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Material elaborado por Plinio Antonio Aranha Junior, para as disciplinas de Direito Tributário do Curso de Graduação em Direito da UNIDERP, sendo vedada sua reprodução parcial ou total sem autorização do autor. DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO O QUE É TRIBUTO? Paulo de Barros Carvalho, em apurada pesquisa, identificou o uso do signo (sinal indicativo; símbolo) “tributo” em seis acepções distintas, quais sejam: 1. ‘tributo’ como quantia em dinheiro; 2. ‘tributo’ como prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo; 3. ‘tributo’ como direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo; 4. ‘tributo’ como sinônimo de relação jurídica tributária; 5. ‘tributo’ como norma jurídica tributária; 6. ‘tributo’ como norma, fato e relação jurídica. (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário, p. 19.) Fonte: BARRETO, Paulo Ayres. Tributos. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito Tributário. Paulo de Barros Carvalho, Maria Leonor Leite Vieira, Robson Maia Lins (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/276/edicao-1/tributos 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.1 Os tributos através dos tempos ✓ Na antiguidade os tributos não eram exigidos dos cidadãos livres, podendo-se afirmar que nesta época, a liberdade e a tributação eram incompatíveis, enquanto sujeição. ✓ Em Roma, por exemplo, quando em casos excepcionais de necessidade, se cobrava impostos diretos de seus cidadãos (chamados de tributum), estes eram considerados meros empréstimos de guerra, que seriam ressarcidos por meio das pilhagens de guerra. ✓ Na Idade Média, não havia mais espaço para a submissão ou escravidão (pelo menos no sentido formal), e neste contexto, o tributo já não podia mais ser imposto contra a vontade dos súditos, adquirindo assim uma feição contratual. Esta pode ser a origem da “legalidade” da cobrança de tributos, atualmente considerada. 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.1 Os tributos através dos tempos I. Estado Patrimonial: é aquele no qual o Estado, valendo-se de seus próprios meios, obtém o que necessita para sua subsistência, ou seja, gera a riqueza que consome (se consolidou no século XVI). II. Estado Policial: sem perder as características de Estado Patrimonial, ganha características intervencionistas, e passa a se valer de todos os meios a seu dispor (inclusive o tributo) para dirigir a economia. III. Estado Fiscal: passa a ser financiado principalmente pela arrecadação de tributos, passando o particular a ser a fonte originária de riquezas, cabendo- lhe repassar uma parcela destas ao Estado. Nesta fase, o Estado assume uma feição minimalista, sob a inspiração do liberalismo,a cobrança de tributos necessitava de aprovação do parlamento (intervenção mínima do Estado = tributação mínima). 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.1 Os tributos através dos tempos IV. Estado Social ou Estado Social Fiscal: se considerarmos a sua principal fonte de arrecadação ele não deixa de ser Fiscal na sua essência, mas já não se cogita de um Estado mínimo, ao contrário, o estado avoluma-se e necessita de mais recursos para sustentar o “Estado Social”. V. Estado Democrático Social de Direito: já no século XXI, o Estado é marcado por uma diminuição de seu tamanho (privatizações inspiradas no neoliberalismo), e pela restrição ao seu intervencionismo, não deixando, entretanto de ter as características de Estado Fiscal. Neste contexto surge a necessidade da sociedade tomar para si algumas tarefas, antes somente delegadas ao Estado, que se revela incapaz ou inábil para suprir certas demandas sociais (exemplo: saúde, educação, etc.) 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.2. Das funções realizadas pelos tributos (efeitos econômicos) Ocorre que o fato de se cobrar tributos sobre determinada atividade produzirá efeitos sobre a economia, interferindo no equilíbrio almejado, ainda que tal interferência tenha por objetivo atingir outras finalidades estatais. Neste passo, encontramos duas funções para o tributo, no entender de Schoueri: ✓ Função arrecadadora (função mediata com as funções fiscais); e ✓ Função Indutora de comportamentos (função imediata com as funções fiscais). 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.2. Das funções realizadas pelos tributos (efeitos econômicos) Neste contexto, ao tributar, o Estado acaba por produzir os seguintes efeitos na economia: I. Efeitos distributivos: redistribuição de renda, sendo que no Estado Social, a redistribuição de renda visa reduzir as desigualdades sociais; II. Efeitos alocativos: a incidência tributária passa a ser um fator a ser considerado nas decisões dos agentes econômicos; III. Efeitos Estabilizadores: pois a tributação acabará por interferir no nível de emprego, numa razoável estabilidade de preços, no equilíbrio da balança financeira e numa taxa aceitável de crescimento econômico. 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.3. Dos objetivos de um sistema tributário Diante da inevitável interferência da tributação nos mecanismos de regulação econômica é certo que ao mesmo tempo em que a eficiência da economia não seja plena, deverão haver outros objetivos que justifiquem a ineficiência ocorrida, uma vez que não existe Estado sem receita que financie. Segundo Schoueri, atualmente um bom sistema tributário deve ter as seguintes características: I. Eficiência econômica: o sistema tributário não deve interferir na alocação econômica de recursos, ou seja, deve-se buscar a neutralidade fiscal, de forma interferir o mínimo possível nas relações de mercado. Em termos práticos a neutralidade fiscal significa que produtos em condições similares devem estar submetidos à mesma carga fiscal. II.Simplicidade Administrativa: Ex.: guarda de documentos por determinado tempo, excesso de deveres instrumentais, sem contar a necessidade da criação de mecanismos de controle que visem o combate à sonegação, corrupção, favoritismo, etc. 1. Introdução ao Direito Tributário. 1.3. Dos objetivos de um sistema tributário III. Flexibilidade: respostas imediatas às necessidades conjunturais, sem contudo, desrespeitar a segurança jurídica. IV. Responsabilidade Política: saber quem está pagando e quem está se beneficiando (transparência fiscal), vide § 5º do artigo 150 do texto constitucional, regulamentado pela Lei nº 12.741/2012. V. Equidade: O sistema tributário deve ser equitativo, diante das diferenças individuais.
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