Buscar

APOSTILA - COMO-SURGIU-A-TERAPIA-COGNITIVO-COMPORTAMENTAL-DIAGRAMADA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Como Surgiu a Terapia 
Cognitivo Comporta-
mental 
 
 02 
 
 
 
1. Introdução 4 
 
2. Histórico 9 
 
3. Objetivos 13 
Conceitos 14 
 
4. Fundamentos: 18 
 
5. Em que se Baseia a Terapia Cognitivo Comportamental:
 24 
 
6. Terapia Cognitivo 29 
Princípios Básicos da TCC 30 
 
7. Fundamentos da Terapia Cognitiva 34 
 
8. Modelo Cognitivo: 44 
Acontecimentos > Processamento > Afetos e Ambientais 
Cognitivo Comportamentos 44 
 
9. Referências Bibliográficas 48 
 
 
 03 
 
 
 
 
 
 4 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
1. Introdução 
 
 
Fonte: super.abril.com.br1 
 
 clínica atualmente tem de-
monstrado necessidade de pes-
quisas e desenvolvimento de técni-
cas de intervenção eficazes para 
aqueles que procuram atendimento 
psicológico (Paulo, 2006). Em razão 
disso, com as contribuições advin-
das de diversos estudos na área nas 
últimas décadas, é possível notar 
uma evolução no processo psicodi-
agnóstico. Desde que foi introduzido 
na prática psicológica, há aproxima-
damente 40 anos, o campo da tera-
pia cognitivo-comportamental tem 
se desenvolvido: Hoje existem diver-
sos modelos de terapia cognitiva 
comprovadamente eficazes (Knapp, 
2004). É notável que este modelo te-
rapêutico está crescendo, com as re-
centes tendências em favor de tera-
pias empiricamente comprovadas. 
 
1 Retirado em super.abril.com.br 
Muitos sistemas de saúde no 
mundo se esforçam para conter cus-
tos e melhorar a relação custo-bene-
fício dos tratamentos de saúde men-
tal. Dessa forma, na última década, 
a terapia cognitiva teve um enorme 
impacto sobre o campo da saúde 
mental, como resultado de sua eficá-
cia evidenciada na compreensão e 
no tratamento de uma ampla gama 
de distúrbios emocionais e compor-
tamentais (Dattílio & Freeman, 
1998b). A quantidade crescente de 
trabalhos que mostram sua eficiên-
cia constitui uma explicação para o 
fato de que esta abordagem ser con-
siderada a que mais obteve popula-
ridade nas últimas décadas (Rangé, 
2001). Por apresentar interfaces en-
tre a psiquiatria e abordagens da psi-
cologia, além de ser voltada para a 
A 
 
 
5 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
resolução de problemas com objeti-
vidade e eficiência, de forma estru-
turada, validando cientificamente 
suas ferramentas e resultados psico-
terápicos, num curto espaço de 
tempo e com baixo índice de recaí-
das, a terapia cognitivo-comporta-
mental tem apresentado franca de-
manda por sua utilização e ensino. 
A terapia cognitiva de Beck é 
considerada por muitos a principal 
abordagem cognitiva de hoje. 
Em seus trabalhos iniciais so-
bre a depressão, ele constatou que as 
avaliações e os pensamentos negati-
vos, comumente encontrados em 
pacientes com depressão, não cons-
tituem um sintoma somente, mas 
são fatores que estão na manutenção 
deste transtorno (Beck, Rush, Shaw 
& Emery, 1997). Na atualidade, dis-
põe de uma ampla gama de trata-
mentos para os diversos transtornos 
psiquiátricos. As terapias cognitivo-
comportamentais denominam-se 
assim por constituírem uma integra-
ção de conceitos e técnicas cogniti-
vas e comportamentais, e se diferen-
ciam umas das outras de acordo com 
o enfoque predominante, cognitivo 
ou comportamental. Pesquisas na 
área e a prática da TCC vêm mos-
trando que, apesar das diferenças 
entre as abordagens, sua integração 
vem apresentando resultados satis-
fatórios e demonstrando sua viabili- 
dade. O crescimento das terapias 
cognitivas vem trazendo consigo 
evoluções no sentido de manter re-
novada a teoria cognitiva da prática 
clínica, tanto em termos da teoria e 
da técnica, quanto em termos das 
concepções filosóficas, epistemoló-
gicas e científicas. Entre as evolu-
ções, a aproximação com as neuroci-
ências e com os fundamentos da psi-
cologia cognitiva experimental, traz 
como consequência positiva explica-
ções etiológicas mais integrativas 
dos transtornos psicológicos e uma 
prática muito mais objetiva e agre-
gada à farmacoterapia, no intento de 
aumentar a qualidade de vida dos 
pacientes. Com uma mudança da lei 
brasileira permitiu ao psicólogo, en-
quanto profissional da saúde, emitir 
atestados psicológicos para efeito de 
licença-saúde (Manual do Conselho 
Regional de Psicologia, 1997, Reso-
lução CFP n.° 007/94 de 28/10/94 e 
Resolução CRP-06 n.° 008/94 de 
08/08/94, pp. 86 e 99). 
Tal exigência traz à discussão a 
questão fundamental do referencial 
teórico a ser utilizado. Com efeito, o 
texto da lei indica a Classificação de 
Transtornos Mentais e de Compor-
tamento da CID (Classificação Esta-
tística Internacional de Doenças e 
Problemas Relacionados à Saúde, 
Décima revisão, 1993) como fonte de 
enquadramento de diagnósticos. 
 
 
6 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
Cabe perguntar sobre as possibilida-
des de coincidência entre tal classifi-
cação e as concepções de doença 
mental em uso pelos profissionais de 
psicologia. Em algumas abordagens, 
os psicólogos têm seguido as classi-
ficações psiquiátricas. Todavia, o 
critério classificatório é tomado, 
muitas vezes, como um guia com-
preensivo de um quadro psicopato-
lógico, com a finalidade de se man-
ter uma comunicação entre profissi-
onais, sobretudo entre psicólogos e 
médicos psiquiatras. A prática do 
psicodiagnóstico nosológico possibi-
lita um espaço de diálogo entre pro-
fissionais, um código que permite 
que diferentes profissionais, inde-
pendentemente da abordagem, se 
comuniquem sem que os vários ter-
mos referentes ao diagnóstico (cada 
abordagem teórica apresenta seus 
próprios termos) interfiram negati-
vamente na compreensão entre eles. 
O surgimento e crescimento 
das Terapias Cognitivas (TC) resul-
taram da evolução de um conjunto 
de influências de naturezas diversas. 
As terapias cognitivas surgem em 
meados da década de 1950, como re-
sultado de uma multiplicidade de fa-
tores históricos e contextuais: um 
movimento de insatisfação com os 
modelos estritamente comporta-
mentais, que não reconheciam a im-
portância dos processos cognitivos 
mediando o comportamento; a rejei-
ção aos modelos psicodinâmicos e o 
questionamento quanto à sua eficá-
cia; a crescente atenção dada aos as-
pectos cognitivos do funcionamento 
humano na psicologia geral, sendo 
os modelos de processamento de in-
formação cada vez mais aplicados 
em construtos clínicos; e a crescente 
adesão explícita de diversos tera-
peutas e teóricos a abordagem. As-
sumiram-se como terapeutas cogni-
tivo-comportamentais, - alguns dos 
proponentes iniciais mais importan-
tes como, por exemplo, Beck, Ellis, 
Cautela, Meichenbaum e Mahoney, 
contribuindo para o crescimento do 
campo da terapia cognitiva (Beck, 
1997; Knapp & Beck, 2008; Falcone, 
17 2007; Rangé, Falcone e Sardinha, 
2007; Rondina, 2006; Dobson 
&Scherrer, 2004; Spinillo&Roazzi, 
1989; Kerbauy, 1983; Padesky, 
2010). Na década de 1960, surge os 
primeiros textos acerca do tema, 
embora os textos centrais sobre mo-
dificação cognitiva tenham apare-
cido somente na década de 1970 
(Knapp & Beck, 2008, Dobson & Do-
zois, 2006, Beck, 1970). 
Diferentes teóricos e profissio-
nais introduziram seus próprios in-
teresses e perspectivas sobre os pro-
blemas, propondo, consequente-
mente, um grande número de mode-
los de mudança cognitiva e compor-
 
 
7 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
tamental, juntamente com a amplia-
ção da quantidade de técnicas clíni-
cas, foi acrescentado ao repertório 
clínico. A literatura sugere que o que 
hoje se compreende por “terapias 
em abordagem cognitivo-comporta-
mental” (TCC) representa um amplo 
espectro, composto por dezenas de 
tipos de terapias diferentes (Dobson 
& Dozois, 2006; Dobson & Scherrer, 
2004; Borba, 2005, Kerbauy, 1983; 
Knapp & Beck, 2008). As duas mo-
dalidadesmais influentes nas últi-
mas décadas foram a Terapia Cogni-
tiva (TC), formulada por Aaron Beck 
e a Terapia Racional – Emotivo - 
Comportamental (TREC), formu-
lada por Albert Ellis (Dobson & 
Scherrer, 2004; Dobson, Beck & 
Beck, 2005). A terapia cognitiva teve 
como precursora a terapia de Ellis, 
porém Beck foi o primeiro a utilizar 
o termo “cognitiva” para designar 
um tipo de psicoterapia, além de di-
fundir a manualização do trata-
mento psicoterapêutico (Dobson & 
Dozois, 2006; Dobson & Scherrer, 
2004; Dobson, Beck& Beck, 2005; 
Borba, 2005, Kerbauy, 1983; Knapp 
& Beck, 2008, Beck, 1970). 
Os termos Terapia Cognitiva 
(TC) e o termo genérico Terapia 
Cognitivo Comportamental (TCC) 
frequentemente são utilizados como 
sinônimos para descrever psicotera-
pias baseadas no modelo cognitivo. 
O termo TCC também se refere a um 
grupo de técnicas que integram 
tanto a abordagem cognitiva quanto 
procedimentos comportamentais. 
Embora seja possível ainda encon-
trar alguns puristas que 18 argu-
mentem sobre a importância da uti-
lização de uma abordagem cognitiva 
ou comportamental isolada, tera-
peutas mais pragmáticos conside-
ram que a junção ou integração, 
tanto teórica quanto técnica de mé-
todos cognitivos e comportamen-
tais, seja mais eficaz para o trata-
mento dos transtornos psicológicos 
(Beck, 2000; Dobson, Beck & Beck, 
2005; Knapp & Beck, 2008; Wright, 
Basco & Thase, 2008; Baptista, 
1988). No Brasil, mais especifica-
mente nos estados de São Paulo e 
Rio de Janeiro, o movimento cogni-
tivo-comportamental começa a ga-
nhar espaço somente na década de 
1980, a partir do interesse de estu-
dar o modelo cognitivo do trans-
torno de ansiedade. As vertentes 
construtivista e cognitivo-compor-
tamental parecem ter sido mais pre-
dominantes em São Paulo, enquanto 
no Rio de Janeiro os modelos de es-
colha foram os de reestruturação 
cognitiva e cognitivo-comportamen-
tal (Neufeld, Xavier & Stockmann; 
Rangé, Falcone & Sardinha, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 9 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
2. Histórico 
 
 
Fonte: www.psicologo.com.br2 
 
 Terapia Cognitiva surgiu na 
década de 1950, a partir de 
uma pesquisa realizada pelo psiqui-
atra e psicanalista Aaron Beck, que 
realizou um estudo onde buscava ex-
plicar os processos psicológicos na 
depressão, em uma tentativa de pro-
var a teoria freudiana de depressão 
como hostilidade retrofletida repri-
mida. Após análises em pacientes 
deprimidos, Beck propôs em seus 
estudos que os sintomas observados 
poderiam ser explicados em termos 
 
2 Retirado em www.psicologo.com.br 
cognitivos, considerando que as in-
terpretações das situações vivencia-
das poderiam ser tendenciosas, de-
vido estarem sendo atribuídas à ati-
vação de representações negativas 
que possuíam de si mesmo, do seu 
mundo e da sua imagem do futuro 
(KNAPP & BECK, 2008). 
A Terapia cognitiva Compor-
tamental está fundamentada nos 
princípios filosóficos do raciona-
lismo de Karl Popper e no construti-
vismo. 
A 
 
 10 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
Estas teorias defendem a ideia 
que o sujeito tem uma participação 
ativa no processo de interação e co-
nhecimento do mundo, e a partir daí 
constrói hipóteses e teorias do 
mundo, das situações e das coisas. 
Com isso, a proposta positivista do 
construtivismo indica que a reali-
dade que o homem tem do mundo 
provém dos erros, das hipóteses. As-
sim, as representações formuladas 
pelo homem não seriam determina-
das pelo objetivo, mas seriam cons-
truídas por ele mesmo a partir das 
hipóteses (BAHLS, 2003). 
Outra premissa apresentada 
pela proposta cognitivista é como a 
relevância das crenças e do pensa-
mento podem determinar a emoção 
e bem estar. Nessa perspectiva, os 
pensamentos têm a capacidade de 
influenciar as emoções e, de modo 
contínuo, as emoções influenciam os 
pensamentos. Baseados nessa tese 
ratifica-se que as emoções e compor-
tamentos são influenciados pela 
forma de processamento. A partir do 
processamento, o significado que se 
atribui à situação ou objeto seria 
fruto da percepção particular, indi-
vidual da pessoa. Assim, a interven-
ção do cognitivismo seria para tra-
balhar com as emoções e comporta-
mentos (HAWTON et al., 1997). 
Na prática clínica não há fron-
teira entre terapia e psicodiagnós-
tico. As entrevistas diagnósticas se 
assemelham às sessões de terapia, 
não somente pela interpretação que 
se faz, mas também pelas interven-
ções inerentes a essas situações. O 
psicodiagnóstico ocupa um lugar de 
destaque entre as opções nos servi-
ços de psicologia, independente do 
motivo que leva o paciente a procu-
rar a instituição. Ele deve ser utili-
zado como dispositivo para planejar, 
guiar e avaliar a escolha e indicação 
terapêutica fundamentada (Noro-
nha e cols., 2003). 
A terapia cognitiva surgiu há 
poucas décadas, e nesse curto tempo 
tornou-se o mais validado e mais re-
conhecido sistema de psicoterapia, e 
a abordagem de escolha ao redor do 
mundo para uma ampla gama de 
transtornos psicológicos, visto que 
se mostra eficaz para diferentes po-
pulações, independentemente de 
cultura e níveis socioeconômico e 
educacional. O foco no problema re-
flete o desejo constante por parte 
dos profissionais de documentar os 
efeitos terapêuticos, e pode possibi-
litar a seleção da terapia mais eficaz 
para determinado problema (Cami-
nha e cols, 2007). 
A originalidade e o valor das 
idéias iniciais de Beck foram refor-
çados e expandidos através de um 
volume respeitável de estudos e pu-
blicações, refletindo hoje o que há de 
melhor no estágio atual do pensa-
mento e da prática psicoterápica. A 
 
 11 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
efetividade desta psicoterapia tem 
sido objeto de inúmeros estudos ci-
entíficos e os resultados mais atuali-
zados apontam para sua indiscutível 
eficácia (Rangé, 1998). 
O modelo de terapia cognitiva 
proposta por Aaron Beck (Beck, 
1997) encontra-se em constante evo-
lução e aperfeiçoamento, tanto com 
contribuições do próprio Beck como 
de seus colaboradores e, recente-
mente, dos novos terapeutas que se-
guem o mesmo modelo. Cabe aos 
profissionais continuar buscando 
aprimorar o conhecimento, mesmo 
porque, o humano está em constante 
construção, com suas possibilida-
des, suas potencialidades e sensibili-
dades, o que é o grande motivador 
na continuidade da busca por atuali-
zação e aprimoramento profissional. 
Recentemente, parece existir 
uma tendência à integração de di-
versos pontos de vista em atendi-
mentos psicológicos que visam au-
mentar a consistência e abrangência 
dos tratamentos. Assim, no que se 
refere à conceituação cognitiva, so-
mente através do desenvolvimento 
de uma boa formulação da situação 
ou problemas trazidos para terapia, 
é que se pode planejar procedimen-
tos efetivos para alcançar as mudan-
ças desejadas e, consequentemente, 
ficará mais fácil avaliar se um deter-
minado tipo de intervenção psicoló-
gica é uma terapêutica realmente 
eficaz ou não (Knapp, 2004). 
Uma boa compreensão dos fa-
tores que causam e/ou mantém dis-
túrbios psicológicos, permite o pla-
nejamento de intervenções clínicas 
efetivas e individualizadas para cada 
sujeito, uma vez que cada um possui 
uma história de experiências e 
aprendizagens única. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
3. Objetivos 
 
 
Fonte: fabianamedeirospsicologa.com.br3 
 
ANGÉ, 2001) O objetivo da Te-
rapia Cognitiva Comporta-
mental é promover avaliações realis-
tas e adaptativas dos fatos da vida 
em lugar de distorções cognitivas. 
Para tal, é utilizada uma abordagem 
colaborativa psico educacional de 
tratamento, na qual experiências de 
aprendizagens específicas buscam 
ensinaros indivíduos a monitorar 
seus pensamentos automáticos; re-
conhecer as relações entre cognição, 
afeto e comportamento; testar a va-
lidade dos pensamentos automáti-
cos, substituir os pensamentos dis-
 
3 Retirado em fabianamedeirospsicologa.com.br 
torcidos por cognições mais realis-
tas; identificar e alterar as crenças, 
pressupostos ou esquemas subja-
centes aos padrões errôneos de pen-
samentos (KNAPP & COLS, 2004). 
A avaliação tem como objetivo 
discutir com o paciente uma formu-
lação dos problemas a serem trata-
dos e obter informações suficiente-
mente detalhadas a respeito dos fa-
tores que mantêm o problema, para 
que se possa elaborar um plano de 
tratamento eficiente (Caminha e 
cols., 2007). Formular um caso é 
elaborar um modelo, uma represen-
R 
 
 14 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
tação demonstrativa de como o paci-
ente está funcionando, e norteia a 
atuação terapêutica (Rangé, 1998). 
O objetivo da Teoria Cognitiva 
é descrever a natureza de conceitos 
(resultados de processos cognitivos) 
envolvidos em determinada psico-
patologia de maneira que quando 
ativados dentro de contextos especí-
ficos podem caracterizar-se como 
mal adaptativos ou disfuncionais. O 
objetivo da terapia cognitiva seria, 
ainda, o de fornecer estratégias ca-
pazes de corrigir estes conceitos idi-
ossincrásicos (Bahls, 1999; Biggs & 
Rush, 1999; Beck & Alford,2000) 
Um dos objetivos da TCC é 
corrigir as distorções cognitivas que 
estão gerando problemas ao indiví-
duo e fazer com que este desenvolva 
meios eficazes para enfrentá-los. 
Para tanto são utilizadas técnicas 
cognitivas que buscam identificar os 
pensamentos automáticos, testar es-
tes pensamentos e substituir as dis-
torções cognitivas. 
 
Conceitos 
 
A Terapia Cognitiva apresenta 
seus principais conceitos, propostos 
por Beck, como: esquema, crença 
central, crença intermediária, pen-
samento automático e distorções 
cognitivas (BECK et al. 1979). 
Os esquemas são estruturas 
cognitivas que formam significado, a 
partir da experiência que nos aju-
dam a interpretar o mundo. A partir 
dos esquemas nossas experiências 
são filtradas, avaliadas, codificadas, 
categorizadas e interpretadas. Eles 
se formam a partir das primeiras re-
lações do indivíduo com o meio, com 
isto, valoriza-se a fase da infância, 
pois o mundo externo é apresentado 
logo após o nascimento (BECK & 
ALFORD, 2000). 
O conceito de “Crença Cen-
tral”, também conhecido como 
crença nuclear, defende que este 
tipo crença constitui o nível mais 
profundo da estrutura cognitiva e 
são compostas por ideias rígidas, ab-
solutistas e globais que o indivíduo 
tem sobre si mesmo. Estas crenças 
são formadas por ideias e 18 concei-
tos a respeito de nós mesmos, das 
pessoas e do mundo. Elas são aceitas 
sem grandes questionamentos, são 
mantidas).As crenças centrais são 
ideias e conceitos mais enraizados e 
cristalizados acerca de nós mesmos, 
dos outros e do mundo. São consti-
tuídas desde as nossas primeiras ex-
periências na infância e se solidifi-
cam ao longo da vida, moldando as-
sim nosso jeito de ser e agir no 
mundo. Tratando-se de crenças dis-
funcionais, aquilo que não é modifi-
cado ou corrigido em fase desadap-
tativa, pode chegar à fase adulta 
como verdades absolutas (KNAPP, 
2004). 
 
 15 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
As Crenças intermediárias 
correspondem ao segundo nível de 
pensamento e não são diretamente 
relacionadas às situações, ocorrendo 
sob a forma de suposições ou regras. 
São construções cognitivas disfunci-
onais, expressas em forma de regras, 
normas, premissas e atitudes que 
adotamos e que guiam a nossa con-
duta. Estas crenças encontram-se 
presentes em inúmeras situações 
existenciais. Elas derivam e refor-
çam as crenças centrais, pois pressu-
põem que, desde que determinadas 
regras, normas e atitudes sejam 
cumpridas, não haverá problema, e 
o indivíduo se mantém relativa-
mente estável e produtivo. Embora 
os indivíduos construam e mante-
nham as crenças intermediárias 
como tentativa de lidar com suas 
crenças e esquemas desadaptativos, 
eles acabam confirmando e refor-
çando (KNAPP, 2004). 
O conceito de “Pensamento 
Automático" parte da compreensão 
de que existem pensamentos que 
ocorrem espontânea e rapidamente 
nas fronteiras da consciência, sendo 
interpretações imediatas das mais 
variadas situações. Tais pensamen-
tos são chamados de “automáticos”, 
pois são diferentes do fluxo normal 
de pensamentos observado no racio-
cínio reflexivo ou na livre associa-
ção. Geramente estes pensamentos 
são avaliados como razoáveis e são 
aceitos como verdadeiros (KNAPP & 
BECK, 2008). 
Conforme Beck (1997), mesmo 
que alguns pensamentos automáti-
cos sejam verdadeiros, a maioria de-
les é falsa ou trazem em seu conte-
údo apenas 19 verdades parciais. As-
sim, a autora descreve, na lista a se-
guir, os erros típicos destes pensa-
mentos disfuncionais: 
1. Pensamento do tipo tudo-ou-
nada (também chamado de pensa-
mento preto-e-branco, polarizado 
ou dicotômico): Você vê uma situa-
ção em apenas duas categorias em 
vez de em um contínuo. Exemplo: 
“Se eu não for um sucesso total, eu 
sou um fracasso”. 
2. Catastrofizando (também de-
nominado adivinhação): Você prevê 
o futuro negativamente sem consi-
derar outros resultados mais prová-
veis. Exemplo: “Eu ficarei tão abor-
recida que não serei capaz de agir di-
reito”. 
3. Desqualificando ou desconsi-
derando o positivo: Você irrazoavel-
mente diz para si mesmo que expe-
riências, atos ou qualidades positi-
vos não contam. Exemplo: “Eu fiz 
bem aquele projeto, mas isso não 
significa que eu seja competente; eu 
apenas tive sorte”. 
4. Argumentação emocional: 
Você pensa que algo deve ser ver-
 
 16 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
dade porque você “sente” (em reali-
dade, acredita) isso de maneira tão 
convincente que acaba por ignorar 
ou desconsiderar evidências contrá-
rias. Exemplo: “Eu sei que eu faço 
muitas coisas certas no trabalho, 
mas eu ainda me sinto como se eu 
fosse um fracasso”. 
5. Rotulando: Você coloca um ró-
tulo global e fixo sobre si mesmo ou 
sobre os outros sem considerar que 
as evidências poderiam ser mais ra-
zoavelmente conduzidas a uma con-
clusão menos desastrosa. Exemplo: 
“Eu sou um perdedor. Ele não 
presta”. 
6. Magnificação/minimização: 
Quando você avalia a si mesmo, ou-
tra pessoa ou uma situação, você 
magnifica irracionalmente o nega-
tivo e/ou minimiza o positivo. 
Exemplo: “Receber uma nota medí-
ocre prova quão inadequada eu sou. 
Obter notas altas não significa que 
eu sou inteligente”. 
7. Filtro mental (também deno-
minado abstração seletiva): Você 
presta atenção indevida a um deta-
lhe negativo em vez de considerar o 
quadro geral. Exemplo: “Porque eu 
tirei uma nota baixa na minha avali-
ação [que também continha várias 
notas altas] isso significa que eu es-
tou fazendo um trabalho deplorá-
vel”. 
8. Leitura mental: Você acha que 
sabe o que os outros estão pensando, 
falhando assim ao considerar outras 
possibilidades mais prováveis. 
Exemplo: “Ele está pensando que eu 
não sei nada sobre esse projeto”. 
9. Super generalização: Você tira 
uma conclusão negativa radical que 
vai muito além da situação atual. 
Exemplo: “[Porque eu me senti des-
confortável no encontro] eu não te-
nho o que é necessário para fazer 
amigos”. 
10. Personalização: Você acredita 
que os outros estão se comportando 
negativamente devido a você, sem 
considerar 20 explicações mais 
plausíveis para o seu comporta-
mento. Exemplo: “O encanador foi 
rude comigo porque eu fiz algo er-
rado”. 
11. Declarações do tipo “eu deve-
ria” e “eu devo” (também chama-
das imperativas): Você tem uma 
ideia exata estabelecida de comovocê ou os outros deveriam compor-
tar-se e você superestima quão ruim 
é que essas expectativas não sejam 
preenchidas. Exemplo: “É terrível 
que eu tenha cometido um erro. Eu 
deveria sempre dar o melhor de 
mim”. 
12. Visão em túnel: Você vê ape-
nas os aspectos negativos de uma si-
tuação. Exemplo: “O professor do 
meu filho não sabe fazer nada di-
reito. Ele é crítico, insensível e en-
sina mal”. (BECK, 1997, p. 129-130) 
17 
 
 
 
 18 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
4. Fundamentos: 
 
 
Fonte: fatosdesconhecidos.ig.com.br4 
 
 terapia cognitiva de Beck é 
considerada por muitos a 
principal abordagem cognitiva de 
hoje. Em seus trabalhos iniciais 
sobre a depressão, ele constatou que 
as avaliações e os pensamentos 
negativos, comumente encontrados 
em pacientes com depressão, não 
constituem um sintoma somente, 
mas são fatores que estão na 
manutenção deste transtorno (Beck, 
Rush, Shaw & Emery, 1997). Na 
atualidade, dispõe de uma ampla 
gama de tratamentos para os 
diversos transtornos psiquiátricos. 
 
4 Retirado em fatosdesconhecidos.ig.com.br 
As terapias cognitivo-compor-
tamentais denominam-se assim por 
constituírem uma integração de 
conceitos e técnicas cognitivas e 
comportamentais, e se diferenciam 
umas das outras de acordo com o 
enfoque predominante, cognitivo ou 
comportamental. 
Pesquisas na área e a prática 
da TCC vêm mostrando que, apesar 
das diferenças entre as abordagens, 
sua integração vem apresentando 
resultados satisfató-rios e demons-
trando sua viabilidade. O 
crescimento das terapias cognitivas 
A 
 
 19 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
trouxe consigo evoluções no sentido 
de manter renovada a teoria 
cognitiva da prática clínica, tanto em 
termos da teoria e da técnica, quanto 
em termos das concepções 
filosóficas, epistemoló-gicas e 
científicas. Entre as evoluções, a 
aproximação com as neurociências e 
com os funda-mentos da psicologia 
cognitiva experimental, traz como 
conse-quência positiva explicações 
etiológicas mais integrativas dos 
transtornos psicológicos e uma 
prática muito mais objetiva e 
agregada à farmacoterapia, no 
intento de aumentar a qualidade de 
vida dos pacientes. 
Uma mudança da lei brasileira 
permitiu ao psicólogo, enquanto 
profissional da saúde, emitir 
atestados psicológicos para efeito de 
licença-saúde (Manual do Conselho 
Regional de Psicologia, 1997, 
Resolução CFP n.° 007/94 de 
28/10/94 e Resolução CRP-06 n.° 
008/94 de 08/08/94, pp. 86 e 99). 
Tal exigência traz à discussão a 
questão fundamental do referencial 
teórico a ser utilizado. Com efeito, o 
texto da lei indica a Classificação de 
Transtornos Mentais e de 
Comportamento da CID (Classifi-
cação Estatística Interna-cional de 
Doenças e Problemas Relacionados 
à Saúde, Décima revisão, 1993) 
como fonte de enquadramento de 
diagnósticos. Cabe perguntar sobre 
as possibilidades de coincidência 
entre tal classificação e as 
concepções de doença mental em 
uso pelos profissionais de psico-
logia. 
Em algumas abordagens, os 
psicólogos têm seguido as classi-
ficações psiquiátricas. Toda-via, o 
critério classificatório é tomado, 
muitas vezes, como um guia 
compreensivo de um quadro 
psicopatológico, com a finalidade de 
se manter uma comunicação entre 
profissionais, sobretudo entre 
psicólogos e médicos psiquiatras. 
A prática do psicodiagnóstico 
nosológico possibilita um espaço de 
diálogo entre profissionais, um 
código que permite que diferentes 
profissionais, independentemente 
da abordagem, se comuniquem sem 
que os vários termos referentes ao 
diagnóstico (cada abordagem 
teórica apresenta seus próprios 
termos) interfiram negativamente 
na compreensão entre eles. 
Atualmente a Terapia 
Cognitiva é uma abordagem da 
psicologia que se encontra em franca 
expansão, principalmente no conti-
nente americano, recomen-dada 
não só para a depressão, mas 
também para uma infinidade de 
transtornos, contando com um 
elevado número de modalidades de 
aplicações. De acordo Bernard 
Rangé, um dos principais autores no 
 
 20 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
Brasil sobre o tema, a Terapia 
Cognitiva se diferencia de outras 
abordagens que também são 
amplamente utilizadas, da seguinte 
maneira, (RANGÉ, 2001, p.89): 
 
Distingue-se da psicanálise e da 
psiquiatria biológica na medida 
em que estes entendem que a 
ação de um indivíduo está 
baseada em um determinismo 
fora do seu controle, enquanto 
a terapia cognitiva (TC) supõe 
que a origem da ação encontra-
se na consciência, logo sob seu 
poder. Em relação ao behavio-
rismo, representa uma 
evolução na vertente metodo-
lógica desta escola psicológica. 
 
 
 
Fonte: www.pedrogouvea.com 
 
A Terapia Cognitiva traz uma 
proposta terapêutica diferenciada 
das terapias anteriores a ela, como é 
o caso da psicanálise. Em termos de 
“idade” pode ser considerada uma 
teoria jovem em comparação a 
outras, pois teve início na segunda 
metade do século passado – diga-se 
de passagem, é a única abordagem, 
entre as mais estudadas da 
psicologia moderna, cujo principal 
fundador continua vivo (Aaron Beck 
possui hoje, em 2016, 93 anos de 
idade). 
Em termos de proposta 
terapêutica, o que a difere das 
demais é tanto o foco na consciência 
como o uso do modelo cognitivo (do 
qual falaremos mais adiante) e sua 
base na interpretação que o 
indivíduo faz do mundo, que, nessa 
abordagem, se estruturam progres-
sivamente. Para falar da linha geral 
de raciocínio da Terapia Cognitiva, 
citamos Cordioli e seus colabora-
dores, que em seu livro Psico-
terapias: abordagens atuais, 
(CORDIOLI et al. 2008, p.34) 
destacam: 
 
A terapia cognitiva tem fortes 
ligações com várias escolas 
filosóficas, como o estoicismo 
grego, o racionalismo, o 
empirismo e fenomenologia, e 
com escolas orientais de 
pensamento, como o budismo e 
o taoísmo. Sua premissa básica 
é a de que a maneira como as 
pessoas interpretam suas 
experiências determina como 
elas se sentem e se comportam. 
A afirmativa do filósofo Estóico 
Epictetus (60-117 d. C), de que 
“os homens se perturbam não 
pelas coisas, mas pela visão que 
têm delas”, expressa a ideia 
 
 21 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
central do modelo cognitivo. 
 
As referências filosóficas 
citadas por Cordioli et al.(2008) são 
narradas por Aaron Beck em sua 
obra Terapia Cognitiva da 
Depressão (1979/1993), além de 
comentar da herança freudiana em 
sua formação, e citar pensadores 
como Epictetus, cita também como 
influenciadores de sua obra, nomes 
como Zenão de Cítio, Crísipo, 
Cícero, Sêneca e o Imperador 
Filósofo Marco Aurélio. Nas 
palavras de Aaron Beck (1997) 33 
 
As origens filosóficas da terapia 
cognitiva podem ser buscadas 
nos filósofos estoicistas, 
especialmente em Zenão de 
Cítio (século IV a.C.), Crísipo, 
Cícero, Sêneca, Epicteto e 
Marco Aurélio. Epicteto 
escreveu, no Enchiridion: “Os 
homens não são perturbado 
pelas coisas, mas pelas visões 
que têm delas”. Assim como o 
estoicismo, filosofias orientais 
como o taoísmo e o budismo 
enfatizaram que as emoções 
humanas se baseiam em ideias. 
O controle dos sentimentos 
mais intensos pode ser 
alcançado pela modificação das 
ideias de uma pessoa. 
 
Esses Filósofos trazem dentro 
de seu sistema filosófico a noção de 
que o controle dos sentimentos mais 
intensos pode ser alcançado pela 
modificação das ideias do indivíduo, 
o que vai diretamente ao encontro 
das convicções de Aaron Beck (apud 
BECK, J., 1997, p.13) quando ele 
escreve no prefácio do livro Terapia 
Cognitiva: Teoria e Prática, livro de 
sua filha Judith, que: 
 
Com base em minhas 
observações clínicas e em 
alguns estudos clínicos e 
experimentos sistemáticos, teo-
rizei que havia um trans-torno 
de pensamento no cerne das 
síndromespsiquiátricas como 
depressão e ansiedade. Esse 
transtorno estava refletido em 
uma tendência sistemática no 
modo como os pacientes 
interpretam experiências parti-
culares. Apontando essas 
interpretações tendenciosas e 
propondo alternativas, ou seja, 
explicações mais prováveis, 
verifiquei que eu podia 
produzir uma redução quase 
imediata dos sintomas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 24 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
5. Em que se Baseia a Terapia Cognitivo Comporta-
mental: 
 
 
Fonte: clinicasrecuperar.com.br5 
 
 terapia cognitiva é um sis-
tema de psicoterapia que se 
baseia na teoria de que o modo como 
um indivíduo estrutura as suas ex-
periências determina o modo como 
ele se sente e se comporta (Dattílio & 
Freeman, 1998a). Os sentimentos 
não são determinados por situações, 
mas pelo modo como as pessoas as 
interpretam. Nesta visão, os trans-
tornos psicológicos decorrem de um 
modo distorcido ou disfuncional de 
 
5 Retirado em clinicasrecuperar.com.br 
perceber os acontecimentos, influ-
enciando os afetos e os comporta-
mentos (Beck, 1997). Os indivíduos 
têm predisposição a fazerem cons-
truções cognitivas falhas, o que é 
chamado de ‘vulnerabilidade cogni-
tiva’ (Beck, Rush, Shaw & Emery, 
1997). 
A emoção torna-se disfuncio-
nal quando decorrente de pensa-
mentos irrealistas e absolutistas, in-
terferindo na capacidade da pessoa 
A 
https://loremipsum.io/
https://loremipsum.io/
 
 25 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
de pensar objetivamente. Isso não 
significa que os pensamentos cau-
sam os problemas emocionais, mas 
sim que eles modulam e mantêm as 
emoções disfuncionais (Rangé, 
2001). Há uma interação recíproca 
entre os pensamentos, os sentimen-
tos e os comportamentos, fisiologia 
e ambiente; a mudança em qualquer 
um destes componentes pode iniciar 
modificações nos demais (Knapp, 
2004). 
O terapeuta cognitivo busca 
produzir mudanças no pensamento 
e no sistema de crenças do cliente, 
com o propósito de promover mu-
danças duradouras (Beck, 1997). 
Embora o processo terapêutico 
possa variar de acordo com as neces-
sidades de cada paciente, existem al-
guns princípios que caracterizam o 
procedimento clínico nesta aborda-
gem de tratamento. 
A terapia cognitiva é baseada 
nos problemas do cliente e no esta-
belecimento de metas específicas, 
através das quais são identificados 
os pensamentos automáticos testá-
veis que impedem a realização des-
sas metas. 
A validade desses pensamen-
tos é avaliada em conjunto por tera-
peuta e cliente. Posteriormente es-
ses pensamentos serão testados por 
experimentos comportamentais, e 
utilizadas técnicas de resolução de 
problemas (Rangé, 2001). 
Na terapia cognitiva, segundo 
Beck (1997), três níveis de cognição 
serão trabalhados: pensamentos au-
tomáticos, pressupostos subjacentes 
(crenças intermediárias) e crenças 
nucleares (centrais). As primeiras 
sessões focalizam-se na conceitua-
ção, socialização e adesão ao trata-
mento. Posteriormente, o foco será a 
modificação de pensamentos auto-
máticos, bem como das emoções e 
dos comportamentos que mantêm o 
transtorno psicológico. Na medida 
em que evolui, o tratamento focaliza 
a modificação das suposições, regras 
e crenças centrais/esquemas 
(Rangé, 2001). 
As técnicas comportamentais 
são empregadas, sobretudo, para 
que o paciente altere algum compor-
tamento de seu repertório e possa, 
com isso, reexaminar as crenças so-
bre si mesmo e sobre os eventos, ob-
ter evidências factuais para suas 
conclusões e reformular suas avalia-
ções. Os experimentos comporta-
mentais, em que o paciente é incen-
tivado a modificar as contingências 
de seu próprio ambiente, são impor-
tantes técnicas avaliativas, pois tes-
tam diretamente a validade dos pen-
samentos (Nabuco & Roso, 2003). 
Já as técnicas cognitivas têm 
sido aprimoradas ao longo dos anos, 
procurando instrumentalizar os te-
rapeutas para o trabalho de identifi-
cação, análise e reestruturação do 
 
 26 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
sistema de crenças do cliente. Por 
exemplo, ao utilizar a técnica de re-
gistro de pensamentos (RPD), que 
deve ser precedida da compreensão 
da lógica do modelo cognitivo, pen-
samentos relevantes a serem traba-
lhados em terapia são identificados. 
O terapeuta cognitivo constrói 
hipóteses ao longo do processo tera-
pêutico. Ele vai testando, reconstru-
indo suas hipóteses e se aproxi-
mando da estrutura cognitiva do pa-
ciente. Essa construção da hipótese 
cognitiva global é chamada de Con-
ceituação Cognitiva. A Conceituação 
cognitiva é uma hipótese sobre pen-
samentos, suposições, emoções e 
crenças do paciente. 
A conceituação cognitiva cons-
titui o arcabouço que permite ao te-
rapeuta conduzir seu trabalho com 
objetivos e uma rota definida. Se-
gundo Rangé (2001) e Caminha, 
Wainer, Oliveira & Piccoloto (2007), 
a ausência de uma conceituação cog-
nitiva torna o tratamento vago e ir-
relevante, mesmo que sejam usadas 
as técnicas cognitivas. Assim, a con-
ceituação cognitiva é a habilidade 
clínica mais importante para o tera-
peuta cognitivo.Esta requer primei-
ramente uma avaliação inicial dos 
problemas do paciente, que deve in-
cluir a identificação do problema, as 
circunstâncias de vida que precipita-
ram o problema, a história familiar e 
do desenvolvimento, as medidas pa-
dronizadas de ansiedade e depres-
são e de transtornos específicos rela-
cionados ao caso, medidas específi-
cas (como diário de frequência de 
ataques de pânico e registro de pen-
samentos disfuncionais) e a hipótese 
diagnóstica. A especificação de me-
tas está incluída (Beck, 1997). 
Além de entrevistas com o pa-
ciente, recursos tais como entrevis-
tas com pessoas- chave, observação 
direta do comportamento em ambi-
entes clínicos, auto monitoração e 
aplicação de instrumentos psicológi-
cos (escalas e questionários) am-
pliam a compreensão do caso, ga-
rantindo uma formulação mais com-
pleta (Caminha e cols., 2007). 
A avaliação inicial possibilita 
que o terapeuta levante hipóteses 
sobre as experiências no desenvolvi-
mento do cliente que contribuíram 
para a construção da crença central, 
assim como sobre as crenças inter-
mediárias e pensamentos automáti-
cos relacionados à crença central, as 
estratégias cognitivas, afetivas e 
comportamentais utilizadas pelo pa-
ciente para enfrentar as suas crenças 
disfuncionais, e os eventos estresso-
res que contribuíram para a mani-
festação dos problemas psicológicos 
(Beck, 1997). 
A conceituação cognitiva tem 
início no primeiro contato com o pa-
 
 27 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
ciente e é aprimorada continua-
mente. O objetivo principal da con-
ceituação cognitiva é melhorar o re-
sultado do tratamento, auxiliando o 
terapeuta a obter uma concepção 
mais ampla e profunda do paciente. 
Na concepção cognitiva, a psi-
copatologia é considerada o resul-
tado de crenças excessivamente dis-
funcionais e de pensamentos dema-
siadamente distorcidos que, em ati-
vidade, influenciam o humor e o 
comportamento do indivíduo, envi-
esando sua percepção da realidade. 
Assim, sua identificação e posterior 
modificação são elementos centrais 
para o tratamento, capazes de pro-
mover a redução dos sintomas 
(Beck, 1997). 
A todas as pessoas ocorrem 
pensamentos involuntários, chama-
dos de pensamentos automáticos na 
terapia cognitiva, que são exagera-
dos, distorcidos, equivocados, irrea-
listas ou disfuncionais, e que têm um 
importante papel na psicopatologia, 
porque moldam tanto as emoções 
como as ações do indivíduo (Knapp, 
2004). Os pensamentos automáti-
cos derivam de um "erro" cognitivoe têm íntima relação com as crenças. 
Estas são as cognições mais fáceis de 
acessar e modificar. 
Embora a terapia cognitiva 
seja identificada por intervenções 
que visam modificar pensamentos, 
essa é apenas uma das muitas for-
mas de intervenção. Se as emoções 
não forem trabalhadas, o trata-
mento cognitivo pode tornar-se ape-
nas uma troca intelectual, o que não 
teria sentido terapêutico (Knapp, 
2004). Da mesma forma, padrões de 
comportamento retroalimentam a 
disfunção emocional e cognitiva, e 
também precisam ser trabalhados. 
 
 28 
 
 29 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
6. Terapia Cognitivo 
 
Fonte: casule.com6 
 
undamentada no princípio bá-
sico da TCC e, em particular, 
na hipótese de primazia das cogni-
ções sobre as emoções e comporta-
mentos, em TCC busca-se a reestru-
turação cognitiva, a partir de uma 
conceituação cognitiva do paciente e 
de seus problemas. Inicialmente, 
objetiva devolver ao paciente a flexi-
bilidade cognitiva, através da inter-
venção sobre as suas cognições, a 
fim de promover mudanças nas 
emoções e comportamentos que as 
acompanham. Ao longo do processo 
 
6 Retirado em casule.com 
terapêutico, no entanto, atua direta-
mente sobre o sistema de esquemas 
e crenças do paciente a fim de pro-
mover sua reestruturação. Em para-
lelo à reestruturação cognitiva, o te-
rapeuta cognitivo utiliza ainda uma 
abordagem de resolução de proble-
mas. 
A TCC reflete aspectos interes-
santes em sua práxis. Baseia-se na 
noção de esquemas, construídos ao 
longo do desenvolvimento, cujo con-
junto resume as percepções pelo in-
divíduo de regularidades do real a 
F 
 
 30 30 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
partir de suas experiências históri-
cas relevantes. Esquemas são defini-
dos como superestruturas cognitivas 
que, em uma relação circular, orga-
nizam nossas experiências do real e 
são atualizados por elas, ao mesmo 
tempo em que guiam o foco de nossa 
atenção. TCC adota uma abordagem 
estruturada, mas apoia-se em uma 
relação colaborativa entre o tera-
peuta e o paciente, na qual ambos 
têm um papel ativo através do pro-
cesso psicoterápico. Objetiva não 
apenas a resolução dos problemas 
imediatos do paciente, mas, através 
da reestruturação cognitiva, busca 
dotá-lo de um novo conjunto de téc-
nicas e estratégias cognitivas para, a 
partir daí, processar e responder ao 
real de forma funcional, sendo o fun-
cional definido como formas que 
concorrem para a realização de suas 
metas. 
 
 
Fonte: zenklub.com.br 
 
Características que a distin-
guem de outras formas de psicotera-
pia são o tempo curto e limitado e a 
eficácia comprovada através de es-
tudos empíricos, em várias áreas de 
transtornos emocionais, como de-
pressão, transtornos de ansiedade 
(transtorno de ansiedade generali-
zada, fobias, pânico, hipocondria, 
transtorno obsessivo-compulsivo), 
dependência química, transtornos 
alimentares, dificuldades interpes-
soais (terapia de casal e de família), 
transtornos psiquiátricos, etc., para 
adultos, crianças e adolescentes, nas 
modalidades individual e em grupo. 
Sua utilização no tratamento de psi-
coses apresenta resultados encoraja-
dores. TCC ainda é indicada como 
coadjuvante no tratamento de trans-
tornos orgânicos, e em intervenções 
nas áreas de educação, organizações 
e esportes. 
 
Princípios Básicos da TCC 
 
1. A TCC se orienta no conheci-
mento empírico da psicologia cientí-
fica; 
2. A TCC se orienta no problema 
(sintoma) atual do paciente; 
3. A TCC baseia-se na análise dos 
fatores de vulnerabilidade (predis-
posições), fatores desencadeadores 
e mantenedores dos transtornos 
mentais; 
4. Por se orientar no problema, a 
TCC é também orientada para um 
objetivo definido (a modificação do 
comportamento problemático); 
 
 31 31 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
5. A TCC é voltada para a ação e 
não apenas para a tomada de cons-
ciência (ing. insight, al. Einsicht) e 
uma compreensão mais profunda do 
problema; 
6. A TCC não se restringe à situa-
ção terapêutica, mas se estende à 
vida diária do indivíduo; 
7. A TCC é transparente, tanto 
quanto a seus objetivos quanto a 
seus meios; 
8. A TCC procura ser uma ajuda 
para a autoajuda, ou seja, acentua a 
responsabilidade do próprio paci-
ente no processo terapêutico; 
9. A TCC se esforça por estar em 
desenvolvimento constante. (Jürgen 
Margraf, 2009) 
A terapia cognitiva de Beck é 
considerada por muitos a principal 
abordagem cognitiva de hoje. Em 
seus trabalhos iniciais sobre a de-
pressão, ele constatou que as avalia-
ções e os pensamentos negativos, 
comumente encontrados em pacien-
tes com depressão, não constituem 
um sintoma somente, mas são fato-
res que estão na manutenção deste 
transtorno (Beck, Rush, Shaw & 
Emery, 1997). Na atualidade, dispõe 
de uma ampla gama de tratamentos 
para os diversos transtornos psiqui-
átricos. 
As terapias cognitivo-compor-
tamentais denominam-se assim por 
constituírem uma integração de 
conceitos e técnicas cognitivas e 
comportamentais, e se diferenciam 
umas das outras de acordo com o en-
foque predominante, cognitivo ou 
comportamental. Pesquisas na área 
e a prática da TCC vêm mostrando 
que, apesar das diferenças entre as 
abordagens, sua integração vem 
apresentando resultados satisfató-
rios e demonstrando sua viabili-
dade. 
 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
 
O crescimento das terapias 
cognitivas trouxe consigo evoluções 
no sentido de manter renovada a te-
oria cognitiva da prática clínica, 
tanto em termos da teoria e da téc-
nica, quanto em termos das concep-
ções filosóficas, epistemológicas e 
científicas. Entre as evoluções, a 
aproximação com as neurociências e 
com os fundamentos da psicologia 
cognitiva experimental, traz como 
consequência positiva explicações 
etiológicas mais integrativas dos 
transtornos psicológicos e uma prá-
tica muito mais objetiva e agregada 
 
 32 32 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
à farmacoterapia, no intento de au-
mentar a qualidade de vida dos paci-
entes. Uma mudança da lei brasi-
leira permitiu ao psicólogo, en-
quanto profissional da saúde, emitir 
atestados psicológicos para efeito de 
licença-saúde (Manual do Conselho 
Regional de Psicologia, 1997, Reso-
lução CFP n° 007/94 de 28/10/94 e 
Resolução CRP-06 n° 008/94 de 
08/08/94, pp. 86 e 99). Tal exigên-
cia traz à discussão a questão funda-
mental do referencial teórico a ser 
utilizado. Com efeito, o texto da lei 
indica a Classificação de Transtor-
nos Mentais e de Comportamento da 
CID (Classificação Estatística Inter-
nacional de Doenças e Problemas 
Relacionados à Saúde, Décima revi-
são, 1993) como fonte de enquadra-
mento de diagnósticos. Cabe per-
guntar sobre as possibilidades de 
coincidência entre tal classificação e 
as concepções de doença mental em 
uso pelos profissionais de psicolo-
gia. 
Em algumas abordagens, os 
psicólogos têm seguido as classifica-
ções psiquiátricas. Todavia, o crité-
rio classificatório é tomado, muitas 
vezes, como um guia compreensivo 
de um quadro psicopatológico, com 
a finalidade de se manter uma co-
municação entre profissionais, so-
bretudo entre psicólogos e médicos 
psiquiatras. A prática do psicodiag-
nóstico nosológico possibilita um es-
paço de diálogo entre profissionais, 
um código que permite que diferen-
tes profissionais, independente-
mente da abordagem, se comuni-
quem sem que os vários termos refe-
rentes ao diagnóstico (cada aborda-
gem teórica apresenta seus próprios 
termos) interfiram negativamente 
na compreensão entre eles. 
 
 
 33 33 
 
 34 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
7. Fundamentos da Terapia Cognitiva 
 
 
Fonte: renataborja.com.br7 
 
 avaliação psicológica consti-tui uma prática relativamente 
recente na psicologia, visto que se 
configura como campo de produção 
a partir da segunda metade do sé-
culo XX. Em nossa cultura, o desen-
volvimento da Psicologia como ciên-
cia e profissão, e, por conseguinte, 
do diagnóstico psicológico, sofreram 
várias influências. Entre elas, do 
modelo médico, dos estudos da psi-
cometria e do surgimento da psica-
nálise (Ocampo, 1985). 
Considerando-se a avaliação 
como uma atividade que requer ri-
gor e eficácia, pode-se afirmar que a 
avaliação psicológica é uma prática 
profissional importante para o psi-
cólogo, tendo-se em vista que pode 
fornecer elementos de análise im-
 
7 Retirado em renataborja.com.br 
prescindíveis para a atuação em di-
ferentes campos. Na realização de 
avaliações seguras, é imprescindível 
o conhecimento e o domínio de ins-
trumentos de coleta de dados, den-
tre eles o teste psicológico (Oliveira, 
Noronha, Beraldo & Santarém, 
2003). 
Os testes são instrumentos de 
medida que investigam amostras de 
comportamento e devem ser capazes 
de auxiliar na identificação de carac-
terísticas de sujeitos. Para tanto, de-
vem ser construídos com base cien-
tífica e apresentar parâmetros psico-
métricos que de alguma forma ates-
tem a confiabilidade e a representa-
tividade do construto que está sendo 
medido. Os testes são mais um re-
curso para auxiliar o profissional na 
A 
 
 35 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
compreensão e fechamento das con-
siderações a respeito de um exami-
nando, seja em processo seletivo 
(exame psicológico ou psicotécnico), 
avaliação psicológica e psicodiag-
nóstico. 
Muitas das questões sobre o ri-
gor e o valor da avaliação psicológica 
passam pela atuação do psicólogo 
que a realiza. Assim sendo, faz-se 
necessário que ele apresente condi-
ções mínimas para tarefa, como co-
nhecimento atualizado da literatura 
e de pesquisas disponíveis sobre o 
comportamento humano e sobre o 
instrumental psicológico, treina-
mento específico para o uso de testes 
e escalas, domínio sobre os critérios 
estabelecidos para avaliar e inter-
pretar resultados obtidos, capaci-
dade para considerar os resultados 
obtidos à luz das informações mais 
amplas sobre o indivíduo, contextu-
alizando-os, seguir as orientações 
existentes sobre organizações dos 
laudos finais e, acima de tudo, ga-
rantir princípios éticos quanto ao si-
gilo e à proteção ao indivíduo avali-
ado (Alchieri & Cruz, 2003). 
No Brasil, a atuação do psicó-
logo, na testagem, é considerada 
uma atividade pericial. Por lei, os 
peritos devem prestar serviço de 
qualidade à sociedade, e esta quali-
dade pode ser cobrada judicial-
mente. Isto é, o psicólogo responde 
até criminalmente por sua conduta 
na área dos testes psicológicos. 
Os direitos do testando, de 
modo geral, são norteados pelos co-
mitês de ética em Psicologia e pelas 
normas para Testagem Educacional 
e Psicológica da American Psycholo-
gical Association (APA). 
Embora as pesquisas sobre a 
utilização dos testes psicológicos te-
nham crescido na última década, 
Noronha (1999), pesquisando os 
usos e problemas na utilização dos 
testes psicológicos, constatou que os 
psicólogos não costumam utilizar 
testes psicológicos na sua avaliação. 
Outro dado que merece atenção é 
que a formação na área de ensino de 
testes é deficiente, como observado 
por Oliveira, Noronha, Beraldo e 
Santarém (2003). Noronha (2003) 
afirma que é preciso repensar a for-
mação do profissional de Psicologia, 
de modo que o psicólogo tenha uma 
bagagem teórica mais consistente e 
faça um uso ético e consciente dos 
instrumentos. A avaliação psicoló-
gica é uma atividade exclusiva do 
profissional de Psicologia, sendo re-
gulamentada pelo Código de ética 
Profissional, desde a promulgação 
da Lei nº 4119 de 1962. Como são 
muitas as teorias existentes e nem 
sempre estas são convergentes, a 
atuação do psicólogo em diagnóstico 
varia consideravelmente. 
 
 36 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
Nos últimos anos houve um 
maior interesse pela avaliação psico-
lógica, o que pode ser justificado em 
função do aumento do número de 
congressos específicos, discussões 
entre pesquisadores, criação de la- 
boratórios ligados a universidades, 
bem como pela criação do Instituto 
Brasileiro de Avaliação Psicológica 
(IBAP) e pela recomendação de 
mestrado e doutorado com área de 
concentração em avaliação psicoló-
gica. Talvez o fato mais marcante 
nesse novo cenário nacional da área 
de avaliação seja a promulgação das 
resoluções do Conselho Federal de 
Psicologia (CFP), cujo eixo central é 
a avaliação da qualidade dos testes 
comercializados no Brasil. 
Recentemente, o Conselho Re-
gional de Psicologia da 6ª Região, 
em consonância com outras entida-
des, organizou um encontro cujo 
foco era o ensino da avaliação psico-
lógica (Conselho Regional de Psico-
logia, 2004). Embora eventos nem 
sempre possam oferecer soluções 
imediatas para as questões emer-
gentes, vale ressaltar que tais discus-
sões fomentam reflexões e tendem a 
gerar pesquisas. 
Até a década de 70, não era 
prioritária na terapia de base analí-
tico comportamental a elaboração 
de um modelo terapêutico para a in-
tervenção frente a relatos auto des-
critivos de eventos privados. A expli-
cação para tal fato estava na tradição 
behaviorista, especialmente no que 
se refere a três aspectos: 
1. A abordagem skinneriana não 
previa nenhum tratamento distinto 
para uma abordagem do comporta-
mento privado, uma vez que seus de-
terminantes seriam os mesmos do 
comportamento público; 
2. A ampla tradição dos analistas 
do comportamento com a pesquisa 
básica da aprendizagem animal, que 
não requeria o estudo da subjetivi-
dade14; e 
3. O tipo de população tradicio-
nalmente atendida pelos primeiros 
terapeutas comportamentais: crian-
ças com problemas de desenvolvi-
mento e pacientes internos, que de-
mandavam uma intervenção mais 
diretamente voltada para a mudança 
das contingências ambientais (Wil-
son, Hayes & Gifford, 1997). Dou-
gher (1993) aponta, ainda, que o fato 
de atuar em ambientes institucio-
nais garantia ao terapeuta poder 
quase que completo sobre as contin-
gências ambientais; parecia desne-
cessário intervir de alguma forma 
sobre eventos privados, haja vista 
que era possível intervir direta-
mente sobre os determinantes de fe-
nômenos que, embora inacessíveis à 
observação pública, são determina-
dos por eventos ambientais, como 
 
 37 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
todos os outros comportamentos 
(Kerbauy, 1983). Como consequên-
cia, os terapeutas comportamentais 
demoraram a se deparar com con-
tingências que favorecessem o de-
senvolvimento de um modelo de in-
tervenção comportamental frente 
aos eventos privados. 
O surgimento das terapias 
cognitivo-comportamentais contri-
buiu para intensificar as discussões 
sobre a necessidade de elaboração 
de tal modelo, ao suscitar uma ques-
tão fundamental como ponto de par-
tida para essa tarefa: os princípios 
da análise do comportamento são 
suficientes para embasar uma prá-
tica clínica eficaz e coerente com o 
behaviorismo radical frente a verba-
lizações do cliente que parecem des-
crever algum estado ou processo pri-
vado? 
 
 
Fonte: zenklub.com.br 
 
As novas formas de terapia de 
base analítico-comportamental sur-
gem, então, a partir da pressão si-
multânea de dois lados: a necessi-
dade de responder às crescentes crí-
ticas de terapeutas cognitivo-com-
portamentais referentes a uma ca-
rência da própria terapia em dar 
conta do comportamento humano 
complexo e da própria pressão de 
mercado, uma vez que a maior parte 
dos empregos para analistas do 
comportamento estava restrita à 
atuação em instituições para trata-
mentode autistas, por exemplo. A 
possibilidade de expandir sua área 
de atuação também fortaleceu a ne-
cessidade de realização de pesquisas 
cujo objeto de interesse fosse a inter-
venção do terapeuta comportamen-
tal no ambiente de clínica face-a-
face. 
Em especial na década de 80, 
analistas do comportamento volta-
ram-se para os conceitos de eventos 
privados e de comportamento con-
trolado por regras de forma a preen-
cher a lacuna apontada pelos cogni-
tivistas (Hayes, 2004). Foi nesse 
contexto que surgiram as propostas 
terapêuticas voltadas para a atuação 
em um contexto de terapia verbal 
que levasse defendido na Análise do 
Comportamento, caracterizado pelo 
selecionismo, o monismo ontológico 
e a perspectiva relacional. 
Evitando o risco de basear sua 
prática em concepções internalistas, 
 
 38 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
os terapeutas analítico-comporta-
mentais compartilham a posição 
skinneriana, essencialmente relacio-
nal, e admitem que os eventos priva-
dos podem fazer parte de relações de 
controle do comportamento, mas 
deixam claro que o caráter causal de 
tais eventos está restrito a um certo 
controle discriminativo destes sobre 
respostas subsequentes (Tourinho, 
1997). A partir dessa concepção, po-
demos afirmar que o relato de pen-
samentos e sentimentos, por parte 
do cliente, é de extrema importância 
para que o terapeuta tenha condi-
ções de avaliar o efeito das contin-
gências que controlaram e/ou con-
trolam esses relatos, estabelecendo 
uma análise funcional mais rica do 
comportamento em foco (Skinner, 
1974/1982). 
Banaco (1999) resume uma 
perspectiva comum a várias propos-
tas terapêuticas coerentes com a 
Análise do Comportamento. Para o 
autor, quando o terapeuta pergunta 
ao cliente acerca de seus pensamen-
tos, sentimentos e emoções, ele não 
o faz para intervir sobre esses even-
tos. Ele os usa como comportamen-
tos capazes de sugerir sob quais con-
tingências o sujeito está submetido 
(Por exemplo, quando a pessoa re-
lata "ficar feliz" com a ação do côn-
juge, provavelmente estamos diante 
de uma operação de reforçamento). 
Eventos privados, nesse sentido, são 
meios através dos quais o analista do 
comportamento pode descobrir e in-
vestigar seu verdadeiro material de 
trabalho - as contingências ambien-
tais externas ao indivíduo, que po-
dem ser efetivamente modificadas. 
Em várias propostas analítico-com-
portamentais de terapia, encontra-
mos afirmações semelhantes (e.g., 
Guilhardi, 2004; Kohlenberg & Tsai, 
1991). 
O surgimento das terapias 
cognitivas também foi decorrente de 
uma rejeição aos modelos psicodi- 
nâmicos e ao questionamento de sua 
eficácia. Em 1952, Hans J. Eysenck 
(1916-1997) já havia realizado um 
estudo onde não se encontraram 
evidências de que a eficácia da tera-
pia psicanalítica fosse maior do que 
a remissão espontânea (melhora 
produzida sem nenhum tratamento 
específico) (Kazdin, 1983). Rach-
man e Wilson (1980, citado por Do-
bson & Block, 1988) afirmaram não 
haver indícios aceitáveis que apoias-
sem a eficácia do tratamento psica-
nalítico. 
 
 
Fonte:personalidadinfo.blogs-
pot.com 
 
 39 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
Aaron Beck (Beck, Rush, Shaw 
& Emery, 1982) relata que os seus 
questionamentos à psicanálise tive-
ram início em 1956, quando verifi-
cou que a hipótese da raiva retrofle-
tida não se confirmara em seu es-
tudo com pacientes deprimidos. 
Embora vindo de uma tradição psi-
canalítica, Albert Ellis (1913-2007) 
também revelou insatisfações com 
os resultados práticos do trabalho 
psicanalítico (Ellis, 1997). 
No mesmo período em que 
ocorriam insatisfações com a abor-
dagem estritamente comportamen-
tal e com o modelo psicodinâmico, 
começou a surgir uma crescente 
atenção aos aspectos cognitivos do 
comportamento humano, tanto na 
psicologia geral quanto na psicolo-
gia experimental (Dobson & Block, 
1988; Dobson & Sherrer, 2004). 
Vários eventos científicos 
aconteceram na década de 50 enfati-
zando a teoria do processamento da 
informação (Kastrup, 2006), pas-
sando a ser esta cada vez mais utili-
zada na compreensão de fenômenos 
clínicos, como por exemplo, na me-
diação cognitiva da ansiedade (Dob-
son & Sherrer, 2004). Diversos tera-
peutas e teóricos comportamentais 
resolveram então assumir a identifi-
cação cognitivo-comportamental 
(Dobson & Block, 1988; Dobson & 
Sherrer, 2004). 
Como afirma Jacobson (1987), 
a incorporação das teorias e terapias 
cognitivas à terapia comportamen-
tal foi tão completa que é difícil en-
contrar atualmente terapeutas com-
portamentais puros no trabalho com 
os seus pacientes, “a despeito dos 
problemas inerentes à incorporação 
dos conceitos mediacionais dentro 
da visão behaviorista do mundo clí-
nico” (p. 5). 
As abordagens cognitivas par-
tem do pressuposto de que um pro-
cesso interno e oculto de cognição 
media o comportamento. Um 
mesmo evento pode ser considerado 
como agradável para uma pessoa, 
gerando um comportamento de 
aproximação, ou ameaçador para 
outra, provocando ansiedade e es-
quiva. Desse modo, é a interpretação 
do evento que gera emoções e com-
portamentos e não o evento em si 
(Knapp, 2004). 
Entretanto, embora comparti-
lhando de características fundamen-
tais, as abordagens cognitivas apre-
sentam diferenças de princípios e de 
procedimentos (Dobson & Sherrer, 
2004). 
Enquanto a terapia cognitiva 
de Beck (1982) e a terapia racional 
emotivo comportamental de Ellis 
(1997) focalizam-se nas cognições 
para promover mudanças emocio-
nais e comportamentais (Beck, 
 
 40 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
1997), autores de enfoque cognitivo 
construtivista (por ex., Greenberg, 
Rice & Elliott, 1993; Guidano & Li-
otti, 1983; Mahoney, 1998; Neime-
yer, 1997), defendem o papel das 
emoções como preponderantes na 
influência do comportamento. 
Autores construtivistas tam-
bém consideram que as terapias 
cognitivas de Beck e de Ellis, assim 
como outras formas de abordagem 
cognitivo-comportamental, são raci-
onalistas, uma vez que em seus pres-
supostos filosóficos, existe um 
mundo externo que pode ser perce-
bido de forma correta ou incorreta. 
Assim, o enfoque construtivista está 
no “valor da validade” das estruturas 
cognitivas, e não no seu “valor de 
verdade” (Dobson & Sherrer, 2004). 
Caro Gabalda (1997) propõe 
uma classificação das terapias cog-
nitivas em três diferentes tipos de 
modelos: de reestruturação cogni-
tiva, cognitivo-comportamentais e 
construtivistas. Os modelos de rees-
truturação cognitiva identificam-se 
com as primeiras terapias cognitivas 
representadas por Beck et al. (1982) 
e Ellis (1997) e foram desenvolvidos 
por teóricos de treinamento psicodi-
nâmico, os quais tendiam a destacar 
o papel do significado, defendendo 
que o que uma pessoa pensa ou diz 
não é tão importante quanto o que 
esta acredita. A tarefa consiste em 
desenvolver estratégias para exami-
nar a racionalidade ou validade das 
crenças. Orientada para o problema, 
busca modificar as atividades defei-
tuosas do processamento da infor-
mação características do transtorno 
psicológico (Caro Gabalda, 1997). 
 
 
Fonte: elidioalmeida.com 
 
Os modelos cognitivo-com-
portamentais têm origem mais clara 
nas terapias comportamentais, que 
incluem as estratégias de solução de 
problemas. 
Foram desenvolvidos por teó-
ricos com treinamento comporta-
mental, tais como Meichenbaum 
(1997), Barlow (Barlow & Cerny, 
1999), Lineham (1993), entre ou-
tros, os quais conceituam o pensa-
mento de forma mais concreta, ou 
seja, como um conjunto de auto 
enunciados encobertos que também 
podem ser influenciados pelas mes-
mas leis do condicionamento. Sua 
 
 41 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
tarefa consiste em ensinarhabilida-
des cognitivas específicas (Hollon & 
Beck, 1994, citado por Caro Ga-
balda, 1997). 
Os modelos construtivistas, 
representados por Guidano & Liotti 
(1983), Mahoney (1998), e Neime-
yer (1997), partem do pressuposto 
de que os seres humanos são partici-
pantes proativos (e não passivos de 
forma reativa) em suas experiências 
(percepção, memória e conheci-
mento). 
 Assim, o conhecimento hu-
mano é: interpessoal, evolutivo e 
proativo; opera em níveis tácitos; a 
experiência humana e o desenvolvi-
mento pessoal refletem processos 
individualizados, auto organizado-
res, que favorecem a manutenção 
dos padrões experienciais (Caro Ga-
balda, 1997). 
Caro Gabalda (1997) sugere 
ainda existir uma grande aproxima-
ção entre os dois primeiros modelos 
acima, uma vez que ambos compar-
tilham de muitos aspectos comuns, 
tais como atribuir os transtornos 
emocionais a disfunções do proces-
samento cognitivo; foco nos proble-
mas específicos e na mudança da 
cognição para obtenção de mudança 
do afeto; intervenções de tempo li-
mitado e de estilo educativo etc. Se-
gundo a autora, as terapias de rees-
truturação cognitiva, cujos autores 
vinham da psicanálise, buscavam 
uma visão distinta sobre a psicopa-
tologia e um interesse pelo método 
experimental. As terapias comporta-
mentais, por sua vez, estavam evolu-
indo em seus modelos de comporta-
mentos encobertos e se envolvendo 
pelo cognitivo, sem abandonar os re-
quisitos mínimos experimentais. 
Entretanto, embora apon-
tando diferenças entre os dois pri-
meiros modelos e o terceiro, Caro 
Gabalda (1997) assume que não 
existe um muro intransponível entre 
eles, sendo possível uma integração. 
A terapia do esquema, desenvolvida 
por Jeffrey Young (Young, Klosko & 
Weishaar, 2003) 
Pode ser um exemplo de abor-
dagem cognitiva integrativa, uma 
vez que reúne características dos 
três modelos apresentados acima 
(Callegaro, 2005; Young et al., 
2003). Para Aaron Beck (1997, p.17): 
 
A terapia cognitiva é uma abor-
dagem ativa, diretiva, estrutu-
rada e de prazo limitado usada 
no tratamento de uma varie-
dade de distúrbios psiquiátri-
cos (ex.: depressão, ansiedade, 
fobias, queixas ligadas a dores. 
etc.). Fundamenta-se numa 
base lógica teórica subjacente, 
segundo a qual o afeto e o com-
portamento de um indivíduo 
são largamente determinados 
pelo modo como ele estrutura o 
mundo (BECK, 1967, 1976). 
 
A esse tipo de terapia com 
prazo determinado, que possui uma 
 
 42 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
programação voltada a um trans-
torno ou queixa específica, os psicó-
logos modernos costumam dar o 
nome de psicoterapia focal, ou seja, 
focada em resolver um determinado 
problema em um período de tempo 
determinado. 
Judith Beck comenta que 
desde o seu início a Terapia Cogni-
tiva foi desenvolvida como “[…] uma 
psicoterapia breve, estruturada, ori-
entada ao presente, para a depres-
são, direcionada a resolver proble-
mas atuais e a modificar os pensa-
mentos e comportamentos disfunci-
onais (BECK, 1964).” (BECK, J., 
1997 p.17). 
Como podemos observar, a 
Terapia Cognitiva é uma psicotera-
pia focada a resolver problemas atu-
ais, levando em consideração a in-
terpretação que o indivíduo faz do 
ambiente que o cerca, ou seja, situa-
ções, fenômenos, pessoas, objetos, 
etc., e como esse ambiente afeta seu 
comportamento. Para a compreen-
são destas relações, a Terapia Cogni-
tiva se baseia no 34 modelo cogni-
tivo, segundo o qual poderíamos 
afirmar que os comportamentos e os 
afetos são determinados pelo modo 
como o indivíduo atribui significa-
ção à realidade, sendo a cognição a 
responsável por mediar os dados do 
mundo externo e as reações senti-
mentais e comportamentais. Como 
confirma o trecho de Judith Beck 
(1997 p.29): 
A terapia cognitiva baseia-se no 
modelo cognitivo, que levanta a 
hipótese de que as emoções e 
comportamentos das pessoas 
são influenciados por sua per-
cepção dos eventos. Não é uma 
situação por si só que deter-
mina o que as pessoas sentem, 
mas, antes, o modo como elas 
interpretam uma situação 
(BECK, A., 1964; ELLIS, 1964). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
 44 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
8. Modelo Cognitivo: 
 
 
Fonte: psicologacarolinaperrotta.com.br8 
 
Acontecimentos > Proces-
samento > Afetos e Ambi-
entais Cognitivo Compor-
tamentos 
 
emos, pois, que, do ponto de 
vista da Terapia Cognitiva, as 
informações externas entram pelos 
órgãos da percepção e passam pelo 
processamento cognitivo, em se-
guida geram os sentimentos e com-
portamentos consequentes. Geral-
mente, as conceituações da Terapia 
Cognitiva são feitas mediante mode-
los, não só através do modelo cogni-
 
8 Retirado em psicologacarolinaperrotta.com.br 
tivo mais geral, comentado anterior-
mente, mas também alguns mais es-
pecíficos, como o modelo cognitivo 
da depressão, o da ansiedade, o do 
vício em álcool e assim por diante, 
todos eles baseados no modelo geral. 
O psicoterapeuta adepto da Terapia 
Cognitiva comumente ensina esses 
modelos aos seus pacientes. 
O intuito dessa prática é de-
monstrar de uma maneira mais ob-
jetiva (na maioria das vezes gráfica) 
os elementos envolvidos na manu-
tenção da patologia e traçar um 
plano de como será desenvolvida a 
T 
 
 45 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
terapia, assim como os mecanismos 
que permitirão a modificação com-
portamental. Os modelos são ma-
neiras esquemáticas que pretendem 
explicar como ocorrem esses proces-
sos. A construção desses modelos, 
no caso da Terapia Cognitiva, é dire-
tamente embasada na prática clí-
nica, como comenta Beck (1997, p. 
24): 
 
O modelo cognitivo da depres-
são evoluiu de observações clí-
nicas sistemáticas e de testes 
experimentais (BECK, A., 1963, 
1964, 1967). Essa interação de 
uma abordagem clínica e expe-
rimental permitiu um desen-
volvimento progressivo do mo-
delo e da psicoterapia derivada 
dele (BECK, A., 1976). 
 
O modelo cognitivo da Terapia 
Cognitiva propõe que a origem dos 
transtornos psicológicos está nas 
distorções da realidade, ou seja, um 
modo disfuncional ou distorcido de 
perceber os acontecimentos, o que 
influência os comportamentos. É 
importante comentar que o modelo 
cognitivo não supõe que a patologia 
cognitiva seja exclusivamente causa 
de síndromes específicas, como por 
exemplo, a Síndrome do Pânico. No 
modelo se assume que “[…] na mai-
oria das vezes, fatores como predis-
posição genética, alterações bioquí-
micas ou conflitos interpessoais es-
tão envolvidos e que a patologia cog-
nitiva contribui para agravar ou per-
petuar um determinado trans-
torno.” (CORDIOLI et al. 2008, 
p.34). 
De acordo com a Terapia Cog-
nitiva, existem três níveis de pensa-
mento, os pensamentos automáti-
cos, as crenças centrais (ou esque-
mas) e as crenças intermediárias. Os 
pensamentos automáticos são aque-
les pensamentos espontâneos que 
ocorrem a partir dos acontecimen-
tos do cotidiano. Estes não são facil-
mente identificados, sendo necessá-
rio um treinamento para identificá-
los. Esses pensamentos automáticos 
podem ser expressos por sentenças 
ou imagens mentais, como “vou me 
atrasar amanhã” ou visualizar a cena 
de chegar atrasado. No caso dos 
transtornos psicológicos, esses pen-
samentos surgem frequentemente 
distorcidos. Destas distorções cogni-
tivas destacamos algumas aponta-
das por: 
1. A inferência arbitrária (con-
junto de respostas) se refere ao pro-
cesso de se chegar a uma conclusão 
específica na ausência de provas 
para sustentá-la, ou quando as pro-
vas são contrárias à conclusão. 
2. A abstração seletiva (conjunto 
de estímulos) consiste em focalizar 
um detalhe retirado do contexto, ig-
norando outros aspectos mais sali-
entes da situação e conceituando a46 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
totalidade da experiência com base 
nesse fragmento. 
3. A hipergeneralização (con-
junto de respostas) se refere ao pa-
drão segundo o qual se chega a uma 
regra ou conclusão geral na base de 
um ou mais incidentes isolados, e se 
aplica o conceito, em espectro am-
plo, a situações relacionadas e não 
relacionadas ao(s) incidente(s). 
4. O exagero e a minimização 
(conjunto de respostas) se reflete em 
erros na avaliação do significado ou 
magnitude de um acontecimento, 
grosseiros a ponto de se constituí-
rem em distorções. 
5. A personalização (conjunto de 
respostas) diz respeito à propensão 
do paciente a relacionar ocorrências 
externas a si mesmo, quando não 
existe base para estabelecer essa re-
lação. 
6. O pensamento absolutista, di-
cotômico (conjunto de respostas) se 
manifesta na tendência a colocar to-
das as experiências em uma de suas 
categorias opostas; por exemplo, 
perfeito ou defeituoso, imaculado ou 
mundo, santo ou pecador. Na des-
crição de si mesmo, o paciente sele-
ciona a categorização negativa ex-
trema”. 
As crenças intermediárias são 
consideradas um segundo nível de 
pensamento, e se dão por suposições 
ou regras. O sujeito pensa: “Se...en-
tão” ou “devo” eu “tenho que”, ou 
seja, “tenho que ser o melhor para 
que gostem de mim, se não o fizer 
então serei excluído dos 36 círculos 
sociais”. Segundo Rangé (2001, 
p.51): “As crenças intermediárias re-
fletem ideias ou entendimentos 
mais profundos e são mais resisten-
tes à mudança do que os pensamen-
tos automáticos”. As crenças inter-
mediárias também podem ser cha-
madas de pressupostos subjacentes 
ou condicionais ou de crenças asso-
ciadas. Estas formam um conjunto 
de crenças, em geral, coerentes que 
oferecem apoio às crenças centrais 
com as quais apresentam relação 
(Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010 
apud Neufeld e Cavenage, 2010). 
 
A Terapia Cognitiva de Aaron 
Beck e outras derivadas dessa ver-
tente, embora tenham surgido em 
meados da década de 50 e início da 
década de 60 do século passado, ob-
tiveram destaque e notoriedade en-
tre os anos 80 e 90. Sendo assim, 
Jean Piaget já havia falecido quando 
a Terapia Cognitiva conseguiu o seu 
posto de destaque ao lado das de-
mais teorias consideradas populares 
na Psicologia, como a Psicanálise, A 
Gestalt, o Behaviorismo (mesmo a 
Análise Experimental do Comporta-
mento) e a Teoria Analítica de C. G. 
Jung, ou seja, as abordagens clínicas 
mais utilizadas atualmente pelos 
psicólogos. 
 
 47 
 
 
 48 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
9. Referências Bibliográficas 
 
BAHLS, S. C. Uma revisão sobre a terapia 
cognitivo-comportamental da depressão 
na infância e na adolescência. Psicologia 
Argumento 21, 47-53. 2003. 
 
BARLOW, D. H. & Cerny, J. A. (1999). Tra-
tamento psicológico do pânico. Porto Ale-
gre: Artmed. 
 
BECK, A. T. (1970). Cognitive therapy: Na-
ture and relation to behavior therapy. Be-
havior therapy, 1(2), 184-200. 
 
BECK, A. T. (2005). The current state of 
cognitive therapy - A 40-year retrospec-
tive. Archives of General Psychiatry, 62(9), 
953-959. doi: 10.1001/archpsyc.62.9.953 
 
BECK, A. T.; Rush, A. J.; Shaw, B. F. & Em-
ery, G. (1982). Terapia cognitiva da de-
pressão. Rio de Janeiro: Zahar. 
 
BECK, A. T.; Rush, A. J.; Shaw, B. F. Tera-
pia cognitiva da depressão. Porto Alegre: 
ARTMED, 1997. 
 
BECK, A. T.; Rush, A.J.; Shaw, B.F; Emery, 
G. Cognitive Therapy of Depression. New 
York: Guilford Press. 1979. 
 
BECK, A. T; Alford, B. A. O poder integra-
dor da terapia cognitiva. Porto Alegre: Ar-
tes Médicas. 2000. 
 
BECK, J. S. (1997). Terapia cognitiva: Te-
oria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas. 
 
CALLEGARO, M. M. (2005). A neurobio-
logia da Terapia do Esquema e o processa-
mento do inconsciente. Revista Brasileira 
de Terapias Cognitivas, 1(1). 
 
CALLEGARO, M. M. (2005). A neurobio-
logía da terapia do esquema e o processa-
mento inconsciente. Revista Brasileira de 
Terapias Cognitivas, 1, 9-20. 
 
CAMINHA, R. M. Wainer, R. Oliveira, M. 
& Piccoloto, N. M. (org) (2007). Psicotera-
pias cognitivo-comportamentais: teoria e 
prática. São Paulo: Casa do psicólogo. 
 
CARO GABALDA, I. (1997). Las psicotera-
pias cognitivas: modelos básicos. Em: I. 
Caro (Org.). Manual de psicoterapias cog-
nitivas (pp.37-52). 3ª Ed. 
 
CORDIOLI, A.V. (Org.) Psicoterapias: 
abordagens atuais. 3ª Edição. Porto Ale-
gre: ArtMed, 2008. 
 
DATTILIO, F. M & Freeman, A. (1998). In-
trodução à terapia cognitiva. Em Dattilio, 
F. M & Freeman, A. (org). Compreendendo 
a terapia cognitiva (pp 19- 28). Campinas: 
Editorial Psy. 
 
DOBSON, K. S. & Block, L. (1988). Histor-
ical and philosophical bases of the cogni-
tive behavioral therapies. Em: K. S. Dob-
son (Orgs.). Handbook of cognitive-behav-
ioural therapies (pp. 3-38). New York: 
Guilford. 
 
DOBSON, K. S. & Scherrer, M. C. (2004). 
História e futuro das terapias cognitivo 
comportamentais. Em: P. Knapp (Org.) 
Terapia cognitivo-comportamental na 
prática psiquiátrica (pp. 42-57). Porto Ale-
gre: Artmed. Dowd, DOBSON, K. S., & 
SCHERRER, M. S. (2004). História e fu-
turo das Terapias Cognitivo Comporta-
mentais. In P. K. (org) (Ed.), Terapia Cog-
ntivo-Comportamental na prática psiquiá-
trica (pp. 42-57). Porto Alegre: Artmed. 
 
DOBSON, K. S., BECK, J. S., & BECK, A. T. 
(2005). The academy of cognitive therapy: 
Purpose, history, and future prospects. 
Cognitive and Behavioral Practice, 12(2), 
263-266. 
 
DOBSON, K.S. & DOZOIS, D.J.A. (2006) 
Fundamentos históricos e filosóficos das 
 
 49 
COMO SURGIU A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 
terapias cognitivo-comportamentais. In) 
K.S.Dobson. Manual de Terapias Cogni-
tivo Comportamentais (pp. 17-43). Porto 
Alegre. Artmed. 
 
ELLIS, A. (1997). El estado de la cuestión 
en la terapia racional-emotiva-conductual. 
Em: I. Caro (Org.). Manual de psicotera-
pias cognitivas (pp.91-101). 3ª Ed. Barce-
lona: Paidós. 
 
GUIDANO, V. E. & Liotti, G. (1983). Cog-
nitive processes and emotional disorders: 
A structural approach to psychotherapy. 
New York: 
 
GUIDANO, V. E. & Liotti, G. (1983). Cog-
nitive processes and emotional disorders: 
A structural approach to psychotherapy. 
New York: 
 
HAWTON, K.; Salkovskis, P. M.; Kirk J.; 
Clark D. M. Terapia cognitivo comporta-
mental para problemas psiquiátricos: um 
guia prático. São Paulo: Martins Fontes. 
1997 
 
JACOBSON, N. S. (1987). Cognitive and 
behavior therapists in clinical practice: An 
introduction. Em: N. S. Jacobson (Org.). 
Psychotherapists in clinical practice (pp. 1-
9). New York: Guilford. 
 
JACOBSON, N. S. (1987). Cognitive and 
behavior therapists in clinical practice: An 
introduction. Em: N. S. Jacobson (Org.). 
Psychotherapists in clinical practice (pp. 1-
9). New York: Guilford. 
 
KASTRUP, V. (2006). A psicologia no con-
texto das ciências cognitivas. Em: A. M. 
Jacó- Vilela; A. A. L. Ferreira & F. T. Por-
tugal (Orgs.). História da Psicologia. Ru-
mos e percursos (pp. 215-238). Rio de Ja-
neiro: Nau Editora. 
 
KAZDIN, A. E. (1983). História de la mo-
dificación de conducta. Bilbao: Desclée de 
Brouwer. 
 
KERBAUY, R. R. (1983). Terapia Compor-
tamental Cognitiva: uma comparação en-
tre perspectivas. Psicologia: ciência e pro-
fissão, 3(2), 9-23. 
 
KNAPP, P. & COLS. Terapia Cognitivo-
Comportamental na Prática Psiquiátrica. 
Porto Alegre: Artes Médicas (Artmed), 
2004. 
 
KNAPP, P. (2004). Princípios fundamen-
tais da terapia cognitiva. Em Knapp, P. 
(org). Terapia cognitivo-comportamental 
na prática psiquiátrica (pp 19-41). Porto 
Alegre: Artmed. 
 
KNAPP, P.; BECK, A.T.Fundamentos, Mo-
delos Conceituais, Aplicações E Pesquisa 
Da Terapia Cognitiva. Revista Brasileira 
de Psiquiatria, São Paulo, v. 30, supl. 2, p. 
s54-s64, outubro, 2008. 
 
KNAPP, Paulo; BECK, Aaron T. Funda-
mentos, modelos conceituais, aplicações e 
pesquisa da terapia cognitiva. Rev. Bras. 
Psiquiatr., São Paulo, v. 30, supl. 2, Out.

Outros materiais