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3 Núcleo de Pós-Graduação Extensão 70h NOVAS TENDÊNCIAS DO ENSINO DA MATEMÁTICA 4 SUMÁRIO MÓDULO I – INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL 05 CONSIDERAÇÕES DO MÓDULO 13 MÓDULO II – TENDÊNCIAS EM INFORMÁTICA EDUCATIVA 14 CONSIDERAÇÕES DO MÓDULO 22 MÓDULO III – ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA COM USO DA TECNOLOGIA 23 CONSIDERAÇÕES DO MÓDULO 31 MÓDULO IV – SOFTWARES EDUCATIVOS E SEU USO EM SALA DE AULA 33 CONSIDERAÇÕES DO MÓDULO 43 MÓDULO V – AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS EDUCATIVOS E SEU ENSINO 44 CONSIDERAÇÕES DO MÓDULO 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55 5 MÓDULO I INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL 1. HISTÓRIA DA INFORMÁTICA EDUCACIONAL NO BRASIL No Brasil, as primeiras iniciativas datam no início da década de 70 do século XX, quando as universidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mobilizaram ações e projetos para pensar o uso do computador na educação. A implantação do programa de informática na educação iniciou-se oficialmente na década de 80, através do I e II Seminário Nacional de Informática na Educação – 1981 e 1982, respectivamente. (ANDRADE e TERUYA, 2008) NASCIMENTO (2007) afirma que a Universidade Federal do Rio de Janeiro foi a primeira a utilizar o computador como ferramenta acadêmica. Segundo consta nos registros, o equipamento era utilizado “como objeto de estudo e pesquisa, propiciando uma disciplina voltada para o ensino da informática.” A partir da década de 70 o Brasil, buscando garantir segurança e desenvolvimento da nação, firmou políticas públicas que garantissem uma produção própria. O governo criou a CAPRE – Comissão Coordenadora das Atividades de processamento Eletrônico, a DIGIBRÁS – Empresa Digital Brasileira e a SEI – Secretaria Especial de Informática. (MORAES, 1997) “Com a criação da SEI, como órgão responsável pela coordenação e execução da Política Nacional de Informática, buscava-se fomentar e estimular a informatização da sociedade brasileira, voltada para a capacitação científica e tecnológica capaz de promover a autonomia nacional, baseada em princípios e diretrizes fundamentados na realidade brasileira e decorrentes das atividades de pesquisas e da consolidação da indústria nacional. Entretanto, para o alcance de seus objetivos seria preciso estender as aplicações da informática aos diversos setores e atividades da sociedade, no sentido de examinar as diversas possibilidades de parceria e solução aos problemas nas diversas áreas intersetoriais, dentre elas educação, energia, saúde, agricultura, cultura e defesa nacional.” (MORAES, 1997) NASCIMENTO (2007) relata que com o intuito de criar propostas que possibilitassem o uso da tecnologia na educação e que garantisse o devido respeito à cultura, valores e interesses da população brasileira, criou-se uma equipe composta por representantes da SEI, do MEC, do Conselho Nacional 6 de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). Esse grupo ficou com a responsabilidade de planejar as primeiras ações para o estudo na área. “Naquele mesmo ano, foram elaboradas as primeiras diretrizes ministeriais para o setor, estabelecidas no III Plano Setorial de Educação e Cultura - III PSEC, referente ao período de 1980/1985. Essas diretrizes apontavam e davam o devido respaldo ao uso das tecnologias educacionais e dos sistemas de computação, enfatizando as possibilidades desses recursos colaborarem para a melhoria da qualidade do processo educacional, ratificando a importância da atualização de conhecimentos técnico-científicos, cujas necessidades tinham sido anteriormente expressas no II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND, referente ao período de1975-1979.” (MORAES, 1997) MORAES (1997) destaca que, para que a equipe pudesse discutir e planejar estratégias que viessem de interesse as necessidades da comunidade nacional, eles teriam de estar em contato permanente com a área técnico-científica. Desta forma, no período de 25 a 27 de agosto de 1981 realizou-se o I Seminário Nacional de Informática na Educação, na Universidade de Brasília. O seminário contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais que visavam defender a importância de se pesquisar o uso da tecnologia como uma “ferramenta auxiliar do processo de ensino-aprendizagem”. No seminário “o computador foi reconhecido como um meio de ampliação das funções do professor e jamais como ferramenta para substituí-lo.” (MORAES, 1997) MORAES (2002) apud BADELI e SOUSA (2008) relata que foi nessa primeira edição do Seminário Nacional de Informática na Educação que o EDUCOM (Projeto Brasileiro de Informática na Educação) foi idealizado e movimentado por outros projetos de pesquisas de universidades brasileiras. As ideias estavam voltadas a discussão da possibilidade de informatizar o ensino público brasileiro, conhecer outras linguagens de computador e ainda ajustar à informática as necessidades da sociedade nacional. No projeto o computador teria um papel complementar às atividades educativas com o objetivo de “possibilitar o desenvolvimento de habilidades intelectuais específicas requeridas pelos diferentes conteúdos”. (MORAES, 1997 apud BADELI e SOUSA, 2008) 7 Em 1997 foi lançado o PROINFO que deu sequência às atividades na área de informática na educação. O projeto foi idealizado pela SEED – Secretaria de Educação à Distância e patrocinado pelo BIRD, e teve como objetivo “disseminar o uso pedagógico das tecnologias de informática e telecomunicações nas escolas públicas de ensino fundamental e médio pertencentes às redes estadual e municipal”. (BRASIL, 1997 apud BADELI e SOUSA, 2008) Segundo BRASIL (1997) apud BADELI e SOUSA (2008) o objetivo do projeto era “estruturar um sistema de formação continuada de professores no uso das novas tecnologias da informação, visando o máximo de qualidade e eficiência”. BRASIL (1997) apud BADELI e SOUSA (2008) ressalta que para se alcançar os objetivos previstos tanto os recursos humanos quanto os professores, além de serem capacitados quanto aos equipamentos, deveriam também ser inseridos em uma nova cultura de informação e comunicação. “Seleção e capacitação de professores oriundos de instituições d e ensino superior e técnico- profissionalizante, destinados a ministrar a formação dos professores multiplicadores; seleção e formação de professores multiplicadores, oriundos da rede pública de ensino de 1º e 2º graus e de instituições de ensino superior e técnico-profissionalizante [...]” (BRASIL,1997 apud BADELI e SOUSA, 2008). De acordo com BADELI e SOUSA (2008) o MEC, através da Secretaria de Educação à Distância SEED, divulga em 2002 um primeiro relatório Preliminar de Avaliação do PROINFO, realizada por representantes da Universidade de Brasília no final de 2001. Mesmo os dados coletados indicando satisfação do projeto por parte dos docentes, “a realidade da maioria dos professores da rede pública no país revela a precariedade dascondições de trabalho, falta de material de apoio e salas superlotadas o que dificulta atividades pedagógicas com o auxílio do computador.” “Contudo, no cenário de uma sociedade em que a informação e o conhecimento estão em evidência, o professor depara-se com novos desafios dentre eles o acesso aos recursos da tecnologia da informação, manuseio do computador e o desenvolvimento de uma prática crítica desses recursos modernos.” (BADELI e SOUSA, 2008) NASCIMENTO (2007) apresenta o PRONINFE – Programa Nacional de Informática Educativa aprovado em 1989 sob a Portaria Ministerial de nº 549/GM, programa que tinha como objetivo o desenvolvimento da informática educativa no Brasil sob o formato de projetos e atividades integrados “apoiados em fundamentação pedagógica sólida e atualizada de modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos.” 8 “Simultaneamente à criação do PRONINFE, cuja coordenação passou a ser exercida por uma Comissão Geral de Coordenação subordinada à Secretaria-Geral do MEC, foram iniciadas gestões junto à Secretaria Especial de Informática (SEI) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), visando à inclusão de metas e objetivos do programa como parte integrante do II PLANIN, Plano Nacional de Informática e Automação, para o período de 1991 a 1993. O PLANIN foi aprovado pelo Conselho Nacional de Informática e Automação (CONIN), um colegiado que era constituído pelos ministros de Estado das diferentes áreas setoriais e representantes da indústria nacional e posteriormente transformado em lei.” (MORAES, 1997) A autora relata que a inclusão das ações do PRONINFE foi muito relevante para facilitar o financiamento de diferentes bolsas de estudos e outros benefícios decorrentes. “A área de Informática Educativa passou então a ser um dos destaques do Programa de Capacitação de Recursos Humanos em áreas Estratégicas - RHAE, do Ministério de Ciência e Tecnologia.” Uma das ações que mais se destacou foram às atividades relacionadas com a capacitação dos professores e representantes do sistema de ensino, o “desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada”, a criação de “centros de informática educativa, produção, aquisição, adaptação e avaliação de softwares educativos.” (MORAES, 1997) “O PLANINFE, assim como o PRONINFE, destacava, como não poderia deixar de ser, a necessidade de um forte programa de formação de professores, acreditando que as mudanças só ocorrem se estiverem amparadas, em profundidade, por um intensivo e competente programa de capacitação de recursos humanos, envolvendo universidades, secretarias, escolas técnicas e empresas como o SENAI e SENAC.” (MORAES, 1997) De acordo com a autora, após 1992 foi criada uma assinatura específica no Orçamento da União para financiamentos das atividades dessa área. CRONOLOGIA DATAS FATOS Agosto/81 Realização do I Seminário de Informática na Educação, Brasília/DF, UNB. Promoção MEC/SEI/CNPq. Dezembro/81 Aprovação do documento: Subsídios para a implantação do programa de Informática na Educação - MEC/SEI/CNPq/FINEP. Agosto/82 Realização do II Seminário Nacional de Informática na Educação, UFBa/Salvador/Bahia. Janeiro/83 Criação da Comissão Especial Nº 11/83- Informática na Educação, Portaria SEI/CSN/PR Nº 001 de 12/01/83. Julho/83 Publicação do documento: Diretrizes para o estabelecimento da Política de Informática no Setor de Educação, Cultura e Desporto, 9 aprovado pela Comissão de Coordenação Geral do MEC, em 26/10/82 Agosto/83 Publicação do Comunicado SEI solicitando a apresentação de projetos para a implantação de centros-piloto junto as universidades. Março/84 Aprovação do Regimento Interno do Centro de Informática Educativa CENIFOR/FUNTEVÊ_, Portaria nº 27, de 29/03/84. Julho/84 Assinatura do Protocolo de Intenções MEC/SEI/CNPq/FINEP/ FUNTEVÊ_ para a implantação dos centros-piloto e delegação de competência ao CENIFOR. Julho/84 Expedição do Comunicado SEI/SS nº 19, informando subprojetos selecionados: UFRGS, UFRJ, UFMG, UFPe e UNICAMP. Agosto/85 Aprovação do novo Regimento Interno do CENIFOR , Portaria FUNTEVÊ_ nº246, de 14/08/85. Setembro/85 Aprovação Plano Setorial: Educação e Informática pelo CONIN/PR. Fevereiro/86 Criação do Comitê Assessor de Informática na Educação de 1º e 2º graus - CAIE/SEPS. Abril/86 Aprovação do Programa de Ação Imediata em Informática na Educação. Maio/86 Coordenação e Supervisão Técnica do Projeto EDUCOM é transferida para a SEINF/MEC. Julho/86 Instituição do I Concurso Nacional de "Software" Educacional e da Comissão de Avaliação do Projeto EDUCOM: Abril/86 Extinção do CAIE/SEPS e criação do CAIE/MEC. Junho/87 Implementação do Projeto FORMAR I, Curso de Especialização em Informática na Educação, realizado na UNICAMP. Julho/87 Lançamento do II Concurso Nacional de Software Educacional. Novembro/87 Realização da Jornada de Trabalho de Informática na Educação: Subsídios para políticas, UFSC, Florianópolis/SC. Novembro/87 Início da Implantação dos CIEd. Setembro/88 Realização do III Concurso Nacional de Software Educacional. Janeiro/89 Realização do II Curso de Especialização em Informática na Educação - FORMAR II Maio/89 Realização da Jornada de Trabalho Luso Latino-Americana de Informática na Educação, promovida pela OEA e INEP/MEC, PUC/Petrópolis/RJ. Outubro/89 Instituição do Programa Nacional de Informática Educativa PRONINFE na Secretaria-Geral do MEC. Março/90 Aprovação do Regimento Interno do PRONINFE. Junho/90 Reestruturação ministerial e transferência do PRONINFE para a SENETE/MEC. Agosto/90 Aprovação do Plano Trienal de Ação Integrada - 1990/1993. Setembro/90 Integração de Metas e objetivos do PRONINFE/MEC no PLANIN/MCT. Fevereiro/92 Criação de rubrica específica para ações de informática educativa no orçamento da União. Abril/97 Lançamento do Programa Nacional de Informática na Educação PROINFO. 10 Tabela 1. Cronologia das políticas públicas na área da informática na educação Fonte: https://ead.ufrgs.br/rooda/biblioteca/abrirArquivo.php/turmas/5130/materiais/7059.pdf 2. POSSIBILIDADES E CONTRADIÇÕES DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO De acordo com ANDRADE e TERUYA (2008) tecnologias como o computador e a internet infelizmente ainda são ferramentas de uma sociedade capitalista, nem todos tem acesso. Dessa forma, possibilitar a informática na educação, principalmente em escolas públicas, é contribuir com o processo de democratização, diminuindo com a desigualdade e proporcionando oportunidade educacional para todos. “Neste sentido, o uso das tecnologias pode contribuir para a inclusão digital dos alunos de ensino básico da rede pública.” Figura 1. Inclusão digital nas escolas Fonte: http://ntecastanhal.blogspot.com.br/2009/03/curso-tecnologia-na-educacao-ensinando.html É importante que as escolas públicas possibilitem aos alunos o uso dos recursos tecnológicos necessários e também, disponibilizem professores capacitados ao uso dessas tecnologias para que o desenvolvimento e aprimoramento dos conhecimentos sejam significativos. (ANDRADE e TERUYA, 2008) As autoras ressaltam que: “Atualmente, quem não está familiarizado com as tecnologias de informação e comunicação é considerado um “analfabeto tecnológico”. Inúmeras publicações em jornais e em revistas especializadas tratam o computador como ferramenta indispensável ao processo de ensino e de aprendizagem.” https://ead.ufrgs.br/rooda/biblioteca/abrirArquivo.php/turmas/5130/materiais/7059.pdf 11 LIBÂNEO (1999) apud ANDRADE e TERUYA (2008) ressalta a importância da formação do professor que deve abranger uma vasta linguagem midiática para que o mesmo proporcione aos alunos aulas coerentes com o conteúdo, diversificadas e motivadoras. “Para inovar a metodologiado professor e superar o analfabetismo tecnológico, é preciso investir na formação de educadores para assumir uma postura ética na sociedade e na vida profissional. A participação no processo de construção de uma nova sociedade, na qual todos possam usufruir os benefícios das conquistas científicas, no âmbito da escola, deve ser uma reivindicação da comunidade escolar.” (ANDRADE e TERUYA, 2008) Segundo as autoras, o uso da tecnologia na educação requer um grande conhecimento do educando. Ele tem que saber quais objetivos quer atingir com a proposta e uso do recurso. O educando deve lembrar que só o acesso à informação não significa acesso ao conhecimento. Deve existir uma integração entre professor e aluno para a construção desse conhecimento articulado com o uso correto do recurso tecnológico. Usufruir de forma correta das tecnologias na educação trás benefícios tanto ao educador quanto ao educando. ANDRADE e TERUYA (2008) citam uma série de possibilidades que o uso dos computadores pode proporcionar na aquisição do conhecimento: A interação com uma grande quantidade de informações, de maneira atrativa e motivadora, que favorece a aprendizagem ativa e cooperativa; Possibilidades de problematizar situações, simular reações de alguns conteúdos, por meio de programas específicos; A reflexão sobre o resultado das ações desenvolvidas, aprendendo a criar novas soluções, provocando o desenvolvimento de processos metacognitivos; A realização de cálculos complexos e recursos que permitem a construção de objetos virtuais, imagens digitalizadas, que favorecem a leitura e construção de representações espaciais; Múltiplas revisões e correções no texto, com inserção de objetos novos e recursos variados em um hipertexto. “Se a informática é uma tecnologia que pode contribuir para ampliar o acesso à informação, a tarefa dos professores é conhecer essa ferramenta e utilizá-la para desenvolver no aluno as percepções da realidade social.” (ANDRADE e TERUYA, 2008) 12 Na visão de ANDRADE e TERUYA (2008) o docente deve planejar adequadamente o uso do recurso tecnológico nas aulas para que a inclusão digital nas escolas seja significativa e auxilie na melhoria da qualidade de ensino-aprendizagem. “A formação de cidadãos críticos, capazes de compreender as implicações positivas e negativas das tecnologias de informação e comunicação deve ser uma meta de todos os profissionais da educação.” CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo tinha como objetivo discorrer sobre a história da informática educacional no Brasil e as possibilidades e contradições do seu uso educacional. A informática educativa brasileira hoje se encontra em um nível de consistência adquirido através das atividades e ações que nela se desenvolvem. É importante ressaltar que grande parte dos resultados obtidos foram decorridos dos Projetos EDUCOM e PROINFO, e também dos esforços oriundos dos representantes técnicos das secretarias de educação, que junto com os educadores se dedicaram na implementação das atividades junto as escolas públicas. Viu-se que para que as estratégias fossem implantadas a fim de desenvolver a informática educativa no Brasil foram necessários a participação da comunidade acadêmico-científica nacional definindo os caminhos necessários para a execução dos projetos; a construção de modelos informatizados para educação partindo-se de pesquisa aplicada; e, por último, do Ministério da Educação e de especialistas brasileiros de renome que auxiliaram colaborando com suas análises e discussões para se definir as estratégias mais relevantes. Além de políticas educacionais, a formação de professores para a atuação junto as novas tecnologias é um assunto de grande importância. Sendo o ambiente escolar um local de formação humana onde, para muitas pessoas, é o único lugar de acesso ao conhecimento, o uso do computador e internet de forma crítica e consciente exige um certo preparo do docente. Para que ele atue 13 positivamente na construção do conhecimento deve desenvolver uma prática crítica e problematizadora buscando a integração da realidade com a tecnologia em questão. MÓDULO II TENDÊNCIAS EM INFORMÁTICA EDUCATIVA 1. PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ATUALIDADE “O processo educacional tem sido o foco de debates na educação, o que contribuiu plenamente para a sua evolução sob vários ângulos, pode-se citar, por exemplo, os procedimentos metodológicos utilizados pelos docentes e o reconhecimento da formação educacional dos alunos, como pontos-chaves dessa discussão.” (SILVA, 2011) Segundo GADOTTI (2000) apud SILVA (2011) o declínio da educação tradicional se deu início no movimento renascentista e a educação nova que surgiu a partir da obra de Rousseau, teve seu ápice de desenvolvimento nos últimos dois séculos adquirindo muitas conquistas na área das ciências da educação e junto às metodologias de ensino. O ensino tradicional representa a educação centrada no professor que tem a função de “vigiar” os alunos, ensinar e corrigir a matéria. Esse tipo de metodologia tem como objetivo a transmissão de conhecimento de forma expositiva e sequencial com o destaque na repetição de exercícios para a fixação e memorização dos conteúdos. (ZACHARIAS, 2007 apud GRZESIUK, 2008) Segundo GRZESIUK (2008) “o aprendizado segue uma sequência estática: o professor fala, o aluno ouve e aprende.” Assim sendo, o aluno não tem um papel ativo na aprendizagem e construção de seu conhecimento. O professor visto como detentor de conhecimento transmite os conhecimentos para a formação do aluno através de uma prática pedagógica conservadora sobrecarregada de informação. 14 Figura 2. Esquema simplificado do ensino tradicional. Fonte: http://www.cempem.fe.unicamp.br/lapemmec/coordenacao/logo/texto-tesedoutorado-educa-matema.pdf Na visão de ALENCAR (1996) apud GRZESIUK (2008) o ensino tradicional esta desatualizado e longe de atender as necessidades da sociedade moderna. O autor ainda cita algumas características do ensino tradicional que atrapalham o desenvolvimento dos alunos: É destacada a incompetência, a ignorância e a incapacidade do aluno, inibindo o surgimento de talentos e habilidades de cada um; Um ensino onde se valoriza a repetição e memorização do conhecimento; Desprestigia a imaginação e a fantasia como desenvolvimentos importantes da mente; Exercícios com resposta única onde não se trabalha e analisa o erro e sim cultua o fracasso e o medo; Descaso em cultivar uma visão otimista do futuro; As habilidades cognitivas são desenvolvidas de forma precária e limitadas. SILVA (2011) afirma: “A escola contemporânea apresenta dificuldades em acompanhar o desenvolvimento acelerado que a cerca, as informações são captadas e atualizadas em questão de segundos, trazendo um desconforto e até um comprometimento à prática educativa. Isso desencadeia um péssimo sentimento de ineficiência para a sala de aula, que se transforma em um ambiente irrelevante para o fortalecimento do conhecimento.” 15 Para a autora, a escola deve rever suas práticas pedagógicas com o objetivo de se adequar a situações atuais considerando posição social e o aperfeiçoamento do saber. “O professor da atualidade, que contém uma visão mais aguçada e que almeja um ensino de qualidade, já incorpora em suas práticas pedagógicas, itens como a televisão e a internet, contudo, muitos ainda trabalham com recursos tradicionais.” (SILVA, 2011) “Os que defendem a informatização da educação sustentam que é preciso mudar profundamente os métodos de ensino para reservar ao cérebro humano o que lhe é peculiar, a capacidade de pensar, em vez de desenvolver a memória. Para ele, a função da escola será, cada vez mais, a de ensinar a pensar criticamente. Para isso é preciso dominar maismetodologias e linguagens, inclusive a linguagem eletrônica.” (GADOTTI, 2000 apud SILVA, 2011) Para LIBÂNEO (2004) apud SILVA (2011), a forma de aprender está ligada a for ma de ensinar, portanto o resultado positivo ou negativo da construção do conhecimento do aluno deverá ser resultado da formação do próprio professor. “[...] o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.” (GADOTTI, 2000 apud SILVA, 2011) O professor é a ponte de ligação entre o aluno e o conhecimento e este deve proporcionar ao educando subsídios para que ele desenvolva suas competências e habilidades de maneira significativa, ou seja, “estimular a sua capacidade cognitiva conforme os quatro pilares do conhecimento: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.” (SILVA, 2011) Para a autora, “os tempos modernos pedem que o desenvolvimento educacional seja direcionado à aquisição de competências, objetivando a reflexão do aluno sobre a realidade.” Sendo assim, o educador deve buscar novas prática pedagógicas, procurar desenvolver aulas atrativas e estimulantes sempre se levando em consideração o respeito pelas diferenças para melhor atender a essas necessidades e proporcionar ao aluno um ensino de qualidade. 16 SILVA (2011) indaga que os projetos pedagógicos da escola contemporânea já incluem o uso das novas tecnologias como fonte de apoio a construção do conhecimento. 2. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO (TIC) Segundo SILVA (2011) Tecnologia de Informação e Comunicação “é um conjunto de recursos tecnológicos que facilitam a comunicação de vários tipos de processos existentes nas atividades profissionais, ou seja, são tecnologias usadas para reunir, distribuir e compartilhar informações.” Para BARBOSA, MOURA e BARBOSA (2004) para compreender o significado e a abrangência da TIC, deve-se analisar as diversas formas de apresentação da informação e as funções que podem ser aplicadas sobre as elas . “As tecnologias da informação podem ser vistas como os recursos tecnológicos para se aplicar às funções da informação em suas diversas formas.” Quadro 1. A convergência da Tecnologia da Informação Fonte: http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/arts/inclus%C3%A3o%20das%20tecnologias.pdf “A incorporação das TIC´s às aulas está sujeita a questões de ordem econômico política. Por isso, conhecer a finalidade de cada uma delas, avaliando suas virtudes e limitações e as intenções que verdadeiramente estão por detrás de propostas pedagógicas que as sustentam, pode ser um dos melhores caminhos para se evitar, de um lado, uma maior exploração do trabalho docente e, de outro, uma maior perda de qualidade da educação.” (OLIVEIRA, 2007 apud SILVA, 2011) GRAÇA (2007) apud SILVA (2011) expõe os pontos positivos de se incorporar a TIC na educação: Novos objetivos para a educação que emergem uma sociedade de informação e da necessidade de exercer uma cidadania participativa, crítica e interveniente; Novas concepções acerca da natureza dos saberes, valorizando o trabalho cooperativo; 17 Novas vivências e práticas escolares, através do desenvolvimento de interfaces entre escolas e instituições, tais como bibliotecas, museus, associações de apoio à juventude, entre outros; Novas investigações científicas em desenvolvimento no ensino superior, entre outros. SILVA (2011) acredita que a TIC é capaz de proporcionar uma melhor integração entre professor e aluno através dos recursos tecnológicos. GEAQUINTO (2008) apud SILVA (2011) define recursos tecnológicos: “[...] instrumentos que funcionam como mediadores na transmissão e/ou troca de dados entre todos os membros da comunidade acadêmica e demais envolvidos e podem ser mais ou menos sofisticados.” É através desses recursos que o professor vai motivar e estimular a construção do conhecimento da aluno. Segundo POCHO, AGUIAR e SAMPAIO (2003) apud SILVA (2011) os recursos tecnológicos podem ser classificados em independentes que não precisam de aparelhos eletrônicos para o seu acontecimento (exemplo giz, quadro-negro, cartaz, livro etc) e dependentes mais propriamente as TICs, que instigam a aprendizagem, pois são modernos e interativos (exemplo retroprojetor, TV, projetor de slides, DVD, computadores, software entre outros). Seguindo essa classificação, vê-se que a tecnologia não se relaciona só com computadores e internet, mas também com toda técnica que permite o professor estabelecer uma relação entre o conteúdo e a vida real. (SILVA, 2011) “Com a propagação da internet, a educação passa a ter mais possibilidades de ampliação do processo de aprendizagem. Várias são as ferramentas que podem auxiliar nesse contexto: world wide web (www), chats, videoconferências, enquetes fóruns, correio eletrônico (e- mail) e softwares educacionais. Ferramentas como os blogs, mensageiros instantâneos e sites de relacionamento (orkut, my space, facebook,etc) também constituem-se em TICs que se utilizadas a favor do processo de ensino-aprendizagem, facilitam a interação professor-aluno, contudo, esses instrumentos não trarão nenhum tipo de contribuição para o processo se usados de maneira descompromissada com a educação.” (SILVA, 2011) Para a autora, computadores e internet hoje são os instrumentos mais utilizados nas práticas pedagógicas através de laboratórios de informática, que muitas vezes faz parte do projeto, mas não são utilizados pelos docentes. 18 BRIGNOL (2004) apud SILVA (2011) relata que o uso do computador conectado a internet representa uma poderosa ferramenta que auxilia significativamente na prática pedagógica apoiando o processo de ensino e aprendizagem e proporcionando ao aluno chances de formar seus conhecimentos de uma maneira “integrada, participativa e cooperativa”. SILVA (2011) destaca a importância de o profissional rever suas práticas e analisar qual o recurso tecnológico mais adequado ao alcance dos seus objetivos. 3. APERFEIÇOAMENTO DO PROCESSO DE ENSINOAPRENDIZAGEM ATRAVÉS DO USO DAS TECNOLOGIAS “O aprimoramento da prática pedagógica por meio de recursos tecnológicos, exige dedicação do professor, aumentando-se as horas de trabalho e a busca por materiais inovadores, com a finalidade de organizar e planejar aulas mais atrativas e criativas.” (SILVA, 2011) DEBALD (2007) apud SILVA (2011) relata que o uso das tecnologias em sala de aula acontece de forma lenta e gradual. Para que ocorra o uso adequadamente das tecnologias, o professor além do domínio dos recursos tecnológicos deve também ter o conhecimento de como usar esses recursos para reforçar o processo de ensino e aprendizagem. O professor deve estruturar o seu planejamento de aula inserindo os novos recursos, aperfeiçoando o ensino e aprendizagem e estimulando a construção do conhecimento e capacidade de reflexão do aluno. (SILVA, 2011) RÖRIG e BACKES (2011) apud SILVA (2011) afirmam que: “Ao estruturar sua proposta pedagógica, utilizando tecnologia digital, o professor precisa estabelecer vínculos com os alunos, conhecer seus interesses, saber o que o aluno já sabe, o que o aluno não sabe e o que ele gostaria de saber. Motivar o aluno a fazer parte da proposta pedagógica, colocando-o a par sobre o que será abordado e convidando-o a contribuir.” “O emprego das tecnologias de informação e comunicação no sistema escolar instiga a curiosidade do educando, desperta seu interesse, vontade de conhecer diferentes fenômenos, aumentando sua percepção espacial.” (SILVA, 2011) 19 Para a autora, o docente deve ser capaz de despertarno aluno interesse e participação trazendo para o aluno, inserido nas tecnologias, uma integração de entre conteúdos e sua realidade social. ARAÚJO e YOSHIDA (2010) apud SILVA (2011) afirmam que o professor dever ser um profissional criativo buscando planejar sua prática pedagógica visando uma aprendizagem satisfatória e significativa. Assim sendo, ele deve buscar novos caminhos, investir em novos projetos e transformar a realidade escolar utilizando a tecnologia como ferramenta para melhorar e motivar a busca pelo conhecimento. SILVA (2011) relata que: “O aprimoramento das técnicas de ensino através das tecnologias de informação e comunicação é uma meta a ser alcançada por estes profissionais, o esmero é algo que se consegue com a prática, com o saber fazer, a capacitação precisa ser contínua, tendo em vista novas experiências sempre estarem surgindo, originando fatos interessantes a serem examinados no âmbito educacional.” Figura 3. Significado da informática aplicada na educação Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-informatica-aplicada-na-educacao.htm http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-informatica-aplicada-na-educacao.htm 20 Para MORAES (1997) apud BARBOSA, MOURA e BARBOSA (2004) “a população escolar precisa ter oportunidades de acesso a esses instrumentos e adquirir capacidade para produzir e desenvolver conhecimentos utilizando a TIC”. Uma reforma e ampliação do sistema de produção e difusão do conhecimento possibilita o acesso à tecnologia. Mas somente o acesso à tecnologia não é o aspecto tão importante e sim uma forma de criar novos ambientes de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas (MORAES, 1997). CONSIDERAÇÕES FINAIS Viu-se neste capítulo a grande importância que se tem a incorporação de tecnologia na prática pedagógica. Muitos profissionais ainda aplicam técnicas tradicionais e sentem com isso uma maior dificuldade de se aproximar dos alunos. Mesmo diante da modernização na área educacional, professores ainda persistem em trabalhar com a Pedagogia Tradicional por muitas vezes não conseguir fazer a integração entre conteúdo e tecnologia. O computador como ferramenta de apoio ao processo de ensino e aprendizagem proporciona ao educando e educador uma reflexão crítica sobre as situações do seu cotidiano. O docente para proporcionar um ensino significativo com o uso da tecnologia deve ter domínio não só do conteúdo e sim também da ferramenta e principalmente saber fazer a integração entre ambos para que a aula não perca o seu objetivo final. Profissionais devem ter uma capacitação contínua para estar sempre atualizando seus conhecimentos e práticas a fim de atender as novas necessidades sociais. Fazer um bom 21 planejamento das aulas também se faz necessário para que o docente possa ter uma ideia dos pontos críticos da atividade, onde seus alunos possam a vir ter dificuldades. O apoio de toda comunidade escolar também é de grande importância para que a nova prática tenha resultados positivos. Enfim, a inclusão de tecnologias na educação surgiu para modificar positivamente o perfil do educador que deixa de ser o detentor maior do conhecimento e passa a explorar junto dos alunos o que a tecnologia tem a oferecer. Com isso mostra ao aluno que como professor também pode aprender. Isso contribui para uma melhor integração entre professor e aluno que passa a ser maior e mais real. Assim sendo, as novas tecnologias trouxeram para educação uma maior qualidade ao processo de ensino e aprendizagem aumentando as potencialidades de informação e integração. MÓDULO III ENSINO APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA COM O USO DA TECNOLOGIA 1. INTRODUÇÂO A relação de ensino entre a matemática e a informática requer uma reflexão para ser compreendida. Em muitos anos, o ensino da matemática segue métodos tradicionais, centrados no docente, em uma transmissão de conhecimentos e memorização onde o aluno se resume a um papel passivo. (COTTA JÚNIOR, 2002) A substituição de um ensino tradicional por novas tecnologias é o que se espera para área educacional. Deve ser feita de modo gradativo por consequência de uma série de obstáculos que deverão ser enfrentados tanto pelos docentes como pelos alunos e até mesmo a instituição. Problemas estes que vão desde a falta de recursos materiais adequados até a resistência do corpo docente com a inclusão na prática pedagógica. A orientação pedagógica se faz presente para que 22 docentes possam escolher softwares a adequados podendo assim alcançar os objetivos finais proporcionando uma melhoria significativa ao aprendizado do aluno. (COTTA JÚNIOR, 2002) GRAVINA e SANTAROSA (1998) apud COTTA JÚNIOR (2002) acreditam que ambientes informatizados proporcionam ao docente a oportunidade de trabalhar conteúdos em uma visão construtivista onde o conhecimento é construído a partir de percepções e ações do sujeito aluno constantemente mediado pelo docente. Para as autoras, a aprendizagem da Matemática sob a ótica construtivista: “[...] depende de ações que caracterizam o fazer Matemática: experimentar, interpretar, visualizar, induzir, conjecturar, abstrair, generalizar e enfim demonstrar. É o aluno agindo, diferentemente de seu papel passivo frente a uma apresentação formal do conhecimento, baseada essencialmente na transmissão ordenada de fatos, geralmente na forma de definições e propriedades. Numa tal apresentação formal e discursiva, os alunos não se engajam em ações que desafiem suas capacidades cognitivas, sendo-lhes exigido no máximo memorização e repetição, e não são autores das construções que dão sentido ao conhecimento matemático.” 2. A EDUCAÇÂO MATEMÁTICA E A INFORMATIZAÇÃO D‟AMBROSIO (1990) apud MISKULIN (2000) ressalta a importância do uso de tecnologias no contexto educacional independente da classe social. Para o autor, a escola tem obrigação de expor a aluno ao contato com a tecnologia, seja ela através de computadores, calculadoras entre outros. Para o aluno, a oportunidade dessa vivência será um incentivo não só para a construção do seu conhecimento como também para seu caráter como cidadão. O manuseio de tecnologias garante ao aluno a oportunidade de concorrer a melhores oportunidades de trabalho e a Educação Matemática não pode ignorar o fato de participar dessa construção. Segundo MISKULIN (2000) a matemática deve ser conduzida por metodologias que contribuam para formação do educando. Ele deve vivenciar processos educacionais que façam sentido ao seu cotidiano e a sua integração na sociedade. “Sem uma educação matemática, com qualidade, a criança ou o jovem talvez não tenham oportunidades de crescerem no saber matemático, 23 saber esse importante para sua qualificação em qualquer área.” Dessa forma, vê se a importância da construção do saber matemático integrado ao contexto tecnológico. “Explorar as possibilidades tecnológicas, no âmbito do contexto ensino/aprendizagem deveria constituir necessariamente uma obrigação para a política educacional, um desafio para os professores e, por conseguinte, um incentivo para os alunos descobrirem, senão todo o universo que permeia a Educação, pelo menos o necessário, nesse processo, para sua formação básica, como ser integrante de uma sociedade que se transforma a cada dia.” (MISKULIN, 2000) O professor de matemática deve procurar trabalhar contextos favoráveis à criatividade do educando. Com isso, possibilitará novas formas de conhecimento e compreensão ao indivíduo que lhe servirão futuramente como ferramenta positiva na integração do mercado de trabalho competitivo. (MISKULIN, 2000) Para MISKULIN (2000) a abordagem da Educação Matemática em um contexto tecnológico requer muita reflexão e estudo. Com a disponibilidadedas tecnologias, é inaceitável que a matemática seja ensinada de forma tradicional com conteúdos desvinculados e fora da realidade do aluno. Os recursos tecnológicos disponíveis como apoio ao ensino e aprendizagem da matemática faz com que o currículo tradicional se torne “obsoleto e ultrapassado”. Na visão de COTTA JÚNIOR (2002) a inclusão da tecnologia deve estar acompanhada de “mudanças adequadas na orientação pedagógica da educação” para que o uso das mesmas não seja apenas vista como uma sofisticação da instituição. É a oportunidade para que mudanças pedagógicas aconteçam favorecendo o ensino e aprendizagem do aluno. Vale ressaltar que as mudanças devem ocorrer a nível institucional e principalmente em nível de docência. Só a introdução da tecnologia, do computador, por exemplo, não significa qualidade no ensino, precisa existir todo um contexto que isso ocorra. O autor ressalta que é importante o planejamento do uso da tecnologia para que a aprendizagem tenha um significado positivo. “O computador é uma máquina que obedece a um programa. Esse programa deve ser adequado aos objetivos que se quer alcançar com o uso da máquina. Assim, é de fundamental importância, no uso do computador, a escolha do software adequado.” 24 “Para funcionar, o computador necessita de softwares específicos. O computador, sozinho, nada faz. O software é que faz a diferença. Um software adequado torna o computador um instrumento precioso para o aprendizado. Assim, a introdução do computador, na escola, precisa vir acompanhada de mudanças pedagógicas adequadas, e, junto com a máquina, é necessário pesquisar tipos mais adequados de software a serem usados. É, talvez, importante salientar este ponto: o computador sem o software adequado de nada serve para a qualidade da educação.” (COTTA JÚNIOR, 2002) O autor destaca que o uso de softwares nas aulas de matemática deve proporcionar tanto ao professor quanto ao aluno a oportunidade de vivenciar situações relacionadas com a prática da matemática, propiciando o uso de técnicas e estratégias a fim de se alcançar resultados e estimulando o raciocínio lógico. Mas para que isso ocorra tanto a escolha quanto o uso do software devem ser adequados. Isso requer grande conhecimento por parte do docente para que se tenha uma melhor interação entre “aluno-professor-software-professor”, ou seja, é o mínimo para que o ensino e aprendizagem da Matemática, com o uso da tecnologia, tragam resultados favoráveis para a escola. 2.1. A INFORMÁTICA EDUCATIVA De acordo com MERLO e ASSIS (2010) “O trabalho com softwares educativos, produzidos especialmente ou não para as atividades de ensino pode ser uma alternativa para o uso da informática na educação. Um dos pontos mais importantes dessa questão diz respeito aos softwares educativos, uma alternativa da informática que vem sendo muito utilizado pelas escolas como ferramenta de auxilio ao professor.” Para os autores, o computador hoje é usado como ferramenta educacional que auxilia no desenvolvimento do aprendizado do aluno. A diversidade de programas educacionais de diferentes modalidades mostra que a tecnologia hoje se faz como um instrumento muito importante no processo de ensino e aprendizado. MERLO e ASSIS (2010) relatam que a conceituação de informática educativa teve muitos sentidos, alguns voltados para temas específicos do currículo, outros para exercícios de fixação que mais representavam páginas de livros no monitor, outros ainda se apresentavam em exercícios como treinamento criando hábitos repetitivos que pouco contribuía para o desenvolvimento do conhecimento. 25 “Os softwares de simulação envolvem a criação de modelos dinâmicos e simplificados do mundo real permitindo a exploração de progressos reais ou fictícios e os conduzindo a uma situação real de aprendizagem.” (MERLO e ASSIS, 2010) Para os autores a maior vantagem das simulações é o fato do aluno poder alterar dados, acrescentar informações e variáveis intervindo na experiência. A simulação é uma forma de estimular a busca por respostas analisando os resultados e refinando os conceitos. Mas ainda assim, o professor não pode pensar que a informática vai substituir 100% com uma experiência o que o aluno pode vivenciar no real. 2.2. A INTERNET EDUCATIVA “Os diversos recursos disponíveis na Internet podem ser usados como forma de complementação ao ensino convencional como, por exemplo, o intercâmbio de professores com professores, de alunos com alunos, de professores com alunos através da participação em listas de discussão, correio eletrônico ou em chat, mas não podemos esperar da grande rede a solução mágica para modificar a relação pedagógica com a matemática.” (MERLO e ASSIS, 2010) Para MERLO e ASSIS (2010) a utilização da internet como ferramenta pedagógica desperta nova métodos e estratégias de ensino e aprendizagem renovando processos que já estão ultrapassados. “A aula poderá se converter num espaço real de interação, de troca de resultados, de comparação de fontes, de enriquecimento de perspectivas, de discussão das contradições, de adaptação dos dados à realidade dos alunos.” O professor deixa de ser o detentor de informação e passa a ser um coordenador do novo processo de ensino-aprendizagem. Figura 4. Internet educativa Fonte: http://franciscosisimit.blogspot.com.br/ 26 “A Internet, além de um vasto repositório de informações sobre os mais variados temas, é cada vez mais um espaço virtual para a aprendizagem. Nela, encontram-se diferentes sistemas, sites, listas de discussão, fóruns, bibliotecas virtuais, direcionadas para o apoio ao processo educativo.” (MERLO e ASSIS, 2010) Os autores explicam que o estudo da matemática pode se tornar mais significativo quando o aluno aprende através da manipulação de variáveis. Os sons, imagens, textos e animações entre outros elementos, auxiliam também na qualidade do ensino porque são recursos essenciais para alguns conteúdos da matemática. “O processo de aprendizagem é um processo ativo e interno ao sujeito, com vista a favorecer o surgimento do pensamento autônomo e crítico em relação ao objeto de estudo aos outros sujeitos.” (MERLO e ASSIS, 2010) Baseando se na visão dos autores, tem se que a educação escolar deve ser mediada e coordenada pelo professor. Desta forma, muitos sites têm sido desenvolvidos para fornecer suporte, primeiramente, aos professores. (MERLO e ASSIS, 2010) 3. O PROFESSOR DE MATEMÁTICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS Para desenvolver um trabalho usando a informática no processo educativo, o docente deve ter em mente a real importância daquela ação para que a aprendizagem se torne clara, eficaz e significativa, principalmente se for destacado o ensino da matemática usando o computador como ferramenta lúdica e favorável à aprendizagem do aluno. (MERLO e ASSIS, 2010) MERLO e ASSIS (2010) alegam que a formação dos educadores muitas vezes não satisfazem as necessidades que a nova forma de ensinar exige e assim sendo, professores em alguns momentos tentam ensinar algo que nem ele sabem como fazer. Muitos esquecem ou simplesmente desconhecem conceitos básicos da matemática, que deveriam ensinar aos alunos no ensino fundamental e médio. 27 “O domínio do conteúdo, pedagógico e técnico está muito ligado ao ensino da aprendizagem da matemática. Haja vista a necessidade do professor de matemática refletir sobre a concepção de escola como instituição que transmite o conhecimento e como local que ajuda o aluno a desenvolver seu potencial, que o ensina a pensar, que ajuda a descobrir caminhos para transformar a sociedade em que vive.” (MERLO e ASSIS, 2010) 4. O IMPACTO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO CONTEÚDO DO CURRÍCULO DE MATEMÁTICA. A produção de novas tecnologias como calculadoras eletrônicas,microcomputadores e sistemas de vídeos interativos tem causado um impacto muito grande no currículo de matemática tanto no conteúdo quanto na forma de se ensinar. (ERNEST, 1991 apud MISKULIN, 2000) “O impacto de novas tecnologias no conteúdo do currículo de Matemática, através da adoção universal de novos produtos, especialmente da calculadora eletrônica e do computador, faz com que a Educação dos tempos modernos exija uma nova dimensão do conhecimento e da competência dos alunos na utilização desses recursos, especialmente nas aulas de Matemática. As funções desses novos recursos tornam o currículo tradicional de Matemática obsoleto e ultrapassado. Com calculadoras eletrônicas e softwares computacionais, números inteiros, frações e cálculos decimais não precisam ser „tratados à mão‟.” (MISKULIN, 2000) Segundo MISKULIN (2000) “as novas tecnologias requerem uma nova ênfase no currículo.” O currículo deve ser capaz de oferecer subsídios para que os alunos possam interpretar e analisar resultados numéricos, verificar gráficos e tabelas, de pensarem de forma processual e saber “depurar programas”. Outro aspecto a ser considerado é a forma de ensinar e aprender matemática. Com o uso das novas tecnologias em sala de aula, “o professor transforma-se em mediador do processo educativo.” Esses novos recursos são motivacionais a uma abordagem exploratória para a aprendizagem matemática. Softwares e vídeos interativos são desenvolvidos para trabalhar a criatividade e o raciocínio, programas do tipo BASIC, LOGO, PROLOG ou outra linguagem computacional, foram idealizados para que o aluno crie diferentes estratégias para resolução de problemas. (MISKULIN, 2000) De acordo com ERNEST (1991) apud MISKULIN (2000) “a escola, em particular a sala de aula de Matemática, é o lugar no qual as crianças precisam ser preparadas para o mundo de amanhã, especialmente nos aspectos tecnológicos.” 28 Acompanhando a visão do autor acima, vê se que muitas escolas estão deixando de cumprir o seu papel quando ao preparo dos alunos para a realidade social. As escolas deveriam preparar o aluno para um mundo tecnológico que hoje é a realidade em que eles vivem. Deveriam estar reformulando a forma de ensinar a matemática para que esta se adequasse às exigências de um mundo informatizado. É importante que se criem ambientes de aprendizado com recursos tecnológicos adequados e com uma proposta pedagógica que seja coerente com a realidade do aluno e que venha de encontro positivamente com o uso e avanço das novas tecnologias. Dessa forma, o papel do professor passa a ter extrema importância como mediador no processo de ensino e aprendizagem dentro de um contexto tecnológico e mais próximo a realidade do aluno. (MISKULIN, 2000) “O educador deve atuar como antropólogo. E, como tal, sua tarefa é trabalhar para entender que materiais dentre os disponíveis são relevantes para o desenvolvimento intelectual. Assim, ele deve identificar que tendências estão ocorrendo no meio em que vivemos. Uma intervenção significativa só acontece quando se trabalha de acordo com essas tendências. Em meu papel de educador-antropólogo eu vejo novas necessidades sendo geradas pela penetração dos computadores na vida das pessoas.” (PAPERT, 1985 apud MISKULIN, 2000) O autor ressalta que sem os computadores, poucos eram os pontos envolventes da matemática com a vida cotidiana. A inclusão da tecnologia nas aulas traz a tona a realidade do aluno e a ligação da sua vida cotidiana com a matemática. “O desafio à educação é descobrir meios de explorá-los.” O uso de computadores no ensino da matemática altera fundamentalmente a cultura sobre conhecimento e aprendizagem matemática. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente capítulo abordou o uso da tecnologia no ensino e aprendizagem da matemática. É importante lembrar que o uso do computador, assim como os softwares no ensino da matemática, da a oportunidade ao aluno de sair de uma zona de conforto em um papel passivo e se transferir ao papel ativo contribuindo de uma forma mais significativa a construção de seu próprio conhecimento. Viu-se que ambientes informatizados auxiliam o professor no ensino de conteúdos em uma visão mais construtivista. Além de mediador o professor será coordenador da situação de aprendizagem. 29 O ensino da matemática através de tecnologias deve ser planejado e visar uma metodologia que contribua para a formação do educando como cidadão. Os softwares utilizados nas aulas de matemática devem proporcionar a integração entre professor, aluno e tecnologia e deve propiciar o desenvolvimento de técnicas e estratégias por parte dos alunos. A informática educativa precisou ser revista por ter vários sentidos e concepções. Ela não é somente exercícios de repetição em uma tela de computador, os softwares de simulações desenvolvidos para o ensino e aprendizagem permitem que professor e aluno explorem os conceitos sob diversos ângulos. A internet é outra ferramenta hoje muito utilizada entre os professores. Ela tanto auxilia no intercâmbio das informações entre os diversos docentes da área, como também transforma uma aula em algo muito mais real que um problema exposto em um livro didático. O docente para trabalhar as diversas ferramentas disponíveis deve ter domínio do conteúdo, do computador e do processo de integração conteúdo e tecnologia para que sua aula seja significativa. Enfim, a tecnologia se faz cada vez mais presente na vida particular das pessoas e no ambiente escolar não podia ser diferente. O que deve ser repensado é o currículo escolar para que todo esse recurso disponível possa ser utilizado de forma correta e que traga benefícios a construção do conhecimento do indivíduo durante todo o seu processo de ensino e aprendizagem. 30 MÓDULO IV SOFTWARES EDUCATIVOS E SEU USO EM SALA DE AULA 1. O USO DE SOFTWARE NO PROCESSO DE ENSINO De acordo com SANTANA (2008) apud GRZESIUK (2008) os softwares educacionais disponíveis no mercado são considerados muito eficientes no processo de ensino e aprendizagem. A interação entre alunos e máquina acontece de forma harmoniosa e facilita a troca de informações, as discussões e questionamentos, estimulando para que aconteça a resolução de problemas. O aluno se sente mais confiante para criar estratégias e resolver as situações propostas. Segundo SANTANA (2008) apud GRZESIUK (2008) a utilização do computador no processo de ensino e aprendizagem é justificado por duas abordagens: Instrucionista – Essa abordagem tenta reproduzir o ensino tradicional através do computador, os conteúdos são transmitidos ao aluno, cabendo ao computador ensinar o aluno. Construcionista – Nessa abordagem o aluno passa a interagir com o software, criando situações e tomando decisões. O aluno constrói o seu conhecimento a partir da elaboração de seus interesses e as experimentações são realizadas no computador. GRZESIUK (2008) afirma que a escolha baseada no paradigma instrucionista para o processo de ensino e aprendizado pode levar o aluno a ficar preso ao computador não desenvolvendo o conhecimento adequado. Figura 5. Diagrama do Instrucionismo segundo Valente Fonte: http://edealcia.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html http://edealcia.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html 31 Já o construcionista, é necessário que tenha um mediador auxiliando no ensino para a construção do conhecimento e o papel do aluno é executar uma atividade através da máquina. No paradigma construcionista o aluno reproduz a solução do problema para o computador que executa e retorna a solução obtida ao aluno que analisa e altera caso seja necessário. Ou seja, todo o processo transcreve uma atividade realizada por alunos no computador. (VALENTE, 1993 apud GRZESIUK, 2008) Figura 6.Diagrama do Construtivismo Fonte: http://edealcia.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html SANTANA (2008) apud GRZESIUK (2008) acredita que não seja possível o aluno seguir esse ciclo a risca e neste caso, a presença do professor como mediador é fundamental estimulando através de questionamentos e reflexões. O paradigma do instrucionismo deve ser substituído pelo construcionismo propiciando uma nova proposta educacional. O papel do professor deve ser o de mediador e o mesmo deve enfrentar os obstáculos que surgirão com o uso das novas tecnologias para que exista uma pratica significativa em sala de aula. (GRZESIUK, 2008) http://edealcia.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html 32 2. TIPOS DE SOFTWARES USADOS NA EDUCAÇÃO BARANAUSKAS (1999) apud GRZESIUK (2008) afirma que a aprendizagem de duas formas: ou a informação é memorizada ou processada através de esquemas mentais. No caso do processamento, o computador pode ser um instrumento facilitador do processo de construção do conhecimento. Mas deve-se ter consciência de que o aprender não deve estar restrito somente ao uso do software pelo aluno. De acordo com NASCIMENTO (2007) na educação estão disponíveis diversos tipos de softwares que são utilizados como apoio ao processo de ensino e aprendizagem e no mercado também existe diversos softwares que podem ser utilizados na educação. 2.1. TUTORIAIS Segundo NASCIMENTO (2007) os tutoriais são softwares que apresentam conceitos e instruções para que seja realizada as tarefas específicas. É um programa geralmente de baixa interatividade. GRZESIUK (2008) informa que a desvantagem do programa é não ter como saber se a informação foi processada pelo aluno porque geralmente os tutoriais possuem apenas uma solução para o problema limitando a exploração e compreensão do aluno. Figura 7. Aprendizagem mediada por softwares tutoriais Fonte: http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf 33 2.2. PROGRAMAÇÃO A programação tem como objetivo a resolução de problemas onde o aluno processa a informação e a transforma em conhecimento. Nesta atividade identifica se uma grande importância na aquisição de conhecimentos como a “descrição, execução, reflexão e depuração”. (GRZESIUK, 2008) De acordo com o autor, este é um ciclo que necessita de um mediador que conheça o processo de desenvolvimento do conhecimento e que possa contribuir positivamente ao processo. Figura 8. Aprendizagem mediada por softwares de programação Fonte: http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf “O aluno se torna consciente de seu conhecimento, transformando seus esquemas mentais em interpretações mais complexas, refletindo sobre os resultados de suas ideias e ações.” (GRZESIUK, 2008) 2.3. PROCESSADOR DE TEXTOS Segundo GRZESIUK (2008) esse tipo de software colabora de forma simples com o aprendizado do aluno através de expressões escritas. As ações do aluno fazem parte do ciclo de descrição, execução, reflexão e depuração onde os dois últimos itens não são facilitados pela execução do computador. http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf 34 Figura 9. Aprendizagem mediada por software de processamento de texto Fonte: http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf Nesse contexto o computador não libera toda informação para o aluno entender o seu nível de conhecimento, somente a reflexão e depuração são possíveis. O processador não dispõe de informação para compreensão da construção do conhecimento. (GRZESIUK, 2008) 2.4. MULTIMÍDIA BARANAUSKAS (1999) apud GRZESIUK (2008) classifica software de multimídia aqueles que possuem textos, imagens, animações e sons e que possuem recursos que facilitam a expressão da ideia. Nesse contexto o aluno não descreve nada, apenas decide sua ação baseado nos fatos já apresentados. Figura 10. Aprendizagem mediada por softwares de multimídia Fonte: http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf 35 GRZESIUK (2008) afirma que esse tipo de programa ajuda o aluno a adquirir a informação, mas não dá subsídios para compreender ou construir o conhecimento com a informação obtida. Aí vem o papel do professor como remediador para constução do conhecimento. 2.5. SIMULAÇÃO Para NASCIMENTO (2007) esses softwares são considerados significativos por apresentarem situações que simulam a realidade. “Ajudam a estabelecer a comunicação entre teoria e prática”. Exemplos desse tipo de software são os simuladores de voo, gerenciamento de cidades entre outros. VALENTE (1993) apud GRZESIUK (2008) observa: “[...] a simulação ou modelagem não cria a melhor situação de aprendizado. Para que a aprendizagem ocorra é necessário criar condições para que o aprendiz se envolva com o fenômeno e essa experiência seja complementada com elaboração de hipóteses, leituras, discussões e uso do computador para validar essa compreensão do fenômeno. Nesse caso, o professor tem o papel de auxiliar o aprendiz a não formar uma visão distorcida a respeito do mundo [...] e criar condições para o aprendiz fazer a transição entre a simulação e o fenômeno no mundo real.” 2.6. JOGOS São conhecidos como programas de entretenimento e apresentam elevada interatividade e recursos. Podem ser utilizados em aulas para que as mesmas fiquem mais divertidas e atraentes. Os jogos podem ser utilizados de forma educativa com muita eficiência pois trabalham leitura, escrita, raciocínio lógico de forma lúdica. Dessa forma auxiliam no processo de ensino e aprendizagem. (NASCIMENTO, 2007) Para GRZESIUK (2008) os jogos têm características de competição e trabalham o ciclo de descrição, execução, reflexão e depuração. 36 2.7. AUTORIA Software que permite que o aluno construa sua animação multimídia selecionando informações, refletindo sobre a situação e resultados obtidos, “depurando-os em termo de qualidade, profundidade e do significado da informação apresentada”. (GRZESIUK, 2008) NASCIMENTO (2007) descreve de forma resumida como deve ser a análise lógica de apresentação do software: Escolha um tema para a produção da aula. Monte a sequência de apresentações que pode conter fotos, animações, textos, desenhos, sons etc. Elabore perguntas e possíveis respostas sobre o assunto da aula. Selecione gravações sonoras que podem ser obtidas a partir de sons previamente gravados em softwares musicais e/ou gravações com as vozes dos alunos e de outras pessoas. Efetue as produções antes citadas: desenhos, textos, animações, capturas de imagens e sons a partir de aplicativos. Utilize o software de autoria para aglutinar todas as suas produções conforme a sequência pre- definida. Insira as atividades de exercitação. Exiba a aula. 37 Figura 11. Aprendizagem mediada por softwares de autoria Fonte: http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf 2.8. EXERCÍCIO E PRÁTICA Segundo GRZESIUK (2008) os programas de exercício e prática são muito utilizados para revisão de conteúdos que envolvem a repetição e memorização. É feita através de uma lista de exercícios onde o software coleta os dados do desempenho dos alunos possibilitando o professor a analisar o quanto o conteúdo ensinado foi absorvido pelos alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo viu-se a importância de se abordar o uso da tecnologia educacional sob a ótica tanto construtivista como interacionista.Vale ressaltar que a tecnologia deve ser usada como http://diorgenes.files.wordpress.com/2009/06/monografia_utfpr_diorgenes.pdf 38 ferramenta de apoio ao processo de ensino e aprendizagem onde o aluno passa a ser ativo na construção do seu conhecimento. Pesquisas revelam que os alunos apresentam mais rendimento e absorvem melhor os conteúdos quando estudam sob práticas de ensino que envolva o uso da informática. Muitos são os softwares disponíveis para a prática educativa que resultam em um melhor rendimento escolar, ajudam no desenvolvimento cognitivo, de relacionamento e proporciona uma maior autonomia no educando. MÓDULO IV AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS EDUCATIVOS E SEU ENSINO 1. AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS De acordo com SILVA (1998) apud GRZESIUK (2008) a eficiência de um software educacional está relacionada a configuração didático-pedagógica do produto. Para se garantir a qualidade, muitos estudos são realizados a fim de que tenha coerência com o assunto abordado, seja realizável e garanta a produtividade dos alunos no apoio ao ensino e aprendizagem. O autor afirma que para se avaliar esse tipo de programa é necessário considerar questões como: padronizações e técnicas, elementos de natureza pedagógica de múltiplas dimensões, aspectos ideológicos e psicológicos, complexidade, multidimensionalidade. GRZESIUK (2008) relata que para se escolher um software educacional deve levar se em conta quais objetivos o docente quer alcançar. Cabe ao professor fazer a escolha baseado nos fundamentos educativos: Paradigma instrucional – este formato assume que o ensino é uma transmissão de conteúdos através de um conjunto de metodologias, onde o programa é o centro da atenção e o aluno é visto como somente um receptor de mensagens. 39 Paradigma da descoberta – este assume formato de que a aprendizagem é uma descoberta. Proporciona ao aluno subsídios para desenvolver sua intuição, onde o centro da atenção são os próprios alunos e o programa procura criar ambientes onde possam ser explorados e descobertas as informações. Paradigma de hipóteses construtivas – formato que assume uma posição onde o saber é essencialmente uma construção. Os alunos tem a oportunidade de evoluir na aprendizagem construindo seus saberes através da manipulação de ideias e conceitos. Paradigma utilitarista – formato que assume a visão de utilização da máquina como ferramenta e não como método repetitivo. VALENTE (1998) apud NASCIMENTO (2007) discorre sobre a importância do uso do computador como recurso educacional no apoio a passagem de informação ao aluno. E ainda ressalta que a escolha do software para ser usado no processo de ensino e aprendizagem deve ser feita pelo professor e que este programa não deve estar restrito somente ao uso dele, mas deve proporcionar uma interação entre professor-aluno e software. O autor ainda afirma que muitos softwares apresentam características que beneficiam a atuação do professor e outros que possuem características restritas e que para o aluno poder alcançar os objetivos propostos, o professor deve ter um maior envolvimento no processo. NASCIMENTO (2007) apresenta algumas fichas de avaliação dos softwares que auxiliam na identificação do software e avaliação qualitativa do mesmo: 1º modelo – ficha de avaliação desenvolvida por TJARA (2000) juntamente com as professoras Miriam Melamed e Lúcia Chibante. 40 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 41 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 42 2º modelo – ficha de avaliação desenvolvida por NIQUINI (1996) Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 43 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 44 2. AVALIAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO COM O USO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA De acordo com NASCIMENTO (2007) a implementação ou reformulação de um projeto pedagógico com o uso da informática educativa deve ser feito sob um planejamento levando se em consideração alguns elementos importantes que garantem um melhor resultado na execução do projeto. O autor descreve abaixo algumas etapas a serem seguidas: Diagnóstico do aluno – o primeiro passo para elaboração do projeto é fazer um diagnóstico do contato do aluno com o computador. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 45 Plano de ação – depois da coleta de dados do diagnóstico, fazer um plano de ação definindo as atividades que serão desenvolvidas, os responsáveis pelo projeto, prazo de execução, e custos envolvidos. Capacitação dos profissionais da educação – funcionários e professores envolvidos no projeto devem estar devidamente capacitados antes do início da execução do projeto. Conhecimento e pesquisa em software- definição do software a ser utilizado conforme a modalidade de utilização da informática escolhida pela instituição. Profissionais devem optar pelo software que melhor atender as necessidades. Elaboração do projeto pedagógico com o uso da informática educativa – deve ser definida a linha mestra da informática educativa e deve ser discutida por todos os interessados. A informática poderá ser utilizada como fim (baseado no estudo das ferramentas disponíveis nos programas, sem nenhuma relação com os assuntos e temas estudados na escola); como apoio para as atuais disciplinas (se limita, em muitos casos, à utilização dos softwares educacionais de forma isolada para as produções específicas de cada disciplina) ou para os projetos educacionais (prevalecem as visões integradas e sistêmicas). Implementação – é a execução das atividades previamente planejadas, momento no qual os alunos e professores colocarão em prática as atividades propostas com o uso do computador e das ferramentas de informática. Avaliação - reunião dos alunos, professores, orientadores educacionais, coordenadores e todos os envolvidos no projeto para avaliar os resultados das ações da informática educativa. Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 46 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf 47 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/infor_aplic_educ.pdf Replanejamento – de acordo com a demanda da realidade da escola é eito o replanejamento onde devem ser feitas sugestões de ações que possam ser postas em prática e que beneficiarão o processo de ensino e aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Viu-se no decorrer do capítulo que o uso da informática educativa no processo de ensino e aprendizagem juntamente com os objetivos pedagógicos visa contribuir tanto com a prática docente como também com a construção do conhecimento do aluno. A escolha do software deve ser feita pelo profissional a fim de se ter a melhor ferramenta no processo de ensino. O professor deve ter conhecimento não só do conteúdo mas também da ferramenta tecnológica para que o programa escolhido realmente atenda as necessidades pré estabelecidas. Vale lembrar também que a avaliação sobre o planejamento pedagógico com o uso da informática educativa deve ser constantemente revisto para que se possa dar oportunidade de novas ações pedagógicas.48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Mariluci Stelmaki de; TERUYA, Teresa Kazuko. Informática na Educação: um desafio para a ação docente. Gestão Escolar dia-a-dia. Paraná. 2008. Disponível em <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_mariluci_stelmaki_ andrade.pdf> Acessado em 16 de ago de 2014. BALADELI, Ana Paula Domingos; SOUSA, Joceli de Fátima Arruda. Educação e Informática: o papel do professor no contexto de uma sociedade em constante transformação. 1º Simpósio Nacional de educação – XX Semana da Pedagogia. Unioeste – Cascavel – PR, 2008. 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