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ABA Análise do Comportamento Aplicada Ministrado por Karina Fonseca Psicóloga (CRP 01-8987), Psicopedagoga Neuropsicopedagoga, Neuroeducadora Ello Cursos Psicologia – 2022 "Se eles não aprendem do jeito que a gente ensina, nós ensinamos do jeito que eles aprendem" (Ivar Lovaas) Sumário Introdução Autismo, o que é, sinais, diagnóstico Fundamentos do Behaviorismo Fundamentos filosóficos da análise do comportamento- Behaviorismo radical Conceitos e princípios da análise do comportamento aplicada O que é a Análise do Comportamento Aplicada – ABA Quem pode aplicar ABA e o que ele faz Sete critérios básicos Iniciando os trabalhos Marcos do desenvolvimento Entrevista com os familiares (anamnese) Construção de vínculos Avaliação do comportamento Planejamento das intervenções PEI/ PDI Relembrando o que foi estudado até aqui Aplicação Escala FAST Organizando o momento da aplicação, iniciando a prática Elaboração de programas ABA Currículos Reforçadores e reforçamentos Descobrindo as preferências da pessoa Folha de preferências/ RAISD Estratégias de ensino Modelagem, modelação e videomodelação Ensino por tentativas discretas Estratégias de ensino naturalísticas ou Ensino incidental Hierarquia de dicas, generalização Ensino de habilidades básicas Contato visual Sentar-se Aguardar/ Esperar Imitação Linguagem receptiva Linguagem expressiva Pré-acadêmicas Programas (como montar) Aplicando ABA na escola, função do AT- Acompanhante terapêutico Orientação ao receber uma família Direitos e deveres da família (contrato) Dicas de livros e materiais Referências Bibliográficas Introdução ABA não é técnica e não é método, é uma ciência. Com conteúdo extenso, cheio de estratégias de compreensão e intervenção voltadas ao comportamento humano, validadas empiricamente. ABA refere-se ao termo em inglês Applied Behavior Analysis e traduzido para o português como Análise do Comportamento Aplicada. As intervenções em ABA foram e são realizadas em contexto de pesquisa e ciência. Esses estudos dão suporte a essa prática, por isso, vem sendo muito utilizada, especialmente no tratamento de pessoas com autismo, mas também pode ser utilizada em outros transtornos, como o TDAH, transtorno de comunicação, dentre outros. No decorrer de mais de 50 anos de pesquisas científicas, controladas e confiáveis, foram estudados diversos princípios básicos que influenciam o comportamento humano. Por exemplo, diferentes tipos de consequências aumentam ou diminuem a probabilidade de comportamentos ocorrerem no futuro ou diferentes tipos de condições antecedentes, motivadoras ou não, aumentam ou diminuem as chances de determinados comportamentos ocorrerem. Um dos principais processos comportamentais estudados pela Análise do Comportamento, como um todo, é a aprendizagem que também será estudado nesse curso. A intervenção é feita de maneira estruturada, com foco nos comportamentos alvo (que serão descritos em capítulos posteriores) de intervenção, o que estão ligados, a maior parte de dos diagnósticos, à linguagem e comportamentos inadequados. A Terapia ABA, no momento da intervenção trabalhará com esses comportamentos alvo da criança. Por isso é importante a realização da entrevista (anamneses) com a família e as avaliações que forem consideradas importantes para que sejam observados quais comportamentos devem ser trabalhados e estimulados e quais comportamentos inadequados devem ser modificados ou extintos. Como já mencionado, ABA não é específico para ser trabalhado só com crianças com TEA, mas quando falamos sobre esse transtorno, estamos diante de um diagnóstico baseado em déficits e excessos comportamentais, por exemplo, dificuldade na comunicação e nas interações sociais. Mas podemos também ter excessos comportamentais, que podem ser desenvolvidos, diminuídos ou até extintos. Assim, a partir de agora vamos mergulhar no mundo da Análise do Comportamento Aplicada e adquirir mais conhecimento em como auxiliar crianças com TEA e seus familiares a outras crianças que possuam transtornos que necessitem dessa abordagem de forma correta com seus devidos conceitos, teorias e práticas! Autismo, o que é, sinais, diagnóstico Apesar de já termos mencionado que ABA não é utilizado somente com crianças que possuam TEA, mas é utilizado em sua maioria, iremos falar um pouco sobre esse transtorno, para que possamos entender o porquê dele ser hoje o mais utilizado, ou pelo menos muito procurado para auxiliar no dia a dia de pessoas com TEA. De acordo com ARVIGO; SCHWARTMAN (2020 pg. 15), “O transtorno do espectro autista (TEA) faz parte de um grupo de condições que afetam o desenvolvimento infantil, denominado Transtorno do Neurodesenvolvimento, conforme nomenclatura definida pelo Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-V. Esses transtornos, em geral, se manifestam cedo, logo na primeira infância, antes mesmo da criança iniciar sua vida escolar, é são caracterizados por déficits que variam em níveis e que acometem o funcionamento pessoal, social e acadêmico... O TEA se caracteriza por déficits persistentes na comunicação e na interação social, associados a padrões restritos e repetitivos do comportamento, de interesses e/ou atividades... O diagnóstico do TEA é essencialmente clínico e multidisciplinar, envolvendo profissionais de diferentes áreas.” De acordo com o DSM-V, os seguintes critérios diagnósticos devem ser observados: A- Déficits persistentes na comunicação social em muitos contextos Déficits na reciprocidade socioemocional – dificuldade em estabelecer uma conversa, compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afetos, dificuldade para iniciar ou responder a uma interação social Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais para a interação social Déficits no desenvolver, manter e compreender relacionamentos B- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse e atividade (pelos menos um dos seguintes) Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipada ou repetitiva Insistência nas mesmas coisas, inflexível a rotina, padrões ritualizados no comportamento verbal ou não verbal Interesses fixos, altamente restritos (em intensidade e foco) Hiper ou hiporreatividade ou estímulos sensoriais C- Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento D- Os sintomas causam prejuízos significativos no funcionamento social, profissional E- Essas perturbações não são mais explicadas por deficiência intelectual ou por atraso no desenvolvimento global (vem como comorbidades) Com os seguintes especificadores, que mostram o nível de gravidade: Nível de gravidade Comunicação social Comportamentos restritos Nível 1 Exigindo apoio - déficits de comunicação e interação causam prejuízos, dificuldade para iniciar interações, interesse reduzido nas interações sociais Inflexibilidade de comportamento, dificuldade em trocar de atividade, problemas na organização e planejamento dificultam a independência Nível 2 Exigindo apoio substancial - déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal, dificuldade para iniciar interações, interesse reduzido nas interações sociais Inflexibilidade de comportamento, dificuldade em lidar com mudanças. Sofrimento e/ou dificuldade em mudar de foco Nível 3 Exigindo apoio muito substancial - déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal e interação causam prejuízos graves de funcionamento e grande limitação para iniciar interações, interesse reduzido nas interações sociais Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com mudanças. Comportamentos repetitivos e estereotipadosinterferem grandemente no funcionamento de todas as esferas. Fonte: elaborado pela autora, baseado no DSM-V, 2014, pg. 52 O diagnóstico deve ser realizado através de entrevista (anamnese), avaliações (escalas e testes), observações. A partir de um diagnóstico, inicia-se o plano de intervenção, onde será visto qual a melhor forma de tratamento a ser realizada. Uma delas é a Análise do comportamento Aplicada – ABA, que é o nosso objeto de estudo. Mas para falarmos sobre ABA precisamos entender primeiro, sua história, sua linha do tempo, de onde ela surge, par hoje termos essa aborda que auxilia tantas crianças no mundo todo. Fundamentos do Behaviorismo Para podermos chegar a ciência que conhecemos como Análise do comportamento Aplicada, temos que retornar na linha do tempo para compreendermos os marcos científicos que ocorreram, e assim, entendermos conceitos, aplicações. Então, vamos lá! BEHAVIORISMO BEHAVIORISMO ANÁLISE EXPERIMENTAL METODOLÓGCO RADICAL DO COMPORTAMENTO Tudo começou com o surgimento do Behaviorismo, que é a filosofia que sustenta, que fundamenta a análise do comportamento aplicada. Em 1913, John Watson publicou um manifesto Behaviorista, pois ele queria transformar essa filosofia em ciência e para ser ciência dentro da psicologia era necessário que pudesse ser observável, medido, quantificado. E precisava também de um objeto de estudo, o comportamento. Por que ele queria isso? Porque naquela época vivia-se um período de consolidação da ciência, pois ela surgiu como uma nova forma de explicar os fenômenos da natureza, que antes eram explicados pelo senso comum, pela igreja. Por isso via-se uma dificuldade muito grande, pois ao se falar em ciência precisa-se validá-la. Watson foi influenciado por três correntes: Positivismo: O comportamento era algo externo ao homem, como algo que já está lá, cabendo ao homem reconhecê-lo de modo neutro, sem interferências (religiosas, subjetivas). O conhecimento está na natureza e cabe ao homem pesquisa-lo e reconhece-lo como seu habitat sem influências (conceito que posteriormente vem abaixo, pois não há neutralidade). Ao final do século passado a ciência deu mais ênfase a obtenção de dados, medidas, experimentos. Influenciado pela Psicologia de Watson: “Por que não fazemos daquilo que podemos observar o campo de estudo da Psicologia?” Por isso, o objeto de estudo do Behaviorismo é o comportamento. Funcionalismo: Corrente que se preocupava com o processo, como o organismo funcionava no ambiente, mas não havia uma preocupação com o organismo em si, mas só em como ele funcionava. Psicologia animal (Pavlov) – Comportamento Reflexo: Inspiração de Watson, modelo, comportamento respondente. Watson não possuía um modelo, um método, somente a ideia. A partir de Pavlov, ele começa a visualizar e organizar em como colocará em prática essa ideia. Ivan Pavlov (1849-1936), fisiologista e médico russo, criou a Teoria dos reflexos condicionados. Imagem: Pavlov - Teoria dos reflexos condicionados. Fonte: totallyhistory.com contosdajoaninha.blogspot.com A partir desse experimento de Pavlov, surgem alguns conceitos que são importantes: Conceito Descrição do conceito Exemplificação Estímulo Qualquer alteração no ambiente que cause uma alteração no organismo Comida colocada na boca, produz salivação Resposta Qualquer alteração no organismo que cause alteração no ambiente A salivação Reflexo Relação entre um estímulo e uma resposta (S – R) Comida elicia salivação Eliciar Produzir Comida elicia salivação Intensidade do estímulo Força ou quantidade de determinado estímulo Quantidade de comida colocada na boca Magnitude da resposta Força ou determinada resposta Quantidade de saliva produzida Latência da resposta Tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta A salivação inicia após o intervalo de 1,5s depois de a comida ter sido colocada na boca Duração da resposta Tempo decorrido desde o início da emissão da resposta até a sua finalização A salivação continua num período de 30s Limiar do reflexo Intensidade mínima do estímulo para que a resposta seja produzida (eliciada) A salivação começa a ocorrer quando a quantidade de comida na hora for maior ou igual a 5g Habituação Diminuição da magnitude da resposta em função das eliciações produzidas Se ocorrer uma diminuição de salivação mesmo com a manutenção de quantidade de comida Sensibilização Aumento da magnitude da resposta em função das eliciações sucessivas da resposta. Se ocorrer um aumento de salivação mesmo com a manutenção de quantidade de comida Fonte: Elaborado pela autora, de acordo com a obra de MOREIRA (2019, pag. 26-27) Fundamentos filosóficos da análise do comportamento- Behaviorismo Radical Skinner nasceu na Pensilvânia em 1904, estudou língua inglesa e filosofia na Universidade de Nova York, abandonou essa área e foi cursar Psicologia em Harward, posteriormente se tornou professor no mesmo local, onde lecionou e pesquisou até finalizar a sua carreira e faleceu em 1990. Influenciado pelo Behaviorismo de Watson, em seus estudos utilizava ratos e pombos. Sua obra foi extensa, sólida, com base em muito estudo experimental, onde analisou que exixtia ordem e regularidade no comportamento. Assim, nasce o Behaviorismo Radical, pois ele acreditava que todo fazer humano é comportamento e que o comportamento é a raiz de tudo. Esse radical vem da ideia de raiz, ele também considerava o pensamento como comportamento (diferente de Watson), ou seja, TUDO é comportamento. Enquanto Watson no Behaviorismo metodológico fazia essa separação e considerava o pensamento como algo que não era passível de observação. O Behaviorismo radical é uma corrente filosófica onde está fundamentada a Análise do Comportamento. Em 1938, ele publicou um livro chamado “Comportamento dos organismos”. Nessa obra ele faz uma nova proposta do behaviorismo, uma mudança de paradigma, que consistia em mudanças e alterações no modelo explicativo utilizado por Watson para todo e qualquer comportamento. Realizou obras importantes: Ciência e comportamento humano, que é uma leitura importante para compreender comportamento operantes verbais. Modelo de comportamento operante: É a tríplice contingência, não exclui o comportamento respondente S-R, mas nem todo o comportamento vai acontecer somente dessa forma. São respostas novas, adquiridas a partir da interação com o ambiente. Se a resposta for agradável, prazerosa, seguida da resposta, há a probabilidade de repetição. TRÍPLICE CONTINGÊNCIA = MODELO DE APRENDIZAGEM S – R – C Contexto local, ambiente Onde a resposta acontece Consequência A partir da interação com esse (vai determinar ambiente. Emissão de resposta e a manutenção, ou não de eliciação. extinção do Resposta emitida (reforçador) comportamento) Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra MOREIRA, 2019, pg. 147 Em um nível de análise mais amplo, o condicionamento operante ajuda a entender quem somos. Se partirmos do pressuposto que somos frutos de nossas experiências, consequências das nossas ações. Para trabalharmos a aprendizagem, mudança de comportamento é importante a compreensão desse conceito, pois ele estará presente na aplicação ABA. Conceitos e princípios da Análise do Comportamento Aplicada Alguns princípios e conceitos são importantes para entendermosa Análise do Comportamento Aplicada. Comportamento: É tudo aquilo que as pessoas fazem em determinado contexto Contingência: É o contexto em que o comportamento ocorre Tríplice contingência: É o estímulo antecedente, a resposta e a consequência Funções do comportamento: O que faz ele existir e o que o mantém. Podem ser de atenção, fuga/ esquiva, objeto tangível e sensorial/ reforçamento automático. A partir desse comportamento podemos iniciar o processo de modificação, para outros mais adequados Reforço: São as consequências que aumentam a probabilidade de uma resposta ocorrer novamente. Eles podem ser positivos ou negativos. Punição: São as consequências que diminuem a probabilidade de uma resposta ocorrer novamente. Eles podem ser positivos ou negativos Toda contingência é seguida por uma consequência, que pode ter efeito sobre a futura resposta. Se a criança emitir a mesma resposta, significa que foi reforçada, se não emite, significa que aquilo foi aversivo ou desmotivador (punição) Um comportamento só existe porque ele é reforçado. E esse reforço é essencial para o ensino de habilidades (habilidades básicas: manter o olhar, imitar, falar, seguir, instruções, ...) Tipos de reforçamento: Avaliação de preferências: Avaliar qual é o reforçador para a criança Reforço contínuo: Reforçar todas as vezes que a criança responder corretamente Reforço intermitente: Reforçar cada X vezes de resposta correta Economia de fichas: Trabalhar a espera, para a criança visualizar quando irá ganhar o reforçador Em Análise do comportamento positivo e negativo, não se referem ao que é bom ou ruim. Positivo Negativo É o acréscimo de estímulo ao ambiente É a retirada do estímulo ao ambiente Tipos de reforçadores: comestíveis, atividades, brinquedos, sociais, eletrônicos Extinção: A criança deixa de fazer gradativamente (pode demorar), conforme for aprendendo o comportamento correto. A partir da retirada do reforçador que estimulava o comportamento inadequado O que é a Análise do Comportamento Aplicada – ABA A análise do comportamento aplicada, oficializada em 1968 (MORRIS et al., 2013), onde diversos pesquisadores – Risley, Wolf e Lovaas – nos anos 1960 em conjunto culminaram o processo que estabelecia ABA como ciência. Esses estudos aconteciam no Institute for Child Development, na Universidade de Washignton, onde observavam e aplicavam princípios e procedimentos analíticos comportamentais. Onde surgiram estudos que serviram de base para a fundação da ABA, que incluía pessoas com TEA. Principais autores no processo de fundação e de publicações que influenciaram sobre o tema foram Ayllon, Staars e Wolf. Porém a primeira publicação de pesquisa sobre análise do comportamento qualificada como aplicada foi o estudo sobre uma criança (Caso Dick- criança com comportamentos inadequados, batia na cabeça própria cabeça e rosto, se arranhava e puxava os cabelos, déficits de fala e interação social) com TEA por Wolf, Risley e Mees, em 1964. Wolf dedicou a partir daí sua vida para que essa ciência fosse importante e relevante a sociedade. Lovaas é reconhecido como o maior representante das aplicações de ABA para o TEA, e influenciou muitas pessoas a estudarem e pesquisarem sobre a análise do comportamento aplicada no decorrer de sua vida. Ele presenciou a aplicação dos princípios ABA a diversas pessoas quando estava na Universidade de Washington. Após três anos, em 1961, foi lecionar na Universidade da Califórnia, Los Angeles, onde ficou até encerrar sua carreira. Seu artigo mais conhecido, em 1987, “... relatou que 47% das crianças que receberam intervenções baseadas em ABA de forma precoce e intensiva (40 horas por semana), chegaram a ter um funcionamento típico; e, adicionalmente, outros 40 % da amostra do grupo experimental tiveram seus déficits diminuídos consideravelmente. Os dados do grupo controle (crianças que receberam tratamentos baseados na ABA por 10 horas ou menos por semana) mostram que apenas 2% das crianças passaram a ter funcionamento típico. Após esse estudo, replicações foram conduzidas para aumentar a validade dos dados e, a cada ano, mais evidências empíricas são produzidas acerca da efetividade dos procedimentos da ABA para o tratamento do TEA.” (SELLA,2018, pag. 66) Mas apesar de estudos e pesquisas realizadas, de ressaltar sobre o reforço positivo, empregou a prática de métodos aversivos como parte das intervenções. Pois em uma entrevista, dada em 1965, deixa claro que muitos de seus tratamentos fez uso de punição. O que ao final da década de 1980, já existiam estudos mais avançados em ABA, onde Lovaas diz não mais utilizar essas práticas, defendendo novamente o uso do reforçamento durante a intervenção. O que deve ser utilizado dentro dos princípios do processo terapêutico na ABA. Outra pessoa importante dentro da linha do tempo da ABA é Gina Green, ela se envolveu em muitas pesquisas, foi em busca de tratamentos de qualidade, desenvolveu leis e políticas públicas baseadas em evidências científicas. Hoje é professora na Universidade de San Diego, faz consultoria e ajudou a fundar a Association of Professional Behavior Analyst (Diretora executiva). ABA é uma ciência baseada em evidências, onde “um esforço para melhorar o processo de tomada de decisões em contextos aplicados ao se articular explicitamente o papel central de evidências nas decisões e, desta forma, melhorar os resultados” (SLOCUM et al., 2014). A importância das práticas baseadas em evidência advém da noção de que os profissionais possuem a responsabilidade ética de tomar decisões que aumentem as chances de os resultados serem efetivos para seus clientes (BACB, 2014; DETRICH, 2015). Dessa forma ABA busca ampliar comportamentos úteis e desejáveis, ao mesmo tempo em que diminui aqueles que são prejudiciais e interferem no processo de aprendizado da criança. A terapia é aplicada de maneira intensiva e a criança deve ser assistida pela terapeuta em sessões individuais, pois deve ser adaptada às necessidades de cada criança. O terapeuta ABA observa o comportamento da criança e analisa-o para assim criar estratégias para modificar aspectos desfavoráveis do comportamento. Essa abordagem deve incluir o desenvolvimento e outras técnicas de aprendizagem, variedade de objetivos e avaliações e abordagens mais lúdicas e que chamem a atenção da criança, para que se tenha a resposta um reforço positivo. Isso pois, de acordo com Vasconcelos, a ABA parte do princípio de que todo comportamento tem um antecedente e uma consequência. A natureza da consequência de um dado comportamento pode interferir na chance daquele comportamento se repetir. Por isso, uma das estratégias utilizadas pelo terapeuta seria o reforço positivo. As sessões podem durar de 2 a 4 horas por dia e idealmente devem ocorrer cinco dias por semana enquanto no modelo original de Lovaas, 40h por semana de terapia. A aplicação do método pode ser realizada por inúmeros profissionais, terapeutas, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, professores e a aplicação pela família pode contribuir e otimizar os resultados, mas precisa de orientação e supervisão de profissionais que tenham experiência no processo. Pois trazem os seguintes benefícios: Promover a expansão das habilidades psicossociais da criança, aumentando as chances dela se comunicar e interagir com os outros, pois desenvolve habilidades, melhorar comportamentos e maneja limitações. E tem como objetivo, a independência, a destreza motora e o aprendizado, através da ênfase nas habilidades de autocuidados, tarefas motoras e função cognitiva. . Para que essa abordagem dê certo é necessário: Ser realizada por profissionais especializados Todos os profissionais que cuidarão da criança devem seguir essa mesma abordagem, para que todos ajam da mesma forma, usando os princípios da ABA Os pais também devem conhecer sobre a abordagem e seguir as orientações dadaspelos profissionais que estão com a criança A escola também deve estar integra ao processo, o profissional em ABA deve visitar a escolar e passar as instruções pertinentes em relação ao trabalho que será realizado. É importante destacar que para uma intervenção ser considera ABA, em termos práticos e “simples”, o que precisa acontecer é: Definição dos objetivos terapêuticos (quais comportamentos são socialmente relevantes para alteração, entre eles quais são prioridades ou pré-requisitos para a aquisição de outros); Descrição dos procedimentos; Registro sistemático de respostas-alvo; Análise de dados apresentados em relatórios; Participação de todos os integrantes da equipe na busca pelas metas estabelecidas e alinhados nos procedimentos; Estratégias de generalização do comportamento modificado para outros ambientes, pessoas e estímulos Número de horas de intervenção via de regra alto, e estimulação intensiva. Quem pode aplicar ABA e o que ele faz Quem são as pessoas que podem aplicar ABA? Psicólogos com formação em Análise do Comportamento Pais, responsáveis, educadores e outros profissionais como, terapeutas especializados e orientados por um supervisor ABA Equipe multidisciplinar A intervenção deve ser realizada por uma equipe terapêutica, que precisa de planejamento e supervisão. Eles ensinam, basicamente, habilidades para melhorar o desenvolvimento da criança. Mas é preciso lembrar que há diferenciação entre os profissionais de ABA: Aplicador: Atua de forma a aplicar os conceitos ABA, acompanhar alunos nas escolas ou de forma domiciliar, desenvolvendo habilidades de estimulação de independência e autonomia. Atua intervindo e acompanhando o paciente, em qualquer tipo de contexto. Não há regulamentação da profissão, mas é uma profissão real e pode ser exercida Analista do comportamento ou terapeuta ABA: Cursos de pós-graduação. São bastante acadêmicos, dão base teórica necessária as intervenções Supervisor ABA: Cursos de mestrado e doutorado em análise do comportamento, pois será um profissional de alta complexidade. Mas ainda temos algumas questões a melhorar: A quantidade de crianças com TEA, por exemplo, é maior que o número de profissionais capacitados O custo financeiro é alto, em função das quantidades de horas semanais de terapia A maioria das escolas ainda não buscou se qualificar no tema relacionado as questões comportamentais O que é preciso Lembrar: Intervenção precoce (a partir dos 18 meses) Duração de 15 a 40 horas semanais Ensino de habilidades variadas simultaneamente Participação da família Manutenção e generalização das habilidades aprendidas O que precisamos trabalhar: Habilidades básicas: São os comportamentos simples e iniciais, que serão pré-requisitos a aprendizagens posteriores mais complexas Imitação Atenção Coordenação Linguagem Pré- acadêmicas Contato visual Intervenção comportamental intensiva: Avaliação funcional (conhecer a criança, investigar). Comportamento operante: Eu opero com o meio e sou sensível as consequências dessas ações (interacionistas). Para falarmos de comportamento temos que falar do contexto Sete critérios básicos 7 Critérios básicos para a intervenção ABA: Aplicada: produzir conhecimentos para a melhoria em comportamentos que tenham finalidade social para os envolvidos. Tem como objetivo a mudança de comportamento para melhor qualidade de vida. É interessante que se faça as seguintes perguntas: Onde vamos aplicar? Em qual comportamento? Quero ensinar um novo comportamento ou quero extingui-lo? Comportamental: focar no comportamento em si para a mudança, e não em algo sobre o comportamento (devem-se medir fatores dentro desse comportamento, não sobre o que se diz sobre ele). É preciso ter foco no comportamento observado e mensurá-lo. É preciso medir de forma conceitual, com fundamentação. O registro é necessário, da avaliação a intervenção. Tudo precisa ser registrado, para que se possa analisar, comparar, ajustar e replanejar Analítica: identificar relações funcionais entre eventos vistos na intervenção e nas mudanças observadas no comportamento-alvo; tais relações devem ser analisadas detalhadamente por meio de coleta de dados e descrições dos procedimentos. Analisar e provar as relações entre o ambiente e o comportamento. Mostrar que a intervenção está promovendo mudança no comportamento na aprendizagem Tecnológica: definir o conjunto de procedimentos e técnicas que serão utilizados de modo completo, preciso e sistemático a fim de construir um padrão que possa ser replicado pelos terapeutas e pelos pais, anotar de forma minuciosa tudo que será utilizado, como será utilizado, como será realizado, de forma clara Sistemática (conceitual): alicerçar as descrições em princípios básicos do comportamento, na experiência e nas pesquisas. Utilização dos preceitos, da análise experimental do comportamento para que se planeje um trabalho respaldado pelas evidências, como atualização no estudo Efetiva (eficácia): garantir que as mudanças no comportamento estejam realmente presentes e evidentes, e ocasionem um avanço visível e com baixo custo para os envolvidos. Garantia da aprendizagem, todos aprendem e é preciso garantir e ajustar as práticas até que a pessoa aprenda Generalidade: cuidar para que as mudanças durem e sejam visíveis nos mais diferentes ambientes em que a criança vive; portanto, é essencial que elas sejam informadas aos pais e à escola. Amplitude, ao alcance do que é ensinado é aprendido. O indivíduo precisa ser capaz de aplicar esse conhecimento em toda a sua vida, em todos os contextos e não só naquele momento do aprendizado. Aquele conhecimento tem que atender a função de comportamento, tem que conseguir fazer uso dessa aprendizagem sempre que necessário, em contextos diferentes. O processo deve seguir os seguintes passos: Entrevista (anamnese) Avaliação comportamental inicial Seleção de objetivos Elaboração de programas Intervenção propriamente dita com avaliação constante. Realiza-se a observação do comportamento, onde são realizadas tentativas entre o profissional e a criança. A partir dessas tentativas, usa-se um estímulo anterior para a produção de uma nova resposta, até o alcance do resultado que foi estabelecido. Quando essa resposta acontece a criança recebe algo que previamente combinado, que será o reforço positivo, que servirá como motivador para a consolidação do comportamento esperado (que foi aprendido). Objetivo: Consolidar o comportamento aprendido, através da modificação de comportamentos disfuncionais no TEA, trabalhando o passo a passo, da seguinte forma: selecionar diversos estímulos, obter contato visual com o aprendiz, apresentar a instrução e os estímulos, esperar um tempo rápido para a resposta, disponibilizar ajuda em caso de não resposta, agir com reforço positivo o mais rápido possível, disponibilizar meios reforçadores variados e fazer os registros corretamente. Iniciando os trabalhos Para iniciarmos nosso trabalho precisamos entender que não seja trocada ou invertida a ordem de cada passo que daremos em busca do auxílio para o desenvolvimento da criança que está conosco, seja ela paciente, aluno, filho. Pois para sabermos o que vamos trabalhar precisamos avaliar, e esse é o segredo para termos uma intervenção de qualidade Segue abaixo então os passos que daremos e a explicação de cada um. Entrevista com os familiares Construção de vínculos Iniciação à avaliação Devolutiva com plano de intervenção Intervenção Marcos do desenvolvimento Antes de seguirmos esses passos precisamos saber sobre um conteúdo importante, para podermos avaliar, verificar quantificar. Precisamos saber o que são os marcos do desenvolvimento, pois eles é irão nortear nossos panejamentos em relação aavaliação e intervenção. Marcos do desenvolvimento é como o indivíduo se desenvolve ao longo da vida. São as habilidades que são esperadas dentro de cada idade na medida que se desenvolve. A partir deles sabemos se acriança está dentro do que é esperado, está acima ou está atrasada dentro do que foi observado, avaliado. Quando observamos atrasos, podemos assim estimular atividades que trabalhem essas habilidades, que crianças sem atraso realizaram, normalmente, com facilidade. Idade Marcos do desenvolvimento 0 a 4 meses Agarre coisas Segure brevemente no seio ou na mamadeira Olhe para rostos Leve objetos a boca Brinque com as mãos Olhe quando escuta algo Pare de chorar ao escutar uma voz calma conhecida Sorria e vocalize socialmente 4 a 6 meses Sente-se projetando para frente e apoie-se nas mãos Vire de bruços Tente pegar objetos pequenos e segura a mamadeira Brinque com os pés, remove o paninho do rosto Agite brinquedos Reconheça o cuidador visualmente e comece a responder quando chamado pelo nome Emite sons, gritos e expressa raiva 6 a 9 meses Sente com apoio, comece a engatinhar e se sustente em pé por algum tempo Sente de cócoras Transfira objetos de uma mão para a outra e se esforce para pegar algum objeto longe e seu alcance Responda a um não Combine vogais e consoantes nos balbucios Fale pequenas palavras como mama, papa 9 a 12 meses Ande se apoiando nos móveis ou nas mãos das pessoas Consiga dar 1 ou 2 passos sem apoio Fique de pé por pouco tempo Beba no copinho Bata palmas e dê tchau com a mão Fale várias palavrinhas: dada, papa, água, sim, não, quero, mesmo que apresente erros, mas se faz entender Fonte: Elaborado pela autora, baseado no e-book BÉRGAMO, 2020, pg. 7-8 Entrevista com os familiares (anamnese) Em uma entrevista com a família, não pode faltar: Acolhimento Informação de qualidade Relação de confiança Empatia Aceitação incondicional Apresentação do plano de trabalho Coletar informações O envolvimento familiar é fundamental durante o processo de aprendizado, pois proporciona uma estimulação mais intensiva no ambiente doméstico e atua com efeito positivo sobre os benefícios da terapia ABA. "A família pode ajudar muito o(a) terapeuta ABA, fornecendo informações precisas sobre o comportamento da criança e aplicando os preceitos da técnica explanados nas sessões de orientação com o(a) terapeuta". Para construirmos um ótimo plano de intervenção precisamos de saber: Os gostos da criança: Ajuda na avaliação de preferências, é necessário saber o que a criança gosta (de fazer, de comer, de brincar, de assistir, quais atividades faz, jogos e brincadeiras preferidas, locais, pessoas) O que a criança não gosta: Ajuda a prevenir comportamentos disruptivos (morder, bater, se jogar no chão) Saber quais são os desafios trazidos pelos pais, ex.: “O que você gostaria que o(a) ... aprendesse? Para podermos alinhar as expectativas com os familiares. Compreender essas expectativas com atenção e traça-la de forma real Quais são seus potenciais: O que a criança faz de bom, o que ela sabe fazer bem, muito bem (Isso pode ser utilizado para a criação de vínculos sociais, ensinar habilidades de linguagem, socialização, valorização de autoestima), usar habilidades que tenha domínio e sinta prazer, trabalhar aquilo que possa explorar A entrevista é o primeiro contato da família com o profissional, é importante deixar uma boa impressão e boa relação para que haja continuidade e confiança. Rapport: O vínculo é muito importante para estabelecer uma relação de confiança e segurança, o acolhimento, e sem julgamentos. Colher o máximo de informações possível. Construção de vínculos O segundo passo ainda não será a avaliação. Antes precisamos criar vínculos para que a criança nos conheça e realize tanto a avaliação quanto a intervenção de forma satisfatória gostando de estar conosco e se desenvolvendo. Então, nesse primeiro contato com ela iremos fazer coisas que ela gosta ( essa informação já foi coletada com a entrevista com os familiares). Pois para criar vínculos precisa parear com coisas, brincadeiras, objetos que a criança goste, assim cria-se estímulo, reforçamento e aumenta-se a motivação das realizações das atividades e da presença do profissional. Seguir o interesse da criança irá fortalecer o vínculo. Pois se ela não gosta do local, das pessoas das atividades, pode parear como algo aversivo, o que irá dificultar o andamento dos passos e alongar o início da avaliação. Avaliação do comportamento Agora sim chegou o momento de iniciar a avaliação! Avaliar em diferentes ambientes, pois no ambiente de consultório, pode não ser um ambiente familiar para a criança e isso trará respostas que não ser fidedignas ao que se está avaliando. Normalmente não tem muita frustração. Esse momento é só de observação. Protocolos de rastreio/ de avaliação: Principais protocolos da ABA Inventário Portage: Crianças entre 0 e 6 anos. Avaliações em diferentes áreas, protocolo muito bom, muito completo. Avalia cinco áreas. Pode ser aplicado por profissionais da saúde e educação. Específico para crianças de 0 a 6 anos e avalia cinco áreas: Socialização Cognição Linguagem Autocuidado Desenvolvimento motor Possui validação na população brasileira VB-MAPP: Geralmente utilizado em crianças pequenas. Avalia os marcos do desenvolvimento infantil, áreas da linguagem e associadas até 48 meses. Ele é considerado mais robusto, mais detalhado, mais aprofundado, mas áreas que visa avaliar. sigla significa Avaliação de Marcos do Comportamento Verbal e Programa de Nivelamento, utilizado para avaliação do repertório inicial em intervenções com ABA. Esse instrumento compreende 170 marcos de desenvolvimento subdivididos em três níveis, que vão de zero a 48 meses de idade. Dentro de cada divisão, existem diferentes habilidades, tais quais mando, tato, imitação motora, habilidades de grupo e pré-acadêmicas. Além disso, são avaliadas 24 possíveis barreiras para o aprendizado, como comportamento hiperativo e baixo contato visual. O VB-MAPP disponibiliza uma avaliação de transição, na qual a junção de habilidades e barreiras ajuda a identificar os fatores determinantes para as dificuldades de aprendizado daquela criança. Ainda há uma ferramenta chamada “análise de tarefas e rastreamento de habilidades”, com a qual é possível maior detalhamento das habilidades esperadas, chegando a cerca de 900. Por fim, tem-se acesso a um plano de ensino individualizado que propiciará o nivelamento. ABLLS-R: Geralmente utilizado com crianças maiores, avalia áreas acadêmicas, linguagem, escrita. É um instrumento de avaliação, serve como guia curricular ao elencar habilidades básicas de comunicação e de aprendizagem. No total, são 544 habilidades que se dividem entre 25 áreas, como interação social, autoajuda e habilidades motoras, por exemplo. Todas elas são esperadas para crianças em idade pré-escolar com desenvolvimento típico. A versão original foi lançada pela primeira vez em 1998 pela Behavior Analysts, Inc. e foi desenvolvida por James W. Partington, Ph.D., BCBA-D e Mark L. Sundberg, Ph.D, BCBA-D. Foi revisado em 2006 por Partington. A versão revisada incorpora muitos novos itens de tarefas e fornece uma sequência mais específica na ordem de desenvolvimento dos itens nas várias áreas de habilidade. Mudanças significativas foram feitas na versão revisada da seção de imitação vocal com a contribuição de Denise Senick-Pirri, SLP-CCC. Melhorias adicionais foram feitas para incorporar itens associados a habilidades de interação social, imitação motora e outras habilidades de atenção conjunta, e para garantir o uso fluente de habilidades estabelecidas. Não tem padronização brasileira. AFLS: Do mesmo autor do ABLLS-R, geralmente utilizado em adolescentes e adultos, avalia habilidades funcionais, de vida diária, autocuidado,nível de suporte maior, nível 2 e 3 Essencial for living: Geralmente utilizado para pessoas com TEA nível 3 PEAR: Pouco utilizado no Brasil, avalia dificuldade de linguagem Socially Savvy: Geralmente utilizado para o desenvolvimento de habilidades sociais de crianças. M-chat-R: É uma escala bastante utilizada no Brasil (Rede Pública de Saúde, SUS). Ele é uma escala de triagem, para que os pais possam encaminhar seus filhos aos especialistas. Nela existem três riscos definidos: Baixo (0 a 2) - Indica que o paciente não desenvolveu a condição do TEA, mas é importante repeti-lo caso seja feiro antes de 24 meses. Moderado (3 a 7) – Devem seguir com outras etapas (entrevista, outros testes), caso seja alcançada a pontuação padrão, já será encaminhado para um especialista, que confirmará ou não o diagnóstico e organizará a forma de tratamento. Alto risco (8 a 20) – Não há necessidade de entrevista, o paciente já será encaminhado diretamente ao especialista, que confirmará ou não o diagnóstico e organizará a forma de tratamento. Protea-R: É um instrumento interdisciplinar que sistematiza as entrevistas com os responsáveis e a observação clínica do desenvolvimento infantil, através de situações semiestruturadas de brincadeira, com o objetivo de rastreamento da presença de comportamentos inerentes à sintomatologia do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para crianças em torno de 24 a 60 meses de idade, especialmente àquelas não verbais, com suspeita de TEA e outros transtornos da comunicação. Este teste tem padronização brasileira e é validado pelo Conselho Federal de Psicologia. A avaliação é realizada através de brincadeiras e busca identificar se esses pacientes possuem ou não o transtorno. Cars: Escala para identificar o espectro autista, foi criada baseada nas definições de Rutter, Ritvo e Freeman. Que avaliam três pontos principais: Desenvolvimento social Distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas Início precoce do transtorno, antes de 30 meses de idade Escala é um instrumento para observações comportamentais, sendo administrada na primeira sessão de diagnóstico, composta por 15 itens, que avaliam a condição da criança, somando-se a pontuação tem-se o resultado. A pontuação varia de 15 a 60 pontos, chagando a 30 pontos o autismo é caracterizado. Caso a criança atinja a pontuação maior que 37 é considerado um autismo nível 3. ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DE AUTISMO NA INFÂNCIA ™ – CARS ™ – 2 – SEGUNDA EDIÇÃO POR ERIC SCHOPLER, PHD, MARY E. VAN BOURGONDIEN, PHD, 2010: Não temos padronização brasileira, para comprá-lo somente em sites americanos em língua inglesa ADI-R: É uma escala considerada de alto padrão na avaliação do autismo. A análise é realizada em conjunto com os pais, e tem como objetivo ter o maior número de detalhes sobre o comportamento da criança. A versão atual pode ser realizada com crianças a partir de 18 meses até a fase adulta. A escala possui um questionário com 93 questões, que são perguntadas diretamente aos pais. Existem quatro áreas analisadas nessa avaliação: Linguagem e comunicação Interação social recíproca Comportamentos repetitivos ou estereotipados. Humor e comportamentos anormais não específicos Normalmente a ADI-R são aplicadas em conjunto com o ADOS. ADOS-2: Também considerada uma escala padrão para avaliação do autismo. Ela é estruturada e padronizada utilizando ferramentas de comunicação com interações sociais e jogos, ou o uso criativo de diversos objetos para as crianças que estão sendo observadas. Esse protocolo pode ser aplicado em crianças a partir de 3 anos, mas pode ser avaliar adultos. O principal objetivo é observar características que tem relação como DSM-V, conforme as áreas de interação social, comunicação social, linguagem, comportamentos repetitivos e/ou estereotipias. Através de um roteiro, o profissional indica oito tarefas para o paciente. O tempo de duração é de aproximadamente 30 minutos, e a variação do jogo será de acordo com a faixa etária e/ou desenvolvimento do paciente. A classificação é a seguinte: 0= dentro dos limites 1= anormalidade rara ou possível 2= anormalidade clara É um teste de alto valor financeiro, podendo chegar a 4 mil euros e não existe em uma versão brasileira. Em português somente português de Portugal, ou em espanhol. Tanto o teste ADOS ou ADOS-2 quanto ADIR não são permitidos no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia, somente em casos de pesquisa, e ou autorizados no SATEPSI, pois não há padronização em nossa população brasileira e não são vendidos no Brasil Importante: É melhor dominar um protocolo e aplicá-lo muito bem, dentro da área que irá atuar Pode ser utilizado mais de um protocolo, que se associem Devolutivas devem ser dadas em até 60 dias, com plano de intervenção pronto. Contando o primeiro contato. Válido por um ano e revisado a cada seis meses. Planejamento das intervenções Metas de longo prazo Metas de curto prazo (passo a passo para se chegar as metas de longo prazo Estratégias de generalização (envolvem a família, a escola) Lições Esvanecimento de ajuda (retirada de ajuda) Critérios para a aprendizagem Folha de registro Montando/ escrevendo objetivos: Pensar em um objetivo que seja necessário para alcançar essas habilidades e deve ser escrito pensando que se a criança conseguir todas essas estimulações e reforçadores seria nota dez, perfeito! Ela deve ser realista, não se pode traçar um objetivo que não será alcançado Mensurável, que ser possa analisar, quantificar, medir Dividir os objetivos em áreas (programas), dentro da carga horária entre 15h e 40h semanais. Dessa forma deverá ser desenvolvido: Um programa estruturado de intervenção, com tarefas de ensino em contextos mais estruturados (DTT) Ou em contextos mais naturais (Ensino Naturalístico) Normalmente são usados esses dois formatos no trabalho com a maioria das crianças. Também são utilizadas: dicas físicas, verbais ou visuais para ajudar a criança a ter sucesso nas tarefas de ensino faz-se uso de itens preferidos (brinquedos, por exemplo) para reforçar essas respostas e garantir que elas vão aumentar de frequência no repertório do paciente. Podemos começar com o ensino de repertórios que são pré-requisitos da fala, no entanto, o trabalho é individualizado e personalizado. Se uma criança, já chega para avaliação com respostas de falante, pedindo e nomeando coisas, por exemplo, vamos elaborar um plano de ensino para ampliar essas habilidades, para que elas sejam as mais próximas do repertório de uma criança neurotípica da mesma faixa etária. Assim, trabalhamos com diversos comportamentos de acordo com a avaliação feita de cada criança. Os dados são coletados continuamente para avaliar o procedimento e o comportamento alvo da intervenção ou precisa de ambientes mais controlados. Muitos comportamentos-alvo podem ser ensinados: a imitação, a compreensão auditiva, a vocalização, entre muitos outros. Inclusive habilidades mais refinadas como o ensino ocorre através de dicas físicas, visuais, vocais e gestuais, e pela apresentação de itens preferidos pela criança. Por exemplo, quando estamos ensinando a imitação "dar tchau" e a criança permanece imóvel, pegamos sua mão e balançamos como se ela estivesse dando tchau (essa é uma dica física), depois apresentamos a consequência da imitação feita por ela, que pode ser comestíveis, brinquedos, desenhos animados, enfim, itens que a criança mais gosta Plano de ensino individualizado – PEI ou PDI Legislação brasileira – Leis de inclusão Lei de inclusão brasileira: Estabelece matrícula obrigatória a pessoa com deficiência em escolas regulares, públicas ou particulares, não limitando número de alunos por sala de aula Lei 12.764/12 – Lei Berenice Piana: Defende os direitos dos autistas ao diagnóstico precoce, tratamento, terapias, medicaçõesfornecidas pelo SUS, acesso a educação, proteção social, trabalho e serviços que proporcionem a igualdade de oportunidades. E nela também está incluso o direito a matrícula em escola regular, independentemente de ser particular ou pública, possuindo um especialista em sala de aula, o acompanhante terapêutico (AT) Objetivos do PEI: Deve abranger objetivos de curto, médio e longo prazo, com as devidas estratégias Deve conter dados da história de vida da criança, avaliações, capacidades, interesses, dificuldades de habilidades do indivíduo que foi avaliado Deve ter linguagem acessível a todos que forem atuar com a criança, para que os objetivos sejam entendidos e trabalhados da mesma forma A partir do PEI é que o programa ABA é estabelecido e elaborado de forma adequada Deve ser avaliado a cada semestre e deve conter o nome de todos os profissionais envolvidos. Montando um PEI ou PDI Parte I – Informações e avaliação do aluno com autismo Identificação Dados familiares Informação escolar Avaliação geral Âmbito familiar - Características do ambiente familiar, Convívio familiar, Condições do ambiente para a aprendizagem escolar Âmbito escolar – Em relação à cultura e a filosofia da escola, em relação a organização da escola, em relação aos recursos humanos, em relação as atitudes frente ao aluno, em relação ao professor da sala de aula regular Avaliação do aluno Condição geral de saúde Necessidades educacionais especiais do aluno Desenvolvimento do aluno – Função cognitiva (memória, raciocínio lógico, linguagem), função motora (desenvolvimento e capacidade), função pessoal e social (área, emocional, afetiva e social) Parte II – Plano pedagógico especializado para o aluno com autismo Ações necessárias para atender às necessidades educacionais especiais do aluno Âmbito escolar – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações Âmbito sala de aula – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações Âmbito família – Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações Âmbito saúde - Ações necessárias já existentes, ações necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas, responsáveis pelas ações Organização do atendimento educacional especializado Tipo do AEE Frequência semanal Tempo de atendimento Composição do atendimento Outros profissionais envolvidos Orientação a serem realizadas pelo professor do AEE Sala de recuso multifuncional Áreas a serem trabalhadas na sala de recurso multifuncional (are cognitiva, motora, social) Atividades diferenciadas Metodologia de trabalho Recursos materiais e equipamentos Critérios de avaliação Avaliação do período Relembrando o que foi estudado até aqui ABA é uma ciência baseada em aprendizado e comportamento. Ela ajuda a entender como: O comportamento funciona O comportamento afeta o ambiente O ensino toma lugar do comportamento anterior E ele tem como objetivo: Ensinar novas habilidades (comunicação e linguagem, habilidades sociais, autocuidado, o brincar e o lazer, habilidades motoras, aprendizagem e habilidades acadêmicas) e minimizar comportamentos problemas que trazem prejuízo a vida do indivíduo. Sempre de forma simples, passo a passo, para alcançar passos mais complexos E ela possibilita: Aumentar as habilidades da linguagem e comunicação Aumentar a atenção, concentração, habilidades sociais, memória, habilidades pedagógicas Diminuir comportamentos inadequados E funciona da seguinte forma: É uma ciência e seu tratamento é flexível e deve ser adaptado a pessoa Pode ser aplicado em ambientes diferenciados como a escola, casa, consultório, na rua Ensina habilidades que tenham valor social significativo, contribuindo para a autonomia, sendo utilizado no dia a dia O ensino pode ocorrer de um para um ou em grupo É realizado através de técnicas, planejamento e com profissionais capacitados O reforço positivo é a principal estratégia, quando o comportamento é seguido de algum estímulo motivador (recompensa), assim o comportamento fica mais propenso a ocorrer novamente, possibilitando a mudança comportamental Para que tudo aconteça de forma exitosa, deve envolver planejamento e avaliação contínua Mas como saber qual comportamento deve ser trabalhado? Utilizaremos todas as informações coletadas através de entrevistas, observações e também, para isso utilizaremos a avaliação funcional. Através da folha ABC, entende-se o porquê da ocorrência do comportamento. Antes de modificar qualquer comportamento é importante realizar uma análise funcional, isso ultrapassa a topografia, precisamos identificar as variáveis de controle (antecedente e consequente) 4 principais funções do comportamento disruptivo: Comportamento Função Sensorial Se coça porque foi picado, chora porque sente dor Tangível Função de obter itens, algo, ter ganho Fuga Se comporta de uma determinada forma para sair de algum local, para fugir Atenção Comportamento está sendo reforçado ou mantido pela atenção de alguém Elaborado pela autora Por exemplo, vai pegar o mesmo comportamento em contextos diferentes: Antecedente Resposta Consequência Chegar à padaria Jogou-se no chão e chorou Ganhou um sonho Chegar à porta da escola Jogou-se no chão e chorou Não entrar na escola A professora está conversando com outro aluno Jogou-se no chão e chorou A professora olhou para a criança Como trabalhar comportamentos inapropriados (Folha de dados ABC) Data Início Fim Ambiente Atividade Pessoa envolvida Antecedente Comportamento Consequência Possível função Atenção Sensorial Tangível Fuga Atenção Sensorial Tangível Fuga Atenção Sensorial Tangível Fuga Fonte: Elaborado pela autora Assim, observa-se como essa consequência afeta o comportamento da criança e como podemos identificá-lo e ativar uma função apropriada para esse comportamento. Porque assim compreendemos: A causa de um comportamento acontecer E como diferentes consequências podem afetar repetição ou não (probabilidade) desse comportamento Registrando podemos visualizar e avaliar melhor esses comportamentos, por isso é importante o preenchimento da folha ABC (antecedente – behavior – consequente) Escala FAST (Ferramenta de triagem de análise funcional) Existem instrumentos padronizados que podem ser utilizados para que essa triagem seja feita. Um desses instrumentos é a FAST (Ferramenta de triagem de análise funcional), composta por 16 questões, com respostas SIM, NÂO ou não sabe N/A. Ao final realiza-se o Score. Pois para MATOS (1999), “[...] um comportamento estranho jamais é dito “patológico”, pelo analista do comportamento; se ele ocorre é porque de alguma maneira ele é funcional, tem um valor de sobrevivência” Organizando o momento da aplicação, iniciando a prática Ao iniciar sua prática, devem-se observar alguns pontos: Para quem possui os cabelos longos, deve-se prendê-los Não utilizar nenhum tipo de adereço Cuidado com roupas decotadas ou de alcinha Se o atendimento for domiciliar, cada criança deve possuir sua própria caixa organizadora (plástica, fosca) e uma pasta catálogo ou com divisórias (para colocar anamneses, observações, registros, programas, mas tenha também esse material na nuvem) A caixa deve conter tudo o que será trabalhado com a criança naquela sessão. A caixa deve ser fosca, para que a criança não veja o que tem dentro e para que não queira mexer em tudo ao mesmo tempo e perca a motivação. O material deve ser comprado pela família, caso o profissional compre, deve cobrar através de notas fiscais os valores investidos A folha de programa deve conter: Nome, objetivo, procedimento, dicas,data de início e término, folha de registro Atenção ao atender em ambiente familiar, deve-se envolver muita ética, você está adentrando o ambiente do outro. Muitas famílias permanecem com suas rotinas e hábitos da mesma forma. Manter postura profissional Local de aplicação: deve ser calmo, tranquilo, longe de estímulos, em um quarto, nunca na sala de estar, onde há trânsito de pessoas, deve ser um ambiente controlado, e você deve ter esse controle. Usar um timer ou cronômetro, tenha todo o seu material a mão, evite interromper a sessão para pegar material (isso quebra a concentração da criança) Elaboração de Programas ABA Após ter realizado todos os protocolos, como entrevistas, observações avaliações, análises funcionais, está na hora de organizar a Elaboração de programas ABA. Os programas estão dentro do currículo que possui áreas específicas para habilidades distintas. Estudos (mais de 20) estabelecem uma terapia intensiva e de longo prazo, programas que fornecem de 25 a 40 horas semanais no período de um a três anos. Essas atividades não são aplicadas somente em sessão de terapia ou em casa, elas devem ser aplicadas também em eventos atividades de esporte e lazer, locais onde o treino de habilidades (linguagem e comportamento) sejam adequadas. Em conjunto com o capítulo de habilidades básicas, seguem alguns programas para que sejam realizados de acordo com o programa ABA. Currículo É possível desenhar um currículo comportamental, mostrando o que e como ensinar, levando em conta que a execução de um comportamento complexo, como por exemplo, desenhar, envolve uma série de outros comportamentos simples, como olhar, imitar, seguir instruções, pegar o giz e desenhar. Isto é denominado de fragmentação da tarefa. Abaixo segue um exemplo de fragmentação da tarefa: Como os currículos são individuais, cada família deve desenvolver junto a profissionais (Analistas do comportamento) as atividades e devem entrar como fragmentação de tarefa, respeitando a peculiaridade de cada indivíduo. Os currículos são compostos por vários programas, que devem descrever, o procedimento de ensino e após deve ser registrado o desempenho da criança (BAGAIOLO; GUILHARDI; ROMANO, 2011). Dentro dos currículos existem programas que serão utilizados conforme a necessidade. Como por exemplo: Fonte: Lear (2004, pg. 7) Lear (2004), ressalta a importância de se trabalhar as várias áreas do desenvolvimento que o currículo abrange: Fonte:Lear (2004, pg. 4) Segundo LEAR (2004, pag. 4-5) cada currículo possui um programa com conteúdo programático, com uma organização específica: Autocuidado Usa independentemente xícara, colher e garfo. Veste e tira a roupa independentemente. Habilidades de toalete. Habilidades de higiene – pentear cabelos, escovar os dentes, lavar o rosto e as mãos, tomar banho. Motora (Fina e Ampla) Desenhar, colorir. Copiar, escrever. Cortar, amarrar. Usar o teclado, usar o mouse. Correr, andar, pular, balançar. Usar equipamentos (bolas, raquetes etc.). Social Responde a saudações. Responde perguntas sociais (ex. “Como vai você?”, “Qual é o seu nome?”). Imita colegas. Inicia brincadeiras com colegas. Interage verbalmente com colegas (comenta, pergunta, oferece ajuda). Responde às propostas dos amigos. Linguagem/Comunicação Receptiva – identifica objetos, partes do corpo e figuras; segue instruções de 1, 2 e 3 passos... Expressiva – faz pedidos, nomeia figuras, objetos, pessoas e verbos; pede itens desejados; diz “sim” e “não”; repete frases; permuta informações; responde a perguntas do tipo “por quê”. Abstrata – conversa sobre coisas ausentes, responde questões do tipo “por quê?”, antecipa consequências, explica ações, relata estórias, inventa estórias. Brincar Brincar sozinho de modo apropriado com brinquedos. Brincar em paralelo – brincar ao lado de outras crianças, sem interação. Brincar com foco compartilhado – brincar com os mesmos itens, tal como as outras crianças, sem interação. Brincar com ação compartilhada – brincar que demanda alguma colaboração com outras crianças (ex.: construir torre, empurrar balança). Brincar de faz-de-conta – capaz de assumir uma outra identidade. Brincar com colegas de faz-de-conta e de representar papéis. Acadêmica (e Pré-acadêmica) Habilidades de imitação. Identificação de números e letras. Leitura – palavra inteira e fônica. Soletração. Habilidades de matemática e números. Habilidades de uso do computador. Habilidades escolares – participa de um grupo, espera a vez, recita em uníssono. Relembrando dicas e acrescentando mais Mantenha as coisas simples: Não queira fazer algo que a criança não possua repertório ou não prenda seu interesse. Pois ela perderá rapidamente a motivação e isso causará frustração. Comece com o simples e vá deixando com o passar do tempo mais complexo. Pequenas doses de reforço, podem ajudar que a criança saia de sua zona de conforto e conquiste mais autonomia Dê a criança motivos para que ela queira se comunicar. Nem tudo deve estar disponível a todo tempo Como medir comportamentos Por ele ser observável e mensurável, podemos medi-lo a partir de sua: Duração Quanto tempo o indivíduo levou para executar a atividade, a realizar o comportamento Frequência Qual a frequência para que o comportamento ocorra dentro de qual período de tempo Intensidade Qual intensidade, força, energia foi empregado para a realização desse comportamento Fonte: Elaborado pela autora, de acordo com a obra de MOREIRA (2019) A partir dessa observação é mais fácil estabelecer se esse comportamento está em déficit ou se ele ocorre em excesso. E como realizar essa observação: Observação direta Observar e registrar Métodos de contagem Marcas de verificação Avaliação indireta Entrevistas, questionários, escalas Experimentos Testando o comportamento (psicólogos) Fonte: Lear (2004) Reforçadores e reforçamentos Para encontrarmos reforçadores ideais, é preciso realizar a avaliação de preferências. Dessa forma associaremos todos os reforçadores sociais, que se tornarão reforçadores em potencial. Como realizar a avaliação de preferências? Lembra da aula sobre o passo a passo para a avaliação, há uma entrevista com os familiares e uma das questões levantadas na coleta de informações era sobre o que a criança gosta, quais são suas preferências (primeira forma de se descobrir sobre reforçadores) Observar a criança também te trará informações sobre suas preferências, dê uma atenção voltada só para a criança. Deixe a criança escolher. Dê duas opções e peça que ela escolha uma, a que achar mais interessante (escolha forçada). Ou mostre uma caixa com muitos reforçadores e peça que ela pegue só um (testagem) Dê um reforçador por vez e veja o que ela mais gostou ou deu mais resultado. Prós e contras Dependência do reforçador. Algumas crianças podem ficar condicionadas. Cuidado ao dar um reforçador sem necessidade (Aí deve-se entrar em um processo de extinção) Deixa a criança mais motivada. Aumenta a motivação, dando-se uma chance para uma maior aprendizagem Variedade: Precisa-se ter uma grande variedade de motivadores Eletrônicos Vídeos Comestíveis Tangíveis Ações Sociais (são os mais importantes e devem estar sempre atrelados aos outros reforçadores) O que é o reforço: Qualquer consequência que aumente a probabilidade de um comportamento específico ocorrer no futuro novamente Reforço positivo: Quando algo é adicionado ao ambiente (o que a criança ganha quando realiza a tarefa) Reforço negativo: Quando tiramos algo aversivo do ambiente (som, luz) Em ambos pode aumentar a probabilidade de ocorrer novamente no futuro Tipos de reforçamento, de acordo com LEAR (2007): Contínuo (CRF): A cada resposta certa dada, o reforçador é dado imediatamente Intermitente: O reforçador é entregue dentro de uma frequência. A cada X vezes que que houver a resposta certa, será entregue o reforçador. São eficazes na manutenção de comportamentos. Tipos de reforçadores intermitentes: Razão fixa (FR): o reforçamento é dado depois de um número fixo de respostas corretas. Por exemplo, uma criança pode receber uma figurinha depois de cada 10 respostas corretas a questões de matemática. Razão Variável (VR) – similar a Razão Fixa, mas aqui o reforçador é dado depois de um número médio de respostas corretas. Por exemplo, se a razão variável é 25, o reforçamento pode variar de 10 a 50, mas se você tomar a média, verá que a criança foi reforçada para um comportamento positivo, na média, a cada 25 vezes. Isto é comumente usado em situações de ensino em que as habilidades já foram aprendidas. Intervalo Fixo (FI) – O reforçamento é dado para a primeira resposta correta depois que um intervalo específico de tempo tenha se passado. Por exemplo, um professor checa se os alunos estão estudando na biblioteca a cada 30 minutos e dá uma estrela na ficha de comportamento por estudarem em silêncio. O problema com o padrão de Intervalo Fixo de reforçamento é que os alunos rapidamente aprenderão que só precisam “dar a resposta correta” (estudar em silêncio) ao final de cada período de 30minutos. Intervalo Variável (VI) – similar ao Intervalo Fixo, mas aqui o reforçamento é ministrado depois de decorrido um intervalo variável de tempo. Por exemplo, o professor verifica os alunos na biblioteca a intervalos variados de tempo, que seriam imprevisíveis. Ele poderia aparecer após 10 minutos, depois após 35, então após 15 minutos, etc. Porque os alunos não sabem quando ele virá, tenderão a estudar mais silenciosamente. Economia de fichas ou painel de recompensas Reforçador Como implementar Contínuo Sempre ao início das intervenções Intermitente Manutenção de comportamento, criança já habituada a sessão Não é combinado com a criança, ela normalmente não sabe quando vai ganhar Economia de fichas/ painel de recompensas Quando a criança estiver adaptada e não puder ter acesso todo tempo ao reforçador Fonte: Lear (2004) Como usar reforçadores: O reforçador deve sempre estar associado a uma fala, um “soquinho”, um “hi five” Seja você mesmo o reforço positivo. Se você se liga a criança e ela gosta de você, aquele momento será reforçador, pois ela gostará de ter aquele momento com você. O ambiente também deve ser motivador, se o momento de aplicação for divertido o local da aplicação será alegre e motivador Passe de um reforçamento contínuo para um reforçamento intermitente Quando a recompensa for contínua, a recompensa deve ser dada imediatamente, que quer dizer agora, nesse momento Mude o grau de reforçamento de acordo com o nível de realização A criança fez certo de primeira: Grande festa! A criança realizou a atividade com dica: Recebe o reforçamento, mas é menor A criança requer ajuda total, recebe apenas um reforçador verbal A entonação da voz deve vir conforme a mensagem Seja consistente com a forma de reforçar a criança Sempre ao início de novo programa ou criança nova, reforce mais Seja específico ao que está reforçando Monitore a eficácia dos reforçadores e varie-os Tenha sempre muitos reforçadores Reforce a criança também em seu ambiente natural Não se realiza nenhum tipo de punição dentro da Análise do Comportamento Aplicada, nem positivo, nem negativo, em ABA usa-se somente o reforço! Tenta-se extrair o maior aprendizado possível enquanto a criança está motivada. Quando se pensa em reforçador, ele sempre estará pareado ao elogio! Segue abaixo uma lista que utiliza a fala (elogio) em conjunto ao reforçador Esta lista foi desenvolvida em janeiro de 2005 por participantes da Comunidade Virtual autismo no Brasil. A versão original, em inglês, “98 Ways to say very good” foi desenvolvida principalmente por pais, num projeto em conjunto da Canadian Child Day Care Federation e a Canadian Associaton of Toy Libraries and Parent Resouurce Centres. Baseado na obra de LEAR, K. (2004, pg. 37) Descobrindo as preferências da pessoa Já vimos que os reforçadores são importantes aliados na prática da ABA e que são estímulos utilizados a todo o tempo pra ajudar no momento da aprendizagem. Para sabermos qual o melhor reforçador devemos saber as preferências que a criança tem e essas preferências podem ser descobertas através de medida direta ou indireta. Direta: Realizada por meio de observação direta, assim como na avaliação funcional Indireta: Realizada através de check list ou questionários. Existem vários protocolos para a avaliação de preferências, aqui vamos mostrar dois: RAISD (Reinforcement Assessment for Individuals with Severe Disabilities: Forma indireta, através de um questionário que será dado aos responsáveis para que eles discorram sobre as preferências da criança. Ela está dividida por categorias (olfativas, visuais, táteis, ...), são 10 questões no total, onde serão respondidas sobre as preferências da criança. Ao final, possui um check list com 16 itens, onde fará uma lista hierárquica (do item que mais gosta para o que menos gosta). Instrumento bem simples e intuitivo. Por tentativa com múltiplos estímulos, sem reposição: Observação direta onde o indivíduo se comporta em relação aos objetos apresentados a ele. Como acontece, coloca-se cinco objetos (normalmente brinquedos) a sua frente, com uma pequena distância entre um e outro, e peça para que a criança escolha um objeto. Nessa avaliação podemos fazer até duas tentativas. Se o indivíduo não responde, suspende-se a atividade, invalidando-a. A escolha dos itens será feita a partir da idade, o nível de apoio e acometimento e características que essa pessoa apresenta. Ao ser colocados os cinco objetos de frente ao indivíduo será dado o comando, “escolha um objeto!”. Após a escolha, os objeto serão reorganizados, sempre da esquerda para a direita e em seguida anotamos na folha de registro a escolha feita pelo indivíduo. E deixa-se a criança ficar com objeto por 20”. A partir daí retira-se o objeto e peça para que ela escolha outro objeto. E continua até que os objetos acabem. Quando tiver apenas um objeto, peça que a criança escolha. Ao final, dê o primeiro objeto escolhido, como forma de reforço. Pode-se ter algumas situações: a criança querer escolher mais de um objeto (recomeça- se a atividade, sempre de forma lúdica) Estratégias de ensino Modelagem, modelação e vídeomodelação Modelagem é um procedimento de reforçamento diferencial de aproximação sucessivas de um comportamento alvo. O resultado desse procedimento é um novo comportamento construído a partir de combinações topográficas de respostas já presentes no repertório comportamental do organismo. Exemplo: Ensinar a uma criança não verbal a pedir utilizando comunicação alternativa (figuras ou aplicativo). Passos: Ensinar a identificar a imagem do leite Identificar a imagem do leite dentre outras imagens Obter atenção do outro para a imagem (pedir para o adulto) Mostrar a imagem quando ver alguém bebendo leite Ensinar a entregar a imagem do leite quando estiver com fome A cada passo, é importante que a criança seja reforçada. Em alguns momentos será necessário um reforço diferencial (a cada etapa concluída se dará um reforço diferente para a nova etapa) para que a modelagem (aprendizagem de um novo comportamento) aconteça. Para realizar a modelagem é preciso: Ter claro, entender qual comportamento será ensinado (comportamento alvo) Avaliar quais serão os reforçadores ideais e os arbitrários E deve ser um ensino gradativo, dividir o comportamento alvo em pequenos passos, ensinar uma coisa de cada vez e só avançar quando aquele passo estiver sido concluído Modelação é a aprendizagem a partir de um modelo (aprendizagem social):Ele seá mais eficaz se o modelo apresentar semelhanças com o aprendiz. Pré-requisitos para a modelação: Habilidades de imitação (base da aprendizagem social) Linguagem receptiva (comportamento de ouvinte – capacidade de ouvir comandos e atender a eles) Contato visual Atenção compartilhada Vídeomodelação á a aprendizagem utilizando vídeos como ferramenta, possui os mesmos princípios da modelação e é motivador a criança. Utilizar vídeos de interesse da criança com o comportamento que se quer ensinar Ensino por tentativas discretas (DTT – Em inglês para Discrete Trial Training) É uma metodologia de ensino, tem configuração estruturada, comandada pelo professor, e evidencia-se em uma forma de ensinar novas habilidades, dividindo sequências complicadas de aprendizagem em pequenos (discretos) passos (separados) ensinados um de cada vez durante várias tentativas, junto com o reforçamento positivo (premiação) e o grau de ajuda que necessário para que o objetivo seja alcançado (SILVA, 2019). Não é sinônimo de ABA, mas está dentro de uma estratégia de ensino de ABA. Produz resultados e efetivos e possui evidências científicas. Passo a passo: (Tríplice contingência) Estímulo discriminativo: Estímulo antecedente, apresentação do material de ensino (estímulos diversos) e a instrução do terapeuta (FAGGIANI,2014). Deve ser aplicado sobre um ambiente controlado Ajudas e dicas: Ajuda física, verbal e gestual. Vai diminuindo conforme for conseguindo realizar sozinha. Resposta esperada: Pode ser verbal ou não verbal, essa resposta será o comportamento. Considerar a resposta de acordo com a dificuldade, tipo de comportamento e a quantidade, deve ser mensurável Consequência: Acontece após a emissão da resposta correta (os reforçadores) Intervalo entre uma tentativa e outra: 3s a 5s entre as tentativas, devem ocorrer de forma rápida em um período curto, resultando em oportunidade de ensino Estratégias de ensino naturalísticas ou Ensino incidental é a aprendizagem onde a criança possui o controle da situação e normalmente acontecem atividades que são reforçadoras para ela. Aproveitar a oportunidade onde a criança está num local ou em uma atividade que gosta muito para proporcionar a aprendizagem, pois pode ser mais motivador. Mesmo sendo algo mais livre, mais natural, deve ser planejado e registrado, pois tudo em ABA deve ser planejado e registrado. O reforço vem da atividade que está senso realizada, não se utiliza reforço a cada acerto realizado. Onde utilizaremos um comportamento pivotal (alvos de ensino). Comportamento pivotal em ABA são comportamentos centrais para o desenvolvimento de muitas habilidades, alvo, que são centrais para amplas áreas de funcionamento (KOEGEL, 1989). Um método usado para se trabalhar o comportamento pivotal é o PRT (Treinamento de respostas pivotais) em que se treina, desenvolve a linguagem e a socialização. É um modelo de intervenção comportamental fundamentado nos princípios do ABA. Ele pode ser aplicado no dia a dia dentro da rotina em várias ocasiões (naturalista). Pode ser utilizado no ambiente escolar (Classroom PRT). A literatura estrangeira ensina e direciona em como professores podem utilizá-la para potencializar, estimular e adequar os comportamentos necessários para diminuir as dificuldades da criança e aumentar sua resposta a aprendizagem e a socialização nos locais onde ela convive (casa, escola). Componentes do PRT: Estimular a atenção do aluno com autismo antes de providenciar a intervenção Aplicar a instrução clara e apropriada de acordo com o nível de desenvolvimento real da criança Providenciar uma mistura de intervenção mais fácil com uma mais difícil e mais motivadora Implementar um controle compartilhado de ações, direcionando a criança para a escolha de atividades, e um diálogo para definir qual será a atividade escolhida Utilizar múltiplos exemplos de materiais e conceitos para garantir um amplo entendimento e aguardar as respostas da criança para definir como foi seu entendimento e o cumprimento das ações Garantir que o aluno responda, conclua e se manifeste Estimular, pela mediação e pelo reforço positivo, uma resposta estruturada de acordo com o contexto natural da situação Aguardar a resposta da criança e apresentar a consequência imediata com base no retorno dela Recompensar a criança com algo ou assunto de que ela gosta e repetir o mesmo processo no futuro. Pode ser aplicado em crianças menores, porém será aplicado em conjunto com o modelo Denver. Estrutura básica para se situações de aprendizagem (de acordo com Skinner) Apresentação da oportunidade de resposta, pode vir através de um professor, de AT, do terapeuta, de um familiar, pode vir em forma de instrução, de uma questão. Resposta da criança Consequência Exemplos: Uma criança brinca no parque e o tempo muda, a AT diz: Fulano, pegue seu casaco azul na mochila. A criança vai até a mochila e pega o casaco e veste e continua a brincadeira. Em casa, a história de Dam e Lisa Uma criança pega uma bola no consultório terapêutico, a criança adora bola ( e a terapeuta sabe disso, pois fez uma entrevista e uma avaliação de preferências e de reforçadores com a criança). A terapeuta pega a bola e pergunta:” você quer brincar de bola?” Aqui surge a apresentação de oportunidade de resposta, e a criança responde “Quer brincar de bola!” (emissão da resposta). Então a terapeuta pega a bola e joga para ele (consequência), é um reforçador natural, pois é algo que já está no contexto, não precisa dar um outro reforçador, se a bola já reforça Uso de dicas é permitido (ajuda física, dica verbal e gestual) Planejamento minucioso e o registro Obter a atenção da criança, garantir que ela está atenta, então é dada a instrução. Iniciar somente quando ela estiver atenta Propor o estímulo que melhor se encaixe ao contexto e/ou objeto escolhido por ela Hierarquia de dicas, generalização, hierarquia de dicas é uma estratégia onde as dicas são retiradas gradualmente. Começa-se com dicas intrusivas (pegar na mão, apontar junto) e depois dicas mais leves (apontar). Dessa forma impedimos que a criança cometa erros e se desmotive, pois a aprendizagem sem erros é uma premissa da ABA. E como isso acontece? Cria-se um contexto para que a aprendizagem aconteça com o mínimo de erros, planeja-se uma forma em que o erro não ocorra, que seja altamente favorável ao acerto, que a criança acerte (por isso as dicas são importantes). Pois a dicas irão proporcionar essa aprendizagem sem erro, mas para que isso aconteça, essas dicas também precisam ser planejadas (Como tudo em ABA!), para que eu tenha controle das variáveis e que as respostas estão ocorrendo devido ao estímulo antecedente em conjunto com o estímulo extra que eu estou apresentando. As dicas podem ser em nível de hierarquia: Físicas: Gestuais Verbais E deve ir da mais intrusiva para a mais complexa (para que ela crie autonomia): Ajuda total (física – com a ajuda das mãos, e verbal – falo o que vou fazer ou o que ela deve saber) Ajuda parcial (só colocar a mão da criança em cima do objeto) Dica gestual (só aponto para o objeto) Sem dica Generalização é a capacidade de reproduzir o comportamento aprendido em diversos contextos. Que é o objetivo final de toda a intervenção. Ela precisa entender que aquilo que ela aprendeu no consultório, por exemplo, deve ser utilizado em qualquer local onde tenha aquilo mesmo contexto. Ter autonomia e aplicar aquele aprendizado. Treinar os pais é uma forma de trabalhar aquela habilidade aprendida Ensino de habilidades básicas Para realizar uma intervenção eficaz, deve-se ensinar de forma sistemática, de forma organizada e intensiva, com muitas horas de treino semanais e várias vezes ao dia, dentro de variados ambientes. Mas o que ensinar? Relembrando o que estudamos até aqui, é de suma importância conhecermos o
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