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1 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios Objetivos: 1. Conhecer as características gerais dos lipídeos. 2. Entender o metabolismo dos lipídeos. 3. Associar as dislipidemias com a aterosclerose. 4. Entender o tratamento para as dislipidemias. Características Gerais dos Lipídeos: • São substâncias apolares • Quimicamente a parte lipídica básica dos triglicerídeos e fosfolipídios são formadas por ácido graxo, que são longas cadeias de hidrocarbonetos. Dois tipos de compostos básicos são formados por ácidos graxos: Triacilgliceróis e as ceras. • O colesterol não apresenta ácidos graxos em sua composição, mas seu núcleo esterol é sintetizado a partir de ácidos graxos. • São ésteres de ácido graxo + álcool O C + OH OH • O Lipídeo é a junção de ácido graxo + álcool, a união dos dois forma éster • Eles são apolares e hidrofóbicos – não se dissolvem em água – o motivo disso é o ácido graxo, que contém uma cadeia longa de carbono, quanto mais carbono se tem, mais apolar vai ser. (Ácido Graxo) CH2 OH(HIDROGÊNIO) C CH2 CH2 CH2 (...) – “longa cadeia de carbono” CH2 OH OH (HIDROXILA) CH2 OH Perda de água (H2O) – Síntese por desidratação (Glicerol - Álcool) O (Éster) Se unir a uma hidroxila: Monoglicerídeo CH2 O C CH2 CH2 (...) CH OH Se unir em duas hidroxilas: Diglicerídeos CH2 OH Se unir em três hidroxilas: Triglicerídeos • O triglicerídeo, é um álcool que se uni a três ácidos graxos, são mais apolares ainda, pois possuem mais carbonos. • Os lipídeos especialmente importantes são os fosfolipídios e o colesterol, que juntos constituem cerca de 2% da massa celular. • A importância desses dois lipídeos é que eles são insolúveis, principalmente em água e, portanto, são usados para formar a membrana celular e as membranas intracelulares, barreiras que separam os diferentes compartimentos das células. • Além dos fosfolipídios e do colesterol, muitas células contêm grandes quantidades de triglicerídeos, também chamados de gordura neutra. • Nos adipócitos, os triglicerídeos são responsáveis por 95% da massa celular. • A gordura armazenada nessas células, representam a principal reserva de nutrientes energético do corpo. • A estrutura básica da membrana celular é formada por bicamada lipídica, a dupla cama lipídica é composta de três lipídeos principais: fosfolipídios, esfingolipídios e colesterol. Sendo os fosfolipídios, os mais abundantes. • Uma extremidade da molécula de fosfolipídios é solúvel em água (hidrofílica) – contém fosfato - e a outra é solúvel apenas em lipídeos (hidrofóbica) - contém ácido graxo. • As partes hidrofílicas constituem as duas superfícies da membrana (ficam em contato com a água intracelular e extracelular) e o meio da membrana que é impermeável às substâncias hidrossolúveis. Ácidos Graxos: • São ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas de comprimento de 4 a 36 carbonos. • Em alguns as cadeias são totalmente saturadas, não possuem ligação dupla e não ramificadas em outros, em outros a cadeia contém umas mais ligações duplas. • Tipos: ácido palmítico, ácido oleico, ácido araquidônico • Os ácidos graxos podem ser categorizados de várias maneiras, embora sejam principalmente 2 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios categorizados pelo grau de saturação ou variação do comprimento da cadeia. • Um ácido graxo saturado não tem ligações duplas. Os ácidos graxos saturados são sólidos em temperatura ambiente, têm alto ponto de fusão e são comuns em gorduras animais e vegetais. • Os ácidos graxos insaturados têm uma ou mais ligações duplas, são líquidos à temperatura ambiente e têm baixo ponto de fusão. Entre os ácidos graxos insaturados estão os ácidos graxos monoinsaturados e ácidos graxos poli- insaturados. • Em um nível molecular, os ácidos graxos são longas cadeias carbônicas com alguns átomos de hidrogênio anexados. Pequenas diferenças na estrutura significam uma grande mudança no comportamento dos ácidos graxos. Existem quatro tipos de ácidos graxos: 1) Saturados: As cadeias de carbono das gorduras saturadas não têm pontos abertos em sua cadeia para átomos de hidrogênio. É por isso que eles são chamados de saturados. Eles aumentam o colesterol LDL (o colesterol “ruim”) e aumentam o risco de doenças cardíacas. 2) Monossaturados: Esses ácidos graxos não têm um de seus átomos de hidrogênio devido a uma ligação dupla entre as moléculas de carbono. As gorduras monoinsaturadas são mais saudáveis do que as saturadas. 3) Poli-insaturados: Esses têm benefícios significativos para a saúde. Os ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 pertencem a este grupo. 4) Gorduras trans: Esse tipo de gordura é raro na natureza, mas tem sido amplamente utilizado em alimentos processados. As gorduras trans são criadas pela adição de moléculas de hidrogênio às gorduras insaturadas para torná-las estáveis em armazenamento. As gorduras trans geralmente não são saudáveis. - Embora todas as gorduras sejam constituídas por ácidos graxos, a maior parte da discussão sobre os ácidos graxos gira em torno dos tipos poli-insaturados e monoinsaturados. Os ômega-3 e ômega-6 são especialmente importantes. Eles são conhecidos como ácidos graxos essenciais porque o corpo não pode fabricá-los. Por isso, devem ser consumidos através dos alimentos. - Os ácidos graxos não essenciais são aqueles que nosso metabolismo endógeno tem a capacidade de sintetizar a partir de precursores e não precisam necessariamente ser ingeridos na dieta. Principais funções dos Lipídeos: • Os triglicerídeos são usados para fornecer energia nos mais diversos processos metabólicos, já os fosfolipídios, o colesterol e pequenas quantidades de triglicerídeos são usados para formar as membranas. 1) Apolares (hidrofóbicos): eles possuem ácidos graxos, com longas cadeias de hidrocarbonetos. São insolúveis em substâncias inorgânicas (água e sais minerais. Porém são solúveis em substâncias orgânicas, como o clorofórmio. 2) Reserva energética: Adipócitos 3) Isolantes térmicos e elétricos: Como isolantes térmicos regulam a troca de calor, e como isolantes elétricos estão presentes na bainha de mielina dos neurônios. 4) Estrutural: Fosfolipídios e colesterol nas membranas 5) Hormonal: Hormônios sexuais – estrógenos, progesterona e testosterona. 6) Impermeabilizantes: Cera 7) Carregadores: Vitaminas lipossolúveis – KEDA – K, E, D e A. Lipídeos Simples: (Glicerídeos, ceras e esteroides). 1) Glicerídeos (Agliceróis): Os glicerídeos são ésteres da glicerina com ácidos graxos. São divididos em óleos e gorduras. Os Glicerídeos são os lipídeos quimicamente mais simples e formados pela união de ácido graxo com a molécula de álcool denominada glicerol, um álcool de três átomos de carbono em sua fórmula. São os óleos e as gorduras Óleos = são líquidos em temperatura ambiente. ▪ São lipídios líquidos em temperatura ambiente (nas CNTP) ▪ Apresentam cadeias carbônicas insaturadas (dupla ligação) 3 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios ▪ São fontes energéticas e lubrificantes corpóreos. ▪ São hidrofóbicos (imiscíveis com água) ▪ Principalmente extraídos das sementes vegetais. ▪ De origem vegetal, animal e mineral. ▪ Ex: óleo de soja, milho, algodão, gergelim, girassol, mamona etc. Gorduras = são sólidos em temperatura ambiente. ▪ São lipídios sólidos em temperatura ambiente (nas CNTP) ▪ Apresentam cadeias carbônicas saturadas (ligações simples) ▪ Atuam como reservaenergética dos animais. ▪ Agem como isolante térmico para os animais de clima frio. ▪ Amortecem choques mecânicos sobre órgãos internos. ▪ Modelam o corpo dos animais preenchendo espaços. ▪ Ex: bacon, toucinho de porco ▪ Estão em maior quantidade em nosso corpo. ▪ Triglicerídeos ▪ Isolantes Glicerídeos = Glicerol + Ácido Graxo - A gordura insaturada é transformada em saturada, acrescentando um hidrogênio e quebrando a ligação dupla. A exemplo, temos a margarina vegetal, que antes era um óleo vegetal e foi hidrogenada, transformando-se em gordura vegetal hidrogenada. - A gordura insaturada pode se tornar ruim de ela passar de CIS para TRANS. Assim conserva melhor o alimento. H H (HIDROGÊNIO EM CIMA) H I I I - C = C - CIS - C = C TRANS – Aumenta o LDL I H (MUDA O HIDROGÊNIO) - Quando reutilizamos o óleo ele se transforma em TRANS, quando o óleo entra em contato com altas temperaturas, parte da gordura polinsaturada se transforma em gordura trans. - A soponização é quando se utiliza o óleo já utilizado, junta com uma base (hidróxido de sódio) e forma sabão. O sabão é um sal. 2) Ceras (Cerídeos): Impermeabilizantes – são muito apolares. Os Cerídeos são lipídios formados pela união de ácido graxo de cadeia longa (14 a 36 átomos de carbono) com um álcool de cadeia longa (16 a 30 átomos de carbono) de textura pastosa. As ceras animais e vegetais possuem importância biológica no revestimento e proteção de superfícies corpóreas, evitando a desidratação. Revestem folhas e frutos de vegetais, diminuindo a taxa de transpiração, pois funcionam como material impermeabilizante. Secreções oleosas das glândulas sebáceas protegem a superfície corporal dos mamíferos contra a desidratação. Ceras também evitam o ressecamento e a ruptura do tímpano. 3) Esteróides (Esterídeos): - Os Esteroides são lipídios formados por ácidos graxos e álcoois de cadeia cíclica como o colesterol. Entram na formação dos hormônios esteroides e componentes da bile. - A bile é segredada pelo fígado, sendo constituída por sais que promovem a emulsificação das gorduras, facilitando a ação das lipases no intestino. - Os hormônios esteroides; testosterona, estrógeno e progesterona, estão relacionados com as características sexuais e a produção dos gametas. - A molécula de colesterol é um importante componente da membrana plasmática das células animais e também compõe os hormônios esteroides (estrógenos, progesterona e testosterona) ▪ Colesterol é um álcool, precursor de: a) Formação de Hormônios ( Testosterona, Estradiol, Progesterona, Aldosterona, Cortisol) b) Vitamina D3 (calciferol) c) Sais Biliares d) Membranas Celulares (animal) I I – C – C – l l Álcool Álcool Glicerol Glicerol Ligação reta- linear Ligação não linear - dupla I I – C = C – SATURADAS (PIORES) – EM TEMPERATURA SÃO GORDURAS SÓLIDAS – SÓ POSSUEM LIGAÇÃO SIMPLES. INSATURADAS (PIORES) – EM TEMPERATURA SÃO ÓLEOS – POSSUEM LIGAÇÃO DUPLA – CONSUMIMOS NO COTIDIANO. 4 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios Alimentação LDL COLESTEROL COLESTEROL Ateroesclerose Fígado HDL Vaso - O colesterol é carregado por lipoproteínas, na verdade não existe colesterol “bom” e “ruim”, o que importa é quem carregada ele. - O colesterol é produzido no fígado, ou ingerido na alimentação. - HDL (lipoproteína de alta densidade) - remove gorduras das artérias, deixando-as limpas e flexíveis. A função dele não é exatamente essa, mas quando ele ver o excesso ele faz isso. A função dele é levar fosfolipídios. - LDL (lipoproteína de baixa densidade) - estreita e endurece as paredes das artérias (arteriosclerose) – leva o colesterol para a corrente sanguínea. - VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) - faz o leva- e-traz do colesterol e transporta triglicérides. - Além do colesterol absorvido todos os dias pelo trato gastrointestinal, que é chamado de colesterol endógeno, uma quantidade maior ainda é formada nas células do corpo, o colesterol endógeno. - Existem fatores que afetam a concentração do colesterol plasmático – Controle por feedback de colesterol. Lipídeos Complexos: (Fosfolipídios, Carotenóides e Esfingolipídios). 1) Fosfolipídios 2) Carotenóides 3) Esfingolipídios Metabolismo dos Lipídios: 1) Transporte de Triglicerídeos e outros lipídeos a partir do trato gastrointestinal pela linfa – Os Quilomícrons: - Quase todas as gorduras da dieta, com exceção de poucos ácidos graxos de cadeia curta, são absorvidas a partir do intestino para linfa intestinal. - Os lipídeos são transportados na corrente sanguínea como lipoproteínas, existentes das mais diversas formas, cada uma com uma função e composição lipídica e proteica diferentes. - Durante a digestão a maior parte de triglicerídeos se divide em monoglicerídeos e ácidos graxos. A gordura da dieta é emulsificada pelos sais biliares, liberados pela vesícula biliar, isso os reduz em micelas menores - Agindo da mesma forma que os detergentes, os sais biliares quebram as gorduras dos alimentos em partículas menores. Eles cercam cada gotícula de gordura com o lado hidrofóbico voltado para a partícula de gordura. - Os sais biliares ajudam na absorção de ácidos graxos, de monoglicerídeos, colesterol e outros lipídios. Eles ajudam mediante a formação de complexos físicos bem pequenos denominados micelas. - Depois na passagem através das células epiteliais intestinais (enterócitos), os monoglicerídeos e ácidos graxos são ressintetizados em novas moléculas de triglicerídeos (TAG) que chegam à linfa intestinal como minúsculas gotículas dispersas chamadas: Quilomícrons. Ou seja, os lipídios da dieta são empacotados em quilomícrons - Na superfície externa dos quilomícrons são adsorvidas pequenas quantidades de apoproteína B. - As demais proteínas projetam-se na solução hídrica adjacente dos vasos linfáticos, o que faz com que aumente a estabilidade de suspensão dos quilomícrons nos vasos linfáticos, impedindo sua aderência as paredes - A maioria do colesterol e dos fosfolipídios, absorvidos do trato gastrointestinal, penetra nos quilomícrons. - Então os quilomícrons são compostos principalmente de triglicerídeos, mas também de 9% de fosfolipídios, 3% de colesterol e 1% de apoproteína B. - Pelos vasos linfáticos os quilomícrons são transportados o ducto torácico e em seguida para o sangue venoso circulante na junção das veias subclávia e jugular. 2) Remoção dos Quilomícrons do sangue: 5 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios - Cerca de 1h após a refeição rica em gorduras, a concentração de quilomícrons plasmática aumenta de 1% a 2% do plasma total. - Devido ao tamanho grande dos quilomícrons, o plasma assume aspecto turvo e às vezes amarelado. - No entanto os quilomícrons tem meia-vida de apenas 1h ou menos, de modo que depois de poucas horas o plasma volta a ficar claro. - Remoção da gordura dos quilomícrons: Os triglicerídeos dos quilomícrons são hidrolisados pela lipase lipoproteica e a gordura é armazenada no tecido adiposo - Grande parte dos quilomícrons é removida da circulação sanguínea á medida que passa pelos capilares de vários tecidos, especialmente do adiposo, do músculo esquelético e do coração.- Esses tecidos sintetizam a enzima lipase lipoprotéica, que é transportada para a superfície das células endoteliais dos capilares. - Já na superfície das células endoteliais, as enzimas lipases lipoprotéica, hidrolisam os triglicerídeos dos quilomícrons, à medida que eles entram em contato com a parede endoteliais dos capilares. - Quando a enzima lipase lipoproteica, hidrolisa esse triglicerídeo, os quilomícrons também liberam ácidos graxos e glicerol. - Os ácidos graxos liberados pelos quilomícrons são altamente miscíveis nas membranas das células, e daí se difundem para o tecido adiposo e para células musculares. - Dentro das células os ácidos graxos são usados como combustível ou são novamente sintetizados em triglicerídeos - A enzima lipase lipoprotéica, também provoca a hidrólise de fosfolipídios, isso também libera ácidos graxos que serão armazenados do mesmo modo nas células. - Os remanescentes de quilomícrons enriquecidos de colesterol são rapidamente depurados no plasma, eles se ligam a receptores nas células endoteliais dos sinusoides do fígado. - Ainda existe na superfície dos quilomícrons e nas células do fígado a presença da Apolipoproteína – E (secretada no fígado), que desempenha papel importante na depuração dessas lipoproteínas plasmáticas. - Ácidos Graxos livres – São transportados no sangue combinados com a Albumina: - Quando a gordura armazenada no tecido adiposo precisa ser usada em outra região do corpo para fornecer energia, ela deve ser transportada do tecido adiposo para outro tecido. - Esse transporte ocorre com a hidrólise dos triglicerídeos de volta a forma de ácidos graxos e glicerol. - Estímulos para essa hidrólise: quantidade de glicose inadequada e ativação da lipase celular hormônio – sensível. - Quando a glicose está inadequada, um dos produtos de seu metabolismo está insuficiente, o α-glicefosfato, como ele é necessário para manter a porção glicerol dos triglicerídeos, o resultado da ausência de α-glicefosfato é a quebra deles. - Ao sair dos adipócitos, os ácidos graxos, passam por forte ionização e se ligam a albumina no plasma. - Agora chamados de ácidos graxos livres. - Apesar de estarem em pequena quantidade no plasma, os ácidos graxos têm uma intensa renovação, metade deles são substituídos a cada 2 a 3 minutos. Nessa intensidade a necessidade de energia do corpo é suprida 6 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios pela oxidação de ácidos graxos livres, sem usar nenhum carboidrato ou proteína. - Condições como inanição ou diabetes mellitus, promovem o aumento da utilização de gordura para energia celular e isso aumenta os ácidos graxos livres no sangue. - Lipoproteínas: Função especial no transporte do colesterol e dos fosfolipídios: - Depois que todos os quilomícrons são removidos do sangue, mas de 95% de todos os lipídios no plasma estão sob a forma de lipoproteínas. - As lipoproteínas são partículas menores que os quilomícrons, mas similares na sua composição, contendo triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e proteínas. - Tipos de lipoproteínas: - Quilomícrons são lipoproteínas muito grandes. - Além deles temos quatro tipos importantes, classificados segundo suas densidades: - VLDL (Lipoproteínas de muito baixa intensidade): contendo altas concentrações de triglicerídeos e concentrações moderadas de colesterol e fosfolipídios. - IDL (Lipoproteínas intensidade moderada): São VLDL das quais uma parte de triglicerídeos foi retirada, e daí ficaram aumentadas as concentrações de colesterol e fosfolipídios. - LDL (Lipoproteínas de baixa intensidade): Derivadas das IDL’s, com a remoção de quase todos os triglicerídeos, deixando alta concentração de colesterol e média concentração de fosfolipídios. - HDL ((Lipoproteínas de alta intensidade): Contém alta concentração de proteínas, cerca de 50% e, concentrações menores de colesterol e fosfolipídios. - Quase todas as lipoproteínas são formadas no fígado, onde também ocorre a síntese do colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos. - Pequenas quantidades de HDL, são sintetizadas no epitélio intestinal. - A principal função das lipoproteínas é transportar seus componentes lipídicos pelo sangue Depósito de gordura: - Grandes quantidades de gorduras são armazenadas nos principais tecidos do corpo, o tecido adiposo e fígado. - O Tecido adiposo armazena triglicerídeos até que sejam necessários para suprimento de energia em outras partes do corpo. - Os triglicerídeos nos adipócitos estão e forma líquida, só a gordura líquida por ser transportada para fora dos adipócitos. - As células adiposas podem sintetizar uma quantidade muito pequena de ácidos graxos e triglicerídeos a partir dos carboidratos. - As lipases teciduais presentes no tecido adiposo catalisam a deposição de triglicerídeos, dos quilomícrons e lipoproteínas. - Lipídios Hepáticos: as principais funções do fígado no metabolismo dos lipídeos: - 1) Degrada ácidos graxos em pequenos compostos que podem ser usados como fontes de energia - 2) Sintetiza triglicerídeos a partir de carboidratos, mas em menor extensão, também de proteínas. - 3) Sintetiza outros lipídios a partir dos ácidos graxos, em especial colesterol e fosfolipídios. - SE LIGA: Grandes quantidades e triglicerídeos são encontrados no fígado em três situações: a) Inanição b) Diabetes Mellitus c) Condição em que gorduras e não carboidratos estão sendo usadas como fonte de energia. - PORQUE: Grande quantidade de triglicerídeos estão sendo mobilizada e saindo do tecido adiposo, transportado como ácido graxo livre e sendo “redepositada” como triglicerídeo no fígado. - SENDO ASSIM: A quantidade de triglicerídeos encontrada no fígado é determinada pela intensidade global com que os lipídeos estão sendo utilizados para fornecer energia. 7 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios - O fígado pode armazenar grandes quantidades de triglicerídeos se existir Lipodistrofia, condição caracterizada por atrofia ou deficiência dos adipócitos. - As células hepáticas são mais capazes de “dessaturar” ácidos graxos do que qualquer outro tecido: isso significa que - Os triglicerídeos hepáticos são muitos mais insaturados que os do tecido adiposo, então a principal fonte de gorduras insaturadas para as células que as utilizam é o fígado. Associar as dislipidemias com a aterosclerose: 1) Os papéis das lipoproteínas e colesterol na aterosclerose: - As concentrações anormais de lipídios, ou lipoproteínas, circulantes na corrente sanguínea, especialmente o colesterol e os triglicerídeos (TG), são definidas como dislipidemias, as quais cursam com ou sem repercussão sobre o território vascular, associadas a outras manifestações clínicas que podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares. As dislipidemias podem ser resultadas de anormalidades genéticas, doença subjacente ou decorrentes de fatores ambientais. - Quando a soma de colesterol sintetizado e colesterol obtido na dieta excede a quantidade necessária para a síntese de membranas, sais biliares e esteróis, ocorre o acúmulo patológico de colesterol. - A aterosclerose é um quadro clínico no qual depósitos irregulares de material gorduroso (ateromas ou placas ateroscleróticas) se desenvolvem nas paredes das artérias de médio e grande porte, levando a um fluxo sanguíneo reduzido ou bloqueado - As lipoproteínas são responsáveis pelo transporte e pela solubilização dos lipídios. São compostas por lipídios e proteínas denominadas Apolipoproteína (Apo). Uma das classes de lipoproteínas é rica em colesterol e inclui as lipoproteínas de baixa densidade(LDL), que é a principal transportadora de colesterol na circulação para os tecidos periféricos. A LDL está diretamente relacionada à patogênese da aterosclerose, que é considerada a base da maioria dos eventos cardiovasculares. Dessa forma, essa lipoproteína é apontada como o melhor preditor de risco cardíaco e tem sido alvo terapêutico para reduzir os riscos de DCV - DADOS: O último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2009, mostrou que os níveis aumentados de colesterol sérico causaram 2,6 milhões de mortes e 29,7 milhões de anos de vida perdidos por morte prematura e incapacidades. Especificamente para os riscos atribuídos ao LDL-Colesterol aumentado, em 2017, estimativas apontaram a ocorrência de 4,3 milhões de mortes globais, correspondendo a 7,7% de todos os óbitos e 94,9 milhões de anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALYS). No Brasil, também se evidencia a expressiva carga de morte e incapacidade atribuída ao LDL-Colesterol aumentado, apenas em 2017 estimou-se a ocorrência de 99.315 óbitos (7,36% do total de mortes) e a perda de 2.335.294,99 DALYS. (https://scielosp.org/article/csc/2021.v26n2/541-553/) https://scielosp.org/article/csc/2021.v26n2/541-553/ 8 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios - Os lipídios precisam estar ligados às proteínas para que possam se mover no sangue. O LDL é uma pequena bolha formada por uma borda externa de lipoproteína com um centro de colesterol. - O aumento de lipoproteínas de baixa densidade, é um fator importante na etiologia da aterosclerose - A elevada concentração plasmática de colesterol sob a forma de lipoproteínas de baixa densidade - A aterosclerose é causada por lesão repetida nas paredes das artérias. - Muitos fatores contribuem para essa lesão, incluindo hipertensão arterial, tabagismo, diabetes e níveis elevados de colesterol no sangue. - A obstrução dos vasos sanguíneos resultante de aterosclerose é uma causa comum de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. - Muitas vezes, os primeiros sintomas são dores ou cãibras quando o fluxo sanguíneo não consegue suprir as demandas de oxigênio dos tecidos. - Para prevenir a aterosclerose, as pessoas precisam parar de fumar, melhorar sua dieta, praticar exercícios físicos regularmente e manter o controle de sua pressão arterial, nível de colesterol e diabetes. - A progressão da aterosclerose para essas complicações de risco à vida, como um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, requer tratamento emergencial. - A concentração dessas LDL’s, é aumentada por diversos fatores, mas principalmente pela ingestão de gorduras muito saturadas. - O desenvolvimento da aterosclerose é complicado, mas o evento primário parece estar relacionado a lesões sutis e repetidas no revestimento interno das artérias (endotélio) através de vários mecanismos. Esses mecanismos incluem: - Tensões físicas decorrentes de fluxo sanguíneo turbulento (como o que ocorre no local em que as artérias se ramificam, principalmente em pessoas que têm hipertensão) - Tensões inflamatórias envolvendo o sistema imunológico (como quando as pessoas fumam cigarros) - Fisiologia da formação do ateroma: 1) A LDL se acumula na matriz extracelular das células epiteliais que revestem as artérias 2) As células do sistema imune, os monócitos são atraídos para região onde há o acúmulo de LDL, e lá se diferenciam em macrófagos. 3) Os macrófagos vão captar o LDL oxidado e colesterol que eles contêm. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipertens%C3%A3o-arterial/hipertens%C3%A3o-arterial 9 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios 4) Os macrófagos tornam-se células espumosas, a partir do acúmulo de ésteres de colesterila e colesterol livre. 5) Com o acúmulo de colesterol livre nas células espumosas elas sofrem apoptose. 6) Ao longo do tempo as artérias tornam-se progressivamente ocluídas, já que as placas consistindo esse material forma tecido cicatricial e as células espumosas se tornam maiores 7) As placas podem se soltar ocasionalmente, provocando AVC ou IAM. - Anormalidades químicas na corrente sanguínea (como colesterol alto ou nível alto de açúcar no sangue como ocorre no diabetes mellitus) - Infecções por algumas bactérias ou vírus (como Chlamydia pneumoniae ou citomegalovírus) também podem aumentar a inflamação no revestimento interno da artéria (endotélio) e levar à aterosclerose. - O aumento do LDL-Colesterol nos adultos a partir dos 30 anos, identificado nesta pesquisa, pode ser explicado pelas alterações lipídicas decorrentes do processo de envelhecimento gradativo, pois a chance aumenta com o avanço da idade. Os mecanismos de envelhecimento acometem os tecidos e os órgãos, resultando em alterações no endotélio hepático, aumento da resistência à insulina, diminuição do androgênio nos homens e dos hormônios nas mulheres decorrentes da menopausa e pós-climatério. Resultados semelhantes também foram encontrados em outras pesquisas no Brasil e em outros países, como China e Estados Unidos. - Níveis de colesterol LDL elevados representam importante fator de risco modificável. Uma dieta rica em gorduras saturadas faz com que os níveis de colesterol LDL aumentem em pessoas suscetíveis. - Os níveis de colesterol também aumentam conforme as pessoas envelhecem e são normalmente mais elevados em homens do que em mulheres, embora os níveis de aumentem em mulheres após a menopausa. - Vários distúrbios hereditários resultam em níveis elevados de colesterol ou de outras gorduras. As pessoas com esses distúrbios hereditários podem ter níveis extremamente elevados de colesterol e (se não tratadas) morrer de doença arterial coronariana em uma idade precoce. - Pessoas com risco elevado, como as que têm diabetes ou doença cardíaca aterosclerótica ou que tiverem sofrido um ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou cirurgia de revascularização, se beneficiam de doses altas de estatinas para reduzir o colesterol LDL tanto quanto possível. No entanto, a porcentagem de colesterol HDL em relação ao colesterol total é uma medida mais confiável do risco do que o nível de colesterol total ou LDL. - O colesterol HDL deve representar mais do que 25% do colesterol total. Altos níveis de triglicérides são frequentemente associados com baixos níveis de colesterol HDL. No entanto, as evidências sugerem que apenas níveis elevados de triglicérides também podem aumentar discretamente o risco de aterosclerose. Entender o tratamento para as dislipidemias: - Esse cenário mostra a importância de políticas públicas direcionadas ao controle de fatores modificáveis como as dislipidemias. Sobretudo como estratégia para a redução da morbimortalidade por DCV, consideradas as principais causas de morte no mundo. - Nessa perspectiva, o conhecimento das dislipidemias por meio da análise do perfil lipídico é fundamental, haja vista que visa a identificar alterações isoladas ou combinadas dos níveis de colesterol total (CT), TG, fração de LDL-Colesterol e fração de colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL- Colesterol). - Quanto aos fatores associados às dislipidemias, são apontados os sociodemográficos, como sexo, idade, escolaridade, local de residência, estilos de vida, sobrepeso, obesidade, doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e autoavaliação de saúde ruim. - No Brasil, os inquéritos epidemiológicos que monitoram as prevalências de dislipidemia são escassos e, na maioria das vezes, utilizam dados autorreferidos. Nesse contexto, visando o monitoramento dos indicadores de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizou coletas de materialbiológico que incluíram medidas de colesterol e frações e permitiu monitorar as dislipidemias na população brasileira por meio de exames laboratoriais. - Assim, considerando-se a relevância supracitada das repercussões negativas na saúde, ocasionadas por aumento dos níveis de LDL-Colesterol e que, por isso, na prática clínica, essas estruturas moleculares circulantes têm tido tanta importância, torna-se necessária a realização de estudos https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-relacionados-ao-colesterol/dislipidemia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/diabetes-mellitus-dm-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-da-glicose-no-sangue/diabetes-mellitus-dm 10 Wilsa Costa – Medicina – P2 – Tutoria – Módulo 3 Lipídios que investiguem os fatores associados ao LDL-Colesterol aumentado no Brasil. - A redução dos níveis elevados de colesterol LDL pelo uso de medicamentos pode reduzir significativamente o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e morte. - Há muitos tipos de medicamentos hipolipemiantes disponíveis as estatinas são o tipo mais comum. - Nem todos os níveis de colesterol alto aumentam o risco de aterosclerose. Um nível elevado de HDL (o colesterol “bom”) diminui o risco de aterosclerose. - O nível desejado de colesterol total, que inclui o colesterol LDL, o colesterol HDL e os triglicerídeos, é de 140 a 200 mg/dL (3,6 a 5,2 mmol/L). O risco de um ataque cardíaco mais do que dobra quando o nível de colesterol total se aproxima de 300 mg/dL (7,8 mmol/L). O risco diminui quando o nível de colesterol LDL permanece inferior a 130 mg/dL (3,4 mmol/L) e o nível de colesterol HDL permanece superior a 40 mg/dL (1 mmol/L). - Como funcionam as estatinas: - As estatinas inibem a síntese do colesterol, diminuindo o colesterol sérico em até 30% em pessoas com hipercolesterolemia. - A estatinas são os fármacos mais amplamente utilizados para redução do nível de colesterol sérico, e alguns de seus efeitos colaterais são considerados positivos, outros no entanto são bem ruins como, dor e fraqueza muscular. - Esses fármacos podem melhorar o fluxo sanguíneo, aumentar a estabilidade da placa aterosclerótica, de modo que não se rompa, reduz a agregação plaquetária e inibe inflamação vascular. - As estatinas inibe juma enzima hidroximetilglutaril- coenzima A, essa inibição reduz a síntese de colesterol e aumenta os receptores de LDL no fígado, causando redução dos níveis séricos de LDL. - Como funciona a aveia para redução de colesterol: - A maior parte do colesterol formado no fígado é convertido em ácidos biliares e secretada dessa forma duodeno, então mais de 90% desses mesmos ácidos, são reabsorvidos no íleo terminal e usados repetidamente na bile... - Por consequência, qualquer agente que se combine com os ácidos biliares no trato gastrointestinal e impeça sua reabsorção na circulação pode reduzir o grupo total e ácidos biliares no sangue. - Isso consequente leva a uma maior conversão de colesterol hepático em novos ácidos biliares - Por isso uma simples ingestão de aveia. Que irá se ligar aos ácidos biliares, aumenta a proporção de colesterol hepático, que formará novos ácidos biliares ao invés de LDL e placas aterogênicas
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