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Design Gráfico e Digital Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Gustavo Ferraz Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Introdução Introdução • Apresentar um panorama geral da matéria e abordar conceitos básicos e essenciais para o melhor entendimento das unidades seguintes. OBJETIVO DE APRENDIZADO • O Que é Design Gráfico? • História do Design Gráfico; • O Design na Publicidade; • A Criatividade e o Design. UNIDADE Introdução O Que é Design Gráfico? O design está praticamente em tudo o que utilizamos e consumimos: nos aparelhos eletrônicos do nosso dia a dia, como smartphones, notebooks, TVs e liquidificadores... Mas também nos veículos que utilizamos pra nos locomover, nos como carros, motos, bicicletas e ônibus. Existe design ainda na cadeira do escritório, no sofá da sala, nas em- balagens de produtos que consumimos e nas imagens de tudo o que nós vemos. Ele está presente em soluções tangíveis ou intangíveis em nosso cotidiano. De uma forma resumida, podemos definir o design como o esforço para encontrar soluções para problemas do dia a dia ou melhorias para situações. O design precisa ser útil, agradável e coerente com o contexto em que é aplicado. O design pode ser desenvolvido levando em conta diversos aspectos, os quais vão desde o público-alvo até as questões socioculturais, entre outros quesitos que veremos mais detalhadamente a seguir. Quando falamos em design, não devemos nos referir apenas à estética, expressão ou somente ao desenho e à ilustração, apesar de isso parecer fazer muito sentido. O design precisa ser mais pragmático – não em termos visuais, mas no que tange à sua funciona- lidade. Precisa também ter um objetivo a cumprir, além do estético, por ser formatado para resolver uma situação, seja ela de comunicação, de utilização e inclusive visual. Dito isso, fica mais fácil dizer que o design gráfico é um segmento do design em que são apresentadas soluções funcionais, geralmente com apelo estético, por meio da comu- nicação visual aplicada a peças gráficas. Imagens, textos e ilustrações são elementos utili- zados na comunicação desses projetos de design gráfico, distribuídos de forma harmônica, aplicando-se fundamentos do design. Portanto, o profissional da área, o designer gráfico, cria soluções a partir de projetos de comunicação visual que atendam às necessidades do mercado. Ele pode atuar em pro- jetos gráficos que envolvam o trabalho impresso e também o digital no desenvolvimento de marcas, identidade visual, sinalização, entre muitos outros. Essa área tem sido grandemente favorecida pelas constantes inovações tecnológicas do mundo digital que disponibilizam aplicativos e ferramentas incríveis para criação e produção de peças gráficas. Com a utilização de softwares como Photoshop, Illustrator, Corel, InDesign, Adobe Premiere, After Effects, entre outros tantos, inclusive soluções gratuitas e até mesmo softwares para smartphones como Instasize, há muito o que pode- mos utilizar na criação ou no aprimoramento desses projetos. História do Design Gráfico O conceito e a aplicação do design gráfico foi se aprimorando e evoluindo com o passar dos anos. Oficialmente, a profissão em si de designer gráfico surgiu apenas no século XX. 8 9 • 15.000 a 10.000 a.C. : As pessoas sempre precisaram se comunicar e as primei- ras formas de diálogo foram por meio de elementos visuais. O livro The History of Graphic Design, de Philip Meggs, um grande historiador do design, mostra que o início da história do design gráfico aconteceu na Pré-história, procurando métodos de conceituar visualmente ideias e formatos, armazenar conhecimento gráfico, or- denar e elucidar informações. Quando o homem das cavernas saía para caçar, por exemplo, compreendia a pegada de um animal como um “sinal gráfico” impresso nos locais por onde passava. Isso é um exemplo claro de que as imagens gráficas vão muito além de meras ilustrações que representam um determinado conceito, são signos com sentidos peculiares, cuja disposição lhes pode conceder um significado particular. A arte rupestre foi significativa nesse período e essencial para a comunicação dos povos da época, que se expressavam por meio de desenhos feitos nas paredes de suas cavernas, os quais mostravam figuras de animais e pessoas, cenas de seu cotidiano, além de esculturas de madeira, ossos e pedra. Para isso, utilizavam sangue de animais, saliva, fragmentos de rochas, argilas, entre outros materiais. Desde esse tempo, então, temos a utilização fundamental do grafismo para o ser humano ; Figura 1 Fonte: Wikimedia Commons • 1276 : A impressão chega à Europa com uma fábrica de papel na Itália, provavel- mente desvendando assim o segredo dos chineses, a quem se credita a invenção do papel alguns séculos antes ; • 1450 : Gutenberg aperfeiçoa o sistema de impressão de livros, surgindo assim a indústria gráfica e a distribuição de conteúdo ; 9 UNIDADE Introdução Figura 2 – Imprensa de Gutenberg Fonte: Wikimedia Commons • 1760: Durante a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), houve um destaque especial para o que poderíamos chamar de “design gráfico”, em que os comercian- tes usavam tarefas de artistas comerciais, classe formada pelos tipógrafos, letristas e retocadores da época, para atender às mudanças que estavam ocorrendo com o desenvolvimento do mercado e o surgimento de necessidades na divulgação. Até o final do século XIX, as impressões eram feitas em preto e branco havendo uma pequena variedade de formas e tamanhos; • 1796: Com inventos que revolucionaram a tecnologia das tintas de impressão e ajudaram a tornar a indústria gráfica um universo colorido, a dispersão das imagens coloridas chamou a atenção e serviu como incentivo para os artistas e o público. Com a chegada da impressão litográfica – uma das principais técnicas inventadas na área – os projetos puderam ser produzidos em diversos tamanhos e em variadas cores e letras, tornando-se um marco da influência do design editorial e comercial. Assim, ocorreu o surgimento de uma nova linguagem visual, uma nova forma de arte: as ilustrações coloridas dos cartazes artísticos. Antes do advento da litografia, tudo era impresso por tipografia e raramente tínhamos ilustrações feitas em xilo- grafia ou gravura em metal (cobre); • 1869: Foi fundada a primeira agência de publicidade, a NW Ayer & Son; • 1880: Surge o equipamento que permitiu a primeira foto impressa com uma com- pleta gama de tons; • 1886: Inventada a primeira máquina tipográfica por Ottmar Mergenthaler; • 1919: Apesar da existência da fotografia, antes da Primeira Grande Guerra, ainda não era possível a sua utilização no design, especialmente pelo alto custo no processo. Apenas depois de 1919, a fotografia foi adicionada ao mercado. Nessa época, tive- mos movimentos da vanguarda que utilizavam a tipografia e a própria fotografia para novos conceitos de arte; 10 11 • 1922: O Boston Evening Transcript publica um artigo de WA Dwiggins, no qual é usado pela primeira vez o termo Design gráfico; • 1947: Publicado o primeiro livro de design, Thoughts on design, de Paul Rand ; • 1957: Posteriormente chamada de Helvética, a fonte New Haas Grotesque foi projetada por Max Miedinger ; • 1984: O Macintosh é lançado pela Apple e traz os primeiros gráficos em bitmap ; Figura 3 – Macintosh original Fonte: Wikimedia Commons • 1990 : Foi lançada a primeira versão do Photoshop. E o resto sobre design gráfico é história, certo? Não! O resto é o futuro... E nós es- tamos nele! O Design na Publicidade Para destacar a importância do design na publicidade, é crucial, antes, entender o que é a publicidade. Ainda é muito comum encontrarmos em vários livros e artigos o conceito de que a publicidade é a responsável por “convencer pessoas”. Hoje, contudo, tal conceito hoje é visto como deturpado da realidade e muito ultrapassado. Dificilmente um consumidor compraria carne apenas por ver uma excelente campa- nha publicitária quando,na verdade, ele é vegetariano – provavelmente a campanha não conseguiria nem sua atenção. Com isso, podemos concluir que a publicidade não visa a convencer pessoas que não estão predispostas a darem atenção à mensagem que está sendo transmitida. Contudo, é possível dar destaque aos pontos positivos dos produtos e serviços e “ocultar”, ou suavizar, seus eventuais defeitos ou pontos negativos. Aqui vale ressaltar que uma boa publicidade é aquela que respeita, e não engana, o público, já que nem a melhor campanha deixaria satisfeito o comprador de um produto ruim, que não cumpre o que foi prometido. O marketing também não pode ser consi- derado parte ou mesmo sinônimo de publicidade, apesar de serem “parceiros” e um ser complementar ao outro. Enquanto o marketing está ligado às vendas e estratégias de abordagem e de mercado, a publicidade é quem cria, produz e projeta uma divulgação. 11 UNIDADE Introdução Um designer, por sua vez, não pode ser resumido a um mero desenhista ou operador de aplicativos como o Photoshop. Muito melhor que defini-lo como um desenhista, é mais real entendê-lo como um projetista. Não basta – e nem é a forma correta – que ele mergulhe no operacional assim que pega um “serviço”, mas sim que ele faça uma análise completa, planejando todas as etapas do que envolve o projeto a ser executado. Algumas definições são essenciais para que o profissional possa planejar seu trabalho visando à qualidade e sintonia com a publicidade: • Quais os principais objetivos de quem criou o projeto? • Quais tipos e estilos de imagem e quais cores devem ser utilizadas? • Qual o look and feel do projeto? • Existem especificações de tamanhos e fontes? Um questionário como esse, chamado de briefing, é essencial para o sucesso de um projeto, ajudando a encurtar caminhos e possibilitando resultados mais alinhados com as expectativas dos demais profissionais envolvidos, assim como da empresa contratante. A Criatividade e o Design A criatividade é um fator primordial e uma constante para profissionais que devem apresentar sempre (ou quase sempre) soluções inovadoras, pois cada ponto apresentado deve ser analisado de uma forma nova e diferente do que foi apresentado antes. Dito isso, o designer gráfico não pode pensar em desvincular a criatividade como parte do seu processo de trabalho, tendo ela como seu principal trunfo, e talvez seu único diferencial, já que seus conhecimentos técnicos podem ser facilmente igualados ao de qualquer outro profissional que esteja atualizado e ligado às tendências de mercado. Ao se deparar com uma situação a ser “desenrolada”, encará-la como uma questão nova que deve ser analisada e repensada será um ótimo caminho para se achar uma res- posta diferente e eficiente, uma estratégia ainda inédita para aquela situação. Os caminhos de criação variam de profissional para profissional e geralmente não se mostram como padrões, ou seja, cada indivíduo seguirá pelo seu caminho e o processo que o levou a um resultado invariavelmente não será o mesmo que o levou a outro resultado, e nem o mesmo caminho que levará outra pessoa a seus respectivos resultados. Uma pesquisa sobre criatividade desenvolvida por MacKinnon e Barron, a partir de investigações sobre traços de personalidade, fatores ambientais e intelectuais de diversos grupos de pessoas consideradas mais criativas, encontrou traços semelhantes, seguindo um padrão, observados nesses grupos. Alguns deles são: • Autoconfiança; • Independência; • Espontaneidade; • Senso de humor; • Percepção de si mesmo; • Intuição. 12 13 Muitos ainda acreditam que a criatividade é um dom, algo que nasce com o indivíduo. Isso pode ser até verdade, mas existem diversos estudos e métodos que comprovam que a criatividade pode ser aprendida e desenvolvida, assim como qualquer outra habilidade, desde que esse seja o foco de sua intenção e desde que você enxergue o valor que isso pode representar em seu trabalho. Um exercício permanente é necessário para exercitar a criatividade, ela deve ser treinada insistentemente. Características individuais e experiência podem guiar cada profissional para construir ideias criativas, como fugir de bloqueios e trazer ideias novas e superação. Alguns acreditam, por exemplo, que apenas trabalhando tarde é que as ideias surgem; outros, sugerem uma “boa música”; alguns passeiam e percebem ideias vindo ao seu encontro; outros, por sua vez, têm insights durante o banho. Existem vários livros que trazem diversas técnicas para estimular a criatividade – em casos específicos, temos o brainstorming (tempestade de ideias), a cinética e listagem de atributos. No brainstorming, também conhecido como tempestade de ideias, os profissionais par- ticipantes trabalham juntos em busca de uma solução para um determinado problema. As ideias de todos os tipos, malucas, engraçadas, sérias, são anotadas para análise posterior. A teoria cinética é semelhante à técnica brainstorming, no entanto, ao invés da quantidade, prioriza-se aqui a qualidade das ideias. São explorados todos os aspectos possíveis e amplos do problema. Tem como objetivo ampliar a consciência, aumentando assim o controle dos mecanismos que geram novas soluções. Na listagem de atributos, é demonstrada a importância de se modificar os atributos de um problema, visualizando-o sob um novo ângulo, forçando novas associações e combinações de ideias. Claro que isso exige prática, pesquisa e criatividade em design e em outras áreas relacionadas. Por conta disso, estimular constantemente o lado criativo é uma tarefa necessária para designers. Figura 4 Fonte: Getty Images O estilo de vida do profissional também influencia no tipo de solução que ele apre- senta. O meio social, por exemplo, em que este está inserido faz parte da maneira como poderá apresentar suas soluções. A base teórica e cientifica, por sua vez, é fundamental, mas não define os resultados, pelo contrário, devem ser consideradas as características pessoais e reforçá-las regularmente – assim como o fisiculturista treina seus músculos desde quando descobre seu gosto pelo esporte e percebe que precisa de prática para “brilhar”. Sendo que o formato desse treinamento também é individual. 13 UNIDADE Introdução Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Design para quem não é designer: princípios de design e tipografia para iniciantes WILLIANS, R. Design para quem não é designer: princípios de design e tipo- grafia para iniciantes. 4. ed. São Paulo: Editora Callis, 2013. Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade VILA-FORTE, L. Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade. Rio de Ja- neiro: Rocco, 2013. Técnicas básicas de design para empreendedores BRUNO, A. Técnicas básicas de design para empreendedores. 2. ed. São Pau- lo: Editora Mútua Lab, 2017. Jony Ive: o gênio por trás dos produtos da Apple KAHNEY, L. Jony Ive: o gênio por trás dos produtos da Apple. Rio de Janeiro: Portfolio-Penguin, 2013. Vídeos Palestra sobre criatividade no TEDxJardimdasPalmeiras https://youtu.be/bvgVtGPagpM 14 15 Referências BEST, K . Fundamentos de gestão do design. Tradução: André de Godoy Vieira; revi- são técnica: Antonio Roberto Oliveira. Porto Alegre: Bookman, 2012. 15
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