Buscar

Cultura: Conceitos e Diferenças

Prévia do material em texto

Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
Trabalho de Cultura Local e Global II
Professor: Pedro Lopes
Alunos: Franciele Peixoto, Lindenberg Albino, Paulo Arthur de Magalhães e Soraia Almeida 
Apresentação
“O presente trabalho pretende introduzir o leitor ao conceito antropológico de cultura.”
O livro procura expor situações e exemplos para responder perguntas como:
O que é Cultura?
Existe espécie com mais, ou menos cultura que a outra?
A aparência física ou o lugar onde vive pode determinar como se dará uma cultura?
Como a cultura de um povo é formada?
Quais são seus principais pensadores?
Cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é. 
A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo que é a capacidade, que os indivíduos tem de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente uma evolução biológica. A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando perdendo e incorporando outros aspetos  procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.
Etnocentrismo e Relativismo Cultural
O Etnocentrismo é a bagagem cultural de uma sociedade, ela determina que o modo de vida adotado por eles seja o correto, e todas as outras culturas opostas incorretas.  
O Etnocentrismo também esta muito ligado à superioridade e a dominação, considerando a classe dos dominados como sub-humanos, e os enxergam como uma ameaça a sua maneira de ser, e a maneira que encontraram para defender-se foi eliminar quem os ameaçava, de forma violenta e sangrenta. A outra forma de demonstrar seu poder sem eliminar, é oprimindo e explorando, dando o status de inferioridade e descriminação.
	
O Relativismo Cultural que esta ligado à ciência, ao descobrimento, a pesquisas, e seus ideais tem como base compreender os conceitos, diferenças, crenças e cultura de uma sociedade. O Relativismo Cultural não julga uma cultura, afirmando que uma seja superior a outra como no etnocentrismo, é feito uma análise, onde se produz novos conhecimentos para entender o porquê determinada região age de forma distinta de outra.
Acredita-se que cada cultura é relativa ao lugar que esta inserida, só faz sentido para a sociedade que faz parte daquilo. Não se pode apontar o  certo e o errado, o bonito e o feio, porque os parâmetros usados para o julgamento são as bases culturais que cada indivíduo carrega dentro de si, o que pode ser normal em nossa cultura, já para outra pode ser completamente inaceitável  e vice-versa.
Devido estes fatores o relativismo cultural afirma que todas as culturas são válidas, que todas têm suas diferenças e que variam de acordo com o contexto a que se esta inserida.
Da Natureza da Cultura ou da Natureza a Cultura
Laraia procura mostrar as diferenças culturais e as desigualdades de modo de comportamento a partir de exemplos de pensamentos e pesquisas sobre determinadas culturas.
Confúcio (400 a.C.) 
"A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados".
 Heródoto (484 – 424 a. C.)
Ao estudar o sistema social dos lícios: verificou que para os lícios o nome da mãe era mais importante que o nome do pai. Ou seja utilizava da linha feminina e não da masculina como era de costume de muitas nações.
Tácito (55 – 120)
Observou que nas tribos germânicas era de costume o homem satisfazer-se com uma só mulher e era o homem que pagava o dote para mulher.
 Marco Polo (1254 – 1324)
Observa os costumes dos tártaros e nota que as mulheres, compravam, vendiam e faziam tudo que era necessário para o bem estar do marido e suas casas e cabia ao homem apenas a caça, a guerra e a falcoaria, não praticavam adultério e alimentava de carne de cavalo.
 Padre José de Anchieta (1534 – 1597)
Ao estudar os índios Tupinambás observou que o parentesco verdadeiro vinha da parte do pai, se os filhos vinham de pais livres mesmo que a mãe fosse escrava, também eram livres e os filhos de pai escravo mesmo que a mãe fosse livre eram escravos e os vendiam e até os matavam e comiam.
Montaigne (1533 – 1572)
Sobre os índios Tupinambás:
“Na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra... Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade, mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve a cegueira acerca dos nossos...”
 Marcus V. Pollio (1 a.C.)
“Os povos do sul têm uma inteligência aguda, devido à raridade da atmosfera e ao calor; enquanto os das nações do Norte, tendo se desenvolvido numa atmosfera densa e esfriados pelos vapores dos ares carregados, têm uma inteligência preguiçosa.”
 Ibn Khaldun 1332 – 1406
Acreditava que habitantes de climas quentes tinham uma natureza passional, enquanto aos dos climas frios faltava a vivacidade.
Marcus V. Pollio, Ibn Khaldun, Jean Bodin, Falaram sobre as diferenças fazendo analogias entre os povos do note e os povos do sul.
Jean Boldin (1530 – 1596)
“...os nórdicos são fiéis, leais aos governantes, cruéis e pouco interessados sexualmente; enquanto os do sul são maliciosos, engenhosos, abertos, orientados para ciência, mas mal adaptados para as atividades políticas.”
Todos estes exemplos, servem para mostrar que as diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas através das diversidades somatológicas ou mesológicas. 
O Determinismo Biológico
São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a "raças" ou a outros grupos humanos. Muita gente ainda acredita que os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; que os alemães têm mais habilidade para a mecânica; que os judeus são avarentos e negociantes.
Durante muito tempo, as diversidades foram explicadas por razões biológicas, acreditava-­se que o homem era superior a mulher por razões físicas, mas com o passar do tempo esta afirmação caiu em desuso, pois muitos cargos importantes pertencem as mulheres atualmente, não que os homens sejam inferiores, pelo contrario, os dois se encontram em patamares iguais antropologicamente falando.
As diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Segundo Felix Keesing “Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura , se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado.”
Uma criança Japonesa que for criada no Brasil, dentro da cultura brasileira, irá acabar tendo os mesmos costumes, todas as crianças tem a mesma capacidade, independente de raça, nacionalidade, sexo ou classe social, desde que tenham as mesmas oportunidades.
Meninos e meninas agem de formas diferentes por causa da educação que recebem e da cultura que os influencia, não por causa de sua genética hormonal. 
A espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente. A antropologia tem demonstrado que muitas atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homens em outra.
Entre os índios Tupis após a mulher dar a luz o homem é que guarda o resguardo. Enquanto na maioria das culturas o resguardo após o parto é exclusivo para mulheres.
É possível ver também na história da matemática que muito poucas mulheres se destacaram no saber científico e na pesquisa, porém isso não quer dizer que são menos capacitadas ou menos inteligentes que o homem, já que as mulheres sempre foram treinadas a serem boas donas de casa, e mesmo com todo esse preconceito e não sendo bem aceitas nem pela sociedade nem pelas famílias, grandes mulheres escreveram seus espaços na ciência da matemática como Hipátia de Alexandrina (370 - 415), Maria Gaetana Agnesi(1718 - 1799), Sophia Germain (1776 - 1831), entre outras.
 
Resumindo, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de processos de aquisição de uma cultura geral, realizada socialmente pela inserção da criança aos poucos em seus costumes, crenças, regras e, enfim, em toda sociedade que chamamos de endoculturação.
O Determinismo Geográfico
Teorias desenvolvidas principalmente por geógrafos que acreditavam que as diferenças do ambiente físico condicionavam a diversidade cultural.
A partir de 1920 antropólogos como Franz Boas, Wissler e Kroeber contestam o determinismo geográfico.  Defendendo que existem limitações na influência dos fatores Geográficos sobre a cultura e que é possível existir diferenças culturais em um mesmo ambiente físico.
Um exemplo são os Lapões e Esquimós, ambos habitam a calota polar norte. 
Rigoroso inverno 
Flora e fauna semelhantes 
Lapões (Norte da Europa)
Tendas de peles de Rena 
Excelentes criadores de Renas 
Esquimós (Norte da América) 
Iglus 
Apenas caçadores de Renas 
Arte de esculturas em pedra sabão
Outro exemplo são os índios brasileiros, é falsa a ideia de que os índios constituem um bloco único, com a mesma cultura, as mesmas crenças e mesmas línguas só por viverem em habitats semelhantes. José Ribamar Bessa Freire cita em “Cinco ideias equivocadas sobre os índios” que “Hoje vivem no Brasil mais de 200 etnias, falando 188 línguas diferentes de um povo para o outro... línguas tão diferentes como o português é do alemão .
“A Posição da moderna antropologia é que a cultura age seletivamente, e não casualmente, sobre seu meio ambiente, explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura.”
 Possibilismo Geográfico
 
 (Paul Vidal de la Blache)
Influências recíprocas entre o homem e o meio natural
Ambiente natural como fornecedor de possibilidades para a modificação humana
O ser humano como o principal agente geográfico
Determinismo ambiental – escola alemã
Possibilismo geográfico – escola francesa
OBS: Os termos possibilismo e determinismo foram elaborados pelo historiador Lucien Febvre (1878-1956)
Anexo 1
 Uma Experiência absurda
Em uma história em que um rei egípcio desejava saber qual língua deveria ser mundialmente falada, ordenou que algumas crianças fossem isoladas da sua espécie, tendo somente cabras como companhia e para o sustento.
Um tempo depois, foram visitar as crianças, já crescidas, e repararam que todas pronunciaram a palavra bekos, ou bek. O rei mandou averiguar em todos os países que terra possuía esse “idioma”. Com base no que haviam verificado nos outros países, essa palavra significava pão no idioma frígio, o rei então supôs que os jovens tivessem reclamando por comida e concluiu que eles usavam o idioma frígio como linguagem natural, que ele supunha existir, e que, portanto, era a essência da linguagem natural humana e deveria ser falada por todos .
A palavra beck, falada pelas crianças, que se tratava de um simples reflexo, uma reprodução do grito das cabras. Não é difícil percebe o engano do rei em relação as suas conclusões. O rei se baseou no que “enxergou” ou no que queria ver para fazer tal afirmação. Por crer que havia uma língua universal e que todos deveriam falá-la, ele se precipitou e concluiu algo totalmente errôneo. 
O comportamento é o resultado de aprendizado, o processo de endoculturação. Comportamentos diferentes são o resultado de educação diferenciada.
Não que as crianças iriam aprender a  "cultura as cabras" mas de certa forma imitá-las em seus hábitos rudimentares por isso emitiam sons idênticos.
Anexo 2
Difusão da cultura
É a de transferência de traços característicos culturais e ideias de uma sociedade, ou grupo étnico, à outra. Inclui três tipos distintos de processos históricos por meio dos quais a cultura se propaga: difusão primária (ou dispersão cultural), difusão secundária e difusão de estímulo 
Difusão primária 
Fase do processo de difusão cultural que ocorre por causa da migração dos portadores de determinada cultura. O mesmo que "dispersão cultural“ (intercâmbio, morar fora do país...) 
Difusão secundária 
Fase do processo de difusão cultural que ocorre em consequência de um empréstimo direto de um traço cultural característico da cultura de um grupo a outro. (uma comida, um esporte...)
Difusão de estímulo 
Fase do processo de difusão cultural onde a sugestão de uma ideia é suficiente como ponto de partida para que o processo ocorra e modifique uma determinada cultura.(uma música, um filme...)
Exemplos de influências culturais:
 Chimarrão
Uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água morna. 
Vem das Culturas indígenas.
Futebol
Primeiras origens de uma atividade semelhante data dos séculos III e II a. C na dinastia Han da antiga China.
Uma variante japonesa chamada kemari, aparece cinco ou seis séculos depois.
Vatapá
Influência da culinária africana.
Hambúrguer
Apesar de ser tido como norte-americano, só chegou aos Estados Unidos pelas mãos de imigrantes alemães.
Etno matemática
A etno matemática surgiu no Brasil em 1975, realizou seu primeiro congresso internacional da etno matemática em 1998.
Compreendemos que a Matemática vivenciada, por exemplo, pelos vendedores em situação de rua; pelo artesão; donas de casa; pelo pescador; pelo pedreiro e costureira; a geometria na cultura indígena e em outras classes sociais é completamente distinta entre si em função do contexto cultural e social na qual estão inseridas.
Mas, para ampliar a compreensão da realidade e de mundo dessas pessoas é fundamental interagir todas as práticas do cotidiano. Caso não seja possível, então, a Matemática se apresenta apenas como uma forma de resolver questões de ordem prática e sem sentido para algumas classes sociais.
Essa perspectiva, acreditamos que um dos caminhos para fundamentar essa vertente são as ações pedagógicas construídas dentro do contexto sociocultural daqueles que se pretende educar, pois os objetivos e, consequentemente, os conteúdos devem variar de acordo com a cultura, a realidade social, as necessidades, as aspirações pessoais.

Continue navegando