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DESCRIÇÃO Conceituação de contabilidade pública e orçamento público e suas utilizações como ferramentas de apoio à gestão pública. PROPÓSITO Compreender os conceitos de contabilidade pública para fins de conhecimento dos seus métodos e de suas diferenças e similaridades em relação à contabilidade geral, assim como obter o conhecimento sobre orçamento público e sua aplicação dentro da contabilidade pública, sendo fundamental entender como essas ferramentas devem servir de apoio à tomada de decisão dos gestores públicos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Distinguir contabilidade pública de orçamento público MÓDULO 2 Reconhecer a estrutura e as normas vigentes que embasam a contabilidade e o orçamento públicos MÓDULO 3 Descrever as técnicas orçamentárias nos procedimentos relativos aos atos e fatos orçamentários e seu relacionamento com a contabilidade MÓDULO 4 Identificar aspectos patrimoniais da contabilidade pública INTRODUÇÃO Neste conteúdo, vamos aprender a distinguir os conceitos de contabilidade pública e orçamento público, que, antes distantes, atualmente, caminham lado a lado para benefício da gestão do patrimônio público. Para isso, é fundamental conhecer a estrutura conceitual das normas que embasam a administração financeira pública e a forma de aplicá-las na prática. Após os módulos iniciais, o texto aprofundará conhecimentos sobre o emprego das técnicas de orçamento público como ferramenta para o acompanhamento do processo da execução orçamentária e para a compreensão de como os procedimentos da ciência contábil levam à geração de demonstrações e relatórios que devem servir de suporte à tomada de decisão na gestão pública. MÓDULO 1 Distinguir contabilidade pública de orçamento público CONTABILIDADE PÚBLICA ORIGENS E EVOLUÇÃO Mesmo a despeito de a descrição normativa que eleva a contabilidade aos status de ciência só ter sido realizada em 1494 por Luca Pacioli, as origens da contabilidade pública remetem à Antiguidade. Por exemplo, no Império Romano, já se fazia presente o cargo de contador-geral do Estado, pessoa responsável pelo patrimônio público (SÁ, 1997). LUCA PACIOLI Matemático italiano, considerado o pai da contabilidade. No Brasil, com a chegada da família real em 1808, Portugal trouxe oficialmente todos os procedimentos e práticas já utilizados na Europa e, segundo Reis e Silva (2007), instituiu um alvará que estabelecia normas contábeis para o controle da coisa pública e o Erário Régio (CFC, 2016). Nos períodos que se sucederam ao pós-independência, a preocupação com a situação fiscal e financeira do país foi crescendo gradativamente. A contabilidade foi se aperfeiçoando como ciência ao longo dos tempos, sempre fazendo jus à evolução econômica, social e administrativa do país. Assim, chegou-se ao ano de 1964 com a edição da Lei nº 4.320, que estabeleceu o regulamento das normas de Direito Financeiro com o objetivo de elaborar e controlar os orçamentos e balanços públicos. O contexto da época era demasiadamente delicado, por conta do início da ditadura militar e das dificuldades econômicas e sociais e, por esse motivo, as medidas tomadas eram essencialmente financeiras. ASSIM, A LEI QUE TRATAVA TANTO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO COMO DOS ORÇAMENTOS E BALANÇOS GANHOU UM VIÉS INTERPRETATIVO RESTRITO, CAMINHANDO PARA UMA PRECEDÊNCIA DO ASPECTO FINANCEIRO E SEU CONTROLE MEDIANTE O ORÇAMENTO, DEIXANDO DE LADO javascript:void(0) O VERDADEIRO OBJETO DA CONTABILIDADE, QUE SEMPRE FOI O PATRIMÔNIO. Crises posteriores a 1964 só alimentaram esse cenário. CONCEPÇÃO ATUAL - MUDANÇA DE FOCO E CULTURA DO SERVIÇO PÚBLICO Do fim dos anos 1980 ao início dos anos 2000, as reformas de reabertura do Estado e o início da globalização mundial começaram a corrigir os rumos da administração pública. Desse modo, a busca por informações mais precisas, controle mais efetivo e uma transformação das finanças públicas criaram um processo de reorganização estatal. Nesse contexto, organismos mundiais, como FMI, OCDE e Banco Mundial, deram início às ações para que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP) no Brasil e em diversos outros países convergisse aos padrões internacionais, cujas medidas se tornaram mais efetivas a partir de meados dos anos 2000 (VEGA et al., 2015). IMPORTANTE DESTACAR QUE NÃO HOUVE UMA MUDANÇA LEGISLATIVA, MAS SIM O RECONHECIMENTO, AINDA QUE TARDIO, DE UMA MUDANÇA INTERPRETATIVA DA LEGISLAÇÃO, QUE TROUXE DE VOLTA TUDO O QUE ENVOLVE A APLICAÇÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS PARA O SEU FOCO — A CIÊNCIA CONTÁBIL — E NÃO PARA A TÉCNICA — O ORÇAMENTO. Portanto, pode-se dizer que a nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público é nova somente no aspecto relacionado ao uso pelas instituições públicas, uma vez que o objetivo da contabilidade governamental, antes do início desse processo de convergência, estava atrelado exclusivamente à garantia do equilíbrio fiscal das contas públicas e, agora, passou a ser o controle do patrimônio público, sem prejuízo do acompanhamento do orçamento público (SAUERBRONN; SILVA, 2017). CONCEITO DE CONTABILIDADE PÚBLICA A contabilidade pública é um ramo ou área de atuação da ciência contábil. Dessa forma, pequenas nuances desenham o conceito de contabilidade pública para adequá-lo a seus objetivos e ao objeto, que é o patrimônio público. Uma definição bastante interessante e padronizada foi dada, primeiramente, no ano de 2008, pela resolução do Conselho Federal de Contabilidade: CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO É O RAMO DA CIÊNCIA CONTÁBIL QUE APLICA, NO PROCESSO GERADOR DE INFORMAÇÕES, OS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE E AS NORMAS CONTÁBEIS DIRECIONADOS AO CONTROLE PATRIMONIAL DE ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO. (CFC nº 1.128/2008) CFC Nº 1.128/2008 No ano de 2016, devido à convergência às normas internacionais, a Resolução CFC nº 1.128/2008 foi revogada e incorporada pela NBC TSP Estrutura Conceitual. OBJETIVOS DA CONTABILIDADE PÚBLICA A resolução nº 1.128/2008 do CFC também definiu, à época, o objetivo da contabilidade pública, sobre o qual dizia: javascript:void(0) O OBJETIVO DA CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO É FORNECER AOS USUÁRIOS INFORMAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS ALCANÇADOS E OS ASPECTOS DE NATUREZA ORÇAMENTÁRIA, ECONÔMICA, FINANCEIRA E FÍSICA DO PATRIMÔNIO DA ENTIDADE DO SETOR PÚBLICO E SUAS MUTAÇÕES, EM APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO; A ADEQUADA PRESTAÇÃO DE CONTAS; E O NECESSÁRIO SUPORTE PARA A INSTRUMENTALIZAÇÃO DO CONTROLE SOCIAL. (BRASIL, 2008) Com a evolução das normas e a padronização internacional, passou-se a trabalhar o conceito de aspectos ligados à Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Nesse contexto, os objetivos da CASP, além de fornecer aos usuários informações úteis para a tomada de decisão, prestação de contas e responsabilização, passaram a contemplar os aspectos orçamentário, patrimonial e fiscal, o que emergiu da necessidade de se interpretar corretamente as informações contábeis. Assim, esses aspectos são definidos: ASPECTO PATRIMONIAL Objetiva retratar a composição do patrimônio público por meio de suas normas, seus princípios e as técnicas de mensuração e evidenciação dos atos e fatos, que serão refletidos nas demonstrações contábeis. ASPECTO FISCAL Objetiva atender às especificações contidas na Lei Complementar nº 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), levando as informações a refletirem, por meio dos relatórios fiscais, os indicadores de resultado fiscal e equilíbrio das contas públicas. ASPECTO ORÇAMENTÁRIO Objetiva a compreensão e a evidenciação do orçamento público por meio dos instrumentos próprios, que são o balanço orçamentário e o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). ORÇAMENTO PÚBLICO ORIGENS E EVOLUÇÃO De forma correlata à contabilidade pública, o orçamento público remonta à Antiguidade. Contudo, de forma registrada e documentada na história, dois momentos que podem ser considerados próximos são destaque: O conselho de nobres e curadores europeus que assistiam o monarca, conhecido comoCura Régia, documentado na Espanha e datado do ano de 1091 (BALEEIRO; SEGUNDO, 2015). A Magna Carta, divulgada pelo Rei John Lackland (Rei João Sem-Terra) em 1215, na Inglaterra (AFONSO, 2016). Independentemente da versão adotada, ambas caminham para o mesmo sentido: o controle e as limitações ao poder de tributar do rei, sendo o orçamento público um dos pilares da democracia (AFONSO, 2016). Como referência, temos o seguinte trecho, retirado do artigo 12 da Magna Carta inglesa: NENHUM TRIBUTO OU AUXÍLIO SERÁ INSTITUÍDO NO REINO, SENÃO PELO CONSELHO COMUM, EXCETO COM O FIM DE RESGATAR A PESSOA DO REI, SAGRAR SEU PRIMOGÊNITO CAVALEIRO E CASAR SUA FILHA MAIS VELHA UMA VEZ, E OS AUXÍLIOS PARA ESSE FIM DEVERÃO SER DE VALOR RAZOÁVEL. (GONTIJO, 2004) No que se refere ao Brasil, a primeira Constituição, datada de 1824, trouxe a previsão legal do orçamento. CONCEPÇÃO ATUAL No Brasil, as definições gerais e legais atualmente estão presentes na Constituição Federal de 1988, dos artigos 163 a 169 e, mesmo a despeito de se encontrar defasada pelo tempo e dos inúmeros projetos de lei pleiteando sua modificação e atualização, a Lei nº 4.320/1964 é o ato legal vigente que trata em amplo escopo dos assuntos orçamentários. Como sua vigência é anterior à Constituição de 1988, muito embora seja uma lei ordinária, seu status no ordenamento jurídico brasileiro é de lei complementar. Outra lei mais relacionada com demonstrativos e controles é a já mencionada Lei Complementar nº 101/2000, LRF. CONCEITO DE ORÇAMENTO PÚBLICO O orçamento apresenta dois tipos de conceitos, a saber: CONCEITO TÉCNICO Esse conceito, mais voltado à temática técnico-jurídica, afirma que o orçamento público é uma lei ou conjunto de leis emanadas pelo poder executivo autorizadas pelo poder legislativo e que contempla a previsão de receitas e a fixação de despesas, programando a vida econômica e financeira do Estado por certo período (OLIVEIRA, HOVARTH, 2003; BALEEIRO, SEGUNDO, 2015). CONCEITO MODERNO Esse conceito remete ao campo da administração financeira e orçamentária como instrumento de gestão pública, pois é caracterizado por ser uma ferramenta de planejamento das receitas e despesas públicas. Nas palavras de Pascoal (2019), “é um instrumento dinâmico, que leva em conta aspectos do passado, a realidade presente e as projeções para o futuro”. TIPOS DE ORÇAMENTO E SEUS OBJETIVOS Os objetivos propostos pelo orçamento variam de acordo com o tipo de orçamento a ser utilizado. Podemos destacar e alinhar os tipos de orçamento no tempo, da seguinte forma: Tipo de orçamento Época Objetivos Orçamento tradicional ou clássico Antes de 1964 Com foco no passado, a fim de estimar o futuro para a manutenção do equilíbrio financeiro, era utilizado como uma peça incremental de receitas e despesas, sem levar em conta o planejamento. Orçamento de desempenho Com foco no resultado, indo além do equilíbrio financeiro, seu objetivo era melhorar a eficácia dos gastos voltados a programas de trabalho, porém sem uma inter-relação com o planejamento das ações. Orçamento base zero (OBZ) ou por estratégia Baseado em um planejamento de justificativas plausíveis e estratégias que fomentam as ações e a liberação dos recursos para a execução dos programas, esse tipo de orçamento desconsidera o passado e não determina previamente um crédito orçamentário. Orçamento- programa Posterior à Lei nº 4.320/1964 Tem ênfase nos objetivos do governo e surgiu nos EUA na década de 1950. É um plano de trabalho que demonstra um conjunto de ações a serem realizadas e os recursos que serão usados durante o exercício, visando à eficiência, à eficácia e à efetividade dos programas. Tipo de orçamento Época Objetivos Orçamento incremental Baseado nos gastos atuais, apenas propõe o ajuste por meio de algum índice (aumentou redução), exigindo pouco tempo para planejá-lo, ignorando correções anuais nas ações. Quadro: Tipos de orçamento e seus objetivos. Elaborado por: Thiago da Silva Telles Constantino Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Atualmente o Brasil utiliza o orçamento-programa. Vale lembrar que com base na CF/1988 e no inciso I, parágrafo 1°, artigo 48 da LRF, a participação do cidadão vem ganhando cada vez mais destaque na vida pública, e um tipo de orçamento que cresce em importância e aplicabilidade é o orçamento participativo. Vale ressaltar que esse tipo de orçamento está aliado aos tipos relacionados no quadro apresentado como forma de ampliar a participação popular nas decisões e políticas públicas. Utilizado principalmente nos municípios, locais onde o contato entre o cidadão e a classe político- administrativa é mais próximo, o orçamento participativo permite que a população, geralmente em audiências públicas, faça sugestões, ingerências e estimule suas prioridades de investimentos em bens e serviços a serem oferecidos pelo governo local, garantindo, assim, a democratização do exercício da cidadania. Dessa forma, em algum grau, o cidadão, ao se mostrar diretamente interessado, pode contribuir para que se alcance uma gestão social mais desburocratizada e flexível (DOWBOR, 2014). Não podemos deixar de destacar que as peculiaridades do setor público refletem na prática contábil e todos esses detalhes estão traduzidos nas normas que serão estudadas no módulo 2. RESUMINDO Neste módulo, conhecemos as diferenças fundamentais entre contabilidade púbica e orçamento público, apresentando sua história e a evolução de seus conceitos ao longo do tempo. Ressaltamos a importância da concepção atual e do foco nos objetivos que devem ser empregados quando do uso da ciência no âmbito da gestão pública. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE ORÇAMENTO PÚBLICO O especialista Thiago da Silva Telles Constantino fala sobre as definições iniciais da contabilidade pública e orçamento público, abordando conceitos, origens, evolução e concepção atual dos temas: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (IBADE/2020; PREFEITURA DE SÃO FELIPE D´OESTE – RO; CONTROLADOR INTERNO) O OBJETIVO DA CONTABILIDADE PÚBLICA É: A) Registrar, armazenar e controlar as contas públicas. B) Registrar, armazenar e controlar as contas das empresas públicas com ou sem fins lucrativos. C) Satisfazer as necessidades dos usuários da contabilidade pública. D) Fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo da tomada de decisões. E) Fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, sem se preocupar com o processo da tomada de decisões. 2. (CESPE/2018; TCM-BA; AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE EXTERNO) A SISTEMÁTICA DE ELABORAÇÃO ORÇAMENTÁRIA QUE EXIGE A JUSTIFICATIVA DE CADA RECURSO SOLICITADO, SEM FIXAR DE ANTEMÃO UM VALOR ORÇAMENTÁRIO INICIAL E SEM CONSIDERAR OS VALORES PREVISTOS NO ORÇAMENTO ANTERIOR, DENOMINA-SE: A) Orçamento base zero B) Orçamento participativo C) Orçamento-programa D) Orçamento tradicional E) Orçamento de desempenho GABARITO 1. (IBADE/2020; Prefeitura de São Felipe D´oeste – RO; Controlador Interno) O objetivo da contabilidade pública é: A alternativa "D " está correta. A alternativa D descreve exatamente o que consta na Resolução nº 1.128/2008 do CFC, definindo o corretamente o objetivo da contabilidade pública. 2. (CESPE/2018; TCM-BA; Auditor Estadual de Controle Externo) A sistemática de elaboração orçamentária que exige a justificativa de cada recurso solicitado, sem fixar de antemão um valor orçamentário inicial e sem considerar os valores previstos no orçamento anterior, denomina-se: A alternativa "A " está correta. O orçamento base zero, como o nome já diz, parte do início, baseando-se em um planejamento detalhado e justificado doque se pretende gastar, não se prendendo a valores passados. MÓDULO 2 Reconhecer a estrutura e as normas vigentes que embasam a contabilidade e o orçamento públicos CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA No que concerne ao campo de aplicação, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) define o alcance da contabilidade pública. De forma mais detalhada, entende-se por: Setor público Entidades do setor público aquelas que atuam direta ou indiretamente nele, por meio dos órgãos, fundos e demais pessoas jurídicas de direito público (aplicação integral e obrigatória da CASP). Direito privado Entidades com personalidade jurídica de direito privado e pessoas físicas que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos na execução de suas atividades (aplicação parcial e obrigatória da CASP). SETOR PÚBLICO Seja federal, estadual ou municipal javascript:void(0) javascript:void(0) DIREITO PRIVADO Empresas privadas, organizações sociais – OS, organizações da sociedade civil de interesse público – OSCIP etc. Ainda de acordo com o MCASP, os conselhos profissionais e as demais entidades não compreendidas no conceito de setor público, incluídas as empresas estatais independentes, também podem fazer uso da contabilidade pública de maneira facultativa, ou a critério de órgãos reguladores, fiscalizadores e afins. Nesse ponto, vale ressaltar a diferenciação entre estatais dependentes e independentes. Estatais dependentes Não possuem recursos para se manter por conta própria, necessitando de aportes financeiros do governo oriundos do orçamento fiscal. Uso integral da contabilidade pública. Estatais independentes Possuem recursos para se manter por conta própria, não necessitando de aportes financeiros do governo. Uso da contabilidade empresarial ou facultativamente da contabilidade pública ou a critério órgãos reguladores, fiscalizadores e congêneres. Elaborado por: Thiago da Silva Telles Constantino Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal NORMAS DE CONTABILIDADE PÚBLICA E ORÇAMENTO PÚBLICO Veja a árvore estrutural brasileira das normas de contabilidade pública e do orçamento público: INSTITUIÇÃO/ÓRGÃO TIPO NORMAS INSTITUIÇÃO/ÓRGÃO TIPO NORMAS BRASIL LEIS CF/1988 arts. 70 a 75 CF/1988 arts. 163 a 169 Lei nº 4.320/1964 DL nº 200/1967 LC nº 101/2000 Lei nº 10180/2001 Decreto nº 6.976/2009 LC nº 131/2009 INSTITUIÇÃO/ÓRGÃO TIPO NORMAS CFC NBC TSP NBC TSP EC NBC TSP 01 NBC TSP 02 NBC TSP 03 NBC TSP 04 NBC TSP 05 NBC TSP 06 NBC TSP 07 NBC TSP 08 NBC TSP 09 NBC TSP 10 NBC TSP 11 NBC TSP 12 NBC TSP 13 NBC TSP 14 NBC TSP 15 NBC TSP 16 NBC TSP 17 NBC TSP 18 NBC TSP 19 NBC TSP 20 NBC TSP 21 NBC TSP 22 NBC TSP 23 NBC TSP 24 NBC TSP 25 NBC TSP 26 NBC TSP 27 NBC TSP 28 NBC TSP 29 NBC T 16.11 javascript:void(0) INSTITUIÇÃO/ÓRGÃO TIPO NORMAS STN/SOF PORTARIAS PCASP MCASP MDF MTO Elaborado por: Thiago da Silva Telles Constantino Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal NBC TSP Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público PCASP Plano de Contas Aplicado ao Setor Público MCASP Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público MDF Manual de Demonstrativos Fiscais javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) MTO Manual Técnico Orçamentário DENTRO DESSA ESTRUTURA NORMATIVA, A LEI Nº 10.180/2001 E O DECRETO Nº 6.976/2009 CONCEDERAM À SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (STN) O PAPEL DE O ÓRGÃO CENTRAL DO SISTEMA DE CONTABILIDADE PÚBLICA E DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA FEDERAL. COMO ÓRGÃO CENTRAL DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO FEDERAL, ESTÁ A SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL (SOF). AMBOS ATUAM EMITINDO ORIENTAÇÕES E INSTRUÇÕES TÉCNICAS POR MEIO DE SUAS PORTARIAS. PROCESSO DE CONVERGÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PÚBLICA As transformações decorrentes da estrutura econômica e social mundial, a partir dos anos 2000, geraram inúmeros debates de como a contabilidade púbica poderia contribuir com esse desenvolvimento. Nesse sentido, a convergência para o uso de normas contábeis padronizadas na maioria dos países, capitaneada pelo International Federation of Accountants (IFAC), que nomeou o International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB) como responsável e, no Brasil, o CFC como o tradutor oficial, veio como reflexo de uma visão de futuro pautada na importância que a qualidade da informação contábil pode gerar para a gestão do patrimônio público. Apesar de já vigorarem normas e diretrizes de contabilidade pública emanadas pelo CFC, resta claro que a padronização internacional e sua implementação são fatores que impulsionam uma mudança cultural tanto da profissão e do profissional contábil como da administração pública e vêm se realizando desde o ano de 2008. OS PASSOS MAIS IMPORTANTES FORAM DADOS NOS ANOS DE 2015 E 2016, QUANDO, RESPECTIVAMENTE, HOUVE A IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO DE CONTAS ÚNICO PARA TODOS OS ENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA E A CONVERSÃO PARA O BRASIL DA PRIMEIRA NORMA INTERNACIONAL (IPSA), QUE PROPORCIONA BASE E ROBUSTEZ AO DESENVOLVIMENTO DA PADRONIZAÇÃO CONTÁBIL, CONHECIDA COMO NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL. ESSE É UM PROCESSO GRADUAL E CONTINUA A OCORRER ATÉ O MOMENTO, DENTRO DE UM CRONOGRAMA PREPARADO PELO CFC E PELA STN. Concluímos, a seguir, com um quadro que demonstra o processo interno de convergência das normas. Vale ressaltar que nem sempre as normas internacionais serão convertidas literalmente, pois cada país apresenta suas peculiaridades estruturais, e essas devem ser respeitadas sempre que possível. Extraído de: GAMA; DUQUE; ALMEIDA, 2014, p. 200. Quadro – Processo de convergência das normas brasileiras aos padrões internacionais O Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis (GTCON), que promovia discussões sobre assuntos relativos à padronização contábil, e o Grupo Técnico de Padronização de Relatórios e Demonstrativos Fiscais (GTREL), sobre gestão fiscal, foram unificados e aprimorados pela edição da Portaria nº 767, de 15 de setembro de 2017, passando a se chamar Câmara Técnica de Normas Contábeis e de Demonstrativos Fiscais da Federação (CTCONF), cujo objetivo é propor recomendações com a finalidade de reduzir divergências e duplicidades, em benefício da transparência da gestão fiscal, da racionalização de custos nos entes da Federação e do controle social de forma a exercer, em caráter supletivo, as funções do Conselho de Gestão Fiscal para fins de consolidação das contas públicas (MDF, 2020). USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL A NBCT, que trata da estrutura conceitual da informação contábil do item 2.3 ao 2.6, define os usuários da informação contábil com a seguinte amplitude: USUÁRIOS PRIMÁRIOS São os usuários dos serviços e seus representantes e os provedores de recursos e seus representantes. Cidadãos como provedores de recursos e usuários dos serviços públicos. Bancos, organismos internacionais, outros países como provedores de recursos. Poder legislativo como usuário das informações com vistas ao controle externo e à prestação de contas e responsabilização (accountability). Gestores públicos como suporte na tomada de decisão e apoio à gestão. DEMAIS USUÁRIOS Meios de comunicação (mídia) que levam informações ao cidadão. Agências reguladoras e supervisoras. Entidades de auditoria. Comissões do poder legislativo ou de outro órgão do governo, órgãos centrais de orçamento e controle. Consultores, analistas e agências que trabalham com estatísticas e classificações de riscos governamentais. Algumas entidades emprestadoras de recursos e de fomento. Gestores e empresas privadas que são afetados direta ou indiretamente pelas políticas públicas e pelo uso dos recursos públicos. DESSA FORMA, VOCÊ, SEJA COMO GESTOR PÚBLICO, GESTOR PRIVADO OU CIDADÃO, DEVE SER CAPAZ DE COMPREENDER O ORÇAMENTO E SUA APLICAÇÃOPRÁTICA NOS PLANOS E PROGRAMAS DE GOVERNO, ASSIM COMO COMPREENDER COMO A CONTABILIDADE PÚBLICA DESENVOLVE SUA MISSÃO DE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES E RELATÓRIOS. ASSIM, SERÁ CAPAZ DE REALIZAR UMA ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA CRÍTICA DA SITUAÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL EMANADA DA GESTÃO PÚBLICA. Para isso, os próximos dois módulos trarão os mecanismos, técnicas e procedimentos empregados tanto no orçamento como na contabilidade pública. CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Emanadas da NBC TSP Estrutura Conceitual e referendadas no MCASP, as características qualitativas da informação contábil funcionam de maneira integrada e são atributos que tornam a informação útil para os usuários e dão suporte ao cumprimento dos objetivos de prestação de contas, responsabilização e tomada de decisão. A seguir, apresentamos o conceito de cada uma das seis características: RELEVÂNCIA As informações devem ser capazes de influenciar significativamente o cumprimento dos objetivos, pautando-se pelo seu valor confirmatório e preditivo. REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA As informações devem corresponder à representação fidedigna, ou seja, sem omissões, neutra e livre de erro material, dos fenômenos econômicos e de outros que se pretenda representar. COMPREENSIBILIDADE As informações devem ser capazes de transmitir o seu significado fundamental em linguagem simples e devem ser apresentadas de maneira que sejam prontamente compreensíveis pelos usuários. TEMPESTIVIDADE As informações devem ser capazes de se fazer presentes no tempo adequado a sua utilidade, auxiliando no processo de prestação de contas e responsabilização e contribuindo para a tomada de decisão e atos de gestão. COMPARABILIDADE As informações devem ser capazes de possibilitar aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos. Normalmente, utilizamos a comparabilidade para verificar progressos entre um período e outro, ou entre empresas de mesmo setor ou ramo de atividade. VERIFICABILIDADE As informações devem ser capazes de traduzir os métodos utilizados para sua concepção, permitindo aos usuários realizar a verificação e constatação de sua representação fiel. RESUMINDO Neste módulo, apresentamos as instituições nas quais se aplica a contabilidade e o orçamento públicos, identificamos os usuários da informação contábil e seus diferentes propósitos e, ainda, conhecemos a estrutura da legislação vigente, que será aplicada na prática nos módulos seguintes. Mostramos também um panorama do andamento do processo brasileiro de adaptação das normas contábeis da área pública ao padrão internacional. LEGISLAÇÃO ATUAL E ESTRUTURA NORMATIVA APLICAVEL ÀS FINANÇAS PÚBLICAS O especialista Thiago da Silva Telles Constantino fala sobre como estruturar a árvore de normas que permeiam o tema, seu campo de aplicação e os usuários da informação VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (UNESPAR/2019; INSTITUTO DE TRANSPORTE E TRÂNSITO DE FOZ DO IGUAÇU FOZTRANS – PR; CONTADOR) A ESTRUTURA CONCEITUAL APLICÁVEL AO SETOR PÚBLICO (NBC TSP) SEGREGA O ESCOPO DE APLICAÇÃO DAS NORMAS DE CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO EM OBRIGATÓRIO E FACULTATIVO. DAS ENTIDADES A SEGUIR, AS QUE SE ENQUADRAM NO ESCOPO DE APLICAÇÃO FACULTATIVA SÃO: A) Autarquias B) Consórcios públicos C) Empresas estatais dependentes D) Fundações públicas E) Organizações da sociedade civil de interesse público – OSCIP 2. (FCC/2017; DPE-RS; ANALISTA DE CONTABILIDADE) DE ACORDO COM A NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL, OS USUÁRIOS PRIMÁRIOS DOS RELATÓRIOS CONTÁBEIS DE PROPÓSITO GERAL DAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO SÃO: A) As agências de classificação de risco. B) As agências reguladoras e supervisoras. C) As entidades emprestadoras de recursos e de fomento. D) As entidades de auditoria. E) Os cidadãos que são usuários dos serviços e provedores de recursos. GABARITO 1. (UNESPAR/2019; Instituto de Transporte e Trânsito de Foz do Iguaçu FOZTrans – PR; Contador) A Estrutura Conceitual Aplicável ao Setor Público (NBC TSP) segrega o escopo de aplicação das normas de Contabilidade Aplicada ao Setor Público em obrigatório e facultativo. Das entidades a seguir, as que se enquadram no escopo de aplicação facultativa são: A alternativa "E " está correta. As OSCIP têm estrutura privada e comumente aplicam a contabilidade geral, contudo, ao realizarem acordos, convênios e congêneres, podem facultativamente ou por determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscalizadores e congêneres, aplicar parcialmente a contabilidade pública. 2. (FCC/2017; DPE-RS; Analista de Contabilidade) De acordo com a NBC TSP Estrutura Conceitual, os usuários primários dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das entidades do setor público são: A alternativa "E " está correta. Como bem define a NBC TSP EC, usuários primários são os usuários dos serviços e seus representantes e os provedores de recursos e seus representantes, dentre eles, os cidadãos. MÓDULO 3 Descrever as técnicas orçamentárias nos procedimentos relativos aos atos e fatos orçamentários e seu relacionamento com a contabilidade PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS ORÇAMENTÁRIOS Integrante da parte 1 do MCASP e constante também no Manual Técnico Orçamentário (MTO), este módulo irá trabalhar os procedimentos que devem ser observados no dia a dia da administração pública quando da execução do orçamento. Para isso, antes de mergulharmos no passo a passo propriamente dito, precisamos conhecer os conceitos básicos que são os pilares do orçamento, como lei, e seu ciclo de formação, desde o projeto até efetivamente a sanção e promulgação da lei. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS São as diretrizes que conferem ao orçamento (tanto lei como instrumento de planejamento), a validade necessária para sua concepção. Podem ser normativos ou doutrinários. Vamos analisar cada um deles e seu impacto na construção de uma peça orçamentária. LEGALIDADE Oriundo do artigo 37 e combinado com o artigo 165 da CF/1988, esse princípio reforça a obrigatoriedade de se existir uma lei formal (Lei Orçamentária Anual – LOA) para que o orçamento seja válido, determinando também que somente poderá ser realizado o que constar dessa lei. PUBLICIDADE Princípio consagrado no artigo 37 da CF/1988, impõe que a LOA seja publicada para o início de execução. UNIVERSALIDADE Oriundo dos artigos 2º e 6 º da Lei nº 4.320/1964, esse princípio impõe que todas as receitas e despesas que o Estado possa planejar para determinado período devem estar contempladas no instrumento formal. EQUILÍBRIO Esse princípio impõe que o total da despesa fixada não seja maior do que a receita prevista, com a intenção de evitar o deficit fiscal. Para a contratação de operações de crédito, é necessária a autorização legislativa. PERIODICIDADE/ANUALIDADE A Lei Orçamentária Anual (LOA), como o próprio nome já contempla, tem a vigência limitada a um ano, período suficiente para que sejam revistas suas previsões e reavaliados os cumprimentos dos programas de governo. No caso do Brasil, esse período coincide com o calendário civil, indo de 01/01 até 31/12. NÃO VINCULAÇÃO/NÃO AFETAÇÃO DA RECEITA DE IMPOSTOS Com origem na CF/1988, esse princípio expõe que as receitas com impostos não ficarão vinculadas à execução de despesas específicas, com exceção daquelas determinadas pela própria CF/1988. EXCLUSIVIDADE Esse princípio traz luz ao entendimento de que a LOA só pode tratar de assuntos inerentes à receitas e despesas, sendo ressalvados dois aspectos que também são de cunho orçamentário: abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito. ESPECIFICAÇÃO / DISCRIMINAÇÃO / ESPECIALIZAÇÃO Conforme esse princípio, as receitas e despesas devem aparecer de forma detalhada, especificadas de maneira que se possa saber suas origens e aplicações, não cabendo dotações genéricas de valor global. Conforme a Lei nº 4.320/1964, a discriminação irá pelo menos até o nível de elemento de despesa. ORÇAMENTO BRUTO Oriundo do artigo 6º da Lei nº4.320/1964, esse princípio reforça a necessidade de que todas as receitas e despesas sejam informadas pelos seus valores brutos, sendo as deduções cabíveis demonstradas em item separado. Dessa forma, restarão assegurados o controle e a transparência dos fatos de forma integral. UNIDADE Oriundo do artigo 2º da Lei nº 4.320/1964, estabelece que o orçamento (planejamento e lei) deve contemplar em um só instrumento todos os aspectos que o formam, existindo apenas um documento por esfera (União, estados, Distrito Federal e municípios). A divisão do orçamento em três partes (orçamento fiscal, orçamento da seguridade Social e orçamento de investimentos) não caracteriza uma quebra do princípio. TRANSPARÊNCIA Com origem na LRF, artigos 48, 48-A e 49, esse princípio aborda a divulgação do orçamento e seus relatórios complementares de forma ampla e irrestrita. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL Também conhecida como LOA, a Lei Orçamentária Anual tem como preceito legal a CF/1988, em seu artigo 165, § 5º, e a Lei nº 4.320/1964. Seu período de vigência é anual e seus objetivos são prever as receitas e fixar despesas para o exercício subsequente, funcionando como um planejamento operacional, didaticamente dividido em três partes: PARTE I PARTE II PARTE III PARTE I Orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Exemplos: Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil etc. São os recursos que serão investidos nas empresas independentes (despesas de capital). PARTE II Orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e todos os órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público. É a garantia de que esses recursos não serão desviados para qualquer fim, como aconteceu durante muitos anos no Brasil, gerando o deficit na previdência pública. Exemplos: previdência social, seguridade social, PIS, seguro-desemprego etc. PARTE III Orçamento fiscal referente aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Engloba efetivamente os gastos com a administração direta e indireta dependente, incluindo suas despesas correntes e de capital. CICLO ORÇAMENTÁRIO É formado pelo lapso de tempo entre a concepção do projeto de lei orçamentária, ou seja, o planejamento e esboço da lei, sua execução, acompanhamento e avaliação final. Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino Esse período dura mais de um ano. A fase 1 se inicia por volta do mês de abril do ano X1; a fase 2 é concluída até o fim do ano X1. No ano X2, é executada a fase 3; a fase 4 ocorre no decorrer do ano X3. O ciclo orçamentário não se confunde com a execução da lei propriamente dita, que obedece ao princípio da anualidade e dura apenas um exercício (durante o ano X2 – fase 3). PRINCÍPIOS E DIRETRIZES BÁSICAS DA LOA O especialista Thiago da Silva Telles Constantino fala sobre os princípios e diretrizes básicas da LOA RECEITAS E DESPESAS SOB ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO RECEITAS São os ingressos nos cofres públicos que efetivamente poderão ser utilizados para a execução das despesas e consecução dos programas de governo e suas ações, sendo devolvidos à sociedade em forma de bens, serviços ou outras operações especiais. CLASSIFICAÇÃO De modo acadêmico, podemos classificar as receitas conforme descrito a seguir. 1) QUANTO À PROCEDÊNCIA Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino ORIGINÁRIAS DERIVADAS ORIGINÁRIAS Arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas do Estado. Exemplos: aluguéis, tarifas, venda de produtos. DERIVADAS Arrecadadas por meio da soberania da administração pública (imperatividade estatal). Exemplos: tributos. 2) QUANTO À NATUREZA Já sob o enfoque legal e prático, a Lei nº 4.320/1964 define a classificação da receita pela sua natureza, que tem como objetivo identificar o fato que gerou o ingresso de valores nos cofres públicos. Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino Correntes: Ingressos que aumentam as disponibilidades financeiras e o patrimônio líquido do Estado e servem de base para o financiamento dos objetivos definidos na LOA, como a execução dos programas e ações para satisfazer as necessidades da sociedade. Capital: Ingressos que aumentam as disponibilidades financeiras, porém não aumentam o patrimônio líquido do Estado e servem de base para o atingimento dos objetivos definidos na LOA, como a execução dos programas e ações para satisfazer as necessidades da sociedade. EXEMPLOS RECEITAS CORRENTES Receitas tributárias (exceto contribuições sociais e parafiscais): receitas derivadas previstas na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional e arrecadadas por meio de impostos, taxas e contribuições de melhoria. Receitas de contribuições (contribuições sociais/parafiscais): receitas derivadas previstas na legislação e arrecadadas pelas contribuições inerentes aos direitos sociais como PIS, COFINS, previdência social, contribuições profissionais como OAB, CFC, CFM e SESI, SENAI, SENAC etc., intervenção econômica CIDE e iluminação pública. Receitas patrimoniais: receitas originárias provenientes da fruição do patrimônio público, como bens, aluguel de imóveis, concessões, delegações etc. Receitas de serviços: receitas originárias provenientes da prestação de serviços públicos como transportes, serviços portuários e aeroportuários, comumente cobrados por meio de tarifas públicas. Receitas agropecuárias: receitas originárias provenientes da venda de produtos agrícolas e de origem pecuária, como grãos, tecnologias, insumos etc. Receitas industriais: receitas originárias provenientes da atuação pública na extração e no beneficiamento de produtos industrializados, tais como indústria farmacêutica, química, editorial etc. Transferências correntes: receitas derivadas de normas, acordos e afins em que os recursos financeiros são recebidos de outras pessoas de direito público ou privado para atender a despesas com uma finalidade pública específica, mas que não impliquem uma contraprestação direta em bens e serviços. Como exemplo, temos os fundos de participação de estados e municípios, royalties do petróleo repassados aos estados e municípios, doações recebidas de pessoas físicas etc. Outras receitas correntes: receitas derivadas de indenizações, restituições, ressarcimentos, multas administrativas, contratuais e judiciais, previstas em legislações específicas etc., desde que não possam ser classificadas nos itens anteriores. EXEMPLOS RECEITAS DE CAPITAL Receitas de operações de crédito: receitas derivadas da colocação de títulos públicos no mercado ou da obtenção de recursos de entidades públicas ou privadas. De forma mais popular, são empréstimos tomados pelo Estado para financiar suas atividades. Receitas de alienação de bens: receitas originárias provenientes da alienação de bens móveis, imóveis ou intangíveis de propriedade pública, como a venda de um prédio público. Amortização de empréstimos concedidos: receitas originárias provenientes do retorno dos valores de empréstimos concedidos pela administração pública. Transferências de capital: receitas derivadas de normas, acordos e afins em que os recursos financeiros são recebidos de outras pessoas de direito público ou privado. Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pública, e não à pessoa que os enviou. Por isso, nesse caso, devem ser utilizados para atender a despesas de capital com uma finalidade pública específica, não implicando uma contraprestação direta em bens e serviços. Outras receitas de capital: receitas derivadas da integralização de capital social, da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional, do resgate de títulos do Tesouro e outras que não possam ser classificadas nos itens anteriores. Ao longo dos anos, essa estrutura foi sendo adaptadapara absorver a evolução na gestão pública. ESTRUTURA ATUAL DE CODIFICAÇÃO DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA C O E DDDD T Categoria econômica Origem Espécie Desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita Tipo Extraído de: BRASIL, 2018, p. 37. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal CATEGORIA ECONÔMICA Divide-se em receitas correntes e de capital. ORIGEM É o detalhamento das categorias econômicas identificando a procedência das receitas. ESPÉCIE Permite qualificar com mais detalhes o fato gerador das receitas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) DESDOBRAMENTO Identifica as particularidades de cada receita. TIPO Tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza. Essa estrutura, representada no exemplo a seguir, é composta por oito dígitos e pode ser encontrada na íntegra no item 9 do MTO (originário da Portaria Interministerial nº 163 da STN/SOF). EXEMPLO DA CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA DA RECEITA Imagem: BRASIL, 2021, p.17. 3) QUANTO À APURAÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO/FISCAL Outra classificação instituída pelo governo federal, mas não obrigatória, é a classificação para a apuração do resultado primário, cujo objetivo é identificar quais são as receitas e as despesas que compõem o resultado primário do governo federal. PRIMÁRIAS As receitas primárias referem-se, predominantemente, a receitas correntes e receitas de capital primárias, decorrentes da alienação de bens e transferências de capital. FINANCEIRAS Já as financeiras não contribuem para formar o resultado primário, pois, ao serem recebidas, criam instantaneamente uma obrigação ou extinguem um direito. Um exemplo é um empréstimo obtido ou a amortização de empréstimos concedidos. FASES, ESTÁGIOS E REGISTRO DA RECEITA O MCASP introduziu o conceito de fases ou etapas da receita, que abrange as quatro etapas do processo/ciclo orçamentário, desde seu planejamento, passando pela aprovação, a execução do orçamento e, por fim, o controle e a avaliação dos resultados. Já a Lei nº 4.320/1964 esclarece os estágios da receita orçamentária e o momento do seu registro. Vale lembrar que esse é o registro puramente orçamentário e de forma alguma deve ser vinculado ao lançamento contábil (que será estudado no próximo módulo). FASE PLANEJAMENTO, ESTÁGIO PREVISÃO É o momento, na fase de elaboração do projeto, visto no ciclo orçamentário, em que se planeja (uma previsão) o montante que deverá ser arrecadado para fazer jus ao custeio das atividades e programas voltados a atender os anseios da sociedade. Lembrando que essa previsão segue normas técnicas e legais e se baseia também no tipo de orçamento (visto no módulo 1). FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO LANÇAMENTO É o momento, na fase de execução do ciclo orçamentário, em que se identifica as características do devedor, verificando-se a possível ocorrência do fato gerador, conforme todas as instruções contidas no artigo 142 do CTN. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO ARRECADAÇÃO É o momento, na fase de execução do ciclo orçamentário, em que o contribuinte se dirige ao agente arrecadador e efetua a entrega dos valores devidos. É na arrecadação que se contabiliza a receita orçamentária. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO RECOLHIMENTO É o momento, na fase de execução do ciclo orçamentário, em que o agente arrecadador recolhe os valores aos cofres públicos, colocando-os à disposição do Tesouro. Aqui é muito importante ressaltar o princípio da unidade de caixa ou tesouraria, perpetrado pelo artigo 56 da Lei nº 4.320/1964, que veda a existência de vários caixas, devendo o ente público ter uma conta única. Aqui é muito importante ressaltar o princípio da unidade de caixa ou tesouraria, perpetrado pelo artigo 56 da Lei nº 4.320/1964, que veda a existência de vários caixas, devendo o ente público ter uma conta única. DESPESAS São as saídas de recursos para a manutenção dos programas de governo e de suas ações e o efetivo funcionamento dos serviços públicos em prol da sociedade. As despesas orçamentárias devem estar consignadas na Lei Orçamentária Anual. CLASSIFICAÇÕES DA DESPESA PÚBLICA 1) CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL Identifica quem é o responsável por fazer. Assim, trata da forma como os créditos orçamentários serão alocados em função do órgão e da unidade orçamentária. Imagem: BRASIL, 2018, p. 72. 2) CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL Divide em qual área de ação governamental as dotações orçamentárias serão enquadradas no que se refere a funções e subfunções (agregador de gastos). Imagem: BRASIL, 2018, p. 73. A função representa o maior nível de agregação das áreas de atuação do setor público, quase sempre relacionada à missão institucional do órgão, por exemplo, educação. Já a subfunção atua na identificação da natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções, como a educação infantil. 3) CLASSIFICAÇÃO POR ESTRUTURA PROGRAMÁTICA Como o nome já sugere, detalha o orçamento por programas (ações) de governo, com vistas a tornar realidade a missão institucional, respondendo aos questionamentos sobre o que será feito, sua finalidade, a maneira como será realizado, a forma de mensuração e onde será feito. As ações são divididas em projetos, atividades e operações especiais. OS CÓDIGOS DESSA CLASSIFICAÇÃO IDENTIFICARÃO O PROGRAMA, A AÇÃO E A LOCALIZAÇÃO DO GASTO. PROJETO ATIVIDADE OPERAÇÕES ESPECIAIS PROJETO É um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam em um período limitado, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo, retornando algo para a sociedade Exemplo: construção de uma escola. ATIVIDADE É um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo. Exemplo: pagar as contas mensais da escola (luz, água, telefone, internet, manutenção do prédio, remuneração dos professores etc.). OPERAÇÕES ESPECIAIS São ações que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e que não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Exemplos: transferência de recursos obrigatória, pagamento de juros da dívida e sentenças judiciais. 4) CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DA DESPESA O escopo da estrutura orçamentária encontra-se na junção da esfera do orçamento, com a identificação dos órgãos e adicionado das diversas classificações (institucional, funcional e programática), formando um conjunto alfanumérico de caracteres que traduz a classificação qualitativa da despesa. É encontrado no anexo da Lei Orçamentária Anual e segue no exemplo: 5) CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA É a classificação mais prática e conhecida no dia a dia da execução orçamentária, emanada dos artigos 12 e 13 da Lei nº 4.320/1964 e encontrada de forma completa no item 9 do MTO (originário da Portaria Interministerial nº 163 da STN/SOF), estruturada por oito dígitos, como no exemplo a seguir. Estrutura atual de codificação da despesa orçamentária Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino CATEGORIA ECONÔMICA Identifica o efeito econômico, que será despesa corrente ou de capital. GRUPO Agregador de elementos com as mesmas características quanto ao objeto de gasto. MODALIDADE DE APLICAÇÃO Informação gerencial que indica se os recursos são aplicados diretamente pela unidade detentora do crédito, no âmbito da mesma esfera de governo ou por outro ente, mediante transferência para entidades públicas ou privadas, sendo usada também para eliminar duplos registros no orçamento. ELEMENTO Identifica os objetos de gasto a ser realizado para a consecução da finalidade pública. SUBELEMENTO Identifica, de forma detalhada, a que se refere o gasto. DESPESAS CORRENTES Dispêndios quenão contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. Pessoal e encargos sociais: dispêndios com pessoal ativo e inativo, pensionistas e com os encargos sociais decorrentes dessas relações. Juros da dívida: dispêndios com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. Outras despesas correntes: dispêndios com as atividades diárias da administração pública, tais como luz, água, telefone, internet, manutenção, diárias etc. DESPESAS DE CAPITAL Dispêndios que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. Investimentos: Dispêndios com bens e serviços tais como softwares, terrenos e instalações novas, construções e reformas etc. Inversões financeiras: Aqui, há a troca de recursos por bens e serviços já constituídos, como a aquisição de imóveis/bens já existentes, aquisição ou aumento de capital em empresas já constituídas, dentre outras. Amortização da dívida: Dispêndios com o pagamento e o refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. 6) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO IMPACTO NA SITUAÇÃO LÍQUIDA Essa classificação possui um aspecto contábil evidenciando como as transações podem impactar ou não a situação líquida. Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino EFETIVAS Reduzem a situação líquida do ente, manifestando um fato contábil diminutivo quando de sua realização. Como exemplo, temos a despesa com manutenção predial. Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente, mas há exceções. NÃO EFETIVAS Não reduzem a situação líquida do ente, manifestando um fato contábil permutativo quando de sua realização. Como exemplo, temos a saída de recursos para devolução de um empréstimo. Em geral, a despesa orçamentária não efetiva é despesa de capital, mas há exceções. 7) CLASSIFICAÇÃO QUANTITATIVA DA DESPESA O escopo da estrutura orçamentária tem duas dimensões, uma para identificar as metas físicas e outra para as metas financeiras. METAS FÍSICAS O quanto se pretende entregar METAS FINANCEIRAS O quanto se pretende gastar A dimensão financeira está atrelada aos seguintes itens: Imagem: Thiago da Silva Telles Constantino IDENTIFICADOR DE DOAÇÃO E DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO (IDOC) Identifica doações de entidades internacionais ou operações de crédito presentes nas ações orçamentárias, com ou sem contrapartida de recursos do Estado. javascript:void(0) javascript:void(0) IDENTIFICADOR DE USO (IDUSO) Indica se os recursos são destinados a uma contrapartida nacional de empréstimos ou de doações ou destinam-se a outras aplicações. FONTE DE RECURSOS Indica de onde virão os recursos para realizar a despesa. CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA Detalhada no item 5. IDENTIFICADOR DE RESULTADO PRIMÁRIO Indica o efeito da despesa sobre o resultado primário do Estado. FASES, ESTÁGIOS E REGISTRO DA DESPESA Assim como na receita, o MCASP inova utilizando o conceito de fases ou etapas da despesa de forma ampla, englobando as quatro etapas do processo/ciclo orçamentário desde seu planejamento, passando pela aprovação e pela execução do orçamento e, por fim, abordando o controle e a avaliação dos resultados. A Lei nº 4.320/1964 esclarece somente os estágios básicos da despesa orçamentária, que são a fixação, o empenho, a liquidação e o pagamento, além do momento do registro da despesa. Vale lembrar que esse registro é puramente orçamentário e de forma alguma deve ser vinculado ao lançamento contábil (que será estudado no próximo módulo). FASE PLANEJAMENTO, ESTÁGIO FIXAÇÃO É o momento, na fase de elaboração do projeto, em que se fixa as despesas obrigatórias e discricionárias para fazer jus às atividades e aos programas voltados a atender os anseios da sociedade. São pautadas na expectativa de arrecadação, além de observar normas técnicas e legais, baseando-se também no tipo de orçamento (visto no módulo 1). FASE PLANEJAMENTO, ESTÁGIO DESCENTRALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS É o momento em que, após a aprovação da LOA, é efetuada a distribuição do orçamento para cada unidade. FASE PLANEJAMENTO, ESTÁGIO PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA É um estudo de fluxo de caixa para a compatibilização do momento entre a efetiva arrecadação e o momento do pagamento das despesas. Caso haja frustração de receita, um contingenciamento será efetivado para evitar problemas de falta de recursos financeiros. FASE PLANEJAMENTO, ESTÁGIO PROCESSO DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO É o processo baseado no artigo 37 da CF/1988 e na Lei nº 14.133/2021 que disciplina as regras e os procedimentos administrativos de licitação e contratação de empresas e sua relação jurídico-comercial com o Estado. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO EMPENHO É o momento, já na fase da execução da lei orçamentária, em que é emanado o ato legal (documento) que cria a obrigação de pagamento para o Estado, conforme artigo 58 da Lei nº 4.320/1964. É a autorização, reservando-se a dotação, para que o bem ou serviço possa ser realizado. É no empenho que se contabiliza a despesa orçamentária. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO EM LIQUIDAÇÃO Fase criada pelo PCASP, que inova e traz sinergia entre a execução do orçamento e o registro contábil patrimonial, respeitando a tempestividade e oportunidade — é quando o fato gerador da despesa contábil patrimonial acontece. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO LIQUIDAÇÃO Momento da despesa orçamentária, previsto no artigo 63 da Lei nº 4.320/1964, que consiste na verificação dos direitos do credor, realizando-se a verificação e análise documental para a liberação do pagamento. FASE EXECUÇÃO, ESTÁGIO PAGAMENTO É o momento da entrega dos recursos financeiros ao respectivo credor do empenho, conforme previsto no artigo 64 da Lei nº 4.320/1964. MODALIDADES DE EMPENHO As modalidades de empenho são: ORDINÁRIO Valor fixo e pagamento de uma só vez. ESTIMATIVO Não se sabe o valor total do gasto e os pagamentos são periódicos. GLOBAL O valor total do gasto é conhecido e os pagamentos são periódicos. RESUMINDO Neste módulo, apresentamos toda a estrutura que envolve os procedimentos orçamentários, começando pelos princípios que norteiam o orçamento e avançando pelos os conceitos, classificações de receitas e despesas e suas respectivas fases. No próximo módulo, abordaremos os procedimentos patrimoniais e, por fim, detalharemos, por meio de um quadro-resumo, a relação efetiva entre orçamento e patrimônio sob o ponto de vista da contabilidade pública. RECEITAS E DESPESAS SOB O ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO O especialista Thiago da Silva Telles Constantino fala sobre receitas e despesas sob o enfoque orçamentário VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (CESPE/2019; TCE-RO; AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - ADMINISTRAÇÃO) HAVERÁ RESPEITO ÀS EXIGÊNCIAS DO PRINCÍPIO ORÇAMENTÁRIO DA UNIDADE CASO O ORÇAMENTO CONTENHA, EM UM ÚNICO DOCUMENTO, TODAS AS RECEITAS E DESPESAS DE UM MESMO: A) Poder republicano B) Ente da Federação C) Plano orçamentário D) Ordenador de despesa E) Órgão setorial de planejamento 2. (CESPE/2019; TCE-RO; AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - ADMINISTRAÇÃO) O ESTÁGIO DE EMPENHO DA DESPESA PÚBLICA TEM POR OBJETIVO: A) Determinar a origem da despesa e o objeto que se deve pagar. B) Apurar a importância exata a ser paga. C) Definir a quem se deve pagar, para extinguir a obrigação. D) Criar obrigação de pagamento para o Estado. E) Determinar que a despesa seja paga. GABARITO 1. (CESPE/2019; TCE-RO; Auditor de Controle Externo - Administração) Haverá respeito às exigências do princípio orçamentário da unidade caso o orçamento contenha, em um único documento, todas as receitas e despesas de um mesmo: A alternativa "B " está correta. O princípio da unidade refere-se a uma única peça orçamentária para cada ente da Federação (união, estados, distrito federal e municípios) e seus respectivos órgãos. 2. (CESPE/2019; TCE-RO; Auditor de Controle Externo -Administração) O estágio de empenho da despesa pública tem por objetivo: A alternativa "D " está correta. É exatamente na fase do empenho que, ao emitir a nota de empenho, o Estado informa que há uma obrigação de pagamento, sob a condição de que o serviço seja prestado ou o bem seja entregue, além dos demais ritos a serem cumpridos. MÓDULO 4 Identificar aspectos patrimoniais da contabilidade pública PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS PATRIMONIAIS A partir de agora, vamos mergulhar nos aspectos patrimoniais da contabilidade pública, que em muito se assemelha à contabilidade geral. Integrante da parte 2 do MCASP e estruturada pelas NBC TSP, a contabilidade patrimonial, já prevista desde 1964 na Lei nº 4.320/1964, mas até pouco tempo ignorada, apresenta os conceitos e procedimentos que embasam os registros dos fatos e atos patrimoniais e suas variações. Sim, aqui já está presente um aspecto diferente da contabilidade geral, o registro dos atos administrativos. DESSA FORMA, A CONTABILIDADE PÚBLICA BUSCA A PADRONIZAÇÃO EM TODOS SEUS ENTES E ESFERAS E A HARMONIZAÇÃO COM OS PADRÕES INTERNACIONAIS, MELHORANDO A QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES QUE VÃO APOIAR A TOMADA DE DECISÕES DOS GESTORES PÚBLICOS E O MONITORAMENTO PELA SOCIEDADE. FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO Assim como na contabilidade geral, o patrimônio que compõe a contabilidade púbica é formado por ativo, passivo e PL. ATIVO São recursos controlados pela entidade no presente, oriundos de resultados de eventos passados, os quais podem gerar resultados/benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços e que apresentam mensuração confiável. PASSIVO São obrigações presentes da entidade, oriundas de eventos passados, cuja liquidação resulte em uma provável saída de recursos mensurados de forma confiável e que sejam capazes de gerar benefícios econômicos para a entidade. É no passivo exigível que há a sintonia com a fase em liquidação da execução da despesa orçamentária. PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) A situação patrimonial líquida é a diferença entre os ativos e os passivos. O PL é formado por capital social, reservas de capital, ajustes, reservas, ações em tesouraria e resultados acumulados (superavit ou deficit), devendo o resultado do período atual ser evidenciado separadamente dos exercícios anteriores. CLASSIFICAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS CIRCULANTES E NÃO CIRCULANTES. Ativo circulante Realização Até 12 meses da data das demonstrações. Passivo circulante Exigibilidade Ativo não circulante Realização Após 12 meses da data das demonstrações. Passivo não circulante Exigibilidade Elaborado por: Thiago da Silva Telles Constantino Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal FORMAÇÃO DO RESULTADO Na contabilidade pública, as variações patrimoniais quantitativas, ou seja, aquelas que aumentam ou diminuem o PL, são conhecidas como variações patrimoniais aumentativas (VPA), definindo as receitas, e variações patrimoniais diminutivas (VPD), caracterizando as despesas. IMPORTANTE LEMBRAR QUE AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS QUALITATIVAS CARACTERIZAM APENAS FATOS PERMUTATIVOS E NÃO AFETAM O PL. Tanto as VPA como as VPD devem ser registradas de forma tempestiva e podem ou não ter relação direta com a execução orçamentária, conforme exemplo a seguir. Resultante da execução orçamentária Independente da execução orçamentária VPA Arrecadação de tributos Doações recebidas VPD Despesas com manutenção da escola Doações efetuadas Depreciação dos bens Elaborado por: Thiago da Silva Telles Constantino Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Assim, VPA e VPD devem ser reconhecidas, como preconiza a boa prática contábil, pelo princípio da competência e na ocorrência do fato gerador, não devendo se confundir com o momento do reconhecimento da despesa e receita orçamentária. Destacamos os momentos de cada uma delas de acordo com a base normativa no quadro que a seguir. Registros Contábeis - Contabilidade Aplicada ao Setor Público Contas de Natureza de Informação Orçamentária Contas de Natureza de Informação Patrimonial Evento Critério Base Normativa Evento Critério Base Normativa Receita Orçamentária Arrecadação Lei nº 4.320/1964 art. 35 Variação Patrimonial Aumentativa Competência NBC TSP - Estrutura Conceitual Despesa Orçamentária Empenho Lei nº 4.320/1964 art. 35 Variação Patrimonial Diminutiva Competência NBC TSP - Estrutura Conceitual Extraído de: BRASIL, 2018, p. 106. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Caso haja fatos que não foram registrados tempestivamente, oriundos de anos anteriores (decorrentes de mudanças de critérios contábeis, omissões e erros de registros), o reconhecimento desses valores deve impactar diretamente o PL, à conta de ajustes de exercícios anteriores, sendo recomendada sua evidenciação nas notas explicativas. MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS Ativos e passivos devem ser avaliados em razão de um julgamento adequado destinado a cada classe e subclasse a que pertencem. As características da transação necessitam estar fundamentadas na boa norma e na prática contábil, sempre se traduzindo a razoabilidade na evidenciação dos atos e fatos. Para que a mensuração ocorra de forma mais adequada possível, o CFC padronizou as normas brasileiras às internacionais, conforme podemos analisar no quadro a seguir. Quadro: Padronização das normas brasileiras às internacionais. Correlação NBC Resolução CFC Nome da Norma IFAC NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL DOU 04/10/16 Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público Conceptual Framework NBC TSP 01 DOU 28/10/16 Receita de Transação sem Contraprestação IPSAS 23 NBC TSP 02 DOU 28/10/16 Receita de Transação com Contraprestação IPSAS 9 NBC TSP 03 DOU 28/10/16 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes IPSAS 19 NBC TSP 04 DOU 06/12/16 Estoques IPSAS 12 NBC TSP 05 DOU 06/12/16 Contratos de Concessão de Serviços Públicos: Concedente IPSAS 32 NBC TSP 06 DOU 28/9/17 Propriedade para Investimento IPSAS 16 NBC TSP 07 DOU Ativo Imobilizado IPSAS 17 https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSPEC&arquivo=NBCTSPEC.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSP01&arquivo=NBCTSP01.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSP02&arquivo=NBCTSP02.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSP03&arquivo=NBCTSP03.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSP04&arquivo=NBCTSP04.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTSP05&arquivo=NBCTSP05.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP06&arquivo=NBCTSP06.docx https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP07&arquivo=NBCTSP07.docx 28/9/17 NBC TSP 08 DOU 28/9/17 Ativo Intangível IPSAS 31 NBC TSP 09 DOU 28/9/17 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa IPSAS 21 NBC TSP 10 DOU 28/9/17 Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa IPSAS 26 NBC TSP 11 DOU 31/10/18 Apresentação das Demonstrações Contábeis IPSAS 1 NBC TSP 12 DOU 31/10/18 Demonstração dos Fluxos de Caixa IPSAS 2 NBC TSP 13 DOU 31/10/18 Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações Contábeis IPSAS 24 NBC TSP 14 DOU 31/10/18 Custos de Empréstimos IPSAS 5 NBC TSP 15 DOU 31/10/18 Benefícios a Empregados IPSAS 39 NBC TSP 16 DOU 31/10/18 Demonstrações Contábeis Separadas IPSAS 34 NBC TSP 17 DOU 31/10/18 Demonstrações Contábeis Consolidadas IPSAS 35 NBC TSP 18 DOU 31/10/18 Investimento em Coligada e em Empreendimento Controlado em Conjunto IPSAS 36 https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP08&arquivo=NBCTSP08.docx https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP09&arquivo=NBCTSP09.docxhttps://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2017/NBCTSP10&arquivo=NBCTSP10.docx https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP11&arquivo=NBCTSP11.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP12&arquivo=NBCTSP12.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP13&arquivo=NBCTSP13.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP14&arquivo=NBCTSP14.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP15&arquivo=NBCTSP15.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP16&arquivo=NBCTSP16.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP17&arquivo=NBCTSP17.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP18&arquivo=NBCTSP18.doc NBC TSP 19 DOU 31/10/18 Acordos em Conjunto IPSAS 37 NBC TSP 20 DOU 31/10/18 Divulgação de Participações em Outras Entidades IPSAS 38 NBC TSP 21 DOU 31/10/18 Combinações No Setor Público IPSAS 40 NBC TSP 22 DOU 28/11/19 Divulgação sobre Partes Relacionadas IPSAS 20 NBC TSP 23 DOU 28/11/19 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro IPSAS 3 NBC TSP 24 DOU 28/11/19 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis IPSAS 4 NBC TSP 25 DOU 28/11/19 Evento Subsequente IPSAS 14 NBC TSP 26 DOU 26/11/19 Ativo Biológico e Produto Agrícola IPSAS 27 NBC TSP 27 DOU 04/11/20 Informações por Segmento. IPSAS 18 NBC TSP 28 DOU 04/11/20 Divulgação de informação Financeira do Setor Governo Geral. IPSAS 22 NBC TSP 29 DOU 04/11/20 Benefícios Sociais. IPSAS 42 https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP19&arquivo=NBCTSP19.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP20&arquivo=NBCTSP20.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2018/NBCTSP21&arquivo=NBCTSP21.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTSP22&arquivo=NBCTSP22.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTSP23&arquivo=NBCTSP23.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTSP24&arquivo=NBCTSP24.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTSP25&arquivo=NBCTSP25.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCTSP26&arquivo=NBCTSP26.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBCTSP27&arquivo=NBCTSP27.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBCTSP28&arquivo=NBCTSP28.doc https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBCTSP29&arquivo=NBCTSP29.doc NBC T 16.7 1.134/08 Consolidação das Demonstrações Contábeis (revogada a partir de 1º/1/21) não há NBC T 16.11 1.366/11 Sistema de Informação de Custos do Setor Público não há Extraído de: Site do CFC, 2021. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Cada NBC TSP abrange um aspecto das classes contábeis, sendo que todas elas estão hierarquicamente estruturadas abaixo da NBC TSP Estrutura Conceitual, que traz uma visão completa sobre a contabilidade pública. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A CONTABILIDADE GERAL Com a padronização e adaptação às normas internacionais, a maioria das normas de contabilidade pública reflete com exatidão o que acontece na contabilidade geral. Contudo, dada as peculiaridades que envolvem o Estado e a gestão pública, adaptações e ajustes são requeridos. Vamos estudar alguns deles agora. REGISTRO DE BENS DE USO COMUM DO POVO Bens de uso comum do povo são definidos conforme uma classificação jurídica, tratada no Código Civil Brasileiro, que retrata os bens de domínio público, ou seja, bens naturais ou construídos em que o povo seja beneficiário de sua fruição. Podem ser enquadrados em duas categorias: bens do patrimônio cultural e ativos de infraestrutura. Segundo a NBC TSP 07, para que se possa reconhecer esse tipo de bem, é necessário que este reflita benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços, além de seu valor cultural. Como bem relatam Araújo, Souza e Amorim (2013), esses benefícios futuros podem ser enquadrados como melhorias no bem que contribuam de alguma forma para a sociedade e gerem retorno ao Estado. https://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001134 https://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2008/001134 https://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001366 https://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2011/001366 BENS DO PATRIMÔNIO CULTURAL São os bens de uso comum do povo que têm valor histórico, cultural ou ambiental, retratando um aspecto importante da sociedade. Exemplos: monumentos, prédios históricos, museus, reservas naturais, praias, ilhas, sítios arqueológicos, locais de conservação etc. ATIVOS DE INFRAESTRUTURA São bens de uso comum do povo que são construídos pelo poder público e se destinam a oferecer a infraestrutura necessária para o bom funcionamento da sociedade. Exemplos: rodovias, ferrovias, redes de comunicação e tecnologia, pontes, calçadões, sistemas e redes de água, esgoto, energia elétrica etc. Os ativos de infraestrutura devem ser registrados seguindo as mesmas instruções de um ativo imobilizado. Quanto aos bens do patrimônio cultural, seu registro contábil é facultativo, porém, caso sejam registrados, devem ser detalhados nas notas explicativas. REGISTRO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Diferentemente da iniciativa privada, os atos administrativos que venham a gerar possível impacto patrimonial nas contas públicas, conhecidos como atos potenciais, devem ser registrados. Nesse caso, o PCASP criou um grupo de contas, chamado de contas de controle, no qual serão evidenciados esses registros e será realizado o acompanhamento, dando a verdadeira dimensão do que está envolvido no ambiente da contabilidade pública. Vale ressaltar que esses atos potenciais que devem ter registro são tanto ativos como passivos. EXEMPLO Podemos citar o registro dos valores que envolvem um contrato e o acompanhamento de sua execução, assim como as garantias financeiras que envolvem esse instrumento (caução, fiança, seguro-garantia), controles de devedores da dívida ativa, arrecadação, disponibilidades comprometidas com futuros pagamento, ativos e passivos contingentes, dentre outros. PLANO DE CONTAS Conhecido no mundo da contabilidade pública como PCASP, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público reflete as classes de contas patrimoniais, de resultado, de controles orçamentários (aprovação e execução) e de controles dos atos potenciais (credores e devedores) que servirão para a evidenciação das demonstrações contábeis. O PCASP É PADRONIZADO E DE UTILIZAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA TODOS OS ENTES DE TODAS AS ESFERAS DE GOVERNO. TEM COMO OBJETIVO SER UM MECANISMO DE CONSOLIDAÇÃO, TRANSPARÊNCIA E COMPARAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS NOS DIVERSOS NÍVEIS DE GOVERNO, MELHORANDO A COMUNICAÇÃO COM OS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL. A estrutura básica da escrituração contábil é composta de contas que são a expressão qualitativa e quantitativa do que acontece no dia a dia contábil, representadas em oito classes, conforme o quadro a seguir: PCASP Natureza da informação Classes Patrimonial 1. Ativo 2. Passivo 3. Variações Patrimoniais Diminutivas 4. Variações Patrimoniais Aumentativas Orçamentária 5. Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 6. Controles da Execução do Planejamento e Orçamento PCASP Controle 7. Controles Devedores 8. Controles Credores BRASIL, 2018, p. 388 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Os lançamentos devem respeitar o método das partidas dobradas e serão debitados e creditados de acordo com a natureza da informação. A natureza dos saldos das classes 1, 3, 5 e 7 é devedora; a das classes 2, 4, 6 e 8 é credora. Aestrutura dos códigos é detalhada em nove dígitos e é composta por sete níveis, apresentados no esquema a seguir: Extraído de: BRASIL, 2018, p. 388. ATENÇÃO Uma particularidade do plano de contas que é de fundamental importância é o 5º nível (subtítulo). Esse dígito identifica a qual esfera se refere a transação e foi criado para que se possa excluir as transações entre as partes relacionadas para fins de consolidação das demonstrações em nível nacional, gerando o Balanço do Setor Público Nacional (BSPN), segundo orientação do artigo 51 da LC nº 101/2000 – LRF. As contas contábeis também têm um campo chamado atributo, que serve, por exemplo, para atender à Lei nº 4.320/1964 na identificação do superavit financeiro primário (ISF), oriundo das contas patrimoniais. Esses atributos são identificados pela letra F, que identifica o ativo e passivo financeiro, e pela letra P, que identifica o ativo e o passivo permanente. Já para auxiliar na apuração da dívida pública consolidada líquida (DCL), temos o atributo (0) para soma e o atributo (1) para exclusão do cálculo da DCL. RESUMINDO Neste módulo, apresentamos toda a estrutura que envolve os procedimentos patrimoniais, começando pela formação do patrimônio e do resultado e avançando pelas normas de mensuração de ativos e passivos, contudo, aprofundando os estudos sobre as peculiaridades da contabilidade pública. Vimos também o mecanismo fundamental de tradução da informação contábil — o PCASP — e sua estrutura, que auxilia na composição das demonstrações contábeis por meio da natureza da informação patrimonial, orçamentária e de controle. PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS PATRIMONIAIS O especialista Thiago da Silva Telles Constantino fala sobre a apresentação dos conceitos e técnicas básicas da contabilidade pública: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ADAPTADO DE FAFIPA/2018; CÂMARA DE FOZ DO IGUAÇU - PR; CONTADOR) AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS SÃO TRANSAÇÕES QUE PROMOVEM ALTERAÇÕES NOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS DA ENTIDADE DO SETOR PÚBLICO, MESMO EM CARÁTER COMPENSATÓRIO, AFETANDO OU NÃO O SEU RESULTADO. A ESSE RESPEITO, AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS PODEM SER CLASSIFICADAS EM: I. QUANTITATIVAS: SÃO AQUELAS DECORRENTES DE TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO QUE ALTERAM A COMPOSIÇÃO DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS SEM AFETAR O PATRIMÔNIO LÍQUIDO. II. QUALITATIVAS: SÃO AQUELAS DECORRENTES DE TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO QUE AUMENTAM OU DIMINUEM O PATRIMÔNIO LÍQUIDO. III. QUANTITATIVAS AUMENTATIVAS: QUANDO AUMENTAM O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (RECEITA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL). IV. QUANTITATIVAS DIMINUTIVAS: QUANDO DIMINUEM O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DESPESA SOB O ENFOQUE PATRIMONIAL). ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Apenas as assertivas I e II estão corretas. B) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas. C) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. D) Apenas as assertivas II e III estão corretas. E) Apenas as assertivas I e III estão corretas. 2. (CESPE/2020; TJ – PA; ANALISTA JUDICIÁRIO CONTADOR) RELATIVAMENTE ÀS CLASSES DE CONTAS, O PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR PÚBLICO (PCASP) É DIVIDIDO EM: A) Duas classes, sendo as contas contábeis classificadas dentro de uma mesma natureza de informação contábil. B) Três classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam: orçamentária, patrimonial e fiscal. C) Quatro classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam: contas patrimoniais, contas de resultado, contas de controle orçamentário e contas de controle de atos potenciais. D) Seis classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam: orçamentária, financeira, patrimonial e de compensação. E) Oito classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza das informações que evidenciam: patrimonial, orçamentária e de controle. GABARITO 1. (Adaptado de FAFIPA/2018; Câmara de Foz do Iguaçu - PR; Contador) As variações patrimoniais são transações que promovem alterações nos elementos patrimoniais da entidade do setor público, mesmo em caráter compensatório, afetando ou não o seu resultado. A esse respeito, as variações patrimoniais podem ser classificadas em: I. Quantitativas: são aquelas decorrentes de transações no setor público que alteram a composição dos elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio líquido. II. Qualitativas: são aquelas decorrentes de transações no setor público que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido. III. Quantitativas aumentativas: quando aumentam o patrimônio líquido (receita sob o enfoque patrimonial). IV. Quantitativas diminutivas: quando diminuem o patrimônio líquido (despesa sob o enfoque patrimonial). Assinale a alternativa CORRETA: A alternativa "C " está correta. Apenas as variações quantitativas alteram o patrimônio líquido, sempre aumentando-o (VPA/receita) ou reduzindo-o (VPD/despesa). 2. (CESPE/2020; TJ – PA; Analista Judiciário Contador) Relativamente às classes de contas, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) é dividido em: A alternativa "E " está correta. A estrutura básica do PCASP divide-se em oito classes, e sua respectiva natureza da informação, sendo 1, 2, 3 e 4 de natureza patrimonial e de resultado; 5 e 6 de natureza orçamentária; 7 e 8 de natureza de controle. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo, você aprendeu a distinguir a contabilidade pública (ciência) e o orçamento público (técnica) e conheceu a estrutura normativa que rege ambos. Vimos que, após muito tempo, eles passaram a caminhar juntos e que empregar as técnicas orçamentárias durante o planejamento e a execução do orçamento anual auxilia a contabilidade pública em seus procedimentos. Compreender a contabilidade pública em seus diversos aspectos eleva a ciência ao mais alto nível de importância para a gestão pública. Você pôde notar que as informações emanadas da contabilidade pública por meio das demonstrações contábeis contribuem para um melhor processo de tomada de decisões, possibilitando uma melhor prestação de serviço à sociedade e dando transparência dos acontecimentos ao usuário da informação contábil. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AFONSO, J. R. Orçamento público no Brasil: história e premência de reforma. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], v. 17, n. 1, p. 9-28, 2016. ARAÚJO, I P.N.; SOUZA, K. C; AMORIM, P. S. Contabilização de bens de uso comum no setor público. Revista Controle - Tribunal de Contas do Ceará, v. 11, n. 2, p. 11-23, 2013. BALEEIRO, A.; SEGUNDO, H. B. M. Uma introdução à ciência das finanças. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. BRASIL. Manual de contabilidade aplicada ao setor público. 8. ed. Brasília: Ministério da Economia, Secretaria do Tesouro Nacional, 2018. BRASIL. Manual de demonstrativos fiscais. 11. ed. Brasília: Ministério da Economia. Secretaria do Tesouro Nacional, 2020. BRASIL. Manual técnico de orçamento MTO. Edição 2021. 9ª versão. Brasília: Ministério da Economia, Secretaria Especial de Fazenda, Secretaria de Orçamento Federal, 2021. BRASIL. Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e dá outras providências. Brasília: Ministério da Economia, Secretaria do Tesouro Nacional, 2001. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CFC. 70 anos de contabilidade. Brasília: CFC, 2016. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CFC. Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - NBC TSP. Consultado eletronicamente em: 5 mar. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CFC. Resolução nº 1.128 de 25 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.1 - Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação. Consultado eletronicamente em: 5 mar. 2021. DOWBOR, L. Políticas sociais e transformação da sociedade. In: Kátia
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