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PSICOLOGIA-JURÍDICA

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 RESGATE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA JURÍDICA ............................... 4 
3 PSICOLOGIA FORENSE ............................................................................ 8 
3.1 Psicologia forense e suas formas de integração com o direito ........... 10 
4 PSICOLOGIA INVESTIGATIVA ................................................................ 13 
5 PSICOLOGIA CRIMINAL .......................................................................... 16 
5.1 Perfil criminal – criminal profiling ........................................................ 17 
5.2 As atuações dos psicólogos no sistema de justiça brasileiro ............. 22 
6 PSICOLOGIA JURÍDICA E AS QUESTÕES DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
 26 
7 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITO DE FAMÍLIA ................................... 27 
8 PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO ........................................................... 30 
9 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITO CIVIL .............................................. 32 
10 PSICOLOGIA POLICIAL/MILITAR ........................................................ 34 
11 MEDIAÇÃO............................................................................................ 34 
12 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITOS HUMANOS ............................... 36 
13 VITIMOLOGIA ....................................................................................... 40 
13.1 Proteção a testemunhas ................................................................. 41 
13.2 Perfil das vítimas e seus aspectos psicológicos .............................. 45 
14 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM INSTITUIÇÕES DE JUSTIÇA........... 56 
14.1 Avaliação psicológica forense ......................................................... 59 
14.2 Avaliação psicológica no contexto da vara de família ..................... 60 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 64 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 RESGATE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
Fonte: unifor.br 
A pretensão de fazer um resgate histórico da psicologia jurídica só pode ser 
efetivada se primeiramente remontarmos a história da medicina ligada ao estudo das 
doenças mentais, área pela qual a psicologia inclusive sua ramificação jurídica apoiou 
seus estudos e aplicações séculos mais tarde. Assim, retoma-se à Idade Antiga com 
a primeira classificação nosológica de Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.), na qual 
doenças como melancolia, delírio, psicoses puerperais, histeria, dentre outras, foram 
catalogadas e até hoje são reconhecidas e estudadas, servindo inclusive para 
definição de imputabilidade de sujeitos acometidos por elas (PINHEIRO, 2013 apud 
SILVA J; 2016). 
Porém, como a história não segue um curso retilíneo, as doenças mentais 
assumiram caráter distinto, em especial na Idade Média, quando se atrelava o 
surgimento de uma doença mental a possessões demoníacas ou a intervenções 
divinas. Aqui a loucura começa a ser punida e encarcerada com vistas a manutenção 
da ordem pública (MILLANI; VALENTE, 2008 apud SILVA J; 2016). Já a Idade 
Moderna rompe com o discurso religioso e traz consigo a primazia do discurso 
científico, no qual a loucura passa a ser enquadrada em uma concepção biológica. 
 
 
5 
 
Nasce à psiquiatria, ramo da medicina inaugurado pelo francês Philippe Pinel 
em 1793. Várias correntes voltadas ao estudo dos fenômenos mentais surgem, tais 
como: a conceituação frenológica de Francis Galton, que ligava caráter, personalidade 
e grau de criminalidade ao tamanho do crânio; a antropologia criminal de Césare 
Lombroso, na qual se tentou relacionar características físicas à psicopatologia 
criminal; a concepção médico-moral de Esquirol, que postulava a loucura ligada a uma 
degenerescência racial. Todas essas correntes traziam que o comportamento 
criminoso era uma das facetas do comportamento do doente mental (PINHEIRO, 2013 
apud SILVA J; 2016). 
Mediante os fatos expostos, a interface entre psiquiatria e direito se dá em 
vistas a estudar a autonomia do sujeito e a responsabilização do mesmo perante seus 
atos. Aqui o direito positivo fundamentava seus argumentos de que o crime competia 
a fatores de ordem pessoal e não social. A psicologia encontrou espaço inicial na área 
jurídica através do núcleo comum com a psiquiatria, voltando seus estudos para 
subjetividade dos indivíduos implicados em atos infracionários, conforme SILVA J; 
2016. 
Cronologicamente essa aproximação se deu no final do século XIX, através 
das avaliações de fidedignidade de testemunhos de pessoas envolvidas em 
um dilema jurídico, o que passou a se chamar psicologia do testemunho. 
Cresce, a partir desse viés, a psicologia experimental deste século, ganhando 
expressivo campo de aplicação de suas técnicas investigativas (AFONSO; 
SENRA, 2014 apud SILVA J; 2016). 
Delineou-se, a partir desses fatos, o perfil de psicólogos testólogos, que 
limitavam sua atuação na aplicação de testes/exames e entrevistas em vistas de 
realizar perícias, exames criminológicos e pareceres psicológicos, tendo por base o 
psicodiagnóstico. Por seus dados serem comprováveis matematicamente, permitia 
maior segurança para que operadores de direito utilizassem seus laudos para guiarem 
suas decisões (BRITO, 2005 apud SILVA J; 2016). 
 É importante fazer menção que, atualmente, o uso do recurso do teste 
psicológico é tido enquanto parte integrante de um processo, como um recurso para 
qual se tem objetivos bem definidos, não como única fonte de dados e aplicação como 
era esperado pelos operadores de direito da época em relação à atividade do 
psicólogo, conforme SILVA J; 2016. 
 
 
6 
 
Retomando a história, em 1868, com a publicação do livro Psychologie 
Naturelle do médico francês Prosper Despine, inaugura-se a psicologia criminal, área 
de bastante expressão e reconhecimento. Essa obra trouxe estudos ligados ao campo 
da delinquência, no qual o crime estaria arraigado em tendências comportamentais 
morais (LEAL, 2008 apud SILVA J; 2016). 
Anos após, em 1937, Mira Y Lopez publica o seu Manual de Psicologia Jurídica, 
com versão original publicado na Espanha e tradução para a língua portuguesa datada 
em 1955, constituindo-se um marco em psicologia jurídica mundial, auxiliando na 
formação e atuação profissional, pois discorre sobre a interlocução psicologia e direito, 
além de servir como material base para auxiliar juristas em suas decisões referentes 
à conduta humana. Essa é a primeira vez que se utiliza o termo psicologia jurídica 
oficialmente (LEAL, 2008 apud SILVA J; 2016). 
Portanto, no que se refere à denominação psicologia jurídica resultante da 
interface psicologia e direto, nota-se que a mesma sofreu mudanças de acordo com 
sua relação teórica prática em diferentesépocas (COSTA; PENSO; SUDBRACK, 
2009 apud SILVA J; 2016). As demais áreas citadas anteriormente passam a ser 
consideradas como práticas jurídicas englobadas nessa grande área do saber. 
Assim, a psicologia jurídica pode ser compreendida como um “campo 
especializado de investigação psicológica, que estuda o comportamento dos atores 
jurídicos no âmbito do direito, da lei e da justiça. ” (JESUS, 2010 p.52 apud SILVA J; 
2016). Diniz (2011 apud SILVA J; 2016) complementa a ideia, trazendo que essa área, 
por elucidar aspectos do comportamento humano em suas tendências e inclinações, 
facilita o trabalho dos mais diversos operadores de direito em atividades distintas, 
embasando-os para tomada de decisões mais justas em sua prática profissional. 
No que tange a história da atuação de psicólogos jurídicos em solo brasileiro, 
a mesma convergiu com a história mundial, iniciando sua prática pela via forense. Seu 
início se deu nos primórdios da área enquanto profissão, justamente no período da 
regulamentação em território nacional, em meados da década de 60. A mesma 
assumiu ares tímidos a princípio, no qual psicólogos limitavam sua atuação a tarefas 
tradicionais como a elaboração de laudos (LAGO et al., 2009 apud SILVA J; 2016). 
 
 
 
7 
 
Um marco importante de consolidação encontra-se no ano de 1979 com a 
entrada de psicólogos no Tribunal de Justiça do estado de São Paulo, realizando, 
inicialmente, trabalhos voluntários com famílias carentes. Em 1985 ocorreu o primeiro 
concurso público para área, oficializando psicólogos nos quadros de servidores da 
justiça (LAGO et al., 2009 apud SILVA J; 2016). Pouco tempo depois, psicólogos 
começaram a atuar no então denominado Juizado de Menores. 
Era de competência desses profissionais atuarem nos processos de adoção, 
como também de realizar perícias civis e de crimes, atividade predominante em virtude 
às solicitações dos juristas. Na década de 90 foi implantado no Brasil o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA), que contou com a participação de psicólogos de 
maneira significativa, além de que ampliou as possibilidades de atuação destes para 
outras atividades, como acompanhamentos e aplicação das medidas de proteção ou 
medidas socioeducativas, por exemplo. Houve aumento significativo de concursos 
públicos para profissionais de psicologia em instituições judiciárias em estados do sul 
e sudeste brasileiro (LAGO et al. 2009 apud SILVA J; 2016). 
Vale a ressalva de que a interface entre direito e psicologia não resultou apenas 
em encontros no que concerne à preocupação com a conduta humana, mas também 
desvelou uma série de desencontros, em especial no campo epistemológico, o que 
faz a atuação do psicólogo jurídico ser ampla e complexa abarcando vários setores, 
desde as práticas mais tradicionais por vezes arcaicas e tecnicistas, até as práticas 
tidas como inovadoras, como é o caso da mediação de conflitos (FRANÇA, 2004 apud 
SILVA J; 2016). 
Em linhas gerais, a aproximação entre psicologia e direito no Brasil se deu por 
avaliações de sujeitos envolvidos em crimes e em questões ligadas aos direitos da 
criança e do adolescente. Com o passar dos anos a Psicologia Jurídica expandiu sua 
atuação, conforme SILVA J; 2016. 
 
8 
 
3 PSICOLOGIA FORENSE 
 
Fonte: maestrovirtuale.com 
As primeiras atividades dos psicólogos nos tribunais foram através da área 
criminal em 1970, momento em que a Psicologia Forense passou a ser reconhecida 
pela APA como a 41ª Divisão da Psicologia, sendo denominada primeiramente como 
Psicologia, Lei e Sociedade (Gomide, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). Sendo esta, 
a área que estuda o comportamento dos seres humanos, os quais estão envolvidos 
com a Justiça civil ou criminal (Meister, 2013 apud BERTOLDO J; 2019). 
Fernandes e Fernandes (1995 apud BERTOLDO J; 2019) destacam, que a 
avaliação psíquica do criminoso é que trará os esclarecimentos: conhecer os 
diferentes aspectos de sua personalidade, sua estrutura específica e suas 
características fundamentais que, como são variáveis de uma para outra 
pessoa, são de capital importância para se saber a gênese e a dinâmica do 
evento delituoso (p. 227). 
A partir da percepção dos benefícios da psicologia para o sistema legal, 
começaram a surgir oportunidades para estes profissionais e para os profissionais da 
psiquiatria se envolver em atividades do ramo como a avaliação, tratamento e 
consultoria (Huss, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). Para Moraes e Fridman (2004 
apud BERTOLDO J; 2019), o trabalho da psiquiatria forense é o de identificar quais 
indivíduos estão mais predispostos a cometer delitos, realizando assim um trabalho 
de prevenção e promoção do bem-estar com a população de risco. Porém, quando o 
 
9 
 
sujeito já estivesse no ambiente criminal, seria o psicólogo forense que deveria 
ressocializar este sujeito, oferecendo-lhe condições e possibilidades para encarar a 
sociedade novamente. 
A psiquiatria forense busca contribuir para a melhora da norma e do social 
dos indivíduos, de forma que o laudo apresente a defesa de um bem moral, 
em que o sujeito estará em condições mentais de se defender caso haja a 
necessidade (Moraes & Fridman, 2004 apud BERTOLDO J; 2019). Para 
Taborda (2004 apud BERTOLDO J; 2019), a psiquiatria forense esclarece se 
aquele indivíduo apresenta algum transtorno mental e quais as 
consequências deste para o fato ocorrido. 
Ambas as profissões, a psicologia e a psiquiatria forense tem suas 
metodologias e visões, porém, as duas se dedicam ao estudo do comportamento do 
indivíduo criminoso, buscando compreender qual foi o percurso da vida deste sujeito, 
e quais processos psicológicos que o levou a praticar a criminalidade (Freitas, 2009 
apud BERTOLDO J; 2019). 
Huss (2010 apud BERTOLDO J; 2019) menciona que a psicologia forense 
beneficia o Poder Judiciário no que se refere à forma mais justa das ações que devem 
ser tomadas, pois o psicólogo irá avaliar os comportamentos observáveis ou 
emocionais e cognitivos do indivíduo, para caso o juiz necessitar de um laudo 
psicológico para fundamentar a sentença do sujeito, o profissional estará preparado 
para a elaboração do documento. 
A psicologia forense pode ser dividida em dois aspectos, criminal ou civil, 
baseando-se no direito civil e criminal. O foco do Direito Criminal são os atos contra a 
sociedade, pois é o governo que assume a responsabilidade sobre os assuntos 
criminais, sendo o eixo do direito criminal o de punir os criminosos e, assim, prevenir 
futuros delitos, conforme BERTOLDO J; (2019). 
 Como exemplo, pode-se usar um acidente de carro, o direito criminal cuidaria 
da parte material, procurando cobrar os danos causados pelo infrator, já a psicologia 
forense assumiria seu papel caso uma das vítimas tenha sofrido algum dano 
psicológico por conta do acidente, um estresse pós-traumático (TEPT), ou então, 
desenvolver medo ou significativa ansiedade na hora de dirigir, conforme BERTOLDO 
J; (2019). 
 
 
 
 
10 
 
Podendo o causador do acidente, indenizar a vítima pelo seu trauma emocional 
e arcar com os custos da assistência psicológica. Sendo assim, a psicologia forense 
pode atuar em diversos contextos, nas prisões, agências de polícia ou até nas 
agências do Governo Estadual e Federal (Huss, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). 
3.1 Psicologia forense e suas formas de integração com o direito 
O campo mais direcionado à psicologia forense tem sido a área criminal, 
abrangendo o estudo do comportamento do adulto infrator, do adolescente infrator, 
como este comportamento infrator é adquirido, como pode ser modificado. Abrange, 
também, o estudo de crimes como violência contra mulheres, abuso sexual, crimes 
contra crianças, nos quais o psicólogo forense atua em atividades que vão desde a 
aplicação de testes para avaliação psicológica em presídios, em centros educacionais, 
intervenções em comunidades terapêuticas, em programas de liberdade assistida, 
clínicasparticulares, justiça restaurativa envolvendo agressores, vítimas e famílias, 
programas de prevenção e outras categorias, conforme MEISTER A; (2013). 
 Além disso, este profissional é capacitado para atuar diretamente nos 
processos jurídicos, por meio de elaboração de laudos, pareceres e relatórios que 
poderão auxiliar e orientar os operadores de diferentes áreas do Direito (Gomide, 2011 
apud MEISTER A; 2013). 
No campo do Direito do Trabalho, observa-se a aplicação da Psicologia 
Forense em processos referentes a danos psicológicos causados por acidentes de 
trabalho, em casos de aposentadoria por problemas psicológicos, afastamentos 
temporários, avaliações de aptidão e em outras situações nas quais o conhecimento 
advindo da ciência psicológica seja necessário para a solução das questões 
apresentadas ao Judiciário, conforme MEISTER A; (2013). 
O Direito do Trabalho é regido por princípios, entre os quais, o princípio da boa-
fé, princípio que possui um viés objetivo, que pode ser demonstrado por meio de ações 
concretas, e um viés subjetivo, de maior complexidade, que é baseado na lealdade e 
confiança (Araújo, 1996 apud MEISTER A; 2013). 
 
 
 
11 
 
Um exemplo nesse sentido, é em relação ao indivíduo que, ao se sentir lesado 
em sua honra, em sua boa-fé subjetiva, poderá pleitear uma indenização por danos 
morais e por meio de uma perícia psicológica comprovar a veracidade de seus 
sentimentos. Como esclarecem Cruz e Maciel (2005 apud MEISTER A; 2013), a 
perícia constitui uma prova técnica. 
Tanto nos processos de acidente de trabalho quanto nos outros tipos de 
processos trabalhistas, o psicólogo forense é capaz de caracterizar o dano 
psicológico, o qual pode gerar a indenização. Para isso, deve ser caracterizada uma 
lesão que altere ou perturbe de forma grave e significativa o equilíbrio emocional da 
pessoa que sofreu o dano, trazendo-lhe consequências que afetem sua vida em 
sociedade (Cruz & Maciel, 2005 apud MEISTER A; 2013). 
 Em relação à aplicação na área civil, tendo em vista os crescentes números 
de divórcios e as mudanças nas configurações familiares, os psicólogos forenses 
exercem relevante papel nas Varas de Família, atuando em processos de divórcio, de 
guarda de menores, processos de adoção e ações envolvendo alienação parental as 
quais podem estar ou não vinculadas a processos de divórcio ou de guarda e, ainda, 
em ações de tutela, curatela e interdição, conforme MEISTER A; (2013). 
Nas Varas Cíveis esses profissionais também atuam nas ações referentes a 
danos morais, que permitem o ressarcimento financeiro aos indivíduos que se sentem 
lesados na sua intimidade moral e psíquica. Nesses casos o psicólogo auxilia a vítima 
a demonstrar o dano causado, inserindo nos autos do processo a real situação 
psicológica do indivíduo, a qual poderia não ser constatada sem a sua atuação 
(Rovinski, 2009 apud MEISTER A; 2013). 
Assim, tanto na elaboração de laudos psicológicos quanto na forma de 
orientações e acompanhamentos, o psicólogo forense pode contribuir para a produção 
de decisões judiciais melhor fundamentadas e mais justas (Lago et al., 2009 apud 
MEISTER A; 2013). Em relação ao Direito de Família, é de grande valor a interação 
com a Psicologia Forense. O universo das questões familiares, a intersubjetividade 
das relações, traz questões tão complexas, que muitas vezes diversas situações são 
encobertas por atitudes que passam despercebidas aos profissionais do direito. 
 
 
 
12 
 
Essas situações podem ser identificadas pelos psicólogos forenses mediante 
determinadas técnicas, entrevistas, jogos, nos quais cada uma das partes envolvidas 
tem a possibilidade de expressar seus sentimentos e demonstrar reações, impulsos 
que não seriam percebidos por meios verbais (Silva, 2011 apud MEISTER A; 2013). 
Como ressalta Grisard Filho (2002 apud MEISTER A; 2013), nos processos de família 
os profissionais interagem com pessoas e suas emoções, sendo que a singularidade 
de cada pessoa precisa ser respeitada. 
 Nos casos de guarda de filhos a avaliação psicológica é ainda mais difícil e 
comprometedora, tendo em vista que a opinião do psicólogo pode influenciar a 
decisão do julgador e repercutir na vida das pessoas envolvidas no processo (Maciel 
& Cruz, 2009 apud MEISTER A; 2013). 
Além disso, há os casos de violência familiar, nos quais o psicólogo forense 
pode contribuir avaliando, prevenindo ou sugerindo intervenções em casos de 
crianças que sofrem abusos, indicando para que sejam afastados do lar que as 
violenta, ou até mesmo indicando a suspensão ou a extinção do poder familiar (Bartol 
& Bartol, 2008 apud MEISTER A; 2013). 
 A violência aumenta a cada dia, e no ambiente familiar pode ocasionar 
graves consequências para a criança. Essas consequências podem ser 
físicas, com lesões internas ou externas, ou psíquicas e podem desenvolver 
distúrbios como ansiedade, agressividade ou depressão (Gonçalves, 2004 
apud MEISTER A; 2013). 
Os profissionais especializados em Psicologia Forense, além de possuir 
extenso conhecimento sobre o desenvolvimento emocional das pessoas, aprofundam 
os estudos na área jurídica, apresentando, assim, uma combinação de habilidades e 
conhecimentos valiosos para o deslinde dos conflitos, conforme MEISTER A; (2013). 
As contribuições da Psicologia Forense no campo do Direito de Família podem 
ocorrer, além das áreas supracitadas, no atendimento de casos de pais com 
problemas psiquiátricos, no auxílio ao relacionamento de crianças cujos pais estão 
cumprindo pena de restrição de liberdade, em casos de direitos de reprodução e suas 
tecnologias, em relação aos cuidados ou violência contra idosos, casos que 
aumentam a cada dia e demandam esse conhecimento especializado (Bartol & Bartol, 
2008 apud MEISTER A; 2013). 
 
 
 
13 
 
A necessidade da integração do Direito com outras ciências, no caso específico 
deste estudo com a Psicologia, tendo em vista as transformações que vêm ocorrendo 
no meio familiar, precisa ser levada em consideração pelo Poder Judiciário de forma 
a garantir maior segurança jurídica e proteção a todos os membros da nova 
concepção de família que vem surgindo, especialmente às crianças e aos 
adolescentes, que, por muitas vezes, nos processos de guarda, tornam-se alvos de 
disputas e agressões entre os pais (Contreras, 2006; Grisard Filho, 2002 apud 
MEISTER A; 2013). 
4 PSICOLOGIA INVESTIGATIVA 
 
Fonte: goconqr.com 
A Psicologia Investigativa foi criada pelo Psicólogo David Victor Canter no ano 
de 1985, após ser convidado para colaborar na investigação de mais de 30 crimes. O 
perfil criminal (criminal profiling) que Canter desenvolveu se mostrou minucioso, 
resultando na prisão do autor destes diversos crimes. Canter criou o termo Psicologia 
Investigativa para explicar sua pesquisa com perfis criminais, buscando usar este 
termo para identificar tentativas psicológicas que tinham relação com a investigação 
dos crimes e dos perfis criminais, procurando responder como o comportamento do 
suspeito pode ajudar na defesa ou acusação do mesmo (Canter, 2004 apud 
BERTOLDO J; 2019). 
 
14 
 
Em 1994, Canter criou a primeira Academia Graduada de Psicologia 
Investigativa, na Universidade de Liverpool (Egger em Maia, Margaça & Saraiva, 2014 
apud BERTOLDO J; 2019). Segundo Wrightsman (em Correia, Lucas e Lamia, 2007 
apud BERTOLDO J; 2019), o termo profiling corresponde às atribuições da Psicologia 
que são usadas nas investigações de crimes. Este termo é traduzido como 
“perfilamento”, ou seja, é o perfil de cada sujeito, neste caso, de um criminoso. O 
profiling é uma técnica de investigação criminal, que estuda e estabelece hipóteses 
sobre o comportamento e a personalidade criminal do sujeito (Correia et al., 2007 
apud BERTOLDO J; 2019). 
De acordo com BERTOLDO J; (2019), o profiling busca responder algumas 
questões acerca do crime ocorrido e de seu autor, elaborando, assim, uma análisemais concreta. As perguntas principais são: 
 O que se passou na cena do crime? 
 Por que razão estes acontecimentos tiveram lugar? 
 Que tipo de indivíduo pode estar aplicado? ” (Ainsworth em Correia et 
al., 2007, p. 596 apud BERTOLDO J; 2019). 
Toutin (em Correia et al., 2007 apud BERTOLDO J; 2019) aponta que os 
principais objetivos do profissional que usa esta técnica é poder direcionar as 
investigações, através da ajuda das ciências humanas, podendo conectar um caso ao 
outro, que tenham características criminais semelhantes, ajustando o perfil do 
criminoso para poder determinar recomendações para a área da criminologia. 
Jaskiewicz-Obydzinska, Wach e Slawik (em Correia et al., 2007 apud 
BERTOLDO J; 2019), abordam que, no Instituto de Perícias Legais da Cracóvia, os 
psicólogos realizam as perícias mesmo após alguns meses, tendo um dossiê como 
auxílio, no qual consta o depoimento das testemunhas, resultados de análises físicas 
da vítima e fotografias da cena do crime. A partir destas informações, conseguem 
elaborar hipóteses em relação ao comportamento do criminoso e a possível motivação 
do crime, sendo assim, mais plausível de elaborar um perfil psicofísico do autor dos 
crimes. 
Juntamente com as informações citadas acima, Lino e Matsunaga (2018 apud 
BERTOLDO J; 2019) descrevem o perfil criminal geográfico como um novo auxílio 
para a elaboração das hipóteses dos crimes. O perfil criminal geográfico é uma das 
ramificações da Psicologia Investigativa, e é capaz de analisar o que há de mais 
 
15 
 
importante no local onde ocorreu o crime, fornecendo aos psicólogos mais 
informações para que estes, acompanhados de outros profissionais, possam 
identificar o local onde o criminoso preparou ou se prepara para planejar seus crimes. 
Este trabalho é feito quando há, por exemplo, mais de um crime onde este se 
assemelha aos outros, podendo ter uma noção de localidade onde este sujeito possa 
ainda ser encontrado. 
Também de acordo com os autores supracitados, o perfil criminal geográfico 
indica que o local onde o crime aconteceu, não foi escolhido de forma aleatória, mas 
sim após uma breve análise dos arredores e ambiente físico, o que pode dar indícios 
da personalidade e da vida pessoal do indivíduo que cometeu o crime. Este local é de 
extrema importância para a análise do fato, pois o cenário é fonte de informações, 
sendo que os profissionais envolvidos podem interpretar possíveis evidências da 
ordem comportamental manifestadas pelo criminoso (Rosa, 2015 apud BERTOLDO 
J; 2019). 
A partir de White, Lester, Gentile e Rosenbleeth (em Maia et al., 2014 apud 
BERTOLDO J; 2019), “o perfil criminal é definido como a inter-relação entre provas 
físicas e psicológicas, sendo mencionado como uma ferramenta utilizada em guias de 
desenvolvimento, estreitando, assim, o foco dos suspeitos em estudo. ” (p. 21). 
Ressalta-se que o Profiling não é uma profissão, e sim um complemento ou uma 
especialização que agrega uma profissão, ou atividades profissionais (Correia et al., 
2007 apud BERTOLDO J; 2019). 
Segundo Lunde (em Rodrigues 2010 apud BERTOLDO J; 2019), há crimes que 
são cometidos sem um objetivo ou um plano traçado, muitas vezes é para encobrir 
algo do próprio sujeito que talvez só ele saiba, ou outras vezes, pode ser algo 
inconsciente que o faz cometer os crimes. “A vítima pode manifestar determinadas 
características físicas e/ou comportamentais que, de algum modo, são 
simbolicamente significativas para o ofensor de um crime violento e que, por isso, 
estão na base da sua motivação para o ato criminal. ” (Rodrigues, 2010, p. 8 apud 
BERTOLDO J; 2019). 
 
16 
 
5 PSICOLOGIA CRIMINAL 
 
Fonte: yanklovinsk.com 
A Psicologia Criminal está inserida entre o conjunto da Psicologia Forense e da 
Criminologia e, a partir de Bruno (1967 apud BERTOLDO J; 2019), destaca-se que as 
condições psíquicas do criminoso e o modo pelo qual ele se manifesta e atua na ação 
criminosa, dará muitas informações que serão organizadas e integradas para que um 
perfil provável seja elaborado. 
Para isso, é importante capacitar os profissionais que trabalham na segurança 
pública, policiais, investigadores, psicólogos, delegados, detetives, psiquiatras, entre 
outros, para que estes aprimorem os conhecimentos que já possuem, conhecendo 
mais os conceitos da Psicologia e do Direito, podendo, assim, proporcionar um perfil 
mais exato do criminoso. Os Investigadores de Polícia e os Psicólogos procuram 
trabalhar juntos, buscando identificar os comportamentos que se repetem nos crimes, 
tentando prevenir um futuro delito (Goes Júnior, 2012 apud BERTOLDO J; 2019). 
Segundo Bandeira e Portugal (2017 apud BERTOLDO J; 2019), os crimes 
podem ser prevenidos a partir de algumas estratégias. Para Calhau (2009 
apud BERTOLDO J; 2019), citado pelas autoras descritas anteriormente, a 
prevenção primária se caracteriza por ser a mais genuína, ou seja, é feita 
num contexto geral, voltada para toda a população, é uma prevenção mais 
demorada e que gera custos altos. Para Molina (em Bandeira e Portugal, 
2017 apud BERTOLDO J; 2019), os programas de prevenção primária 
procuram neutralizar os crimes, antes que estes se tornem maiores, 
procurando agir na raiz do problema. 
 
17 
 
Na prevenção secundária, esta atua nos locais onde ocorreram os crimes e 
onde a taxa de ocorrência dos mesmos, é elevada, “busca uma ação concentrada e 
com foco em áreas de maior violência, como comunidades carentes dominadas pelo 
tráfico” (Calhau em Bandeira & Portugal, 2017, p. 68 apud BERTOLDO J; 2019). Esta 
prevenção é de curto à médio prazo, voltada para os grupos que tem maior 
prevalência em causar problemas criminais. Os programas de prevenção que são 
utilizados por policiais, o controle das formas de comunicação entre os criminosos e o 
estudo do território e estruturas que são usadas como proteção para os policiais em 
certas operações, são nomeadas de prevenção secundária (Molina, 1999, citado por 
Bandeira & Portugal, 2017). 
E por fim, a prevenção terciária que é caracterizada por ter a população 
carcerária como foco, buscando sempre evitar a reincidência desses criminosos 
(Calhau, 2009 apud BERTOLDO J; 2019), o que infelizmente no nosso país é uma 
das estratégias de prevenção que menos funciona. 
Portanto, a Psicologia Criminal contribui para a elaboração de perfis criminais, 
através da observação de características dos delitos, assim como prováveis 
comportamentos dos criminosos vistos na cena do crime por testemunhas ou segundo 
relatos das vítimas, e também na prevenção de novos possíveis crimes, tendo como 
base outros crimes que já ocorreram (Goes Júnior, 2012 apud BERTOLDO J; 2019). 
Segundo Casoy (2008 apud BERTOLDO J; 2019), a vítima escolhida pelo 
agressor representa alguém que fez ou faz parte de sua vida, sendo assim, é preciso 
estar atento ao depoimento da vítima, para que possam ser identificados os 
comportamentos do agressor antes, durante e após a agressão, a forma de ele falar, 
de agir e se algo que foi dito sirva como indício, assim como objetos que este possa 
ter usado durante o ato, como faca, luvas, preservativo, entre outros. 
5.1 Perfil criminal – criminal profiling 
Turvey (em Mendes, 2014 apud BERTOLDO J; 2019) descreve a definição de 
profiling, segundo o FBI, como “um processo de investigação que identifica a grande 
personalidade e as características comportamentais do infrator com base nos crimes 
que ele ou ela tenham cometido” (p. 310). O Perfil Criminal é umas das técnicas de 
investigação que é usada também na cena do crime, sendo estudada na Criminologia, 
 
18 
 
Psicologia, Psiquiatria e nas Ciências Forenses, e é através do conhecimento sobre 
padrões de comportamento, que esses são avaliados e interpretados para que se 
possa traçar um perfil com prováveis características do criminoso (Rodrigues, 2010 
apud BERTOLDO J; 2019). 
O Perfil Criminal pode ser dividoem quatro principais modelos: 
A Análise de Investigação Criminal (CIA – Criminal Investigative Analysis): 
conhecida por ser o principal modelo de perfil usado pelo FBI. Destaca o 
desenvolvimento de táticas, técnicas e procedimentos os quais ajudarão na coleta de 
dados determinantes, que auxiliarão na elaboração de uma possível personalidade e 
características do comportamento dos criminosos, podendo avaliar se o perfil deste 
sujeito se difere da população em geral, conforme BERTOLDO J; (2019). 
O segundo modelo, a Psicologia Investigativa: procura explicar os métodos 
científicos usados na investigação de um crime, podendo também encontrar auxílio 
na Psicologia, em relação ao ambiente e nos comportamentos mostrados pela 
interação do sujeito com seu meio, porém, não deixando de olhar para o entendimento 
geral do crime (Correia, et al., 2007 apud BERTOLDO J; 2019). 
Perfil de Ação Criminal (CAP – Crime Action Profiling): este terceiro modelo 
foi criado por Richard Kocsis, ressaltando a importância de analisar o local do crime e 
que este modelo seja usado apenas em casos excepcionais, pois esta análise requer 
mais informações do que precisaria se fosse a crimes “comuns”. Para o profissional 
poder caracterizar traços ou um possível perfil do criminoso, este precisa ter o 
conhecimento de como funciona o comportamento humano, da psicologia, assim 
como dinâmicas de personalidade e de psicopatologias (Mendes, 2014 apud 
BERTOLDO J; 2019). 
E por fim, a Análise dos Vestígios Comportamentais (BEA – Behavioral 
Evidence Analysis): esse modelo procura analisar detalhadamente o local do crime, 
podendo relacionar os comportamentos apresentados pelo criminoso, a partir dos 
vestígios deixados na cena do crime. Evidências físicas do criminoso são 
interpretadas, a fim de elaborar uma análise para que a veracidade das evidências 
seja mais precisa (Patherick et al., em Mendes, 2014 apud BERTOLDO J; 2019). O 
objetivo deste instrumento é fornecer informações que auxiliem na investigação e na 
elaboração de um possível perfil comportamental e psicológico do criminoso, 
indicando o tipo de pessoa e sua possível personalidade, observando os tipos de 
 
19 
 
padrões de ação, focando na cena do crime e nos vestígios deixados pelo mesmo 
(Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). 
A aplicação da técnica do Perfil Criminal pode ser realizada em diversos casos 
e por profissionais da área do Direito, Psicologia, profissionais de Polícia, 
Investigadores e outros profissionais que entendam sobre ocorrências criminais 
(Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). 
 Porém, os casos mais conhecidos são os crimes de homicídio e crimes 
sexuais. Vale ressaltar que essa técnica sozinha não resolve crimes, mas auxilia como 
uma das ferramentas forenses existentes, para que perfis de criminosos sejam mais 
eficazes durante a investigação (Holmes & Holmes, 2009; Kocsis, 2006 em Mendes, 
2014 apud BERTOLDO J; 2019). Sendo um complemento, pode ser usada junto com 
outros tipos de técnicas, porém, não como solução para a resolução de crimes 
específicos, como citado acima. 
Kocsis, (em Mendes, 2014 apud BERTOLDO J; 2019), relata que em alguns 
países há a distinção entre os termos “homicídio” e “assassinato”, sendo que o 
homicídio é considerado o ato de matar outro ser humano, pode-se usar como 
exemplo um acidente de carro; já o assassinato é matar um indivíduo, especialmente 
com dolo, ou seja, assassinar uma pessoa por determinado motivo. 
Quando o profiling é usado em casos de crimes sexuais, o objetivo é identificar 
os tipos de vítimas, assim como o perfil dos criminosos, para entender como cada um 
planeja os ataques, ajudando na investigação, na busca e interpretação de provas e, 
posteriormente, na identificação e prisão dos suspeitos. No propósito de compreender 
as origens dos comportamentos e das motivações que levaram o sujeito a cometer 
certos crimes, é necessário, sempre que possível, o relato da testemunha e também 
do ofensor (Patherick em Mendes, 2014 apud BERTOLDO J; 2019). 
Já em casos de homicídio, em que não é possível obter dados através do 
testemunho da vítima, os investigadores buscam provas na cena do crime, que 
possam levar à alguma informação do criminoso (Soeiro em Rodrigues, 2010 apud 
BERTOLDO J; 2019). Segundo Kocsis (em Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 
2019), a técnica do Perfil Criminal procura responder cinco questões relacionadas à 
investigação: 
 Quem cometeu o crime?; 
 Quando cometeu o crime?; 
 
20 
 
 Como foi executado o crime?; 
 Qual a motivação que está na base deste (s) comportamento (s)?; 
 Onde foi cometido o crime? Conforme BERTOLDO J; (2019). 
Segundo Soeiro (em Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019), o 
comportamento dos criminosos é dividido em dois grupos: os crimes organizados e os 
desorganizados. Se a cena do crime é caótica, com diversas provas e evidências 
físicas, indica um crime desorganizado, ou seja, “estas surgem associada a ofensores 
com menores competências cognitivas e que manifestam menor cuidado na forma 
como organizam e praticam o crime. Geralmente são crimes que ocorrem de repente, 
sem um planejamento específico” (p. 16). 
E se na cena do crime quase não são encontrados provas e evidências, indica 
que o criminoso possui alto grau de organização, ou seja, “derivam de ofensores com 
uma estrutura da personalidade com o mesmo tipo de características, isto é, um tipo 
de ofensores que são cautelosos na forma como praticam o crime, premeditam o 
crime, deixam menos vestígios e tendem a escolher vítimas desconhecidas” (p. 15), 
conforme BERTOLDO J; 2019. 
Em 1978, o FBI (Federal Bureau of Investigation – Departamento Federal de 
Investigação) desenvolveu um estudo sobre estratégias de análise psicológica, em 
casos de crimes violentos. Assim começou a análise dos Perfis Criminais, com a 
finalidade de entender a motivação e as características da personalidade do sujeito; 
que o levou a cometer tais crimes (Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). 
Esse estudo foi fundamentado através de relatórios e informações da cena do 
crime e das vítimas, assim como o uso de diversas entrevistas com sujeitos aos quais 
foram presos por crimes violentos e/ou em série. As entrevistas possuíam o intuito de 
observar os comportamentos manifestados antes, durante e após a execução do 
crime, a personalidade de cada indivíduo, o seu funcionamento e as características 
cognitivas semelhantes que cada um deles apresentava. A partir disso, “surge um 
instrumento psicológico próprio para as necessidades de trabalho da investigação 
criminal, que se baseia nos estudos sobre o comportamento destes ofensores 
violentos” (Rodrigues, 2010, p. 23 apud BERTOLDO J; 2019). 
 
 
 
 
21 
 
Na elaboração desse perfil, é importante ressaltar que o criminoso comete um 
delito em uma determinada circunstância, apresentando alguns comportamentos 
neste crime, que serão semelhantes ou iguais aos comportamentos que ele 
manifestará em outras transgressões, o que pode revelar sua personalidade (Soeiro 
em Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019). O autor destaca que “é possível 
considerar que diferentes ofensores, em diferentes localizações, cometem um crime 
violento de forma idêntica, devido às características similares de suas personalidades” 
(p. 22). 
Ainda segundo o autor supracitado, a construção de um perfil é baseada no 
máximo de informações coletadas em relação ao crime ocorrido, a cena, objetos 
encontrados, assinatura do criminoso (sinal comum que possa deixar em todos os 
crimes que comete), informações das vítimas (idade, sexo, endereço, descrição física, 
estado civil, etc.), hábitos, histórico familiar, profissional, financeiro, médico, histórico 
social, amigos e inimigos, recentes mudanças, registros policiais, entre ouras 
informações que vão surgindo no decorrer da investigação, conforme BERTOLDO J; 
(2019). 
Segundo Bull et al., (2006 apudBERTOLDO J; 2019); Soeiro (2009 apud 
BERTOLDO J; 2019), (em Rodrigues, 2010 apud BERTOLDO J; 2019), a técnica 
possui sete passos: 
 Avaliação minuciosa da conduta criminosa; 
 Análise detalhada da cena do crime; 
 Análise da vítima; 
 Avaliação dos resultados de crimes anteriores; 
 Avaliação dos resultados de exames de autópsia, em casos de 
homicídio; 6- Elaboração do Perfil Criminal, com sugestão de possíveis 
particularidades do criminoso; 
 Sugestões para a investigação criminal, conforme BERTOLDO J; 
(2019). 
Rodrigues (2010 apud BERTOLDO J; 2019) destaca que a técnica do Perfil 
Criminal é utilizada como um instrumento psicológico no auxílio das investigações, 
que conciliará informações para que o caso seja solucionado, identificando os 
comportamentos apresentados pelo criminoso na hora do crime e podendo ser 
comparado com outros casos. A partir deste perfil, os suspeitos começam a ser 
 
22 
 
investigados, até que o criminoso seja encontrado e relate o possível motivo que o 
levou a cometer tal crime. 
5.2 As atuações dos psicólogos no sistema de justiça brasileiro 
O trabalho do psicólogo vem sendo frequentemente requisitado pelo sistema 
de justiça, seja pelos tribunais judiciais, pelos promotores de justiça, ou mesmo na 
fase pré-processual, durante o período investigativo, pela polícia judiciária. Tem-se 
demandado ao psicólogo, principalmente, temas envolvendo a infância, adolescência 
e conflitos familiares. Os documentos produzidos por esse profissional, muitas vezes, 
subsidiam relevantemente a decisão judicial, conforme CADAN D; (2018). 
Nesse momento, realçam-se as maneiras como o psicólogo visualiza sua 
prática e o sentido que dá a ela, havendo vários entendimentos sobre a atuação frente 
à demanda jurídica. A discussão acerca do Depoimento sem Dano ou, atualmente, 
chamado de Depoimento Especial, é um exemplo de tema debatido, e que gera 
animosidade entre os psicólogos, uma vez que alguns o reconhecem como prática da 
área da psicologia, enquanto outros condenam veemente o uso de tal procedimento, 
descaracterizando-o como condizente com a atuação do psicólogo, conforme CADAN 
D; (2018). 
Diversos autores discutem o exercício de profissionais da Psicologia, no 
sistema de justiça, quando atuam na inquirição de crianças, por meio do 
Depoimento sem Dano, os quais, muitas vezes, na ânsia de responderem às 
demandas jurídicas, focam-se em fazer com que a criança fale, ou seja, que 
seu testemunho seja suficiente para a produção de provas para o sistema de 
justiça (Alves, & Saraiva 2009; Brito, 2012; Froner, & Ramires, 2008 apud 
CADAN D; 2018). 
Essa fala da criança, muitas vezes, torna-se decisiva na formalização da prova 
judicial, desconsiderando-se os possíveis prejuízos que tal depoimento pode acarretar 
a ela, já que ela não consegue apreender e nem projetar as consequências daquilo 
que diz (Arantes, 2009; Batista, & Cadan, 2017; Froner, & Ramires, 2008 apud CADAN 
D; 2018). Assim, discute-se se cabe à Psicologia adentrar nesta atuação de tomada 
de depoimento de crianças e adolescentes, prática esta, inclusive, que é contrária às 
propostas do CFP. 
 
 
23 
 
Para Alves e Saraiva (2009 apud CADAN D; 2018), algumas atividades no 
campo da Psicologia jurídica, como é o caso do Depoimento sem Dano, vêm 
produzindo uma determinada subjetividade: a criança vítima. A tarefa da Psicologia é 
de grande importância para o sistema de justiça na inquirição dessas crianças, o que 
pode compelir o psicólogo a “reificar um lugar de saber-poder” (Alves & Saraiva, 2009, 
p. 102 apud CADAN D; 2018), já que há uma expectativa do direito de que o psicólogo 
trate as famílias ‘disfuncionais” (aspas do autor) e as adeque ao padrão aceito de 
relacionamento. 
Ao sucumbir a tal missão, em nome de uma pretensa proteção da criança 
intitulada vítima, os limites para a atuação do psicólogo vão sendo extintos. Assim, 
segundo estes autores, o profissional de Psicologia toma para si o discurso jurídico 
do saber sobre o outro e, mais, sobre o que o outro precisa, a fim de protegê-lo. 
Arantes (2016 apud CADAN D; 2018) discorre sobre o princípio da proteção à criança, 
o qual é exaltado nas legislações sobre a infância, em detrimento aos princípios da 
liberdade e da participação. 
Deste modo, o psicólogo vem atuando como mais um dos técnicos do saber 
em prol de proteger crianças ao fazerem com prestem testemunhos com o fim de 
produção de provas para o direito e, consequentemente, para a punição de quem teria 
cometido um crime. Com isso, reforça-se uma lógica dualista entre inocente e culpado 
em uma trama no sistema de justiça, em que a criança é ocupa o papel de 
protagonista, conforme CADAN D; (2018). 
Na contramão dos críticos ao Depoimento sem Dano, Rovinski (2007a) faz a 
distinção entre a atuação do psicólogo nas áreas clínica e forense, colocando que o 
que as diferencia é o foco da avaliação: enquanto na avaliação forense o atendimento 
deve ser dirigido a eventos definidos pela demanda do judiciário, na atuação clínica 
objetiva-se a compreensão do mundo interior do paciente. A autora, e também 
psicóloga aposentada do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, aponta que esta 
diferenciação de foco tem sido um grande desafio aos psicólogos, por estarem 
familiarizados com a área terapêutica, conforme CADAN D; (2018). 
 
 
 
 
24 
 
Ela ressalta que a formação, durante a graduação, acaba por reforçar a visão 
clínica desses profissionais, levando-os a realizarem trabalhos interventivos com 
enfoque terapêutico. Assim, ela destaca que, por esse motivo, os psicólogos, quando 
demandados a auxiliar o poder judiciário, enfrentam inúmeros conflitos éticos, 
especialmente no que diz respeito à confidencialidade das informações, conforme 
CADAN D; (2018). 
Como exemplo de embates fervorosos entre a Psicologia e as demandas do 
campo jurídico, temos algumas resoluções emitidas pelo CFP que, não muito tempo 
após suas publicações, foram anuladas pelo poder judiciário. Por meio desses 
documentos de orientação e regulamentação da prática do psicólogo, o conselho de 
classe buscou direcionar como o profissional deve atuar frente às solicitações 
advindas no contexto da justiça, inclusive esclarecendo que o seu descumprimento 
levaria à punição do psicólogo, conforme CADAN D; (2018). 
Um caso recente ocorreu em 2007, quando, juntamente com o Ministério da 
Justiça e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o CFP elaborou um manual 
chamado Diretrizes para a atuação e formação dos psicólogos do sistema prisional 
brasileiro, no qual propõe “a construção de uma outra forma de lidar com a 
criminalidade, pautada pela prevenção, educação, Justiça e responsabilização dos 
sujeitos e da sociedade” (Brasil, 2007, p. 11 apud CADAN D; 2018), e pincela 
sutilmente sua postura contrária à realização de exames criminológicos por estes 
profissionais. 
Já no ano de 2011, cria a Resolução CFP no 012/2011, em que regulamenta a 
atuação do psicólogo no âmbito das prisões e, aí, proíbe a prática do exame 
criminológico, podendo, no caso de solicitação judicial, realizar somente a perícia 
psicológica. Também, o psicólogo não poderia mais fazer “prognóstico criminológico 
de reincidência, a aferição de periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a 
partir do binômio delito-delinquente” (2011, p. 4 apud CADAN D; 2018). 
Em abril de 2015, a Resolução CFP no 012/2011, devido à ação do Ministério 
Público Federal contra o CFP e contra o Conselho Regional de Psicologia (CRP) da 
7ª Região (RS), é suspensa em todo o Brasil. A partir de então, os psicólogos não 
poderiam mais ser punidos ao realizarem exames criminológicos. Ainda assim, o CFP 
continuou a emitir notas acerca de sua posição contrária, mesmo não havendo mais 
obrigação legal de cumprimento pelos psicólogos da referida resolução. Tal cenário 
 
25 
 
gerou grande animosidade entre os próprios psicólogos;afinal, alguns se colocavam 
em concordância com o conselho de classe, enquanto outros posicionavam-se de 
acordo com a instância jurídica que pôs fim à citada resolução, conforme CADAN D; 
(2018). 
Anterior a esta resolução suspensa, no ano de 2012, a Resolução CFP no 
010/2010 também foi anulada, por oposição do Ministério Público Federal. Ela 
discorria sobre a forma como deveriam atuar os psicólogos na escuta de crianças e 
adolescentes, na rede de proteção e garantia de direitos, envolvidos em situação de 
violência. Nesta resolução, o Conselho de Psicologia, dentre outras atuações, findava 
a polêmica prática do depoimento sem danos, conforme CADAN D; (2018). 
Segundo Alves e Saraiva (2009 apud CADAN D; 2018), este trabalho tinha 
como metodologia a utilização de um profissional de Psicologia que, em uma 
sala separada da sala de audiências, deveria inquirir a criança que constava 
como vítima de abuso sexual no procedimento judicial. Tal atendimento era 
transmitido por meio de aparelhos audiovisuais para os demais participantes, 
no ato da audiência, os quais poderiam transmitir perguntas para psicólogo 
fazer à criança. 
 Para isso, o profissional de Psicologia estaria usando um ponto auditivo. 
Mesmo o conselho de classe sendo contrário a tal prática, porém, não dispondo mais 
de meios legais para proibição, diversos profissionais retomaram e/ou iniciaram o 
trabalho na realização deste depoimento, conforme CADAN D; (2018). 
Os Conselhos de Psicologia do Paraná (CRP-08) e de Santa Catarina (CRP-
12), situados nos estados onde foram realizadas as entrevistas desta pesquisa, 
organizam, com frequência, eventos, sejam palestras, seminários, entre outros, nos 
quais reúnem profissionais do sistema de justiça. A partir disso, alguns documentos 
já foram emitidos, os quais expressam o posicionamento dos referidos conselhos de 
classe acerca da melhor atuação do psicólogo neste contexto, conforme CADAN D; 
(2018). 
Pontos de vista, sejam eles divergentes e/ou convergentes, entre os psicólogos 
e entre estes e os operadores do direito, dizem respeito às verdades produzidas no 
encontro entre os dois campos de conhecimento e prática profissional. A proximidade 
entre a Psicologia e o direito, por vezes, apresenta-se resistente, mas não somente, 
podendo elas serem áreas que, com suas particularidades, tornam-se 
complementares, conforme CADAN D; (2018). 
 
26 
 
6 PSICOLOGIA JURÍDICA E AS QUESTÕES DA INFÂNCIA E JUVENTUDE 
 
Fonte: cicloceap.com.br 
O psicólogo jurídico trabalha junto aos processos de adoção, destituição do 
poder familiar e, também, na aplicação de medidas socioeducativas nos adolescentes 
infratores da lei. No processo de adoção, o psicólogo atua constantemente na família 
auxiliando antes, durante e depois da adoção, conforme CRUCES A; (2011). 
O papel desse psicólogo é fazer com que a criança se sinta segura em seu 
novo lar e também assessorar esses pais para que eles tenham a capacidade de 
satisfazer as necessidades de um filho adotado. Existem também os psicólogos que 
trabalham em abrigos e fundações de proteção especiais. Essas instituições possuem 
como objetivo, fazer com que as crianças e os adolescentes se sintam integrados o 
máximo possível em um lar e, assim, podendo a adaptação para estes jovens em uma 
nova família ser mais fácil, conforme CRUCES A; (2011). 
Na destituição do poder familiar, a responsabilidade do psicólogo jurídico é 
muito importante. Retirar uma criança de sua casa, sua família, não é uma tarefa fácil 
de ser tratada, pois a estrutura desta criança pode ser toda comprometida, por isso, 
essa retirada só pode ser feita após um levantamento de dados que o juiz pode ou 
não tomar a decisão de levá-los a abrigos e instituições, por exemplo. Tal decisão 
 
27 
 
pode ser tomada devido a maus-tratos, pais usuários de drogas, etc., conforme 
CRUCES A; (2011). 
Adolescentes transgressores da lei, no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), se preveem algumas medidas socioeducativas para reabilitar este 
adolescente. O psicólogo jurídico atua junto a este adolescente com medidas de 
responsabilidades direcionadas a ele e, também, tratando dele para que possa 
superar a sua condição de exclusão e reabilitar seus valores positivos na participação 
de sua vida social, conforme CRUCES A; (2011). 
7 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITO DE FAMÍLIA 
 
Fonte: spainlegal.es 
O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu, 
abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma 
abordagem multidisciplinar. Não há como negar a extrema importância do auxílio e da 
intervenção do psicólogo (clínico/jurídico) na área do Direito relacionada com a família. 
A atuação desse psicólogo tem sido institucional judiciária com a instalação de 
serviços psicossociais forenses, como a utilização de quadros próprios para as suas 
atribuições específicas, conforme CRUCES A; (2011). 
 
 
28 
 
A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial 
se há a intervenção de um psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a 
avaliação técnica do caso. A aplicação da psicologia nas questões judiciais procura 
atender às necessidades biopsicossociais dos envolvidos nos processos de guarda, 
adoção e interdição. O poder judiciário procura obter e manter todas as informações 
pertinentes à origem e história de vida dos sujeitos, tanto requerentes tanto 
requeridos. Contudo torna-se indispensável o trabalho de profissionais especializados 
para procederem aos estudos e investigações necessárias que irão possibilitar ao 
Estado defender e atender aos interesses dos sujeitos, conforme CRUCES A; (2011). 
O psicólogo, dentre outros profissionais, desenvolve um trabalho relevante para 
juízo civil, especialmente nos processos de guarda, adoção e interdição. Através de 
estudos psicológicos é possível detectar situações que estejam encobertas pela 
família ou pelas pessoas envolvidas no processo, auxiliando os profissionais a 
evitarem erros que possam desencadear grandes sofrimentos e maiores transtornos, 
podendo dificultar a reversão no processo. Portanto, o acompanhamento psicológico 
proporciona mais tranquilidade e segurança nos processos em questão, conforme 
CRUCES A; (2011) 
No direito da família torna-se imprescindível à atuação do psicólogo, pois as 
questões familiares são mais amplas e complexas. A psicologia, como ciência do 
comportamento humano, vem através de seu aparato compreender elementos e 
aspectos emocionais de cada indivíduo e da dinâmica familiar e, assim, encontrar uma 
saída que atenda às necessidades daquela família, que muitas vezes passam 
despercebidas nos litígios judiciais. A perícia psicológica é importante para a 
compreensão da dinâmica familiar e da comunicação verbal e não- verbal de cada um 
dos indivíduos envolvidos, conforme CRUCES A; (2011). 
O psicólogo perito deve ser neutro e imparcial para escutar as mensagens 
conscientes e inconscientes do grupo familiar e, através de suas análises, deve 
fornecer subsídios à decisão judicial, apresentando enfoques que possam ajudar a 
amenizar o desgaste emocional das partes envolvidas e, não menos importante, 
preservar a integridade física e psicológica dos filhos menores, conforme CRUCES A; 
(2011). 
 
 
 
29 
 
Em processos em que ocorre disputa de guarda de filhos e programação das 
visitas quando o casal se separa, a presença do psicólogo jurídico nessas disputas é 
reconhecida, relevante e, até mesmo, obrigatória. É possível notar que sua atuação 
tem sido institucionalizada na estrutura judiciária mediante a instalação de serviços 
psicossociais forenses, como serventias de quadro próprios, aparelhadas para as 
suas atribuições específicas, conforme CRUCES A; (2011). 
A atuação do psicólogo na vara da família trata de questões como separação, 
guarda e visita, sendo muito importante a necessidade de um profissionalcom 
formação específica em relação ao desenvolvimento infantil, pois, em grande parte, 
existe a presença das crianças e há dificuldade de questioná-las diretamente e de 
saber o que se passa com elas, conforme CRUCES A; (2011). 
A decisão quanto à guarda e as visitas não vêm do psicólogo, ele apenas 
fornecerá dados que embasarão a decisão do juiz. A psicologia contribui ao afirmar 
que existem duas pessoas que personificam duas funções dentro da psicologia, a mãe 
e o pai, um não substituí o outro, por isso a criança deve ter acesso aos dois. Em 
casos de adoção, a intervenção da psicologia jurídica no direito da família vai além 
das preocupações de moradia digna, alimentação, escola e saúde, conforme 
CRUCES A; (2011). 
O papel do psicólogo está em atender às necessidades biopsicossociais das 
crianças e dos adolescentes, analisando os aspectos de adaptação, aceitação e 
integração da criança dentro da família em relação aos filhos biológicos e demais 
familiares, na reconstituição de sua nova história familiar. É preciso ter a consciência 
que antes de uma história de adoção existe uma história de abandono. A instituição 
de abandono de famílias originárias, o desamparo, o grande sofrimento físico e 
psíquico das crianças e dos adolescentes, o motivo das adoções, as características 
da família adotiva, seus anseios, seus medos, suas dificuldades e vulnerabilidade são 
alguns aspectos que precisam ser trabalhados antes e durante o processo, conforme 
CRUCES A; (2011). 
A psicologia permite uma análise sobre a importância dos métodos psicológicos 
em especial para o atendimento das famílias e das crianças, podendo gerar mudanças 
significativas em suas vidas. Objetivando defender interesses e os direitos do adotado 
numa tentativa de restituir dos danos até então sofridos, com o estabelecimento de 
uma relação familiar estável e benéfica. Dentre os métodos do psicólogo estão às 
 
30 
 
entrevistas, investigações e análise dos dados coletados, valores e crenças dos 
sujeitos e aspectos relevantes que possam interferir no processo de adoção, conforme 
CRUCES A; (2011). 
A interdição judicial de um cidadão, no Estado de Direito, está prevista como 
medida de exceção da cidadania, ao mesmo tempo em que priva de 
responsabilidades o cidadão, sendo regulada por lei, transfere a gestão por contra 
própria (por si mesma) sem a necessidade de um representante legal. Para a 
ocorrência de uma interdição, faz-se necessário que o indivíduo perca a capacidade 
de gerir seus próprios bens e sua própria pessoa. Esta situação judicial apresenta-se 
como a mais frequente nas perícias psiquiátricas, que incidem constantemente na 
incapacidade total e definitiva, a qual se configura pela perda da autodeterminação da 
pessoa. A necessidade da perícia psiquiátrica nos casos de interdição apresenta-se 
hoje frequente na realidade brasileira. Este fato solicita deste profissional, cada vez 
mais, uma especificidade para diagnóstico diferencial, cuja conduta seja adequada a 
cada caso, conforme CRUCES A; (2011). 
8 PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO 
 
Fonte: prezi.com 
 
 
31 
 
A Psicologia do Testemunho surge da psicologia jurídica, sendo uma discussão 
extremamente atual. O testemunho é uma das formas de produção de provas 
utilizadas em processos judiciais. No processo civil, por exemplo, não é 
necessariamente o único meio de prova, visto que a maioria dos fatos podem ser 
comprovados por intermédio de provas documentais. No entanto, no processo penal, 
em muitos casos, o testemunho acaba por ser um dos únicos, se não o único, meio 
de prova processual, e, por isso, possui grande importância, conforme OLIVEIRA A; 
(2019). 
A Psicologia do Testemunho possui o intuito de garantir a qualidade do relato 
prestado pela vítima/testemunha, de forma que ele seja totalmente verossímil. A 
discussão da psicologia do testemunho é uma discussão tão importante nos dias 
atuais que, o Conselho Nacional de Justiça, em sua Resolução 75/2009, que dispõe 
sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura, em seu Anexo 
VI, dispõe que a psicologia judiciária será objeto de avaliação no concurso, e um dos 
tópicos é justamente a psicologia do testemunho, sendo que será analisado o 
processo psicológico e a obtenção da verdade judicial e o comportamento das partes 
e testemunhas, conforme OLIVEIRA A; (2019). 
Ela é importante no sentido de que é sabido que o psiquismo humano pode 
modificar determinados fatos. Essa modificação pode ocorrer de forma implantada, 
como é o caso das falsas memórias, como pode ocorrer pelo fenômeno denominado 
por Freud como recalcamento, que é o esquecimento de determinadas situações como 
forma de alívio do sofrimento. Além disso, a psicologia do testemunho é de suma 
importância para a análise do depoimento de pessoas com alguma deficiência mental, 
crianças, idosos, que são pessoas mais suscetíveis a mudanças na realidade, 
conforme OLIVEIRA A; (2019). 
Além disso, é importante porque, somente com a psicologia do testemunho é 
possível a análise do intuito da testemunha, de sua personalidade, analisando de que 
forma o testemunho será dado, ou seja, se vem imbuído de algum sentimento como 
ódio, afeto, vingança, ou qualquer tipo de sentimento que possa interferir na qualidade 
do testemunho, retirando sua imparcialidade. Assim sendo, a Psicologia do 
Testemunho criou técnicas para obter o esclarecimento dos fatos da melhor forma 
possível, conforme OLIVEIRA A; (2019). 
 
32 
 
A atuação do psicólogo na psicologia do testemunho tem como objetivo 
proteger psicologicamente crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e outras 
infrações penais que deixam graves sequelas no âmbito da estrutura da personalidade 
do indivíduo, pois existe uma dificuldade em tomar depoimento de crianças e 
adolescente. Também avalia a pessoa designada pelo juiz verificando sua 
capacidade, veracidade ou uma possível omissão e, também, alguma mentira que o 
testemunho diz, pois este pode estar sobre a influência de outra pessoa, conforme 
CRUCES A; (2011). 
9 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITO CIVIL 
 
Fronte: fortissima.com 
Psicólogo jurídico e o direito civil: o psicólogo atua nos processos em que são 
requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos casos de 
interdição judicial, conforme LAGO V; et al., (2009). 
Dano psíquico: o dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera 
emocional ou psicológica, de um fato particular traumatizante (Evangelista & 
Menezes, 2000 apud LAGO V; et al., 2009). Pode-se dizer que o dano está presente 
quando são gerados efeitos traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório 
 
33 
 
comportamental da vítima. Cabe ao psicólogo, de posse de seu referencial teórico e 
instrumental técnico, avaliar a real presença desse dano. Entretanto, o psicólogo deve 
estar atento a possíveis manipulações dos sintomas, já que está em suas mãos a 
recomendação, ou não, de um ressarcimento financeiro (Rovinski, 2005 apud LAGO 
V; et al., 2009). 
 Interdição: a interdição refere-se à incapacidade de exercício por si mesmo 
dos atos da vida civil. Uma das possibilidades de interdição previstas pelo código civil 
são os casos em que, por enfermidade ou deficiência mental, os sujeitos de direito 
não tenham o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil. Nesses 
casos, compete ao psicólogo nomeado perito pelo juiz realizar avaliação que 
comprove ou não tal enfermidade mental. À justiça interessa saber se a doença mental 
de que o paciente é portador o torna incapaz de reger sua pessoa e seus bens 
(Monteiro, 1999 apud LAGO V; et al., 2009). 
As questões levantadas em um processo de interdição incluem a validade, 
nulidade ou anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos e casamentos. 
Além dessas, ficam prejudicadas a contração de deveres e aquisição de 
direitos, a aptidão para o trabalho, a capacidade de testemunhare a 
possibilidade de ele próprio assumir tutela ou curatela de incapaz e exercer o 
poder familiar (Taborda, Chalub & Abdalla-Filho, 2004 apud LAGO V; et al., 
2009). 
Portanto, o psicólogo atua fornecendo o laudo técnico que avalia o indivíduo. 
Verifica se existe algum dano psicológico ou sua extensão, formulando este laudo 
psicológico que será submetido apreciação do juiz que fixará a sentença. O 
profissional, nesta área, poderá ser escolhido pelo juiz ou por uma ou ambas as partes 
para auxiliar no processo em questão, sendo um atuante no ramo da justiça. Com a 
indústria de danos morais sendo cada vez mais ampliada, muitos profissionais estão 
se especializando e formulando laudos como profissionais liberais ou em empresas. 
De regra ele pode ser um profissional concursado para esta área ficando livre para 
avaliar sem nenhum vínculo com a pessoa, mas sim com a verdade, conforme 
CRUCES A; (2011). 
 
34 
 
10 PSICOLOGIA POLICIAL/MILITAR 
 
Fonte: prezi.com 
O psicólogo nessa área irá atuar no auxílio a policiais militares e seus familiares, 
sendo muito importante o psicólogo conhecer o que um policial militar deve fazer e o 
que ele vive como, por exemplo, ter que conviver com o perigo todos os dias com tiros, 
graves acidentes, situações que envolvem sangue e etc. O policial militar possui a 
função de garantir ordem e segurança para a população, porém, não há como ele se 
sentir sempre seguro, muitas vezes trabalha esperando voltar com vida para sua 
família. A profissão do policial militar é considerada pela Organização Mundial de 
Saúde, desde 1998, a profissão de policial militar a segunda mais estressante de 
todas, conforme CRUCES A; (2011). 
11 MEDIAÇÃO 
A mediação pode ser um instrumento poderoso de intervenção, que tem 
importância fundamental na mudança ética e cultural, na conscientização, para que 
as pessoas sejam senhoras de seus destinos, empoderadas e investidas na 
autogestão e resolução pacífica de seus próprios conflitos, com auto-
responsabilização (ZAPPAROLLI, 2003 apud ROCHA B; et al., 2011). 
 
35 
 
Esse processo também procura desnaturalizar o papel do terceiro como 
parcial, ou quem detém o poder de tomar as decisões sobre a vida das 
pessoas. Ao contrário do juiz, deve o mediador ser neutro, não decidindo ou 
mesmo fazendo sugestões às partes. Ao julgar procedente ou improcedente 
um pedido no bojo de uma ação, o juiz decide o conflito diante de seu 
convencimento e a neutralidade desaparece, permanecendo a imparcialidade 
(ANDRADE, 2009 apud ROCHA B; et al., 2011). 
Com a contribuição da psicologia e do direito, segundo ANDRADE (2009 apud 
ROCHA B; et al., 2011), a mediação promove uma reflexão sobre o valor positivo do 
conflito, o que faz com que seus partícipes, sob a atitude equidistante do mediador, 
libertem-se de sua carga destrutiva, que se lhes apresenta como uma situação 
intransponível. 
Para GROENINGA (2007 apud ROCHA B; et al., 2011), o desenvolvimento do 
ser humano se dá continuamente pelo conflito e pela transformação do conflito, sendo 
este inerente à nossa natureza e constitutivo do ser humano. Ou seja, o conflito não 
desaparece, ele é apenas transformado simbolicamente, sendo a dinâmica do conflito, 
uma das principais contribuições teóricas da psicologia. 
A análise da mediação de conflitos é oportuna posto que se trata de um meio 
que contribui para o acesso à justiça e efetivação dos direitos. É importante para o 
meio acadêmico e para os profissionais que atuam diretamente com a mediação de 
conflitos, pois encontram nesta pesquisa um breve referencial sobre o tema. Também 
apresenta relevância de caráter social, pois envolve discussões sobre uma forma 
alternativa de resolução de conflitos por parte de uma população tão ameaçada pela 
violação ao direito de acesso à justiça, conforme ROCHA B; et al., (2011). 
 Segundo GARCÍA (2003 apud ROCHA B; et al., 2011), deve-se advertir que 
a mediação familiar é multidisciplinar: não somente interessa aos juristas, 
mas também se estudam desde a ótica da psicologia ao trabalho social. 
Revelando que esse processo une inúmeros aspectos psicojurídicos. 
Portanto, Mediação é um processo no qual existe uma pessoa, não envolvida 
na situação, que facilita a resolução do problema em questão. O psicólogo precisa 
analisar vários aspectos dependendo do caso como, por exemplo, a autonomia de 
todos os envolvidos, a situação financeira, o tempo disponível, o emocional, entre 
outros. A função do psicólogo mediador é acolher os envolvidos e os advogados do 
processo, prestar esclarecimentos julgados necessários de maneira clara, objetiva e 
correta em relação aos procedimentos e aos fins da mediação, conforme CRUCES A; 
(2011). 
 
36 
 
Precisa administrar a participação dos envolvidos e assegurar a integridade 
física e emocional destes, formular perguntas de modo construtivo e buscar clareza 
de todas as ideias. Assegurar o equilíbrio de poder entre os envolvidos, neutralizar 
comportamentos repetitivos e facilitar a comunicação para todos, conforme CRUCES 
A; (2011). 
12 PSICOLOGIA JURÍDICA E DIREITOS HUMANOS 
 
Fonte: andreiacorreiapsicologa.com 
Segundo Coimbra (2000 apud PEROVANO C; et al., 2006), o que fica evidente 
em se tratando dos movimentos relacionados aos Direitos Humanos é que as 
diferentes práticas sociais, em diferentes momentos da história, 
[...] vão produzindo diferentes ‘rostos’, diferentes ‘fisionomias’; portanto, 
diferentes objetos, diferentes entendimentos do que são os direitos humanos. 
Estes, produzidos de diversas formas, não têm uma evolução ou uma origem 
primeira, mas emergem em certos momentos, de certas maneiras bem 
peculiares. Devem ser, assim, entendidos não como um objeto natural e a-
histórico, mas forjados pelas mais variadas práticas e movimentos sociais 
(COIMBRA, 2000, p. 142 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
 
 
37 
 
Dessa forma, deve-se entender o homem como um ser histórico, um ser 
constituído no seu movimento ao longo do tempo, pelas relações sociais e culturais 
engendradas pela humanidade (BOCK, 2002 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Nesse mesmo sentido, Coimbra (2000 apud PEROVANO C; et al., 2006) afirma que 
no lugar de pensar os Direitos Humanos enquanto, 
[...] essência imutável e universal do homem poderíamos, através de outras 
construções, garantir e afirmá-los enquanto diferentes modos de 
sensibilidade, diferentes modos de viver, existir, pensar, perceber, sentir; 
enfim, diferentes modos e jeitos de ser e estar neste mundo (COIMBRA, 
2000, p. 142 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Entretanto, estas maneiras de ver a vida ainda são em sua grande maioria 
entendidas como estando fora desses Direitos Humanos, “[...] pois não estão 
presentes nos modelos condizentes com a essência do que tem sido produzido como 
humano” (COIMBRA, 2000, p. 142 apud PEROVANO C; et al., 2006). Então surge a 
afirmação de que a luta pelos Direitos Humanos é uma espécie de conservadorismo, 
de inquietação, que percebemos, toma corpo atualmente entre muitos críticos do 
capitalismo. 
Reafirmamos que, se não entendemos esses direitos como um objeto natural, 
obedecendo a determinados modelos que lhes seriam inerentes, podemos 
produzir outros direitos humanos: não mais imutáveis, universais, absolutos, 
eternos, contínuos e evolutivos. Teríamos ao contrário, a afirmação de 
direitos locais, descontínuos, fragmentários, processuais, em constante 
movimento e devir, provisórios e múltiplos como as forças que se encontram 
no mundo (COIMBRA, 2000, p. 146 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Deve-se, dessa forma, entender que só através da força dos movimentos 
sociais organizados é que este quadro poderá mudar. “É no nível das práticas 
cotidianas, micropolíticas, que podem estar as respostas para tais impasses” 
(COIMBRA, 2000, p. 146 apud PEROVANO C; et al., 2006). A reinvenção de novas 
maneiras de ser, de estar, de sentir e de viver neste mundo, isto é, o processo de 
subjetivaçãoé o que poderá fortalecer e expandir as práticas, e os movimentos que 
visam o contra-ataque das políticas tradicionais, e dessa forma afirmar os Direitos 
Humanos como direitos de todos, em especial dos miseráveis de hoje (COIMBRA, 
2000, p. 146 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
 
 
 
38 
 
Partindo dos pressupostos apontados até aqui, de que forma a Psicologia 
poderia contribuir no que tange os Direitos Humanos? Para Coimbra (2000 apud 
PEROVANO C; et al., 2006) é necessário entendermos a Psicologia, assim como a 
Política, não em cima desses modelos hegemônicos, 
[...], mas como produções históricas, como territórios não separados, mas 
que se complementam e se atravessam constantemente, poderemos encarar 
nossas práticas não como neutras, mas como implicadas no e com o mundo 
(COIMBRA, 2000, p. 147 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Portanto, esta implicação aponta para o lugar que o profissional ocupa nas 
relações sociais em geral e não apenas no âmbito da intervenção que está realizando, 
“[...] os diferentes lugares que ocupa no cotidiano e em outros locais de sua vida 
profissional; em suma, os lugares que ocupa na História” (COIMBRA, 2000, p. 147 
apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Estar implicado (realizar ou aceitar a análise de minhas próprias implicações) 
é, ao fim de tudo, admitir que eu sou objetivado por aquilo que pretendo 
objetivar: fenômenos, acontecimentos, grupos, ideias, etc., Com (sic) o saber 
científico anulo o saber das mulheres, das crianças, dos loucos – o saber 
social, cada vez mais reprimido como culpado e inferior (LOURAU, 1997, 
apud COIMBRA, 2000, p. 147 apud PEROVANO C; et al., 2006). 
Ainda, segundo Lourau (1977 apud PEROVANO C; et al., 2006) citado por 
Coimbra (2000 apud PEROVANO C; et al., 2006), é necessário que se encontrem 
formas de analisar nossas implicações para que, em quaisquer situações possíveis, 
possamos nos situar nas relações de classe, nas redes de poder, em vez de nos 
fixarmos, e permanecermos numa posição chamada de científica, objetiva e neutra. 
Assim, se entendemos os objetos, saberes e sujeitos como produções 
históricas, advindos das práticas sociais; se aceitamos que os especialismos 
técnico-científicos que emergem como a divisão social do trabalho no mundo 
capitalístico têm como função a produção de verdades e a desqualificação de 
muitos outros saberes que se encontram neste mundo; se entendemos como 
importante em nossas práticas cotidianas a análise de nossas implicações, 
assinalando o que nos atravessa, nos constitui e nos produz, e o que 
constituímos e produzimos com essas mesmas práticas, negaremos as 
dicotomias. Articularemos Psicologia, Política e Direitos Humanos e 
entenderemos uma série de outras questões: que nossas práticas produzem 
efeitos poderosíssimos no mundo, sendo, portanto, políticas. Assumir tais 
desafios é estabelecer rupturas com o pensamento hegemônico no Ocidente, 
é romper com as “verdades” que estão no mundo e vê-las como temporárias, 
mutantes, provisórias (COIMBRA, 2000, p. 147 apud PEROVANO C; et al., 
2006). 
 
39 
 
O II Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas, em maio de 2003, 
na cidade de João Pessoa, tratou do protagonismo da Psicologia enquanto promotora 
de saúde nas questões sociais que se mostram tão urgentemente necessárias de 
intervenção. A conferência Protagonismo Social da Psicologia na Defesa dos Direitos 
Humanos apontou que direitos humanos é uma questão de militância, de política, que 
o psicólogo deve ser defensor dos direitos humanos como cidadão, engajado na 
defesa dos direitos da vida, nas suas práticas cotidianas, conforme PEROVANO C; et 
al., (2006). 
Destaca-se ainda que o Conselho Federal de Psicologia e os Regionais 
possuem comitês de Direitos Humanos, que conduzem importantes debates e 
avanços da Psicologia brasileira nesta área. Há a necessidade de discussão crítica e 
reflexiva desde a academia e no exercício profissional, pois os psicólogos têm, muitas 
vezes, a ideia de senso comum de direitos humanos, tornando-os algo a parte da 
prática profissional, conforme PEROVANO C; et al., (2006). 
Portanto, atuam na defesa dos Direitos Humanos para que sejam efetivados, 
pode-se citar o exemplo de uma pessoa na terceira idade, além do psicólogo avaliar 
os aspectos psicológicos e psicossociais, a influência da atividade física na integração 
social do idoso. O psicólogo irá auxiliar o idoso nas alterações psíquicas e psicológicas 
através de uma avaliação psicológica, observando os aspectos que podem surgir 
como a depressão, doenças degenerativas e outros, garantindo os Direitos Humanos 
dessa pessoa, conforme CRUCES A; (2011). 
Outro exemplo é a atuação com crianças que possuem alguma deficiência. A 
atuação do psicólogo, além de garantir os Direitos Humanos desta criança é auxiliar 
os familiares que sofrem devido à situação e os preconceitos enfrentados, conforme 
CRUCES A; (2011). 
 
40 
 
13 VITIMOLOGIA 
 
Fonte: canalcienciascriminais.jusbrasil.com 
A Vitimologia é um setor da psicologia jurídica que presta assistência 
psicológica às vítimas de crimes, sejam eles crimes diretos, que tenham contato direto 
do criminoso com a vítima como, por exemplo, agressão, sequestro, até crimes 
indiretos em termos físicos como furtos, assaltos de residências, onde não há o 
contato do criminoso com a vítima. O psicólogo jurídico avalia a vítima em aspectos 
biológicos, psicológicos e sociais, analisando sua personalidade. Estuda o seu 
comportamento e sua participação na ocorrência do crime (enquanto vítima), 
conforme CRUCES A; (2011). 
A vitimologia tem como objetivo analisar possíveis traumas causados à vítima 
com o objetivo de oferecer o tratamento adequado pós-trauma. A análise é feita 
através de um psicólogo, sem a influência de terceiros, tais como delegados, 
advogados e outros elementos do setor judicial. O psicólogo é um profissional 
extremamente importante nesse setor judicial, pois ele dará apoio psicológico ás 
vítimas de crimes, conforme CRUCES A; (2011). 
Em casos menos severos pós-trauma, a vítima pode apresentar 
comportamentos inadequados em relação à sociedade, tais como medo exagerado 
de todos que não fazem parte de seu círculo social, isolamento da sociedade, entre 
outros, esses comportamentos podem ser momentâneos ou durarem muito tempo, a 
 
41 
 
vítima que apresenta esse tipo de comportamento o vê como uma forma de refúgio 
de possíveis repetições do crime ocorrido, conforme CRUCES A; (2011). 
Em casos pós-trauma extremos podem levar a vítima a tornar-se um criminoso, 
repetindo a terceiros o crime do qual sofreu. Algumas vítimas podem cometer suicídio 
por não terem resistência emocional para superar o episódio traumatizante. Para que 
grandes traumas não ocorram, é indispensável que as vítimas tenham um apoio 
psicológico e se necessário que sigam corretamente o tratamento que lhe forem 
indicados, muitas vezes o tratamento de uma vítima inclui medicamentos, desde 
calmantes a antidepressivos, conforme CRUCES A; (2011). 
13.1 Proteção a testemunhas 
Segundo Monteiro (1999 apud VALADÃO G; 2005) a função do psicólogo “é 
garantir a saúde mental das vítimas, buscando a superação do medo, o resgate da 
autoestima, a adaptação ao novo ambiente das vítimas” (Monteiro, 1999, p. 36 apud 
VALADÃO G; 2005). 
As técnicas utilizadas pelos psicólogos do (PROVITA - O Programa Estadual 
de Proteção a Vítimas e Testemunhas) devem focalizar os seguintes 
comportamentos: a solução de problemas, a tomada de decisões, o pensamento 
produtivo, a participação ativa na criação de valores sociais: “o profissional de 
psicologia não só incentiva a discussão dos problemas e a planejar a superação das 
dificuldades, mas ajuda a pôr em prática estes planos na perspectiva de integrar a 
tomada de decisões” (Ribeiro, 1997, p. 13 apud VALADÃO G; 2005). As 
vítimas/testemunhas devem entender que as privações encontradas servem como um 
estágio para realizar

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