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1 1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO CURSO DE DIREITO DIREITO DO TRABALHO II – JUR 3232 FEVEREIRO DE 2022 Profª: Maria Nívia Taveira Rocha - e-mail: niviataveira@gmail.com PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO Tema nº 8 do Conteúdo Programático da disciplina Direito do Trabalho 2. Prescrição é a perda do direito de ação ocasionada pelo transcurso do tempo, em razão de seu titular não o ter exercido. Portanto, haverá prescrição quando, por inércia do titular do direito de ação (trabalhador), este deixar de escoar o prazo fixado em lei, em exercê-lo. A decadência refere-se à perda efetiva de um direito pelo seu não exercício no prazo estipulado. mailto:niviataveira@gmail.com https://www.google.com.br/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fgenjuridico.com.br%2F2018%2F04%2F05%2Fefeitos-da-inercia-e-do-decurso-do-tempo-prescricao-e-decadencia%2F&psig=AOvVaw3KfmXxQB5h6Mft4yLEdO91&ust=1595706319221000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJC_28jT5uoCFQAAAAAdAAAAABAX 2 2 DESTACANDO OS ASPECTOS PRINCIPAIS SOBRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Prescrição no Direito do Trabalho. A prescrição na Constituição Federal de 1988. A prescrição na CLT. Prescrição extintiva – bienal. Prescrição parcial – Quinquenal. Prescrição total. Prescrição do FGTS. A prescrição em relação a empregado menor de idade. Prescrição intercorrente. Prescrição de Ação meramente declaratória. 3 3 Prescrição arguida na instância ordinária. Prescrição em razão de alteração de regime de trabalho. Decadência no Direito do Trabalho. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO No Direito Romano, o direito às ações era perpétuo, o que provocava um grande transtorno social. A negligência do credor não beneficiava o devedor, que vivia em eterna fuga. A prescrição é o modo pelo qual um direito se extingue pela inércia do seu titular que fica sem ação para assegurá-lo. O tempo é elemento importante e comum aos institutos da prescrição e da decadência, pois seu transcurso sepulta pretensões e direitos se não reivindicados oportunamente, ainda que justos. O tempo tem efeitos nas relações jurídicas. A possibilidade de o devedor ser cobrado de forma indefinida traz insegurança jurídica e conflitos sociais e a prescrição pacífica este conflito. 4 4 A finalidade da prescrição é de ordem pública, pois visa à paz social, à segurança jurídica e à segurança pública. Clóvis Bevilácqua afirma que a prescrição é uma regra de ordem de harmonia e paz, imposta pela necessidade da certeza das relações jurídicas. O interesse do titular do direito, por ele mesmo desprezado, não pode prevalecer acima do interesse mais forte que é a paz social. Para o jurista o grande fundamento da prescrição é o interesse público e a estabilidade das relações jurídicas. A prescrição retira a exigibilidade de um direito, mas o direito em si sobrevive. O direito persiste, mas a pretensão judicial é liquidada. A decadência extingue o próprio direito. No Direito do Trabalho a decadência tem menor incidência do que a prescrição. Para ocorrer a prescrição há dois requisitos: a inércia do titular de um direito e o decurso do tempo, ou seja, o não exercício de um direito pelo seu titular por certo tempo, que a lei estabelece como prazo para conservá- lo, o que gera a presunção de seu interesse em mantê-lo. Neste caso, a pretensão é fulminada pela prescrição. A prescrição retira a exigibilidade de um direito, que sobrevive e pode ser exercido extrajudicialmente, mas não mais cobrado. A obrigação passa a ser natural e seu cumprimento espontâneo. 5 5 Se os direitos não são exercitados e defendidos, acabam por desaparecer. Prescrição e decadência são institutos diferentes. Na prescrição ocorre a extinção do direito que não é exercido no prazo estipulado em lei. Na decadência extingue-se o direito propriamente dito, enquanto na prescrição extingue-se o direito de ação. A prescrição trabalhista encontra-se entre os Direitos Sociais previstos na Constituição da República Federativa do Brasil. Quando a Constituição Federal de 1988 foi promulgada, a prescrição trabalhista era prevista no artigo 7º, inciso XXIX, alíneas “a” e “b”, as quais dispunham o seguinte: “XXIX – ação quantos aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de: a. 5 anos para o trabalhador urbano, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato; b. até 2 anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural.” Havia uma distinção entre o empregado urbano e o empregado rural. Com a Emenda Constitucional 28 / 2000, foram revogadas as alíneas “a” e “b”, do inciso XXIX do artigo 7º, passando o referido Inciso a ter a seguinte redação: http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1160 6 6 VIGÊNCIA APÓS O TÉRMINO XXIX – “ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato.” Portanto, a Emenda Constitucional 28, promulgada em 2000 unificou os prazos prescricionais para os trabalhadores urbanos e rurais. O artigo 11 da CLT também dispõe neste sentido: A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato individual de trabalho. Há de se ressaltar que a prescrição nos contratos domésticos é a mesma que se aplica ao trabalhador urbano consubstanciada no artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal de 1988. 7 7 O texto constitucional é muito claro e diante dele pode - se afirmar que o trabalhador poderá, através de medida judicial própria, pleitear créditos trabalhistas que entenda possuir e que porventura lhe sejam devidos, de forma retroativa, nos 5 anos anteriores à data da propositura da Ação Reclamatória Trabalhista. É certo também que o ajuizamento tem o prazo prescricional de 2 anos, contados da data da extinção do contrato individual de trabalho. Ficou estabelecido então que o trabalhador tem garantido seu direito aos créditos resultantes das relações de trabalho respeitado o prazo prescricional de 5 anos como prazo máximo para receber esses créditos, ou seja, quando o trabalhador pretender buscar créditos resultantes das relações laborais deve lembrar que eles sofrerão os efeitos do tempo. Portanto, se o empregado propuser uma medida judicial em desacordo com os prazos prescricionais, estará a mesma automaticamente prescrita, devendo o Juiz do Trabalho, de ofício, por ser o instituto da prescrição de interesse público, declarar prescritos quaisquer créditos. A prescrição é norma constitucional de direito material, porém com efeitos processuais que pode ser aplicada de ofício pelo julgador independentemente de qualquer iniciativa das partes. Existem quatro tipos de prescrição: extintiva, total, parcial e intercorrente. Bom ressaltar que o § 3º do artigo 11 da CLT estabelece que a interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de Ação Reclamatória Trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos. 8 8 PRESCRIÇÃO EXTINTIVA BIENAL A prescrição extintiva diz respeito à pretensão, à exigibilidade do direito. Começa a fluir após a extinção do pacto, já computado o aviso prévio, trabalhado ou indenizado, independentemente de ter ou não ocorrido alguma lesão. Seu prazo é de 2 anos, segundo o artigo 7º, XXIX da ConstituiçãoFederal. OJ – ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 83 – SBDI – 1 – AVISO PRÉVIO INDENIZADO. PRESCRIÇÃO. “A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Artigo 487, § 1º, CLT.” Extinto o contrato individual de trabalho o empregado terá o prazo de 2 anos para ajuizar Ação Reclamatória Trabalhista que vise a reparação de qualquer lesão ocorrida na vigência do contrato. Transcorrido o prazo, sem que a parte tenha exercido seu direito, a pretensão estará prescrita. https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D-gN99E_4mtg&psig=AOvVaw3KfmXxQB5h6Mft4yLEdO91&ust=1595706319221000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJC_28jT5uoCFQAAAAAdAAAAABAe 9 9 PRESCRIÇÃO PARCIAL QUINQUENAL Torna exigíveis as parcelas anteriores a cinco anos da data do ajuizamento da Ação Reclamatória Trabalhista. É o que dispõe a Súmula 308 do Tribunal Superior do Trabalho - TST. SÚMULA Nº 308 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL . “I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ftributarionosbastidores.com.br%2F2019%2F10%2Fstj-e-trf3-nao-ha-prescricao-para-compensacao-de-credito-do-contribuinte-oriundo-de-decisao-judicial-transitada-em-julgado%2F&psig=AOvVaw3KfmXxQB5h6Mft4yLEdO91&ust=1595706319221000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJC_28jT5uoCFQAAAAAdAAAAABAm 10 10 II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da Constituição Federal / 1988. “ O quinquênio é contado da data do ajuizamento da Ação Reclamatória Trabalhista que está sendo julgada, para trás. PRESCRIÇÃO TOTAL A prescrição total está elencada no artigo 11, § 2º da CLT e na Súmula 294 do Tribunal Superior do Trabalho -TST. Artigo 11, § 2º da CLT - Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.migalhas.com.br%2Fquentes%2F311862%2Fstj-afasta-possibilidade-de-dupla-interrupcao-da-prescricao-para-mesma-relacao-juridica&psig=AOvVaw3KfmXxQB5h6Mft4yLEdO91&ust=1595706319221000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJC_28jT5uoCFQAAAAAdAAAAABAD 11 11 SÚMULA nº 294 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST. PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO. Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. Para entender esse tipo de prescrição é necessário analisar o tipo de parcela suprimida, se envolve parcela pactuada entre as partes ou parcela assegurada por lei. O natural é dizermos que temos 2 (dois) anos para ajuizarmos uma Ação Reclamatória Trabalhista, postulando os direitos dos últimos cinco, nada mais. PRESCRIÇÃO DO FGTS A prescrição do FGTS segue o que consta da Súmula 362 do TST, alterada pelo Tribunal Superior do Trabalho - TST em 2015, em razão de decisão do STF. https://www.google.com.br/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fcursocliquejuris.com.br%2Fblog%2Ftudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-prescricao-da-pretensao-punitiva-da-pena-em-abstrato%2F&psig=AOvVaw3KfmXxQB5h6Mft4yLEdO91&ust=1595706319221000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJC_28jT5uoCFQAAAAAdAAAAABAt 12 12 SÚMULA 362 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO -TST. FGTS. PRESCRIÇÃO. I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de 13 / 11 / 2014, é quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra o não - recolhimento de contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do contrato; II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar primeiro: trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13 / 11 / 2014. Por outro lado, não ocorrerá a apuração do FGTS sobre parcela salarial prejudicada pela prescrição, conforme consta na Súmula 206 do Tribunal Superior do Trabalho - TST. SÚMULA 206 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST. FGTS. INCIDÊNCIA SOBRE PARCELAS PRESCRITAS. “A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS.” 13 13 A PRESCRIÇÃO EM RELAÇÃO AO EMPREGADO MENOR DE IDADE Não corre prescrição contra os trabalhadores menores de 18 anos conforme artigo 440 da CLT. Somente a partir do momento em que o empregado fizer 18 anos é que começa a correr o prazo prescricional, mesmo que o ato se refira a período anterior. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE https://www.google.com.br/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.tributomunicipal.com.br%2Fportal%2Findex.php%2Fblog%2Foutros-temas%2Fitem%2F2180-a-prescricao-intercorrente-nos-executivos-fiscais&psig=AOvVaw0sxQMiycaxefIPnAOg6Gmj&ust=1595714615401000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCOC1zary5uoCFQAAAAAdAAAAABAH 14 14 A prescrição intercorrente é a que ocorre durante a fase de execução. Tem cabimento quando a parte deixa de providenciar o andamento do processo, na diligência que lhe competia. Seu prazo é idêntico ao prazo para ajuizar a Ação. Portanto, é de 2 anos para os contratos extintos e de 5 anos se ainda vigente o pacto. Alguns doutrinadores entendiam que não se aplicava a prescrição intercorrente ao processo do trabalho, já que incompatível com seus institutos. Fundamentam que a execução trabalhista pode ser feita de ofício pelo magistrado, nos termos do artigo 878 da CLT, razão pela qual não poderia prescrever um ato que dependa do juiz. Neste sentido a Súmula 114 do Tribunal Superior do Trabalho -TST. SÚMULA 114 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO -TST - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. “É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.” A matéria não era pacífica e tinha posicionamentos contrários. Especialmente porque a Súmula 327 do STF diz que a prescrição intercorrente é aplicável ao processo do trabalho. 15 15 A reforma trabalhista de 2017 enterrou de vez a dúvida, incluindo o artigo 11 - A à CLT: Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos. § 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. § 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO MERAMENTE DECLARATÓRIA É um pedido que a pessoa faz para que o Judiciário declare a existência (ou inexistência, se o juiz assim entender) de uma relação ou situação jurídica. Questão de fundamental importância diz respeito à prescrição de Ação meramente declaratória de tempo de contribuição, para fins de comprovação de tempo de serviço junto ao INSS e anotação de Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS. 16 16 Essa Ação, nos termos do artigo 11, § 1º da CLT, é imprescritível, pois apenas declara a existência de uma relação jurídica, sem efeito pecuniário para a parte, pois que passados os 5 (cinco) anos referentes à prescrição quinquenal. PRESCRIÇÃO NÃO ARGUIDA NA INSTÂNCIA ORDINÁRIA No processo do trabalho, as instâncias ordináriassão duas. A Vara DO Trabalho e o TRT (primeira e segunda instâncias, respectivamente). SÚMULA Nº 153 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST – PRESCRIÇÃO. “Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária.” 17 17 PRESCRIÇÃO EM RAZÃO DA ALTERAÇÃO DE REGIME DE TRABALHO SÚMULA Nº 382 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST. MUDANÇA DE REGIME CELETISTA PARA ESTATUTÁRIO. EXTINÇÃO DO CONTRATO. PRESCRIÇÃO BIENAL. A transferência do regime jurídico de celetista para estatutário implica extinção do contrato individual de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a partir da mudança de regime. O prazo de prescrição para o empregado urbano ou rural propor Ação Reclamatória na Justiça do Trabalho é de dois anos a contar da cessação do contrato individual de trabalho , segundo o artigo 7º, XXIX , da Constituição Federal / 1988. Há prescrições que atingem somente uma parte das pretensões em um determinado lapso temporal. Uma vez efetivada, torna inexigível uma parte do todo. 18 18 No âmbito trabalhista, o empregado tem o prazo de cinco anos para pretender judicialmente o pagamento de créditos que não foram adimplidos. É a chamada Prescrição Quinquenal. Estou falando de um contrato de emprego vigente. Desse modo, se um empregado tem inadimplidas algumas horas extras, por exemplo, terá cinco anos para exigir judicialmente seu direito. Assim sendo, é bom lembrar que sendo o contrato de emprego um negócio jurídico de trato sucessivo, na medida em que o tempo passa, diversos créditos podem ser consumidos pela prescrição. Sendo que outros podem passar a ser devidos, porque novos acontecimentos vão surgindo a cada dia da prestação de serviços. Quando o contrato individual de trabalho termina por qualquer motivo, ou seja, por qualquer das diversas causas de cessação, inicia-se a contagem de um prazo prescricional diferente. Este prazo é de 2 (dois) anos para que o empregado, respeitado o limite retroativo de cinco anos, busque judicialmente o que entenda ser devido a ele. Passados os dois anos sem que o empregado apresente seus pedidos à Justiça do Trabalho, ocorre a prescrição extintiva que conforme o juslaboralista Luciano Martinez, consome absolutamente tudo que poderia ter sido postulado. Então, durante a vigência do contrato de emprego, existe um prazo prescricional de cinco anos contados a partir do ato violador, do direito que foi ferido. Este prazo é que norteia o direito do empregado de ajuizar uma Ação Reclamatória Trabalhista para a discussão de suas pretensões que estão sendo resistidas. Depois de findo o contrato individual de trabalho, o prazo é de dois anos, contados da data da cessação do vínculo de emprego. 19 19 DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO A decadência, também conhecida como “caducidade”, pode ser conceituada como a perda de um direito potestativo* pelo decurso de prazo fixado em lei ou em contrato. Direito potestativo é aquele que é exercido unilateralmente pelo sujeito, independentemente da vontade do outro. É um direito de “mão única”. É exemplo de direito potestativo* a ruptura do contrato individual de trabalho, em que a parte, ao comunicar sua decisão à outra, não se sujeita à sua concordância ou oposição. A decadência regula prazos fatais para o exercício de faculdades no âmbito concreto da relação de emprego. *Potestativo – Revestido de poder. Na decadência há a extinção do próprio direito, diferentemente da prescrição, que extingue apenas a pretensão, a exigibilidade, mantendo intacto o direito. Por exemplo, se um empregador paga uma verba e posteriormente descobre que a referida verba já estava prescrita, não poderá ele pedir o dinheiro de volta, uma vez que o empregado ainda tinha o direito àquela verba, só estava impossibilitado de exigi-la judicialmente). 20 20 São apenas 3 casos no Direito do Trabalho: 1. Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave – Artigo 853 da CLT. Súmula 403 do STF e Súmula 62 do Tribunal Superior do Trabalho - TST. Prazo – 30 dias a partir da suspensão do empregado. 2. Mandado de Segurança - Lei 12.016 / 2009, artigo 23 (vigente) - Prazo de 120 dias a partir da ciência do ato impugnado. 3. Ação Rescisória - Súmula 100 do Tribunal Superior do Trabalho - TST e artigo 975 do CPC. Prazo de 2 anos a partir do trânsito em julgado. CAUSAS INTERRUPTIVAS E SUSPENSIVAS DA PRESCRIÇÃO TRABALHISTA As causas suspensivas ocorrem quando se cria um obstáculo momentâneo que suspende a continuidade do prazo que já havia começado. Resolvido ou desaparecido o obstáculo, prossegue o prazo pelo que lhe sobejar. 21 21 O artigo 11, § 3º da CLT estabelece que “a interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos”. Causas interruptivas são as causas que anulam o prazo em curso. São as causas que anulam o prazo em curso. Paralisam o curso prescricional já iniciado, que será desprezado. Desaparecida a causa interruptiva, então começará um novo curso prescricional. Entende Maurício Godinho Delgado “que a causa interruptiva mais relevante no Direito do Trabalho é a decorrente da propositura de ação judicial trabalhista”. De acordo com o artigo 202, I do Código Civil, a prescrição é interrompida com a citação pessoal feita ao devedor, ainda que ordenada por juiz incompetente. As causas impeditivas da prescrição são as circunstâncias que impedem que seu curso inicie e, as suspensivas, as que paralisam temporariamente o seu curso; superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr, computado o tempo decorrido antes dele. Na causa impeditiva não há início da contagem do prazo. Exemplo: Conforme o artigo 440 da CLT não corre prazo de prescrição aos menores de 18 anos. A Súmula 268 da TST nos traz que a ação trabalhista ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos. 22 22 ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA Este material é suscetível de alterações durante o semestre, bem como no decorrer da apresentação das aulas, em virtude das constantes alterações havidas no Direito do Trabalho, tanto individual quanto coletivo.
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