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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO Meu nome é Denilson de Oliveira Sarvo. Possuo Graduação em Bi- blioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (2009), MBA em Gestão de Unidades de Infor- mação pelo Centro Universitário Central Paulista – UNICEP (2014) e Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCar (2018). Atuo como bibliotecário no Sistema Integrado de Bibliotecas da UFSCar (SIBi-UFSCar), tendo experiência em Serviços de Referência, Bibliotecas Digitais, Repositórios Institucionais, Capacitação e Recu- peração da Informação em Bases de Dados de Informação Científica e Tecnológica, Gestão de Periódicos Científicos, Estudos Bibliomé- tricos e Elaboração de Indicadores Científicos. Atuo também como coordenador pedagógico no curso de Bibliometria e Indicadores Científicos do Núcleo de Infor- mação Tecnológica em Materiais (NIT/Materiais) da UFSCar. E-mail: <denilson@ufscar.br>.es ac turpis egestas. Morbi posuere odio eu odio tristique, eget rhoncus magna vestibulum. Email: email@claretiano.edu.br Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Denilson de Oliveira Sarvo Batatais Claretiano 2019 AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 025.04 S261a Sarvo, Denilson de Oliveira Automação e informatização de unidades de informação / Denilson de Oliveira Sarvo – Batatais, SP : Claretiano, 2019. 111 p. ISBN: 978-85-8377-582-9 1. Unidades de informação - Gestão. 2. Sistemas de informação. 3. Repositórios Institucionais. 4. Bibliotecas digitais. 5. Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs. I. Automação e informatização de unidades de informação. CDD 025.04 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Automação e Informatização de Unidades de Informação Versão: dez./2019 Formato: 15x21 cm Páginas: 111 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 12 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 16 4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 17 5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 17 UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 22 2.1. A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................... 22 2.2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................... 25 2.3. A CRISE DOS PERIÓDICOS ....................................................................... 29 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 32 3.1. A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................... 32 3.2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................... 33 3.3. A CRISE DOS PERIÓDICOS ....................................................................... 34 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 35 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 37 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38 UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 41 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 41 2.1. O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO ..................................................... 42 2.2. AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS .............................................. 46 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 52 3.1. O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO ..................................................... 52 3.2. AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS .............................................. 53 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 56 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 58 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 58 7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 60 UNIDADE 3 – IMPLEMENTAÇÃO DE REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 63 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 63 2.1. PLANEJAMENTO ...................................................................................... 64 2.2. DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS ....................................................................... 75 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 80 3.1. PLANEJAMENTO ...................................................................................... 80 3.2. DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS .......................................................................81 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 84 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 86 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 87 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 89 UNIDADE 4 – GESTÃO DE UNIDADE DE INFORMAÇÃO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 93 2.1. MANUTENÇÃO DE AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS .............. 94 2.2. SISTEMAS DE GESTÃO DE UNIDADE DE INFORMAÇÃO ....................... 99 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 103 3.1. MANUTENÇÃO DE AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS .............. 103 3.2. SISTEMAS DE GESTÃO DE UNIDADE DE INFORMAÇÃO ....................... 104 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 105 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 107 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 108 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 110 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo A obra Automação e Informatização de Unidades de Informação visa contex- tualizar questões sociais, organizacionais e humanas identificadas nos proces- sos de desenvolvimento de repositórios institucionais e bibliotecas digitais, bem como as principais tecnologias envolvidas. Visa, também, possibilitar um melhor entendimento das ferramentas de software que podem ser utilizadas e capacitar o aluno a resolver problemas e propor soluções no âmbito da in- formatização de sistemas de gestão de bibliotecas, considerando as necessi- dades informacionais emergentes e especificidades do ambiente web e dos usuários. Bibliografia Básica COSTA, M. P.; LEITE, F. C. L. Repositórios institucionais da América Latina e o acesso aberto à informação científica. Brasília: Ibict, 2017. SARVO, D. O. Automação e informatização de unidades de informação. Batatais: Claretiano, 2019. VECHIATO, F. L. et al. (Orgs.). Repositórios digitais: teoria e prática. Curitiba: EDUTFPR, 2017. Bibliografia Complementar BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE. Read the Budapest Open Access Initiative. 2002. Disponível em: <https://www.budapestopenaccessinitiative.org/read>. Acesso em: 16 abr. 2019. FERREIRA, M. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. LEITE, F. C. L. et al. Boas práticas para a construção de repositórios institucionais da produção científica. Brasília: Ibict, 2012. 8 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. Brasília: Briquet de Lemos, 2002. SAYÃO, L. et al. Implantação e gestão de repositórios institucionais: políticas, memória, livre acesso e preservação. Salvador: EDUFBA, 2009. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se- lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu- ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató- rios, para efeito de avaliação. 9© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Automação e Informatização de Unidades de Informação, que fornecerá o aporte teórico para a sua atuação como bibliotecário em atividades dessa área aplica- das às unidades de informação. O conteúdo está dividido em quatro unidades, as quais apresentam um panorama geral sobre os sistemas de informa- ção ligados às unidades de informação. Procuramos elaborar um conteúdo sobre a automação e informatização de unidades de informação com enfoque nos co- nhecimentos que o bibliotecário deve possuir para atuar nesse contexto. Para isso, contextualizamos o assunto a partir da evo- lução das tecnologias de informação e seus impactos em proces- sos como a comunicação científica. Ressaltamos que essa contextualização se torna necessá- ria, uma vez que, para realizar a gestão de unidades de informa- ção, o bibliotecário deve estar atento a todas as mudanças que impactam o seu ambiente, não se restringindo somente à com- preensão de assuntos únicos e exclusivos dos processos internos das bibliotecas. Atuar nos processos ligados à automação e informatização de unidades de informação requer visão sistêmica sobre as de- mandas informacionais existentes; atuação segundo a missão e os objetivos da unidade de informação e da instituição à qual está vinculada; conhecimento sobre a equipe da instituição e suas competências; além da capacidade de realizar diagnósticos e planejamentos quanto às condições e capacidades da unidade de informação, assim como referente às inovações necessárias 10 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO visando à absorção e ao uso de novas tecnologias em unidades de informação. Levando isso em consideração, na Unidade 1 abordaremos a comunicação científica e o Movimento de Acesso Aberto, com o objetivo demonstrar a trajetória histórica da criação e do de- senvolvimento do processo de comunicação científica. Destaca- -se para isso a evolução e o impacto que os sistemas de infor- mação trouxeram a esse processo. Ao término dessa unidade, é esperada a compreensão dos conceitos, aspectos positivos e problemáticas referente ao processo de comunicação científica tradicional. Na Unidade 2, discutiremos o Movimento de Acesso Aber- to e os ambientes informacionais digitais, dando continuidade às perspectivas do processo de comunicação científica, trazen- do a discussão de como os elementos adotados no decorrer da formalização da comunicação da ciência trouxeram barreiras de acesso à informação, como o viés comercial aplicado aos canais de comunicação científica. Diante dessas barreiras, são aborda- das as estratégias adotadas pelo Movimento de Acesso Aberto para promover canais de comunicação científica de acesso livre, como a difusão de repositórios institucionais. Na Unidade 3, você aprenderá sobre a implementação de repositórios institucionais, e apresentaremos as etapas necessá- rias para a implementação e gestão de repositórios institucio- nais, divididas em planejamento e implementação. Nessa unida- de, serão abordados os elementos necessários para a prática de representação, armazenamento, preservação, acesso, dissemi- nação e recuperação da informação em repositórios institucio- nais, assim como as principais tecnologias envolvidas na criação desse tipo de ambiente. 11© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Na Unidade 4 falaremos da Gestãode Unidade de Informa- ção: de modo geral, com a criação do repositório, cabe às unida- des de informação realizar parte das atividades relacionadas à manutenção dos RI. Essa etapa compreende as práticas neces- sárias para recebimento, tratamento e disponibilização de itens da produção científica institucional. Cabe ressaltar que a dispo- nibilização de ambientes informacionais digitais (um dos frutos relacionados à evolução das TIC) altera também as bibliotecas fí- sicas, uma vez que novos espaços, equipes e serviços tornam-se necessários para absorver esses tipos de ambientes. Em nossa última unidade, serão abordadas as implicações que a automa- ção e informatização trouxeram para as unidades de informação, assim como as competências relacionadas aos bibliotecários nesse contexto e as ferramentas que dão suporte para as mu- danças ou ofertas de novos produtos e serviços informacionais. Por meio do referencial teórico apresentando em nosso Conteúdo Básico de Referência (CBR) e o conteúdo complemen- tar, apresentado por meio do Conteúdo Digital Integrador (CDI), espera-se que o aluno obtenha as informações e os conhecimen- tos necessários para a sua futura atuação profissional. Procuramos elaborar um conteúdo que fornece uma visão sistêmica relacionada à automação e informatização de unida- des de informação, dando destaque aos ambientes informacio- nais digitais, que alteram, ampliam e orientam a atuação dos bibliotecários e a concepção dos novos espaços e serviços nas bibliotecas. Lembre-se de que, diante das características do bibliote- cário e da diversidade de atuação que as unidades de informa- ção apresentam, existe um amplo espectro de atuação que exige diferentes perfis e competências desses profissionais. Desta- 12 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO camos a necessidade do bibliotecário-gestor de possuir ampla compreensão e visão crítica dos fatores externos à unidade de informação, buscando sempre compreender como esses fatores poderão influenciar a atuação da unidade ou como a unidade poderá exercer influência e/ou dar suporte a esses elementos externos. Convidamos você a percorrer as unidades de estudo e ab- sorver as informações e conhecimento ao longo desta obra. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Acesso aberto: compreende a disponibilidade da lite- ratura científica na internet, para acesso gratuito, per- mitindo que qualquer usuário leia, baixe, copie, dis- tribua, imprima, pesquise ou crie links para os textos completos disponíveis, reconhecendo e citando de- vidamente os autores dos itens disponibilizados, res- peitando, desse modo, as licenças de direitos autorais (BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE, 2002). 2) Arquitetura da informação: a Arquitetura da Informa- ção é uma área que está se consolidando na Ciência da Informação, objetivando facilitar os processos de or- ganização, recuperação, representação e navegação da informação, seja na interface, na estrutura do ambien- te ou no conteúdo do objeto digital. Esses processos devem considerar o usuário a fim de satisfazer suas ne- 13© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO cessidades informacionais. Para isso, são necessários estudos de usuários para elaboração de serviços que facilitem a navegação, filtrando e direcionando infor- mações para grupos de usuários específicos (CAMAR- GO; VIDOTTI, 2009, p. 227). 3) Automação de bibliotecas: “o processo de automação de bibliotecas consiste nas diferentes utilizações dadas através de equipamentos de processamento eletrôni- co de dados em atividades ligadas à gestão em biblio- tecas, centros de administração, serviço de informação e órgãos similares [...] automatizar significa a utilização de máquinas na execução de tarefas que antes eram executadas pelo homem. Nas bibliotecas e centros de informação, a automação surge para oferecer um atendimento eficaz e eficiente ao usuário, poupar tem- po, otimizar os processos, atender a demanda, auxiliar a aquisição, tornar a organização mais precisa e princi- palmente atender às necessidades do usuário em cur- to espaço e tempo” (MARQUES, PRUDÊNCIO, 2009). 4) Bibliotecas digitais: as bibliotecas digitais são organi- zações que selecionam, estruturam, oferecem aces- so intelectual, preservam a integridade e garantem a persistência, ao longo do tempo, de coleções no for- mato digital, para disponibilização para uma comuni- dade definida ou conjunto de comunidades (DIGITAL LIBRARY FEDERATION, 1998). 5) Dublin Core: é um formato descritivo de metadados baseado em descrições simples e genéricas de re- cursos e ajustado à estrutura flexível e hipertextual da web, facilitando assim o acesso e a disseminação dos registros no ambiente virtual; é um pré-requisito 14 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO para a interoperabilidade entre sistemas (MURAKAMI; FAUSTO, 2013, p. 198). 6) Gestão: pode ser considerada como um conjunto de processos que englobam atividades de planejamento, organização, direção, distribuição e controle de recur- sos de qualquer natureza, visando à racionalização e à efetividade de determinado sistema, produto ou servi- ço (VECHIATO et al., 2017, p. 68). 7) Harvesting: metadados de diversos provedores de in- formação tornam-se “visíveis” através de protocolos padronizados e são coletados automaticamente de forma periódica e armazenados em um data warehou- sing, ou base centralizada de metadados, em que são efetuadas as buscas de forma integrada (MARCONDES; SAYÃO, 2001, p. 27). 8) Interoperabilidade: possibilidade de um usuário rea- lizar buscas a recursos informacionais heterogêneos, armazenados em diferentes servidores na rede, utili- zando-se de uma interface única sem tomar conheci- mento de onde nem como estes recursos estão arma- zenados (MARCONDES; SAYÃO, 2001, p. 27). 9) Metadados: os metadados são o tipo de anotação des- critiva crucial para recuperação da informação, pois, além de fornecerem a informação necessária para o entendimento dos dados, também fornecem os pon- tos de acesso para que eles sejam encontrados em uma determinada base de dados (VECHIATO et al., 2017, p. 210). 10) Movimento de Acesso Aberto (Open Archives Ini- tiative – OAI): movimento a favor do Acesso Aberto, 15© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO baseia-se no pressuposto de que todas as publicações financiadas com recursos públicos já estão pagas e de- vem estar disponíveis para todos, sem custo adicional. A meta principal dessa iniciativa é tornar a comunica- ção científica uma estrutura de publicação aberta, à qual toda a sociedade tenha acesso (RODRIGUES; OLI- VEIRA, 2012, p. 80). 11) OAI-PMH (Open Archives Initiative — Protocol for Metadata Harvesting): protocolo de comunicação que possibilita a coleta de metadados a partir de de- terminado provedor de dados. O provedor de serviços, para realizar a coleta de metadados, deve utilizar um programa chamado Harvester (mecanismo de colhei- ta), o qual implementa esse protocolo, o OAI-PMH. O Harvester, ao visitar um provedor de dados, dialo- ga com o programa desse provedor, o qual deve estar preparado para atender a uma demanda do Harvester e expor os metadados solicitados por esse mecanismo de colheita (KURAMOTO, 2006, p. 95). 12) Periódicos científicos: periódicos científicos se desta- cam como principal meio de visibilidade científica, a disseminação dos artigos com os resultados das pes- quisas é essencial para manter os pesquisadores a par dos novos trabalhos considerados válidos pelos espe- cialistas da área (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2012, p. 80). 13) Preservação digital: “conjunto de actividades ou pro- cessos responsáveis por garantir o acessocontinuado a longo-prazo à informação e restante património cul- tural existente em formatos digitais. A preservação di- gital consiste na capacidade de garantir que a informa- ção digital permanece acessível e com qualidades de 16 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO autenticidade suficientes para que possa ser interpre- tada no futuro recorrendo a uma plataforma tecnoló- gica diferente da utilizada no momento da sua criação” (FERREIRA, 2006, p. 20). 14) Repositórios institucionais: sistemas de informação compostos por coleções digitais, desenvolvidas a par- tir de serviços de gestão relacionados com a coleta, organização, disseminação e preservação da produção acadêmica dos membros de uma instituição (COSTA; LEITE, 2017, p. 99). 15) Sistemas de informação: combinação organizada de pessoas, hardware, software, redes de comunicação, recursos de informação, políticas e procedimentos que visam reunir, organizar, armazenar, preservar, recupe- rar e disseminar informação que alimenta e que resul- ta de atividades de pesquisa (VECHIATO et al., 2017, p. 49). 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. 17© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Sistemas de Gestão de Bibliotecas Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Automação e Informatização de Unidades de Informação. 4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA VECHIATO, F. L. et al. (Orgs.). Repositórios digitais: teoria e prática. Curitiba: EDUTFPR, 2017. 5. E -REFERÊNCIAS BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE. Read the Budapest Open Access Initiative. 2002. Disponível em: <https://www.budapestopenaccessinitiative.org/read>. Acesso em: 16 abr. 2019. CAMARGO, L. S. A.; VIDOTTI, S. A. B. G. Arquitetura da informação para ambientes informacionais digitais: integração de serviços de personalização e customização. Ibersid: Revista de Sistemas de información y documentación, Zaragoza, v. 3, p. 227- 18 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 231, 2009. Disponível em: <https://www.ibersid.eu/ojs/index.php/ibersid/article/ view/3743/3504>. Acesso em: 16 abr. 2019. COSTA, M. P.; LEITE, F. C. L. Repositórios institucionais da América Latina e o acesso aberto à informação científica. Brasília: Ibict, 2017. Disponível em: <http://repositorio. unb.br/handle/10482/23202>. Acesso em: 16 abr. 2019. DIGITAL LIBRARY FEDERATION. A working definition of digital library. 1998. Disponível em: <https://old.diglib.org/about/dldefinition.htm>. Acesso em: 16 abr. 2019. FERREIRA, M. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e actuais consensos. Guimarães: Escola de Engenharia da Universidade do Minho, 2006. Disponível em: <https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004>. Acesso em 24 out. 2018. KURAMOTO, H. Informação científica: proposta de um novo modelo para o Brasil. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 91-102, maio/ago. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a10v35n2.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2019. MARCONDES, C. H.; SAYÃO, L. F. Integração e interoperabilidade no acesso a recursos informacionais eletrônicos em C&T: a proposta da Biblioteca Digital Brasileira. Ciência da Informação, Brasília, v. 30, n. 3, p. 24-33, set./dez. 2001. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v30n3/7283.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2019. MARQUES, A. M. R.; PRUDÊNCIO, R. B. C. Automação: a inserção da biblioteca na tecnologia da informação. Biblionline, João Pessoa, v. 5, n. 1/2, 2009. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/viewFile/3944/3109>. Acesso em: 16 abr. 2019. MURAKAMI, T. R. M.; FAUSTO, S. Panorama atual dos repositórios institucionais das instituições de Ensino Superior no Brasil. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, v. 4, n. 2, p. 185-201, jul./dez. 2013. Disponível em: <http://www.producao.usp.br/bitstream/handle/BDPI/43754/Murakami- Fausto-2013.pdf?sequence=4&isAllowed=y>. Acesso em: 16 abr. 2019. RODRIGUES, R. S.; OLIVEIRA, A. B. Periódicos Científicos na América Latina: títulos em Acesso Aberto indexados no ISI e SCOPUS. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 17, n. 4, p. 76-99, 2012. Disponível em: <http://portaldeperiodicos. eci.ufmg.br/index.php/%20pci/article/view/1593/1100>. Acesso em: 16 abr. 2019. 19 UNIDADE 1 A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO Objetivos • Analisar a trajetória histórica do processo de comunicação científica. • Identificar a evolução dos sistemas de informação a partir do desenvolvi- mento das Tecnologias de Informação. • Conhecer os aspectos positivos e as problemáticas acerca do processo de comunicação científica tradicional, ligados ao acesso à informação. Conteúdos • O processo de comunicação científica. • A evolução das tecnologias de informação. • A crise dos periódicos. Orientações para o Estudo da Unidade Prezado aluno, antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) A Unidade 1 apresenta informações voltadas à compreensão da evolução dos sistemas de informação e a seus impactos, principalmente àqueles ligados ao processo de comunicação científica. Além do conteúdo apre- sentado nesta obra, é recomendada a realização de leituras complemen- tares a partir da pesquisa em outras fontes de informação confiáveis e das referências indicadas. 20 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 2) Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual! 3) Busque compreender os principais conceitos apresentados: utilize o Es- quema de conceitos-chave e consulte o Glossário apresentado nesta obra para auxiliá-lo na compreensão do assunto. 4) Consulte também os materiais indicados no Conteúdo Digital Integrador. Eles são destinados a aumentar a sua compreensão sobre o assunto que abordaremos. 21© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 1. INTRODUÇÃO Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo. Nela apresentaremos a evolução e os impactos dos sistemas de in- formação sob a ótica do processo de comunicação científica. O tema foi escolhido para o início de nosso estudo devido à sua amplitude e ligação direta com a atuação do bibliotecário, além da influência que esse processo recebeu a partir da disponibili- dade e evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Iniciaremos a Unidade 1 apresentando uma perspecti- va histórica do processo de comunicação científica, a evolução das TIC e os aspectos positivos e as problemáticas em relação ao acesso à informação, sendo esses assuntos segmentados da seguinte forma: • Comunicação científica: aborda os primórdios da co- municação científica formal, a criação dos periódicos científicos e o sistema de avaliação pelos pares. • Tecnologias da Informação e Comunicação: apresenta a trajetória e o impacto que a evolução das TIC trou- xe para a sistematização da comunicação científica. O desenvolvimento da web, por exemplo, possibilitou a criação de novos ambientes informacionais digitais que impactam disponibilização, organização, recuperação e compartilhamento da informações. • A crise dos periódicos: discute as restrições que o mo- delo tradicional de comunicação científica institui quan- to ao acesso à informação, principalmente no que tange às questões de disponibilização de recursos financeiros de países, instituições e pesquisadores. 22 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO Ressaltamos que a compreensão dos conceitos apresen- tados nesta unidade é fundamental para o desenvolvimento de nossa obra. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O ConteúdoBásico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, a seguir são apresentados o referencial teórico e prático para a compreensão dos aspectos gerais e implicações relacio- nadas ao processo de automação e informatização de Sistemas de Informação. A evolução do processo de comunicação científica, o impac- to das TIC e das limitações ao acesso à informação são assuntos fundamentais para compreender, nas unidades posteriores, cer- tas características da atuação do bibliotecário na gestão de uni- dades de informação. Lembre-se da importância, para o seu processo de apren- dizagem, de consultar o Conteúdo Digital Integrador, apresen- tado nesta unidade, que possui como finalidade fornecer uma visão complementar aos assuntos abordados. 2.1. A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Você pode estar se perguntando, por que fazer comuni- cação científica? Podemos afirmar que comunicar os resultados de pesquisa trata-se do sistema propulsor da ciência. Nesse sis- tema, novos conhecimentos são construídos a partir do uso ou contestação dos conhecimentos já divulgados, servindo como 23© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO subsídio para novas pesquisas, alimentando o ciclo de comuni- cação científica. Além da retroalimentação que sustenta o fazer ciência, a comunicação dos resultados de pesquisa pode ser traduzida em benefícios sociais, novas tecnologias, conhecimentos, soluções técnicas, tratamentos etc. O processo de comunicação científica adotado atualmente teve início em meados do século 17 e era feito por meio de troca de correspondências realizada por cientistas. A partir dessa prá- tica, era possível conhecer novas ideias, testá-las e enviar suas percepções ao autor, criando uma rede de correspondência cien- tífica. O interesse e a necessidade de aumentar o alcance des- sa comunicação fizeram com que as cartas manuscritas fossem substituídas por cartas impressas, possíveis devido à tecnologia de tipografia disponível na época (MEADOWS, 1999). Um marco da sistematização da comunicação científica foi a criação da Royal Society, em 1662, com a finalidade de reunir grupos de interesse para debater questões relacionadas a Ciên- cia e Filosofia. Como princípios da Royal Society estavam o enfo- que na comunicação da ciência e os esforços para a coleta e aná- lise de novas informações. Como exemplo desses esforços, cabe ressaltar a prática de estabelecer a colaboração de estrangeiros para coletar e relatar os avanços do conhecimento ocorridos em seu país (MEADOWS, 1999). Outra contribuição da Royal Society foi a criação da Philo- sophical Transactions, considerado o primeiro periódico científi- cos, juntamente com o Journal des Savants, de 1665. Enquanto a Philosophical Transactions focava estudos experimentais, o Jour- nal des Savants apresentava a cobertura dos avanços científicos na Europa (MEADOWS, 1999). 24 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO A adoção dos periódicos científicos representa a formali- zação e sistematização da comunicação da ciência. Esse meio de publicação pode ser considerado o principal pilar da comunica- ção científica contemporânea. O fluxo de comunicação da ciência realizado por meio dos periódicos científicos tem como forma de validação a revisão pe- los pares (peer review). Essa validação consiste no envio de um manuscrito com resultados de pesquisa para um periódico cien- tífico, o qual irá encaminhá-lo para avaliação por outros cientis- tas (pares). A revisão pelos pares assegura que o conteúdo que será publicado foi aprovado a partir de uma análise crítica sob a ótica de especialistas, que possui respaldo teórico e/ou empírico (VOLPATO, 2008). Nesse sistema, o papel do avaliador é de: • aprovar a publicação, garantindo a relevância e veraci- dade daquele conteúdo; • propor melhorias ao autor como condição de publicar o seu manuscrito; ou • refutar o manuscrito, rejeitando aquele conteúdo por não atender critérios de qualidade estabelecidos pelo periódico científico, como o alinhamento da área pes- quisada ao escopo do periódico. Entre as possibilidades de aplicação do sistema de revi- são pelos pares, temos a revisão anônima. Nessa modalidade, ao enviar um manuscrito a um periódico científico, os autores não sabem por quem serão avaliados, do mesmo modo que os revisores (pares) não têm conhecimento de quem é o autor do manuscrito que estão analisando. A intermediação entre autor e revisor é feita pelo editor científico ou pela equipe editorial, que oculta a identidade dos envolvidos (VOLPATO, 2008). 25© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO A revisão pelos pares na modalidade anônima visa garantir a imparcialidade no ato de revisão do conteúdo, uma vez que o anonimato evita conflitos de interesse entre as partes, ou seja, evita que outros critérios que não a adequação do conteúdo se- jam utilizados como parâmetros para a aceitação ou rejeição do manuscrito. A promoção e a expansão desse canal de comunicação po- dem ser atribuídas às editoras científicas, inclusive por um viés comercial, e à evolução das TIC, que possibilitaram a migração do formato impresso para o eletrônico, impactando de maneira significativa esse modelo de comunicação científica (VOLPATO, 2008). O próximo tópico será destinado a aprofundar a discussão sobre o impacto das TIC na comunicação científica. 2.2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Neste tópico, abordaremos a trajetória das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e o impacto que tiveram sobre o processo de comunicação científica, principalmente no que tange à criação e adequação dos canais de comunicação adota- dos pela ciência. As TIC podem ser compreendidas como produtos da con- vergência das tecnologias da computação e comunicação, ba- seadas na Eletrônica e Informática, e voltadas para aquisição, processamento, armazenamento e disseminação da informação (CUNHA; CAVALCANTI, 2008; PINHEIRO; FERREZ, 2014). São considerados marcos no uso expressivo das TIC (TAMMARO; SALARELLI, 2008): 26 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO a) O lançamento do Eniac, primeiro computador eletrô- nico programável que ocupava cerca de 2220m , em 1946. b) A criação do primeiro microprocessador da história, inventado por Federico Faggin e comercializado pela IntelⓇ como o modelo 4004, em 1971. c) A comercialização do primeiro computador pessoal da IBM (Personal Computer – PC), utilizando o processa- dor IntelⓇ 8088 e o sistema operacional MS-DOS da empresa MicrosoftⓇ, em 1981; d) A idealização da World Wide Web por Tim Berners-Lee, em 1991. e) O aumento da qualidade de equipamentos e o bara- teamento de custos para a aquisição dos computado- res pessoais, que passaram a ser potencializadas como um material de consumo em massa, em 1995. f) A disponibilização do serviço da World Wide Web, tam- bém em 1995, que transformou as relações entre as pessoas e os computadores, apresentando novas pos- sibilidades de comunicação em rede. A evolução das TIC impulsionou uma rápida expansão da comunicação científica, que, somada aos interesses e esforços das editoras científicas, determinou o crescimento do número de periódicos científicos e a criação de bibliotecas digitais (VOL- PATO, 2008; COSTA; LEITE, 2017). Essa expansão alterou aspectos do processo de comunica- ção científica, transpondo barreiras físicas e geográficas na dis- ponibilização de conteúdo; apoiando os processos de submissão e avaliação de manuscritos por meio de sistemas de gestão au- 27© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTOtomatizados; e possibilitando o acesso instantâneo, por meio de hiperlinks, ao conteúdo a que a publicação científica faz referên- cia (MEADOWS, 1999). Alguns pontos críticos merecem atenção nesse processo, como as dificuldades relacionadas à recuperação da informação e às limitações de acesso à informação. Tais pontos críticos estão associados ao crescente volume de informação disponível na web e à grande parte dos periódicos científicos e do fato de as bases de dados de informação cien- tífica e tecnológica ser propriedades de editoras científicas. De modo geral, essas editoras cobram elevados custos para permitir o acesso ao conteúdo que publicam e, nesse sentido, a disponi- bilidade ou restrição de recursos financeiros determina a possi- bilidade de acesso à informação (MEADOWS, 1999). Nota-se, diante da evolução das TIC, a intensificação de es- tudos sobre as formas de registrar, organizar, representar, distri- buir, disponibilizar e acessar a informação científica. Entre esses estudos, destaca-se a criação de sistemas informatizados volta- dos à reunião e organização de conhecimentos desenvolvidos na tentativa de organizar o crescente volume de informação dispo- nibilizada na internet e superar as dificuldades de recuperação (COSTA; LEITE, 2017). Entre os sistemas informatizados, estão as bases de dados de informação científica e tecnológica. Podemos citar as inicia- tivas de Eugene Garfield, químico e linguista, que idealizou em 1955 um projeto de banco de dados voltado à facilitação da pes- quisa bibliográfica, reunindo, para isso, as citações contidas em artigos publicados em periódicos científicos. Em 1959, Garfield fundou o Institute for Scientific Information, na Filadélfia, e em 1963 lançou o Science Citation Index, com o apoio e financiamento 28 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO de órgãos americanos, como o National Science Foundation e National Institutes of Health. O Science Citation Index trata-se de um índice voltado para facilitar a pesquisa bibliográfica e a recuperação de citações de artigos científicos (GINGRAS, 2016). Posteriormente, além do Science Citation Index, o Institute for Scientific Information passou a publicar outros dois índices: o Social Science Citation Index, a partir de 1973, e o Arts and Humanities Citation Index, a partir de 1978. Posteriormente, os três índices foram utilizados como base para constituir a princi- pal coleção da base de dados Web of Science (GINGRAS, 2016). A Web of Science pode ser considerada como uma das principais fontes de informação de artigos científicos, indexando em seu conteúdo cerca de 12.000 periódicos. Além de fornecer pesquisa bibliográfica, a base de dados de informação científica e tecnológica disponibiliza ferramentas voltadas a subsidiar estu- dos métricos da ciência, como facilitar a exportação de conjun- tos de registros bibliográficos, oferecer ferramentas de análise em sua interface, e publicar, por meio do Journal Citation Report, o fator de impacto, importante métrica utilizada pela comunida- de científica (COSTAS, 2017). Além da Web of Science, diversas outras bases de dados de informação científica e tecnológica surgiram com o mesmo objetivo: selecionar informações científicas relevantes em siste- mas de informação automatizados, que forneçam uma lógica de representação e organização desse conteúdo e facilitem a recu- peração da informação. As bases de dados de informação científica e tecnológica podem ser classificadas pelos seguintes critérios (COLEPICOLO, 2015): 29© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 1) Tipo: apresentam em seu conteúdo somente registros bibliográficos ou o texto completo de publicações. 2) Conteúdo: restringem ou não o tipo de publicação que indexam, como artigos científicos, livros, teses, disser- tações, patentes etc. 3) Cobertura: cobrem uma área do conhecimento espe- cífica, assuntos correlatos ou apresentam um perfil de cobertura multidisciplinar. 4) Acesso: restringem o acesso a seu conteúdo mediante o pagamento de assinatura; ou restringem o acesso a seu conteúdo a um grupo de pessoas; ou permitem o livre acesso ao seu conteúdo. 5) Período de cobertura: refere-se ao intervalo de tempo em que a base possui informações sobre determinada publicação – por exemplo, um mesmo periódico pode estar indexado em mais de uma base de dados, porém uma delas pode ter toda a coleção indexada e a outra somente apresentar as publicações dos últimos anos. 2.3. A CRISE DOS PERIÓDICOS Como apontado no Tópico 2. 2, os avanços das TIC – prin- cipalmente a popularização do acesso à internet – facilitaram a disponibilização de informações científicas em rede, ampliando o seu alcance e eliminando restrições físicas e geográficas para a sua distribuição. Porém, no modelo tradicional de comunicação científica, o viés comercial dado aos periódicos científicos e aos canais de comunicação, como as bases de dados de informação científica e tecnológica, podem representar barreiras de acesso à informação. 30 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO No modelo de comunicação científica de Garvey e Griffith (1979 apud COSTA; LEITE, 2017), o processo de comunicar a ciên- cia ocorre em três etapas: • Produção científica: fica a cargo dos pesquisadores, por meio da confecção de manuscritos que contêm as infor- mações e os conhecimentos obtidos a partir dos resul- tados de suas pesquisas. • Disseminação da informação: ocorre a partir da publi- cação dos resultados de pesquisas em canais de comu- nicação, como livros, publicações em eventos e artigos de periódicos científicos. • Uso da informação: acontece quando a informação é consumida, servindo de insumo para retroalimentação do sistema. No modelo tradicional de comunicação científica, apesar da evolução das TIC, a etapa de uso da informação ainda é falha, visto que grande parte dos canais de comunicação utilizados pela ciência (como os periódicos científicos e bases de dados de infor- mação científica e tecnológica) é propriedade de editoras cien- tíficas. Essas editoras cobram elevados custos para que países, instituições e cientistas acessem o conteúdo que publicaram. Questiona-se nesse modelo a cobrança pelo acesso às publicações, uma vez que grande parte do financiamento de pesquisas ocorre a partir de verbas públicas e, portanto, geram novas informações e conhecimentos que deveriam também ser tratadas como bens públicos. Esse questionamento é comple- mentado pela observação de Kuramoto (2006, p. 92): O pesquisador ou qualquer outro cidadão, para ter acesso àqui- lo que foi produzido com o apoio do Estado, precisará pagar pela assinatura de uma publicação científica. Trata-se de uma 31© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO situação paradoxal, pois o Estado, para promover o acesso àqui- lo que produz, é obrigado a arcar com os custos de manutenção das coleções das revistas em que são publicados os resultados de sua produção científica. Historicamente podemos identificar o impacto para o aces- so à informação proveniente do modelo de comunicação cien- tífica tradicional a partir da denominada crise dos periódicos. Identificada entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, a crise dos periódicos retrata um cenário em que as editoras científicas elevam substancialmente os valores de suas assinaturas. Esse aumento de valores ocorre devido a diversos motivos – como maior interesse por periódicos científicos dis- ponibilizados em fontes como o Science Citation Index e maior procura por pesquisadores, e a fusão de empresas que levou as editoras científicas a atuar em um mercado menos competitivo (KURAMOTO, 2006;AUTRAN; BORGES, 2014). A crise dos periódicos representa dificuldades para que as instituições garantam o desenvolvimento de suas coleções. Ku- ramoto (2006) aponta que os bibliotecários foram os primeiros a sentir o impacto desse fenômeno, por gerenciarem os recursos financeiros destinados à aquisição de fontes de informação vol- tadas a atender a demandas e interesses de instituições acadê- micas e de pesquisa. Com a necessidade de equilíbrio entre os recursos finan- ceiros disponíveis e os custos envolvidos para a formação de co- leções, passam a ser adotados critérios mais rigorosos para a se- leção de assinaturas, o que é traduzido para as instituições e seus pesquisadores como barreiras de acesso à informação científica. 32 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO Costa e Leite (2017) ressaltam que, no caso da América La- tina, o impacto da crise dos periódicos é maior devido à alta de- pendência de conteúdo informacional oriundo de outros países. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar 1. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique na aba Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, busque pelo nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Caso você adquira o material, por meio da loja virtual, receberá também um CD contendo os vídeos complementares, os quais fazem parte integrante do material. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Com as leituras propostas a seguir, você vai entender me- lhor a consolidação do processo de comunicação científica que conhecemos nos dias atuais. Antes de prosseguir para o próxi- mo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado. • PESSANHA, C. Critérios editoriais de avaliação científica: notas para discussão. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 2, p. 226-229, maio/ago. 1998. Disponível em: 33© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO <http://www.scielo.br/pdf/ci/v27n2/pessanha.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2019. • SPINAK, E.; PACKER, A. L. 350 anos de publicação cien- tífica: desde o “Journal des Sçavans” e “Philosophical Transactions” até o SciELO. SciELO em Perspectiva, 5 mar. 2015. Disponível em: <https://blog.scielo.org/ blog/2015/03/05/350-anos-de-publicacao-cientifica- -desde-o-journal-des-scavans-e-philosophical-transac- tions-ate-o-scielo>. Acesso em: 12 abr. 2019. • VOLPATO, G. L.; FREITAS, E. G. Desafios na publicação científica. Pesquisa Odontológica Brasileira, São Paulo, v. 17, n. suppl. 1, p. 49-56, 2003. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/%0D/pob/v17s1/a08v17s1.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2019. 3.2. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Com as leituras indicadas a seguir, você vai acompanhar os aspectos críticos relacionados à recuperação da informação diante do volume de publicações disponíveis na internet. É apre- sentado também o fator de impacto, métrica utilizada em diver- sos procedimentos realizados pela comunidade acadêmica, sen- do sua compreensão importante para a prática do bibliotecário. • COLEPICOLO, E. Buscando informação científica de qualidade para pesquisa em Psicologia. Estudos Inter- disciplinares em Psicologia, v. 5, n. 2, p. 133-142, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5433/2236-6407. 2014v5n2p133>. Acesso em: 12 abr. 2019. • LOPES, I. L. Estratégia de busca na recuperação da in- formação: revisão da literatura. Ciência da Informação, 34 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO Brasília, v. 31, n. 2, p. 60-71, maio/ago. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v31n2/12909.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2019. • MIGLIOLI, S. Influência e limites do fator de impacto como métrica de avaliação na ciência. Ponto de Acesso, Salvador, v. 11, n. 3, p. 17-33, dez. 2017. Disponível em: <https://portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/arti- cle/view/17263/15544>. Acesso em: 12 abr. 2019. 3.3. A CRISE DOS PERIÓDICOS Com as leituras indicadas a seguir, você vai acompanhar as discussões sobre os modelos de gestão e financiamento de pe- riódicos científicos e o impacto nas unidades de informação. Co- nhecer esses modelos subsidiará as próximas discussões sobre o formato da comunicação científica tradicional e as propostas de canais de acesso aberto à informação científica. • COSTA, A. J. B. Financiamento de periódicos nacio- nais: o estado da arte. Ponto de Acesso, Salvador, v. 9, n. 1, p. 2-20, abr. 2015. Disponível em: <http://dx.doi. org/10.9771/1981-6766rpa.v9i1.8993>. Acesso em: 12 abr. 2019. • CRUZ, A. A. A. C. et al. Impacto dos periódicos ele- trônicos em bibliotecas universitárias. Ciência da Infor- mação, Brasília, v. 32, n. 2, p. 47-53, maio/ago. 2003. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100- 19652003000200005>. Acesso em: 12 abr. 2019. • GUANAES, P. C. V.; GUIMARÃES, M. C. S. Modelos de gestão de revistas científicas: uma discussão ne- cessária. Perspectivas em Ciência da Informação, 35© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO Belo Horizonte, v. 17, n. 1, p. 56-73, jan./mar. 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1413- 99362012000100004>. Acesso em: 12 abr. 2019. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas 1) Podemos afirmar que a adoção de canais formais para a comunicação científica foi importante para: a) Consolidar um mercado cada vez maior de publicações científicas, alvo das grandes editoras. b) Promover meios de disseminação de novos conhecimentos, contri- buindo para a discussão de resultados de pesquisa e a retroalimenta- ção do fazer ciência. c) Demonstrar a importância que novas tecnologias como a tipografia ti- veram para a formação de novos canais de comunicação. d) Permitir que os cientistas pudessem avaliar outros pesquisadores que atuavam em áreas semelhantes às suas. 2) Assinale a alternativa que não corresponde a contribuição geradas a partir do peer review: a) Possibilitar que especialistas analisem o conteúdo a ser publicado em um periódico. b) Garantir níveis de qualidade e integridade de resultados de pesquisa apresentados em artigos científicos. c) Permitir que autores e avaliadores construam uma rede de colabora- ção científica. d) Buscar a imparcialidade na avaliação de conteúdo submetido a perió- dicos científicos. 36 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 3) Entre as alternativas apresentadas, podemos afirmar que não é um fator considerado como motivo da crise dos periódicos: a) O aumento de interesse pela comunidade científica por periódicos in- dexados em bases de dados. b) A atuação das editoras científicas em um mercado pouco competitivo. c) O aumento de valores para aquisição ou assinaturas de periódicos. d) A aplicação de métodos de seleção para desenvolvimento de coleções. 4) As bases de dados de informação científica e tecnológica possuem o ob- jetivo de selecionar informações científicas relevantes, fornecendo uma lógica de representação e organização que facilite a recuperação da infor- mação. Podemos classificar as bases de dados de informação científica e tecnológica por: a) Tipo, conteúdo, cobertura, acesso e período de cobertura. b) Tipo, conteúdo, valores, acesso e períodode cobertura. c) Tipo, conteúdo, cobertura, localização e período de cobertura. d) Tipo, conteúdo, cobertura, marca e período de cobertura. 5) As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) impulsionaram uma rápida expansão da comunicação científica, que contribuiu para o cresci- mento do número de periódicos científicos e a criação de bibliotecas di- gitais. Assinale a alternativa que não apresenta um marco no uso das TIC: a) O lançamento do Eniac, primeiro computador eletrônico programável, que ocupava cerca de 220m2, em 1946. b) A idealização da World Wide Web por Tim Berners-Lee, em 1991. c) O uso das TIC por grandes editoras para promover o aumento dos va- lores de periódicos científicos. d) O aumento da qualidade de equipamentos e o barateamento de cus- tos para a aquisição dos computadores pessoais. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) b. 37© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 2) c. 3) d. 4) a. 5) c. 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da primeira unidade, na qual aborda- mos os aspectos gerais da comunicação científica, a trajetória na evolução das tecnologias de informação e os seus impactos. Vimos como as práticas de comunicação científica se transfor- maram ao longo do tempo, sendo consolidadas na forma dos periódicos científicos, que constituem a base da comunicação da ciência contemporânea. A criação e a alteração de canais de comunicação da ciência foram possíveis a partir da evolução das tecnologias, principalmente com o advento da internet, que pro- porciona benefícios sociais, como disponibilizar grandes volumes de informação e ampliar sua disseminação. No decorrer da unidade, foi apresentados o desafio de propor solução para a organização, representação e recuperação de um volume cada vez maior de informação disponível na web. Como respaldo para as discussões da próxima unidade, foram apresentadas as barreiras de acesso à informação provenien- tes de práticas comerciais ligadas à publicação de informação científica. Na Unidade 2, você aprenderá sobre os fundamentos do Movimento de Acesso Aberto e os ambientes informacionais digitais. 38 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 1 – A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO 6. E-REFERÊNCIAS AUTRAN, M. M. M.; BORGES, M. M. Comunicação da ciência: (r)evolução ou crise? RECIIS – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 122-138, jun. 2014. Disponível em: <http://hdl.handle. net/10316/26596>. Acesso em: 12 abr. 2019. COLEPICOLO, E. Uma análise cientométrica do campo das habilidades sociais. 2015. 169 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015. Disponível em: <https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/6003>. Acesso em: 12 abr. 2019. COSTA, M. P.; LEITE, F. C. L. Repositórios institucionais da América Latina e o acesso aberto à informação científica. Brasília: Ibict, 2017. Disponível em: <http://repositorio. unb.br/handle/10482/23202>. Acesso em: 12 abr. 2019. COSTAS, R. Discussões gerais sobre as características mais relevantes de infraestruturas de pesquisa para a cientometria. In: MUGNANI, R.; FUJINO, A.; KOBASHI, N. Y. (Orgs.). Bibliometria e cientometria no Brasil: infraestrutura para avaliação da pesquisa científica na era do Big Data. São Paulo: ECA/USP, 2017. p. 19-42. Disponível em: <http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/129/108/547- 1>. Acesso em: 12 abr. 2019. KURAMOTO, H. Informação científica: proposta de um novo modelo para o Brasil. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 91-102, maio/ago. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a10v35n2.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2019. PINHEIRO, L. V. R.; FERREZ, H. D. Tesauro Brasileiro de Ciência da Informação. Rio de Janeiro; Brasília: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Ibict, 2014. Disponível em: <http://www.ibict.br/publicacoes-e-institucionais/tesauro-brasileiro- de-ciencia-da-informacao-1/copy_of_TESAUROCOMPLETOFINALCOMCAPA24102014. pdf>. Acesso em: 13 out. 2018. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, M. B.; CAVALCANTI, C. R. O. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. GINGRAS, Y. Os desafios da avaliação da pesquisa: o bom uso da bibliometria. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2016. MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos, 1999. TAMMARO, A. M.; SALARELLI, A. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. VOLPATO, G. Publicação científica. 3. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008. 39 O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS Objetivos • Compreender os fundamentos do Movimento de Aces- so Aberto. • Conhecer as características dos ambientes informacio- nais digitais. Conteúdos • Movimento de Acesso Aberto. • Ambientes informacionais digitais. Orientações para o estudo da unidade Prezado aluno, antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) A Unidade 2 apresenta informações voltadas à compreensão do Movi- mento de Acesso Aberto, às motivações para sua constituição, seus ato- res, fundamentos e ações. Além do conteúdo apresentado no decorrer da unidade, é recomendado a pesquisa sobre o assunto nas referências indicadas na Unidade e em outras fontes de informação confiáveis. 2) Busque compreender o Movimento de Acesso Aberto de uma maneira sistêmica, estabelecendo relações com os assuntos abordados na unidade anterior: a comunicação científica, a evolução e impacto das tecnologias UNIDADE 2 e as barreiras de acesso à informação. O entendimento de cada conceito apresentado é imprescindível para a atuação do bibliotecário, bem como a capacidade de ligação das partes por meio dos fluxos de informação que as correlacionam. 3) As informações sobre os ambientes informacionais digitais destacam as bibliotecas digitais e os repositórios institucionais. Ao estudar o conteúdo, note que um repositório institucional trata-se de um tipo de biblioteca digital, porém nos repositórios é exigido, entre outras características bási- cas, a oferta de conteúdo em texto completo em acesso aberto e adoção de protocolos de comunicação para a interoperabilidade entre diferentes ambientes informacionais digitais. 41© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS 1. INTRODUÇÃO Nesta unidade, apresentaremos os conceitos e funda- mentos acerca do Movimento de Acesso Aberto e dos ambien- tes informacionais digitais. O tema dá continuidade aos tópicos abordados na Unidade 1, sendo esses assuntos divididos nos se- guintes tópicos: • Movimento de Acesso Aberto: iniciaremos a Unidade 2 com a contextualização do Movimento de Acesso Aber- to, sua criação e suas implicações para a comunicação científica. • Ambientes Informacionais Digitais: apresentaremos os fundamentos dos ambientes informacionais digitais, com destaque para as bibliotecas digitais e os repositó- rios institucionais. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA A seguir serão apresentados o referencial teórico e prático para a compreensão do Movimento de Acesso Aberto. Lembra- mos a importância da ligação dos temas apresentados na Unida- de 1 com os conhecimentos apresentados nesta unidade. Como desdobramentos para a compreensão do Movimen- to de Acesso Aberto, serão abordados os ambientes informacio- nais digitais, com enfoque nas bibliotecas digitais e repositórios institucionais. Lembre-se de consultar o Conteúdo Digital Integrador apresentado no decorrer da Unidade, destinado ao aprofunda- mento do assunto que abordaremos. 42 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS 2.1. O MOVIMENTODE ACESSO ABERTO O Movimento de Acesso Aberto (Open Access Initiative) pode ser compreendido como resultado da articulação e ações de grupos que possuem como interesse promover canais volta- dos ao livre acesso à informação científica. De modo geral, po- demos afirmar que o Movimento de Acesso Aberto busca criar alternativas diante das barreiras de acesso à informação, iden- tificadas no modelo de comunicação científica tradicional, uti- lizando para isso a combinação de tecnologias de informação, padrões de comunicação e diretrizes. Pautados pelo argumento de que os resultados de pesqui- sa, em grande parte financiada por órgão público de fomento, devem ser considerados bens públicos e acessíveis a todos, o Movimento de Acesso Aberto utiliza dois canais principais para alavancar as suas ações: a criação de periódicos científicos ele- trônicos e os repositórios institucionais (KURAMOTO, 2006). A popularização das TIC é um importante combustível para o acesso aberto. Um dos produtos desenvolvidos com a evolu- ção dessas tecnologias é o arXiv.org. Trata-se de um ambiente digital, criado em 1991 pelo físico Paul Ginsparg, com a finalida- de de depositar e compartilhar a versão prévia de manuscritos antes de serem submetidos à publicação – os chamados preprin- ts. Esse ambiente tornou-se uma referência para o depósito de preprints em áreas como Física, Matemática, Ciência da Compu- tação, Biologia, Finanças, Estatística, Engenharia Elétrica e Eco- nomia (SUNYE et al., 2009; AUTRAN; BORGES, 2014). O arXiv.org pode ser considerado um marco na utilização de tecnologias de informação voltadas para a criação de canais alternativos de co- municação científica, que dariam posteriormente respaldo para 43© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS a estruturação de sistemas de informação utilizados pelo Movi- mento de Acesso Aberto. Entre as vantagens apresentadas na prática de disponibi- lização dos preprints está a possibilidade de o pesquisador de- bater com outros membros da comunidade científica os resulta- dos de sua pesquisa, contribuindo para a escrita da versão final que será enviada aos canais de comunicação, como periódicos científicos. Iniciativas como o arXiv.org motivaram grupos de interesse a se reunir com o objetivo de formular padrões de comunicação e diretrizes voltadas à formação e estruturação de uma rede de informação científica em acesso aberto. Como passo inicial para a constituição do Movimento de Acesso Aberto, foi realizada em 1999 a Convenção de Santa Fé, que instituiu a Iniciativa de Arquivos Aberto (Open Archive Initia- tive). Essa iniciativa determina o uso de ambientes informacio- nais digitais de acesso aberto, como os Repositórios Institucio- nais; do Dublin Core como padrão de descrição de metadados; e do OAI-PMH (Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting) como protocolo de comunicação destinado a possi- bilitar a interoperabilidade de metadados entre os sistemas de informação (KURAMOTO, 2006; AUTRAN; BORGES, 2014). Em 2002, foi lançada a Iniciativa de Budapeste pelo Aces- so Aberto (Budapeste Open Access Initiative – Boai), que define duas principais estratégias utilizadas para promoção do Movi- mento de Acesso Aberto: a via dourada e a via verde (BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE, 2002; COSTA; LEITE, 2017). A via dourada promove a criação de periódicos científicos eletrônicos, pautados nos modelos utilizados pela comunicação 44 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS científica tradicional, porém sem apresentar custos para acesso ao seu conteúdo. A via verde promove a CRIAÇÃO DE REPOSITÓRIOS INSTI- TUCIONAIS COMO AMBIENTES INFORMACIONAIS digitais volta- dos ao armazenamento e à disponibilização da produção cientí- fica em acesso aberto. No Brasil, foram lançadas como diretrizes voltadas à pro- moção do acesso aberto a Declaração de Salvador, a Carta de São Paulo e o Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre ao Conhecimento Científico, publicados em 2005, e a declaração de Florianópolis, publicada em 2006. Devemos destacar a atuação do Instituto Brasileiro de In- formação em Ciência e Tecnologia (Ibict) para a promoção do acesso aberto no país. O instituto acompanha e fomenta o Mo- vimento de Acesso Aberto por meio da capacitação da comuni- dade científica, da promoção de softwares voltados à construção de ambientes informacionais digitais e da oferta de serviços de informação como (IBICT, 2012): • Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD): reú- ne em um portal de pesquisa o texto completo de teses e dissertações defendidas e disponibilizadas por insti- tuições de ensino do país. A constituição da BDTD ocor- re graças à interoperabilidade da rede de bibliotecas di- gitais de teses e dissertações de instituições nacionais, que utilizam o protocolo de comunicação OAI-PMH. • Diretório de Políticas de Acesso Aberto das Revistas Científicas Brasileiras (Diadorim): reúne informações sobre periódicos científicos brasileiros no tocante às permissões para disponibilização do conteúdo neles 45© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS publicados em ambientes informacionais digitais, como os repositórios institucionais. • Diretório Luso-Brasileiro: reúne fontes de informação em acesso aberto do Brasil e Portugal, como os pe- riódicos científicos de acesso aberto e os repositórios institucionais. • Portal Brasileiro de Acesso Aberto à Informação Cien- tífica (OASISBR): unifica a pesquisa de conteúdo em periódicos científicos, Repositórios Institucionais, repo- sitórios temáticos, bibliotecas digitais de teses e disser- tações e outras fontes de informação de acesso aberto do Brasil e Portugal. • Portal do Livro Aberto em CT&I: disponibiliza em aces- so aberto publicações oficiais brasileiras sobre ciência, tecnologia e inovação. • Repositório Institucional Digital do Ibict (Ridi): dispo- nibiliza as publicações lançadas pelo Ibict como arti- gos, livros, teses, dissertações e publicações de eventos científicos. Tais serviços de informação tornam palpáveis as iniciativas brasileiras em prol do Movimento de Acesso Aberto e apontam uma mudança na forma de fazer e comunicar a ciência. Hurd (2000 apud COSTA; LEITE, 2017) apresenta as impli- cações dos ambientes informacionais digitais no fluxo de comu- nicação científica: • As pesquisas passam a ser realizadas cada vez mais de modo colaborativo, a partir das possibilidades tecnoló- gicas de comunicação. 46 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS • Além da publicação de manuscritos com resultados das pesquisas, dados brutos passam a ser disponibilizados em repositórios especializados como fomento à chama- da ciência aberta. • A versão prévia do manuscrito é depositada em repo- sitórios de preprints, fomentando as discussões da co- munidade acadêmica e auxiliando o autor a realizar me- lhorias no manuscrito para ser submetido a publicação. • A versão final do manuscrito é submetida a periódicos científicos eletrônicos, que podem ou não ser de acesso aberto, passando pela avaliação e aprovação pelos pa- res (peer review). • Os artigos publicados são disponibilizados em ambien- tes informacionais digitais de acesso aberto, como os repositórios institucionais, e coletados por outros siste- mas de busca interoperáveis, aumentando desse modo a visibilidade da produção científica. • Universidades, por meio de suas editoras e bibliotecas, passam a assumir também papel de publicadores, dispo- nibilizando em acesso aberto publicações institucionais. • Novos produtos e serviços são desenvolvidos a partir das disponibilidades tecnológicas e conteúdo disponívelem acesso aberto. No próximo tópico, você entenderá um pouco melhor como funcionam bibliotecas digitais e repositórios institucionais. 2.2. AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS Registrar e preservar a memória são ações inerentes à hu- manidade, a fim de tornar a história disponível por várias 47© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS gerações. Nesse percurso, a informação foi registrada em diver- sos suportes, desde o papiro até os arquivos digitais, e arma- zenada e preservada em diferentes ambientes informacionais, como museus, bibliotecas e repositórios institucionais (ROSSE- TO, 2008). Ambientes informacionais são espaços que consideram o potencial de armazenagem de informações, bem como “os sujei- tos que representam, tratam, armazenam, recuperam, acessam, usam, modificam e voltam a armazenar informações” (OLIVEIRA; VIDOTTI, 2016, p. 95). No contexto digital, os ambientes informacionais são estru- turados em linguagem binária e conhecidos como sistemas, sis- temas de informação, sites, websites, portais, ambiente digital, software, entre outros. Esses ambientes abrangem bibliotecas digitais, repositórios de informação digital e institucionais, siste- mas para gerenciamento de periódicos eletrônicos e sistemas de gerenciamento de conferências, por exemplo (CAMARGO, 2010; OLIVEIRA; PINTO; VIDOTTI, 2011). Neste tópico, em consonância com a discussão sobre o acesso aberto, aprofundaremos a descrição sobre as bibliotecas digitais e os repositórios institucionais. De acordo com Digital Library Federation (DLF, 1998), as bibliotecas digitais são organizações que selecionam, estrutu- ram, oferecem acesso, preservam a integridade e garantem a persistência, ao longo do tempo, de coleções no formato digital, para disponibilizá-las a uma comunidade definida ou conjunto de comunidades. Tammaro e Salarelli (2008) relacionam a biblioteca digital aos produtos e serviços de informação oferecidos pelas bibliotecas 48 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS convencionais ou físicas. Para esses autores, “o que caracteriza a biblioteca digital é uma mudança da tecnologia e de atividades conexas, mas não de funções” (TAMMARO; SALARELLI, 2008, p. 131). Portanto, serviços como seleção de conteúdo, catalogação, arquivamento, preservação, e serviços para a recuperação da in- formação para os seus usuários, entre outros, são oferecidos por ambas, porém, por não apresentar limitações físicas, as bibliote- cas digitais poderão realizar essas ações de maneira mais flexível. Entre os itens informacionais que compõem uma bibliote- ca digital, Rosseto (2008) destaca: • Bases de dados com links para os documentos em meio digital ou impresso. • Ferramentas de indexação e localização. • Coleções de informações com apontamentos para re- cursos da internet. • Diretórios. • Fontes primárias nos vários formatos digitais. • Fotografias. • Conjunto de dados numéricos. • Revistas eletrônicas. • Livros eletrônicos. • Vídeos. • Músicas. • Verbetes de assuntos temáticos. Embora seus alicerces sejam anteriores à World Wide Web, foi a internet que tornou as bibliotecas digitais necessárias, devi- do ao rápido desenvolvimento das TIC e ao desejo dos pesquisa- 49© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS dores de compartilhar dados científicos e os resultados de suas pesquisas de forma mais eficiente (SAYÃO, 2008). A evolução das TIC impulsiona o avanço e o número de bi- bliotecas digitais, proporcionando que estas se constituam como um instrumento para a democratização do acesso ao conheci- mento; a promoção de informações à sociedade; o fortalecimen- to da comunicação e colaboração de grupos de pesquisadores; o fomento de conhecimentos em áreas consideradas estratégicas; além da promoção da inclusão social, digital, científica e cultural (ROSSETO, 2008; TAMMARO; SALARELLI, 2008). Um exemplo de biblioteca digital no âmbito nacional é a Bi- blioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). A BDTD foi criada em 2002 com os objetivos de difundir as informações de inte- resse científico e tecnológico para a sociedade, aumentar o nú- mero de teses e dissertações brasileiras na internet e dar maior visibilidade à produção científica nacional. Organizada pelo Ibict, a BDTD foi desenvolvida como um sistema de publicação eletrô- nica de teses e dissertações para as instituições de ensino e pes- quisa que não possuíam sistemas automatizados para implantar suas bibliotecas digitais (IBICT, 2018). A BDTD passou por diversas atualizações, bem como as tecnologias e formatos empregados foram amplamente discuti- dos, e hoje “se consolida como uma das maiores iniciativas, do mundo, para a disseminação e visibilidade de teses e disserta- ções” (IBICT, 2018). No caminho da visibilidade da produção científica, têm sido desenvolvidos os repositórios institucionais (RI). Esse tipo de biblioteca digital é usado principalmente por universidades e se caracteriza por ser orientado “para a informação produzida no 50 © AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS ambiente das instituições, sendo desenvolvidos, implementados e mantidos por elas” (TOMAÉL; SILVA, 2007, p. 3). O que diferencia os RI das bibliotecas digitais, de acordo com Leite (2009), são as propriedades obrigatórias para caracte- rizar um repositório, a saber: o RI deve ser instituído oficialmen- te, adotar padrões de comunicação que o tornem interoperável e disponibilizar, em acesso aberto, textos completos referentes a produção intelectual ligada à instituição a que pertence. Como elemento-chave para a promoção da via verde, os RI comportam toda a produção científica da instituição que pode ser disponibilizada em acesso aberto. Eles são como bibliografias especializadas de uma instituição, cuja função básica é permitir o acesso organizado e livre às suas publicações de diferentes ca- tegorias (WEITZEL, 2006). Algumas características essenciais do RI, de acordo com Weitzel (2006), são: • Auto-sustentabilidade. • Alimentação por auto-arquivamento, que compreende a descrição padronizada dos metadados e o upload do arquivo em formato PDF ou em outro formato de texto pelo próprio autor. • Interoperabilidade entre os diferentes sistemas. • Acesso livre para todos os interessados em pesquisar e baixar arquivos depositados. A concepção de repositório está intimamente relacionada ao acesso aberto, pois prevê o depósito de publicações oficiais, como livros e artigos, e torna recuperáveis elementos da litera- tura cinzenta, como as publicações de eventos científicos (anais, proceedings) e documentos pertinentes às unidades de ensino 51© AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 – O MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO E OS AMBIENTES INFORMACIONAIS DIGITAIS e pesquisa das universidades (relatórios de pesquisa, comunica- ções em eventos, conferências, projetos) (TOMAÉL; SILVA, 2007). Além da eliminação de barreiras ao acesso à informação científica, os RI proporcionam (COSTA; LEITE, 2017): a) O aumento da visibilidade das publicações institucio- nais, uma vez que passarão a ser visíveis em outros sis- temas de recuperação da informação em virtude dos protocolos de comunicação e interoperabilidade com que adotam. b) Contribuição para a preservação digital da produção científica e, consequentemente, para a preservação da memória institucional. c) Facilidade para recuperar a informação, uma vez que reúnem sob um único sistema de informação as publi- cações científicas da instituição, que são agrupadas em um único ambiente digital e organizadas sobre uma mesma lógica de representação; d) Viabilização do diagnóstico da produção
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