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JOÃO BATISTA FERREIRA PAULO ROBERTO DE SOUZA JÚNIOR CHRISTIANO BRAGA DE CASTRO LOPES MARTA CÉLIA CHAVES CAVALCANTE Auditoria Gerencial e Consultoria É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1 . Auditoria hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.1. Origem e evolução da auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 1.2. Fundamentos e enfoque da auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 1.3. Perfil do auditor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 1.4. Classificação e etapas de auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.1. Planejamento e execução da auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.1.1. Materialidade no planejamento e na execução da auditoria . . . . . . . . 23 2.2. Fases do processo de auditoria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 2.2.1. Planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2.2. Execução da auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.2.3. Relatório da auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.3. Gestão de documentos e elaboração de relatórios de auditoria . . . . . . . . . . . . . 29 2.4. Auditoria e áreas de atenção de alta complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3 .1 . Consultoria em gestão hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.2. Auditoria baseada em evidências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 3.3. Revisão dos trabalhos de auditoria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 3.4. Relatórios de auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.5. Implicações das evidências clínicas em processos de auditoria. . . . . . . . . . . . . 45 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.1.1. Conceitos, teorias e caraterísticas de SIG . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4.1.2. Classificação de sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 4.2. SIG e o processo de auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 4.3. Visão sistêmica da auditoria gerencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 4.4.1. Auditoria no processo de tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.4.2. Ferramenta da auditoria gerencial para gestão . . . . . . . . . . . . . . . 68 Pág. 4 de 74 INTRODUÇÃO À AUDITORIA INTRODUÇÃO Olá, caro (a) aluno (a)! O funcionamento de um hospital, seja público ou privado, requer elevados investimentos, mas nem sempre esses investimentos são suficientes para que a instituição consiga alcançar seus objetivos e atender o público com a qualidade ideal. Essa situação é resultante de diferentes fatores, que envolvem, principalmente, a gestão e os processos. Os gargalos existentes podem ser identificados em uma auditoria hospitalar. O processo de auditoria busca apoiar as entidades na tentativa de averiguar a eficácia e a eficiência dos processos internos e das movimentações do patrimônio. Assim, a área de auditoria é classificada como guardiã dos interesses empresariais (MATTOS, 2017). Neste texto, você vai estudar os conceitos introdutórios de auditoria e compreender os fundamentos básicos e o papel dessa área junto ao ambiente de negócios. Também serão apresentados os principais aspectos relacionados às atividades de auditoria, como os enfoques da auditoria e o perfil do auditor, a classificação e as etapas de auditoria. Vamos aos estudos? Acompanhe! Pág. 5 de 74 UNIDADE 1 – VISÃO GERAL 1. AUDITORIA HOSPITALAR 1.1. Origem e evolução da auditoria A prática da auditoria atual provém do final do século XVIII, na Inglaterra, como consequência das transformações econômicas ocorridas naquele período (Revolução Industrial). A prática inglesa, que teve o seu início focado na fiscalização de tributos, evoluiu para a avaliação das práticas contábeis, a aferição das transações (fatos contábeis), e se complementou como instrumento de validação do ambiente de controle interno pelas entidades auditadas (PEREZ JUNIOR et al., 2011). Com o crescimento do capitalismo, a partir de 1900, e a expansão dos mercados, as empresas passaram a buscar investimentos externos. Com isso, surgiram novas demandas e a instituição efetiva da profissão de auditoria, interna e externa (MATTOS, 2017). No Brasil, a partir de 1960, diversas firmas de auditoria instalaram-se com associações internacionais de auditoria externa. Isso ocorreu em função da necessidade legal, principalmente nos Estados Unidos, de os investidores no exterior serem auditados. Perez Junior et al. (2011) comentam que, somente em 1965, por meio da Lei n. 4.728, a qual disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento, pela primeira vez foi mencionada na legislação brasileira a expressão “auditores independentes”. Para Mattos et al. (2017), o surgimento da auditoria pública está associado à prática que a administração pública realizava no controle da arrecadação de tributos e na respectiva destinação de recursos. Esses processos se configuravam como oportunidade para o mau uso dos recursos públicos. A auditoria governamental é amparada pela Lei n. 4.728, que criou a prática da auditoria governamental no Brasil. Segundo os autores supracitados, a auditoria governamental deve comprovar a legalidade das ações empreendidas pelos órgãos e entidades que compõem a administração pública direta e indireta, e envolve as esferas federal, estadual e municipal. Pág. 6 de 74 Já na área de saúde, a auditoria foi reconhecida nacionalmente por meio do Decreto n. 809, de 1993, o qual validou a referida atividade nos serviços do Ministério da Saúde que, no fim da década de 1990, na assertiva de regulamentar as normas e dispositivos relativos ao Sistema Único de Saúde (SUS), propôs a edição primária do Manual de Normas de Auditoria e, em agosto de 1998, lançou a edição secundária (FERREIRA, 2017). A auditoria, na saúde, verifica os processos e resultados da prestação de serviços, pressupondo o desenvolvimento de um modelo de atenção adequado, de acordo com as legislações vigentes (AYACH, MOIMAZ, GARBIN, 2013). SAIBA MAIS A auditoria é uma atividade relativamente nova no Brasil; pode-se até dizer que, nesse momento, ela se encontra no estágio inicial em termos de técnicas, haja vista que as legislaçõesespecíficas brasileiras vêm abordando superficialmente o assunto, sem definir, de forma clara e precisa, os procedimentos que os profissionais da área deveriam adotar por ocasião das auditorias das demonstrações financeiras e das auditorias realizadas nas empresas públicas (CREPALDI; CREPALDI, 2013). 1.2. Fundamentos e enfoque da auditoria A população de uma cidade gostaria de saber se as informações sobre os recursos gerados e aplicados, o resultado operacional e a variação patrimonial, em um hospital, por exemplo, obedecem a padrões usuais de medição. Ao mesmo tempo, saber se os controles internos da entidade funcionam adequadamente, a fim de evitar fraudes e desvios e demonstrar uma governança corporativa eficiente. Valendo-se de normas e padrões de natureza técnica e ética claramente determinados, a auditoria torna-se elemento fundamental no sistema de informações, medição de desempenho e prestação de contas da administração (CREPALDI; CREPALDI 2013). Na área da saúde, a aplicação da auditoria como ferramenta de gestão tem sido desenvolvida com a finalidade de auxiliar os membros da administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, a fim de lhes fornecer análises, apreciações, recomendações e comentários pertinentes às atividades examinadas (SOLON, 2014). Pág. 7 de 74 Figura 1 – Auditoria Fonte: Plataforma Deduca (2020). Silvio Crepaldi e Guilherme Crepaldi (2013) comentam que há algumas empresas que são obrigadas a fazer auditoria: A auditoria contábil é aplicada às companhias abertas, sociedades e empresas que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários, art. 26 da Lei n. 6.385/76. Também terão suas demonstrações auditadas regularmente as empresas que: • faturarem mais que R$ 300 milhões por ano; • possuírem ativos superiores a R$ 240 milhões, Lei n. 11.638/2007. [...] A auditoria independente é obrigatória para entidades filantrópicas que arrecadem mais de R$ 2,4 milhões. A Lei Federal n. 12.101/2009 define o parâmetro: As entidades filantrópicas que tenham faturamento superior a R$ 2,4 milhões por ano são obrigadas a apresentar suas demonstrações contábeis devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade e desobrigadas de ter o seu registro na CVM, conforme item VIII do art. 29 da Lei n. 12.101/2009. Essa lei tomou como base os valores previstos na Lei Complementar n. 123/2006. [...] Estão obrigadas a submeter suas demonstrações contábeis ao exame de auditoria independente as seguintes entidades: • sociedades anônimas de capital aberto; • instituições financeiras (bancos, financeiras, distribuidoras, corretoras, entre outras); • companhias de seguros; • fundos de previdência complementar; Pág. 8 de 74 • fundações públicas ou privadas consideradas de interesse público; • empresas subordinadas a agências reguladoras, como, por exemplo: Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), entre outras; • sociedades de grande porte. (CREPALDI; CREPALDI, 2013, p. 4-5) Para Perez Junior et al. (2011), a auditoria não tem como objetivo a descoberta de fraude. Sua finalidade é a emissão de um parecer acerca da adequação das demonstrações contábeis e dos processos empresariais. No entanto, o auditor deverá considerar a possibilidade da ocorrência de fraude e/ou erros. Os autores supracitados relatam que a fraude é o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis. Já o erro é o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis. Tanto na auditoria das demonstrações contábeis como na auditoria operacional é importante que os auditores considerem a possibilidade de ocorrência de fraudes ou de erros, principalmente na fase de planejamento dos trabalhos. O principal objetivo da auditoria externa é emitir uma opinião sobre as demonstrações contábeis da organização em relação aos princípios de contabilidade, normas brasileiras de contabilidade e demais legislações aplicáveis no Brasil. Por outro lado, a auditoria interna tem por objetivo emitir relatórios que examinem a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade (CREPALDI; CREPALDI, 2013). A auditoria independente (auditoria externa) surge a partir do momento em que faz a separação entre o dono da empresa e a figura do administrador. Quando o dono é o próprio administrador, ele sabe exatamente o que ocorre na empresa. A partir do momento que adota um administrador profissional, o dono fica sem saber exatamente o que está acontecendo. Sendo assim, surge a figura da auditoria, que auxiliará na fiscalização e controle (PEREZ JUNIOR et. al., 2011). O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Pág. 9 de 74 De acordo com Jund (2007), a proteção que a auditoria oferece à riqueza patrimonial, dando maior segurança e garantia aos administradores, proprietários, fisco e financiadores do patrimônio, apresenta os seguintes aspectos: • Sob o aspecto administrativo: contribui para a redução de ineficiência, negligência, incapacidade e improbidade de empregados e administradores. • Sob o aspecto patrimonial: possibilita melhor controle dos bens, direitos e obrigações que constituem o patrimônio. • Sob o aspecto fiscal: é fator de mais rigoroso cumprimento das obrigações fiscais, resguardando o patrimônio contra multas, o proprietário contra penalidades decorrentes da lei de sonegação fiscal e o fisco contra sonegação de impostos. • Sob o aspecto técnico: contribui para mais adequada utilização das contas, maior eficiência dos serviços contábeis, maior precisão das informações e a garantia de que a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os princípios de contabilidade. • Sob o aspecto financeiro: resguarda créditos de terceiros – fornecedores e financiadores – contra possíveis fraudes e dilapidações do patrimônio, permitindo maior controle dos recursos para fazer face a esses compromissos. • Sob o aspecto econômico: assegura maior exatidão dos custos e veracidade dos resultados, na defesa do interesse dos investidores e titulares do patrimônio. EXPLORE MAIS Objetivos básicos da auditoria: comprovar, pelo registro, de que são exatos os fatos patrimoniais; demonstrar os erros e fraudes encontrados; sugerir soluções cabíveis, visando à prevenção de erros e fraudes; verificar se a contabilidade é satisfatória sob o aspecto sistemático e de organização; verificar o controle interno; propor medidas de previsão de fatos patrimoniais, com o propósito de manter a empresa dentro dos limites da organização e legalidade (JUND, 2007). Pág. 10 de 74 1.3. Perfil do auditor Em qualquer profissão, e também na vida pessoal, é importante que todos estejam pautados e sigam suas vidas e carreiras de acordo com os valores e comportamentos éticos esperados pelas empresas e sociedade. Na auditoria, esses padrões de convivência devem ser seguidos com extrema rigidez (MATTOS, 2017). Existem alguns requisitos estabelecidos pelo órgão que regulamenta a profissão de auditor: formação em ciências contábeis, cadastro na Comissão de Valore Mobiliários (CVM) e conduta ética (PEREIRA, 2016). Figura 2 – Conduta profissional do auditor Sigilo e discrição profissional Bom senso no procedimento de revisão e sugestão à empresa PADRÕES DE CONDUTA Liberdade para pensar e agir Perspicácianos exames Pesquisador Meticulosidade e correção - certificar bem os fatos, sugerindo correções Capacidade na prática - trabalho efetuado com métodos Autoconfiança e motivação Fonte: Adaptada de Pereira (2016, p. 34-5). Pereira (2016) relata que os auditores devem ser independentes na sua forma de pensar em relação às empresas que auditam. Essa independência permite fazer julgamentos imparciais, o que é essencial para a qualidade da auditoria. Pág. 11 de 74 Crepaldi e Crepaldi (2013) relatam que o auditor interno deve ter o máximo de cuidado, imparcialidade e zelo na realização dos trabalhos e na exposição das conclusões. A utilização da equipe técnica supõe razoável segurança de que o trabalho venha a ser executado por pessoas com capacitação profissional e treinamento requeridos nas circunstâncias. Cabe também ao auditor interno, quando solicitado, prestar assessoria ao conselho fiscal ou órgãos equivalentes. 1.4. Classificação e etapas de auditoria O termo auditoria é genérico e pode ser entendido como fiscalização de alguma atividade em que serão apontados erros ou acertos em relação a uma base normativa, legal ou a um processo operacional. No enfoque empresarial, a auditoria tem três campos: auditoria independente ou externa, auditoria interna e auditoria fiscal (PEREZ JUNIOR et al., 2011). Segundo o Conselho Federal de Contabilidade, a auditoria externa compreende o conjunto de procedimentos técnicos que têm por objetivo a emissão de um parecer sobre sua adequação, consoante os princípios de contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade e no que for pertinente à legislação específica (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Nota-se que a auditoria externa é feita por um profissional totalmente independente da empresa auditada. O objetivo do auditor externo é emitir uma opinião (chamado parecer) sobre as demonstrações financeiras quanto a sua adequação, consoante os princípios de contabilidade e as normas brasileiras de contabilidade. Para Crepaldi e Crepaldi (2013), a auditoria interna é facultativa, em função de previsão estatutária, e funciona como instrumento de apoio à gestão e tem por objetivo verificar se o controle interno está em efetivo funcionamento, proferindo o auditor, quando cabível, sugestão para a melhoria de tais controles internos ou implantação de controles, caso não existam. Constitui o conjunto de procedimentos que tem por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade. Pág. 12 de 74 DICAS DO PROFESSOR No aspecto interno (auditoria interna), a auditoria foi criada para apoiar os administradores na otimização de processos e de resultados. Em contrapartida, a necessidade de investimentos internos criou oportunidades para que auditores independentes (auditoria externa) pudessem emitir parecer alheio aos interesses da empresa, de forma a atender às necessidades de informações dos investidores e demais stakeholders (MATTOS, 2017). Já a auditoria fiscal é exercida, em geral, por servidores públicos admitidos por concursos públicos (auditores fiscais). Objetivam verificar a regularidade, no recolhimento dos tributos (impostos, taxas e contribuições), por meio da análise das transações realizadas e documentação de suporte (PEREZ JUNIOR et al., 2011). Crepaldi e Crepaldi (2013) explicam que, com base na definição conceitual de auditoria, pode-se classificá-la nos seguintes tipos: auditoria das demonstrações financeiras e auditoria operacional ou de gestão. Figura 3 – Tipos de auditoria Auditoria das demonstrações financeiras Objetiva o levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade. Constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre sua adequação, consoante os princípios de contabilidade e pertinente à legislação específica. Objetiva a análise dos planos e diretrizes da empresa e mensurar a eficiência da gestão das operações e sua consistência com os planos e metas aprovados. Processo de avaliação do desempenho real, em confronto com o esperado, o que leva à apresentação de recomendações destinadas a melhorar e a aumentar o êxito da organização. Auditoria operacional ou de gestão Fonte: Adaptada de Crepaldi e Crepaldi (2013, p. 15-6). Pág. 13 de 74 Mattos (2017) comenta que é mais comum uma auditoria operacional ser conduzida por equipe de auditoria interna. Isso acontece porque a equipe de profissionais que compõe a equipe interna tem maior conhecimento sobre os processos da empresa. O autor supracitado explica que a auditoria operacional é baseada em método que, se aplicado corretamente, melhora, de maneira significativa, a qualidade da auditoria. Comenta que a metodologia da auditoria operacional se assemelha à prática de gestão PDCA. No setor público, segundo Mattos et al. (2017), os tipos de auditoria se classificam em: a) Auditoria de gestão: objetiva emitir opinião a respeito das contas públicas, com a finalidade de certificar a regularidade das contas. Verificar a execução de contratos, convênios, acordos, a ética na aplicação de dinheiro público, cumprimento da legislação vigente etc. b) Auditoria de programas: objetiva acompanhar, examinar e avaliar a execução de programas e projetos governamentais específicos. c) Auditoria operacional: atua nas áreas inter-relacionadas das entidades. Avalia a eficácia dos resultados em relação aos recursos materiais, humanos e tecnológicos disponíveis. Monitora a eficiência dos controles internos existentes para a gestão dos recursos públicos. Busca avaliar o atendimento às diretrizes e normas e apresentar sugestões de melhoria. d) Auditoria contábil: é a técnica utilizada no exame de registros e documentos e na coleta de informações e confirmações. Tem o intuito de obter elementos comprobatórios suficientes que permitam opinar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade e se as demonstrações contábeis refletem a realidade e a situação econômica e financeira da entidade. e) Auditoria de sistema: objetiva assegurar a adequação e privacidade dos dados e informações oriundas dos sistemas eletrônicos de processamentos de dados. f) Auditoria especial: objetiva o exame dos fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza incomum ou extraordinária. Pág. 14 de 74 ATENÇÃO O PDCA tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão da qualidade. As letras que formam o nome do método estão relacionadas a quatro verbos em seu idioma de origem: to plan, to do, to check e to act que significa planejar, desenvolver, checar e agir, respectivamente. a) Planejamento: consiste na definição dos objetivos e metas a serem alcançados, bem como na identificação da metodologia adotada para o trabalho; b) Desenvolvimento (ou execução):inclui a apropriação da temática pelo grupo de trabalho, bem como treinamento e calibração entre os membros. Nessa fase, são executadas as ações e serviços relacionados ao objeto de trabalho e coletados os dados para futura análise; c) Checagem: tem como objetivo confrontar os dados coletados na fase anterior e verificar a sua coerência com as metas inicialmente propostas; d) Ação: consiste em identificar quais ações devem ser adotadas para a correção dos pontos falhos, melhoria e aperfeiçoamento dos nós críticos, prevenção e melhoria de qualidade (SOLON, 2014). As etapas de auditoria envolvem analisar os principais riscos e controles aplicáveis, elaborar os papéis de trabalho e realizar testes nas principais áreas da empresa (MATTOS, 2017). A avaliação dos riscos é uma das principais etapas do processo de auditoria. Mesmo que a empresa auditada já tenha constituída uma matriz de riscos, o auditor deve iniciar o trabalhorevisando se não há alterações relevantes no processo que culminaram na criação ou extinção de novos riscos que não estavam previstos inicialmente. Também deve verificar a existência de controles internos, sejam formais ou informais, que possam mitigar esses riscos (MATTOS, 2017). Pág. 15 de 74 Figura 4 – Tipos de riscos Área financeira • Manipulação de saldos bancários. • Desvios de dinheiro. • Fraudes em baixa de titulos de clientes. • Risco operacional por erros de pagamento, o que gera passivos de juros indevidos. • Manipulação nos cálculos de comissões para vendedores. • Concessões comerciais indevidas. • Concessões indevidas de adiantamentos. • Compras superfaturadas ou sem necessidade. • Sonegações fiscais. • Desvios nos processos: para mitigar, é necessário a existência de um controle sobre a emissão de notas de entradas e saídas com as respectivas obrigações sobre os eventos. Área de vendas Área fiscal Fonte: Adaptada de Mattos (2017, p. 80-1). Na área financeira, o auditor deverá averiguar a existência de controles mitigadores dos riscos. Caso não haja mitigadores, deverá trabalhar em evidências que demonstrem a materialização do risco. Já na área de vendas, o auditor precisa avaliar se existem controles de acompanhamento ou revisão analítica de pagamento de comissões, segregação de função e estrutura hierárquica na aprovação de condições comerciais diferenciadas e nas compras, e verificar a existência de mecanismos de avaliação de níveis de estoque e garantir que haja uma concorrência saudável (MATTOS, 2017). SAIBA MAIS Controle interno pode ser definido como um plano organizacional que, por meio de métodos e medidas para salvaguardar o patrimônio da empresa, identificam fraudes, erros, omissões e outras operações anormais que possam gerar perdas para a empresa. Por outro lado, os sistemas de controles internos, bem estruturado, oferece segurança operacional para as empresas, transmitindo confiabilidade para o ambiente (MATTOS, 2017). Pág. 16 de 74 Todo o trabalho de auditoria deve estar embasado em evidências. Uma evidência pode ser formada por um dado ou informação, seja ela documental ou não documental, ou por um conjunto de informações correlacionadas que demonstram a existência de fatos anormais ou até mesmo a existência de fraudes (MATTOS, 2017). Segundo Crepaldi e Crepaldi (2013), as informações que fundamentam os resultados de auditoria são chamadas de evidências, que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e úteis, de modo a fornecer base sólida para as conclusões e recomendações à administração da entidade. Para a formação de evidências, existem estruturas organizadas dentro de um trabalho de auditoria, que são denominadas papéis de trabalho. Nos papéis de trabalho, todas as informações relevantes encontradas ao longo do caminho são arquivadas para garantir a salvaguarda dos dados e amparar a opinião do auditor (MATTOS, 2017). Para Crepaldi e Crepaldi (2013), temos os seguintes tipos de evidências: • Analíticas: comparações com expectativas desenvolvidas com base em experiência anterior, orçamento, dados e conhecimento do auditado. • Documentárias: diversos tipos de documentos em poder do auditado que podem ser inspecionados durante a auditoria. • Eletrônicas: informações produzidas e mantidas em meio eletrônico. • Confirmação: tipo especial de evidência documentária que envolve, por escrito, respostas diretas a solicitações específicas. • Matemática: recálculo, do auditor, de valores utilizados na preparação das demonstrações contábeis. • Física: evidência obtida em exame físico ou inspeções de ativos tangíveis. • Representação por escrito: declarações que abordam afirmações da administração, assinadas por pessoas responsáveis e competentes. • Verbal: o auditor, muitas vezes, recebe evidência verbal em resposta às perguntas dirigidas a executivos e funcionários. De acordo com Stuart (2014), as evidências incluem informações tanto de registros contábeis quanto de outras fontes, dentro e fora da empresa, e são obtidas por meio de procedimentos de auditoria, que abrangem: Pág. 17 de 74 I. Procedimentos analíticos: o auditor avalia as demonstrações contábeis do ano corrente analisando as relações entre os dados financeiros e não financeiros. II. Inspeção: o auditor usa o procedimento de inspeção ao analisar os registros e documentos, internos e externos à empresa, em papel, formato eletrônico ou em outro formato de mídia, ou ao examinar fisicamente um ativo. III. Observação: o auditor adota o procedimento de observação ao assistir a um cliente de auditoria na realização de um processo. Por exemplo: a contagem de estoque em um processo de controle interno. IV. Indagação: é um dos processos em que o auditor usa com mais frequência para obter evidências e busca de informações de pessoas tanto de dentro quanto de fora da empresa. O auditor transforma uma indagação em evidências e prepara um memorando que documente a conversa. V. Confirmação externa: o auditor usa a confirmação externa como evidência ao obter resposta por escrito de terceiros. Com frequência, o auditor usa esse procedimento para obter informações sobre saldo de contas: contas a receber, contas a pagar, saldos de caixa etc. VI. Recálculo: o auditor usa o recálculo para verificar a exatidão matemática dos documentos e registros, feito de maneira manual ou eletrônica. VII. Reexecução: o auditor usa a reexecução ao realizar procedimentos ou controles que o cliente originalmente executou como parte dos controles internos da empresa. Os testes de auditoria devem ser profundos e claros e podem estar amparados em fatos, mas também em hipóteses, ou seja, em cenários elaborados pelo auditor (MATTOS, 2017). Mattos (2017) explica ainda que, na auditoria das demonstrações contábeis, há um padrão de testes a serem seguidos, pois eles irão determinar se as empresas estão ou não em conformidade com a legislação vigente, poderão até mesmo identificar manipulações de informações. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), os procedimentos a serem aplicados pelo auditor constituem exames e investigações, incluindo os chamados testes de observância e os testes substantivos (visam à obtenção de evidências quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelo sistema contábil ou dos processos da entidade), que permitem ao auditor obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Pág. 18 de 74 Já, na auditoria operacional, os testes não seguem um padrão específico, pois há diversas formas de chegar ao mesmo resultado. Para averiguar a existência de irregularidades operacionais e identificar desvios éticos, pode fazer os seguintes testes, segundo Mattos (2017): • Área financeira: avaliar a carteira de inadimplentes (avaliar se a carteira de clientes está sendo monitorada frequentemente e se as ações de cobrança estão ocorrendo normalmente); avaliar se estão ocorrendo os registros e reconhecimentos de provisão de devedores duvidosos (PDD); avaliar se os créditos utilizados para baixar as duplicatas a receber realmente foram recebidos e baixados; avaliar se as notas que foram pagas para averiguar se não houve pagamentos indevidos ou em duplicidade etc. • Área comercial: verificar e reconhecer a veracidade das receitas, volumes de comissões pagas, condições comerciais concedidas a clientes etc. • Logística e gestão de estoques: analisar o fluxo de frete; cruzar a base de vendas e compras para validar se todo frete pago realmente possui contrapartida (compra ou venda); identificar qual é a política de movimentações de estoques e averiguar, por meio de estoque físico, se esses itens estão girando adequadamente; realizar a contagem física de estoques (confrontando os estoques contábil com o estoque físico) para verificar desvios ou erros. Há casos em que o auditor pode se valer das característicasmateriais da atividade para se certificar do saldo total. Por exemplo: em um hospital, é possível determinar rapidamente se a receita bruta foi razoável a partir da multiplicação do número médio de leitos ocupados pela taxa por leito em vigor, pela quantidade de dias do período e, frequentemente, com a realização de testes semelhantes no caso de hotéis, imobiliárias e escolas (CREPALDI; CREPALDI, 2013). Pág. 19 de 74 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO INTRODUÇÃO Hospital é parte de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se, também, em centro de educação, capacidade de recursos humanos e de pesquisa em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculado tecnicamente (MEZZONO; MEZZONO; CHERUBIN, 1986, p. 82). Trata-se de uma unidade econômica com características próprias, o qual pode ser influenciado por riscos produzidos pelo mercado empresarial e financeiro, devido ao emprego de alta tecnologia, em um mundo competitivo e seleto, mesmo diferindo das outras organizações, já que seu objetivo é prevenção, manutenção ou restabelecimento da saúde. De acordo com Mezzomo, Mezzomo e Cherubim (1986), não seria outro entendimento: Como empresa, o hospital tem: objetivos metas e resultados; tem matéria- prima – mercado finanças e recursos humanos. Exige: a aplicação de técnicas administrativas (planejamento, organização, coordenação direção, avaliação e controle); a administração da produção, do mercado, das finanças e dos recursos humanos e implica na existência de um sistema administrativo e operacional e na avaliação de resultados (MEZZOMO; MEZZOMO; CHERUBON, 1986, p. 82-83). Necessitando de um olhar diferenciado em relação às tomadas de decisões estratégicas que envolvam o planejamento, a organização, a atuação e o controle de atividades e processos de seu interesse. Conforme o Boletim IOB – Caderno Temático Contábil e Balanços nº 9, de 2002, considera-se o processo de tomada de decisão: [...] como um método com uma consequência lógica de eventos que pode ser tratado cientificamente como segue: reconhecimento de um problema ou necessidade de uma decisão; definição de todas as alternativas de solução do problema; reunião de todas as informações relevantes às soluções alternativas; avaliação e classificação dos méritos das soluções alternativas; seleção da melhor solução alternativa; validação da decisão pela realimentação da informação (BOLETIM IOB Nº 9, 2002, p. 2). Pág. 20 de 74 O hospital necessita de uma equipe de gestores, que coordene e normatize as atividades dentro do meio laboral e institucional, devido aos mais diversos setores e profissionais dos múltiplos serviços estarem relacionados no local. Essa gestão hospitalar, segundo Klinger Fontinele Junior, é: [...] o conjunto normativo dos princípios e funções que visam ao controle, a ordenação e a avaliação dos fatores de expressão de qualidade e excelência no processo e dos resultados do desempenho do pessoal do hospital, alicerçado pela ordenação dos fatores de produção e/ou de prestação de serviço (FONTINELE JUNIOR, 2002, p. 27). O sucesso da gestão, a medição e o monitoramento do desempenho apresentam-se como cruciais para o alcance de eficiência organizacional, a qual deve ser sempre auditada, já que busca eliminação de custos e alta qualidade em seus serviços de saúde. “Essa eficiência no setor administrativo de uma organização norteia-se por funções que formam um ciclo, de planejamento, organização, direção e controle” (MACENA; JORDÃO; XAVIER, 2017, p. 70, apud TRKMAN, 2010). VOCÊ SABIA? A auditoria surgiu como consequência da necessidade de confirmação dos registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas e da taxação do imposto de renda, baseado nos resultados apurados em balanço. Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico, que gerou as grandes empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que têm na confirmação dos registros contábeis a proteção ao seu patrimônio. (FRANCO; MARRA, 2001, p. 39). Em um mercado competitivo, em que grandes conglomerados hospitalares buscam diminuir custos e imprimir qualidade em seus serviços, com a finalidade de preservar sua possível cartela de clientes e, por conseguinte, sua estabilidade financeira, busca-se, por meio da gestão hospitalar, orientações para os diversos setores dentro do ambiente hospitalar, e a auditoria é de suma importância. Pág. 21 de 74 UNIDADE 2 - VISÃO GERAL Uma das ferramentas da gestão hospitalar é a auditoria, que possibilita avaliar se atividades planejadas e/ou estabelecidas anteriormente estão sendo cumpridas com eficiência. VOCÊ SABIA? Auditoria é uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando apresentar opiniões, conclusões críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados (SÁ, 1998, p. 25). Dessa forma, as atividades de auditoria deverão observar as preocupações e prioridades oriundas da gestão, sem esquecer do mercado empresarial, clientes ou usuários do serviço de saúde, o local em que essa situação ocorre e o compromisso ambiental e social da organização durante análise das decisões da alta cúpula executiva, que poderá influenciar positiva ou negativamente, investidores, quando for uma sociedade empresária hospitalar e partes interessadas. Está dentro da área hospitalar e poderá ser realizada por uma gama de profissionais, segundo Guerrer, Lima e Castilho (2015, p. 1): A auditoria em saúde pode ser desenvolvida em vários setores e por diferentes profissionais, com destaque para médicos e enfermeiros auditores que, apesar de atuarem em áreas específicas, possuem como objetivos comuns garantir a qualidade no atendimento ao cliente, evitar desperdícios e auxiliar o controle dos custos (GUERRER; LIMA; CASTILHO, 2015, p. 1). Auditoria hospitalar busca analisar os procedimentos de baixa, média e alta complexidade, seus custos, motivos, além das rotinas administrativas e demonstrações financeiras realizadas por setor ou pela unidade de tratamento de serviços de saúde. Pág. 22 de 74 A função exercida pelo auditor pode ser conceituada como é um conjunto de procedimentos que visam o levantamento, estudo e avaliação sistemática das atividades e procedimentos, ambulatoriais e de operações, além das rotinas administrativas e demonstrações financeiras. Está estruturada no organograma hospital, chamada de auditoria interna, e tem função de assessorar a gestão em suas decisões de cunho estratégico. Auditoria Interna é aquela em que o serviço é praticado por contadores empregados das sociedades, associações e fundações, que os contratam para tal. A aplicação dos trabalhos tem fundamento na validação e avaliação dos controles internos e demais procedimentos, pois, devido à falta de independência, uma vez que o profissional é empregado, está impedido o funcionário de dar uma opinião para interessados ou usuários externos, sobre a adequação das demonstrações contábeis encerradas (HOOG; CARLIN, 2009, p. 61). A auditoria em saúde, além de atuar como instrumento de controle e avaliação da gestão da saúde, tem como função fiscalizar, sugerir, orientar e definir ações e serviços necessários para o local que está sendo auditado. Entretanto, antes do seu início, é importante uma avaliação dos riscos e da necessidade, além da avaliação da competência do profissional que irá realizá-la, e, se for externo, soma-se a tais etapas a realização do contrato com as devidas determinações, valores, entre outros dados que a organizaçãonecessitar. 2.1. Planejamento e execução da auditoria O planejamento é realizado a partir de um sistema integrado de ações e possui características próprias, entre elas estão: influências de decisões realizadas, hoje, no futuro; e ações que visam alcançar os objetivos propostos. Planejar é controlar o futuro da organização dentro de um planejamento estratégico com finalidade de gerar um sistema integrado de decisões, segundo Mauricio Fernandes Pereira (PEREIRA, 2011, p. 36). Ao planejar a auditoria, o auditor analisará os riscos, sua extensão, natureza e época, com o intuito de definir as bases do processo de auditoria, pois sua função é possibilitar que contas, balanços e procedimentos sejam analisados, a fim de identificar possíveis distorções e, caso as encontre, indicar correções que tragam qualidade ao serviço hospitalar. Pág. 23 de 74 Um processo de auditoria, no campo da saúde, possui quatro etapas básicas: 1. Planificação dos objetivos: busca-se verificar a amplitude da auditoria e definir as atividades a serem realizadas e seus custos, além de avaliar as áreas que serão auditadas. 2. Apresentação dos resultados. 3. Divulgação dos resultados. 4. Adoção de ações para a melhoria do serviço. As etapas deverão observar o planejamento específico destinado a cada área, em que os dados epidemiológicos poderão servir de base para tanto. Há necessidade de um processo de avaliação estruturado corretamente com um olhar nas dimensões social e técnica, já que seu objetivo é a qualidade. 2.1.1. Materialidade no planejamento e na execução da auditoria A materialidade no planejamento e na execução da auditoria é aprovada pelas Normas Técnicas de Auditoria Independente: NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC TA 230 – Documentação de Auditoria, com data de vigência de 1º de janeiro de 2010. A materialidade deverá ser aplicada na avaliação do efeito de distorções identificadas durante a auditoria e de distorções não corrigidas. O Conselho Regional de Contabilidade do Paraná (2020) define o que é materialidade para execução da auditoria: [...] materialidade para execução da auditoria significa o valor fixados pelo auditor, inferiores ao considerado relevante para as demonstrações contábeis, para adequadamente reduzir a um nível baixo a probabilidade de que as distorções não corrigidas e não detectadas em conjunto, excedam a materialidade para as demonstrações contábeis como um todo. (CRC-PR, 2020, on-line) Esta autarquia menciona que a estrutura de relatórios financeiros explica sobre materialidade, que: 1. Distorções, incluindo omissões, são consideradas relevantes quando for razoavelmente esperado que essas possam, individualmente ou em conjunto, influenciar as decisões econômicas de usuários tomadas com base nas demonstrações contábeis; 2. Julgamentos sobre materialidade são feitos à luz das circunstâncias envolvidas, e são afetados pela magnitude e natureza das distorções, ou a combinação de ambos. Pág. 24 de 74 3. Julgamentos sobre quais assuntos são relevantes para usuários das demonstrações contábeis são baseados em considerações sobre as necessidades de informações financeiras comuns a usuários como um grupo. (CRC-PR, 2020, on-line). 2.2. Fases do processo de auditoria A missão do processo de auditoria é possibilitar que contas, balanços, procedimentos tenham sido auditados na busca de identificar possíveis distorções e, caso encontre, indicar correções na busca da qualidade de serviços hospitalares. Este processo é composto de três fases: planejamento, execução e relatório. 2.2.1. Planejamento A primeira fase é o planejamento, que deverá ser realizado com base no sistema integrado de ações e objetivos, com finalidade de instruir as decisões para o futuro, observadas e corrigidas as decisões realizadas. O planejamento compreende a definição de objetivos, escopo e recursos a serem utilizados, bem como o prazo de realização do trabalho, quando este já não tiver sido definido no planejamento periódico. Durante o planejamento, devem ser analisados os sistemas de gestão de riscos e controles internos inerentes ao processo auditado. Ao final do planejamento, é elaborado o programa de trabalho, que deve incluir a extensão dos testes, as técnicas de amostragem e o processo de coleta, análise, interpretação e documentação da informação de auditoria (LÉLIS; PINHEIRO, 2012, p. 214). Esse planejamento deve conhecer os fatores importantes para a realização da auditoria, entre os quais chamamos atenção para: • A missão e objetivos da organização a ser auditada. • A política e os instrumentos de gestão de riscos do hospital. • As atividades operacionais, bem como os sistema contábil utilizado. • Os controles internos. • Os documentos específicos necessários para aquela auditoria. • A existência de instituições afiliadas, filiais e as partes que serão auditadas nestas. Pág. 25 de 74 • A participação de especialistas e os riscos da auditoria a ser realizada, devido à complexidade dos assuntos que serão observados (caso necessário). • Análise das auditorias anteriores e a realização das providências pleiteadas. Em nível da administração pública federal, o Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna (Paint) e Programa de Auditoria (PA), são os instrumentos necessários para que o planejamento seja realizado. Ressaltamos que, quanto à sua previsão, a auditoria poderá ser ordinária e especial. A primeira é programada (no Paint); a segunda tem natureza extraordinária, que atende às determinações da presidência ou diretoria do hospital/clínica. O Paint deverá ser realizado conforme previsto no §2º do art. 15 do Decreto nº 3.591/2000, considerando as regras e premissas estabelecidas na Instrução Normativa CGU nº 09/2018. O artigo 15, § 2º, do Decreto nº. 3.591/200 teve sua redação alterada pelo Decreto nº 4.440, de 25 de outubro de 2002, que define como obrigatório o controle interno do Poder Executivo, que assim estatue: Art. 15. As unidades de auditoria interna das entidades da Administração Pública Federal indireta vinculadas aos Ministérios e aos órgãos da Presidência da República ficam sujeitas à orientação normativa e supervisão técnica do Órgão Central e dos órgãos setoriais do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, em suas respectivas áreas de jurisdição (BRASIL, 2002). A fase final desse planejamento ocorrerá por meio do Programa de Auditoria – PA. Segundo Jacobsen (2012, p. 15): Trata-se de um planejamento micro, que se fundamenta, no caso de auditoria ordinária, no escopo geral constante no Paint. O programa visa definir os meios mais econômicos, eficientes e oportunos para se atingir os objetivos da auditoria (JACOBSEN, 2012, p. 15). 2.2.2. Execução da auditoria A execução da auditoria deverá ter como objetivo a ser perseguido a indicação do objeto a ser auditado e os dados coletados que norteiam o parecer da auditoria. Para cada tipo diferente de atividade, na etapa de trabalho de campo, são necessários procedimentos de trabalho específicos, que podem obedecer a padrões locais ou internacionais, serem definidos internamente pela própria empresa ou uma mistura de ambos. Os procedimentos devem ser capazes de obter evidência suficiente e relevante para o cumprimento dos objetivos da Pág. 26 de 74 auditoria. Podem ser realizados testes substantivos ou de desenho e eficácia de controles internos, a depender da extensão necessária à obtenção de resultados suficientes ao trabalho. (LÉLIS; PINHEIRO, 2012, p. 214). Após a aplicação desse procedimento de auditoria, consubstanciado em técnicas de auditoria, no caso da auditoria interna, que podem ser: análise documental; conferência de cálculos; indagação escrita (questionário) ou oral (entrevista); circularização; exame de registros e sistemas; verificação física, ativos; observação; triangulação; rastreamento; fotografia; cinematografia etc., (JACOBSEN, 2012,p. 18-19), obtém-se a evidência. A evidência é colhida durante a realização da auditoria e deve ser capaz de permitir a análise das atividades e procedimentos médico-hospitalares, a fim de possibilitar as conclusões de forma coerente e correta. A auditoria é realizada por meio do programa de auditoria e coleta de evidências, compreendendo as seguintes etapas, segundo o Manual de Auditoria Interna da UFMG (2013, p. 53-81): • Reunião de abertura dos trabalhos com o auditado e com o gerente da área auditada e/ou com o dirigente da organização. • Estudo e avaliação dos controles internos: a revisão dos controles internos é, fundamentalmente, o processo para levantamento de dados sobre a natureza e organização dos procedimentos prescritos. • Aplicação dos programas de auditoria (exames e coleta de evidências): constitui-se no desenvolvimento do plano de auditoria, quarta fase do processo de auditoria corresponde à elaboração do relatório, que consiste no registro e comunicação dos resultados da auditoria ao auditado. Trata-se do momento em que se concretiza, efetivamente, o sentido de todo um ciclo auditorial. • Registro em papéis de trabalho. Segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC TI 01 – da auditoria interna aprovada pela Resolução CFC nº 986/03 (NBC TI 01, 2003), papéis de trabalho são: 12.1.2.1 – A Auditoria Interna deve ser documentada por meio de papéis de trabalho, elaborados em meio físico ou eletrônico, que devem ser organizados e arquivados de forma sistemática e racional. 12.1.2.2 – Os papéis de trabalho constituem documentos e registros dos fatos, informações e provas, obtido no curso da auditoria, a fim de evidenciar os exames realizados e dar suporte à sua opinião, críticas, sugestões e recomendações. Pág. 27 de 74 12.1.2.2 – Os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de detalhe suficientes para propiciarem a compreensão do planejamento, da natureza, da oportunidade e da extensão dos procedimentos de Auditoria Interna aplicados, bem como do julgamento exercido e do suporte das conclusões alcançadas. 12.1.4 – Análises, demonstrações ou quaisquer outros documentos devem ter sua integridade verificada sempre que forem anexados aos papéis de trabalho. (NBC TI 01, 2003). Constituem-se na documentação dos trabalhos de controle elaborada e/ou colhida durante o processo de verificações em campo. Os papéis de execução referem-se às folhas básicas do trabalho, o suporte nuclear da opinião de uma equipe de controle. Registram os fatos, as causas e consequências dos atos de uma gestão referente a um determinado período. A finalidade é embasar o posicionamento da equipe com relação às questões apuradas no decurso dos exames, entre outros. Elaboração do relatório de auditoria, que consiste no registro e comunicação dos resultados da auditoria ao auditado. A comunicação dos resultados representa o ápice dos trabalhos de auditoria. Trata- se do momento em que se concretiza efetivamente o sentido de todo um ciclo auditorial. Na comunicação do resultado encontra-se a expressão literal de um Plano de auditoria e sua execução, do esforço de Planejamento das atividades de auditoria e do trabalho e da execução dos exames. (BRASIL, 2013, p. 90) Durante a auditoria, o auditor deverá ter autonomia e independência; devendo ser imparcial e objetivo na condução do trabalho; além de possuir conhecimento técnico, capacidade profissional, ser ético e possuir uma postura sigilosa e discreta na condução da auditoria. 2.2.3. Relatório da auditoria O presente relatório de auditoria, com a comunicação dos resultados encontrados e das recomendações propostas pela área de auditoria ou planos de ação acordados com a área auditada. Entre os tipos possíveis de recomendações de auditoria aplicáveis a avaliações de controles internos, Ratliff, Wallace, Summers, McFarland e Loebbecke (1996) citam: (i) não modificar o sistema de controles se ele estiver adequado às necessidades organizacionais; (ii) melhorar o sistema de controle interno, modificando controles insatisfatórios ou criando novos controles e (iii) reduzir o risco em certos processos em que não há como implementar ou melhorar os controles, por meio de seguros. (LÉLIS E PINHEIRO, 2012, p. 214-215). Pág. 28 de 74 O documento produzido, como mencionado, deve relatar a auditoria realizada, seus termos e conclusão, o qual virá expresso no parecer do/a auditor/a. O parecer deverá conter: número e ano de emissão; identificação da base legal; assunto; exposição da matéria; parecer fundamentado; relação de evidências, se houver; data e assinatura. 2.2.3.1. Tipos de relatórios Cada tipo de relatório tem um desenho e endereçamento específicos. 2.2.3.2. Relatórios finais sintéticos Este relatório é endereçado à alta direção do hospital, no qual são apresentados os locais que necessitam de correções. 2.2.3.3. Relatórios finais analíticos É o documento a ser apresentado aos setores auditados, o qual deve ser redigido de forma clara, objetiva e simples. 2.2.3.4. Relatórios especiais Chamado de relatório confidencial, é enviado exclusivamente a um determinado gestor, que apresenta uma situação dentro de sua gestão que lhe interessa, como, por exemplo, uma fraude. 2.2.3.5. Relatórios parciais Apresenta um fato ou ocorrência que deve ser imediatamente levada a um determinado gestor que solicitará determinação ação. 2.2.3.6. Relatórios verbais O auditor deve se preparar para expor seu parecer, pois estará mais vulnerável durante a sua fala. Pág. 29 de 74 2.3. Gestão de documentos e elaboração de relatórios de auditoria As informações são diariamente processadas pelas organizações durante a realização de suas atividades, gerando, assim, uma gama de documentos produzidos de interesse vital para mesma. A produção e acumulação desses documentos caracterizam o documento arquivístico. Segundo Rondinelli, (2005), documento arquivístico é: Informação registrada, independente da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer das atividades de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura suficientes para servir de prova destas atividades. (RONDINELLI, 2005, p. 129). Bellotto (2006) descreve como esse documento deverá ser instituído: A forma/função pela qual o documento é criado é que determina seu uso e seu destino de armazenamento futuro. É a razão de sua origem e de seu emprego, e não o suporte sobre o qual está constituído, que vai determinar sua condição de documento de arquivo, de biblioteca, de centro de documentação ou de museu. (BELLOTTO, 2006, p. 36) Para o e-ARQ Brasil: Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos, documento arquivístico: É um documento produzido e/ou recebido e mantido por pessoa física ou jurídica, no decorrer das suas atividades, qualquer que seja o suporte, e dotado de organicidade (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS, 2011, p. 11). A gestão desses documentos, prevista na Lei de Arquivos nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências (BRASIL,1991), é definida como um conjunto de procedimentos e operações técnicas que serão desenvolvidos para organizar a documentação e servir de informação, como mencionado em seu art. 1º. É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação (BRASIL, 1991). Rosário, Mariz e Andrade (2015) ressaltam que a gestão de documentos pode ser entendida como um macroprocesso devido seu caráter múltiplo: Cabe ressaltar que a gestão de documentos pode ser considerada como conjunto de procedimentos e operações técnicas (Lei de Arquivos), como programa (ISO 15489/2001) ou como sistema (ISO 30300/2011) (ROSÁRIO; MARIZ; ANDRADE, 2015). Pág. 30 de 74 Macroprocessoé conceituado pela Association of Business Process Management Professionals (2009, p. 239), como “um processo que usualmente envolve mais de uma função na estrutura organizacional e a sua operação tem impacto significativo na forma como a organização funciona”. Tal caráter abrangente decorre dos elementos de planejamento, execução e acompanhamento formulados pela gestão em estudo, em que os processos de produção, classificação, tramitação, arquivamento, avaliação, transferência, recolhimento e eliminação são importantes dados para uma decisão estratégica ser realizada, necessitando, assim, de ser alvo de uma auditoria. As diretrizes para auditoria de sistemas de gestão são definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, por meio da NBR ISO 19011, de 2016 Em sua seção 3, conceitua auditoria como: [...] um processo sistemático, documentado e independente para obter evidência de auditoria e avaliá-la objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos (ABNT, 2012, p. 1). Entretanto, a ANBT NBR ISSO 19011:2012 foi cancelada em 20/12/2018 e substituída pela ABNT NBR ISO 19011:2018. Esta, em 2019, foi corrigida, sendo incorporada a Errata 1, de 14 de maio de 2019, tendo a seguinte abrangência: Este documento fornece orientação sobre a auditoria de sistemas de gestão, incluindo os princípios de auditoria, a gestão de um programa de auditoria e a condução de auditoria de sistemas de ges¬tão, como também orientação sobre a avaliação de competência de pessoas envolvidas no processo de auditoria. Estas atividades incluem a(s) pessoa(s) que gerencia(m) o programa de auditoria, os audi¬tores e a equipe de auditoria (ABNT, 2019). Assim, a auditoria aplicada à gestão de documentos visa analisar o cumprimento dos protocolos previstos na legislação, que observará se estes estão sendo seguidos durante as fases de elaboração, mencionando, por conseguinte, em seu relatório final, os que estão em desacordo e pleiteando sua adequação. Pág. 31 de 74 2.4. Auditoria e áreas de atenção de alta complexidade De acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada nº 39 da ANS, de 27 de outubro de 2000, as operadoras podem ser classificadas em administradora; cooperativa médica; cooperativa odontológica; autogestão; medicina de grupo; odontologia de grupo ou filantropia. Paim (2009) salienta que o setor privado, aparentemente paralelo ao SUS, possui várias "conexões" com o setor público, tornando o sistema de serviços de saúde no Brasil complexo e segmentado, com distintos padrões de acesso, qualidade e integralidade da atenção, reforçando as desigualdades na oferta de serviços à população e no acesso a eles. As rotinas médico-hospitalares dessas organizações envolvem uma série de atividades e procedimentos que necessitam de uma avaliação constante na busca de uma qualidade desses serviços, que poderão ser alvo de uma consultoria. Essas rotinas estão expostas em seu prontuário, que, segundo o Conselho Federal de Medicina, Resolução 1.639 do CFM (2002) é: [...] um documento único que contêm informações registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, é de caráter legal, sigiloso e científico, possibilita a comunicação entre os membros da equipe multidisciplinar e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo (CFM, 2012). Assim, nasce a auditoria e sua finalidade, que busca apurar eventuais irregularidades e inconsistências nos processos de diagnósticos e tratamentos realizados. Essas duas esferas estarão presentes no prontuário médico, mas salientamos que tudo que fora realizado e não esteve nesse prontuário é dito como não realizado. Trata-se de um processo de avaliação das rotinas e tarefas executadas dentro da atividades médico-hospitalares de alta complexidade em questão, com base na legislação vigente, onde haverá uma análise das atividades e documentos do local, já que tais atividades devem ser realizadas garantindo segurança ao paciente e, respeitando os protocolos e procedimentos legais. A referida auditoria irá atuar no cumprimento das exigências, para que o local se torne uma referência, em que rotinas serão revistas e deficiências deverão ser eliminadas; observados os Pág. 32 de 74 custos-benefícios na busca de resultados financeiros positivos e a possível implantação de novas tecnologias por intermédio de um planejamento estratégico e o cumprimento de protocolos necessários às certificações de qualidade. É de suma importância a avaliação nos atendimentos de alta complexidade, tais como quimioterapia, hemodiálise, radioterapia, hemoterapia, entre outros, já que envolvem procedimentos de alta tecnologia e de alto custos dentro das atividades médico-hospitalares, em que há necessidade de equipes multidisciplinares com recursos tecnológicos diferenciados em medicina. Pág. 33 de 74 AUDITORIA HOSPITALAR INTRODUÇÃO Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à Unidade 3! Em Auditoria Gerencial, você vai entender os aspectos que envolvem a auditoria hospitalar e a consultoria em gestão, bem como compreender a importância da consultoria e do benchmarking na relação dos custos e da qualidade, assim como dos programas de certificação hospitalar. Já ouviu falar na RDC 50? Vai entender a importância dos projetos hospitalares e compreender que os hospitais precisam dar ênfase, acima de tudo, à entrega de valor ao paciente. Para você, o aumento dos custos representa, necessariamente, a garantia da qualidade no serviço prestado ao paciente? Mas, como garantir isso? Nesse sentido, vamos entender as contribuições da auditoria e a importância das evidências para a análise dos resultados, para o monitoramento das propostas de melhorias e para as tomadas de decisão. O que fazer quando as provas evidenciam riscos? Por isso, vamos conhecer a gestão de riscos, derivada da auditoria baseada em evidência, e o ciclo para as propostas de melhorias que podem ser implementadas na instituição. Consulte as referências bibliográficas e aprofunde os estudos neste fascinante assunto que envolve a auditoria gerencial na área da saúde. Bons estudos! Pág. 34 de 74 UNIDADE 3 – VISÃO GERAL 3.1. CONSULTORIA EM GESTÃO HOSPITALAR Para falarmos sobre consultoria em gestão hospitalar, devemos, inicialmente, entender o papel de sua necessidade nas instituições de saúde. Atualmente, os hospitais convivem em um cenário de escassez de recursos, em que a melhor alternativa é a racionalização dos custos. Entenda: não estamos falando necessariamente em reduzir custos, mas racionalizá-los, ou seja, gastar melhor e de uma forma efetiva. Ao mesmo tempo, temos a competição acirrada e um mercado em que os stakeholders não possuem os mesmos interesses, o que dificulta as relações, a exemplo da conexão entre prestadores de serviço e operadoras de saúde. “O escopo geográfico relevante para a competição na prestação de serviços de saúde é regional, nacional ou mesmo internacional, e não apenas local” (PORTER; TEISBERG, 2007, p. 113). Com isso, os hospitais precisam entender que grandes grupos estão se deslocando para suas regiões, a fim de oferecer os mesmos serviços, com qualidade e recursos (infraestrutura, tecnologia e pessoas). Para Porter e Teisberg (2007, p. 21), “os custos são altos e crescentes, apesar do intenso esforço para controlá-los. Os problemas de qualidade persistem”. A grande verdade é que o segmento da saúde não é para “amadores”! Nesse cenário, surge a alternativa do investimento que os hospitais podem fazer em favor da gestão da qualidade e da entrega de valor ao paciente. Vamos entender melhor. Um cliente não identificará valor, logo na entrada do hospital, se lhe for dedicado um atendimento precário e desumano por parte dos recepcionistas, ou, ainda, se perceber uma assistência descuidada por parte do corpo de enfermagem. Esse conceito de entrega de valor deve serenraizado nas instituições de saúde, bem como massificado entre os colaboradores. Os clientes devem perceber a entrega de valor no dia a dia, nas rotinas, nos processos mais simples e em qualquer colaborador. Por isso, qualidade pode ser entendida como o processo responsável por mensurar a satisfação do cliente final, a fim de garantir a completa satisfação de suas necessidades. Em síntese, a qualidade é o que o paciente percebe ou entende por valor. Os hospitais devem promover a cultura da segurança do paciente, pois esse é o maior produto que uma instituição de saúde pode ter. Nessa cultura, você deve incluir valores, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamento que definem o modelo de negócio do hospital. As boas Pág. 35 de 74 práticas preconizam que as instituições de saúde devem identificar adequada e corretamente os pacientes, melhorar a comunicação entre os profissionais da saúde, bem como a segurança nas prescrições médicas e na administração dos medicamentos, além de assegurar um procedimento de cirurgia segura, promover a higienização das mãos, inibindo riscos com infecções, reduzir riscos de queda, lesão por pressão, flebite, entre outras. E qual seria o papel da consultoria? O papel seria justamente este, o de recomendar boas práticas, a fim de potencializar resultados e mitigar riscos nas instituições. Na Tabela 1, podemos perceber algumas ações que contribuem com a gestão da qualidade nos hospitais: Tabela 1: Boas práticas para a segurança do paciente Práticas Ações Cultura de segurança Criar uma cultura de segurança dentro do hospital, disseminando e conscientizando todos os colaboradores. Comunicação Aperfeiçoar a eficácia e a coordenação da comunicação entre os profissionais e o paciente em todo o ciclo do tratamento. Uso de medicamentos Garantir a administração e o uso seguro de medicamentos. Desenvolver pessoas Criar um ambiente harmônico que contribua para a prestação segura do atendimento. Prevenção e controle de infecção Reduzir o risco de infecções associadas ao atendimento da saúde e o seu impacto nos resultados. Avaliação do grau de risco Identificar, classificar, monitorar e mitigar os riscos dos processos e de cada paciente. Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Segundo Wennberg e Cooper (1999, apud PORTER; TEISBERG, 2007, p. 106), “existe evidência de desperdício e ineficiência em grande escala no sistema de prestação dos serviços de saúde. O potencial para melhorar a qualidade e o custo reduzindo ou eliminando erros é enorme”. Assim, com o intuito de assegurar o foco na qualidade da gestão hospitalar, as instituições de saúde estão buscando os programas de certificação da qualidade, a exemplo do processo de acreditação. Pág. 36 de 74 SAIBA MAIS Acreditação é o termo utilizado para certificar a garantia de qualidade hospitalar. Significa o reconhecimento formal por um organismo de acreditação de que a empresa atende aos requisitos previamente definidos e demonstra ser competente para realizar suas atividades com confiança (SALU, 2013, p. 448). Entenda mais sobre o processo de acreditação e conheça as instituições acreditadoras na Organização Nacional de Acreditação (ONA), disponível em: https://www.ona.org.br. O processo de acreditação, além de seu principal propósito, serve como uma grande consultoria na área da saúde, tendo em vista a natureza de suas atividades de recomendação e avaliação baseada no Manual ONA. Dessa forma, os hospitais fortalecem seus processos internos e potencializam a segurança do paciente, aperfeiçoando-se em ações como notificações de eventos adversos, planos de segurança do paciente (relatório e análise prospectiva), uso racional de medicamentos e antibióticos, manutenções preventivas do parque tecnológico, treinamentos de conformidade e práticas de profilaxia, a exemplo do tromboembolismo venoso (TEV). Os eventos adversos, assim como as reações adversas, e as quebras de contratos intersetoriais, podem representar, além dos danos ao paciente, considerável aumento de custo para o hospital. Apenas para efeito de informação, “as taxas de eventos adversos na medicina são estimadas entre 10,6% e 16,6% na Austrália, entre 10% e 1,7% no Reino Unido e em cerca de 9% na Dinamarca, contra 3,2% e 5,4% nos EUA” (PORTER; TEISBERG, 2007, p. 17). Esses eventos, no Brasil, são notificados via sistema informatizado da Vigilância Sanitária (Anvisa). CURIOSIDADES Eventos adversos são danos ou riscos de dano associado à assistência; as reações adversas são reações vinculadas a tecnovigilância, farmacovigilância e hemovigilância; e as quebras de contratos são as inconformidades dos processos internos formalizados por meio de contratos intersetoriais. https://www.ona.org.br Pág. 37 de 74 Assim, são notificadas situações que representam risco de danos ao paciente; acidentes relacionados à assistência, à instituição (quedas, lesões etc.); a atrasos ou não realização de exames, a procedimentos, a tratamentos que causem danos ou o risco do dano ao paciente; não cumprimento dos protocolos, rotinas e normas padronizadas para a segurança do paciente; as reações medicamentosas, as hemocomponentes causadas por equipamentos e correlatos; e não conformidades. Quanto mais notificações forem realizadas, menos eventos adversos serão registrados no hospital. Por isso, os gestores precisam saber que, quanto mais notificações a instituição tiver, mais corresponde a uma cultura madura, visando a segurança do paciente. Em contrapartida, espera-se que o número de eventos adversos (com danos) diminua gradativamente na instituição. Por que damos ênfase a essa questão? Porque o nível de satisfação do paciente é inversamente proporcional ao custo da perda que o hospital despende. Vamos a um exemplo. Suponha que um hospital, em suas unidades de internação, tenha um nível de satisfação igual ao percentual de ocupação de seus leitos. O hospital possui 400 leitos e cada diária de apartamento é de R$ 900,00. Vamos considerar também que o hospital possui uma média de satisfação de 82% e que, em março de determinado período, introduziu um programa de qualidade com foco na humanização do paciente, a fim de alcançar, logo no primeiro mês, uma taxa de 95% de satisfação. Assim, analise a tabela a seguir e compare com a evolução dos custos com as perdas de receita ((ocupação x valor da diária) – capacidade de ocupação): Figura 1: Satisfação x custo da perda (%) de satisfação JAN 83 81 95 96 96 97 FEV MAR ABR MAI JUN Custo de perda (R$) JAN 61100 68400 18000 14400 10800 14400 FEV MAR ABR MAI JUN Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Pág. 38 de 74 Perceba a relação do custo x benefício com a introdução dos programas de qualidade. Por isso, muitos hospitais investem em benchmarking, visando buscar boas práticas por meio de visitas técnicas, sejam em hospitais com serviços similares ou hospitais de grande referência. Para Porter e Teisberg (2007, p. 304), vai mais além, afirmando que “a renovação de licença a prestadores e médicos deve se basear em resultados aos pacientes”, devendo atingir resultados iguais ou superiores aos benchmarks de referência nacional. O benchmarking funciona como uma excelente ferramenta de consultoria, pois o hospital terá a oportunidade de buscar informações que o auxiliem na resolução de gargalos, otimização de processos e incremento de resultados. E esse processo vale para todos os profissionais das instituições de saúde. Porter e Teisberg (2007, p. 112-113), afirmam que: Os médicos e equipes têm que comparar os seus resultados ajustados a risco com os resultados dos melhores prestadores em toda a parte, e não apenas em sua área. Além disso, os prestadores deveriam também procurar a relacionar com centros nacionais e regionais para obter consultoria e outros serviços a fim de se equipararem aos mais altos padrões de valor, mesmo que sejam o único hospital ou clínica da região. (PORTER; TEISBERG,2007, p. 112-113) SAIBA MAIS A Clínica Mayo possui programas de consultoria entre médicos em diversos casos específicos, proporcionando uma troca de informação regular e contínua. As plataformas que viabilizam essa consultoria entre os campi da instituição de saúde são por meio de conferência e videoconferência. Acesse https://www.mayoclinic.org/portugues/sobre-a-clinica-mayo e conheça os hospitais, centro médico integrado e profissionais da instituição de saúde. Nas instituições de saúde, podemos ainda mencionar, além da qualidade, outro serviço de consultoria bastante importante, que é a gestão de projetos físicos. No segmento hospitalar, a gestão de projetos físicos exige a integração e envolvimento das áreas de arquitetura e engenharia hospitalar. No Brasil, essa atividade é regulamentada pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nos 50 e 307, principais diretrizes de normatização da infraestrutura física dos serviços assistenciais de saúde e dispõem sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). A RDC n. 50/2002 não estabelece a tipologia de edifícios de saúde, ou seja, não determina se deve ser um https://www.mayoclinic.org/portugues/sobre-a-clinica-mayo Pág. 39 de 74 hospital ou uma unidade básica de saúde, nem o número de andares do prédio. Essa resolução visa propiciar ao usuário e à equipe de saúde um ambiente adequado às atividades assistenciais programadas, sem riscos ou prejuízos, contribuindo para que a instituição de saúde seja considerada de qualidade por ter condições de alcançar seus objetivos e também a satisfação da clientela (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Trata-se de recomendações de natureza técnica, ou seja, tamanho padrão para um banheiro, um depósito de material de limpeza (DML, que por sua vez, é um item obrigatório para armazenamento de utensílios e materiais de limpeza, entre outros ambientes. Na figura a seguir, é possível você analisar como se dá um projeto físico dentro dos parâmetros e das normativas da RDC n. 50/2002: Figura 2: Projeto arquitetônico Fonte: Elaborada pelo autor (2020). Pág. 40 de 74 Essa área de projetos pode ser terceirizada (consultoria) ou própria do hospital. Como avaliar a vantagem entre uma ou outra alternativa? A resposta será o volume que o hospital possui de projetos para seu plano de expansão, ou seja, se o plano de expansão estiver previsto poucos projetos, a melhor alternativa será contratar uma consultoria técnica se, por outro lado, o plano de expansão for robusto. Assim, o mais adequado será montar uma equipe técnica de projetos. De uma forma ou de outra, o projeto básico elaborado, juntamente com a planta-baixa, deverá ser analisado e aprovado pela equipe de auditoria de atividades urbanas da Anvisa. Para esses ambientes, Kurcgant (2019, p. 160) afirma que: É imprescindível analisar a adequação do projeto arquitetônico às atividades propostas pelo estabelecimento de assistência à saúde (EAS), verificando a pertinência do projeto físico às propostas assistenciais pretendidas, por unidade funcional, [...] para cada unidade funcional também é preciso considerar os ambientes de apoio necessários para o desenvolvimento das atividades assistenciais, para o atendimento do público e para as necessidades do trabalhador. (KURCGANT, 2019, p. 160) Assim, é importante que os projetos contemplem desde adequações em ambientes à adaptação no parque tecnológico, como salas de descanso para os colaboradores (conforme a Figura 2), ergonomia dos móveis de escritório e aquisição de camas elétricas para inibir os riscos de afastamentos por movimentos repetitivos pelo corpo de enfermagem, como ocorre com camas manuais (manivela). É importante que você perceba e compreenda que a consultoria em gestão hospitalar deve proporcionar, além de resultados, redução de custos e implementações de boas práticas, bem como a segurança e a satisfação do paciente. Para a Mercer Human Resources Consulting (2004, apud PORTER; TEISBERG, 2007, p. 60), “é da natureza humana, para a maioria das pessoas, acreditar situar- se acima da média, o que pode não ser verdadeiro”, então, como podemos mensurar os resultados, a redução de custos e o impacto das melhorias? Com a produção de provas e evidências. Para Salu (2013, p. 450), “a principal mudança de cultura que o programa de qualidade traz é a necessidade de produzir evidências, demonstrar formalmente que fez da forma como se propôs a fazer”. É como uma relação do previsto x realizado, ou melhor, o que deve ser feito x o que foi feito! Nesse sentido, os procedimentos de auditoria são essenciais para a coleta e avaliação dos resultados baseados em evidências. No próximo tópico, estudaremos a importância da auditoria baseada em evidência e como ela pode contribuir para a qualidade nas instituições de saúde. Pág. 41 de 74 3.2. Auditoria baseada em evidências No segmento da saúde, a história sobre levantamentos e estudos estatísticos baseados em evidência datam do período de Florence Nightingale (1820-1910), notável enfermeira que, na Guerra da Crimeia, ficou conhecida pela introdução de técnicas de monitoramento e melhoria contínua baseada na coleta de dados e informações, reduzindo a taxa de mortalidade de forma exponencial. Com o passar dos anos, o segmento da saúde foi recebendo diversas contribuições, especialmente voltadas para a qualidade. Uma delas foi a criação da Joint Commission on Accreditation of Hospitals (JCAH), “com o objetivo de introduzir conceitos de qualidade para análise de casos por meio de auditoria” (KURCGANT, 2019, p. 64). Era o início das implementações de melhorias nas instituições de saúde a partir das evidências coletadas nos procedimentos de auditoria. Mas o que seriam evidências em um processo de auditoria? Figura 3: Evidências na auditoria Fonte: Plataforma Deduca (2020). Evidências são provas ou documentos que os procedimentos de auditoria requerem para avaliação de determinado processo. Vamos pensar! Imagine que, como auditor, você deseja avaliar os estoques de uma determinada organização. Quais seriam as provas que você coletaria nos processos de compras e almoxarifado? Pág. 42 de 74 3.3. Revisão dos trabalhos de auditoria Certamente, notas fiscais, orçamentos, relatórios que comprovem a entrada e saída de materiais, entre outros. Estas são as evidências que os auditores buscam para validar determinado processo no hospital. “O prontuário do paciente constitui um tipo de documento particular, no qual o pessoal de enfermagem deve registrar todas as ações realizadas” (KURCGANT, 2019, p. 187). Assim, ele se apresenta como um excelente instrumento para se coletar evidências. Mas, as provas são, necessariamente, documentos? Não, pois a validação de determinado processo pode não ser possível ou inviável por meio de documentos, por exemplo, o acesso de pacientes em um hospital. Nesse processo, o auditor verificará em normas ou rotinas como se dá o fluxo de entrada dos pacientes e confrontará com o realizado; assim, ele deverá verificar in loco (prova) para validar o fluxo, em outras palavras, checar se o que está escrito, efetivamente, ocorre no hospital. As provas ainda podem ser por observância, que, por essência, se refere a testes de conformidade, como as mencionadas anteriormente, ou podem ser provas substanciais, que correspondem a provas e testes que requerem uma avaliação contábil mais aprofundada. De qualquer forma, o importante é assegurar “se existe norma que define que ele deve ser executado, e como deve ser executado (controles e requisitos)” (SALU, 2013, p. 268), pois o processo, para ser validado, precisa, antes de tudo, estar formalizado e institucionalizado no hospital. Veja o que diz Porter e Teisberg (2007, p. 63): “Os esforços mais conhecidos, a fim de avaliar e classificar prestadores, não são baseados
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