Buscar

AP03 - GEOTECNIA-FUNDAÇÕES-E-CONTENÇÕES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS ...................................................... 5 
2.1 Conceito de superfície específica ......................................................... 8 
2.2 Formação dos Solos ............................................................................. 9 
2.3 Tipos de solo em função do mecanismo de formação ....................... 10 
3 COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA ............................................................ 10 
3.1 Solos Grossos .................................................................................... 10 
3.2 Solos Finos ......................................................................................... 11 
3.3 Caolinitas ............................................................................................ 12 
3.4 Montmorilonitas .................................................................................. 12 
3.5 Ilitas .................................................................................................... 13 
4 ENSAIOS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS .............................. 14 
4.1 Granulometria ..................................................................................... 14 
4.2 Limites de Atterberg ........................................................................... 18 
4.3 Definição de Índices Físicos ............................................................... 23 
4.4 Definição do estado do solo ............................................................... 28 
4.4.1 Areias ........................................................................................... 29 
4.4.2 Argilas .......................................................................................... 30 
5 Sondagem ................................................................................................ 33 
5.1 Perfuração e ensaio de SPT .............................................................. 35 
6 FATOR DE SEGURANÇA ........................................................................ 39 
7 FUNDAÇÕES, CONCEITOS E NORMAS ................................................ 41 
7.1 Investigação do subsolo ..................................................................... 43 
 
 
3 
 
 
7.2 Classificação das fundações superficiais ........................................... 44 
7.2.1 Bloco ............................................................................................ 44 
7.2.2 Sapata isolada .............................................................................. 45 
7.2.3 Sapata corrida .............................................................................. 46 
7.2.1 Sapata associada ......................................................................... 47 
7.2.2 Sapata de Divisa .......................................................................... 48 
7.2.3 Radier ........................................................................................... 49 
7.3 Classificação das fundações profundas ............................................. 50 
7.3.1 Tubulão ........................................................................................ 50 
7.3.2 Estacas ......................................................................................... 51 
8 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO............................................................ 52 
8.1 Retaludamento ................................................................................... 52 
8.2 Drenagem ........................................................................................... 54 
8.2.1 Drenagem superficial .................................................................... 55 
8.2.2 Drenagem profunda (ou subterrânea) .......................................... 57 
8.3 Muros ................................................................................................. 58 
8.4 Cortinas .............................................................................................. 59 
8.5 Solo grampeado ................................................................................. 60 
8.6 Capim-Vetiver ..................................................................................... 61 
9 REFERENCIAS ........................................................................................ 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
2 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 
Não podemos falar de mecânica dos solos sem saber o que é um solo. Como 
aponta o professor Milton Vargas (1987), o conceito da palavra solo em português é 
diferente dependendo da área do conhecimento. O significado mais comum desta 
palavra é de “chão” ou “terra”. 
A Associação Brasileiras de Normas Técnicas, por meio da NBR 6502, define 
solo como: “Material proveniente da decomposição das rochas pela ação de agentes 
físicos ou químicos, podendo ou não ter matéria orgânica.” 
Em Agronomia, solo é a parte agriculturável da crosta terrestre, enquanto que 
em Geologia a porção desagregável que recobre a rocha é denominada de rególito 
ou regolito (do grego regos = cobertor). 
Em Geotecnia, solo é o material natural com origem conhecida, que forma a 
crosta terrestre, sendo de fácil desmonte, isto é, escavável com trator de lâmina e 
ferramentas manuais como a pá e a enxada. 
De acordo com Floriano (2016) em engenharia prática, solo é o que pode 
escavar com a escavadeira (escavação de 1° e 2° categorias). As vezes delimita-se 
em relação a resistência ou dimensão máxima da de blocos. Em geral, as classificações 
para estimar produtividade fazem uma divisão dicotômica: o que não é rocha é solo, 
atribuindo a escavação em rocha aquela que precisa de detonação ou expansão com 
perfuração prévia. 
Para a mecânica dos solos, o solo é uma massa composta por sólidos 
(estrutura), líquidos e gases (vazios) dispersos em um volume. Essa divisão em três 
fases facilita a caracterização mecânica do solo como um material e a partir daí 
consegue-se caracterizar e constituir padrões interpretativos. 
Para falarmos sobre o solo, precisamos saber a sua origem (matriz), que são 
as rochas. Vamos entender como são formados os solos para conseguirmos 
interpretar o comportamento do ponto de vista da mecânica dos solos. 
 
 
 
 
6 
 
 
2.1 Ciclo de formação das rochas 
 As rochas podem ser classificas como ígneas, sedimentares e metamórficas. 
Rochas ígneas (resfriamento do magma líquido) e metamórficas (a depender do grau 
de metamorfismo), são formadas por cristais (minerais desenvolvidos) que constituem 
um conjunto de minerais. As rochas sedimentares (clásticas) formam-se a partir da 
consolidação de solos que foram transportadas e depois depositados. O processo de 
formação da rocha sedimentar ocorre em duas etapas, chamadas de 
sedimentogênesee diagênese. 
 De fato, o sistema dinâmico do planeta terra constitui de um ciclo que podemos 
identificar: criação, modificação e meteorização dos materiais (Figura 1). 
Figura 1 - Ciclo de formação das rochas e dos solos no planeta. 
Fonte: bit.ly/3OQvdC3 
Qualquer superfície rochosa está sujeita a ação do intemperismo, que nada 
mais é do que o processo geral pelo qual as rochas são destruídas na superfície da 
terra para formar os solos. O intemperismo, portanto, é uma ação física e/ou química 
responsável pela formação de todas as partículas (fragmentação) (PINTO, 2012). 
Quando você se refere a todas as partículas, está incluindo também as partículas 
dissolvidas (íons e coloides). 
 
 
7 
 
 
O processo de intemperismo é dividido em três grupos: intemperismo físico, 
químico e biológico. O intemperismo físico é o processo de decomposição da rocha 
sem a alteração química dos seus componentes. O intemperismo químico, é aquele 
onde existe uma alteração da estrutura química das rochas, transformando um 
elemento da rocha original em outro, como em uma reação química. No intemperismo 
biológico, a decomposição de rochas ocorre por meio de esforços mecânicos 
produzidos por vegetais através das raízes, por animais através de escavações de 
roedores, da atividade das minhocas ou pela ação humana ou de ambos (MACHADO; 
MACHADO, 1997). 
Deve-se notar que na natureza os processos tendem a ocorrer 
simultaneamente, de modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro no processo 
de transformação da rocha em solo. O intemperismo físico reduz o tamanho das 
partículas, aumentando sua área superficial e facilitando o trabalho do intemperismo 
químico. Os processos químicos e biológicos podem causar a completa alteração 
física da rocha e modificar suas propriedades químicas. 
Assim, os solos podem incluir partículas da rocha-matriz alterada e sã, de 
argilominerais, de óxidos de ferro e de vários metais, bem como de outros produtos 
intemperizados. Os geólogos usam o termo solo para descrever camadas de material, 
inicialmente criadas pela fragmentação de rochas durante o intemperismo, que sofrem 
adição de novos materiais, perda de materiais originais e modificação por meio de 
mistura física e reações químicas. A matéria orgânica, chamada de húmus, é um 
componente importante da maioria dos solos da Terra e está presente com excesso 
na última camada em contato com a atmosfera; ela consiste no produto dos resíduos 
e dos restos de muitos organismos que vivem ali. Além disso, a maioria dos solos 
podem suportar o enraizamento das plantas. Porém, nem todos os solos oferecem 
suporte à biosfera (GROTZINGER, 2013). 
As partículas sólidas do solo são apenas um dos muitos produtos do 
intemperismo. Os processos que separam e desintegram as rochas produzem 
fragmentos que variam muito em tamanho e forma, desde grandes matacões de 5 m 
de diâmetro até pequenas partículas minúsculas que não podem ser vistas no 
microscópio. Partículas maiores do que um grão de areia muito grosso (2 mm de 
 
 
8 
 
 
diâmetro) tendem a ser fragmentos contendo grãos minerais da rocha matriz. As 
partículas de areia e silte são, em geral, grãos cristalinos individuais de qualquer dos 
vários minerais rochosos. É comum que solos mais antigos tenham como partículas 
sólidas mais importantes em sua matriz os argilominerais. Por fim, ainda existem 
elementos dispersos nos vazios como matérias coloidais e íons solúveis em água. 
(PINTO, 2012). 
2.2 Conceito de superfície específica 
A permeabilidade de uma rocha define a intensidade e a forma de alteração de 
seus minerais constituintes. A maioria das rochas permite que a água passe pelos 
seus poros. O que ocorre com mais frequência é a infiltração percolada por fissuras e 
fraturas, contornado o maciço sólido de minerais retidos. Como o intemperismo 
químico é um fenômeno ligado a presença da água de infiltração, o ataque à rocha 
ocorre através do seu contato com esses fluidos. Portanto, conforme demonstra a 
Figura 2, quanto maior área da superfície de rocha exposta à água e a atmosfera, 
mais rápidas são as reações químicas que transformam a rocha em solo. (PINTO, 
2012). 
Figura 2 - Quanto maior a fragmentação, maior a superfície específica e maior 
a velocidade de reações químicas. 
Fonte: bit.ly/3zN6tGK 
 
 
9 
 
 
Este conceito não difere para as estruturas complexas de minerais argilosos, 
pois essas são partículas extremamente pequenas, o que lhes confere uma intensa 
interação com a água quanto maior for a área de superfície exposta. 
2.3 Formação dos Solos 
A origem imediata ou remota de um solo é sempre a decomposição das rochas 
pelo intemperismo. Entende-se por intemperismo o conjunto de processos que 
ocorrem na superfície da terra que provocam a decomposição dos minerais das 
rochas sob a ação de agentes atmosféricos e biológicos. 
De acordo com Murrieta (2018), os fatores que mais influenciam na formação 
dos solos são: o clima, o tipo de rocha, a vegetação, o relevo e o tempo de ação 
desses fatores. Entre estes, destaca-se o clima. A mesma rocha pode formar solos 
completamente diferentes se a decomposição ocorrer em climas diferentes. A 
tendência será formar solos com partículas finas (siltes e argilas) em regiões de clima 
quente e úmido – devido à decomposição da rocha ocorrer quimicamente, isto é, com 
a transformação química dos minerais – e solos com partículas mais grosseiras (areias 
e pedregulhos) devido à decomposição da rocha ocorrer fisicamente, isto é, por 
fragmentação provocada por agentes físicos. 
Os mecanismos de ataque às rochas, que resultarão na formação dos solos, 
podem ser incluídos em dois grupos: 
 Desintegração mecânica: refere-se à intemperização das rochas por 
agentes físicos, tais como: variação periódica de temperatura – que provoca 
a expansão e contração das rochas e, por consequência, fraturas que 
aumentam com o tempo; congelamentoda água nas juntas e gretas – como a 
água dilata quando congela, este processo amplia as fraturas; Efeito de raízes 
– é visível em calçadas quando estas se quebram em função do crescimento 
das raízes. 
 
 
10 
 
 
 Decomposição química: quando a água, em abundância, com a 
ocorrência de elevadas temperaturas, promove o ataque aos minerais que 
compõem as rochas, modificando sua constituição mineralógica. 
 
Tipos de solo em função do mecanismo de formação 
Em função do mecanismo de formação, costuma-se dividir os solos em três 
grandes grupos: 
I – residual - aquele que, após o intemperismo, permaneceu no local da rocha 
de origem; 
II – sedimentar - que sofreu a ação de um ou mais agentes transportadores; 
III – orgânico - quando se mistura ao solo de origem mineral matéria de origem 
orgânica. 
3 COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA 
3.1 Solos Grossos 
Os pedregulhos são formados, em sua grande maioria, por rochas resistentes 
como quartzitos, arenitos silicificados, granitos e gnaisses e por minerais também 
resistentes ao desgaste como o quartzo, o sílex e a calcedônia. As areias são 
principalmente compostas por quartzo e secundariamente por feldspatos e micas. No 
caso dos pedregulhos o comportamento mecânico e hidráulico está relacionado, 
principalmente, à compacidade e em menor grau à mineralogia. Nas areias a 
mineralogia pode ser de maior importância, por exemplo, os solos arenosos formados 
por micas são solos que apresentam grande dificuldade de compactação. 
(MURRIETA, 2018). 
 
 
11 
 
 
3.2 Solos Finos 
No caso dos solos finos, a fração silte é predominantemente composta por 
grãos de quartzo, caulinita e mica, enquanto a fração argilosa é constituída em sua 
grande maioria por minerais de argila, que se formam a partir da decomposição 
química dos minerais primários existentes na rocha matriz, principalmente feldspatos, 
piroxênios e anfibólios. Ainda estarão presentes na fração argila outros minerais 
decorrentes das reações químicas ocorridas noprocesso. A investigação dos minerais 
de argila é de grande importância em alguns solos, pois o comportamento mecânico 
dos mesmos é função, principalmente, de sua estrutura, a qual é fortemente 
influenciada pela constituição mineralógica. (MURRIETA, 2018). 
Os minerais de argila são constituídos por pequenos minerais cristalinos, cuja 
estrutura é composta por duas unidades cristalográficas fundamentais: uma com a 
configuração de um tetraedro, formada por um átomo de silício equidistante de quatro 
átomos de oxigênio, e outro representada por um octaedro, em que um átomo de 
alumínio, no centro, é envolvido por seis átomos de oxigênio, ou grupos de oxidrilas 
(Figura 3). 
Figura 3 - Unidades cristalográficas fundamentais. 
Fonte: bit.ly/3bodhkF 
https://bit.ly/3bodhkF
 
 
12 
 
 
3.3 Caolinitas 
A caolinita é constituída por unidades de silício e alumínio unidas 
alternadamente, conforme mostra a Figura 4, conferindo-lhes uma estrutura rígida, 
possuindo espessura da ordem de 0,72 x 10-9 m. A ligação entre as unidades é 
suficientemente firme para não permitir a penetração de moléculas de água entre elas. 
Em consequência disto, as caolinitas são estáveis em presença da água (MURRIETA, 
2018). 
Figura 4 - Mineral argílico do grupo das caolinitas. 
 
Fonte: bit.ly/3ztwGbU 
3.4 Montmorilonitas 
Os minerais deste grupo montmorilonitas, são formados por uma unidade de 
alumínio entre duas de silício (Figura 5). Sua espessura é da ordem de 0,96 x 10-9 m. 
As ligações entre essas unidades, não sendo suficientemente firmes para impedir a 
entrada de moléculas de água, tornam as montmorilonitas muito expansivas, portanto, 
instáveis em presença de água. As bentonitas, nome genérico aplicado às argilas 
expansivas do grupo das montmorilonitas, são muito usadas em obras de engenharia 
como contenção das paredes de furos de sondagem e de estacas escavadas 
(MURRIETA, 2018). 
 
 
13 
 
 
Figura 5 - Mineral argílico do grupo das Montmorilonitas. 
Fonte: bit.ly/3zlvyqO 
3.5 Ilitas 
As ilitas, estruturalmente análogas às montmorilonitas, são, porém, menos 
expansivas, devido principalmente às ligações de íons de potássio entre os minerais 
argílicos, como se vê na Figura 6. 
Figura 6 - Mineral argílico do grupo das ilitas. 
Fonte: bit.ly/3LwGhEE 
 
 
14 
 
 
4 ENSAIOS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS 
Caracterizar o material por meio de ensaios é um procedimento que principia o 
reconhecimento do solo, que permitirá enquadrá-lo em uma classificação e, assim, 
possibilitar a destinação quanto ao uso em obras de terra, contenção ou fundação de 
forma sistemática. Para fazer essa caracterização é fundamental realizar a execução 
um conjunto de ensaios como: determinação de curva granulométrica; limite de 
liquidez e; limite de plasticidade. Esses dois últimos são os índices de consistência de 
um solo ou também chamados de Limites de Atterberg (engenheiro idealizador do 
ensaio). 
4.1 Granulometria 
A medida dos tamanhos dos grãos dos solos é chamada de granulometria e o 
resultado desta determinação é representado por uma curva granulométrica, 
construída por meio do peneiramento do solo seco. Para isso, é necessário coletar 
uma porção suficiente e representativa da massa do solo que você deseja determinar 
a textura. Para isto, os procedimentos pré-estabelecidos e normatizados pela ABNT e 
outras normas internacionais devem ser seguidos à risca (como a NBR 7181/1984). 
Constrói-se um gráfico semi log onde o eixo das ordenadas é representado pelo 
percentual passante em cada peneira e o eixo das abscissas está em escala 
logarítmica representando o tamanho da partícula; nesse caso, refere-se à abertura 
da malha da peneira. Existem pequenas variações quanto à determinação do tamanho 
de partículas dependendo da referência normativa, em especial as partículas finas 
(silte e argilas). No entanto, todas as classificações internacionais são muito similares 
à brasileira dada pela ABNT. 
Para a realização de um ensaio de granulometria, utiliza-se uma série de 
peneiras. Evidentemente, ao falar de peneiras, deve-se considerar as especificações 
adequadas para cada validação do produto. Assim, aplica-se a sabedoria de que as 
peneiras são malhas com aberturas padronizadas nas quais as partículas de solo 
maiores que a abertura daquela malha ficam retidas e as partículas menores passam 
 
 
15 
 
 
pela abertura da malha. Colocando as malhas em pilha, sequenciando-as da mais 
aberta para a mais fechada, assim poderá obter a massa percentual de partículas que 
fica retida em cada uma delas. As peneiras têm vários tamanhos (aberturas). Uma 
padronização de conjunto de peneira para definição de uma curva granulométrica 
encontrada em um laboratório de solo pode ser aquela mostrada na Tabela 1. 
Tabela 1 - Exemplo de uma série de peneiras com suas aberturas 
padronizadas. 
 
Fonte: Floriano,2016 
Na Figura 7, a imagem de uma série e um esquema da definição de abertura. 
Figura 7-Exemplo de peneiras e abertura de peneiras para ensaio 
granulométrico. 
 
 
16 
 
 
 
Fonte: Floriano (2016) 
Uma vez peneiradas as partículas, para a complementação da curva 
granulométrica é preciso identificar o percentual em massa das partículas de tamanho 
ainda menores, o qual são as de tamanho silte e argila, ou seja, representam aquele 
material que passa na peneira de número 200. 
Para isso, é necessário realizar um procedimento chamado de sedimentação. 
Esse procedimento utiliza a lei de Stokes, e a velocidade de queda de partículas 
esféricas em um fluido atinge um valor limite que depende do peso específico do 
material da esfera ()𝛾𝑠 , do peso específico do fluido ()𝛾𝑤 , da viscosidade do fluido ( 𝜇 
), e do diâmetro da esfera (𝐷). A equação que governa lei de Stokes neste caso é 
dada por: 
 
A partir dessa equação, controlando a temperatura, mede-se inicialmente a 
densidade, por meio de um medidor (densímetro), imerso em um frasco de vidro com 
uma pequena quantidade de solo e água. A cada fração de tempo normatizada, você 
realiza uma medida de densidade a uma determinada posição de queda. Isso significa 
que a densidade do líquido com a presença do material sólido suspenso irá diminuir 
 
 
17 
 
 
lentamente. A velocidade com que ocorre essa variação é diretamente proporcional 
ao quadrado do diâmetro das partículas suspensas. 
Em verdade, as partículas caem gradualmente até atingir o fundo do frasco, 
pois apresentam praticamente o mesmo peso específico; o tamanho delas passa a 
ser decisivo na velocidade de queda, ou seja, as partículas de diâmetro maior 
chegarão mais rápido ao fundo do frasco. Dessa forma, é possível separar partículas 
de tamanho silte das de tamanho argila. Vale ressaltar, porém, que estamos falando 
de diâmetro equivalente, e sabemos que as partículas de argila podem ter dimensões 
bem diferentes (FLORIANO, 2016). 
A Figura 8 mostra a faixa granulométrica com os tamanhos padronizados de 
partícula para as principais referências normativas no mundo, incluindo a 
normatização brasileira. 
Figura 8 - Classificação mostrando a nomenclatura e os tamanhos das 
partículas. 
 
Fonte: bit.ly/3deVkFZ 
No Gráfico 1, é representada uma curva granulométrica plotada em gráfico 
semilogarítmico, nesse caso um solo residual maduro de rocha sedimentar. Nota-se 
a potencialidade que existe na definição da curva granulométrica, pois apenas 
 
 
18 
 
 
observando ela, é possível identificar o quanto fino ou grosso é a estrutura sólida deste 
solo. 
Gráfico 1 - Exemplo de uma curva granulométrica de um solo residual maduro. 
 
Fonte:(Floriano,2016) 
4.2 Limites de Atterberg 
Os limites de Atterberg identificam a consistência dos solos; por isso, também 
são chamados de índices de consistência. São realizados ensaios em laboratório que 
se demonstram bem expelidos. 
Limite de liquidez (LL ou 𝑾𝑳): Condição do solo onde o percentual de água 
causa nele um comportamentode um líquido, ou seja, a partir do percentual de água 
marcado como limite de liquidez, o solo tem comportamento fluido. 
É possível determinar o limite de liquidez de um solo através da concha de 
Casagrande ou através do penetrômetro de cone. O mais utilizado é o de Casagrande, 
em que tanto o equipamento quanto o procedimento são normalizados pela 
ABNT/NBR 6459 de 2016. 
 
 
19 
 
 
Coloca-se na concha do aparelho de Casagrande uma pasta de solo passante 
na peneira #40 e com umidade próxima de seu limite de plasticidade. Faz-se um sulco 
na pasta com um cinzel padronizado. Aplicam-se golpes à massa de solo posta na 
concha do aparelho de Casagrande, girando-se uma manivela, a uma velocidade 
padrão de 2 golpes por segundo, como segue na Figura 9. 
 Figura 9 - Sequência para determinação do limite de liquidez. 
 
Fonte: bit.ly/3Sy96n0 
Com uma amostra de solo determina-se o teor de umidade, obtendo-se assim 
valores, “teor de umidade, ×número de golpes”, determinando um ponto no gráfico de 
fluência. A repetição desse procedimento permitirá́ a elaboração do gráfico para 
teores de umidade. Convencionou-se que, no ensaio de Casagrande, o teor de 
umidade correspondente a 25 golpes, necessários para fechar a ranhura, é o limite de 
liquidez. Abaixo a tabela 2, demonstra os valores obtidos através do ensaio. 
 
 
 
 
20 
 
 
Tabela 2 - Resultado do Ensaio de Casagrande. 
Fonte: bit.ly/3zF7wY2 
Com base nos valores encontrados da tabela acima, traçou-se o gráfico 2: 
Gráfico 2 - Teor de umidade x n.º de golpes. 
 
Fonte: bit.ly/3zF7wY2 
Através do Ensaio de Casagrande, o limite de liquidez é dado pelo teor de 
umidade correspondente a 25 golpes, logo, temos: LL = 29%. 
 
 
21 
 
 
Limite de plasticidade (LP ou 𝑾𝑷 ): Nesse caso, o solo passa a ter 
comportamento plástico, fundação superficial. 
Notam-se essas condições, nas estradas em frequentes dias de chuva, onde 
fica deslizante e o veículo fica muito sujo de lama líquida (ultrapassou o LL). Passando 
a chuva, surgindo um pouco de sol, a superfície argilosa começa a perder água por 
evaporação, o solo da estrada começa a ficar pastoso e deformável (chegou-se ao 
LP); nesse caso, você percebe pouca sujeira impregnada no veículo. Agora, se o sol 
e o tempo bom persistirem, a superfície da estrada de solo perde tanta água que fica 
dura, mas quebradiça. 
A determinação do ensaio de limite de plasticidade é especificada pela NBR 
7180 de 2016. Prepara-se uma pasta com o solo que passa na peneira #40, fazendo-
a rolar com a palma da mão sobre uma placa de vidro esmerilhado, formando um 
pequeno cilindro. Quando o cilindro de solo atingir o diâmetro de 3 mm e apresentar 
fissuras, mede-se a umidade do solo. Esta operação é repetida pelo menos 5 vezes. 
Os valores obtidos de umidade serão considerados satisfatórios quando, de pelo 
menos três, nenhum deles diferir da respectiva média de mais de 5%. Na figura 10, a 
representação de como é realizado o ensaio. 
Figura 10 - Sequência para determinação do limite de Plasticidade. 
Fonte: bit.ly/3Sy96n0 
 
 
22 
 
 
A diferença entre eles dá o chamado Índice de Plasticidade (IP) que 
corresponde à extensão do intervalo de umidades no qual o solo apresenta um 
comportamento plástico. Segue a equação: 
 
Fonte: bit.ly/3JBXAD2 
 
Ou 
 𝑰𝑷 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 
 
Em que: 
𝑊𝐿 ou 𝐿𝐿 = Limite de Liquidez. 
𝑊𝑃 ou 𝐿𝑃 = Limite de Plasticidade. 
 
Esse índice determina o caráter de plasticidade de um solo. Quanto maior o 
“IP”, tanto mais plástico será́ o solo. A classificação do índice de plasticidade é 
representado na tabela 3: 
Tabela 3 - Índice de plasticidade 
Fonte: bit.ly/3zF7wY2 
 
 
23 
 
 
Após realizar a caracterização de um solo, pode-se correlacionar esses índices 
e também determinar algumas propriedades importantes para identificar a qualidade 
do material. Esses valores não devem ser tomados à risca para parametrização em 
projeto, mas sim considerados estimativas que ajudam o projetista na análise 
paramétrica. 
4.3 Definição de Índices Físicos 
Índices físicos são valores que representam as condições físicas de um solo no 
estado em que ele se encontra. São de fácil determinação em laboratórios de 
geotecnia e podem servir como dados valiosos para identificação e previsão do 
comportamento mecânico do solo. 
Como as diversas propriedades do solo dependem do estado em que este se 
encontra, um solo pode perder suas características mecânicas inicialmente, como 
sofrer compactação ou mesmo sofrer evaporação constante, a ponto de perder quase 
a totalidade da água. Quaisquer dessas situações representam mudança de estado e 
estão associadas a mudanças dos índices físicos (FLORIANO, 2016). 
Admita-se a abstração apresentada na Figura 11 em que as três fases, a sólida, 
a líquida e a gasosa são apresentadas separadas. 
Figura 11 - Fases do solo, sólida, líquida e gasosa. 
 
Fonte: bit.ly/3Q2f9yF 
 
 
24 
 
 
 
Para identificar o estado do solo, foram definidos índices que correlacionam os 
pesos e os volumes das 3 fases. Sendo: 
 
 Relação entre pesos: 
A umidade é fornecida como uma porcentagem. Seu valor depende do tipo de 
solo, mas geralmente fica entre 10% e 40%. 
 Relações entre volumes: 
 
Índice de vazios: O índice vazio é um número sem dimensão. 
Porosidade: esta é dada em porcentagem. 
 
Grau de saturação: dado em porcentagem, varia de zero a 100%. 
 
 
25 
 
 
 
 
 Relações entre pesos e volumes: 
 
Peso específico dos sólidos: este varia de um pouco de solo para solo. 
 
Peso específico natural: possuem valores variáveis. 
Peso específico aparente seco: são situados entre determinados valores 
Peso específico aparente saturado: quando o solo está saturado, chamamos de peso 
específico aparente saturado. 
Peso específico da água: este varia um pouco com a temperatura da água. 
Estes indicadores físicos são determinados por meio de testes em laboratório: 
𝑤,  e 𝑠. Para os demais índices são calculados através das relações que podem ser 
determinadas entre eles (MECÂNICA, 2014). 
No sistema internacional de unidades (SI), você trabalha com pesos específicos 
na unidade kN/m³. Pode-se citar ainda o conceito de massa específica, sendo a 
relação entre quantidade de massa e volume e expressa como: kg/m³ ou com os seus 
múltiplos e submúltiplos. 
 
 
26 
 
 
 
Exemplo: Considere uma amostra de solo seco com índice de vazios 𝑒 = 0,6e 
peso específico dos grãos 𝛾𝑠 = 24𝑘𝑁/𝑚
3 
. Determine: 
a. Seu peso específico natural; 
b. Considerando que tal solo foi umedecido até chegar a um grau de saturação 
S=70% sem modificar o índice de vazios, qual seria seu novo teor de umidade e seu 
novo peso específico natural? 
Resolução: 
Então, como você pode perceber, na resolução dessa questão iremos utilizar os 
conceitos de: 
 Umidade do solo (𝑤); 
 Peso específico natural (𝛾𝑛) e dos grãos (𝛾𝑠); 
 Índice de vazios (𝑒); 
 Grau de saturação (𝑆). 
Resolução, item a. 
Para isso, lembremos do conceito de índice de vazios: 
Logo, relembrando do sistema trifásico do solo, temos que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Representação do solo trifásico 
 
Então, adotando que o volume de sólidos da amostra é de 1 m³, temos que: 
𝑉𝑣 = 0,6m3, logo, 𝑉𝑇 = 1,6𝑚3 
Entretanto, o enunciado da questão afirma que se trata de um solo seco. Então, 
como não possui água no solo, o peso total do solo é igual ao peso dos grãos. 
 
𝛾𝑠 = 
𝑀𝑠
𝑉𝑠 
⇒ 24 = 
𝑀𝑠
1𝑚3 
= 𝑀𝒔 = 24𝑘𝑁 
 
Por fim, podemos afirmar que o peso específico natural do solo é: 
 
𝛾𝑛 = 
𝑀𝑇
𝑉𝑇
⇒ 𝛾𝑛 = 
24𝑘𝑁
1,6𝑚3
= 𝛾𝑛 = 15𝑘𝑁/𝑚
3 
 
Resolução, item b. 
No item b. a situação já é um pouco diferente, pois o solo não é mais seco! 
Então, precisamos nos lembrar dos conceitos de grau de saturação (𝑆) e de 
umidade do solo (𝑊). 
 
 
28 
 
 
𝑆 = 
𝑉𝑤
𝑉𝑣
⇒ 𝑉𝑤 = 0,7 𝑥𝑉𝑣 
Sabemos também que o índice de vazios continua sendo e=0,6 e que tanto o 
volume dos grãos, como o peso dos grãos não sofre modificação durante esse 
processo de umidificação do solo. 
𝑒 = 
𝑉𝑣
𝑉𝑠
⇒ 𝑉𝑣 = 0,6𝑚3 
 𝑉𝑤 = 0,7 𝑥 𝑉𝑣 ⇒ 𝑉𝑤 = 0,7 𝑥 0,6 = 0,42𝑚3 
Logo, sabendo que o peso específico da água é 𝛾𝑤 =10kN/𝑚3, temos que o 
peso de água para o solo, nessa consideração, é de 4,2 kN. 
Considerando o volume total da amostra de 1,6 m³, encontrado anteriormente, então 
temos: 
𝛾𝑛 = 
𝑀𝑇
𝑉𝑇
⇒ 𝛾𝑛 = 
24 + 4,2
1,6
= 𝛾𝑛 = 17,63𝑘𝑁/𝑚
3 
 
Perceba que o peso específico aparente do solo aumenta, pois foi adicionada 
água no mesmo. 
Para o teor de umidade do solo (𝑊): 
𝑤 = 
𝑀𝑤
𝑀𝑠
⇒ 𝑤 = 
4,2
24
⇒ 𝑤 = 17,5% 
4.4 Definição do estado do solo 
Quando falamos de estado dos solos, na geotecnia é comum fazer a divisão 
quanto ao comportamento. Portanto, existe o comportamento das areias e o 
comportamento das argilas. Para as areias, chamamos o seu estado de compacidade; 
para as argilas, de consistência. 
 
 
29 
 
 
4.4.1 Areias 
Observando os materiais de comportamento arenoso, nota-se que a definição 
de estado do solo é uma comparação entre índices de vazios. Para cada tipo de areia, 
forma dos grãos e granulometria, obtém-se uma condição de estado. Em geral, 
existem dois limites. O estado dito “fofo” corresponde a uma distribuição de grão da 
forma mais solta possível no volume da areia; o estado dito “compacto” corresponde 
a uma condição de melhor encaixe entre as partículas inertes da areia. Portanto, você 
consegue definir a chamada compacidade relativa (CR). Isso é definido pela seguinte 
expressão: 
 
Onde, 
 ℯ𝑚𝑎𝑥 = é o índice de vazios máximos para a referida areia (areia vibrada); 
 ℯ𝑛𝑎𝑡 = é o índice de vazios da areia na sua condição natural; 
 ℯ𝑚𝑖𝑛 =é o índice de vazios mínimo (areia solta); 
Segundo Terzaghi (1967), para areias finas puras considera-se: 
 Areias fofas: CR < 0,33 
 Areias de compacidade média: 0,33 
 Areias compactas: CR > 0,66 
 
 
30 
 
 
4.4.2 Argilas 
Em materiais de comportamento argiloso, fala-se sobre consistência das 
argilas. O índice de plasticidade é um parâmetro fundamental na classificação dos 
solos. Os teores de umidade que definem fronteiras entre esses estados são 
chamados: Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP). 
O 𝐼𝑃é tido como a diferença entre o limite de líquido (LL) e o limite de plástico 
(LP). Assim, obtemos: 
𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 
Cada um desses valores é determinado por meio de um ensaio específico, com 
a finalidade de promover uma correta caracterização de solo quanto ao atributo 
“plasticidade”. 
 Terzaghi (1967) propôs a seguinte relação para definição de índice de 
consistência: 
 
Onde, 
 𝑊𝐿 = é o limite de liquidez; 
 w = umidade medida da argila; 
 𝑊𝑝 = limite de plasticidade. 
 
A consistência no comportamento das argilas não significa uma relação direta 
com a umidade da argila, mas sim do ponto de vista de sua consistência. As argilas 
podem apresentar limites bem distintos, mas quando atinge um estado como, por 
exemplo, o limite de liquidez, apresentam consistências muito semelhantes. Uma 
 
 
31 
 
 
classificação possível para consistência das argilas segundo o índice de consistência 
seria: 
 
 argila mole: IC < 0,5 
 argila média: 0,5 
 argila rija: 0,75 
 argila dura: IC > 1,0 
 
Mais plausível é a consistência relacionada a resistência à compressão simples 
(RCS) da argila (em kPa), ou seja, o quanto um cilindro de argila (corpo de prova) 
suporta uma carga de compressão não confinada, resultado obtido em laboratório. 
 
 argila muito mole: RCS < 25 kPa 
 argila mole: 25 
 argila média: 50 
 argila rija: 100 
 argila muito rija: 200 
 dura: RCS > 400kPa 
Algumas argilas apresentam um comportamento sensível. Para notar essa 
característica de sensibilidade (S) nas argilas, verifica-se sua resistência máxima 
(qual) na condição natural e posteriormente em uma condição remoldada, ou seja, em 
que foi mexida a sua estrutura original (ver Gráfico 3). Assim, você obtém: 
 
 
Esse fenômeno é melhor compreendido quando notamos as estruturas do 
tamanho das argilas. São partículas de argilominerais na maioria que constituem de 
filossilicatos que apresenta um arranjo, que quando é destruído (amolgado) as 
partículas se desestruturam e perdem as ligações originais de sustentação. 
 
 
32 
 
 
Gráfico 3 - Representação da resistência natural (de pico) e a resistência 
amolgada (argila mexida) de uma argila. 
 
Fonte: bit.ly/3JLsUQ4 
Exemplo: Considerando os valores da tabela abaixo, qual o índice de consistência 
das argilas a 5 m e 8 m de profundidade? 
 
Amostra 1: 𝑰𝑷 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 ⇒ 𝐼𝑃 = 36.2 − 18.4 = 17,8% 
𝑰𝑪 = 
𝐿𝐿 − 𝑊𝑛𝑎𝑡
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
⇒ 𝐼𝐶 =
36.2 − 23.4
36.2 − 18.4
= 0.72 
Amostra 2: 𝑰𝑷 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 ⇒ 𝐼𝑃 = 113.1 − 35.6 = 77.5% 
𝑰𝑪 = 
𝐿𝐿 − 𝑊𝑛𝑎𝑡
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
⇒ 𝐼𝐶 =
113.1 − 84.7
113,1 − 35,6
= 0,37 
Amostra 3: 𝑰𝑷 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 ⇒ 𝐼𝑃 = 62.9 − 34.1 = 28.8% 
𝑰𝑪 = 
𝐿𝐿 − 𝑊𝑛𝑎𝑡
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
⇒ 𝐼𝐶 =
62.9 − 42.1
62.9 − 34.1
= 0,72 
 
 
33 
 
 
Amostra 4: 𝑰𝑷 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 ⇒ 𝐼𝑃 = 54 − 39.2 = 14.8% 
𝑰𝑪 = 
𝐿𝐿 − 𝑊𝑛𝑎𝑡
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
⇒ 𝐼𝐶 =
54 − 41.2
54 − 39.2
= 0,86 
5 SONDAGEM 
Segundo Santos et al. (2013) a sondagem, como o nome já diz, é uma pesquisa 
que fazemos para determinar o tipo do solo. Com os dados dos resultados 
desenvolvemos os projetos das obras que só então deverão ser construídas. Os tipos 
de sondagem mais utilizados são: 
 
 Sondagem a pá e picareta: são abertas trincheiras no solo onde se coleta 
material para análise. As amostras são deformadas. 
 Sondagem a trado: podem ser manuais ou mecânicas, onde são abertos furos 
no solo com os vários tipos de trado: cavadeira, concha, helicoidal. As amostras 
são deformadas. 
 Sondagem à percussão: são furos executados com equipamentos que 
penetram por golpes no terreno. Podem recolher amostras deformadas (SPT) 
e amostras indeformadas (CPT). 
 Sondagem rotativa: são furos executados na maioria das vezes em terrenos 
rochosos. As amostras são indeformadas. 
 Sondagem mista: são utilizados mais de um tipo de sondagem, por exemplo, 
SPT e rotativa, para atravessar a fase de solo de um furo, seguida da fase em 
rocha no mesmo furo. 
 A sondagem mais simples é o trado, existem manuais e mecânicos. A 
investigação é rápida e econômica. O equipamento é composto por hastes de aço, 
uma cruzeta para aplicar o torque e o trado propriamente dito, que pode ser de vários 
formatos (Figura12). Esta sondagem está limitada a presença de pedregulhos, pedras, 
matacões, nível de água e areias muito compactas. 
 
 
34 
 
 
Figura 12 - Trados manuais. 
 
Fonte: bit.ly/3BO9esI 
O Standard Penetration Test – SPT é uma sondagem a percussão. Este ensaio 
tem baixo custo, pode ser realizado em locais de difícil acesso, pode-se coletar 
amostras, é determinado um índice que permite estimar a resistência e também é 
determinado o nível de d’água. O equipamento é simples conforme ilustra a Figura 13, 
composto de tripé com sarrilho, roldana, cabo, hastes, trado, trépano, martelo (65kg), 
amostrador padrão e bomba d’água. 
Figura 13 - Vista geral do Ensaio de SPT. 
 
Fonte: (Gonçalves, 2014) 
 
 
35 
 
 
5.1 Perfuração e ensaio de SPT 
O SPT possui duas etapas básicas, a perfuração e o ensaio propriamente dito. 
Após a limpeza do terreno e locação do furo, realiza-se com trado, a perfuração da 
sondagem. Quando o avanço for impenetrável ao trado ou se atingir o nível d’água, a 
sondagem, é continuada por percussão. Crava-se o revestimento para evitar 
fechamento do furo. O solo é escavado pela percussão (queda e torção sucessiva) do 
trépano e os detritos formados são retirados por circulação de água, conforme 
mostradona Figura 14. A sondagem termina ao atingir a profundidade desejada ou 
quando a condição for impenetrável a percussão. O registro do nível d’água deve ser 
feito no dia seguinte ao ensaio para evitar a influência da circulação de água 
(Gonçalves et al., 2014). 
Figura 14 - Perfuração com circulação de água. 
 
Fonte: Gonçalves, 2014 
 
O ensaio é executado a cada metro e a partir de 1m de profundidade e consiste 
em cravar o amostrador padrão por golpes do martelo (65kg) caindo de 75cm. Está 
apresentado na Figura 15a ilustrando o ensaio de SPT. A Figura 15b mostra o 
amostrador. (GONÇALVES et al., 2014). 
 
 
36 
 
 
O amostrador é cravado a 45 cm no solo, sendo anotado o número de golpes 
para cravar cada 15 cm. O índice de resistência a penetração (NSPT) é o número de 
golpes para cravar os últimos 30 cm do amostrador. 
 
Figura 15 – (a) Execução de ensaio de SPT (b) Amostrador. 
 
Fonte: Gonçalves (2014). 
Neste caso, encosta-se o martelo na composição das hastes e anota-se até 
que profundidade a haste e o martelo penetram somente com o peso estático do 
conjunto. As amostras são coletadas a cada metro e caracterizadas. Na tabela 4, 
verifica-se o resultado de uma sondagem SPT. 
Tabela 4 - Exemplo de resultado de sondagem SPT. 
 
Fonte: Gonçalves, 2014 
 
 
37 
 
 
O projetista é quem define o número e a locação de furos da sondagem. A 
norma NBR 8036/83 estabelece um número mínimo de sondagem para fundações de 
edifícios, conforme mostrado na Tabela 5. 
Tabela 5 - Número mínimo de sondagens. 
 
Fonte: Gonçalves, 2014. 
A distância entre as sondagens não deve ultrapassar 30m e os furos devem 
cobrir toda a área, como mostra o exemplo da Figura 16. 
Figura 16 - Locação de sondagens. 
 
Fonte: Gonçalves, 2014 
 
 
38 
 
 
O NSPT é muito utilizado em projetos de fundações, tais como escolha do tipo 
de fundações e estimativa da tensão admissível do solo. O NSPT também é usado 
em correlações para obtenção das propriedades do solo. A norma NBR7250/82 
apresenta tabelas que correlacionam a compacidade das areias e a consistência das 
argilas com os valores de NSPT, conforme apresentado nas tabelas 6 e Tabela 7. 
Tabela 6 - Compacidade. 
 
Fonte: Gonçalves, 2014 
Tabela 7 - Consistência. 
 
Fonte: (Gonçalves, 2014) 
 
 
39 
 
 
6 FATOR DE SEGURANÇA 
O fator de segurança (FS) é obtido como resultado da relação entre a 
resistência e a tensão cisalhante (GERSCOVICH, 2012), representada pela seguinte 
equação: 
 
Sendo: 
FS = o fator de segurança, adimensional; 
τr = a tensão de cisalhamento do solo, em MPa; 
τd = a resistência ao cisalhamento ao longo da superfície de ruptura, em MPa. 
Segundo Caputo (2015), o engenheiro Karl von Terzaghi, em 1925, verificou 
que somente as pressões efetivas (a diferença entre a pressão total e a pressão 
neutra) impulsionam a tensão ao cisalhamento do solo, representada na seguinte 
equação: 
 
Sendo: 
u = poro pressão ou pressão neutra, em MPa; 
cʹ = coesão efetiva, em MPa; 
φʹ = ângulo de atrito interno efetivo, em radiano. 
Obtendo-se o resultado do FS, pode-se identificar a presença ou não de 
instabilidade no talude. Por definição, valores de FS iguais a 1 identificam a ocorrência 
de ruptura, valores maiores do que 1 indicam um talude estável, e resultados menores 
do que 1 não possuem significado efetivo (GERSCOVICH, 2012). 
A NBR 11682 (ABNT, 2009) indica que, dependendo dos riscos, deve-se 
classificar o projeto conforme os critérios evidenciados no Quadro 2. 
 
 
40 
 
 
Quadro 1 - Nível de Segurança envolvendo vidas humanas. 
 
Fonte: Adaptado de ABNT (2009). 
Já o Quadro 3 apresenta a classificação do projeto em relação a danos 
ambientais materiais. 
Quadro 2 - Nível de Segurança esperado envolvendo danos materiais e 
ambientais. 
 
Fonte: Adaptado de ABNT (2009) 
 
 
41 
 
 
A partir dos Quadros 2 e 3, é possível analisar o Quadro 4, que apresenta os 
fatores de segurança mínimos para movimentação de massa. 
Quadro 3 - Fatores de segurança mínimos para movimentação de massa do 
solo. 
 
Fonte: Adaptado de ABNT (2009). 
7 FUNDAÇÕES, CONCEITOS E NORMAS 
As fundações em construção civil são estruturas realizadas em obras com a 
finalidade de transmitir as cargas da edificação para uma camada resistente do solo. 
Para tanto, as fundações são regulamentadas pela Norma Brasileira - NBR 6122 
(ABNT, 2019), que estabelece os critérios gerais que regem o projeto e a execução 
de fundações de todas as estruturas convencionais da engenharia civil, 
compreendendo obras residenciais, edifícios de uso geral, pontes, viadutos, entre 
outras. 
 Ainda segundo a NBR 6122, as fundações necessitam ter resistência 
apropriada para suportar às tensões causadas pelos esforços solicitantes, que podem 
ser decorrentes da superestrutura, do terreno e da água superficial e subterrânea, 
além de ações variáveis especiais, como o tráfego de veículo e carregamentos de 
construção, caso existam. Paralelamente, o solo deve ter resistência e rigidez 
 
 
42 
 
 
adequada para não sofrer colapso, bem como não apresentar deformações 
excessivas ou diferenciais (BARBOSA, 2021). 
A NBR 6.122 (ABNT, 2019), genericamente, divide as fundações em dois 
grandes grupos: fundações rasas e profundas. As fundações rasas, também 
denominadas de diretas e superficiais, são elementos cuja base deve estar assentada 
em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação, recebendo aí 
as tensões distribuídas que equilibram a carga aplicada. Já as fundações profundas, 
transmitem a carga da edificação para o solo pela base (resistência de ponta) ou por 
sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, tal que 
a ponta ou base da fundação deve estar apoiada em uma profundidade de no mínimo 
3,0 m ou superior a oito vezes a menor dimensão da fundação profunda. 
Para o correto dimensionamento, elaboração de projeto e execução de 
fundações, é indispensável conhecer as normas complementares que visam auxiliar 
e integralizar a NBR 6.122 (ABNT, 2019), uma vez que são apontados os 
procedimentos e critérios relativos à investigação do subsolo e parâmetros geológicos 
(por exemplo, tipo de solo e posição do nível da água) e geotécnicos (resistência, 
compressibilidade e permeabilidade). 
O quadro 5, especifica as outras normas complementares para execução das 
fundações. 
 
 
43 
 
 
Quadro 5 - Principais normas complementares das fundações 
Fonte: bit.ly/3eOMeQX 
7.1 Investigação do subsolo 
Os projetos de fundações são imprescindivelmente elaborados e executados 
com base em ensaios de campo, cujos resultados encontrados permitem estimar de 
forma segura a estratigrafia do subsolo e as propriedades geológicas e geotécnica 
dos materiais envolvidos. 
 
 
44 
 
 
Velloso e Lopes (2010) orientam que a investigação geológica e geotécnica 
seja feita em três etapas: preliminar, complementar e executiva. Primeiramente, deve-
se realizar uma investigação preliminar, que consiste em um reconhecimento inicial 
ao local onde será implantado a edificação. Posteriormente, é preciso ser feita a 
investigação complementar ou de projeto, no qual é realizada, no mínimo, a sondagem 
a percussão para determinar a estratigrafia e classificação dos solos, bem como a 
posição do nível d’água e a medida. 
7.2 Classificação das fundações superficiais 
As fundações superficiais, também denominadas de fundações rasas, 
transmitem o carregamento para o subsolo por meio de suas bases e, para tanto, 
devem ser assentadas em cotas inferiores à duas vezes a menor dimensão da 
fundação, tal que não ultrapasse a profundidade de 3,0 metros. 
Segundo Velloso e Lopes (2010), em função das necessidades técnicas e 
econômicas, as fundações rasas podem ser projetadas de diferentes formas, e podem 
ser classificadas em diferentes tipos conforme segue. 
7.2.1 Bloco 
Trata-se do elemento de fundação mais simplese, geralmente, construído de 
concreto ciclópico, pode ser construído de alvenaria ou pedras, conforme ilustra a 
Figura 16. Nesse tipo de estrutura, a altura da fundação é grande em relação à base, 
quando comparado aos outros tipos de fundações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
Figura 16 - Fundação rasa do tipo bloco construída de (a) concreto ciclópico, 
(b) bloco de alvenaria e (c) pedras. 
 
Fonte: bit.ly/3dfInvW 
Os blocos são estruturas de fundação que não necessitam de armadura, uma 
vez que são dimensionados de modo que a estrutura resista aos esforços de tração, 
ocasionando uma grande altura ao elemento. Recomenda-se que seja utilizado bloco 
para suportar carregamento de até 30 tf, sendo desejável que o solo tenha uma 
resistência mínima de 2,0 kgf/cm². 
7.2.2 Sapata isolada 
Este tipo de sapata deve ser construído em concreto armado e dimensionada 
de maneira que as tensões de tração solicitadas na estrutura devem ser resistidas, 
utilizando-se armaduras. Ao combater esses esforços de tração que surgem na sapata 
com armadura, é possível reduzir a altura do elemento estrutural. 
Em comparação com bloco, as sapatas isoladas possuem uma altura 
relativamente menor e, em função disso, são consideradas estruturas econômicas e, 
consequentemente, representam o tipo de sapata mais utilizada no Brasil, conforme 
ilustrado na Figura 17. 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Figura 17 - Fundação rasa do tipo sapata isolada construída de concreto 
armado com geometria (a) retangular e (b) piramidal 
 
Fonte: bit.ly/3Bdxz9w 
Na prática, a sapata com geometria piramidal é obtida a partir da sapata de 
geometria retangular ao ser realizado um chanfro na sapata no intuito de economizar 
concreto e reduzir o peso próprio da fundação (BARBOSA, 2021). 
7.2.3 Sapata corrida 
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019) a sapata corrida é utilizada quando 
existe uma carga linearmente distribuída ou está sujeita à ação de três, ou mais pilares 
ao longo de um mesmo alinhamento, conforme ilustra a Figura 18. 
Na prática, este tipo de sapata é utilizado para dar suporte a alvenarias estruturais 
e indicadas também para solos com elevada rigidez, isto é, tensão admissível do solo 
maior que 4,0 kgf/cm². 
 
 
47 
 
 
Figura 18 - Fundação rasa do tipo sapata corrida com carregamento (a) distribuído e 
(b) concentrado 
 
Fonte: bit.ly/3BD9Tg0 
 
7.2.1 Sapata associada 
Sapata dimensionada para atender a dois pilares ou mais, desde que não 
estejam no mesmo alinhamento, conforme ilustra a Figura 19. A sapata associada é 
utilizada ao ter carregamento da estrutura elevada em relação à resistência admissível 
do solo. Em função disso, geralmente, recomenda-se utilizar viga de rigidez para 
melhor distribuir o carregamento. (BARBOSA, 2021). 
Figura 19 - Fundação rasa do tipo sapata associada com viga de rigidez 
 
Fonte: bit.ly/3RFE3Vr 
 
 
48 
 
 
A sapata associada é, principalmente, utilizada quando ocorre a sobreposição 
das projeções das sapatas concebidas individualmente. Recomenda-se, ainda, utilizar 
este tipo de sapata quando se tem pilares suficientemente próximos, como, por 
exemplo, em pilares duplos em uma junta de dilatação. 
7.2.2 Sapata de Divisa 
É utilizada se, devido à imposição arquitetônica do projeto, necessita construir 
uma fundação que está próxima ou no limite da divisa do terreno. As sapatas de divisa 
podem ser divididas em dois grupos: excêntrica ou com viga de equilíbrio, conforme 
ilustra a Figura 20. 
A viga de equilíbrio, também denominada de viga alavanca, tem a função de 
receber as cargas de um ou dois pilares para transmitir de forma centrada às 
fundações. A sapata de divisa excêntrica, é a solução mais imediata para fundações 
de divisa, todavia, essa solução pode gerar grande excentricidade na estrutura, 
principalmente, se o carregamento for muito elevado. No intuito de resistir ao momento 
fletor gerado pela excentricidade, recomenda-se utilizar a viga de equilíbrio que vai 
tanto resistir ao esforço de momento fletor quanto distribuir o carregamento entres as 
fundações unidas pela viga. (BARBOSA, 2021). 
Figura 20 - Fundação rasa do tipo sapata de divisa do tipo (a) excêntrica e (b) 
com viga de equilíbrio em planta e em corte 
 
Fonte: bit.ly/3qALjWP 
 
 
49 
 
 
7.2.3 Radier 
Trata-se de um elemento estrutural do tipo placa contínua, que apresenta 
rigidez adequada tanto para receber quanto para distribuir mais do que 70% das 
cargas da estrutura, conforme ilustra a Figura 21. Para tanto, parte ou todas as 
alvenarias e os pilares transmitem o carregamento da edificação por meio de contato 
direto com o radier. 
Figura 21 - Fundação rasa do tipo radier pode receber carregamento de parte 
ou todas as alvenarias e/ou pilares 
- 
Fonte: bit.ly/3xkDad6 
O radier é uma solução técnica que distribui o carregamento para o solo de 
forma uniforme distribuída, recomendado para edificações de pequeno porte e quando 
houver solo de baixa resistência. Todavia, possui elevado custo, pois a estrutura é 
armada tanto na face superior quanto na inferior nas duas direções. Outro aspecto a 
ser considerado sobre o radier é o elevado nível de dificuldade por execução, 
principalmente, em terrenos urbanos confinados. (BARBOSA, 2021). 
 
 
50 
 
 
7.3 Classificação das fundações profundas 
As fundações profundas transmitem o carregamento para o subsolo por meio da 
resistência do fuste, pela resistência da base ou pela combinação dessas duas. 
Segundo Campos (2015), as fundações profundas são utilizadas quando 
superficialmente o subsolo não apresenta resistência adequada a magnitude do 
carregamento, sendo classificadas em dois grandes grupos: tubulões e estacas. 
7.3.1 Tubulão 
Trata-se de um elemento estrutural em que, majoritariamente, as cargas da 
edificação são resistidas pela base e podem ser classificados em tubulão a céu aberto 
e tubulão a ar comprimido. Os tubulões são escavados manual ou mecanicamente, 
todavia, na fase final da escavação, é necessário trabalho manual para limpeza do 
fundo da escavação ou para alargamento da base (ABNT, 2019). 
 Geometricamente, os tubulões necessitam ter um diâmetro de fuste mínimo de 
70cm e, se houver alargamento da base, deve ter forma de um tronco com rodapé de 
20cm de altura no mínimo, conforme ilustra a Figura 22. 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
Figura 22 – Detalhes geométricos e construtivos dos tubulões 
Fonte: BARBOSA, 2021. 
O tubulão a céu aberto é recomendado quando a cota de assentamento da 
base estiver acima do nível da água ou, ainda, quando houver solo saturado coesivo, 
desde que seja possível fazer o bombeamento da água para fora da escavação sem 
o risco de desmoronamento do solo. 
O tubulão a ar comprimido é recomendado quando a cota de assentamento da 
base estiver abaixo do nível do lençol freático. Para tanto, durante a escavação do 
fuste, é necessário usar um revestimento de concreto ou metálico, comumente 
denominado de camisa, que pode ser recuperado após a concretagem do tubulão. 
Nesse tipo de tubulão, é permitido altura superior a 180cm, todavia, deve ser verificada 
a estabilidade do maciço de terra durante a escavação e não deve ultrapassar 300cm. 
 
7.3.2 Estacas 
A NBR 6122 define que estaca como: 
[...] elemento de fundação profunda executado inteiramente por 
equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, 
haja trabalho manual em profundidade. Os materiais empregados podem ser: 
madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco, argamassa, 
 
 
52 
 
 
calda de cimento, ou qualquer combinação dos anteriores. (ABNT, 2019, p. 
3). 
As estacas podem ser classificadas em dois grandes grupos: pré-moldadas e 
moldadas in loco. As estacas pré-moldadas, também denominadas de pré-fabricadas, 
são introduzidas no solo por meio da vibração (martelo vibratório) ou choque mecânico 
(martelo por gravidade, de explosão e hidráulico). Já para a estacamoldada in loco, 
ocorre a perfuração do solo e, em seguida, é a feita introdução de concreto, 
argamassa ou pasta de cimento no local. 
8 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO 
Na elaboração de projetos de estabilização de taludes, não se pode esquecer 
que “cada caso é um caso” e que “a natureza não se repete”, e, a adoção de uma 
solução deve estar embasada em estudos cuidadosos, que consideram as 
características do meio físico e os processos de estabilização envolvidos. 
De acordo com Carvalho (1991), é com base no conhecimento das causas dos 
processos de instabilização de taludes de cortes, aterros e encostas naturais que 
devem ser definidas e construídas as obras de estabilização. Este embasamento faz-
se necessário para garantir a eficácia e a eficiência das obras do ponto de vista técnico 
e econômico, evitando a execução de obras desnecessárias e a alocação de recursos 
financeiros excessivamente elevados para a sua função. 
8.1 Retaludamento 
Conforme afirma Gerscovich (2016), quando se fala de um cenário em 
desequilíbrio, ou seja, de um maciço instável, a solução mais fácil e economicamente 
viável é alterar a geometria do talude, removendo o volume de terra mais instável. 
Para haver um aumento na estabilidade por meio do retaludamento, alivia-se o peso 
junto à crista e se acrescenta peso junto ao pé do talude — ou seja, na base. O corte 
executado próximo à crista do talude decresce a fração do momento atuante, e a 
 
 
53 
 
 
aplicação de uma sobrecarga no pé do talude gera efeito harmonizado no maciço 
(MASSAD, 2003), conforme mostra a Figura 23. 
Figura 23 - Composição de um talude. 
Fonte: Londe e Bitar (2011, p. 230) 
Ainda conforme Gerscovich (2016), existem várias formas de estabilização de 
taludes, porém, a mais utilizada, devido à sua clareza e eficácia, é o retaludamento. 
Esse processo está associado a obras que necessitam de um controle de drenagem 
mais eficaz. O retaludamento tem função de proteção superficial, reduzindo, dessa 
forma, a infiltração da chuva, além de orientar o escoamento de água, inibindo 
processos erosivos. 
De acordo com Norma Brasileira (NBR) 8044 (ABNT, 2018) e a NBR 11682 da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2009), as técnicas construtivas 
para esse tipo de alteração geométrica consistem em: 
 Reparar a superfície de contato entre o talude original e o aterro, a fim de 
reduzir a infiltração da água no maciço; 
 Executar a drenagem na área da base do aterro, com execução de canaletas 
e/ou escadas hidráulicas, para auxílio de redirecionamento das águas 
pluviais; 
 Executar o aterro conforme o projeto; 
 
 
54 
 
 
 Implantar o sistema de drenagem superficial; 
 Colocar cobertura vegetal ou artificial, que evita a erosão. 
As áreas retaludadas se tornam frágeis em decorrência da exposição recente de 
novas áreas cortadas/alteradas. Devido a isso, o projeto de retaludamento deve incluir 
uma proteção do talude (revestimento natural) e um sistema de drenagem eficaz. 
(STEIN et al., 2021). 
8.2 Drenagem 
Os sistemas de drenagem superficial e profunda, além de contribuírem para a 
estabilização, são elementos obrigatórios nos projetos, visto que a água é um dos 
principais agentes de instabilização de taludes. A previsão de sua captação e o 
direcionamento da água se fazem necessários em diversos projetos de construção 
civil, inclusive em obras que envolvem taludes (PELAQUIM, 2021). 
Este sistema tem por objetivo a retirada de parte da água de percolação no 
interior do maciço, captando-as e direcionando-as para local conveniente. Trata-se de 
um dos procedimentos mais eficazes e mais empregados na estabilização da maioria 
dos taludes. O dimensionamento hidráulico dos dispositivos de drenagem é 
dependente da estimativa da vazão de contribuição, função de parâmetros como área 
de captação, características geométricas, precipitação de projeto, condições 
superficiais, etc. (PELAQUIM, 2021). 
 
 
 
55 
 
 
8.2.1 Drenagem superficial 
A drenagem superficial de taludes consiste na captação das águas que escoam 
superficialmente sobre o maciço, conduzindo-as para pontos mais baixos e afastados 
da encosta, medida que evita ou reduz significativamente processos erosivos e a 
saturação do solo. (STEIN et al, 2021). 
A Figura 24 apresenta um talude rodoviário com um sistema de drenagem 
superficial e seus principais dispositivos componentes: canaletas, saídas d’água, 
escadas d’água e caixas de dissipação. 
Figura 24 - Indicação dos diversos dispositivos de um sistema de drenagem 
superficial. 
 
Fonte: Adaptada de Carvalho (1991). 
 
Onde: 
 Canaletas longitudinais de berma: são construídas no sentido longitudinal 
das bermas dos taludes, com a finalidade de coletar as águas pluviais que 
escoam em suas superfícies. 
 
 
56 
 
 
 Canaletas transversais de berma: são construídas no sentido transversal das 
bermas e têm por objetivo evitar que as águas da chuva que atingem a berma 
escoem longitudinalmente. 
 Canaletas de crista: são construídas em proximidade à crista do talude de 
corte, com o intuito de interceptar o fluxo de água resultante da área a 
montante. 
 Canaletas de pé: são construídas próximo à base do talude, a fim de coletar 
as águas provenientes de sua superfície. Além disso, esses dispositivos 
previnem a ocorrência de erosão no pé do talude. 
 Canaletas de pista: são construídas na lateral das pistas, com a finalidade de 
captar as águas pluviais provenientes delas. 
 Saídas d’água: são canais construídos para captar as águas provenientes das 
canaletas e encaminhá-las para drenagens naturais ou bueiros. 
 Escadas d’água: construídas em forma de degraus, sua função é coletar e 
conduzir as águas interceptadas pelas canaletas, de maneira que não atinjam 
velocidades de escoamento elevadas. 
 Caixa de dissipação: em geral, de concreto, são caixas construídas nas 
canaletas e extremidades das escadas d’água, a fim de dissipar a energia 
hidráulica das águas coletadas. 
 Caixa de transição: são caixas, geralmente de concreto, construídas nas 
canaletas e nos locais em que ocorrem mudanças bruscas de direção de 
escoamento, assim como na união de canaletas. Também possibilitam a 
dissipação de energia e direcionam o encaminhamento das águas. 
 
 
 
 
57 
 
 
8.2.2 Drenagem profunda (ou subterrânea) 
 
A drenagem profunda tem como principal objetivo a retirada de água que 
percola no interior do maciço, reduzindo o nível freático e, consequentemente, as 
pressões neutras. Os principais dispositivos dos sistemas de drenagem profunda são 
drenos sub-horizontais profundos (DHP), poços de alívio, ponteira, trincheiras 
drenantes e galerias. 
A drenagem subterrânea é eficaz, mas pode se apresentar relativamente mais 
cara quando comparada às demais soluções. Assim, é essencial que a água no 
interior do maciço seja identificada como uma causa do deslizamento antes que os 
métodos de drenagem subterrânea sejam aplicados a um projeto de estabilização 
(HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008). 
A Figura 26 ilustra a atuação dos dispositivos de drenagem profunda no nível 
freático do maciço. 
Figura 25 - Atuação de um sistema de drenagem profunda no interior do talude. 
 
Fonte: Adaptada de Carvalho (1991) 
 
 
58 
 
 
8.3 Muros 
Os muros são definidos como estruturas de contenção lineares ou corridas, que 
possuem inclinação vertical ou quase vertical, caracterizados por resistirem aos 
esforços do terreno pela ação do seu peso próprio. Quanto à sua forma, os muros 
podem ser mais robustos, chamados de muros de peso ou gravidade, ou mais 
esbeltos, quando são denominados muros a flexão (STEIN et al, 2021). 
Muros de contenção podem ser construídos com diversos tipos de materiais: 
alvenaria (tijolo ou pedra), concreto, sacos de solo-cimento, gabiões, pneus, etc. Os 
muros de flexão devem possuir armaduras para resistir aos momentos decorrentes do 
empuxo do solo. Os muros de gravidadesão geralmente recomendados para 
contenção de desníveis pequenos ou médios, de até 5 m (GERSCOVICH; 
DANZIGER; SARAMAGO, 2019). 
Os muros de gravidade em alvenaria de pedra são os mais populares e antigos, 
mas sua aplicação é limitada devido a sua composição. Podem ser executadas com 
pedras organizadas manualmente, que interagem entre si, ou com a aplicação de 
argamassa entre as pedras (Figura 26), preenchendo os vazios. Neste último caso, 
são indicados para vencer desníveis da ordem de 3m. Existem ainda os muros de 
gravidade em concreto, simples ou ciclópico, que são estruturas construídas com 
concreto e blocos de rocha (STEIN et al, 2021). 
Figura 26 - Muro de gravidade em alvenaria de pedra argamassada. 
 
Fonte: Stein, 2021 
 
 
59 
 
 
De acordo com Milititsky et al. (2019), os muros de flexão (Figura 27) são 
estruturas esbeltas que possuem seção transversal em forma de “L” ou “T” invertido, 
resistindo ao empuxo do terreno por ação do seu peso próprio e do peso do solo sobre 
sua base (seja em “L” ou “T”). São construídos geralmente em concreto armado e 
podem se aplicar a desníveis superiores a 5m. A fundação desses elementos pode 
ser direta ou superficial, transmitindo as tensões pela base, ou profunda, na qual o 
muro apoia-se em estacas. 
Figura 27 - Muro de flexão em “L”. 
 
Fonte: Gerscovich, Danzigere Saramago,2019. 
8.4 Cortinas 
 
As cortinas são estruturas de contenção esbeltas, que estão sujeitas aos 
esforços de flexão. São geralmente recomendadas quando a obra não dispõe de área 
suficiente para utilização de um muro e/ou em desníveis superiores a 5 m. Esse tipo 
de estrutura de contenção se apresenta em diversas obras de engenharia que 
envolvem escavações subterrâneas (metrôs, galerias, subsolos de edifícios, etc.), 
inclusive, em obras portuárias (GERSCOVICH; DANZIGER; SARAMAGO, 2019). 
As cortinas podem apresentar em balanço, escoradas ou atarantadas. Os 
paramentos frontais verticais podem se constituir de painéis de concreto armado ou 
em estacas, que podem ser dos tipos raiz, hélice contínua ou estacões (Figura 28). 
 
 
60 
 
 
Figura 28 - Cortina de estacas atirantada. 
 
Fonte: Incotep (2019, documento on-line). 
8.5 Solo grampeado 
O solo grampeado ou solo pregado pode ser definido como uma técnica de 
reforço do talude, por meio da introdução de elementos denominados grampos, que 
possuem resistência à tração, no maciço (SPRINGER, 2001). Os grampos se 
constituem de barras de aço envolvidas por uma injeção de calda de cimento ao longo 
de todo seu comprimento. As barras podem ser inseridas no maciço por meio de 
perfuração (pré-furo) ou cravação, sendo o primeiro método mais utilizado. A técnica 
de solo grampeado pode ser utilizada em taludes de encostas naturais ou de 
escavação, aplicada também a taludes rochosos. No caso das escavações, a 
execução é feita em etapas, em que a contenção é executada sucessivamente em 
desníveis parciais, garantindo a estabilidade. Face a essa característica executiva, o 
solo grampeado é tecnicamente aplicado a solos com determinada coesão, que sejam 
estáveis às escavações parciais previamente à instalação dos grampos. (STEIN et al, 
2021). 
 
 
61 
 
 
8.6 Capim-Vetiver 
A vegetação pode causar efeitos benéficos nas encostas, como reduzir 
o transporte de sedimentos, aumentar a taxa de infiltração do solo e controlar 
a erosão marginal. Para estabilizar o solo positivamente, é necessário conhecer as 
características técnicas da vegetação para o melhor aproveitamento e 
desenvolvimento no local de estabilização do solo e no controle do processo de 
erosão. 
Gramíneas como o capim-vetiver têm sido utilizadas no controle de processos 
erosivos e na estabilização de taludes, promovendo uma redução de 50% e 
70% do escoamento superficial e da erosão do solo, respectivamente [...]. A 
cobertura do solo com gramíneas fornece uma proteção eficaz contra a 
erosão da superfície ao reduzir o impacto das chuvas sobre o solo 
descoberto, como também ao aumentar a percolação de água, a coesão do 
solo e a resistência dos taludes, promovidos pelas raízes [...] (MACHADO, 
2014, p.11). 
O capim vetiver (Figura 29), tem sido estudado por alguns pesquisadores por 
sua resistência ao cisalhamento resultante da interação solo-raiz, pois penetra 
profundamente no solo com facilidade e fornece ancoragem necessária para evitar 
deslizamentos de terra na superfície. (MACHADO, 2014). 
Figura 29 - Planta do capim-vetiver 
 
Fonte: Machado, 2014. 
 
 
62 
 
 
Estudos realizados por Mickovski et al. (2005), Cazzuffi et al. (2006) e Truong 
& Loch (2004) comprovaram a eficiência do capim-vetiver no aumento da 
resistência ao cisalhamento do solo. 
A resistência à tração é uma das propriedades mecânicas mais importantes 
das raízes. Gray & Sotir (1996) afirmaram que as fibras da raiz aumentam a 
resistência ao cisalhamento do solo, transferindo a tensão de cisalhamento gerada 
na matriz do solo para as fibras através do atrito na interface ao longo do 
comprimento da fibra. Quando ocorre o cisalhamento, as fibras se deformam e 
ocorre o alongamento, mobilizando a resistência. Este efeito combinado de solo e 
raiz foi denominado de reforço de solo. 
O vetiver, por outro lado, possui raízes fasciculares que crescem até 3 
metros de profundidade e servem para atirantar o solo, resultando em aumento da 
resistência ao cisalhamento do solo. Em testes de cisalhamento direto em amostras 
de solo não perturbadas, foi descoberto que a resistência ao cisalhamento de solos 
cultivados com vetiver aumentou em até 90% em solos não cultivados após dois 
anos de plantio. 
No entanto, é importante enfatizar que a resistência à tração do vetiver pode 
variar. Para De Baets et al. (2008) vários fatores podem explicar essa variabilidade 
na resistência à tração da raiz, como variações na idade da raiz, taxa de 
crescimento, direção pela variação do conteúdo de umidade do solo, textura e 
estado do solo. 
O efeito das raízes na melhoria da estabilidade de taludes já vem sendo 
estudado e reconhecido há alguns anos (GRAY et al, 1996). 
Entretanto, ainda são precárias as referências na literatura a respeito das 
propriedades do sistema radicular das plantas, em especial as do capim-vetiver, 
sendo necessários estudos para melhorar a compreensão do efeito reforço das 
raízes ao solo, a fim de viabilizar a sua adequação para a estabilização de 
taludes fluviais. 
 
 
 
 
 
63 
 
 
9 REFERÊNCIAS 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459:2016: 
determinação do limite de liquidez. Acesso em set/2022. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7180:2016: 
determinação do limite de plasticidade.2016. Acesso em set/2022. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122 – Projeto e 
execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019. 
BARBOSA, Eduarda P. Fundações rasas e profundas. Disponível em: Minha 
Biblioteca, Editora Saraiva, 2021. 
CARVALHO, P. A. S. de Manual de geotecnia: taludes de rodovias: orientação 
para diagnóstico e soluções de seus problemas. São Paulo: Departamento de 
Estradas e Rodagens do Estado de São Paulo, Instituto de Pesquisa Tecnológicas, 
1991. 388 p. 
CAZZUFFI, D.; CORNEO, A.; CRIPPA, E. Slope stabilisation by perennial “gramineae” 
in Southern Italy: plant growth and temporal performance. Geotechnical and 
Geological Engineering, Italy, n. 24, p. 429-447, 2006. 
GERSCOVICH, D. M. S. Estabilidade de taludes. 2. ed. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2016. 192 p. 
GERSCOVICH, D. M. S. Estabilidade de taludes. São Paulo: Oficina de Textos, 
2012. 
GERSCOVICH, D. M. S. Estabilidade de taludes: com exercícios resolvidos. 2. 
ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 
GRAY, D. H.; SOTIR, R. B. Biotechnical and soil bioengineering slope 
stabilization: A practical guide for erosion control. New York, John Wiley & Sons, 
1996. 378 p. 
 
 
64 
 
 
GROTZINGER, J.; JORDAN, T. Para entender a terra.6. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2013. 
HIGHLAND, L. M.; BOBROWSKY, P. (org.). O manual de deslizamento – um guia 
para a compreensão de deslizamentos. Reston, U. S.: Geological Survey, 2008. 
INCOTEP. Soluções para seus projetos. Guarulhos: Incotep Sistemas de 
Ancoragem, 2019. Disponível em: https://www.incotep.com.br/wp-
content/uploads/2016/12/aco_005_in-cotep_julho19_rev1.pdf. Acesso em: 16 dez. 
2020. 
MACHADO, Lorena. Comportamento do capim-vetiver (Chrysopogon zizanioides 
(L.) Roberty) como contribuição na estabilização de talude da margem do rio são 
francisco.2014.Tese (Dissertação apresentada à Universidade Federal de Sergipe, 
como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agroecossistemas, área de 
concentração em Produção em Agroecossistemas, para obtenção do título de “Mestre 
em Ciências”). UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, Sergipe, 2014. 
 MICKOVSKI, S. B., VAN BEEK, L. P. H.; SALIN, F. Uprooting of vetiver uprooting 
resistance of vetiver grass (Vetiveria zizaoindes). Plant and Soil, v. 278, n. 1-2, p. 
33-41, 2005. 
MURRIETA, Pedro. Mecânica dos Solos. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo 
GEN, 2018. 
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: 
Oficina de Textos, 2012. 
SANTOS, Palloma Ribeiro Cuba, D. e João Dalton Daibert. Análise dos Solos. 
Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Saraiva, 2013. 
STEIN, Ronei, T. et al. Estabilidade de Taludes e Contenções. Disponível em: 
Minha Biblioteca, Grupo A, 2021. 
 
 
65 
 
 
VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: critério de projeto, investigação 
do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. São Paulo: 
Oficina de Textos, 2010. 
 
 
 
 
	1 INTRODUÇÃO
	2 ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
	2.1 Ciclo de formação das rochas
	2.2 Conceito de superfície específica
	2.3 Formação dos Solos
	3 COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA
	3.1 Solos Grossos
	3.2 Solos Finos
	3.3 Caolinitas
	3.4 Montmorilonitas
	3.5 Ilitas
	4 ENSAIOS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS
	4.1 Granulometria
	4.2 Limites de Atterberg
	4.3 Definição de Índices Físicos
	4.4 Definição do estado do solo
	4.4.1 Areias
	4.4.2 Argilas
	5 Sondagem
	5.1 Perfuração e ensaio de SPT
	6 FATOR DE SEGURANÇA
	7 FUNDAÇÕES, CONCEITOS E NORMAS
	7.1 Investigação do subsolo
	7.2 Classificação das fundações superficiais
	7.2.1 Bloco
	7.2.2 Sapata isolada
	Este tipo de sapata deve ser construído em concreto armado e dimensionada de maneira que as tensões de tração solicitadas na estrutura devem ser resistidas, utilizando-se armaduras. Ao combater esses esforços de tração que surgem na sapata com armadur...
	7.2.3 Sapata corrida
	7.2.1 Sapata associada
	Sapata dimensionada para atender a dois pilares ou mais, desde que não estejam no mesmo alinhamento, conforme ilustra a Figura 19. A sapata associada é utilizada ao ter carregamento da estrutura elevada em relação à resistência admissível do solo. Em ...
	7.2.2 Sapata de Divisa
	7.2.3 Radier
	Trata-se de um elemento estrutural do tipo placa contínua, que apresenta rigidez adequada tanto para receber quanto para distribuir mais do que 70% das cargas da estrutura, conforme ilustra a Figura 21. Para tanto, parte ou todas as alvenarias e os pi...
	7.3 Classificação das fundações profundas
	As fundações profundas transmitem o carregamento para o subsolo por meio da resistência do fuste, pela resistência da base ou pela combinação dessas duas. Segundo Campos (2015), as fundações profundas são utilizadas quando superficialmente o subsolo n...
	7.3.1 Tubulão
	7.3.2 Estacas
	8 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
	8.1 Retaludamento
	8.2 Drenagem
	8.2.1 Drenagem superficial
	A drenagem superficial de taludes consiste na captação das águas que escoam superficialmente sobre o maciço, conduzindo-as para pontos mais baixos e afastados da encosta, medida que evita ou reduz significativamente processos erosivos e a saturação do...
	A Figura 24 apresenta um talude rodoviário com um sistema de drenagem superficial e seus principais dispositivos componentes: canaletas, saídas d’água, escadas d’água e caixas de dissipação.
	8.2.2 Drenagem profunda (ou subterrânea)
	8.3 Muros
	8.4 Cortinas
	8.5 Solo grampeado
	8.6 Capim-Vetiver
	9 REFERÊNCIAS

Outros materiais