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PERÍCIAS EM MEDICINA DO TRABALHO PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Heber Acuña Berger Leonardo Mateus Gusmão Lopes Márcio Alexandre Júnior Lara Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5 1 - SÍNTESE HISTÓRICA ............................................................................................................................................ 6 1.1. CONCEITOS .......................................................................................................................................................... 7 1.1.1. ASPECTOS TÉCNICOS E SOCIAIS ................................................................................................................... 7 1.1.2. OQUE SÃO PRINCÍPIOS ................................................................................................................................... 9 1.1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO .............................................................................................................................. 9 1.1.4. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO OPERÁRIO (OU IN DUBIO PRO MISERO) ................................................ 10 1.1.5. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL .................................................................................................. 10 1.1.6. PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA (CLÁUSULA MAIS VANTAJOSA) ......................................... 10 1.1.7. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE .................................................................................................... 11 1.1.8. PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA ........................................................................ 11 INTRODUÇÃO À MEDICINA DO TRABALHO E OS PRINCÍPIOS BASILARES DA CONVENÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PERÍCIAS EM MEDICINA DO TRABALHO 4WWW.UNINGA.BR 1.1.9. PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL OU IRREDUTIBILIDADE SALARIAL ................................... 11 1.1.10. PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS (OU INDISPONIBILIDADE) .. 12 1.1.11. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO ................................................................... 12 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 14 5WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A medicina do trabalho surge a partir da necessidade de proporcionar melhores condições de saúde aos trabalhadores, especificamente aos que atuavam nas indústrias durante os anos da II Guerra Mundial em condições extremamente adversas cominado com jornadas extensas de trabalho. Pretende-se, neste tópico, apresentar um breve histórico da evolução da medicina do trabalho. Compreender a origem da medicina do trabalho e qual é a sua importância social tanto para a ciência do direito como para a medicina. Ademais, o acidente de trabalho e a doença ocupacional representam um sério problema de saúde pública e para a economia de uma nação, que pode levar não só ao fechamento de uma empresa como também a retração econômica de um país. No Brasil, além da função de estabelecer melhores condições de saúde e qualidade de vida aos trabalhadores, a perícia em medicina do trabalho está intrinsicamente ligada à análise previdenciária contemplada na Lei de Benefícios da Previdência Social nº 8.213, de 24 de julho de 19912, e Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015. Neste sentido, é fundamental analisar os princípios gerais do direito do trabalho, espécies normativas que contemplam e positivam os direitos fundamentais, e são as bases da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT no Brasil. A Lei nº 13.467/2017, também denominada como Reforma Trabalhista, trouxe algumas alterações nos princípios acima expostos, que serão abordados, tendo em vista que o perito deve ter como instrução em sua análise no caso prático a CLT os princípios por ela abarcados e as normas regulamentadoras. 6WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - SÍNTESE HISTÓRICA A raiz histórica da medicina do trabalho remonta ao ano de 1700 na cidade de Módena, na Itália, quando o médico Bernardino Ramazzini lançou a obra De Morbis Artificum Diatriba (As doenças dos trabalhadores). Neste livro, foram objeto de estudo 54 grupos de trabalhadores, abrangendo mais de 60 profissões, relacionando as atividades, as doenças consequentes e as medidas de prevenção e tratamento. (ROSEN, 1994, p. 45-46) A obra de Bernardino Ramazzini foi texto base da medicina preventiva do trabalho até meados do século XIX, com a Revolução Industrial. Nesta ocasião, não havia norma jurídica de proteção à saúde do trabalhador, mas as sementes lançadas por Bernardino Ramazzini foram fundamentais para estabelecer os pilares doutrinários e jurídicos sobre o tema. A partir da primeira metade do século XX, ocorreu uma expansão significativa nos direitos dos trabalhadores, que contou com a contribuição da OIT e o avanço do capitalismo. Os métodos de Taylorismo e, posteriormente, do Fordismo necessitavam de operários de boa saúde, pois assim teriam baixo índice de absenteísmo e alta produção desejada. (OLIVEIRA, 2011, p. 60) Desde então, o papel dos médicos tornou-se decisivo no processo de seleção dos mais aptos para contratação e no atendimento dos pacientes nas dependências da própria empresa, de modo que assim que houvesse um retorno mais célere dos trabalhadores para a linha de montagem. No Brasil, o desenvolvimento de uma legislação de proteção aos trabalhadores surgiu com o processo de industrialização, durante a República Velha (1889-1930). Inicialmente esparsa, a legislação trabalhista foi ampliada no Governo Vargas (1930-1945) com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), instituída pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. (BRASIL, 1943) No ano de 1931, durante o governo Getúlio Vargas, foi criado o Departamento Nacionaldo Trabalho com a função de fiscalizar o cumprimento de leis sobre acidentes laborais, jornada, férias, organização sindical e trabalho de mulheres e menores. No ano seguinte, foram criadas as inspetorias regionais nos estados da federação, as quais posteriormente foram transformadas nas Delegacias Regionais do Trabalho. (ANAMT. 2018) O crescimento das indústrias resultou no aumento do número de trabalhadores urbanos, o que, consequentemente, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro. É nesse cenário que surge no país, em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, com ela, as primeiras referências à higiene e segurança no trabalho. Em 10 de novembro de 1944, também durante o governo de Getúlio Vargas, foi criada a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, surgindo então os primeiros passos para a implantação da Segurança do Trabalho no Brasil, mas somente em 1953, com a aprovação da Portaria nº 155 é que houve a regulamentação das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes de fato. O objetivo das ações da CIPA é observar e relatar as condições de risco no ambiente de trabalho e solicitar medidas para reduzir até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos. Em 1947, a OIT adota a Convenção nº 81, que estabelece que cada membro da organização deve ter um sistema de inspeção do trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais. A experiência dos países industrializados transformou-se na Recomendação nº 112 de 1959, estabelecida pela OIT, que tratava dos “Serviços de Medicina do Trabalho”, tendo sido substituída pela Convenção nº 161 da OIT, de 1985, e sua respectiva Recomendação, de nº 171. (OIT, 2016). 7WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA No Brasil, o serviço médico só passou a ser obrigatório a partir da Portaria nº 3.237/1972 do Ministério do Trabalho de acordo com o grau de risco e quantidade de empregados. (BRASIL,1972) O setor estava se ampliando, e os médicos brasileiros relacionados à área que compareciam aos congressos internacionais perceberam a necessidade de uma associação onde pudessem se reunir para atualizar e trocar conhecimentos. É neste cenário que surge, em 26 de março de 1968, por iniciativa do médico Oswaldo Paulino, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho. A Constituição Federal de 1988 no artigo 7º e seguintes trouxe a constitucionalização dos princípios e garantias fundamentais dos direitos do trabalho que serão abarcados a seguir. (BRASIL, 1988) Formalmente, a medicina do trabalho foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2003 por meio da resolução CFM 1643. 1.1. Conceitos O direito do trabalho é o ramo do direito composto por regras, princípios e institutos sistematicamente ordenados, aplicáveis à relação de trabalho e situações equiparáveis que objetivam a melhoria da condição social do trabalhador, com a previsão de aplicação de sanções quando descumprido seus mandamentos. A maior característica do direito do trabalho é a proteção do trabalhador por meio de regulamentações mínimas de trabalho. Somado a esta característica, acrescenta-se a limitação na vontade individual no contrato de trabalho. As relações de trabalho se dividem em duas modalidades principais: as relações individuais e coletivas. O âmbito do direito individual do trabalho tem-se as relações de emprego comum e especial, enquanto que no direito coletivo são inseridas as relações coletivas de trabalho que compreendem a negociação e contratação coletiva, e os institutos da greve e liberdade sindical. 1.1.1. Aspectos técnicos e sociais O profissional indicado para atuar como perito ou assistente técnico tem a obrigação legal e ética de ser um profundo conhecedor do assunto relacionado a perícia que irá elaborar, sob pena de produzir prova emanada de inconsistências técnicas. Essa obrigação tem previsão legal nos artigos 156 e seguintes do CPC, e 195 da CLT. Para uma produção justa de uma prova pericial e ao final conseguir a elaboração de um laudo técnico de excelência, é primordial ter conhecimento prévio da le- gislação base, aplicável à perícia médica do trabalho que consiste em: Normas Regulamentadoras – NR, do Ministério do Trabalho; Consolidação das Leis do Tra- balho – CLT, e a Lei 13.105/2015 – código de processo civil na seção X – da Prova Pericial – Art. 464 a 480 8WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Lei nº 13.105/2015 - Código de processo Civil Seção II - Do Perito Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. § 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. § 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. § 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. § 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. § 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. § 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. § 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis (BRASIL, 2016). Ademais, caso o perito não obedeça às imposições técnicas para a prática de determinado ato, ou não responda os quesitos de acordo com as mesmas imposições, pode comprometer o seu trabalho com a impugnação do laudo pericial pela parte que se sentir prejudicada. Tanto o perito como o assistente técnico ao elaborar seu parecer deve observar todos os aspectos técnicos de higiene ocupacional quando se tratar de pedido adicional de insalubridade nos termos da NR15 e demais normas trabalhistas. Deve ainda se atentar para todas as suas avaliações qualitativas, mensurações e coletas de amostras de agentes químicos ambientais no intuito de averiguar em que grau se encontram (médio, moderado ou fiel), sendo que estes estão atrelados as técnicas impostas pelas regras de higiene ocupacional. 9WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA1.1.2. O que são princípios Os princípios são as espécies normativas que contemplam e positivam os direitos fundamentais (ALELUIA, 2018, p.39). Constituem a base de todo ordenamento jurídico, não sendo diferente no direito do trabalho. Américo Plá Rodrigues define os princípios como sendo: As linhas diretrizes que informam normas e inspiram direta ou indiretamente uma série de soluções, pelo que podem servir para promover e embasar a aprovação de novas normas, orientar a interpretação das já existentes e resolver casos não previstos na lei. (apud RENZETTI, 2018, p. 3) Os princípios podem exercer tripla função, são elas: A) Função informativa – norteiam/informam o legislador na elaboração da norma. São, portanto, classificados como fonte material do direito. B) Função normativa ou integrativa – integram o ordenamento jurídico, suprimindo, por exemplo, as lacunas do direito. C) Função interpretativa – auxiliam na interpretação das normas jurídicas. A aplicação dos princípios consta de forma expressa no artigo 8º da CLT, onde prevê: Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. § 1º - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. § 2º - Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. § 3º - No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva (BRASIL, 1943). Neste diapasão, os princípios contemplam a função de interpretar a norma e sua atividade de integração sobre determinado tema de direito do trabalho, razão pela qual se mostra necessário o estudo dos norteadores do direito do trabalho. 1.1.3. Princípio da proteção O princípio da proteção é considerado a base dos direitos trabalhistas. O seu objetivo é estabelecer equilíbrio entre à relação laboral e o capital, em outras palavras, equilibrar a relação empregado e empregador, conferindo ao empregado a hipossuficiência nesta relação, haja vista a dependência econômica do empregado em face do empregador. 10WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para alguns doutrinadores, como Rogério Renzetti, um princípio que sofreu impactos negativos com a Lei nº 13.467/2017, conhecida com Reforma Trabalhista, uma vez que este prestigia os interesses dos empresários. O princípio da proteção se subdivide em três vertentes: o princípio do in dubio pro operário, princípio da norma mais favorável e o princípio da condição mais benéfica (cláusula mais vantajosa). 1.1.4. Princípio do in dubio pro operário (ou in dubio pro misero) Esse princípio é voltado para o intérprete da norma trabalhista, que em caso de duas ou mais interpretações distintas, deve-se escolher sempre a mais benéfica ao trabalhador. Todavia, a dúvida que ensejar a escolha de uma interpretação mais benéfica ao trabalhador deve observar o princípio da razoabilidade, no sentido de considerar o pretendido pelo legislador, bem como ser compatível com o ordenamento jurídico (RENZETTI, 2017, p. 4). 1.1.5. Princípio da norma mais favorável Este princípio determina que havendo duas ou mais normas aplicáveis ao caso concreto, deverá ser aplicada aquela mais favorável ao trabalhador independentemente de ser hierarquicamente superior a outra. É aplicado nos casos em que houver omissão ou obscuridade normativa, ocasião em que se deve manter a interpretação mais favorável ao trabalhador. É importante ressaltar que esse princípio não é absoluto, ou seja, não poderá ser aplicado quando existirem normas de ordem pública ou de caráter punitivo, como ocorre com o prazo da prescricional (RENZETTI, 2017, p. 7). 1.1.6. Princípio da condição mais benéfica (cláusula mais vantajosa) Esse princípio está consagrado na Súmula nº 51 do TST, a qual preconiza o seguinte: Súmula nº 51 do TST - NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro (BRASIL, 2005). Em outras palavras, as condições mais benéficas estabelecidas no contrato de trabalho ou no regulamento da empresa serão incorporadas definitivamente ao contrato de trabalho, não podendo ser reduzidas ou suprimidas no seu curso. Todavia, esse princípio sofreu modificações com o advento da Lei nº 13.468/2017, uma vez que esta modificou o § 3º do artigo 614 da CLT, pela qual constou que “Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade”. Neste sentido, restou revogada a cláusula por convenção coletiva, não podendo a norma mais ser aplicada. 11WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Seja qual for a teoria aplicável, alguns pressupostos devem ser observados. Pri- meiramente, a norma a ser aplicada não poderá ser incompatível com o ordena- mento jurídico, ou seja, deve ser considerada legal e constitucional. 1.1.7. Princípio da primazia da realidade Este princípio está insculpido no artigo 9º da CLT, ipsis litteris: “Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação” e na Súmula nº 12 do TST na qual tem-se que “As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum”. Os fatos reais são o que mais importa para o direito do trabalho e não a aparente verdade traduzida por meras anotações na carteira de trabalho ou nos contratos. Sendo assim, ocorrendo confronto entre a verdade real/fatos e a formal/provas prevalecerá a verdade real. Importante ressaltar que a realidade não pode violar preceito legal. Por exemplo: um enfermeiro técnico realizar procedimento específicos de médicos. 1.1.8. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva Assim como em âmbito do direito civil, no contrato de trabalho vigora o princípio do pacta sunt servanda, contudo, sobre os contratos de trabalho também incide o princípio da inalterabilidade contratual lesiva que preconiza a vedação de alteração contratual desfavorável ao trabalhador. Neste caso, a autonomia da vontade das partes é limitada, uma vez que não pode implicar em prejuízos ao trabalhador e depender da aceitação (ALELUIA, 2018, p. 73). A Lei nº 13.467/2017 trouxe alterações a este princípio ao inserir o parágrafo único no artigo 444 da CLT prevendo que a livre estipulação/autonomia das partes se aplica às hipóteses previstas no artigo 611-A desta Consolidação com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, como no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ousuperior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (BRASIL, 1947). O artigo 611-A prevê, dentre outras, a possibilidade de alteração contratual de acordo com a autonomia da vontade das partes e, além disso, de versar sobre banco de horas anual, intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 6 horas, troca do dia de feriado, etc. 1.1.9. Princípio da intangibilidade salarial ou irredutibilidade salarial Este princípio está insculpido na Constituição Federal artigo 7º, inciso VI, no qual consta, de forma taxativa, a vedação a redução dos salários dos empregados, salvo disposição diversa em acordo ou convenção coletiva (BRASIL, 1988). Na CLT, este princípio tem previsão no artigo 462, no qual ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. O objetivo deste princípio é atingir a estabilidade financeira do empregado (BRASIL, 1947). 12WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1.10. Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas (ou indisponibilidade) Este princípio determina que, em regra, os direitos trabalhistas não podem ser objeto de renúncia ou transação. Em outras palavras, os direitos trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador, tendo em vista o caráter imperativo e obrigatório das normas trabalhistas. A renúncia é a declaração unilateral de vontade mediante a qual a parte abre mão de um direito. A transação, por outro lado, é ato bilateral baseado em concessões recíprocas. Neste sentido, os direitos trabalhistas são imperativos e de observância obrigatória. Sendo assim, não são passiveis de renúncia e nem de transação, salvo nas situações em que a própria lei admitir. O artigo 841 do Código Civil determina que “Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação”. Nesta lógica, sendo o direito do trabalho de ordem pública e indisponível, de observância obrigatória, não pode ser transacionado (BRASIL, 2002). Os direitos trabalhistas podem ser abarcados de indisponibilidade absoluta e indisponibilidade relativa. A indisponibilidade será absoluta quando o direito merecer tutela de interesse público, em razão de compor um patamar civilizatório mínimo como ocorre com os direitos constitucionais em geral, normas de tratados ou convenção internacionais, normas relativas a cidadania do empregado (assinatura da CTPS, inscrição previdenciária e recolhimento do FGTS) (DELGADO, 2011, p. 211). Os demais direitos, sobretudo aqueles previstos em norma coletiva, são passíveis de indisponibilidade meramente relativa, podendo estas ser objeto de transação. 1.1.11. Princípio da continuidade da relação de emprego Este princípio tem por objetivo evitar a brevidade e incerteza do mercado de trabalho. Determina que a regra é a de que os contratos de trabalho sejam pactuados por prazo indeterminado. Sendo assim, contratos por tempo determinado constituem exceções permitidas em lei, desde que observados os requisitos por ela impostos, como por exemplo, a exigência de os contratos serem sempre escritos. Em outras palavras, tais contratos devem seguir os requisitos legais para sua configuração e precisam ser provados, pois impera a presunção de que os contratos são por prazo indeterminado como decorrência deste princípio. Mencionado princípio encontra- se disposto nos arts. 10 e 448 da CLT e Súmula nº 212 do TST. O perito judicial do trabalho deve exercer as suas atividades de acordo com todos os princípios éticos na condução de todas as diligências periciais, sob pena de ter seu laudo pericial impugnado pela parte que se sentir prejudicada ou pelo próprio magistrado que o nomeou. Portanto, os peritos devem estar atentos tanto aos fun- damentos e princípios técnicos como para os fundamentos e princípios jurídicos. 13WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA AS DOENÇAS DOS TRABALHADORES Autor: BERNARDINO RAMAZZINI Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1700. Observando as queixas de seus pacientes e seus ofícios, Ramazzini identificou que o trabalho pode ser um determinante o processo de adoecimento. Ao discorrer sobre as doenças de diversas profis- sões, revela os primeiros indícios de uma prática médica direcionada ao estabelecimento de diag- nósticos de doenças ocupacionais. Esta Obra está disponível para Download no sitio eletrônico da Fundacentro gratuitamente no link: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblio- teca-digital/publicacao/detalhe/2016/6/as-doen- cas-dos-trabalhadores. DEONTOLOGIA NA MEDICINA DO TRABALHO E ETICA NAS: COMUNIDADES DE TRABALHO Autor: DAPHINIS FERREIRA SOUTO Iniciando-se por um panorama de alguns dos gran- des pensadores que se dedicaram ao assunto, o autor descreve sobre a responsabilidade do médi- co quando, em pleno exercício profissional, cuida da saúde das pessoas em seu trabalho visando ao bem comum. DIREITO DO TRABALHO - TEORIA E QUESTÕES PRÁTICAS - SÉRIE PROVAS E CONCURSOS Autor: ROGÉRIO RENZETTI Esta é uma obra didática de fácil compreensão, in- cisiva no auxílio da fixação dos conceitos mais im- portantes em matéria trabalhista, em que o autor descreve as alterações inseridas no ordenamento pela Lei nº 13.467/2017 e demais normas do direi- to do trabalho, aliando a teoria com a prática. Figura 2 - Capa da Obra Direito do Trabalho, Rogério Renzetti (2017). Figura 1 - As doenças dos Traba- lhadores. Bernardino Romanzzi- ni. (1700). Figura 3 - Capa Obra. Deonto- logia na medicina do trabalho e ética na comunidade de trabalho. Daphnis Ferreira Souto (2011). 14WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Tempos Modernos - O clássico de Charlie Chaplin mos- tra a rotina exaustiva e enlouquecedora de um operá- rio numa linha de montagem. Em uma cena célebre, o protagonista persegue uma mulher por achar que os botões de sua roupa são os parafusos que ele precisa apertar. Este foi uma crítica nos anos 1930 à organiza- ção do trabalho nas indústrias da época. Mas sua visão ácida sobre os efeitos da tecnologia sobre o indivíduo continua atual, afirma Limongi-França. “Hoje, as máqui- nas são usadas exaustivamente no trabalho”, explica. “Isso leva a uma obsessão coletiva pela tecnologia e até a lesões por esforço repetitivo pelo uso intenso do teclado e do mouse, por exemplo”, diz a professora da FEA-USP. Figura 4 - Filme Tempos Modernos. Charlie Chaplin (1936). 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que se construa uma análise sobre o exercício da medicina nas relações de trabalho se faz necessário estabelecer o mesmo nível de raciocínio e compreensão por todos os envolvidos de modo que princípios éticos e morais devem permanecer interligados pelo profissional ao elaborar um laudo pericial. O profissional da medicina tem como finalidade a promoção, preservação e recuperação da saúde e seu exercício é uma atividade eminentemente humanitária e de suma valoração social. Quanto aos operadores do direito, compete a análise e julgar ações referentes a acidente de trabalho com o fim de coibir a perpetuação de trabalho degradante ou que coloque em risco a qualidade de vida e saúde do trabalhador. Para tanto, é necessário que o profissional da medicina demonstre ao operador do direito se a atividade exercida pelo empregado tem algum vínculo/ nexo causal entre a enfermidade ou acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador. Em outras palavras, para que ocorra a responsabilização do empregador é necessário que esteja caracterizado pelo profissional da saúde o nexo causal entre a culpa ou dolo do empregador. Como exemplo, tem-se como culpa do empregador quando este não observar as normas legais, convencionais contratuais ou técnicas de segurança,higiene e a saúde do trabalhador. 15WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Neste sentido, a empresa tem a obrigação legal de cumprir e fazer cumprir por seus funcionários as normas de segurança do trabalho com a finalidade de se evitar acidentes ou doenças ocupacionais, prestando-lhes informações sobre os riscos das operações que serão desempenhadas e dos produtos que serão manipulados. Diante do exposto, a pretensão deste tópico foi apresentar os liames históricos da medicina do trabalho, assim como os princípios gerais da legislação trabalhista, no intuito de que o profissional médico, tenha o devido preparo para a realização de laudo médico pericial em conformidade com as determinações legais. 1616WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 17 1 - O CONTRATO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO ................................................................................ 18 2 - DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA ........................................................................................................................ 20 2.1. VÍNCULO CELETISTA, ESTATUÁRIO E MILITAR ............................................................................................ 25 2.2. CONCEITOS, DIFERENÇA ENTRE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE .................................................. 31 2.3. APOSENTADORIA ............................................................................................................................................ 32 2.4. INSPEÇÕES DO TRABALHO ............................................................................................................................ 36 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 39 O CONTRATO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO PROF.A MA. OLÍVIA ALAIDE DA SILVA LUZ CAPARROZ ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PERÍCIAS EM MEDICINA DO TRABALHO 17WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Este módulo tem como objeto de estudo o contrato de trabalho e os vínculos trabalhista, suas características e legislação aplicável, contrato de trabalho compreende um negócio jurídico em que a parte ativa é representada pelo prestador de serviços e passiva pelo tomador de serviço. 18WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - O CONTRATO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Quanto ao plano de validade, o contrato de trabalho deve ter os requisitos do artigo 104 do Código Civil, ou seja, as partes devem possuir capacidade para o exercício do que se destina cumprir, o objeto de trabalho deve ser lícito, possível e determinado ou determinável (BRASIL, 2002). Todavia, salienta-se que a formalidade não é um requisito primordial, a fim de se estabelecer um contrato de trabalho, mas o princípio da primazia da realidade, já estudado em tópico anterior, determinando que no direito do trabalho prevaleçam os acontecimentos fáticos provados nos autos, não obstante do eventual conteúdo de documento confeccionado durante a relação de emprego, como exemplo o cartão ponto, recibo de pagamento, etc. No tocante à capacidade, é preciso mencionar o inciso XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal de 1988, que proíbe a realização de “trabalho noturno, perigoso, ou insalubre para menores de 18 anos, e de qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz” (BRASIL, 1988). Neste diapasão, a capacidade das partes no contrato de trabalho, portanto, se limita a verificar a aptidão da parte para prestar o serviço, ou seja, de figurar no polo ativo da relação jurídica. Sobre o objeto do contrato, é fundamental diferenciar o trabalho proibido do ilícito. O trabalho proibido possui uma prestação de serviço considerada originalmente lícita, mas em relação a ele a lei opta por fazer determinadas ressalvas para proteger o próprio trabalhador ou o interesse público. Esses contratos são anuláveis e geram efeitos ex nunc. Como exemplo de trabalho proibido é o objeto do artigo 390 da CLT, que dispõe: “Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande emprego de força muscular superior a 20 quilos para trabalho continuo, ou 25 quilos para trabalho ocasional” (BRASIL, 1947). No que concerne ao trabalho ilícito, por seu turno, tem como objeto uma prestação de serviço considerada um ilícito, um tipo penal, de modo que não está apto a produzir efeito algum. O contrato de trabalho será considerado nulo e gera efeitos ex nunc. Um exemplo de trabalho ilícito é aquele que aborda a OJ nº 199 da SDI-I do TST que determina que “é nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico”. 19WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA De direito privado Informal Bilateral ou sinalagmático Personalíssimo ou intuitu personae Comutativo Consensual De trato sucessivo (débito permanente) Oneroso De atividade Há presença de autonomia da vontade, ou seja, as partes são livres para estipular cláusulas desde que não proibidas em lei. Esta característica consiste na possibilidade de o contrato de trabalho poder ser celebrado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito. Os direitos e obrigações gerados pelo contrato de trabalho são recíprocos e antagônicos para o empregado e para empregador. Ex: O pagamento do salário é um direito do empregado e dever do empregador; o uso do equipamento de proteção individual (EPI) é uma obrigação do empregado e correspondo ao dever do empregador de fiscalizar. Esta característica corresponde à figura do empregado, pois em relação a ele o contrato de trabalho é considerado infungível, isto é, o empregado não pode transferir a outrem a tarefa de prestar o serviço a que se obrigou. A uma equivalência entre o serviço prestado e o valor pago por ele. O contrato de trabalho deriva do livre consentimento das partes. Os direitos e as obrigações se renovam a cada período, ou seja, o contrato se protrai no tempo, não se exaurindo em uma única prestação. O salário é o requisito essencial do contrato de trabalho. O empregado deve ser pago pelos serviços prestados. O contrato de trabalho não é um contrato de resultado, mas sim um contrato que tem como objetivo a própria prestação de um serviço. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO Tabela 1 - características do contrato de trabalho. Fonte: o autor (2018). Face exposto, o contrato de trabalho individual é um negócio jurídico que pode ser tácito ou expresso, verbal ou escrito, por meio do qual uma pessoa física assume a obrigação de prestar serviços a outrem, com pessoalidade, não eventualidade, com onerosidade e subordinação – RELAÇÃO DE EMPREGO. Existem outras possibilidades de contrato de trabalho previstas na lei que não é a regra, como, por exemplo, o contrato de trabalho por tempo determinado previsto no artigo 443, §1º da CLT. 20WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 2 - DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA No Brasil, compete ao Ministério do Trabalho normatizar e aplicar a legislação de segurança, higiene e medicina do trabalho, incluindo a fiscalização. São muitas as ferramentas a serem aplicadas pelo operador do direito e do profissional da perícia, tais como leis, decretos, instruções normativas, normas regulamentadoras, resoluções, resoluções do CFM, etc. (CFM, 2018). Todavia, no contexto das normastrabalhistas, há de se destacar as normas de Segurança e Saúde no Trabalho - SST, cujo objetivo é atenuar os principais agravos relacionados ao trabalho. As normas de Segurança e Saúde no Trabalho que já haviam sido objeto de previsões constitucionais e legais anteriores, tendo sido regulamentado da década de 1970 com o advento da Lei nº 6.570/74 que Alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e abriu o caminho para a publicação das Normas Regulamentadoras – NR, normas essas que disciplinam o tema da SST amplamente. Tais normas atendem de maneira satisfatória a matéria da SST no âmbito das relações de trabalho regidas pela CLT (BRASIL, 1974). Tabela 2 - CLT Segurança e Medicina do Trabalho na CLT. Fonte: o autor (2018). SEÇÃO I SEÇÃO II SEÇÃO III SEÇÃO IV SEÇÃO V SEÇÃO VI SEÇÃO VII SEÇÃO VIII SEÇÃO IX SEÇÃO X SEÇÃO XI SEÇÃO XII SEÇÃO XIII SEÇÃO XIV SEÇÃO XV SEÇÃO XVI Disposições Gerais Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas Empresas Do Equipamento de Proteção Individual Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho Das Edificações Da Iluminação Do Conforto Térmico Das Instalações Elétricas Da movimentação, Armazenagem e Manuseios de Materiais Das Máquinas e Equipamentos Das Caldeiras, Fornos e Recipientes Sob Pressão Das Atividades Insalubres ou Perigosas Da Prevenção da Fadiga Das Outras Medidas Especiais de Proteção Das Penalidades Segurança e Medicina do Trabalho na CLT (CAPÍTULO V do Decreto Lei 5.452/43 – art. 154 a 201 ) 21WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA NR- 1 NR- 2 NR- 3 NR- 4 NR- 5 NR- 6 NR- 7 NR- 8 NR- 9 NR- 10 NR- 11 NR- 12 NR- 13 NR- 14 NR- 15 NR- 16 NR- 17 NR- 18 NR- 19 NR- 20 NR- 21 NR- 22 NR- 23 NR- 24 NR- 25 NR- 26 NR- 27 NR- 28 NR- 29 NR- 30 NR- 31 NR- 32 NR- 33 NR- 34 NR- 35 NR- 36 Disposições Gerais Da Inspeção Prévia Embargo ou Interdição Serviços Especialidades em Engenharia de Segurança em Medicina do Trabalho Comissão Interna de Prevenção de Acidentes Equipamento de Proteção Individual (EPI) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, Despacho SSST (Nota Técnica) Comissão Interna de Prevenção de Acidentes Programa de Prevenção de Riscos Ambientais Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos Caldeiras e Vasos de Pressão Fornos Atividades e Operações Insalubres Atividades e Operações Perigosas Ergonomia Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Explosivos Segurança e Saúde no Trabalho com inflamáveis e combustíveis Trabalho a Céu Aberto Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração Proteção contra incêndios Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho Resíduos Industriais Sinalização de Segurança Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho (Revogada pela Portaria nº 262, de 29 de maio de 2008 Fiscalização e Penalidades Segurança e Saúde no Trabalho Portuário Segurança e Saúde no Trabalho Portuário Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura Norma Regulamentadora Nº 32 – Seus Itens e Grau de Multas – 12 de maio de 2006 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados Condições E meio ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil e Reparação Naval Trabalho em Altura Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados NRS Tabela 3 - Normas Regulamentadoras - NRS. Fonte: o autor (2018). 22WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Deve, ainda, ser considerado pelo médico perito as diretrizes normativas do Código de Ética Médica, na qual consta o capítulo XI disposições específicas a “Auditoria e Perícia Médica”, que determina que: É vedado ao médico: Art. 92. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médicolegal, quando não tenha realizado pessoalmente o exame. Art. 93. Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório. Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios. Art. 96. Receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa, quando na função de perito ou de auditor. Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente. Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua competência. Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização do exame pericial (CFM, 2018). De igual modo, é de suma importância as disposições constantes no Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015, tendo em vista que o Código de Processo Civil no seu artigo 15 dispõe que serão aplicadas as normas do novo código, de forma supletiva e subsidiária na hipótese de inexistir norma que regule o processo trabalhista. Seguindo essa disposição, as diretrizes da prova pericial encontram-se disciplinadas e inseridas na “Seção X - Da Prova Pericial” a partir do artigo 464, in verbis: Seção X - Da Prova Pericial Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1o O juiz indeferirá a perícia quando: I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III - a verificação for impraticável. § 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade. § 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico. § 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa. Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; II - indicar assistente técnico; III - apresentar quesitos. 23WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias: I - proposta de honorários; II - currículo, com comprovação de especialização; III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais. § 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art. 95. § 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por cento dos honorários arbitradosa favor do perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários. § 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. § 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia. Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. § 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição. § 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias. Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedimento ou suspeição. Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar procedente a impugnação, nomeará novo perito. Art. 468. O perito pode ser substituído quando: I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. § 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. § 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2o, a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na decisão que determinar a devolução do numerário. Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento. Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos. Art. 470. Incumbe ao juiz: I - indeferir quesitos impertinentes; II - formular os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa. Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: I - sejam plenamente capazes; II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. § 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados. § 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. 24WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz. Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. Art. 473. O laudo pericial deverá conter: I - a exposição do objeto da perícia; II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito; III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. § 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. § 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. § 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico. Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado. Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. § 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer. § 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto: I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público; II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte. § 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos. § 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência. Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame. § 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir a determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido. § 2o A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser requerida motivadamente. 25WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação. Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito. Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida. § 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira. § 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o valor de uma e de outra (BRASIL, 2016). Por fim, insta mencionar que a Perícia Judicial é obrigatória no Processo do Trabalho por força do artigo 195da CLT quando se trata de pedido de Adicional de Insalubridade e Periculosidade. 2.1. Vínculo Celetista, Estatuário e Militar Dentro do ordenamento jurídico trabalhista existem cinco elementos fático-jurídicos que são necessários à caracterização do vínculo empregatício, quais sejam: onerosidade (pagamento de salário), habitualidade (ser prestado com certa frequência), pessoalidade (o trabalhador não pode ser substituído) subordinação (devendo se reportar a superior), e ser prestado por pessoa física à pessoa jurídica (prestado de indivíduo para empresa). Estes elementos estão dentro do mundo dos fatos, não sendo exigida vinculação a contratos formais, devido ao princípio da realidade dos fatos, desta forma, sempre que existir discrepância entre a forma e a real prestação, prevalecerá, nos termos descritos anteriormente (DELGADO, 2014, p. 299). A Justiça do Trabalho processa as ações trabalhistas através do processo ele- trônico pelo qual todos os atos são praticados pelas partes, pelo juiz e pelos ser- ventuários da justiça no sítio eletrônico do PJe. O PJe da 9ª Região é homologado para ser usado somente com o navegador Mozilla Firefox. A Central de Serviços de TI do TRTPR atende das 08h às 18h, em dias úteis (41) 3310-7120 - https:// www.trt9.jus.br/portal/pagina.xhtml?secao=39&pagina=Pje. Para assinar os documentos anexados aos autos, o usuário necessitará de uma assinatura digital. Esta, por sua vez, deve ser adquirida junto a uma entidade auto- rizada pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (TI) chamadas de Au- toridades Certificadoras (AC) onde é possivel requisitar uma chave privada. INTI – http://www.iti.gov.br/. 26WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Todo contrato de trabalho deve ser regido por um regime jurídico, ou seja, deve estar vinculado a um conjunto normas de direitos, deveres, garantias, vantagens, proibições e penalidades aplicáveis as relações de trabalho reconhecidas pelo direito, assim como ter objeto lícito. Neste sentido, os trabalhadores são vinculados às normas da CLT, também chamados de celetistas, os vinculados aos regimes estatutários que são os servidores públicos e aqueles que transitam entre os celetistas e os estatutários que são os empregados públicos. Os empregados celetistas são aqueles contratados com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O celetista, ao ser contratado, assina um contrato de trabalho que pode ser interrompido a qualquer momento por qualquer uma das partes, isto é, a empresa pode demitir o funcionário com ou sem justa causa. O celetista tem direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), aviso prévio, multas rescisórias, férias, décimo terceiro, vale-transporte e aposentadoria pelo INSS. Há empresas, como o Banco do Brasil, que oferecem fundos de previdência complementar que superam o teto do INSS. Os servidores estatutários são funcionários diretos do governo. Seus direitos e deveres estão previstos em lei municipal, estadual ou federal. Têm estabilidade no emprego, contam com aposentadoria com valor integral do salário, férias, gratificações, licenças e adicionais variáveis de acordo com a legislação específica. Estes servidores não estão imunes de serem demitidos, mas contam com maior estabilidade que os celetistas. Para se tornar um servidor estatutário o trabalhador deve obrigatoriamente ingressar no cargo via concurso público, e quando empossado passa pelo estágio probatório, que compreende um período de três anos em que o servidor será avaliado podendo ou não ser exonerado. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam- se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; 27WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 28WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal. § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. 29WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (BRASIL, 1988). Os militares são trabalhadores cujas normas diretoras transitam entre normas próprias da classe e normas direcionadas aos demais servidores públicos. São, portanto, exemplo de servidores públicos, que possuem, em suas atividades, particularidades que os tornam únicos. Assim como os demais servidores públicos estatutários, os militares também ingressam na função via concurso público de igual modo e passam pelo estágio probatório, todavia, a Constituição Federal de 1988 diferencia os servidores civis dos militares diferenciando as regras intrínsecas para cada um. Com isso, existem direitos estabelecidos aos servidores (civis) que não são aplicados aos militares, a exemplo tem-se o disposto no artigo 142, IV da Constituição Federal no qual consta expressamente que “ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”. Os membros das Forças Armadas formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. Estas categorias de profissionais têm regulamentação própria inseridas na Lei nº 6.880/1980 que dispõe sobre o Estatuto dos Militares, cujo objetivo é “regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas”. A Administração Pública possui espécies distintas de serviços, cujas categorias estão devidamente determinadas, são elas: servidores públicos e empregados públicos. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a primeira espécie é denominada “servidores públicos titulares de cargos públicos” por se tratar daqueles que possuem um vínculo funcional com a Administração Direta, autárquica e fundacional por meio de estatuto. Quanto a segunda, os “empregados ocupantes de empregos públicos” são aqueles que têm uma relação empregatícia também com a Administração Direta, autárquica e fundacional, ou, ainda, com as instituições do governo que detêm natureza jurídica de direito privado, e, nesse caso, diferente do primeiro, estão sob regime celetista. Todavia, muito embora estejam sob a égide do regime celetista, estão submetidos ao disposto no artigo 37 da Constituição Federal, em especial a obediência aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A Lei nº 8.270/91, em seu artigo 12, trouxe a regulamentação de adicionais ocupacionais do regime celetista aos servidorespúblicos, todavia, mesmo diante dessa autorização expressa, a lei estabeleceu uma diferença a ser aplicada entre os adicionais concedidos em cada um dos regimes, conforme se depreende da análise do texto legislativo aplicável ao serviço público e ao regime celetista respectivamente. Art. 12. Os servidores civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais perceberão adicionais de insalubridade e de periculosidade, nos termos das normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral e calculados com base nos seguintes percentuais: I - cinco, dez e vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimo, médio e máximo, respectivamente; II - dez por cento, no de periculosidade. § 1° O adicional de irradiação ionizante será concedido nos percentuais de cinco, dez e vinte por cento, conforme se dispuser em regulamento. § 2° A gratificação por trabalhos com Raios X ou substâncias radioativas será calculada com base no percentual de dez por cento. § 3° Os percentuais fixados neste artigo incidem sobre o vencimento do cargo efetivo. 30WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 4° O adicional de periculosidade percebido pelo exercício de atividades nucleares é mantido a título de vantagem pessoal, nominalmente identificada, e sujeita aos mesmos percentuais de revisão ou antecipação dos vencimentos. § 5° Os valores referentes a adicionais ou gratificações percebidas sob os mesmos fundamentos deste artigo, superiores aos aqui estabelecidos, serão mantidos a título de vantagem pessoal, nominalmente identificada, para os servidores que permaneçam expostos à situação de trabalho que tenha dado origem à referida vantagem, aplicando-se a esses valores os mesmos percentuais de revisão ou antecipação de vencimentos. Grifo nosso (BRASIL, 1991). As disposições sobre os adicionais ocupacionais aplicáveis aos trabalhadores em geral estão previstas no artigo 191 e seguintes da CLT, in verbis: Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. § 4º São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. Art.194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. 31WWW.UNINGA.BR PE RÍ CI AS E M M ED IC IN A DO T RA BA LH O | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. § 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia (BRASIL, 1947). Diante da análise das disposições legais de ambos os regimes é possível fazer algumas observações: A primeira delas refere-se à diferença quanto aos percentuais dos adicionais que devem ser aplicados em cada um dos regimes, já que o legislador reservou aos servidores públicos estatutários adicionais ocupacionais com valores de percentuais diferentes daqueles aplicáveis aos trabalhadores celetistas. Outra diferença importante refere-se à base de cálculo desses adicionais, enquanto que no regime celetista, os adicionais de insalubridade são calculados sobre o salário mínimo da região, e o adicional de periculosidade incide sobre o salário do empregado. No serviço público, todos os adicionais serão calculados sobre o salário do servidor, e não sobre o salário mínimo regional. Assim, tratando-se do adicional de insalubridade, a lei aplicável ao servidor público estatutário é mais vantajosa, pois embora os percentuais sejam menores (5%, 10% e 20%). Estes percentuais incidem sobre o salário nominal do servidor, enquanto que no regime celetista, apesar de os percentuais serem mais elevados (10%, 20%, e 40%), estes são calculados sobre o salário mínimo da região, o que acarreta, na prática em um valor pecuniário menor a ser pagos aos trabalhadores celetistas em comparação com servidores públicos. Essa lógica se inverte, porém, no que diz respeito adicional de periculosidade, diante do qual a lei atribui vantagem maior para os trabalhadores celetista que fazem jus ao valor de 30% incidente sobre o salário do empregado a título de periculosidade, enquanto que para os servidores públicos estatutários expostos a agentes perigosos, têm direito a um adicional de apenas 10%. É importante notar que os adicionais ocupacionais possuem caráter transitório e devem ser mantidos apenas enquanto durar a exposição. A neutralização ou eliminação do risco existente implica na elaboração de novo laudo de adicional ocupacional no qual a nova situação quanto ao risco é registrada implicando na supressão do adicional que anteriormente se concedia. Dentre as trinta e cinco Normas Regulamentadoras – NRS – atualmente em vigor, a administração pública está expressamente autorizada por lei a utilizar apenas duas: a NR 15 (que trata das atividades e operações insalubres) e a NR 16 (atividades e operações perigosas). 2.2. Conceitos, Diferença entre Insalubridade e Periculosi- dade Insalubridade significa particularidade ou estado de insalubre. Por sua vez, insalubre é aquilo que pode causar danos à saúde do trabalhador; diz-se das circunstâncias de trabalho. Sob o ponto de vista legal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 189, expõe: “Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham
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