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3.1 A import2ncia da cZassijiicaq20 dos solos A diversidade e a enorme diferenga de comportamento apresentada pelos diversos solos perante as solicitagoes de interesse da engenharia levou ao seu natural agrupamento em conjuntos distintos, aos quais podem ser atribuidas algumas propriedades. Desta tendencia racional de organiza~io da experiincia acumulada, surgiram os sistemas de classificagio dos solos. 0 objetivo da classificagio dos solos, sob o ponto devista de engenharia, 6 o de poder estimar o provivel comportamento do solo ou, pelo menos, o de orientar o programa de investigaqzo necessirio para permitir a adequada anilise de um problema. E muito discutida a validade dos sistemas de classificagSo. De urn lado, qualquer sistema cria grupos definidos por limites numkricos descontinuos, enquanto solos naturais apresentam caracteristlcas progressivamente variivcls. Pode ocorrer que solos com indices prhximos aos limites se classifiquem em grupos distintos, embora possam ter comportamentos mais semelhantes do que solos de um mesmo grupo de classifica~io. A esta objegio, pode-se acrescentar que a classificaqio de um solo, baseada em parimetros fisicos por ele apresentados, jamais poderi ser uma informa~ilo mais completa do que os pr6prios parimetros que o levaram a ser classificado. Entretanto, a classificagilo C necessiria para a transmissi70 de conhecimento. Mesmo aqueles que criticam os sistemas de classificagPo nHo t im outra maneira sucinta de relatar sua experiincia, senio afirmando que, tendo aplicado um tip0 de solugZo, obteve certo resultado, num determinado +o de solo. Quando um tipo de solo i citado, t necessirio que a designagio seja entendida por todos, ou seja, t necessirio que exista um sistema de classificagilo. Conforme apontado poi- Terzaghi, "urn sistema de classificagHo sem indices numtrlcos para identificar os grupos t totalmente in5til". Se, por exemplo, a expressio areia bemgraduada compacta for empregada para descrever um solo, 6 importante que o significado dc cada termo desta express20 possa ser entendido da mesma maneira por todos e, se possivel, ter limites bem dcfimdos. 3.2 Classificap?o Unificada Mecsnica dos Solos 36 Tab& 3.1 Terrninologia do Sisterna Unificado Outra critica aos sistemas de classificagiio advkm do perigo de que ticnicos menos experientes supcrvalorizem a informaqio, vindo a adotar parimetros inadequados para os solos. Este perigo realrnente existe e 6 precis0 sempre enfatizar que os sistemas de classificaqio constituem-se num primeiro passo para a previsio do comportamento dos solos. Sio tantas as G pedregulho S areia M silte C argila 0 solo org%nico W bem graduado P ma1 graduado H alta compressibilidade L baixa compressibilidade Pt turfas peculiaridades dos diversos solos que um sistema de classificaqio que permitisse um nivel de conhecimento adequado para qualquer projeto teria de levar em conta uma grande quantidade de indices, deixando totalmente de ser de aplicagio pritica. Entretanto, eles ajudam a organizar as idkias e a orientar os estudos e o planejamento das investigagdes para obtenqiio dos parimetros mais importantes para cada projeto. Existem diversas formas de classificar os solos, como pela sua origem, pela sua evoluqio, pela presenqa ou nio de mattria orginica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios. 0 s sistemas baseados no tipo e no comportamento das paruculas que constituem os solos sio os mais conhecidos na engenharia de solos. Deve-se levar em conta que outras classificaq6es, que levam em considera550 a origem do solo e sua evolugio natural, sZo muito ~iteis, com informaq6es complementares que, em certos casos, sio bastante relevantes, razio pela qua1 serio brevemente apresentadas mais adiante. 0 s sistemas de classificaqio que se baseiam nas caracteristicas dos grios que constituem os solos t&m como objetivo a definiqao de grupos que apresentam comportamentos semelhantes sob os aspectos de interesse da engenharia civil. Nestes sistemas, os indices empregados sio geralmente a composigio granulomitrica e os indices de Atterberg. Estudaremos os dois sistemas mais empregados universalmente, para depois discutir suas vantagens e suas limitaqdes. Este sistema de classificaqio foi elaborado originalmente pelo Prof. Casagrande para obras de aeroportos, tendo seu emprego sido generalizado. Atualmente, 6 utilizado principalmente pelos geottcnicos que trabalham em barragens de terra. Neste sistema, todos os solos sio identificados pelo conjunto de duas letras, como apresentado na Tabela 3.1. As cinco letras superiores indicam o tip0 principal do solo e as quatro seguintes correspondem a dados complementares dos solos. Assim, SW corresponde a areia bem graduada e C H a argila de alta compressibiiidade. ""a", solo seri considerado como solo dc granulaciio grosselra, G ou S. Se for superior a 50, o solo sera considerado de granulasio fina, M, C ou 0. 1 37 Para a classificaqZo, por este sistema, o primeiro aspect0 a considerar 6 a porcentagem de finos presente no solo, considerando-se finos o material que passa na pcncira no 200 (0,075mm). Se esta porcentagcm for inferior a 50, o Solos granulares Aula 3 Classificaq30 dos C n l n c Sendo de granulasiio grosseira, o solo seri classificado como pedregulho ou areia,dcpendendo de qua1 destas duas fracAes granulomitricas prcdominar. Por esemplo, se o solo tem 30% de pedregulho, 40% de areia e 30% de fmos, ele sera classificado como areia - S. Identilicado que urn solo c areia ou pedregulho, importa conhecer sua cnracteristica secundiria. Sc o matcrial river poucos finos, menos do que 5% passando na peneira no 200, dcl-e-se verificar conlo t a sua composiqio granulom&trica. 0 s solos granulares podem scr "bern Lgraduados" ou "ma1 graduados". Nestes, h i predomindncia de particulas com urn ccrtn dibmetro, enqunnto quc naqueles esistem grZos ao longo de uma faisa de diimetros bcm ~nais extmsa, como ilustrado na Pigura 3.1. Fiquna 5.1 Granulometrias de areia bem graduada e ma1 graduada A cxpressiio "bem graduado" express2 o fato de que a existhcia de grjos corn &versos diimetros confere ao solo, em geral, melhor comportamento sol2 o ponto de vista de engenharia. As particulas menores ocupam os vazios correspondentcs 2s maiores, criando um entrosamento, do qua1 resulta menor compressibilidade e maior resist@ncia. D GO CNU = --- D l o Mecinica dos Solos onde "D sessenta" 6 o di$metro abaixo do qua1 se situam 60% em peso das particulas e, analogamente, "D dez" 6 o d i imet ro quc, na curvz granulomitrica, corresponde i porcentagem que passa igual a 10%. Quantc maior o coeficiente de n%o uniformidade, mais bem graduada 6 a areia. Areia: corn CNU menores do que 2 sHo chamadas de areias uniformes. 0 "D dez" i tambim referldo como "diimetro efetivo do solo". denominagzo que se origina da boa correlagio entre ele e a permeabilidade dos solos, verificada experimentalmente, como se estudari na Aula 6. Esta caracteristica dos solos granulares 6 espressa pclo "cocficiente de n5o uniformidade", definido pela re la~ io : loo Outro coeficiente, nHo tPc empregado quanto o CNU, 5 80 5 o coeficiente de curvatura. 2 60 +. definido como: c ?! 40 0 a 20 CC = (D30) D I Q . D G O 0 0.01 0.1 1 10 Diemetro dos Graos (mm) Se o coeficiente de n5o uni- formidadc indica a amplitu- de dos tamanhos de grios, c coeficiente de curvatura de- tecta melhor o formato d r curva granulomitrica e per- m i t ~ identificar eventuaic descontinuidades ou concen- tragHo muito elcvada de 0.01 0.1 1 '0 . gr5os mais grossos no con- Diemetro dos GrSos (mm) junto. Considera-se que o material 6 bem graduado 100 quando o CC esti entre 1 80 e 3. Na Figura 3.2 estPo re- 5 presentadas curvas de trPc 9 60 - c rn areias com CNU = 6 e com g 40 a diferentes CC. Quando CC 6 Fiquna T.2 20 menor que 1, a curva tendeCurvas granulomktricas a ser descontinua; h i falta de de areias corn diferentes 0 0.01 01 1 10 grios com um certo diime- coeflcientes de curvatura Diemetro dos GrQos (rnm) tro. Quando CC C maior que 3, a curva tende a ser muito uniforme na sua parte central. Ao contririo das duas outras, quando o CC estd entre 1 e 3, a curva granulometrica se desenvolve suarremente. E rara a que o coeficiente de curvatura, CC, esteja entre 1 e 3. Quando o solo de granulagZo grosseira tem mais do que 12% de finos, a uniformidade da granulometria ji n i o aparece como caracteristica secundiria, pois importa mais saber das propriedades destes finos. Entio, os pedregulhos ou areias serZo identificados secundariamente como argdosos (GC ou SC) ou como siltosos (GM ou SM). 0 que determinari esta classificagZo seri o ocorrtncia de areias com CC fora do interval0 entre 1 e 3, razZo pela qua1 este coeficiente t muitas vezes ignorado, mas C justamente para destacar os comportamentos peculiares adma apontados que ele P litil. 0 Sistema Unificado considera que um pedregulho t bem graduado quando seu coeficiente de n io uniformidade t superior a 4, e que uma areia posicionamento do ponto representativo dos indices de consistincia na Carta dc Plasticidade, conforme se veri a d. iante. Quando o solo de granulagio grosseira tem de 5 a 12% de finos, o Sistema recomenda que se apresentem as duas caracteristicas secundirias, uniformidade da granulometria e propriedades dos finos. Assim, ter-se-Zo classificay5es intermediirias, como, por cxemplo, SP-SC, areia ma1 graduada, argilosa. Aula 3 Classifica~Zo dos Solos 3 9 11s areias se distinguem tambtm pel0 formato dos grios. Embora as dimensdes dos g r ios n i o sejam muito diferentes segundo t r is eisos perpendiculares, como ocorre com as argilas, a rugosidade superficial P bem distinta. Formatos distintos sZo ilustrados na Figura 3.3, que mostra projcgdes d e g r i o s naturais de areias d e diferentes procedtncias. 0 s grBos da areia de Ottawa sZo bem esfPricos (dimensdes segundo os tres eisos semelhantes) e arredondados (cantos A = 0,27 0 bem suaves), enquanto os prios de areia do rio Tiet? s io menos esfPricos e muito angulares. 0 formato dos grios de areia tem Areia do rio Tie@ C bern graduada quando seu CNU t superior a 6. AlCm disto, t necessirio muita importincia no seu compor- tamento mec in~co , pois determina como eles se encaisam e se entrosam, 0 ('J e, em contrapar t ida , como eles A=0,7, A = 0.83 deslizam entre si, quando solicitados por forgas cxternas. Por outro lado, como as forgas se transmitem pelo Fiqunn 3.3 contato entre as particulas, as dc Arela de Ottawa Exemplos de formato formato mais angulares SZO mais E - Esfericidade A - Arredondamento de griios de areia suscctiveis a se quebrarem. A influtncia do formato dos grios na resistincia das areias seri analisada na Aula 13. Em que pese a importincia do formato dos grios, pouca atengio C dada a este aspecto na identifica~io e na classifica$io das areias. Tal fato deve estar associado h aparcnte dificuldade de se observar o aspecto superficial dos grios, embora uma simples lupa permita que isto seja feito facilmcnte, e, Mednica dos Solos 40 principalmente, porque nZo se disp6e de indices numiricos simples para esprcssar o formato. 0 s indices empregados por sedimentologistas, como os apresentados na Figura 3.3, sZo traballiosos e pouco conhecidos pelos engenheiros. Solos de granulagiio fina (siltes e argilas) Quando a fraq.?io fina do solo 6 predominante, ele sera classificado coma silte 0, argila (C) ou solo orginico (O), niio em funsiio da porcentagem das f ra~6es granulom&tricas silte ou argila, pois como foi visto anteriormenre, o que determina o comportamento argiloso do solo n%o C s6 o tcor de argila, mas tambem a sun atividade. Siio os indices de consist6ncia que melhor indicam o comportamento argiloso. F i~unn 3.4 Carta de n u Plasticidade 0 20 40 60 80 100 Limite de liquidez Analisando os indices e o comportamento de solos, Casagrande notou quc colocando o IP do solo em fun@o do LL num grifico, como apresentado na Figura 3.4, os solos de cornportamento argiloso se faziam representar por um ponto acima de uma rcta inclinada, denominada Linha A. Solos or~tnicos , ainda que argilosos, e solos siltosos siio representados por pontos localizados abaixo da Linha A. A Linha A tem como cquaG- ao a reta: IP = 0,73.(LL-20) quc, no seu trecho inicia!, i. substituida par uma faisa horizontal corres- pondcntc a IP de 4 a 7 . Para a classifica~iio destes solos, basta a localiza~Zo d o ponto correspondente ao par dc valores IP e LI, na Carta de Plasticidade. 0 s solos orginicos se disringuem dos siltes pelo seu aspect0 visual, pois se apresentam com uma coloraq%o escura tipica (marrom escuro, cinza escuro ou preto). Como caracteristica complementar dos solos finos, i indicada sua compressibilidade. Como j i visto, constatou-se que os solos costumam ser tanto mais compressiveis quanto maior seu Limite de Liquidez. Assim, o Sistelna adjetiva secundariamente como de alta compressibilidade (H) ou de baixa compressibilidade (L.) os solos M, C ou 0, em fungao do LL scr superior I Aula 3 0 Sistecna considera ainda a classificaqZo de turfa (Pt), que siio os solos ou inferior a 50, respecrivamente, como se mostra na Carta. Quando se trata de obter a caracteristica secundiria de areias e pedregulhos, este aspecto 6 desconsiderado. Quando os indices indicam uma pos i~ao muito pr6xima i s linhas A ou B inuito orginicos ondc a presenp de fibras vegetais em dccomposi~Zo parcial Classifica@o dos Solos 41 i. preponderante. (ou sobre a faisa de IP 4 a 7), i. considerado um caso intermediirio e as duas classificagCes s5o apresentadas. Exemplos: SC-SM, CL-CH, etc. Embora a siinbologia adotada s6 considere duas letras, correspondentes i s caracteristicns principal e secundiria do solo, a descrisiio deveri ser a mais completa possivel. Par esemplo, um solo S\V pode ser descrito como areia (predominnntemente) grossa e mkdia, bem grxduada, com grZos angularcs, cinza. 3.3 Sistema Rodovihrio de Classificaqdo Este Sistema, muito empregado na engenharia rodouiiria em todo o mundo, foi originalmente proposto nos Estados Unidos. fi tambim baseado na granulometria e nos limites de Atterberg. Neste Sistema, tambCm se inicia a classificagzo pela constatag5o da porcentagem de material que passa na peneira n" 200, s6 que sio considerados solos de granulagio grosseira os que tsm menos de 35% passando nesta peneira, e n io 50% coma na Classificaqio Unificada. Esres sZo os solos dos grupos A-I, A-2 e A-3. 0 s solos com mais de 35% passando na peneira no 200 formam os grupos A-4, A-5, A-6 e A-7. 0 s solos grossos s io subdivididos em: A-la - Solos grossos, com inenos de 50% passando na peneira no 10 (2,O mm), menos de 30% passando na peneira no 40 (0,42 mm) e menos de 15% TA~ELA 3.2 Esquema para classifica~So pelo Sistema Unificado Meclnicados Solos I passando na peneira no 200. 0 IP dos finos deve ser menor do que 6. A-2 - Sdo areias cm que os finos presentes constituem a caracteristica secundiria. SHo suhdivididos em A-2-4, A-2-5, A-2-6 e A-2-7, em fun5Ho dos indices de consist?ncia, conforme o grifico da Figura 0 s solos finos, a esemplo do Sistema Unlficado, sZo Fiqunn 3.5 A 6 OU A 2-6 subdivididos d em funqHo dos indices, de acordo com Classificaqiio dos solos lo A 4 ou A2-4 A 5 ou A 2-5 a Figura 3.5.0 que distingue finos no Sistema Rodovi6rio 40 LL um solo A4 de um solo A-2- 4 C s6 a porcentagem de finos. 42 Tnbrh 3.3 Esquerna .para classificoqiio pelo Sinerna Rodovicirio Correspondem, aproximadamente, aos pedregulhos bem graduados, GW, do Sistema Unificado. A-lb - Solos grossos, com menos de 50% passando na peneira no 40 e menos de 25% na peneira no 200, tambbm com IF menor que 6. CorrespondeAcompanhando-se a sistemitica de classificaqHo pelos dois sistemas expostos, verifica-se que eles sBo bastante semelhantes, ji que consideram a predominincia dos graos gralidos ou milidos, dPo Enfase i curva B areia bem graduada, SV? A-3 - Areias finas, com mais de 50% passando na peneira n" 40 e menos de 10% passando na peneira no 200. SHo, portanto, areias finas ma1 graduadas, com IP nulo. Correspondem i s SP. granulomktrica s6 no caso de solos gralidos com poucos finos e classificam os I Aula 3 - - solos grabdos com razohvel quantidade de finos, e os pr6prios solos finos com base exclusivamente nos indices de Atterberg. 0 exercicio de acompanhar as I C1:SSifi~"~k d0o" ., >OIOS sistemdticas de classificaclo k litil na medida em que familiariza o estudante com os aspectos mais importantes na identificagiio dos solos. 1 13 3.4 Clussificuq5es regionais No Brasil, o Sistema Rodoviirio 6 bastante empregado pelos engenheiros rodovidrios, e o Sistema Unificado 6 sempre preferido pelos engenheiros barrageiros. Jd os engenheiros de fundag8es nZo empregam diretamente nenhum destes sistemas. D e mod0 geral, eles seguem uma maneira informal dc classificar os solos, bem regional, que pode ter tido origem nestcs sistemas. A pouca utilizaglo dos sistemas de classificacZo decorre do fato deles nem sempre confirmarem a experiincia local. Por exemplo, a "argila porosa vermelha", que i: um solo caracteristico da Cidade de SZo Paulo, ocorrendo no espigPo da Av. Paulista, seria classificada pelo Sistema U ~ f i c a d o como "silte de alta compressibilidade", pois seus indices de consistencia indicam um ponto abaiso da Linha A. Entretanto, este solo apresenta comportamento dpico de argila, tanto que espontaneamente recebeu a denominaglo que o caracterita. As discrepincias entrc as classificagdes clissicas e o comportamento observado de alguns solos nacionais se deve, certamente, ao fato destes serem ireqiientemente solos residuais ou solos lateriticos, para os quais os indices de consistincia n lo podem ser interpretados da mesma maneira como o s lo para os solos transportados, de ocorrincia nos paises de clima temperado, onde os sistemas vistos foram elahorados. Uma proposta de sistema de classificaqPo dos solos aopicais vem sendo desenvolvida pelo Prof. Nogami, da Escola Politkcnica da USP. Neste Sistema, os solos siio classificados primariamente em areias, siltes e argilas, e secundariamente em lateriticos e saproliticos. Nesta classificacPo, nPo sIo empregados os indices de consisdncia, mas pardmetros obtidos em ensaios dc compactaqlo corn energias diferentes. 0 sistema C voltado para a pritica rodoviiria c se baseia em solos do Estado de SHo Paulo. Outra maneira de contornar a dificuldade tem sido o das classificagdes regionais, ainda que informais. Na Cidade de Slo Paulo, por exemplo, siio reconhecidos diversos tipos de solos cujas caracteristicas vao sendo progressivamente pesquisadas e incorporadas ao conhecimento ttcnico. Altm da "argila porosa vermelha" jd referida, sgo reconhecidos a "argila vermelha dja", que lhe ocorre abaixo; os "solos cariegados", que ocorrem numa grande parte da cidade e que se cawcterizam pela grande diversidade de cores com as quais se apresentam; as "argilas cinzas duras", que ocorrem abaixo da cota do nivel d'dgua do rio Tieti; as "areias basais", dep6sitos de areias bastante puras que ocorrem no centro da cidade em grandes profundidades; e as "argilas orgBnicas quaterndrias", nas vdrzeas dos rios TietZ e Pinheiros, inclusive na Cidade Universitdria. Mecznicados Solos 3.5 Classificaqd"~ dos solos pela sua origem Horizonte I (de evolu$lo pedog8nica) 44 Horizonte II - (residual inter- mediario) A classificaclo dos solos pela sua origetn 6 urn complemento importante para o conhecimento das ocorrikcias e para a transmisslo de conhcci~nentos acumulados. Algumas vezes, a indicagao da origem do solo i tiio ou mais iltil Horizonte Ill - (residual pro- fundo) do quc a classificagio sob o ponto de vista da constiruigiio fisica. 0 s solos podem ser classificados em dois grandcs grupos: solos rcsiduais e solos transportados. .Yoios residuais sao aqueles de decomposi~lo das rochas que sc cncontram no pr6prio local em que se formaram. Para que clcs ocorram, 6 necesslrio quc a velocidade de decomposiqHo da rocha seja maior do que a velocidadc de remoqHo por agentes esternos. 2. relocidade de decomposis5o dependc de vlrios fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas c a Horizonte IV Argila ou areia porosa supeificial. Coluvial(1) Solo residual maduro (2) Argila parda, vermelha ou arnarela- solo residual endurecidoou saprolito (solo residual) Argila argilosa com pedre- gulho e blocos de pedra, rnantendo a estrutura original darocha ("altera$LoU de rocha) Altera~Lo de rochacom muitos blocos ou rocha decornposta Rocha s2 ou fissurada Fiqunn 3.6 Perfil de solo residual de decomposiqcio de gnaisse (Apud Vargas, 198 1) vegetaclo. As condigdcs existentes nas regices tropicais s lo favodveis a depadaqdes da rocha mais ripidas, razlo pela qua1 as maiores ocorrtncias de solos residuais ocorrem nestas regices, entre elas o Brnsil. 0 s solos residuais se apresentam em horizontes com grau de intempc- rizaglo decrescente. Vargas (1981) identifica as seguintes camadas, cujas transigdes s lo gradativas, conforme mostrado na Figura 3.6: Solo r e~ id~a l maduro: superficial ou sotoposto a um horizonte "poroso" ou "hlimico", e que perdeu toda a estrutura original da rocha-mie e tornou- se relativamentc homogtneo. Saproiito ou solo saprolitico: solo que mantim a estrutura original da rocha- muter, inclusive veios intrusivos, fissuras e sistosidade, mas perdeu a consistincia da rocha. Visualmente pode confundir-se com uma rocha alterada, mas apresenta pequena resistencia ao manuseio. E tambim chamado de solo residual jovem ou solo de alteraciio de rocha. Rvciln altenida: horizontc ctm clue a altcragHo progrediu ao longo de fraturas ou zonas de menor resistincia, deisando intactos grandes blocos da roclia original. En-I sc tratando de solos residuais, i. de grande interesse a indicaclo da rocha-mie, pois ela condiciona, cntre outras coisas, a prbpria composiciio f.' l a m . Solos residuais de basalto sZo predominantemente argilosos, os de gnaisse sHo siltosos e os de granito apresentam teores aproximadamente iguais de areia mkdia, silte c argiia, etc. Solos trtinqorirrdos s5o aqueles clue foram levados ao seu atual local por algum agenre de transporte. As caracteristicas dos solos sHo fungiio do agentc transportador. Solos forniados por agAo da gravidade dPo origem a solos rol~~r ~zonares. Entre eles cst5o os escorreganlentos das escarpas da Serra do Mar, formando os talus nos pks do ralude, massas de materiais muito diversos e sujeitos a inorimenta~des cle rastejo. TSm sido tarnbCni classificndos como coluriiies, solos siiperficiais do planalto brasileiro dopositados sobre solos residuais. Solos resultantes do carreamento pela igua siio os aluviFiji.s, ou soius abuiorza~es. Sua constituigiio depende da ~~elocidade das bguas no momento de deposigio. Esistem aluvi6es essencialmente arenosos, bem como aluvides muito argilosos, comuns nas virzeas quaternirias dos cbrregos e rios. Registra- se tambem a ocorrSncia de camndas sobrepostas de granulometrias distintas, devidas a diversas Ppocas e regimes de deposigio. 0 transporte pel0 vcnto d i origcm aos dep6sitos edlicos. 0 transporte e6lico provoca o arredondamento das particulas, em virtude do seu atrito constante. ils areias constituintes dos arenitos brasileiros siio arredondadas, por ser esta uma rocha sedimentar com particulas previamente transportadas pelo vento. 0 transportc por geleiras dB origem aos dt;fts, muito freqiientes na Europa e nos Estados Unidos, mas corn pcquena ocorrencia no Brasil. 0 mecanismo e a conscqu&ncia do transportc por organismos vivos nossolos superficiais, ainda que detectado, k pouco estudado. T i m sido registrados, por esemplo, canaliculos resultantes de antigos formigueiros que tornam os m a c i ~ o s muito mais condutores de igua do que a baisa permeabilidade do solo permitiria supor. 3.6 Solos organicos SPo chamados solos orginicos aqueles que contim uma quantidade aprecibvel de matkria decorrente de decomposi$io de origem vegetal ou animal, em vinos estigios de decomposigio. Geralmente argilas ou areias finas, os solos orginicos s io de ficil identificagiio, pela cor escura e pel0 odor caracteristico. A norma norte-americana classificil como solo orgbnico aquele que apresenta 1,1; de uma amostra seca em estufa menor do que 75% do LL de amostra natural sem secagem em estufa. 0 teor de mattria orginica pode ser determinado pela secagcm em mufla a 540" C. Classifica@o dos Solos 45 3.7 Solos lateviticos Mednica dos Solos 46 A pedologia i o estudo das transforma~des da superficie dos depcisitos geolbgicos, dando origem a horizontes distintos, ocorrendo tanto em solos residuais como nos transportados. 0 s fatores que determinam as propriedades dos solos considerados na pedologia sPo: (1) a rocha-mater, (2) o clima e a vegetaqiio, (3) organismos vivos, (4) topografia, e (5) o tempo de exposigHo a estes fatores. Na engenharia civil, as classificagdes pedolirgicas sio utilizadas principalmente pelos engenheiros rodoviirios, que lidam com solos superficiais e que encontram 6teis correlagdes entre o comportamento de pavimentos e taludes com estas classificagbes. De particular interesse para o Brasil C a identifica~io dos solos lateriticos, tipicos da evoluqio de solos em clima quente, corn regime de chuvas moderadas a intensas. A denominagio de lateriticos se incorporou na terminologia dos engenheiros, embora n io seja mais usada nas classifica~des pedolbgicas. 0 s solos lateriticos tem sua fraqzo argila constituida predo- minantemente de minerais cauliniticos e apresentam elevada concentragHo de ferro e aluminio na forma de bxidos e hidrbxidos, donde sua peculiar colora~io avermelhada. Estes sais se encontram, geralmente, recobrindo agregaq6es de particulas argilosas. 0 s solos lateriticos apresentam-se, na natureza, geralmente nio-saturados, com indice de vazios elevado, dai sua pequena capacidade de suporte. Quando compactados, entretanto, sua capacidade de suporte i elevada, sendo por isto muito empregados em pavimentagao e em aterros. Ap6s compactado, urn solo lateritico apresenta contragiio se o teor de umidade diminuir, mas n i o apresenta expansio na presenqa de igua. Uma metodologia de classificagio, que permite a identificaqio dos solos de comportamento lateritico, foi desenvolvida pelo Prof. Job S. Nogami e vem sendo empregada por alguns cirgios rodoviirios do sul do Pais. Solos orginicos geralmente s io problemiticos por serem muito compressiveis. Eles siio encontrados no Brasil principalmente nos dep6sitos litorineos, em espessuras de dezenas de metros, e nas virzeas dos rios e cbrregos, em camadas com 3 a 10 m de espessura. 0 teor de mattria orginica em peso tem variado de 4 a 20%. Por sua caracteristica orginica, apresentam elevados indices de vazios, e par serem de sedimentagPo recente, normalmente adensados, possuem baixa capacidade de suporte e considerivel compressibilidade. Em algumas forma$bes, ocorre uma importante concentragio de folhas e caules em process0 incipicnte de decomposigio, formando as turfas. Sio materiais extremamente deformiveis, mas muito permeiveis, permitindo que os recalques, devidos a carregamentos externos, ocorram rapidamente.
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