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Acidez e basicidade APRESENTAÇÃO A acidez e a basicidade de compostos orgânicos ditam a reatividade da grande maioria das reaçõ es orgânicas conhecidas, o que torna esse conceito uma base fundamental para o entendimento d os mecanismos de reação. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a acidez e a basicidade de compostos orgânic os. Você vai ver que esse conceito é muito mais amplo do que a mera liberação de íons H+ ou O H- e que um ácido orgânico não é necessariamente uma substância corrosiva e perigosa como as que você se acostumou a ver em filmes. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar um ácido/base de Brönsted-Lowry.• Identificar um ácido/base de Lewis.• Avaliar a força de ácidos/bases de acordo com suas características estruturais.• DESAFIO A abordagem de Lewis para a classificação de ácidos e bases é, sem dúvida, a mais abrangente: um ácido não é mais somente um doador de íons de hidrogênio, e sim um aceptor de pares de el étrons. Por sua vez, uma base deixa de ser uma mera aceptora de prótons para ser uma doadora d e pares de elétrons. Há alguns elementos químicos que, dada sua posição na tabela periódica, se comportam como ácidos de Lewis extremamente fortes, como o boro e o alumínio, que formam compostos trivalentes planares e aceitam com facilidade mais um par de elétrons em um orbital p vazio, adotando geometria tetraédrica. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver alguns aspectos que influenciam o comporta mento ácido de uma espécie. Pensando nisso, classifique os seguintes compostos de boro e m ordem crescente de acidez: BI3, BF3, BBr3, BCl3 INFOGRÁFICO A principal maneira de determinar a força de um ácido é por meio da análise da estabilidade da s ua base conjugada. Por exemplo, comparando os ácidos fenol x ciclo-hexanol, temos que o fenol é muito mais ácido, pois a deslocalização da carga negativa no ânion fenolato torna a base conju gada dele mais estável. Veja mais sobre essa estabilidade no Infográfico. CONTEÚDO DO LIVRO Consulte a obra Química orgânica. Comece pela página 64 (seção 1.13), que versa sobre ácidos e bases de Brönsted-Lowry. Feito isso, vá à página 69 e leia toda a seção 1.15, que irá lhe explic ar as relações existentes entre estrutura e força ácida. Boa leitura. S É T I M A E D I Ç Ã O Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 C273q Carey, Francis A. Química orgânica [recurso eletrônico] : volume 1 / Francis A. Carey ; tradução: Kátia A. Roque, Jane de Moura Menezes, Telma Regina Matheus ; revisão técnica: Gil Valdo José da Silva. – 7. ed. – Dados eletrônicos – Porto Alegre : AMGH, 2011. Editado também como livro impresso em 2011. ISBN 978-85-8055-053-5 1.Química orgânica. I. Título. CDU 547 64 cAPÍtULo Um A estrutura determina as propriedades atenção é dada aos cálculos numéricos: pH, percentual de ionização, problemas que envolvem tampões etc. Alguns deles estão presentes na química orgânica, mas estamos mais interessados nos papéis que ácidos e bases desempenham como reagentes, produtos e catalisadores de rea- ções químicas. Vamos começar pela revisão de algumas ideias gerais sobre ácidos e bases. De acordo com a teoria proposta por Svante Arrhenius, químico sueco ganhador do Prêmio Nobel de química de 1903, um ácido é uma substância que se ioniza para produzir prótons quando dissolvida em água. �H� Próton ÂnionÁcido H A A � Uma base se ioniza para produzir íons hidróxido. � Cátion M� Base HM O O Íon hidróxido � H Os ácidos diferem no grau em que se ionizam. Aqueles que se ionizam completamente são chamados de ácidos fortes; caso contrário, são chamados de ácidos fracos. Da mesma forma, as bases fortes se ionizam completamente e as bases fracas não. A força de um ácido fraco é medida por sua constante de acidez, que é a constante de equilíbrio Ka para a ionização em solução aquosa. Ka � [H�][ A�] [HA] Uma maneira conveniente de expressar a força de um ácido é pelo seu pKa, definido como: pKa –log10Ka Assim, o ácido acético com Ka 1,8 1025 tem um pKa de 4,7. A vantagem do pKa sobre o Ka é que ele evita os exponenciais. Provavelmente você está mais familiarizado com Ka, mas a maioria dos bioquímicos e químicos orgânicos usa pKa. É bom você se habituar aos dois sistemas; para isso, pratique a conversão de Ka em pKa e vice-versa. O ácido salicílico, o material de partida para a preparação da aspirina, tem um Ka de 1,06 1023. Qual é o seu pKa? ProBLEmA 1.25 O cianeto de hidrogênio (HCN) tem um pKa de 9,1. Qual é o seu Ka? ProBLEmA 1.26 1.13 ácidos e bases: a Visão de Brønsted-Lowry Uma teoria mais geral de ácidos e bases foi concebida independentemente por Johannes Brønsted (Dinamarca) e Thomas M. Lowry (Inglaterra) em 1923. Segundo a visão de Brønsted-Lowry, o ácido é um doador de prótons e a base é um receptor de prótons. A reação que ocorre entre um ácido e uma base é a transferência de prótons. � �B Base B H � Ácido conjugado A� Base conjugada Ácido H A Na equação mostrada, a base usa um par de elétrons não compartilhados para remover um próton de um ácido. A base é convertida em seu ácido conjugado e o ácido é convertido em sua base conjugada. Uma base e seu ácido conjugado sempre diferem em um único próton. Da mesma maneira, um ácido e sua base conjugada sempre diferem em um único próton. 1.13 Ácidos e bases: a visão de Brønsted-Lowry 65 Na visão de Brønsted-Lowry, um ácido não se dissocia em água; ele transfere um próton para a água. A água atua como uma base. � � H H H H O Água (base) H A Ácido A� Base conjugada Ácido conjugado da água HO � O nome sistemático do ácido conjugado da água (H3O1) é íon oxônio. Seu nome comum é íon hidrônio. Escreva uma equação para a transferência de próton do cloreto de hidrogênio (HCl) para (a) Amônia (:NH3) (b) Trimetilamina [(CH3)3N:] Identifique o ácido, a base, o ácido conjugado e a base conjugada, usando setas curvas para mostrar a movimentação de elétrons. Exemplo de solução Como foi dito um próton é transferido do HCl para o :NH3. Portanto, HCl é o ácido de Brønsted e :NH3 é a base de Brønsted. � � Amônia (base) H3N Cloreto de hidrogênio (ácido) H±Cl Íon cloreto (base conjugada) � Cl Íon amônio (ácido conjugado) H3N±H � ProBLEmA 1.27 A constante de acidez Ka tem a mesma forma na visão de Brønsted-Lowry que na visão de Arrhenius, mas é expressa na concentração de H3O1 em vez de H1. Os termos de concentração [H3O1] e [H1] são considerados quantidades equivalentes em expressões de constante de equilíbrio. Ka � [H3O �][ A�] [HA] Ainda que a água seja um reagente (uma base de Brønsted), sua concentração não aparece na expressão de Ka, porque é o solvente. A convenção para as expressões de constante de equilí- brio é omitir os termos de concentração de solventes, líquidos e sólidos puros. A água também pode ser um ácido de Brønsted, doando um próton para uma base. O amideto de sódio (NaNH2), por exemplo, é uma fonte de íon amideto fortemente básico, que reage com água para produzir amônia. � �N � Íon amideto (base) H H O Água (ácido) O� Íon hidróxido (base conjugada) Amônia (ácido conjugado) HN H H HH H O hidreto de potássio (KH) é uma fonte do íon hidreto fortemente básico (:H–). Usando as setas curvas para mostrar a movimentação dos elétrons, escreva uma equação para a reação do íon hidreto com a água. Qual é o ácido conjugado do íon hidreto? ProBLEmA 1.28 66 cAPÍtULo Um A estrutura determina as propriedades A Tabela 1.8 lista vários ácidos, suas constantes de acidez e suas bases conjugadas. A lista é maior que precisamos nesse momento, mas voltaremos a ela repetidamente ao longo do texto à medida que forem sendo introduzidos novos aspectos de comportamento ácido- -base. A tabela está organizada de maneira que a força do ácido diminui de cima para baixo. De maneirainversa, a força da base conjugada aumenta de cima para baixo. Desse modo, quanto mais forte o ácido, mais fraca é a base conjugada. Quanto mais forte a base, mais fraco o ácido conjugado. TABELA 1.8 Constantes de acidez (pKa) de alguns ácidos Ácido pK a Fórmula Base conjugada Abordado na Seção Iodeto de hidrogênio Brometo de hidrogênio Ácido sulfúrico Cloreto de hidrogênio Íon hidrônio* Ácido nítrico Íon hidrogenossulfato Fluoreto de hidrogênio Íon anilínio Ácido acético Íon piridínio �10,4 �5,8 �4,8 �3,9 �1,7 �1,4 2,0 3,1 4,6 I� Br� HOSO2O � CI� H2O �ONO2 �OSO2O � F� C6H5NH2 � B CH3COH O B CH3CO � O 4,7 5,2 HI HBr HOSO2OH HCI H3O � HONO2 HOSO2O � HF C6H5NH3 1.15 1.15 1.16 1.15 1.16 1.15 1.16 1.15 22.4** 1.15; 19.4 1.14; 22.4 *Nas reações ácido-base nas quais a água é o solvente, o pK a de H30� é zero e o pK a de H20 é 14. — Continua � N A H N **As Seções 15.1 em diante estão incluídas no volume 2 desta obra. Foi dito que H:– reage com água Foi dito que H:– é uma base forte Portanto, H:– remove um próton da água A reação geral é o ácido conjugado de é 1.13 Ácidos e bases: a Visão de Brønsted-Lowry 67 TABELA 1.8 Constantes de acidez (pK a) de alguns ácidos (continuação) Ácido Fórmula Base conjugada Abordado na Seção Tabelas de pK a disponíveis na Web incluem os dados de H. Reich (Universidade do Wisconsin), em http://www.chem.wisc.edu/areas/reich/pkatable/kacont.htm, e de D. Ripin e D. A. Evans (Harvard), em http://daecr1.harvard.edu/pka/pka.html. *Nas reações ácido-base nas quais a água é o solvente, o pK a de H30� é zero e o pK a de H20 é 14. pK a 1.15 18.1 1.15; 14.5 14.5 14.5 9.4; 9.5H2CPCH2 CH4 CH3CH3 [(CH3)2CH]2NH HCqCH NH3 CH3COCH2CH3 B O CH3CH2 CH3 � [(CH3)2CH]2N � H2N � H2CCOCH2CH3 B O � H2CPCH HCqC � � 9.5 21.1 � B CH3CCH2CCH3 O B O B CH3CCHCCH3 O B O H3NCH2CO � C6H5OH HCO3 � CH3SH (CH3)2NH2 B O H2NCH2CO � C6H5O � CO3 2� CH3S � (CH3)2NH B O H2CO3 H2S HCO3 � HS� HCN NH4 � CN� NH3 B CH3CCH2COCH2CH3 O B O B CH3CH2OCCH2COCH2CH3 CH3OH O B O (CH3)2CHCH H2O B O (CH3)2CCH HO� B O B CH3CCHCOCH2CH3 O B O � B CH3CH2OCCHCOCH2CH3 CH3O � O B O � � 1.14; 22.4 19.9 27.3 1.16; 24.4 19.9 15.13 22.4 21.1 21.8 1.15 18.1 1.15 15.13 18.1 � 1.15CH3CH2OH (CH3)2CHOH (CH3)3COH B CH3CCH3 O CH3CH2O � (CH3)2CHO � (CH3)3CO � CH3CCH2 B O � 11.22 1.15 1.15 18.1 26 24 36 36 43 45 60 62 19 18 17 16 6,4 7,0 9 9,1 9,3 9,6 10 10,2 10,7 10,7 11 13 15,2 15,5 15,7 16Etanol Álcool isopropílico Acetato de etila Acetileno Amônia Diisopropilamina Benzeno Etileno Metano Etano Ácido carbônico Sulfeto de hidrogênio 2,4-Pentanodiona Cianeto de hidrogênio Íon amônio Glicina Fenol Íon hidrogenocarbonato Metanotiol Íon dimetilamônio Acetoacetato de etila Malonato dietílico Metanol 2-Metilpropanal Água* Ciclopentadieno terc-Butanol Acetona � � � H H H H HH H H H H H H HH H H H H � HH H H C 1.15 como a estrutura afeta a força do ácido Os ácidos da Tabela 1.8 abrangem um intervalo de mais de 70 unidades de pKa (1070 em Ka). Nesta seção, apresentaremos algumas generalizações que nos permitirão conectar a estrutura molecular à acidez, pelo menos no que diz respeito às tendências em compostos relacionados. As principais maneiras como a estrutura afeta a acidez dependem de alguns fatores: 1. A força da ligação com o átomo do qual o próton é perdido 2. A eletronegatividade do átomo do qual o próton é perdido 3. A deslocalização eletrônica na base conjugada Força de ligação. É fácil ver o efeito da força de ligação pela comparação da acidez dos haletos de hidrogênio. HF 3,1 Ligação H—X mais forte Ácido mais fraco Ligação H—X mais fraca Ácido mais forte pKa HCl �3,9 HBr �5,8 HI �10,4 Em geral, a força de ligação diminui quando você desce um grupo na tabela periódica. Como o halogênio X se torna maior, a ligação HOX se torna mais longa e mais fraca, e a força do ácido aumenta. Esse é o fator dominante na série HCl, HBr, HI e também contribui para a relativa fraqueza do HF. No caso do HF, um segundo fator se relaciona à alta razão entre a carga e o tamanho do F2. Se os outros fatores forem iguais, os processos que produzem íons com carga elétrica confinada em um pequeno volume são menos favoráveis que os processos nos quais a carga elétrica é mais distribuída. A ligação forte HOF e a alta razão entre a carga e o tamanho de F2 combinam-se para tornar o HF o ácido mais fraco entre os haletos de hidrogênio. Em virtude da relação conjugada entre acidez e basicidade, o ácido mais forte (HI) tem a base conjugada mais fraca (I2), e o ácido mais fraco (HF) tem a base conjugada mais forte (F2). Qual é o ácido mais forte: H2O ou H2S? Qual é a base mais forte: HO2 ou HS2? Compare suas previsões com os dados da Tabela 1.8. ProBLEmA 1.30 Eletronegatividade. O efeito da eletronegatividade na acidez é evidente na série a seguir, que envolve as ligações entre o hidrogênio e os elementos do segundo período C, N, O e F. CH4 60 Menos eletronegativo Ácido mais fraco Mais eletronegativo Ácido mais forte pKa NH3 36 H2O 15,7 HF 3,1 1.15 Como a estrutura afeta a força do ácido 69 Para uma discussão sobre o pKa de HF, HCl, HBr e HI, consulte a edição de janeiro de 2001 do Journal of Chemical Education, p. 116-117. 70 cAPÍtULo Um A estrutura determina as propriedades À medida que o átomo (A) ao qual H está ligado torna-se mais eletronegativo, a polarização 1HOA2 torna-se mais pronunciada e o H é mais facilmente transferido como H1. Uma abordagem alternativa que leva à mesma conclusão baseia-se na equação de transferência de prótons, particularmente em relação ao fluxo de elétrons mostrado pelas setas curvas. � � H H O H A H H A�HO � Vemos aqui que, quando a ligação de HOA é quebrada, os dois elétrons da ligação são conservados por A. Quanto mais eletronegativo for o átomo A, mais facilmente os elétrons poderão fluir em sua direção. Quando se comparam os elementos do mesmo grupo da tabela periódica, a força de ligação é mais importante que a eletronegatividade, como mostram os pKa dos haletos de hidrogênio. O flúor é o mais eletronegativo e o iodo é o menos eletronegativo dos halogênios, mas HF é o ácido mais fraco, enquanto HI é o mais forte. A eletronegatividade é o fator mais importante quando se comparam os elementos de um mesmo período da tabela periódica. Tente resolver este problema sem consultar a Tabela 1.8. (a) Qual é o ácido mais forte: (CH3)3NH ou (CH3)2OH � � ? (b) Qual é a base mais forte: (CH3)3N ou (CH3)2O ? Exemplo de solução (a) O próton ionizável é ligado a N em (CH3)3NH � e a O em (CH3)2OH � . N±H H3C H3C H3C ± ± ± H3C H3C± ± O±H � � O nitrogênio e o oxigênio estão no mesmo período da tabela periódica e, portanto, suas eletronegatividades relativas são o fator determinante. O oxigênio é mais eletronegativo do que o nitrogênio e, portanto, (CH3)2OH � é um ácido mais forte que (CH3)3NH � . ProBLEmA 1.31 Em muitos ácidos, o próton ácido está ligado ao oxigênio. Esses compostos podem ser considerados derivados da água. Dos compostos orgânicos, os mais estreitamente relacionados à água são os álcoois. Os álcoois, em sua maioria, são ácidos um pouco mais fracos que a água, sendo o metanol ligeiramente mais forte. CH3CH2O±H Etanol 16 (CH3)2CHO±H Álcool isopropílico 17 (CH3)3CO±H Álcool terc-butílico 18pKa Água 15,7 HO±H Metanol 15,2 CH3O±H Qual é a base mais forte: etóxido (CH3CH2O ) � ou terc-butóxido [(CH3)3CO ] � ? ProBLEmA 1.32 Substituintes eletronegativos em uma molécula podem afetar a acidez, mesmo quando não estão diretamente ligados ao próton ionizável. Compare o etanol (CH3CH2OH) com um composto relacionado no qual um grupo CF3 substitui o grupo CH3. As acididades relativas da água e do metanol são comparadas em um artigo da edição de novembro de 2001 do Journal of Chemical Education, p. 1496-1498.CH3CH2O±H Etanol 16pKa CF3CH2O±H 2,2,2-trifluoroetanol 11,3 Vemos que a substituição de ligações COH por COF aumenta a acidez do próton OOH em 4,7 unidades de pKa, o que corresponde a uma diferença de 104,7 em Ka. A explicação mais simples para essa acidez maior é que o flúor eletronegativo atrai elétrons para si e essa atração é transmitida pelas ligações, aumentando o caráter positivo do próton OOH. F±C±C±O±H�� F W W F H W W H O maior caráter positivo e, portanto, a maior acidez do próton OOH de 2,2,2-trifluoro- etanol pode ser visto nos mapas de potencial eletrostático exibidos na Figura 1.8. Também podemos explicar a maior acidez de CF3CH2OH em relação a CH3CH2OH lançando mão de suas equações de ionização. X = H Etanol X = F 2,2,2-trifluoroetanol X = H Base conjugada de etanol X = F Base conjugada de 2,2,2-trifluoroetanol X3COCH2OOOH � SOS H H X3COCH2OO � HOO H H � � A base conjugada de 2,2,2-trifluoroetanol (o ânion CF3CH2O2) é estabilizada por seus três átomos de flúor, que atraem os elétrons do oxigênio com carga negativa e dispersam a carga negativa. Em virtude dessa estabilização, o equilíbrio de ionização de CF3CH2OH desloca-se mais para a direita do que o equilíbrio de ionização de CH3CH2OH. Os efeitos estruturais que são transmitidos pelas ligações são chamados de efeitos indutivos. Um substituinte induz uma polarização nas ligações entre ele e algum local remoto. O mesmo tipo de efeito indutivo, que torna o CF3CH2OH um ácido mais forte que o CH3CH2OH, torna o ácido trifluoroacético mais forte que o ácido acético em mais de quatro unidades de pKa. Etanol (CH3CH2OH) 2,2,2-trifluoroetanol (CF3CH2OH) 1.15 Como a estrutura afeta a força do ácido 71 F i g U r A 1.8 Mapas do potencial eletrostático do etanol e do 2,2,2-trifluoroetanol. Como indicam as cores mais azul e menos verde da área próxima ao próton OH no 2,2,2-trifluoroetanol, esse próton tem um grau maior de carga positiva e é mais ácido do que o próton OH no etanol. A escala de cores é a mesma nos dois mapas. 72 cAPÍtULo Um A estrutura determina as propriedades pKa CH3CO±H Ácido acético 4,7 O X CF3CO±H Ácido trifluoroacético 0,50 O X Os ácidos hipocloroso e hipobromoso (HOCl e HOBr) são fracos. Escreva equações químicas para a ionização de cada um deles em água e diga qual é o ácido mais forte. ProBLEmA 1.33 Os efeitos indutivos dependem da eletronegatividade do substituinte e da quantidade de ligações entre ele e o local afetado. À medida que aumenta a quantidade de ligações entre as duas unidades, o efeito indutivo diminui. Deslocalização eletrônica na base conjugada. Com um pKa de 21,4, o ácido nítrico é quase completamente ionizado em água. Podemos ver a razão disso se olharmos para a estrutura de Lewis do ácido nítrico, considerando o que dissemos sobre efeitos indutivos. O átomo N no ácido nítrico não é somente eletronegativo por si só, mas tem uma carga formal 11, o que aumenta sua capacidade de atrair elétrons do grupo 2OH. N±O±H O � O� ± f Os efeitos indutivos, porém, são apenas parte da história. O íon nitrato é produzido quando o ácido nítrico transfere seu próton para a água. � �N±O±H O O� � Ácido nítrico (ácido) N±O �� Íon nitrato (base conjugada) H H O Água (base) H±O � Íon hidrônio (ácido conjugado) ± O O� ± ± ± H H ± ± ±± ±± O íon nitrato é estabilizado por uma deslocalização eletrônica, a qual pode ser representada em termos de ressonância entre três estruturas contribuintes equivalentes: N±O � � � � � O O� � � �NœO O O N±O O O ¢£ ¢£± ± ± ±f f A carga negativa é compartilhada igualmente pelos três oxigênios. A estabilização do íon nitrato pela deslocalização eletrônica aumenta a constante de equilíbrio da sua formação. Qual é a carga formal média de cada oxigênio do íon nitrato? ProBLEmA 1.34 DICA DO PROFESSOR Os conceitos de acidez e basicidade foram sendo desenvolvidos com o passar do tempo, de mod o a terem abrangência cada vez maior. Nesse contexto está a teoria de Lewis, a mais completa p ara explicar o comportamento de compostos orgânicos. Um ácido de Lewis é considerado uma e spécie que apresenta carência de elétrons, e base é uma espécie que apresenta capacidade de doa r elétrons. Na Dica do Professor, veja mais sobre o conceito de Lewis de ácidos e bases. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) Os ácidos carboxílicos apresentam valores de pKa em torno de 4,0. Esses valores pod em ser modificados dependendo, principalmente, dos substituintes ligados no carbon o α-carbonila. Um ácido carboxílico é tanto mais forte quanto mais estável for sua ba se conjugada. Pensando nisso, indique qual dos ácidos a seguir é o mais forte: A) CH3COOH. B) ClCH2COOH. C) ClCH2CH2COOH. D) Cl2CHCOOH. E) HCOOH. Na nossa alimentação estão presentes alimentos que têm características ácidas, como o café e os refrigerantes, e características alcalinas, como a clara de ovo. Considere a tab ela de basicidade a seguir e assinale a alternativa correta: 2) https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/ab48a552429661b3d552ee296e5a3d34 A) Os refrigerantes do tipo cola são considerados de elevada basicidade. B) Alvejantes domésticos são compostos extremamente ácidos. C) O suco gástrico tem características neutras. D) O café apresenta acidez superior à do bórax. E) O sangue humano apresenta características básicas. Compostos fenólicos são espécies ácidas, pois a sua base conjugada apresenta estabiliz ação da carga negativa por meio da deslocalização do par de elétrons para o anel arom ático. Dependendo da natureza do substituinte ligado ao anel, a acidez do H ligado ao oxigênio pode aumentar ou diminuir. Considere os compostos fenólicos a seguir e indi que a ordem decrescente de acidez: 3) A) III > I > II. B) I > II > III. C) III > II > I. D) II > III > I. E) II > I > III. Em química orgânica, a natureza do grupo substituinte pode ter grande efeito na acide z/basicidade de uma molécula. Os halogênios, F, Cl, Br e I, são compostos que retiram densidade eletrônica por efeito indutivo, aumentado a acidez dos compostos. Observe a figura a seguir e assinale a afirmação falsa: 4) A) A troca do F por H aumenta a basicidade. B) A troca de F por metila diminui a basicidade. C) A troca de posição do F altera o Kb. D) A troca do F por uma hidroxila altera o Kb. E) A troca de F por um Cl aumenta o Kb. 5) Segundo a teoria de Lewis, ácido é a espécie que apresenta carência de elétrons, ao pa sso que base é uma espécie capaz de doar elétrons. De acordo com os critérios de Lewis, como as espécies a seguir podem ser classificada s? I. AlCl3 II. H2O III. NH3 IV. CH4 A) I – ácido; II – ácido; III – base; IV – ácido. B) I – ácido; II – base; III – base; IV – nem ácido, nem base. C) I – ácido; II – base; III – base; IV – ácido. D) I – base; II – ácido; III – base; IV – nem ácido, nem base. E) I – nem ácido, nem base; II – base; III - ácido. NA PRÁTICA Um medicamento muito conhecido para o tratamento de certos tipos de câncer é a cisplatina. Ela pode ser utilizada, por exemplo, contra cânceres de ovário, testículos e pulmão, além de ser emp regada em casos de metástase dessas enfermidades. Na Prática, veja mais sobre a cisplatina. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Teorias ácido-base: Brönsted e Lowry Neste vídeo, veja mais sobre as diferenças entre as teorias de Arrhenius, Brönsted-Lowry e Lewi s. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Usando valores de pKa para prever a posição de equilíbrio Este vídeo ensina como usar valores de pKa para prever a posição de equilíbrio para reações org ânicas ácido-base. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no códigopara acessar. Acidez e basicidade de compostos orgânicos: fatores que determinam a acidez Neste vídeo, veja os principais fatores que afetam a acidez de compostos orgânicos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/6HLlfpbJuqA https://www.youtube.com/embed/u_1AfXUPeRA https://www.youtube.com/embed/XRXB0-bp5GY
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