento 
convergente
ApreensãoApreensão
CompreensãoCompreensão
Ex
te
ns
ão
Ex
te
ns
ão
 Intenção
Intenção 
Figura 2
Formas de conheci-
mento dos estilos de 
aprendizagem
Fonte: Adaptada de Kolb, 1984.
Vamos compreendê-los de modo mais detalhado:
 • Adaptadores ou acomodadores: são pessoas que aprendem 
por meio de experiências de tentativa e erro. Utilizam mais a in-
tuição do que a lógica.
 • Assimiladores: preferem trabalhar com as teorias e não tanto 
com a prática. Possuem habilidades com ideias abstratas e núme-
ros. São menos sociáveis e preferem analisar e refletir sozinhos.
 • Divergentes: têm criatividade e imaginação, elaboram diferentes 
teorias com base em uma mesma situação. Trabalham bem em 
grupo e gostam de diferentes sensações e observações.
 • Convergentes: maior facilidade para praticar suas ideias, tomar 
decisões e resolver problemas.
Dentro desses diferentes estilos, tratados em diferentes teorias, 
cabe ressaltarmos que o trabalho com eles é sempre uma tarefa desa-
fiadora, uma vez que adaptações precisam ser realizadas para alcançar 
cada forma diferente de aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos neste capítulo o quanto o processo de aprender é complexo 
e, ao mesmo tempo, tão especial. Ao envolvermos diferentes possi-
bilidades de aprendizagem, podemos relacioná-la com o desenvolvi-
Como momento de 
aprofundamento desta 
seção, convidamos você a 
analisar as características 
de sua forma de aprender 
assistindo ao vídeoTipos 
de aprendizagem: que tipo 
de aluno você é?, do canal 
Professor Ricardo Alencar 
Matemática.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pIyMc2yz1CM. Acesso 
em: 21 set. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
https://www.youtube.com/watch?v=pIyMc2yz1CM
Processos de aprendizagem 25
mento do sistema nervoso central e a importância dos estímulos que 
tornam esse processo mais ativo, além da afetividade, a qual torna o 
indivíduo mais confiante e disposto a aprender. Devemos considerar 
o fato de lidar com os obstáculos que possam surgir e, com isso, tam-
bém conhecemos os estilos de aprendizagem, o quais nos tornam 
tão únicos e especiais ao seu modo de desenvolver a aprendizagem.
Compreender todos esses caminhos que levam à aprendizagem nos 
traz uma base para seguirmos em busca da compreensão dos fatores 
que apresentam as dificuldades e os obstáculos durante esse processo.
ATIVIDADES
Atividade 1
Discutimos, no início do capítulo, que existem duas concepções 
de aprendizagem: a comportamentalista e a cognitivista, que 
nos levaram a refletir sobre como acontece a aprendizagem. 
Vimos, ainda, que a psicologia trouxe grande contribuição para 
a aprendizagem escolar. Relate qual foi essa contribuição e 
exponha sua opinião sobre essa modificação.
Atividade 2
Conhecemos e analisamos as diferentes formas de estímulos 
necessárias para que o desenvolvimento humano e a aprendiza-
gem aconteçam. Escreva quais são essas formas de estímulos. 
Destaque e comente aquela que, pessoalmente, torna-se a mais 
relevante para o desenvolvimento da criança.
Atividade 3
Conceitue o que é a afetividade para Wallon e relate uma expe-
riência afetiva que marcou seu processo de aprendizagem ao 
longo de seu desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Como ensinar com afetividade. São Paulo: Ática, 2008.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: formação pessoal e social. 
Brasília, DF: MEC; SEF, 1998. v. 2. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/volume2.pdf. Acesso em: 15 set. 2021.
KOLB, D. Experiential learning. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1984.
LEVINE, M. Educação Individualizada. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
MAIA, H. Funções cognitivas e aprendizagem escolar. In: MAIA, H. (org). Neurociência e 
desenvolvimento cognitivo. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011
PORTILHO, E. Como se aprende? Estratégias, Estilos e Metacognição. Rio de Janeiro: Wak 
Editora, 2011.
WALLON, H. Do ato ao pensamento. Lisboa: Moraes, 1978.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
26 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
2
Dificuldades de aprendizagem
O processo de aprendizado leva tempo para ocorrer, mas e quando 
ele não acontece como esperado? Neste capítulo refletiremos sobre esses 
momentos de desenvolvimento.
Cada ser humano é único em sua forma de ser, agir, pensar e aprender. 
Essas diferenças são produtivas para a ampliação de conhecimento e socia-
lização. No entanto, algumas vezes, surgem no processo de aprendizagem 
em forma de obstáculos que precisam ser diagnosticados, vistos e orien-
tados de modo correto e significativo para a criança, fazendo com que ela 
aprenda e desenvolva-se normalmente.
 As dificuldades ou os transtornos de aprendizagem, como dislexia, 
discalculia, entre outros, surgem por fatores pedagógicos, sociais e cul-
turais. Ainda podem ser genéticos e neurológicos, ou seja, acompanham 
a pessoa desde o nascimento. É preciso que, independentemente de 
sua ordem, esses fatores sejam compreendidos por todos os envolvi-
dos com o trabalho na escola e fora dela. Em todas as situações que 
envolvam dificuldades é crucial contar com profissionais de apoio que 
auxiliem no convívio social, em adequações no ambiente e, em alguns 
casos, no mercado de trabalho.
Conheceremos a definição e os principais elementos que caracterizam 
a dislexia, a disortografia, a disgrafia e a discalculia e, dessa forma, busca-
remos, durante o estudo, fazer conexões com fatos ocorridos em sala de 
aula, de modo a auxiliar o trabalho do professor.
Analisaremos as principais dificuldades de aprendizagem, a fim de 
que você consiga ampliar o seu olhar para as pessoas que apresentam 
essas dificuldades.
2.1 Dificuldades de aprendizagem: causas e tipos 
Vídeo É de extrema importância que compreendamos a nomenclatura do 
que estamos estudando ao nos referirmos a dificuldades, transtornos 
ou distúrbios de aprendizagem.
As dificuldades de aprendizagem, tema deste capítulo, são 
aquelas que apresentam barreiras e defasagens para o desenvolvi-
Bi
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mento da aprendizagem. Surgem no percurso, devido ao fato de que 
algo ficou para trás na automatização e aquisição da aprendizagem.
Porém, segundo Fonseca (1995), a criança com dificuldade de 
aprendizagem não deve ser vista como deficiente, mas sim como uma 
criança como qualquer outra, que apresenta um ritmo diferente, uma 
defasagem ou algo diferenciado na forma de aprender.
Questões sociais, culturais, afetivas, de vínculo escolar e 
de adaptação a metodologias podem ter influência nas 
dificuldades e nos problemas ao aprender a ler, escre-
ver, calcular, falar, se organizar e até mesmo socializar.
Já os transtornos de aprendizagem ou distúr-
bios de aprendizagem têm origem genética ou 
neurológica, acompanhando o indivíduo por 
toda a vida.
Ao longo do desenvolvimento, característi-
cas consideradas diferentes, ou seja, que nem sempre estão de acordo 
com a faixa etária da criança, vão sendo percebidas, e a falta de manejo
1 desses distúrbios gera dificuldades de aprendizagem.
Vamos usar como exemplo uma criança disléxica. Na escola ela 
é obrigada a escrever muitas vezes as mesmas informações para 
superar seus erros. Ocorre que se a escola não possui o diagnósti-
co e não traça formas de trabalho adequadas, a criança irá escrever 
incessantemente, sem ter de fato alguma mudança em sua apren-
dizagem. Essa atitude, na verdade, causa cansaço e frustração, e a 
criança continuará cometendo erros, pois precisa de outro tipo de 
abordagem. Isso acaba gerando um constrangimento que, aliado aos 
demais sentimentos, não agrega à aprendizagem. É necessário co-
nhecer as características do sujeito disléxico e desenvolver práticas 
que realmente o auxiliem em sua caminhada escolar.
Reconhecer as causas e 
os tipos de dificuldades 
de aprendizagem.
Objetivo de aprendizagem
A falta de manejo 
refere-se às diferentes 
estratégias que podem 
ser utilizadas na escola, as 
quais buscam uma solu-
ção equivocada para pro-
blemas de aprendizagem.
1
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem 2727
28 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Por isso, o diagnóstico e a intervenção precoces são o melhor ca-
minho para proporcionar um bom desenvolvimento a essas crianças. 
Para o diagnóstico, é necessária a avaliação psicopedagógica, que será 
o ponto de partida para a compreensão das características cogniti-
vas da criança. Assim que ocorre o diagnóstico, professores e famílias 
podem ser orientados para trabalhar adequadamente e proporcio-
nar, com base nas dificuldades desses alunos, o desenvolvimento e a 
aprendizagem. Uma criança com problemas atencionais, por exemplo, 
tem dificuldade em manter o foco por muito tempo em uma mesma 
tarefa, desse modo, a estratégia deve proporcionar atividades de curta 
duração para aproveitar melhor seu tempo de concentração.
De acordo com Morais (2006, p. 23), “deve ficar claro que a aprendi-
zagem da leitura e escrita é um processo complexo, que envolve vários 
sistemas e habilidades (linguísticas, perceptuais, motoras, cognitivas), e 
não se pode esperar, portanto, que um determinado fator seja o único 
responsável pela dificuldade de aprender”.
Nesse sentido, a criança com dislexia não deve ser vista apenas 
como aquela que possui umfator de desordem no seu desenvolvimen-
to, e sim como alguém que tem uma série de habilidades que apenas 
estão desalinhadas e devem ser acompanhadas e estimuladas para o 
processo de aprendizagem.
Por isso, após diagnosticados e identificados quais fatores sus-
tentam o desenvolvimento e quais estão impedindo a aprendizagem 
(motor, linguístico, afetivo, cognitivo ou perceptual), todo o trabalho di-
recionado a essa criança passa por uma reestruturação. Esse processo 
se dá na adequação escolar do currículo e de metodologias que otimi-
zem o desenvolvimento da aprendizagem e socialização.
Existem muitas dificuldades e transtornos que podem nascer com a 
criança ou surgir ao longo do seu desenvolvimento, como a dislexia, a 
discalculia, a disgrafia e a disortografia.
Além disso, a ausência de estímulos de habilidades básicas an-
tes do período de alfabetização pode ocasionar dificuldades para 
aprender, pois deixa de trazer bases importantes para que esse 
aprendizado aconteça. No quadro a seguir podemos verificar essas 
habilidades básicas.
Dificuldades de aprendizagem 29
Quadro 1
Habilidades básicas
Habilidade Definição Exemplo
Imagem corporal Consciência do próprio corpo e sua interação com o mundo
Relacionada à sua identificação do espaço (consigo 
pular? É alto para mim?).
Orientação espacial Distinção de sua posição no espaço e relações espaciais que ocupa
A organização dos próprios materiais e do local 
que ocupa tem relação com essa habilidade.
Orientação temporal Duração e sucessão
Reflete na organização com relação ao tempo (se 
consegue fazer as coisas no prazo de uma aula, 
por exemplo).
Ritmo Duração sonora
O ritmo de sons trabalhado desde os primeiros 
anos escolares auxilia mais tarde no ritmo de leitu-
ra e no reconhecimento dos sons das letras.
Memória visual Reter com exatidão a curto ou longo prazo o que foi visualizado
Olhar e reter a informação auxilia no reconheci-
mento da escrita das palavras (se é com s ou z, 
por exemplo).
Coordenação 
visomotora
Visão e movimentos do corpo 
integrados
A criança movimenta a cabeça para olhar para o 
quadro e copiar uma informação ao mesmo tem-
po sem perder a informação que leu.
Memória cinestésica Movimentos motores necessários para a escrita
Auxilia o engajamento da criança no manuseio de 
objetos menores, como o lápis na escrita.
Habilidades auditivas Condução das informações gráficas até o cérebro
Essa habilidade reflete a compreensão sonora das 
letras e auxilia na boa escrita ortográfica.
Linguagem oral Etapa anterior à linguagem escrita; desenvolvimento da fala
Falar com clareza e corretamente para conse-
quentemente escrever bem.
Fonte: Elaborado pela autora.
Um exemplo da utilização prática dessas habilidades é o que a 
criança precisa adquirir antes de aprender a ler e escrever. A falta de 
um desses elementos pode gerar problemas de aprendizagem. Para ler 
e escrever, a criança precisa:
Aprender a falar
Ol
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Desenvolver a noção 
espacial para o registro
Studio Rom
antic/Shutterstock
Diferenciar tamanhos
An
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ey
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op
ov/
Shut
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Criar interesse pelo 
mundo letrado
Sharom
ka/Shutterstock
O livro Dificuldades de 
aprendizagem de A a Z: um 
guia completo para pais 
e educadores, de Corinne 
Smith e Lisa Strick, é uma 
ótima opção para ampliar 
seus conhecimentos 
sobre as dificuldades de 
aprendizagem. As autoras 
apresentam de maneira 
didática cada dificuldade, 
sua origem e possibilidades 
de adequação de trabalho 
para cada uma delas.
Porto Alegre: Artmed, 2012.
Livro
30 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Esses prerrequisitos são temas abordados na Educação Infantil e 
estendem-se por boa parte do Ensino Fundamental, por serem parte 
de um processo de desenvolvimento. São extremamente necessários 
para que outras aprendizagens ocorram e funcionam como base de 
sustentação para o ato de aprender.
Portanto, conhecer as diferentes dificuldades de aprendizagem e 
saber como lidar com cada uma delas é um desafio constante para o 
profissional que trabalha com a educação.
2.2 Dislexia 
Vídeo A dislexia é uma das dificuldades mais conhecidas, e somente no sé-
culo XX passou a ser vista com a abrangência que possui. Vinda do grego 
dislexia – dis (dificuldade) e lexia (linguagem) – significa falta de habilidade 
na linguagem, que se reflete na leitura e na escrita.
Desse modo, a dislexia não é considerada uma doença, e sim uma for-
ma diferente de o cérebro funcionar e compreender a linguagem. Trata-se 
de uma questão neurológica, visto que atualmente exames de diagnóstico 
de imagem do cérebro mostram o processamento de informação dos dis-
léxicos de uma maneira distinta, tornando possível sua forma de aprender 
diferente por meio de suas próprias habilidades.
Por isso, a dislexia é classificada 
como um distúrbio neurológico que 
não prejudica o potencial cognitivo 
da criança, apenas torna diferen-
te seu caminho de aprender a ler, 
escrever e decodificar a leitura e a 
escrita.
Por ser neurológica, a dislexia 
demonstra alguns sintomas (Fi-
gura 1) mesmo antes da fase de 
alfabetização, os quais devem ser 
observados pela família e escola.
Se uma dificuldade está direta-
mente ligada à leitura, à escrita e 

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Dificuldades de 
alfabetização
Problemas 
de orientação 
espacial
Dificuldade na 
coordenação 
motora fina
Lentidão acima do 
normal durante 
o processo de 
alfabetização
Problemas para 
ler e escrever
Figura 1
Sintomas da dislexia infantil
Conhecer as característi-
cas da dislexia.
Objetivo de aprendizagem
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tte
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ck
à sua compreensão e se ela se manifesta em outras áreas da aprendi-
zagem essenciais para o desenvolvimento da criança, a dislexia passa a 
ser alvo de interesse de professores e todos os profissionais que traba-
lham e intervêm nessa área.
De acordo com Morais (2006, p. 41), “a dislexia é um termo que se 
refere às crianças que apresentam sérias dificuldades de leitura e, con-
sequentemente, de escrita, apesar do seu nível de inteligência ser nor-
mal, ou estar acima da média”.
Assim, em sala de aula ou em outros momentos de realização de 
leitura e escrita, o interesse dos profissionais justifica-se. Ao surgirem 
obstáculos, as atividades de leitura e escrita não devem ser entendi-
das como algo que o aluno não quer fazer, ou não se esforça, ou qual-
quer outro estereótipo que não contribui para o seu desenvolvimento.
Por outro lado, nem todas as dificuldades de leitura, escrita e 
interpretação devem ser entendidas como dislexia. A busca de um 
diagnóstico seguro, por meio de uma avaliação psicopedagógica, faz 
com que seja detectada a real origem dessa dificuldade e, conse-
quentemente, leva à maneira correta de intervir e orientar em sala 
de aula, realizando as adaptações necessárias, sejam curriculares, 
sejam metodológicas.
Diagnosticada por meio de uma avaliação psicopedagógica, a 
criança deve passar por um apoio externo ao ambiente escolar, com 
psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, à medida que forem re-
comendados no seu diagnóstico.
No ambiente escolar esses profissionais, em trabalho conjunto 
com os professores, deverão traçar as melhores formas de avaliar 
a criança e intervir em sua aprendizagem. Com o diagnóstico feito 
(e as devidas adaptações realizadas), inicia-se o processo de com-
preensão e aprendizagem da leitura e escrita e adaptações dos alu-
nos com dislexia.
Compreender o mundo das letras, o som 
de cada uma delas e suas variações, bem 
como a consciência fonológica 2 , a jun-
ção de sílabas, frases e textos e, assim, 
sua interpretação, é um caminho a ser 
trilhado e orientado a cada passo.
Entendemos por 
consciência fonológica 
a capacidade de refletir 
sobre a estrutura de pala-
vras, sílabas e seus sons, 
conhecidos como fonemas, 
e compreendê-la.
2
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem 3131
32 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Esse caminho de compreensão seinicia na fase da alfabetização, e 
existe a necessidade de que o trabalho com a consciência fonológica 
seja intenso, pois a falta de seu reconhecimento é um dos principais 
fatores presentes na pessoa com dislexia.
Segundo Seabra e Capovilla (2004), a consciência fonológica envol-
ve a capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmen-
tar mentalmente e de modo deliberado os segmentos fonológicos da 
língua. Essa manipulação das palavras faz parte da alfabetização, que 
nem sempre é tão óbvia. Para as crianças que conseguem compreen-
der bem esse processo, geralmente ocorre um bom desenvolvimento 
da alfabetização no contato com a leitura, escrita e interpretação.
Figura 2
Reconhecimento dos sons das letras
Ca
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 F
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nc
es
ca
 C
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gn
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te
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No entanto, quando ocorre o contrário, desde o início esse cami-
nho é difícil demais para a criança. É o momento de observar seu de-
sempenho e buscar recursos que possam a auxiliar ou a diagnosticar 
caso seja disléxica.
Dentro dos inúmeros fatores que contribuem, ou não, para o de-
senvolvimento da leitura e escrita, segundo Torres e Fernández (2002), 
podemos destacar alguns tipos de dislexia:
 • Dislexia visual: dificuldade na percepção visual e coordenação 
visomotora, não conseguindo visualizar o fonema com clareza.
 • Dislexia auditiva: dificuldade na percepção e memória auditiva, 
não conseguindo ouvir com clareza o fonema.
 • Dislexia disfonética: troca de sons diferentes, alterações na or-
dem das letras e sílabas, omissões e acréscimos e maior dificul-
dade na escrita do que na leitura.
Dificuldades de aprendizagem 33
 • Dislexia diseidética: dificuldade na leitura silábica, não conse-
guindo realizar a síntese das palavras, e maior dificuldade para a 
leitura do que para a escrita.
 • Dislexia mista: combinação de mais de um tipo de dislexia.
 • Dislexia fonológica: forma leve de dislexia, confusão na realiza-
ção da leitura, que apresenta pacientes que podem ler palavras 
muito bem mesmo sendo disléxicos.
Com base no diagnóstico, uma boa estratégia é buscar o que de 
melhor o disléxico apresenta para que, com base em suas habilidades, 
outras sejam aperfeiçoadas, levando, então, ao seu desenvolvimento.
De acordo com Gonçalves (2005 apud OLIVEIRA, 2011):
grande parte da intervenção psicopedagógica estará em buscar 
talentos do disléxico, afinal os fracassos, sem dúvida, ele já os co-
nhece bem. Outra tarefa da clínica psicopedagógica é ajudar essa 
pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos, 
leituras compartilhadas, atividades específicas para desenvolver 
a escrita e habilidades de memória e atenção fazem parte do 
processo de intervenção. À medida que o disléxico se percebe 
capaz de produzir poderá avançar no seu processo de aprendi-
zagem e iniciar o resgate de sua autoestima.
Sabendo que para o disléxico a recuperação da autoestima é um fa-
tor importante, em sala de aula, o professor deve buscar compreendê-lo, 
ouvi-lo e dar o suporte necessário para seu desenvolvimento.
Como complemento de 
nossas ideias, assista ao 
vídeo Mentes em pauta 
– dislexia, do canal Ana 
Beatriz Barbosa, sobre as 
características da dislexia.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=qvuSXtQtqv4. Acesso 
em: 1 dez. 2021.
Vídeo
2.3 Disgrafia 
Vídeo Já sabemos que a dislexia traz dificuldades específicas para a leitu-
ra, escrita e sua decodificação, além dos percalços causados por ela. 
Veremos agora outra dificuldade, a disgrafia, que é importante para a 
compreensão das dificuldades de aprendizagem.
A disgrafia abrange questões que também estão ligadas à escri-
ta, porém agora relacionadas ao traçado e à legibilidade. A criança 
que apresenta disgrafia produz uma escrita quase que ilegível, tanto 
para ela própria quanto para quem lê. No texto com disgrafia perce-
bemos que o traçado das letras possui irregularidades na sua forma 
e organização do espaço.
Identificar o que é disgrafia.
Objetivo de aprendizagem
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
https://www.youtube.com/watch?v=qvuSXtQtqv4
34 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Morais (2006) defende que a disgrafia é uma deficiência na qualidade 
do traçado gráfico, entretanto, não deve causar um déficit intelectual 
e/ou neurológico. Sabendo que não se trata disso, ao analisarmos suas 
causas, podemos pensar em algumas especificidades voltadas aos pri-
meiros anos de vida, por exemplo, o desenvolvimento da motricidade.
Partindo da ideia de que o desenvolvimento motor é necessário 
para que a criança desenvolva sua coordenação motora fina, é possível 
relacionar a disgrafia a problemas perceptivo-motores.
Para Pereira (2009), a disgrafia envolve:
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Coordenação geral: capacidade motora de usar 
o corpo de maneira eficiente.
Coordenação motora: capacidade de dominar o 
corpo e o espaço e controlar seus movimentos.
Motricidade ampla: compreende andar, saltar e 
mexer-se em diferentes direções.
Motricidade fina: maneira que usamos os braços, as mãos 
e os dedos, manipulando objetos de modo preciso.
Integração visomotora: coordenação entre a 
coordenação motora e a percepção visual.
Planejamento motor: capacidade de organizar, planejar 
e executar ações, como desenhar e pedalar.
Percepção visual: capacidade do cérebro de 
compreender, organizar e interpretar estímulos visuais.
Atenção sustentada: capacidade de concentrar-se em uma 
tarefa por determinado tempo sem se distrair.
Consciência sensorial dos dedos: habilidade consciente de 
uso e manuseio das mãos.
A coordenação motora 
fina dá-se por meio de 
músculos pequenos, 
como os das mãos e dos 
pés. Ela é utilizada para 
desenhar, pintar ou ma-
nusear pequenos objetos, 
realizando movimentos 
mais precisos e delicados.
Lembrete
Dificuldades de aprendizagem 35
Sabendo que essas bases são fundamentais para o bom traçado e 
desenvolvimento da escrita, é fundamental que o professor compreen-
da que a letra “feia” pode não estar relacionada ao desinteresse, mas 
sim à dificuldade ou inabilidade em algumas dessas áreas.
Dessa forma, na fase da alfabetização, quando é perceptível a difi-
culdade da criança em escrever, o professor precisa estar atento para 
realizar um trabalho direcionado, buscando melhorar essa questão.
É importante lembrar que o desenvolvimento da escrita não se trata 
de um processo linear. Pelo contrário, na maioria das escolas, a criança 
inicia o processo de alfabetização com a letra caixa-alta, também conhe-
cida como letra de forma, e faz a transição no ano seguinte para a letra 
cursiva. Essa mudança, após o amadurecimento dos primeiros contatos 
com as letras, deve ser gradativa e repleta de estímulos que 
direcionem a criança para o escrever correto e legí-
vel. Nesse momento, as dificuldades ou facilidades 
tornam-se muito pessoais entre os sujeitos, que 
devem ser orientados e auxiliados de acordo com 
a demanda que cada um apresenta.
Alguns fatores ainda podem contribuir forte-
mente para que a disgrafia ocorra ou se agrave, 
como:
 • Falta de organização da página: ligada à orientação espacial, 
apresenta margens malfeitas ou inexistentes e espaços inade-
quados entre as palavras.
 • Letras mal organizadas: a criança não consegue se adaptar a 
nenhum sistema caligráfico (pode ser no formato de letra de im-
prensa ou letra cursiva) e o traçado apresenta-se fora do padrão.
 • Erro de formas e proporções: quando a letra tem um formato 
grande ou pequeno demais.
Assim como as demais dificuldades e transtornos de aprendizagem, 
os fatores afetivo e emocional devem ser considerados. Essas crianças 
já sentem o peso de fazerem diferente dos demais e, muitas vezes, não 
alcançam o êxito, por isso, apoiar, acolher e orientar são necessidades 
constantes. Ser diferente em sala de aula é algo difícil para a criança, 
pois ela passa por comparações, sentindo-se atrasada em relação aos 
demais, eos fatores emocionais podem interromper a aprendizagem e 
a evolução desse indivíduo.
O livro Dificuldades específi-
cas de aprendizagem: ideias 
práticas para trabalhar 
com: dislexia, discalculia, 
disgrafia, dispraxia, TDAH, 
TEA, Síndrome de Asperger 
e TOC, de Diana Hudson, 
trata de todas as dificul-
dades e, em especial, traz 
um capítulo com um ótimo 
embasamento comple-
mentar sobre a disgrafia.
Petrópolis: Vozes, 2019.
Livro
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36 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
2.4 Disortografia 
Vídeo Além da dislexia e da disgrafia, outra dificuldade que pode surgir 
durante o desenvolvimento da leitura e escrita é a disortografia.
Caracterizada como uma dificuldade que afeta o domínio da 
escrita em questões tanto ortográficas quanto textuais, a disor-
tografia apresenta uma escrita que foge às regras ortográficas 
(PEREIRA, 2009).
De acordo com Pereira (2009, p. 9), a disortografia está relacio-
nada a uma “perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se 
traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da 
criança produzir textos”. Já para Barbeiro (2007, p. 118), “a disorto-
grafia é a dificuldade de escrita que compromete a aprendizagem 
e a automatização dos processos responsáveis pela representação 
ortográfica apropriada”.
No início do processo de alfabetização, as trocas ortográficas es-
tão presentes pelo fato de a criança estar passando pelo reconheci-
mento do traçado e da sonoridade das letras e palavras, mas devem 
ser superadas com a prática e a apropriação do sistema ortográfico.
Essas trocas vão se amenizando à medida que a prática da escrita 
acontece. Quando elas persistem por muito tempo e mostram ca-
racterísticas específicas, podem revelar um quadro de disortografia.
Alguns exemplos de trocas são:
 • f/v: faca/vaca;
 • ch/j: chato/jato;
 • t/d: conte/conde;
 • p/b: pompa/pomba.
Podem ocorrer ainda na disortografia omissões de letras, inver-
sões e confusões entre sílabas. Torres e Fernández (2002) destacam 
sete tipos de disortografia:
Reconhecer as caracterís-
ticas da disortografia.
Objetivo de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagem 37
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Temporal: incapacidade de ter uma visão clara 
dos aspectos fonéticos da fala.
Perceptivo-cinestésica: incapacidade para 
repetir os sons, verificando as substituições no 
modo de articular os fonemas.
Cinética: deficiência de ordenação e 
sequenciação dos elementos gráficos, gerando 
erros de união e separação.
Visuoespacial: alteração perceptiva da imagem dos 
grafemas.
Dinâmica: alteração na expressão escrita das 
ideias e na estrutura sintática das proposições.
Semântica: a análise é indispensável para o 
estabelecimento dos limites das palavras.
Cultural: dificuldade na aprendizagem da ortografia 
convencional.
Já caracterizados esses diferentes tipos de disortografia, pode-
mos ainda a dividir em três grupos: das trocas auditivas, das trocas 
visuais e das trocas mistas.
Quanto às trocas auditivas, caracterizam-se pela troca dos sons 
próximos, como f/v, t/d e c/g. Ao ouvir as palavras com essas le-
tras, são facilmente confundidas, como vaca e faca. Esse grupo 
caracteriza-se também pela dificuldade de guardar palavras ditadas 
ou elaboradas mentalmente, logo, ao escrever, surgem também as 
inversões.
38 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
As trocas visuais são aquelas que têm relação com a orientação 
espacial, como p, b, d, q, ou semelhança de detalhes, como t, f. Nas 
trocas visuais ocorrem também erros relacionados à sequência vi-
sual, como trem/temr ou moeda/muda. Aqui se justifica que, como 
prerrequisito à aprendizagem, a criança desenvolva a noção espacial 
e de lateralidade. Esses elementos, trabalhados ainda na Educação 
Infantil, fazem toda a diferença para a visualização e o posicionamen-
to correto das letras quando se inicia o processo de alfabetização.
Já as trocas mistas englobam as características do tipo visual e 
auditivo. Mesmo sendo mais raras, são casos considerados de longo 
prazo para que ocorra a reeducação.
Assim, a disortografia pode prejudicar o processo de escrita e 
compreensão da criança, por isso deve ser vista por meio de um 
trabalho atento do professor. Ao surgirem indícios dessa dificul-
dade, é necessário realizar o encaminhamento para um profissio-
nal responsável, o psicopedagogo, para que realize uma avaliação 
psicopedagógica.
2.5 Discalculia 
Vídeo Conhecemos até aqui as principais dificuldades de aprendiza-
gem presentes no desenvolvimento da leitura e escrita e de sua 
decodificação.
No entanto, o raciocínio lógico-matemático também pode apre-
sentar obstáculos significativos durante a aprendizagem.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor-
nos Mentais – DSM 1 -5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 
apud PIMENTEL; LARA, 2017, p. 5), a discalculia “envolve o senso nu-
mérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência de 
cálculo e precisão no raciocínio matemático”. Além disso, esse é “um 
termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades 
caracterizado por problemas no processamento de informações nu-
méricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos 
precisos ou fluente”.
Ainda, de acordo com Morais (2006), a discalculia pode ser classi-
ficada em seis tipos:
Como complemento, 
assista ao vídeo 
Disortografia, do canal 
Nadia Bossa, que aborda 
as características da 
disortografia.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pS5l1C2li3k. Acesso em: 
17 dez. 2021.
Vídeo
Compreender as caracte-
rísticas da discalculia.
Objetivo de aprendizagem
Manual de Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos 
Mentais 5.ª edição, ou 
DSM-5, é um manual 
diagnóstico elaborado 
pela Associação Ameri-
cana de Psiquiatria para 
definir como é feito o 
diagnóstico de transtor-
nos mentais.
1
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
https://www.youtube.com/watch?v=pS5l1C2li3k
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Practognóstica: dificuldades para enumerar, 
comparar e manipular objetos reais ou em imagens.
Ideognóstica: dificuldades em fazer operações 
mentais e compreender conceitos matemáticos.
Verbal: dificuldades em nomear quantidades 
matemáticas, números, termos e símbolos.
Léxica: dificuldades na leitura de símbolos 
matemáticos.
Operacional: dificuldades na execução de 
operações e cálculos numéricos.
Gráfica: dificuldades na escrita de símbolos 
matemáticos.
Muitas vezes, a discalculia vem de bases não estimuladas e não de-
senvolvidas, como as habilidades linguísticas, perceptivas, de atenção e 
matemáticas, as funções executivas prejudicadas e a baixa capacidade 
de atenção. Esses fatores resultam em déficits no senso numérico.
Conhecida como a dislexia dos números, o termo discalculia vem do 
grego dis, que significa dificuldade, e do latim calculia, que significa con-
tar, por isso a dificuldade para contar.
Figura 3
Forma do pensa-
mento matemático 
do discalcúlico
A organização espacial interfere no 
sucesso da aprendizagem matemática.
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40 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Com relação à compreensão dos números, a criança discalcúlica 
pode apresentar:
 • Falta de compreensão intuitiva dos números, como não saber 
qual é o maior ou menor.
 • Dificuldade de arredondar números.
 • Dificuldade de fazer estimativa.
 • Uso dos dedos constantemente para contar.
 • Confusão com números parecidos e inversões, por exemplo, 240 
por 204.
 • Extrema dificuldade de aprender tabuada.
 • Incapacidade de realizar cálculos mentais.
 • Dificuldade de lembrar de informações numéricas.
 • Incapacidade de realizar a reversibilidade, por exemplo, 2 + 3 é 
também 3 + 2.
 • Dificuldade em assimilar porcentagem, fração e casas decimais.
Alémdessas questões, a criança apresenta com frequência dificul-
dades na memória a curto prazo, ou seja, lembrar de números durante 
os cálculos, de sequência numérica, de números de telefone ou de da-
dos bancários e pontuações de competições esportivas. Isso também é 
refletido na representação gráfica ou na compreensão e interpretação 
de gráficos e escalas em papel (a leitura é imprecisa).
Ainda questões de ordem pessoal costumam aparecer, como a di-
ficuldade com a pontualidade, uma vez que não saber ler as horas em 
um relógio se torna um problema. Esses episódios trazem constran-
gimento para a criança que ainda não assimilou essa aprendizagem. 
Consequentemente, sua organização diária pode sofrer prejuízos.
Sabendo dessas questões e que toda dificuldade para aprender 
remete a prejuízo na autoconfiança e autoestima, vale lembrar de 
algumas atitudes essenciais e necessárias para atender aos alunos 
com discalculia:
 • Tornar o ambiente seguro, no sentido de que o aluno pode pedir 
ajuda e obter suporte diante de suas dificuldades.
 • Manter esses alunos sentados próximos aos demais, para evitar 
constrangimento se não quiserem se expor diante de dúvidas.
Dificuldades de aprendizagem 41
 • Trabalhar com exemplos concretos, escritos, de modo que a 
criança possa visualizar o que está sendo falado.
 • Verificar se o aluno compreende o que é para ser feito e o ritmo 
em que ele está realizando determinada tarefa.
 • Disponibilizar tempo suficiente para que as atividades sejam 
concluídas.
Outro aspecto de cuidado é o da linguagem matemática. É necessá-
rio verificar se todos os termos necessariamente usados nas explica-
ções são de fácil acesso ao entendimento do aluno, pois o que muitas 
vezes é óbvio para quem fala não é para quem ouve.
Partindo do princípio de que o óbvio também precisa ser dito, as 
orientações adequadas ao discalcúlico são sempre necessárias.
Como complemen-
to, assista ao vídeo 
Discalculia, do canal Nadia 
Bossa, que demonstra na 
prática as dificuldades da 
criança discalcúlica.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=mfHXkM1ctD0. Acesso 
em: 17 dez. 2021.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer as dificuldades e os transtornos de aprendizagem nos tor-
na profissionais diferenciados diante da individualidade do ser humano. 
O universo do aprender já é amplo, e quando esse caminho apresenta 
obstáculos, torna-se ainda maior, passando a ser um desafio constante.
Atualmente, e felizmente, é possível o diagnóstico precoce, o que faci-
lita e direciona o trabalho em sala de aula. A vantagem de conhecermos 
e identificarmos como trabalhar a dislexia (dificuldade ao ler, escrever 
e interpretar), a disortografia (dificuldades ortográficas), a disgrafia (di-
ficuldade no traçado das letras) e a discalculia (dificuldade no raciocí-
nio lógico-matemático), nos torna pessoas capazes de compreender e 
adaptar novas formas de aprendizagem.
ATIVIDADES
Atividade 1
Sobre as dificuldades de aprendizagem estudadas, escolha qua-
tro delas e descreva suas principais características. Em seguida, 
responda: como você avalia seu processo de aprendizagem com 
relação à leitura, à escrita, à interpretação, ao traçado, à ortogra-
fia e à matemática?
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
https://www.youtube.com/watch?v=mfHXkM1ctD0
42 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Atividade 2
Conhecer as características da dislexia e encaminhar a criança 
para uma avaliação psicopedagógica, bem como saber intervir 
nesses casos, é de extrema importância para o profissional da 
educação. Com base nessa premissa, cite as principais característi-
cas da criança disléxica.
Atividade 3
Dos tipos de discalculia estudados, escolha o que para você parece 
ser o mais comum e justifique sua resposta.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos 
mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BARBEIRO, L. Aprendizagem da ortografia. Porto: Edições Asa, 2007.
FONSECA, V. da. Dificuldades de aprendizagem. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GONÇALVES, A. M. S. A criança disléxica e a clínica psicopedagógica. Disponível em: http://
www.profala.com/artdislexia1.htm. Acesso em: 17 dez. 2021.
MORAIS. A. M. P. Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. São 
Paulo: Edicon, 2006.
PEREIRA, R. S. Dislexia e disortografia: programa de intervenção e reeducação. Montijo: 
Humanity’s Friends Books, 2009.
SEABRA, A. G.; CAPOVILLA, F. C. Alfabetização: método fônico. 3. ed. São Paulo: Memnon, 2004.
TORRES, R. M. R.; FERNÁNDEZ, P. F. Dislexia, disortografia y disgrafia. Lisboa: McGraw Hill 
de Portugal, 2002.
Transtornos de aprendizagem 43
3
Transtornos de aprendizagem
3.1 Transtorno do déficit de atenção 
e hiperatividade (TDAH) Vídeo
Para compreendermos o TDAH devemos conhecer isoladamente os 
conceitos de atenção e hiperatividade.
A atenção é uma função essencial para a vida humana, uma vez 
que muitas de nossas ações dependem dela, por exemplo, atravessar a 
rua, cozinhar, compreender uma aula e aprender algo novo. Podemos 
entender a atenção também como um processo do desenvolvimento 
cognitivo em que, por meio de um estímulo externo, conseguimos dar 
uma resposta a ele. A atenção se desenvolve por meio de vivências co-
tidianas, como as brincadeiras na infância, as interações sociais e as 
atividades escolares rotineiras.
Nessas vivências a atenção pode ser aprimorada ou desenvolvida 
por meio de intervenções cognitivas, sendo assim, deve ser estimulada. 
Inicialmente, deve ocorrer mediante atividades direcionadas, que são 
aquelas proporcionadas pela escola, iniciando na Educação Infantil e se 
estendendo por todos os anos escolares.
Reconhecer o transtorno 
do déficit de atenção e 
hiperatividade e suas 
características.
Objetivo de aprendizagem
Conhecer as dificuldades que acometem a aprendizagem é algo bastante 
profundo, pois nos leva a conhecer também transtornos do desenvolvimento 
que interferem tanto na aprendizagem quanto em questões interpessoais. 
Estudaremos neste capítulo sobre o transtorno do espectro autista 
(TEA), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a síndro-
me de Asperger, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e o transtorno 
opositor desafiador (TOD). 
Esses transtornos se manifestam na infância e acompanham as fases 
do desenvolvimento humano. Compreender as características de cada 
um e intervir de maneira correta e no tempo certo faz parte do trabalho 
de todos aqueles envolvidos com a educação. Neste capítulo vamos co-
nhecer, analisar e refletir sobre cada um desses transtornos.
44 Transtornos e dificuldades de aprendizagem
Assim, como em todo o processo de desenvolvimento humano, a 
atenção é algo que difere em cada pessoa, seja no tempo, na forma 
de agir, de pensar e nas experiências já adquiridas, por isso podemos 
considerar alguns tipos de atenção a ser desenvolvida pelo ser huma-
no. Esses tipos de atenção (Quadro 1), quando trabalhados simultanea-
mente, facilitam o desenvolvimento e a aprendizagem.
Quadro 1
Tipos de atenção
Atenção seletiva
Habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade 
na presença de outros estímulos que desviam a aten-
ção, por exemplo, fazer uma tarefa em sala de aula com 
pessoas conversando ao redor.
Atenção alternada
Habilidade para alterar a atenção focada entre dois estí-
mulos, em que se está atento, mas, por algum motivo rea-
liza outra atividade e depois volta ao foco em que estava.
Atenção dividida Habilidade em centrar ou prestar atenção a diferentes estímulos ao mesmo tempo.
Atenção focada Habilidade para focar a atenção em um estímulo, sem dispersar com estímulos externos.
Atenção constante Habilidade para se centrar em um estímulo ou atividade durante um longo período.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Atenção, 2021.
Dessa maneira, podemos depreender a complexidade da atenção, 
e os modos como ela se estrutura e faz a diferença

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