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Informativo 678 STJ

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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
Informativo 678-STJ 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
▪ A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área geográfica, 
suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
▪ Mesmo que o ato de improbidade tenha sido praticado em mandato anterior, se o indivíduo for condenado, a 
suspensão dos direitos políticos pode ser aplicada para que ele perca o mandato atual. 
 
DIREITO AMBIENTAL 
OUTROS TEMAS 
▪ É vedada a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, 
▪ sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público 
 
DIREITO CIVIL 
LOCAÇÃO COMERCIAL 
▪ Em ação revisional de contrato de locação comercial, o reajuste do aluguel deve refletir o valor patrimonial do 
imóvel locado, considerando, inclusive, em seu cálculo, as benfeitorias e acessões realizadas pelo locatário com 
autorização do locador. 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET 
▪ Poder Judiciário pode obrigar empresa responsável pela rede social a fornecer os dados de todos os usuários que 
acessaram determinado perfil dessa rede social em determinado intervalo de tempo. 
 
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA 
▪ O deferimento da busca e apreensão não autoriza o juiz a extinguir contrato de alienação fiduciária sem pedido do 
credor. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
VÍCIO DO PRODUTO 
▪ Dever do comerciante de receber e enviar os aparelhos viciados para a assistência técnica ou para o fabricante. 
 
DANO MORAL COLETIVO 
▪ A exploração de jogo de azar ilegal configura, em si mesma, dano moral coletivo. 
 
DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL 
REGISTRO DE IMÓVEIS 
▪ O cancelamento do registro do loteamento pode ser requerido pelo loteador, ou quem por ele se sub-rogou, vedada 
a pretensão se comprovado inconveniente para o desenvolvimento urbano ou quando já realizado melhoramento. 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO EMPRESARIAL 
CONTRATOS BANCÁRIOS 
▪ O teto cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) se aplica ao montante total do fundo instituído por 
concessionárias, não à quota-parte devida a cada associado. 
 
CONTRATO DE SHOPPING CENTER 
▪ É possível a inclusão de valor relativo a honorários advocatícios contratuais previamente ajustados pelas partes na 
execução de contrato de locação de espaço em shopping center. 
 
FALÊNCIA 
▪ O redirecionamento da execução fiscal contra os sócios prescinde do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória em crime falimentar. 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
ADOÇÃO 
▪ A redação literal do ECA proíbe a adoção avoenga (adoção do neto pelos avós); no entanto, o STJ admite que isso 
ocorra em situações excepcionais. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO 
▪ Técnica do julgamento ampliado também pode ser aplicada a embargos de declaração opostos contra acórdão que 
julgou apelação, desde que cumpridos os demais requisitos do art. 942 do CPC. 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
▪ Redirecionamento da execução fiscal para cobrança de créditos tributários à incorporadora sem alteração da CDA 
em caso de sucessão empresarial não oportunamente informada ao fisco. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
IMPEDIMENTO / SUSPEIÇÃO 
▪ Ministro do STJ que apreciou o recurso especial pode, posteriormente, participar do julgamento do outro recurso 
especial decorrente da revisão criminal. 
 
PROVAS 
▪ Falta de mandado não invalida busca e apreensão em apartamento desabitado. 
▪ A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área geográfica, 
suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade. 
 
EXECUÇÃO PENAL 
▪ O requisito “não ter integrado organização criminosa” previsto no inciso V do § 3º do art. 112 da LEP (progressão 
da mulher gestante, mãe/responsável por pessoa com deficiência), deve levar em consideração a definição de 
organização criminosa da Lei nº 12.850/2013. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IMPOSTO DE RENDA 
▪ Não incide imposto de renda sobre o valor recebido a título de ajuda compensatória mensal prevista no art. 476-A 
da CLT (lay-off). 
 
IMPOSTO DE RENDA 
▪ Fato gerador de IRRF em remessa ao exterior se dá no vencimento ou pagamento da dívida, o que ocorrer primeiro. 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em determinada área 
geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a proteção à privacidade e à intimidade 
 
A quebra do sigilo de dados armazenados não obriga a autoridade judiciária a indicar 
previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa 
medida é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal 
utilizado. 
Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de 
pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida 
desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não impõe 
risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos por tal 
diligência. 
STJ. 3ª Seção. RMS 61.302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/08/2020 (Info 678). 
 
Veja comentários em Direito Processual Penal. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
Mesmo que o ato de improbidade tenha sido praticado em mandato anterior, se o indivíduo for 
condenado, a suspensão dos direitos políticos pode ser aplicada para que ele perca o mandato atual 
 
Importante!!! 
Pacificou!!! 
A pena de suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade administrativa alcança 
qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em julgado da 
condenação. 
Uma vez que o pleno exercício dos direitos políticos é pressuposto para o exercício da 
atividade parlamentar, determinada a suspensão de tais direitos, é evidente que essa 
suspensão alcança qualquer mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em 
julgado da sentença condenatória. É descabido restringir a aludida suspensão ao mandato que 
serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita. 
Diante do escopo da Lei de Improbidade Administrativa de extirpar da Administração Pública 
os condenados por atos ímprobos, a suspensão dos direitos políticos abrange qualquer 
atividade que o agente esteja exercendo ao tempo da condenação irrecorrível pelo tempo que 
imposta a pena. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.813.255-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 678). 
STJ. EREsp 1701967/RS, Rel. para acórdão Min. Francisco Falcão, julgado em 09/09/2020. 
 
Improbidade administrativa 
Improbidade administrativa é... 
- um ato praticado pelo agente público, 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
- com ou sem a participação de um particular, 
- e que gera enriquecimento ilícito, 
- causa prejuízo ao erário ou 
- atenta contra os princípios da Administração Pública. 
 
Previsão constitucional 
Existem quatro dispositivos na CF/88 que versam sobre o tema: art. 14, § 9º; art. 15, V; art. 37, § 4º; art. 
85, V. Deve-se mencionar ainda o art. 97, § 10, III, do ADCT. 
Para fins dedireito administrativo, a previsão mais importante é a do art. 37, § 4º: 
Art. 37 (...) 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda 
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação 
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
Sanções decorrentes do ato de improbidade administrativa previstas na Lei 
A Lei nº 8.429/92 disciplina os aspectos materiais e processuais decorrentes do ato de improbidade 
administrativa. 
Esta Lei prevê, em seu art. 12, que o indivíduo condenado por ato de improbidade administrativa estará 
sujeito às seguintes cominações: 
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; 
• perda da função pública; 
• suspensão dos direitos políticos; 
• proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios; 
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios; 
• multa civil; 
• ressarcimento integral do dano (obs: tecnicamente, não é uma sanção, mas apenas uma consequência 
do ato). 
 
Veja a redação do art. 12: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação 
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que 
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, 
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos 
políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo 
patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos 
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual 
seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; 
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos 
ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão 
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do 
dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio 
majoritário, pelo prazo de cinco anos; 
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, 
suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes 
o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou 
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por 
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 
5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou 
tributário concedido. 
 
A Lei nº 8.429/92 poderia prever outras sanções além daquelas fixadas no art. 37, § 4º da CF/88? 
SIM. O rol de sanções trazido pelo § 4º do art. 37 da CF/88 é exemplificativo. Desse modo, é constitucional 
a ampliação das sanções realizada pela Lei nº 8.429/92. 
 
Sanções dependem do tipo de ato de improbidade 
Vale ressaltar que as sanções aplicadas irão variar de acordo com o tipo de ato de improbidade 
administrativa que foi praticado. 
Assim, por exemplo, se o agente foi condenado pelo art. 9º da Lei de Improbidade, terá seus direitos 
políticos suspensos pelo prazo de 8 a 10 anos. Por outro lado, se praticou o art. 10 ou art. 10-A da Lei, essa 
suspensão será de 5 a 8 anos. Por fim, no caso do art. 11, a suspensão será de 3 a 5 anos. 
 
O juiz é obrigado a aplicar todas as sanções previstas para o tipo? 
NÃO. Não se exige que todas as sanções sejam aplicadas cumulativamente. É possível a incidência 
cumulativa ou isolada das sanções. Essa opção dependerá da gravidade do fato e da extensão do dano 
causado. É a conclusão que se extrai da redação do art. 12: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação 
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que 
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
(...) 
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano 
causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente. 
 
Esse é também o entendimento do STJ: 
Cada inciso do art. 12 da Lei 8.429/1992 traz uma pluralidade de sanções, que podem ser aplicadas 
cumulativamente ou não. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1280973/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 17/12/2013. 
 
Assim, o magistrado não está obrigado a aplicar cumulativamente todas as penas previstas no art. 12 da 
Lei nº 8.429/92, podendo, mediante adequada fundamentação, fixá-las e dosá-las segundo a natureza, a 
gravidade e as consequências da infração (STJ. 2ª Turma. REsp 1134461/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, 
julgado em 03/08/2010). 
 
Pode o magistrado aplicar um sistema misto de sanções, utilizando-se de mais de um inciso do rol do 
art. 12 da LIA? 
NÃO. Cada inciso do art. 12 da Lei refere-se a uma hipótese de improbidade administrativa, não tendo a 
lei autorizado que o juiz faça uma combinação de sanções. 
 
O juiz pode aplicar uma sanção abaixo ou acima dos patamares legais? Ex: o art. 12, III, prevê que, no 
caso do ato de improbidade do art. 11, a suspensão dos direitos políticos é de 3 a 5 anos. Pode o 
magistrado fixar a suspensão em 1 ano, por exemplo? 
NÃO. A sanção deverá obedecer aos parâmetros previstos na lei. Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. REsp 
1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016 (Info 581). 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Perda da função pública 
Conforme vimos acima, uma das sanções que podem ser cominadas ao sujeito condenado por ato de 
improbidade administrativa consiste na “perda da função pública”. 
 
Extensão do termo “função pública” 
Quando a Lei fala em “função pública”, isso deve ser interpretado de forma bem ampla, abrangendo 
servidores públicos estatutários, servidores ocupantes de cargo em comissão, empregados públicos, 
titulares de mandato eletivo etc. 
 
O que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado ocupa cargo diferente daquele 
que exercia na prática do ato? Se o agente público tiver mudado de cargo, ele poderá perder aquele que 
atualmente ocupa? Ex: em 2012, João, na época policial federal, praticou um ato de improbidade 
administrativa; o MP ajuizou ação de improbidade contra ele; em 2018, a sentença transitou em julgado 
condenando João à perda da função pública; ocorre que João é atualmente Defensor Público; ele perderá 
o cargo de Defensor? 
SIM. 
O agente perde a função pública que estiver ocupando no momento do trânsito em julgado, ainda que 
seja diferente daquela que ocupava no momento da prática do ato de improbidade. 
A penalidade de perda da função pública imposta em ação de improbidade administrativa atinge tanto o 
cargo que o infrator ocupava quando praticou a conduta ímproba quanto qualquer outro que esteja 
ocupando ao tempo do trânsito em julgado da sentença condenatória. 
A sanção de perda da função pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu 
inidoneidade (ou inabilitação) moral e desvioético para o exercício da função pública, abrangendo 
qualquer atividade que o agente esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da condenação. 
STJ. EREsp 1701967/RS, Rel. para acórdão Min. Francisco Falcão, julgado em 09/09/2020. 
 
A pena de suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade administrativa alcança qualquer 
mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em julgado da condenação. 
Uma vez que o pleno exercício dos direitos políticos é pressuposto para o exercício da atividade 
parlamentar, determinada a suspensão de tais direitos, é evidente que essa suspensão alcança qualquer 
mandato eletivo que esteja sendo ocupado à época do trânsito em julgado da sentença condenatória. 
É descabido restringir a aludida suspensão ao mandato que serviu de instrumento para a prática da 
conduta ilícita. 
Diante do escopo da Lei de Improbidade Administrativa de extirpar da Administração Pública os 
condenados por atos ímprobos, a suspensão dos direitos políticos abrange qualquer atividade que o 
agente esteja exercendo ao tempo da condenação irrecorrível pelo tempo que imposta a pena. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.813.255-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 678). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
DIREITO AMBIENTAL 
 
OUTROS TEMAS 
É vedada a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, 
sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público 
 
Importante!!! 
A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei 
do Saneamento Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a 
captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga 
e autorização ambiental do Poder Público. 
As normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal, sob pena de 
serem inconstitucionais. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.335.535-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/09/2018 (Info 678). 
 
É muito comum que condomínios “furem” poços artesianos para captação de água a ser utilizada pelos 
moradores. É necessária autorização do Poder Público para a realização dessa prática? 
SIM. 
A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento 
Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a captação de água 
subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do 
Poder Público. Confira os textos legais: 
Lei nº 9.433/97 
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos 
hídricos: 
(...) 
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo 
produtivo; 
 
Lei nº 11.445/2007 
Art. 45. As edificações permanentes urbanas serão conectadas às redes públicas de abastecimento 
de água e de esgotamento sanitário disponíveis e sujeitas ao pagamento de taxas, tarifas e outros 
preços públicos decorrentes da disponibilização e da manutenção da infraestrutura e do uso 
desses serviços. (Redação pela Lei nº 14.026, de 2020) 
§ 1º Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão admitidas soluções individuais de 
abastecimento de água e de afastamento e destinação final dos esgotos sanitários, observadas as 
normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, 
sanitária e de recursos hídricos. 
§ 2º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser 
também alimentada por outras fontes. 
(...) 
§ 11. As edificações para uso não residencial ou condomínios regidos pela Lei nº 4.591, de 16 de 
dezembro de 1964, poderão utilizar-se de fontes e métodos alternativos de abastecimento de 
água, incluindo águas subterrâneas, de reúso ou pluviais, desde que autorizados pelo órgão gestor 
competente e que promovam o pagamento pelo uso de recursos hídricos, quando devido. 
(Incluído pela Lei nº 14.026/2020) 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
A exigência legal se justifica pelo fato de que a água é um bem escasso, recurso natural limitado, de 
domínio público e de expressivo valor econômico. 
 
Mas e se a lei estadual, distrital ou municipal autorizar, de forma genérica, a perfuração de poços 
artesianos, sem exigência de autorização específica? 
Essa lei será inconstitucional. 
Compete privativamente à União legislar sobre águas (art. 22, IV, da CF/88). 
A União, no exercício dessa competência, editou a Lei nº 9.433/97 e a Lei nº 11.445/2007, que exigem a 
autorização mencionada como forma de garantir a disponibilidade e a qualidade da água. 
O STF afirma que os Municípios podem editar leis ambientais quando relacionadas ao interesse local, mas 
desse que não diminuam a proteção já conferida pela legislação federal: 
O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União e Estado, no limite de seu 
interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais 
entes federados (art. 24, VI, c/c 30, I e II, da CRFB). 
STF. Plenário. RE 586.224, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 8/5/2015 (Repercussão Geral – Tema 145. 
 
O federalismo hídrico-ambiental brasileiro admite a coexistência de normas editadas pelos diversos entes 
políticos, desde que guardem sintonia com o prevalente regramento federal de caráter geral, vedado o 
enfraquecimento ou a redução pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do patamar nacional de 
salvaguarda das águas de superfície e subterrâneas. 
 
Em suma: 
A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei do 
Saneamento Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a captação de 
água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental 
do Poder Público. 
As normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal, sob pena de serem 
inconstitucionais. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.335.535-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/09/2018 (Info 678). 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTERNET 
Poder Judiciário pode obrigar empresa responsável pela rede social a fornecer os dados de todos os 
usuários que acessaram determinado perfil dessa rede social em determinado intervalo de tempo 
 
Importante!!! 
Caso concreto: um casal publicou, de livre e espontânea vontade, fotos e vídeos em uma rede 
social adulta voltada para swing, chamada “Sexlog”. Esse material foi indevidamente 
capturado por algum usuário da rede e distribuído por WhatsApp. 
O casal ajuizou ação contra a empresa responsável pela rede pedindo para que ela fornecesse 
os dados de todos os usuários que acessaram o perfil dos requerentes no período 
compreendido entre janeiro e abril de 2017. 
O pedido do casal pode ser acolhido? A empresa responsável pela rede tem a obrigação de 
fornecer esses dados? 
SIM. O art. 15 da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) prevê: 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica e que 
exerça essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá 
manter os respectivos registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente 
controlado e de segurança, peloprazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento. 
Diante da obrigação legal de guarda de registros de acesso a aplicações de internet, não há 
como afastar a possibilidade jurídica de obrigar os provedores de aplicação ao fornecimento 
dessas informações (quais usuários acessaram um perfil na rede social num período), 
considerando que se trata de mero desdobramento dessas obrigações. 
Em suma: é juridicamente possível obrigar os provedores de aplicação ao fornecimento de IPs 
e de dados cadastrais de usuários que acessaram perfil de rede social em um determinado 
período de tempo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.651-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2020 (Info 678). 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
Um casal publicou, de livre e espontânea vontade, fotos e vídeos seus, em poses eróticas, em uma rede 
social adulta voltada para swing (troca de casais), chamada “Sexlog”. 
Esse material, contudo, foi indevidamente capturado (“printado”) por algum usuário da rede e distribuído 
por WhatsApp. 
O casal ajuizou, em maio de 2017, ação contra a empresa responsável pela rede social pedindo para que 
ela fornecesse os dados de todos os usuários que acessaram o perfil dos requerentes no período 
compreendido entre janeiro e abril de 2017. 
 
O pedido do casal pode ser acolhido? A empresa responsável pela rede tem a obrigação de fornecer 
esses dados? 
SIM. 
O art. 15 da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) prevê: 
Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de pessoa jurídica e que exerça 
essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá manter os 
respectivos registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de 
segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento. 
 
Provedor de aplicações de internet (PAI) 
Provedor de aplicações de internet é todo aquele que oferece um conjunto de funcionalidades que podem 
ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet. Exs: Facebook, Instagram, Twitter. 
Os provedores de aplicações de internet são obrigados a manterem consigo, por um determinado período, 
um conjunto de informações, normalmente denominadas de “obrigações de guarda de registro”. 
No Marco Civil da Internet, há duas categorias de dados que devem ser obrigatoriamente armazenados: 
a) os registros de conexão; e 
b) os registros de acesso à aplicação. 
 
A previsão legal para guarda desses dados objetiva facilitar a identificação de usuários da internet pelas 
autoridades competentes e mediante ordem judicial, porque a responsabilização dos usuários é um dos 
princípios do uso da internet no Brasil, conforme o art. 3º, VI, da mencionada lei. 
Além disso, o STJ firmou entendimento de que as prestadoras de serviço de internet, como as demais 
empresas, estão sujeitas a um dever legal de escrituração e registro de suas atividades durante o prazo 
prescricional de eventual ação de reparação civil, dever que tem origem no art. 10 do Código Comercial 
de 1850, e atualmente encontra-se previsto no art. 1.194 do Código Civil: 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda 
a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não 
ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. 
 
Nesse sentido: 
Reconhecimento pela jurisprudência de um dever jurídico dos provedores de acesso de armazenar dados 
cadastrais de seus usuários durante o prazo de prescrição de eventual ação de reparação civil. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1622483/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/05/2018. 
 
Conjugando esse dever de escrituração e registro com a vedação constitucional ao anonimato, nos termos 
do art. 5º, IV, da CF/1988, os provedores de acesso à internet devem armazenar dados suficientes para a 
identificação do usuário. 
Assim, diante da obrigação legal de guarda de registros de acesso a aplicações de internet e o dever de 
escrituração reconhecido por este STJ, não há como afastar a possibilidade jurídica de obrigar os 
provedores de aplicação ao fornecimento da informação em discussão - quais usuários acessaram um 
perfil na rede social num período - por se tratar de mero desdobramento dessas obrigações. 
 
Em suma: 
É juridicamente possível obrigar os provedores de aplicação ao fornecimento de IPs e de dados 
cadastrais de usuários que acessaram perfil de rede social em um determinado período de tempo. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.651-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2020 (Info 678). 
 
 
LOCAÇÃO COMERCIAL 
Em ação revisional de contrato de locação comercial, o reajuste do aluguel deve refletir o valor 
patrimonial do imóvel locado, considerando, inclusive, em seu cálculo, as benfeitorias e 
acessões realizadas pelo locatário com autorização do locador 
 
Importante!!! 
A ação revisional é destinada para as hipóteses em que não há acordo entre locador e locatário 
sobre o valor do aluguel. 
Com base na autonomia privada, nada impede que as partes contratantes (locador e locatário) 
se ajustem sobre: 
i) os gastos relativos à acessão sejam descontados do valor do aluguel por determinado tempo; 
ii) a acessão seja realizada por investimento exclusivo de uma das partes com a 
correspondente indenização ao final do contrato, seja pelo locador, seja pelo locatário; 
iii) a acessão seja custeada por apenas uma parte, renunciando-se à indenização 
correspondente ao investimento. 
Contudo, se não houver consenso entre as partes, em sede de ação revisional de locação 
comercial, o novo aluguel deve refletir o valor patrimonial do imóvel locado, inclusive 
decorrente de benfeitorias e acessões nele realizadas pelo locatário, pois estas incorporam-se 
ao domínio do locador, proprietário do bem. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.411.420-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/06/2020 (Info 678). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A empresa “A” era proprietária do imóvel “X”, que estava alugada para a empresa “B”. 
O contrato de locação tinha vigência de 10 anos (iniciou em março/2015 e só terminaria em março/2025). 
O valor do aluguel era o mesmo desde o início da vigência do contrato e a locatária não aceitava reajustá-lo. 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Diante disso, em 2019, a empresa “A”, ajuizou ação revisional de aluguel objetivando readequar o valor 
do contrato, que estava defasado. 
O pedido da autora foi baseado no art. 19 da Lei nº 8.245/91: 
Art. 19. Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do 
acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao 
preço de mercado. 
 
O art. 19 da Lei nº 8.245/91, ao regular a possibilidade de revisão judicial do aluguel avençado, a fim de 
ajustá-lo ao preço de mercado, “consagrou a adoção da teoria da imprevisão no âmbito do Direito 
Locatício, oferecendo às partes contratantes um instrumento jurídico para a manutenção do equilíbrio 
econômico do contrato” (AgRg no REsp nº 1.206.723/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 11/10/2012). 
Vale ressaltar que o valor do aluguel era de R$ 60 mil e a autora queria fixá-lo em R$ 300 mil. 
O argumento da autora (locadora) foi o de que, quando o imóvel foi alugado, ele era praticamente um 
terreno sem edificações. Ocorre que, ao longo desses 3 anos, foram realizadas benfeitorias e acessões no 
imóvel, que o valorizaram imensamente. Logo, o valor patrimonial do imóvel locado aumentou muito. 
 
AcessãoA acessão é um modo originário de aquisição da propriedade, em virtude da qual fica pertencendo ao 
titular tudo quanto se une ou se incorpora ao bem. 
A acessão pode ocorrer de duas modalidades: 
a) a natural, que se dá quando a união ou incorporação advém de acontecimentos da natureza, como a 
formação de ilhas, o aluvião, a avulsão e o abandono de álveo; e 
b) a artificial, resultante do trabalho do homem, como no caso das construções e plantações. 
 
Contestação 
A ré (empresa “B”) refutou os argumentos afirmando que essas benfeitorias e acessões foram feitas por 
ela (locatária), com autorização da locadora. Logo, não deveria incidir no cálculo do novo valor do aluguel. 
 
O STJ acolheu o argumento da locatária ou da locadora? A ação revisional de contrato de locação 
autoriza o ajuste do valor do aluguel, considerando em seu cálculo eventual acessão realizada pelo 
locatário, com autorização do locador? 
SIM. O STJ acolheu a tese defendida pela empresa locadora do imóvel. 
O art. 19 da Lei nº 8.245/91 dispõe que locador ou locatário poderão pedir revisão judicial do aluguel, a 
fim de ajustá-lo ao preço de mercado. 
A interpretação desse dispositivo não se limita aos elementos externos do contrato, tais como o 
desenvolvimento da região em que se localiza o imóvel. 
Para a preservação do equilíbrio contratual por intervenção judicial, é imprescindível levar em conta todas 
as circunstâncias capazes de afetar o preço de mercado imobiliário. Em vários casos será necessário, 
inclusive, recorrer à perícia para se determinar esse preço. 
Existe razão para se aumentar o aluguel em caso de valorização do imóvel decorrente de nova edificação. 
O ajustamento do aluguel ao preço de mercado está diretamente relacionado às acessões operadas na 
vigência do contrato. 
Se o investimento para a edificação no imóvel ocorreu por conta do locatário, com o consentimento do 
locador (como foi no caso concreto), significa dizer que, por sua livre manifestação de vontade, aceitou 
realizar as obras no terreno alheio. 
A hipótese de que apenas quando o investimento é realizado por conta e risco do locador estaria 
autorizada a majoração do aluguel limita demais as relações privadas de locação. 
Vale relembrar que, juridicamente, a acessão se incorpora ao imóvel. Logo, como o imóvel é do locador, 
a acessão passa a pertencer a ele. 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Os investimentos necessários à acessão podem correr por conta do locador ou do locatário. Isso deve ser 
ajustado entre as partes. Caso o locatário assuma o investimento e não haja qualquer disposição 
contratual em sentido contrário, deve-se entender que essa acessão passará a ser calculada para fins de 
preço do aluguel do imóvel. 
 
Em suma: 
Se não houver consenso entre as partes, em sede de ação revisional de locação comercial, o novo aluguel 
deve refletir o valor patrimonial do imóvel locado, inclusive decorrente de benfeitorias e acessões nele 
realizadas pelo locatário, pois estas incorporam-se ao domínio do locador, proprietário do bem. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.411.420-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/06/2020 (Info 678). 
 
 
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA 
O deferimento da busca e apreensão não autoriza o juiz a extinguir contrato de alienação 
fiduciária sem pedido do credor 
 
O contrato de alienação fiduciária em garantia de bem móvel não se extingue somente por 
força da consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário. 
A reversão da propriedade plena (consolidação) em favor do credor fiduciário (banco) 
constitui apenas uma etapa da execução do contrato, não pondo fim a ele. 
O julgamento extra petita está configurado quando o magistrado concede prestação 
jurisdicional diversa da pleiteada na inicial. 
No caso concreto, mesmo sem pedido de rescisão do contrato de alienação fiduciária, a 
sentença reconheceu extinta a relação contratual, sendo, portanto, considerada extra petita. 
Há julgamento extra petita na hipótese em que, julgado procedente o pedido de busca e 
apreensão de bem alienado fiduciariamente, o juiz, sem o requerimento expresso do autor, 
extingue o contrato firmado entre o devedor fiduciante e o credor fiduciário. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.779.751-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/06/2020 (Info 
678). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João comprou um carro mediante alienação fiduciária em 60 parcelas. 
João ficará andando no veículo, mas a propriedade resolúvel é do Banco que lhe emprestou o dinheiro. 
Quando o adquirente terminar de pagar as prestações do mútuo, a propriedade do carro pelo banco 
“resolve-se” (acaba) e o automóvel passa a pertencer a João. 
 
Inadimplemento 
Ocorre que João passou a atrasar o pagamento das prestações 
Diante disso, o banco credor fez a notificação extrajudicial do devedor de que este se encontra em débito, 
comprovando, assim, a mora, nos termos da Súmula 72 do STJ: 
Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado 
fiduciariamente. 
 
Busca e apreensão 
Após comprovar a mora, o mutuante (Banco “X”) ingressou com ação de busca e apreensão requerendo 
que lhe fosse entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). 
O juiz concedeu a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor), conforme determina o art. 
3º do DL 911/69. 
 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Sentença 
O bem foi apreendido e entregue ao banco. 
O devedor apresentou resposta. 
Em seguida, o magistrado julgou procedente o pedido para “declarar rescindido o contrato firmado entre 
as partes e consolidar nas mãos da parte autora a posse e o domínio do bem alienado fiduciariamente 
objeto do contrato que instrui a petição inicial”. 
 
Recurso 
O banco recorreu alegando que o magistrado não poderia ter rescindido o contrato de alienação fiduciária 
em garantia, visto que isso não foi postulado na inicial. 
 
O recurso do banco foi provido? A sentença foi realmente extra petita? 
SIM. 
O deferimento da busca e apreensão não autoriza o juiz a extinguir contrato de alienação fiduciária sem 
pedido do credor. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.779.751-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/06/2020 (Info 678). 
 
O contrato de alienação fiduciária em garantia de bem móvel não se extingue somente por força da 
consolidação da propriedade em nome do credor fiduciário. 
A reversão da propriedade plena (consolidação) em favor do credor fiduciário (banco) constitui apenas 
uma etapa da execução do contrato, não pondo fim a ele. 
No caso concreto, mesmo sem pedido de rescisão do contrato de alienação fiduciária, a sentença 
reconheceu extinta a relação contratual, sendo, portanto, considerada extra petita. 
Há julgamento extra petita na hipótese em que, julgado procedente o pedido de busca e apreensão de 
bem alienado fiduciariamente, o juiz, sem o requerimento expresso do autor, extingue o contrato firmado 
entre o devedor fiduciante e o credor fiduciário. 
 
Venda do bem 
Importante esclarecer, por fim, que, se houve o inadimplemento ou mora e o bem foi apreendido, o credor 
(proprietário fiduciário) poderá vender a coisa a terceiros, independentemente de leilão, hasta pública, 
avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em contrário 
prevista no contrato (art. 2º do DL 911/69). 
O preço da venda, isto é, o valor apurado com a alienação, deverá ser utilizado para pagar os débitos do 
devedor para com o credor e também para custear as despesas decorrentes da cobrança dessa dívida. 
Se, após o pagamento da dívida, ainda sobrar dinheiro, esse saldo apurado deverá ser entregueao 
devedor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
VÍCIO DO PRODUTO 
Dever do comerciante de receber e enviar os aparelhos 
viciados para a assistência técnica ou para o fabricante 
 
O comerciante tem o dever de receber do consumidor o aparelho que esteja viciado 
(“defeituoso”) com o objetivo de encaminhá-lo à assistência técnica para conserto? 
Sim. O comerciante tem a obrigação de intermediar a reparação ou a substituição de produtos 
nele adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação (vício oculto de inadequação), com a 
coleta em suas lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.568.938-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678). 
 
Ainda sobre o tema: 
Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - 
levar o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João comprou um aparelho celular Samsung na loja “Ponto Frio” no shopping. 
Dois meses depois, o som do aparelho não funcionava mais. 
Neste caso, João tem o direito de exigir que consertem o produto adquirido no prazo de 30 dias. 
Se o produto não for consertado nesse prazo, o consumidor pode exigir a substituição da mercadoria, a 
devolução do dinheiro ou o abatimento proporcional do preço. 
Isso encontra-se previsto no art. 18, § 1º do CDC: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
Voltando ao caso concreto: 
João viu na internet que a assistência técnica da Samsung era no centro, o que era longe da sua casa. 
Diante disso, João voltou ao Ponto Frio e exigiu que ela recebesse o aparelho e o consertasse. 
A loja afirmou que João deveria levar o celular diretamente para a assistência técnica da Samsung. 
 
A loja está correta ao agir assim? 
NÃO. 
 
Responsabilidade solidária 
Há responsabilidade solidária de toda a cadeia de fornecimento pela garantia de qualidade e adequação 
do produto perante o consumidor: 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem 
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 
Essa solidariedade de que trata o art. 18 do CDC impõe ao comerciante a obrigação de coletar e reparar 
os produtos nele adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação (vício oculto de inadequação). 
Assim, o consumidor poderá optar por levar o aparelho à loja, à assistência técnica ou diretamente ao 
fabricante (os fornecedores do caput do art. 18), sendo que qualquer deles terá até 30 dias para efetuar 
o conserto. 
Todos os integrantes da cadeia de fornecimento respondem solidariamente pelos produtos defeituosos, 
lembrando que, nos termos do art. 3º do CDC, fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
Do mesmo modo que o comerciante recebeu o produto do fabricante para o comercializar no mercado, 
em sobrevindo defeito nele, o comerciante deve devolvê-lo ao respectivo produtor, para a correção do 
vício oculto. 
Impedir que o consumidor retorne ao vendedor para que ele encaminhe o produto defeituoso para o 
fabricante reparar o defeito representa imposição de dificuldades ao exercício de seu direito de possuir 
um bem que sirva aos fins a que se destina. 
É óbvio que o comerciante tem muito mais acesso ao fabricante do bem viciado por ela comercializado do 
que o consumidor. Logo, os custos (de tempo e de transporte) que o comerciante terá para entregar o 
bem ao fabricante são menores do que aqueles que o consumidor teria. 
Desse modo, por estar incluído na cadeia de fornecimento do produto, quem o comercializa, ainda que 
não seja seu fabricante, fica responsável, perante o consumidor, por receber o item que apresentar defeito 
e o encaminha-lo à assistência técnica, independente do prazo de 72 horas da compra, sempre observado 
o prazo decadencial do art. 26 do CDC. 
 
Resumindo: 
O comerciante tem a obrigação de intermediar a reparação ou a substituição de produtos nele 
adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação (vício oculto de inadequação), com a coleta em suas 
lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.568.938-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678). 
 
No mesmo sentido: 
Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - levar 
o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619). 
 
 
DANO MORAL COLETIVO 
A exploração de jogo de azar ilegal configura, em si mesma, dano moral coletivo 
 
Em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal contra os réus que 
desenvolviam ilegalmente atividade de bingo, foi determinada a sua condenação em danos 
morais coletivos. Considerou-se que há dano moral in re ipsa. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.567.123-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/06/2016 (Info 678). 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
O Ministério Público ajuizou ação civil pública contra os réus, que estavam desenvolvendo ilegalmente 
atividades de bingo e máquinas de caça-níquel. 
Na ação, o MP pediu a interrupção das atividades e a condenação dos réus em danos morais coletivos. 
O juiz acolheu o pedido para cessação das atividades, mas negou o pleito indenizatório afirmando que não 
restou provada nos autos a ocorrência de danos morais coletivos. 
 
É devida a condenação por danos morais coletivos no presente caso? 
SIM. 
A exploração de jogo de azar ilegal configura, em si mesma, dano moral coletivo. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.567.123-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/06/2016 (Info 678). 
 
À luz do CDC, a responsabilidade civil é objetiva e solidária. O dano moralcoletivo não depende de prova 
da dor, do sofrimento ou do abalo psicológico, pois demonstrá-los, embora possível, em tese, na esfera 
individual, é completamente inviável no campo dos interesses difusos e coletivos, razão pela qual 
dispensado, principalmente quando incontestável a ilegalidade da atividade econômica ou da prática 
comercial em questão. 
Trata-se, portanto, de dano moral in re ipsa (ou seja, o prejuízo é presumido). 
 
DOD PLUS – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE DANO MORAL COLETIVO 
 
Dano extrapatrimonial era só individual e depois houve uma evolução 
No início, os danos extrapatrimoniais relacionavam-se unicamente com a violação de aspectos da 
personalidade individual. 
Contudo, houve uma evolução do sistema da responsabilidade civil e o dano extrapatrimonial passou a 
também ser admitido com relação a direitos pertencentes à sociedade como um todo. Surge, então, a 
ideia de dano moral coletivo. 
Os danos morais coletivos surgem a partir do momento em que o direito passa a reconhecer que existem 
determinados bens que são coletivos. Logo, se há uma violação extrapatrimonial a esses bens, podemos 
falar, então, em danos morais coletivos. 
Assim, “na medida em que se reconhecem bens coletivos, há também um dano dessa categoria derivado 
da lesão desse bem” (LORENZETTI, Ricardo Luís. O Direito e o Desenvolvimento Sustentável - Teoria Geral 
do Dano Ambiental Moral, in: Revista de Direito Ambiental. nº 28, São Paulo: RT, p. 139-149). 
 
O que é dano moral coletivo? 
“O dano moral coletivo é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito 
transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma 
a envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano 
é, na verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa.” (Min. Mauro 
Campbell Marques). 
O dano moral coletivo é o resultado de uma lesão à esfera extrapatrimonial (moral) de determinada 
comunidade. Ocorre quando o agente pratica uma conduta que agride, de modo totalmente injusto e 
intolerável, o ordenamento jurídico e os valores éticos fundamentais da sociedade em si considerada, 
provocando uma repulsa e indignação na consciência coletiva (Min. Ricardo Villas Bôas Cueva). 
 
Categoria autônoma 
O dano moral coletivo é uma espécie autônoma de dano que está relacionada à integridade psico-física 
da coletividade. 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
Quando se fala em dano moral coletivo a análise não envolve aqueles atributos tradicionais da pessoa 
humana (dor, sofrimento ou abalo psíquico). 
O dano moral coletivo tutela, portanto, uma espécie autônoma e específica de bem jurídico 
extrapatrimonial, não coincidente com aquela amparada pelos danos morais individuais. 
 
Os danos morais coletivos não correspondem ao somatório das lesões extrapatrimoniais singulares 
Em outras palavras, dano moral coletivo não significa a soma de uma série de danos morais individuais. 
A ocorrência de inúmeros episódios de danos morais individuais não gera, necessariamente, a constatação 
de que houve um dano moral coletivo. 
 
Toda vez que são violados direitos dos consumidores haverá dano moral coletivo? 
NÃO. 
Não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso (dano 
moral coletivo). É necessário que esse ato ilícito seja de razoável significância e desborde os limites da 
tolerabilidade. Deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e 
alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva STJ. 3ª Turma. REsp 1.221.756/RJ, Rel. Min. 
Massami Uyeda, julgado em 02/02/2012. 
 
Basta que haja violação à lei ou ao contrato para que se caracterize o dano moral coletivo? 
NÃO. 
Não basta a mera infringência à lei ou ao contrato para a caracterização do dano moral coletivo. É essencial 
que o ato antijurídico praticado atinja alto grau de reprovabilidade e transborde os lindes do 
individualismo, afetando, por sua gravidade e repercussão, o círculo primordial de valores sociais. 
O dano moral coletivo não pode ser banalizado para evitar o seu desvirtuamento. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1473846/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/02/2017. 
 
Reparação dos danos morais: individuais X coletivos 
Danos morais INDIVIDUAIS Danos morais COLETIVOS 
O objetivo da reparação é promover o 
retorno do status quo, ou seja, da situação 
anterior à violação do direito. 
O propósito visado não é, primordialmente, o 
retorno à situação anterior. 
Sua finalidade precípua é a de punir o 
responsável pela lesão e inibir novas práticas 
ofensivas. 
Importante binômio: punir e inibir. 
A reparação está limitada pela extensão do 
dano (art. 944 do CC) e pelo princípio da 
compensação integral da lesão, razão pela 
qual a vítima não deve receber quantia 
inferior ou superior aos danos sofridos. 
A reparação tem por objetivo redistribuir o 
lucro obtido pelo ofensor de forma ilegítima, 
entregando parte dele à sociedade. 
Não se trata, portanto, de uma reparação 
típica. 
O valor obtido com a indenização visa a 
restituir de forma direta o dano causado à 
vítima. 
Restitui o dano causado de forma apenas 
indireta, considerando que o ganho obtido 
com a prática do ilícito é revertida ao fundo 
de reconstituição dos bens coletivos, previsto 
no art. 13 da Lei nº 7.347/85. 
 
Trinômio dos danos morais coletivos 
• Punir a conduta (sancionamento exemplar ao ofensor); 
• Inibir a reiteração da prática ilícita; 
• Evitar o enriquecimento ilícito do agente. 
 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
 
DIREITO NOTARIAL E 
REGISTRAL 
 
REGISTRO DE IMÓVEIS 
O cancelamento do registro do loteamento pode ser requerido pelo loteador, ou quem por ele 
se sub-rogou, vedada a pretensão se comprovado inconveniente para o desenvolvimento 
urbano ou quando já realizado melhoramento 
 
Caso concreto: no ano de 1982 foi pedido o registro de um loteamento de imóvel junto ao 11º 
Cartório de Registro de Imóveis. O imóvel objeto do loteamento foi desmembrado em 16 
unidades independentes, com matrículas próprias. Por escritura de venda e compra, a 
empresa CAMPER (especializada em negócios imobiliários) adquiriu todos os lotes que seriam 
objeto do loteamento. Diante do seu desinteresse em manter o empreendimento, a CAMPER 
solicitou perante o 11º Cartório de Registro de Imóveis o cancelamento do procedimento de 
registro do loteamento, o que não foi acolhido sob o argumento de que ela não teria 
legitimidade. 
O STJ reconheceu a existência de legitimidade da requerente. 
A empresa incorporadora e administradora de negócios imobiliários que adquire todos os 
lotes do loteamento e se sub-roga nos direitos do loteador possui legitimidade para requerer 
o cancelamento do procedimento do registro do loteamento, vedada a pretensão nos casos de 
comprovado inconveniente para o desenvolvimento urbano ou quando realizado algum 
melhoramento na área loteada e adjacências. 
No caso, não tinha havido ainda o registro do loteamento, que se encontrava na fase de 
aprovação dos projetos perante a municipalidade. Ademais, não houve nenhum tipo de obra 
ou melhoramento no imóvel objeto do loteamento ou nos seus arredores, tampouco ação do 
Poder do Público, ou seja, o terreno encontrava-se da mesma forma tal como na época do início 
do procedimento, razão pela qual a municipalidade não teria motivo para obstar o pedido de 
cancelamento. 
Destaca-se que cancelar o procedimento do pedido de registro de loteamento é diferente de 
pedir o cancelamentodo registro do loteamento, hipótese em que a tradição para a 
Municipalidade já se operou; naquela outra não. 
STJ. 3ª Turma. RMS 60.343-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/08/2020 (Info 678). 
 
O caso concreto, com adaptações, foi o seguinte: 
No ano de 1982, foi pedido o registro de um loteamento de imóvel junto ao 11º Cartório de Registro de 
Imóveis. 
O imóvel objeto do loteamento foi desmembrado em 16 unidades independentes, com matrículas 
próprias. 
Por escritura de venda e compra, a empresa CAMPER (especializada em negócios imobiliários) adquiriu 
todos os lotes que seriam objeto do loteamento. 
Diante do seu desinteresse em manter o empreendimento, a CAMPER solicitou perante o 11º Cartório de 
Registro de Imóveis o cancelamento do procedimento de registro do loteamento, o que não foi acolhido 
sob o argumento de que ela não teria legitimidade. 
 
A questão chegou até o STJ. A requerente possuía legitimidade para o pedido? 
SIM. O STJ reconheceu a existência de legitimidade da requerente. 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
A empresa incorporadora e administradora de negócios imobiliários que adquire todos os lotes do 
loteamento e se sub-roga nos direitos do loteador possui legitimidade para requerer o cancelamento 
do procedimento do registro do loteamento, vedada a pretensão nos casos de comprovado 
inconveniente para o desenvolvimento urbano ou quando realizado algum melhoramento na área 
loteada e adjacências. 
STJ. 3ª Turma. RMS 60.343-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/08/2020 (Info 678). 
 
No caso, não tinha havido ainda o registro do loteamento, que se encontrava na fase de aprovação dos 
projetos perante a municipalidade. 
Ademais, não houve nenhum tipo de obra ou melhoramento no imóvel objeto do loteamento ou nos seus 
arredores, tampouco ação do Poder do Público, ou seja, o terreno encontrava-se da mesma forma tal 
como na época do início do procedimento, razão pela qual a municipalidade não teria motivo para obstar 
o pedido de cancelamento. 
Destaca-se que cancelar o procedimento do pedido de registro de loteamento é diferente de pedir o 
cancelamento do registro do loteamento, hipótese em que a tradição para a Municipalidade já se operou; 
naquela outra não. 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
CONTRATOS BANCÁRIOS 
O teto cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) se aplica ao montante total do fundo 
instituído por concessionárias, não à quota-parte devida a cada associado 
 
Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que 
administra um mecanismo de proteção às pessoas que possuem depósitos ou investimentos 
no Sistema Financeiro Nacional. 
Assim, por exemplo, se um banco passa por um processo de intervenção, de liquidação 
extrajudicial ou mesmo de falência, o FGC assegura que os correntistas irão receber de volta 
os valores depositados. Vale ressaltar, no entanto, que existe um limite (um “teto”) que é 
garantido pelo FGC. 
Atualmente, o valor máximo garantido é de R$ 250 mil. Desse modo, se a pessoa tinha R$ 300 
mil depositados no banco que “quebrou”, ela receberá R$ 250 mil do FGC e deverá tentar 
buscar os R$ 50 mil restantes da instituição financeira (se conseguir). 
Situação hipotética: foi instituído um fundo formado por 10 concessionárias de veículos, 
sendo administrado pela associação que representa essas concessionárias. Esse fundo foi 
constituído para aglutinar todo o dinheiro que as concessionárias utilizariam para fazer 
marketing na imprensa. Assim, todos contribuíam e o fundo contratava as peças publicitárias. 
Os recursos financeiros desse fundo eram depositados numa conta do Banco BMD. Ocorre que 
essa instituição financeira entrou em liquidação extrajudicial e as concessionárias não 
conseguiram receber do banco o valor depositado. O FGC foi acionado. Suponhamos que havia 
R$ 2 milhões depositados. As concessionárias argumentaram que deveriam receber do FGC os 
R$ milhões considerando que o fundo é composto por 10 concessionárias. Logo, cada uma 
delas teria direito ao teto cobertura de R$ 250 mil. 250 mil x 10 = 2 milhões e 500 mil. 
O pedido não foi acolhido pelo STJ. O teto cobertura do FGC deverá ser aplicado para o fundo 
(e não para cada concessionária que dele faz parte). Assim, o fundo todo terá direito de 
receber R$ 250 mil e ele fundo que distribua entre as concessionárias. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.951-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 04/08/2020 
(Info 678). 
 Informativo 
comentado 
 
 
Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
 
Fundo Garantidor de Créditos (FGC) 
Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que administra um 
mecanismo de proteção às pessoas que possuem depósitos ou investimentos no Sistema Financeiro 
Nacional. 
Assim, por exemplo, se um banco passa por um processo de intervenção, de liquidação extrajudicial ou 
mesmo de falência, o FGC assegura que os correntistas irão receber de volta os valores depositados. Vale 
ressaltar, no entanto, que existe um limite (um “teto”) que é garantido pelo FGC. 
Atualmente, o valor máximo garantido é de R$ 250 mil. Desse modo, se a pessoa tinha R$ 300 mil 
depositados no banco que “quebrou”, ela receberá R$ 250 mil do FGC e deverá tentar buscar os R$ 50 mil 
restantes da instituição financeira (se conseguir). 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Foi instituído um fundo formado por 10 concessionárias de veículos, sendo administrado pela associação 
que representa essas concessionárias. 
Esse fundo foi constituído para aglutinar todo o dinheiro que as concessionárias utilizariam para fazer 
marketing na imprensa sobre os carros que elas vendem. 
Assim, todos contribuíam e o fundo contratava as peças publicitárias. 
Os recursos financeiros desse fundo eram depositados numa conta do Banco BMD. 
Ocorre que essa instituição financeira entrou em liquidação extrajudicial e as concessionárias não 
conseguiram receber do banco o valor depositado. 
O FGC foi acionado. 
Suponhamos que havia R$ 2 milhões depositados. 
As concessionárias argumentaram que deveriam receber do FGC os R$ 2 milhões considerando que o 
fundo é composto por 10 concessionárias. Logo, cada uma delas teria direito ao teto cobertura de R$ 250 
mil (250 mil x 10 = 2 milhões e 500 mil). 
 
A tese das concessionárias encontrou abrigo no STJ? 
NÃO. O pedido não foi acolhido pelo STJ. 
O teto cobertura do FGC deverá ser aplicado para o fundo (e não para cada concessionária que dele faz 
parte). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.951-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 04/08/2020 (Info 678). 
 
Assim, em nosso exemplo, o fundo todo terá direito de receber R$ 250 mil e ele (fundo) deverá dividir 
essa quantia entre as concessionárias. 
No caso, embora os valores depositados na conta corrente não integrassem o patrimônio da associação, 
eles também não integravam o patrimônio individual dos associados, mas o patrimônio do fundo. 
Desse modo, a associação não agiu diretamente como mandatária ou representante dos associados, mas 
como administradora do fundo instituído pelas concessionárias associadas. 
A associação deve ser considerada uma única investidora, para fins de cobertura, fazendo jus somente ao 
teto do FGC. 
 
Outro julgado com o mesmo raciocínio 
O STJ já havia decidido que, se um fundo de previdência possui aplicações em uma instituição que 
“quebra”, o teto de cobertura do FGC se aplica para o montante do fundo (e não para cada um dos 
investidores individualmente considerado): 
(...) 1. Pretensão de entidade fechada de previdência complementar de que o valor resguardado pelo 
Fundo Garantidorde Créditos (FGC) seja considerado individualmente para cada um dos seus 
participantes, em face da falência do Banco Santos. 
 Informativo 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
2. O Fundo Garantidor de Créditos, entidade privada sem fins lucrativos, com criação autorizada pelo 
Conselho Monetário Nacional, tem por finalidade proteger titulares de créditos contra instituições 
financeiras a ele associadas, prestando aos pequenos investidores suporte financeiro mediante as 
contribuições que reúne dos integrantes do sistema. 
3. O FGC integra uma rede de proteção bancária para a garantia do equilíbrio do sistema, atuando como 
um seguro de depósitos dos pequenos investidores. 
4. Estabelecido no regulamento do FGC que as entidades investidoras, como a demandante, terão o total 
dos seus investimentos salvaguardados até o limite de vinte mil reais ( R$ 20.000,00), a pulverização dessa 
garantia a cada um dos participantes do plano de previdência, além de afrontar o regulamento, pode 
conduzir ao indesejável desequilíbrio do fundo, comprometendo os seus fins institucionais. (...) 
STJ. 3ª Turma. REsp 1453957/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/06/2015. 
 
FGC destina-se a proteger os “pequenos” investidores 
O FGC exerce uma função social de proteção do pequeno investidor, que tem condições limitadas de 
avaliação de risco, estimulando, assim, a participação do cidadão comum no mercado financeiro. 
Verifica-se, portanto, que a pretendida garantia de grandes valores, aplicados por investidores 
qualificados, como é o caso de uma instituição de previdência complementar, não se insere nos objetivos 
da garantia ordinária do FGC, podendo prejudicar a finalidade para a qual foi criado o Fundo, criando risco 
moral, na medida em que incentivaria o investimento em instituições financeiras de conduta arrojada e 
arriscada, em detrimento de bancos que efetuam aplicações mais responsáveis e, por esse motivo, em 
geral, menos lucrativas. 
 
 
 
CONTRATO DE SHOPPING CENTER 
É possível a inclusão de valor relativo a honorários advocatícios contratuais previamente 
ajustados pelas partes na execução de contrato de locação de espaço em shopping center 
 
Em regra, os honorários contratuais são devidos por aquele que contrata o advogado para 
atuar em seu favor, respondendo cada uma das partes pelos honorários contratuais de seu 
advogado. 
A parte vencida, além dos honorários contratuais do seu advogado, também arcará com o 
pagamento dos honorários sucumbenciais devidos ao patrono da parte vencedora. 
No caso concreto, o contrato firmado entre as partes previa que o locatário deveria pagar os 
honorários contratuais de seu advogado, assim como os do advogado do locador. Isso não 
configura bis in idem, pois não se trata do pagamento da mesma verba, mas do repasse de 
custo do locador para o locatário. 
A atividade empresarial é caracterizada pelo risco e regulada pela lógica da livre-
concorrência, devendo prevalecer nesses ajustes, salvo situação excepcional, a autonomia da 
vontade e o princípio pacta sunt servanda. 
Não há como afastar a incidência de cláusula de contrato de locação de espaço em shopping 
center com base em alegação genérica de afronta à boa-fé objetiva, devendo ficar demonstrada 
a situação excepcional que autoriza a intervenção do Poder Judiciário. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.890-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/08/2020 (Info 
678). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
“Morena Modas” (“JM Comércio Ltda”) celebrou contrato com a administradora do shopping center 
“Iguateré” para locação de espaço para funcionamento de loja. 
 Informativo 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
No contrato de locação, havia uma cláusula prevendo que, em caso de não pagamento dos encargos 
contratuais, o locatário arcaria com todas as despesas e custas judiciais, assim como honorários 
advocatícios na base de 20% (vinte por cento) sobre o total do débito, se houver intervenção do advogado. 
Em outras palavras, o contrato firmado entre as partes previa que o locatário deveria pagar os honorários 
contratuais de seu advogado, assim como os do advogado do locador (shopping). 
 
Essa cláusula é válida? 
SIM. 
É possível a inclusão de valor relativo a honorários advocatícios contratuais previamente ajustados pelas 
partes na execução de contrato de locação de espaço em shopping center. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.890-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/08/2020 (Info 678). 
 
Em regra, os honorários contratuais são devidos por aquele que contrata o advogado para atuar em seu 
favor, respondendo cada uma das partes pelos honorários contratuais de seu advogado. 
A parte vencida, além dos honorários contratuais do seu advogado, também arcará com o pagamento dos 
honorários sucumbenciais devidos ao patrono da parte vencedora. 
No caso concreto, o contrato firmado entre as partes previa que o locatário deveria pagar os honorários 
contratuais de seu advogado, assim como os do advogado do locador. Isso não configura bis in idem, pois 
não se trata do pagamento da mesma verba, mas do repasse de custo do locador para o locatário. 
A atividade empresarial é caracterizada pelo risco e regulada pela lógica da livre-concorrência, devendo 
prevalecer nesses ajustes, salvo situação excepcional, a autonomia da vontade e o princípio pacta sunt 
servanda. 
Não há como afastar a incidência de cláusula de contrato de locação de espaço em shopping center com 
base em alegação genérica de afronta à boa-fé objetiva, devendo ficar demonstrada a situação 
excepcional que autoriza a intervenção do Poder Judiciário. 
Vale destacar, ainda, que a onerosidade excessiva pressupõe a superveniência de uma circunstância 
extraordinária e imprevista de ordem geral, que torne a prestação excessivamente onerosa para uma das 
partes. 
Assim, como o repasse de custos do locador ao locatário não ultrapassa o que usualmente se espera nos 
contratos de locação de espaço em shopping center e não há outras circunstâncias excepcionais que 
autorizem a intromissão do Judiciário no negócio firmado, deve ser permitida a inclusão dos honorários 
na execução. 
 
 
FALÊNCIA 
O redirecionamento da execução fiscal contra os sócios prescinde do trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória em crime falimentar 
 
É possível o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente da pessoa jurídica 
originalmente executada pela suposta prática de crime falimentar mesmo que não tenha 
havido ainda o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Se há indícios e/ou provas de prática de ato de infração à lei (penal), a hipótese se subsume ao 
art. 135 do CTN. 
Importante acrescentar que mesmo a eventual absolvição em ação penal não conduz 
necessariamente à revogação do redirecionamento, pois o ato pode não constituir ilícito 
penal, e, mesmo assim, continuar a representar infração à lei civil, comercial, administrativa, 
etc. (independência das esferas civil, lato sensu, e penal). 
É por essa razão que caberá ao juiz natural, competente para processar e julgar a execução 
fiscal, analisar, caso a caso, o conteúdo da denúncia pela prática de crime falimentar e decidir 
 Informativo 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
se cabe ou não o redirecionamento. Não é necessário, portanto, aguardar o trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória para que o Juízo da Execução Fiscal analise o pleito de 
redirecionamentoda execução contra o sócio. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.792.310-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 04/02/2020 (Info 678). 
 
Veja comentários em Direito Processual Civil. 
 
 
 
ECA 
 
ADOÇÃO 
A redação literal do ECA proíbe a adoção avoenga (adoção do neto pelos avós); 
no entanto, o STJ admite que isso ocorra em situações excepcionais 
 
Importante!!! 
O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e os 
irmãos do adotando”). 
Essa regra proibitiva tem por objetivo: 
• evitar inversões e confusões nas relações familiares - em decorrência da alteração dos graus 
de parentesco 
• impedir a utilização do instituto com finalidade meramente patrimonial. 
Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional 
quando: 
a) o pretenso adotando seja menor de idade; 
b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto 
desde o seu nascimento; 
c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; 
d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como 
irmão; 
e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; 
f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; 
g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de 
interesses econômicos; e 
h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. 
Assim, é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de 
modo a se autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678). 
 
Conceito de adoção 
Adoção é um ato jurídico em sentido estrito, que depende sempre de uma decisão judicial 
constitutiva, por meio do qual se cria um vínculo jurídico irrevogável de pai e filho(a) ou de mãe e filho(a) 
e cujos efeitos são exatamente os mesmos decorrentes de uma filiação biológica. 
 
 
 Informativo 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Regime jurídico 
A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma prevista pelo ECA. 
A adoção de pessoas maiores de 18 anos também acaba observando as regras trazidas pelo ECA, 
considerando que, atualmente, o Código Civil quase nada disciplina sobre o tema. 
 
Capacidade para adotar 
Podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil. 
O adotante há de ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando. Ex.: se o adotando tiver 4 anos, 
o adotante deverá ter, no mínimo, 20 anos. 
 
Os avós podem adotar o(a) próprio(a) neto(a)? 
Segundo o texto do ECA: NÃO 
De acordo com a literalidade do ECA, os ascendentes do adotando não poderão adotá-lo (§ 1º do art. 42). 
A doutrina aponta duas razões pelas quais o legislador resolveu editar essa norma proibitiva: 
1) Na prática, verificava-se que, em regra, a adoção do neto pelos avós ocorria para atender interesses 
econômicos, pois o objetivo principal era fazer com que os avós, quando morressem, deixassem a pensão 
para o adotado. 
2) Constatou-se que essa modalidade de adoção provocava uma quebra da harmonia familiar e uma 
confusão psicológica do adotando, já que aqueles que eram seus avós passavam a ser seus pais e o seu 
pai (ou mãe) transformava-se em irmão(ã), causando um suposto conflito na cabeça da 
criança/adolescente. 
 
Posição do STJ 
O STJ, em casos excepcionais, faz uma mitigação (relativização) dessa proibição e admite a adoção de neto 
por avó desde que cumpridos os seguintes requisitos: 
a) o pretenso adotando seja menor de idade; 
b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto desde o 
seu nascimento; 
c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial; 
d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como irmão; 
e) inexista conflito familiar a respeito da adoção; 
f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando; 
g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de interesses 
econômicos; e 
h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando. 
 
Assim, é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a 
se autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 678). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Informativo xxx-STJ (xxx) – Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO 
Técnica do julgamento ampliado também pode ser aplicada a embargos de declaração opostos 
contra acórdão que julgou apelação, desde que cumpridos os demais requisitos do art. 942 do CPC 
 
Importante!!! 
A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao 
acórdão de apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para 
alterar o resultado inicial do julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos 
declaratórios (se rejeitados ou se acolhidos, com ou sem efeito modificativo). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 25/08/2020 (Info 678). 
 
Técnica de julgamento do art. 942 do CPC/2015 
O resultado do julgamento da apelação pode ser unânime (quando todos os Desembargadores 
concordam) ou por maioria (quando no mínimo um Desembargador discorda dos demais). 
Se o resultado se der por maioria, o CPC prevê uma nova “chance” de a parte que “perdeu” a apelação 
reverter o resultado. Como assim? 
Se o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em uma nova sessão, que 
será marcada e que contará com a presença de novos Desembargadores que serão convocados, em 
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial. 
Ex: o resultado da apelação foi 2x1; 2 Desembargadores votaram pelo provimento da apelação (em favor de 
João) e um Desembargador votou pela manutenção da sentença (em favor de Pedro); significa dizer que deverá 
ser designada uma nova sessão e para essa nova sessão serão convocados dois novos Desembargadores que 
também irão emitir votos; neste nosso exemplo, foram convocados 2 porque a convocação dos novos 
julgadores deverá ser em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial (se os 
dois novos Desembargadores votarem com a minoria, o placar se inverte para 3x2). 
Veja a previsão legal: 
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em 
sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos 
previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade 
de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar 
oralmente suas razões perante os novos julgadores. 
 
A previsão deste art. 942 é chamada de “técnica de complementação de julgamento não unânime” ou 
“técnica de ampliação do colegiado”. 
Vamos verificar outras informações sobre esta técnica. 
 
Prosseguimento na mesma sessão 
Sendo possível, o prosseguimento do julgamento pode ocorrer na mesma sessão, colhendo-se os votos 
de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado

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