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norma e fato juridico

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Prévia do material em texto

Norma e fato jurídico
APRESENTAÇÃO
O Direito é a ciência que estuda a criação, o significado e a execução das normas. Para a ciência 
jurídica, porém, nem todos os fatos são relevantes, sendo objeto desta apenas os chamados Fatos 
Jurídicos. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os fatos relevantes para o estudo do Direito, 
bem como analisará os conceitos de norma, suporte fático e as diversas espécies de fato, 
seguindo a teoria de Pontes de Miranda e suas repercussões práticas.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a norma jurídica nos planos do mundo jurídico.•
Analisar e classificar o Fato Jurídico.•
Explicar a relação entre Fato Jurídico e Negócio Jurídico.•
INFOGRÁFICO
Lembre que o Fato Jurídico é a formação válida, existente e eficaz de um fato que corresponde 
ao suporte fático de uma norma. O Infográfico a seguir representa essa correspondência entre o 
mundo dos fatos e o mundo jurídico por meio da formação deste conceito.
CONTEÚDO DO LIVRO
O Fato Jurídico é o resultado da conexão entre um fato ocorrido no mundo real e a previsão de 
determinada Norma Jurídica (Suporte Fático).
Leia mais no capítulo Norma e fato jurídico que faz parte do livro Legislação civil aplicada I e é 
a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna 
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional 
e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito
Miguel do Nascimento Costa
Bacharel em Ciências Sociais 
Especialista em Processo Civil
Mestre em Direito Público
 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
L514 Legislação civil aplicada I / Patrícia Esteves de Mendonça... 
[et al.] ; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna, 
Miguel do Nascimento Costa]. – Porto Alegre: SAGAH, 
2018.
382 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-426-7
1. Direito civil. I. Mendonça, Patrícia Esteves de.
CDU 347
1_Iniciais.indd 2 18/05/2018 17:38:30
U N I D A D E 2
Norma e fato jurídico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a norma jurídica nos planos do mundo jurídico.
  Analisar e classificar o fato jurídico.
  Explicar a relação entre fato jurídico e negócio jurídico.
Introdução
O Direito é a ciência que estuda a criação, o significado e a execução das 
normas. Para a ciência jurídica, porém, nem todos os fatos são relevantes, 
sendo objeto desta apenas os chamados fatos jurídicos. 
Neste capítulo, você verá quando os fatos passam a ser relevantes 
para o estudo do Direito, bem como analisará os conceitos de norma, 
suporte fático e as diversas espécies de fato, seguindo a teoria de Pontes 
de Miranda e as suas repercussões práticas. 
A norma jurídica nos planos no mundo jurídico
A norma jurídica é o resultado de um processo legislativo, da vontade de uma 
parte ou de mais de uma parte, que submete um ou mais fatos do mundo real 
aos ditames do mundo jurídico por meio da ligação entre os fatos do cotidiano 
e o suporte fático correspondente à norma.
No caso da legislação, em que o colegiado responsável pela elaboração 
do projeto de lei o submete ao crivo das câmaras legislativas e à sanção do 
executivo, a norma jurídica surge do chamado processo legislativo. Já quando 
a norma jurídica é elaborada pelas partes, ela pode se dar por um ato unilateral, 
em que a pessoa se obriga a determinadas atividades ou omissões perante a 
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 89 18/05/2018 16:07:56
uma coletividade determinada ou geral ou por meio do acordo de uma ou mais 
partes que figuram um negócio jurídico.
É nesse sentido que Nader (2004) sustenta que a sustentação jurídica da 
sociedade se faz em duas grandes esferas: a do Direito objetivo, que reúne 
a Constituição Federal e o diversificado elenco das fontes formais, e a dos 
direitos subjetivos, que é o mundo das relações jurídicas concretas e que 
forma o patrimônio jurídico de cada pessoa, consubstanciado no seu estado 
civil, nos seus direitos de personalidade, políticos e de conteúdo econômico. 
Segundo o autor, o Direito objetivo constitui o ordenamento jurídico do 
Estado, que se organiza a fim de garantir a proteção da pessoa humana 
nos seus valores fundamentais. Já os direitos subjetivos estariam ligados a 
acontecimentos do mundo fático. Na base de cada direito individualizado 
está o fato, de acordo com Nader (2004) — não qualquer um, mas o que 
apresenta relevância do ponto de vista social e que por isso é referido no 
Direito objetivo.
Segundo Pontes de Miranda (2012), os planos do mundo jurídico que 
caracterizam a norma em relação aos fatos do mundo real que originam a sua 
incidência são a existência, a validade e a eficácia.
Para o autor, quando há incidência da norma pela correspondência entre 
o suporte fático e os fatos ocorridos no mundo real, estamos diante do plano 
da existência.
É nesse sentido que o autor reforça que Pontes de Miranda (2012, p. 153):
É de inexistência que se trata, sempre que: a) o ato jurídico exigia declaração 
de vontade expressa, e essa não se seu; b) o ato jurídico exigia declaração 
de vontade, e essa não se deu; c) o ato jurídico exigia declaração de vontade 
ou manifestação de vontade e não se deu aquela, nem essa; d) o fato jurídico 
exigia qualquer ato humano, e não ocorreu; e) bastaria o ato-fato, e não se 
deu; f) se ao fato jurídico faltou suporte fático. [...] a questão da existência e 
da inexistência está, portanto, ligada, à da insuficiência, e não à da deficiência 
do suporte fático.
Dessa forma, (a) havendo uma norma prevista, (b) correspondência entre 
o conteúdo do suporte fático e (c) um fato ocorrido no mundo, o fato jurídico 
existe, e, portanto, há incidência da norma. A exceção à existência de uma 
norma encontra-se na ausência das condicionantes do suporte fático. 
 Norma e fato jurídico 90
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 90 18/05/2018 16:07:57
Se a norma (Código Civil, Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) prevê que, por 
exemplo, “Art. 1.511 O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”, e de fato o par de pessoas disposto a 
comungar em matrimônio não possui vontade de estabelecer igualdade de direitos e 
deveres, ou não pretende exercer comunhão na plenitude da vida do casal, não há que 
se falar no fato jurídico casamento, mas em outra categoria, salvo em caso de pacto 
antenupcial que é previsto no parágrafo único do art. 1.640 no tocante às questões 
patrimoniais (BRASIL, 2002, documento on-line).
A validade dos fatos jurídicos é ligada aos pressupostos de capacidade, 
vontade, legitimidade, boa-fé, equidade, licitude, possibilidade, moralidade 
e adequação aos costumes da sociedade. Assim, mesmo que o fato jurídico 
seja existente (e, portanto, não incorrendo nas exceções apontadas), pode 
ser considerado inválido na forma das possibilidades de nulidade do fato 
jurídico, a saber:
  erro (art. 138 da Lei nº. 10.406/2002); 
  dolo (art. 145 da Lei nº. 10.406/2002); 
  coação (art. 151 da Lei nº. 10.406/2002); 
  estado de perigo (art.156 da Lei nº. 10.406/2002); 
  lesão (art. 157 da Lei nº. 10.406/2002);
  fraude contra credores (art. 158 da Lei nº. 10.406/2002).
Nessas ocasiões, as ações previstas na norma original são maculadas por 
circunstâncias alheias ao suporte fático original — nas hipóteses do art. 166 
da Lei nº. 10.406/2002, quando, celebrado por incapaz (I), ilícito, impossível 
ou indeterminado (II), celebrado por motivo ilícito (III), não se revestir da 
forma legal (IV), inobservância de rito legal (V), se tiver por objeto a fraude 
imperativa (VI) ou se a lei o declarar nulo.
Já o plano da eficácia trata do conjunto entre a incidência da norma e a 
efetividade dos efeitos desta. Como exemplo, afirma que Pontes (2012, p. 73):A lei, desde que existe, lei é; todavia, raramente a lei começa a incidir e a ser 
aplicável desde que existe. Se, nela-mesma, publicada a 1º, ou noutra, do dia 1º, 
se diz que “entrará em vigor no dia 12”, há necessariamente, lapso entre a sua 
91Norma e fato jurídico
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 91 18/05/2018 16:07:57
publicação, no dia 1º, e a sua vigência, de modo que surge a distinção conceptual 
entre existência e incidência da lei. A incidência é eficácia; porém eficácia não 
é só incidência. A incidência distingue-se da aplicabilidade; e.g. “os negócios 
jurídicos a serão regidos, desde 12 pela lei A, mas a justiça só aplicará a lei A, 
no ano próximo”. A aplicação, aí está suspensa sem que o esteja a incidência.
Se, por exemplo, um tributo é criado pelo Congresso Federal, atendendo aos princípios 
da anterioridade e da anualidade, somente poderá vigorar a partir do próximo ano 
fiscal. Dessa forma, se um imposto rege uma relação de consumo (compra e venda 
de produto entre um fornecedor e um consumidor na forma do Código de Defesa 
do Consumidor) e essa relação se dá no mesmo ano em que a lei foi aprovada no 
Congresso, haverá incidência do suporte fático sobre o fato jurídico, muito embora 
os efeitos dessa norma (tributação) não serão observados, por força da norma não 
vigorar naquele momento. Portanto, embora o fato jurídico seja existente e válido, 
a tributação não encontra a eficácia normativa, eis que o tributo não é vigente ao 
tempo da incidência da norma.
Conceituação e classificação do fato jurídico
No estudo do Direito, é importante distinguir as fi guras do fato, da norma, do 
suporte fático e do fato jurídico, defi nindo os limites entre o mundo em que 
vemos acontecer os fatos e o que a doutrina chama de mundo jurídico. Para 
tanto, utilizaremos a obra de Pontes de Miranda (2012) e a sua classifi cação.
Segundo Pontes de Miranda (2012, p. 59), no seu Tratado de Direito Privado, 
“A regra jurídica é norma com que o homem, ao querer subordinar os fatos 
a certa ordem e a certa previsibilidade, procurou distribuir os bens da vida”. 
Dessa forma, a norma jurídica nada mais é do que uma regra para subordinar 
ocorrências no campo dos fatos do dia a dia a uma consequência prevista no 
seu suporte fático e, portanto, ligando o fato ao chamado mundo jurídico.
Segundo o autor Pontes de Miranda (2012, p. 59):
Quando se fala de fatos, alude-se a algo que ocorreu, ou ocorre, ou vai ocorrer. 
O mundo mesmo, em que vemos acontecerem os fatos, é a soma de todos os 
fatos que ocorreram e o campo em que os fatos futuros se vão dar. Por isso 
mesmo, só se vê o fato como novum no mundo. Temos, porém, no trato do 
direito, de discernir o mundo jurídico e o que no mundo, não é mundo jurídico. 
Por falta de atenção aos dois mundos muitos erros se cometem e, o que é mais 
grave, se priva a inteligência humana de entender, intuir e dominar o direito.
 Norma e fato jurídico 92
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Assim, da mesma forma que nosso mundo é um conjunto de fatos que 
ocorrem pela ação ou omissão das pessoas e dos seres que o habitam (ou mesmo 
por ações sofridas por seres inanimados), o mundo jurídico é composto por 
todos os fatos que possuem um suporte fático previsto em uma norma jurídica. 
É nesse sentido que alerta o autor que Pontes de Miranda (2012, p. 60): 
Aliás, é sempre de atender-se a que não é ao suporte fático que corresponde 
a eficácia. Os elementos do suporte fático são pressupostos do fato jurídico; 
o fato jurídico é o que entra, do suporte fático, no mundo jurídico, mediante 
a incidência da regra jurídica sobre o suporte. Só de fatos jurídico provém 
a eficácia jurídica.
Dessa forma, a ligação entre o mundo jurídico e o mundo real, onde ocorrem os 
fatos de todas as naturezas, dá-se pela incidência da norma, que ocorre quando há 
correspondência entre o conteúdo de ações previstas na norma (suporte fático) e o 
fato em si. 
Por exemplo, se um adulto compra um jornal na banca da esquina, há uma 
norma jurídica correspondente a esse ato, na forma de um contrato de compra e 
venda, segundo o art. 418 do Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002, documento 
on-line): “Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a 
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”.
Dessa forma, as previsões “obrigar-se”, “transferir o domínio” e “pagar 
certo preço em dinheiro” compõem o suporte fático da norma que incide 
sobre a ação de obrigação recíproca entre o vendedor e o adquirente, trans-
ferindo o domínio do primeiro ao segundo mediante o pagamento do preço 
ajustado em dinheiro.
Note que, caso a transferência de titularidade não houvesse sido ajustada 
na forma de dinheiro, por exemplo, a título não oneroso (sem custo), a norma 
do art. 418 não incidiria, mas a norma do art. 538 da mesma Lei, que trata dos 
contratos de doação: “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por 
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra” 
(BRASIL, 2002, documento on-line).
Ainda, caso a compra e venda se desse por parte de uma criança, comprando 
o jornal a pedido dos seus pais na mesma banca, mediante transferência de 
93Norma e fato jurídico
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 93 18/05/2018 16:07:57
dinheiro no local, a norma do art. 418 não incidiria por força do art. 3º da Lei 
nº. 10.406/2002, que afirma que “São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos” (BRASIL, 
2002). Dessa forma, estaria tal fato excluído do mundo jurídico, ainda que 
reproduza efeitos no mundo dos fatos, uma vez que o suporte fático do art. 418 
não alcança a possibilidade de realização de um ato da vida civil (contrato) 
por um menor de idade.
Em resumo, para que um fato se relacione com o mundo jurídico, é necessário que 
este gere uma mudança no estado das coisas, tenha relação com o suporte fático 
previsto em uma norma jurídica e que os agentes que participaram desse fato possuam 
a capacidade prevista em lei.
Já quanto a sua classificação, o fato jurídico pode ser categorizado pela sua 
licitude, pela presença ou não de pessoas ou pela presença ou não da vontade 
dessas pessoas. Assim, os fatos jurídicos podem ser considerados como fatos 
jurídicos stricto sensu quando não envolvem pessoas — por exemplo, a incidência 
de caso fortuito ou força maior, ocasião em que a força da natureza ou do acaso 
acabam interferindo nas relações jurídicas, causando ausência de culpabilidade 
ou nexo causal na responsabilidade civil entre partes de um negócio jurídico 
(como contrato de compra e venda de grãos perdidos em um tornado).
O art. 393 da Lei nº. 10.406/2002 prevê que “O devedor não responde pelos 
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se 
houver por eles responsabilizado” (BRASIL, 2002, documento on-line). Dessa 
forma, havendo caso fortuito ou força maior, não há que se falar em incidência 
da norma de perdas e danos do art. 389, uma vez que a irresistibilidade das forças 
naturais ou do acaso extrapolam a previsibilidade das partes, e, portanto, não 
podem gerar obrigações. Logo, uma vez que a relação de dano entre as partes é 
esvaziada pela ineficácia (não ocorrência de efeitos legais), a ocorrência do acaso 
ou fato natural irresistível possui relevância jurídica, eis que preenche o suporte 
fático legal; logo, é fato jurídico, em que pese não haja presença de pessoas.
Quando há presença de pessoas envolvidas no suporte fático normativo, 
podem ser classificados em atos jurídicos, atos-fatos ou negócios jurídicos, po-
dendo ter objetos lícitos ou ilícitos (permitidos ou não pela legislação vigente). 
 Norma e fato jurídico 94
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 94 18/05/2018 16:07:57
Assim, se há uma pessoa envolvida, que se obriga perante a uma ou mais 
pessoas por meio de uma declaração de vontade, esta produz o que se chama 
de ato jurídico,como é o caso de uma oferta em classificados ou em sites de 
compras virtuais. No entanto, se essa vinculação independe da vontade da 
pessoa, como quando da convocação obrigatória para serviço militar a partir 
dos 18 anos, conforme o arts. 2º e 5º da Lei 4.375, de 17 de agosto de 1964 
(BRASIL, 1964), ocorre o fenômeno do ato-fato jurídico, em que a vontade 
da pessoa é irrelevante para a validade do fato jurídico. Finalmente, se há mais 
de uma pessoa voluntariamente se vinculando por meio de instrumentos legais, 
como é o exemplo do contrato de compra e venda, essas pessoas provocam a 
figura do negócio jurídico.
Em suma, os fatos jurídicos podem ser classificados por sua licitude (atos lícitos e ilícitos), 
pela presença de pessoas na relação (fatos jurídicos stricto sensu ou lato sensu) ou pela 
ocorrência de vontade nessas relações entre uma ou mais pessoas (atos jurídicos, 
atos-fatos, negócios jurídicos).
Fatos e negócios jurídicos
Como visto nas seções anteriores, compõem os fatos jurídicos aqueles fatos 
que, por corresponderem ao suporte fático de determinada norma jurídica, 
adentram o mundo jurídico, podendo ser classifi cados como:
  fatos jurídicos stricto sensu, no caso de não envolverem pessoas;
  atos jurídicos, se correspondem à vontade de uma ou mais pessoas;
  atos-fatos, se independem da vontade, mas envolvem pessoas e negócios 
jurídicos no caso da expressão de vontade de uma ou mais pessoas.
Segundo Silva (2004, p. 475): 
No campo dos fatos humanos, há os que são voluntários e os que independem 
do querer individual. Os primeiros, caracterizando-se por serem ações resul-
tantes da vontade, vão constituir a classe dos atos jurídicos, quando revestirem 
certas condições impostas pelo direito positivo. Não são todas as que traduzem 
conformidades com a ordem jurídica, uma vez que as contravenientes às de-
terminações legais vão integrar a categoria dos atos ilícitos, de que o direito 
95Norma e fato jurídico
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 95 18/05/2018 16:07:57
toma conhecimento, tanto quanto dos atos lícitos, para regular-lhes os efeitos 
que divergem, entretanto, dos desvios, em que os atos jurídicos produzem 
resultados consoantes com a vontade do agente, e os e os atos ilícitos sujei-
tam a pessoa, que os comete a consequências que a ordem legal lhes impõe 
(deveres ou penalidades). Na mesma valoração ontológica da lei, como dos 
atos jurisdicionais, à vontade individual tem o poder de instituir resultados 
ou gerar efeitos jurídicos, e então, a manifestação volitiva do homem, com o 
nome genérico de ato jurídico, enquadra-se entre as fontes criadoras de direitos, 
[...] é a noção de ato jurídico lato sensu que abrange as ações humanas, tanto 
aquelas que são meramente obedientes à ordem constituída, determinantes de 
consequências jurídicas ex lege, independentemente de vontade, polarizadas 
no sentido de uma finalidade, hábeis a produzir efeitos jurídicos queridos. A 
esta segunda categoria, constituída de uma declaração de vontade dirigida no 
sentido da obtenção de um resultado é que a doutrina tradicional denominava 
ato jurídico (stricto sensu) e a moderna denomina negócio jurídico.
Assim, como resume Pontes de Miranda (2012, p. 141): 
O negócio jurídico é o tipo de fato jurídico que o princípio da autonomia 
da vontade deixou à escolha das pessoas. A pessoa manifesta ou declara à 
vontade; a lei incide sobre a manifestação ou declaração, ou as manifestações 
ou declarações de vontade.
Pode-se dizer, então, que os negócios jurídicos são tipos da espécie ato 
jurídico que pertencem ao conjunto maior dos fatos jurídicos. Logo, essas 
manifestações de vontades expressas por pessoas dependem da contemplação 
de fatos do mundo real no suporte fático de determinada norma que os reveste 
de segurança jurídica.
Pela sua relação com o fato jurídico, os negócios jurídicos também estão 
vinculados às noções de existência, validade e eficácia, e, portanto devem ser 
revestidos de forma legal, partes capazes, objeto lícito e estar de acordo com 
as normas gerais de conduta da sociedade em que foram formulados (boa-fé, 
ética, moralidade, etc.); não podem ter vícios de vontade, licitude ou forma e 
dependem da sua vigência e da observância de requisitos formais (como, por 
exemplo, registro em cartório, junta comercial ou outro órgão quando a lei 
exigir) para a geração de efeitos no mundo dos fatos.
No entanto, os negócios jurídicos encontram requisitos especiais às demais 
espécies de fatos jurídicos como a existência de declaração de vontade entre 
duas ou mais pessoas, um objeto de caráter econômico e contraprestação 
sinalagmática à prestação pretendida.
A forma de negócio jurídico mais comum e que evidencia a importância 
dessa categoria é o contrato. Ele depende de formalidades como a forma 
 Norma e fato jurídico 96
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 96 18/05/2018 16:07:57
escrita, a capacidade das partes e a licitude do seu objeto. Porém, o contrato 
ainda pode definir a totalidade das obrigações positivas e negativas entre as 
partes desse negócio jurídico, a forma específica de prestação e contraprestação 
no espaço e no tempo, as obrigações laterais essenciais ao cumprimento das 
obrigações principais, as condições de resolução do contrato especiais àquelas 
previstas em lei e mesmo o foro competente para a discussão das questões 
envolvendo essa relação especial.
Em outras palavras, os negócios jurídicos são a forma mais complexa de criação de 
normas jurídicas específicas para as partes envolvidas em uma negociação, tornando 
o seu instrumento principal, o contrato, uma figura essencial para concretização da 
autonomia da vontade das partes.
1. A incidência da norma depende de:
a) conhecimento prévio das 
normas pelas partes.
b) correspondência entre o suporte 
fático da norma e o fato ocorrido.
c) existência de vontade das partes.
d) declaração expressa de vontade.
e) consideração das partes em 
relação ao negócio proposto.
2. O negócio jurídico é:
a) espécie de ato jurídico 
bilateral ou multilateral.
b) espécie de ato-fato.
c) espécie de fato jurídico 
stricto sensu.
d) espécie de ato ilícito.
e) espécie de ato jurídico unilateral.
3. A alternativa CORRETA em relação 
à dimensão do mundo jurídico e 
o seu efeito correspondente é:
a) existência = capacidade.
b) validade = suporte fático 
+ fato correspondente.
c) eficácia = eficiência da norma.
d) validade = conformidade 
formal, capacidade das partes, 
licitude e conformidade com as 
normas sociais e ética locais.
e) existência = conformidade 
formal, capacidade das partes, 
licitude e conformidade com as 
normas sociais e ética locais.
4. As espécies de fato são:
a) fato natural, fato humano, fato 
consensual, fato bilateral.
b) fato Jurídico, fato jurídico stricto 
sensu, ato jurídico, ato-
fato, negócio jurídico.
c) fato ideal, fato idôneo, fato 
ilícito, ato-fato, ato bilateral.
97Norma e fato jurídico
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 97 18/05/2018 16:07:59
BRASIL. Lei nº. 4.375, de 17 de agosto de 1964. Lei do serviço militar. 1964. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4375.htm>. Acesso em: 13 out. 2017.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o código civil. 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 13 out. 2017.
MIRANDA, P. de. Tratado de Direito Privado. São Paulo: RT, 2012. t. 1.
NADER, P. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
Leituras recomendadas
LARENZ, K. Lehrbuch des Schuldrechts. Berlin: Beck, 1987. 
MIRAGEM, B. Direito Civil: direito das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2017.
PEREIRA, C. M. da S. Instituições de Direito Civil. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v. 1.
d) fato real, fato irreal, fato alternativo, 
fato estrito, Fato Jurídico.
e) fato lícito, fato ilícito, fato 
negocial, fato natural.
5. Os vícios de existência são:
a) não conformidade entre o 
suporte fático e os fatos ocorridos.
b)erro, dolo, coação, não 
conformidade com costumes 
locais, não observância de forma.
c) ausência de expressão de 
vontade das partes.
d) falta de capacidade das partes.
e) ilicitude do objeto do acordo.
 Norma e fato jurídico 98
Legislacao_Civil_Aplicada_I_BOOK.indb 98 18/05/2018 16:08:00
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
DICA DO PROFESSOR
Nesta Dica do Professor, veremos as dimensões do mundo jurídico: existência, validade e 
eficácia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
NA PRÁTICA
A análise dos efeitos da existência do Fato Jurídico podem definir uma ação processual, 
conforme o caso a seguir:
No caso acima, a parte ingressante discutira inexistência de dívida para com a outra parte que 
adquiriu o crédito em questão de parte cedente, tornando-se titular do direito. Uma vez 
comprovada a existência do débito e da relação entre o crédito e a parte cessionária (que 
adquiriu o crédito), houve constatação da regularidade da cobrança e inscrição no cadastro de 
inadimplentes do devedor. Assim, o exame de existência da relação jurídica (Fato Jurídico) pode 
resolver questões complexas de direito, bem como os demais conceitos aprendidos nesta UA.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
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