Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO CONCEITOS BÁSICOS – FATO, ATO E NEGÓCIO JURÍDICO: FATO JURÍDICO = FATO + DIREITO FATO JURÍDICO - O fato jurídico é qualquer ocorrência que tenha relevância para o Direito. O fato jurídico lato sensu ou em sentido amplo pode ser natural ou humano. • fato jurídico natural: fato jurídico stricto sensu ou em sentido estrito - ocorre quando o acontecimento independe da vontade humana e produz efeitos jurídicos. Pode ser classificado como ordinário (nascimento, morte, usucapião, decurso do tempo, como prescrição/decadência) e extraordinário (catástrofe natural não esperada) (casos fortuitos ou de força maior). • fato jurídico humano ocorre quando o evento depende da vontade humana, abrangendo os atos lícitos e ilícitos. Surge o conceito de fato jurígeno. Pode ser dividido em ato lícito – ato jurídico em sentido amplo (ato jurídico lato sensu) e ato ilícito (Penal, Civil, Administrativo) (Arts. 186 e art. 187 do CC). Fato jurídico humano: • Ato ilícito é a conduta voluntária ou involuntária que está em desacordo com o ordenamento jurídico. Parte da doutrina, como Flávio Tartuce, Zeno Veloso, Pablo Stolze, dentre outros, entende que o ato ilícito não é ato jurídico, já que é antijurídico (contra o direito) e o ato jurídico deve ser, necessariamente, lícito. Mas há parte da doutrina, como Pontes de Miranda, José Carlos Moreira Alves, que entende ser o ato ilícito jurídico (em sentido lato). • O ato lícito – ato jurídico em sentido amplo ou lato sensu - pode ser dividido em ato jurídico sentido estrito (ato jurídico stricto sensu) ou negócio jurídico. ATO JURÍDICO = FATO + DIREITO + VONTADE + LICITUDE O ato jurídico é um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito. Dessa forma, é aquele que cria, modifica ou extingue as relações jurídicas. Ato jurídico em sentido estrito (ou ato jurídico stricto sensu): ato lícito, sem objetivo específico, que produz efeitos jurídicos previstos na lei, independente da vontade do agente. Neste tipo de ato, os efeitos da manifestação de vontade estão já determinados na lei. Segundo Marcos Bernardes de Mello, o ato jurídico stricto sensu é um “ fato jurídico que tem por elemento nuclear do suporte fático a manifestação ou declaração unilateral de vontade cujos efeitos jurídicos são prefixados pelas normas jurídicas e invariáveis, não cabendo às pessoas qualquer poder de escolha da categoria jurídica ou de estruturação do conteúdo das relações respectivas” (MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico. Plano de existência. 7.ed.São Paulo: saraiva, 1995. P.137) EXEMPLOS: o reconhecimento de paternidade. Deste ato, surgem efeitos legais como direito de usar o nome do pai, dever de prestar alimentos, direitos sucessórios, dever de apoio moral. Pagamento de uma obrigação. TÍTULO II Dos Atos Jurídicos Lícitos Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior. Negócio jurídico: É o fato jurídico, com elemento volitivo qualificado, cujo conteúdo seja lícito, visando regular direitos e deveres específicos de acordo com os interesses das partes envolvidas. Segundo afirma Antônio Junqueira de Azevedo, “ o negócio jurídico constitui a principal forma de exercício da autonomia privada, da liberdade negocial”. Acrescenta o autor que “ in concreto, negócio jurídico é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade , a que todo o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide.” ( AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico. Existência, validade e eficácia. 4.ed.São Paulo: Saraiva, 2002.p.16) Dessa forma, o negócio jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo (lato sensu), constituindo também um fato jurídico, um fato jurígeno. É toda ação humana, de autonomia privada, com a qual os particulares regulam por si os próprios interesses, havendo uma composição de vontades, cujo conteúdo deve ser lícito. Álvaro Villaça Azevedo assevera que, no negócio jurídico, “ as partes interessadas, ao manifestarem sua vontade, vinculam-se, estabelecem, por si mesmas, normas regulamentadoras de seus próprios interesses” ( AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria geral do Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Atlas, 2012. p.169) NEGÓCIO JURÍDICO = FATO + DIREITO + VONTADE + LICITUDE + COMPOSIÇÃO DE INTERESSES DAS PARTES COM FINALIDADE ESPECÍFICA EXEMPLOS: Contrato; casamento. IMPORTANTE: ATO-FATO JURÍDICO: Alguns autores qualificam certas ações que não são frutos da vontade, nem da intenção do autor, mas que geram consequências tipificadas pela norma como atos-fatos jurídicos. Flávio Tartuce assim conceitua o ato-fato jurídico: “ é um fato jurídico qualificado por uma vontade não relevante juridicamente em um primeiro momento; mas que se revela relevante por seus efeitos “.” ( Manual de direito civil: volume único. Flávio Tartuce. 8.ed.rev,atual.e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. Pág. 243) Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho asseveram que “No ato-fato jurídico, o ato humano é realmente da substância desse fato jurídico, mas não importa para a norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo”. (...) “Excelente exemplo de ato-fato jurídico encontramos na compra e venda feita por criança. Ninguém discute que a criança, ao comprar o doce no boteco da esquina, não tem vontade direcionada à celebração de contrato de consumo. Melhor do que considerar, ainda que apenas formalmente, esse ato como negócio jurídico, portador de intrínseca nulidade por força da incapacidade absoluta do agente, é enquadrá-lo na noção de ato-fato jurídico, dotado de ampla aceitação social.” (GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Parte geral.6.ed.São Paulo: Saraiva, 2005. V.I, p. 324 e 325). Outro exemplo seria uma pessoa, que sem a intenção, acha um tesouro. A pessoa, nesta hipótese, não tinha qualquer intenção de adquirir a metade do que encontrou, mas a norma inadvertidamente confere-lhe a propriedade. Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
Compartilhar