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1 Khilver Doanne Sousa Soares Pares de Nervos Cranianos Problema 1; 5º período; “Boca torta”. Anatomofisiologia Os doze pares de nervos cranianos têm esse nome porque se originam no encéfalo, dentro da cavidade craniana, e passam através de vários forames do crânio. Assim como os 31 pares de nervos espinais, eles integram a parte periférica do sistema nervoso (SNP). Cada nervo craniano tem um número – indicado por um numeral romano – e um nome. Os números indicam a ordem, de anterior para posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os nomes designam a distribuição ou a função dos nervos. Três nervos cranianos (I, II e VIII) contêm axônios de neurônios sensitivos e são, portanto, chamados de nervos sensitivos especiais. Na cabeça, eles são exclusivos e estão associados aos sentidos especiais do olfato, da visão e da audição, respectivamente. Os corpos celulares da maioria dos nervos sensitivos estão localizados em gânglios situados fora do encéfalo. Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são classificados como nervos motores, pois eles contêm apenas axônios de neurônios motores quando deixam o tronco encefálico. Os axônios que inervam músculos esqueléticos são de dois tipos: A. Axônios motores branquiais inervam músculos esqueléticos que se desenvolvem a partir dos arcos faríngeos (branquiais). Estes neurônios deixam o encéfalo por meio de nervos cranianos mistos e pelo nervo acessório. B. Axônios motores somáticos inervam músculos esqueléticos que se desenvolvem a partir dos somitos da cabeça (músculos dos olhos e da língua). Estes neurônios saem do encéfalo por meio de cinco nervos cranianos motores (III, IV, VI, XI e XII). Axônios motores que inervam músculos lisos, músculos cardíacos e glândulas são chamados de axônios motores autônomos e fazem parte da divisão autônoma do sistema nervoso. Os quatro nervos cranianos restantes (V, VII, IX e X) são nervos mistos – contêm axônios de neurônios sensitivos que entram no encéfalo e de neurônios motores que deixam o encéfalo. 1 Nervo Olfatório O nervo olfatório é totalmente sensitivo; ele contém axônios que conduzem impulsos nervosos relacionados com o olfato. O epitélio olfatório ocupa a parte superior da cavidade nasal, cobrindo a face inferior da lâmina cribriforme e se estendendo inferiormente ao longo da concha nasal superior. Os receptores olfatórios do epitélio olfatório são neurônios bipolares. Cada um apresenta um dendrito sensível a odores que se projeta de um lado do corpo celular e um axônio não mielinizado que se projeta do outro lado. Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas pares de substância cinzenta conhecidas como bulbos olfatórios, duas projeções do encéfalo que repousam sobre a lâmina cribriforme. Nos bulbos olfatórios, as terminações axônicas fazem sinapse com os dendritos e corpos celulares dos próximos neurônios da via olfatória. Os axônios destes neurônios formam os tratos olfatórios, que se estendem posteriormente a partir dos bulbos olfatórios. Os axônios dos tratos olfatórios terminam na área olfatória primária, localizada no lobo temporal. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O epitélio olfatório está localizado na face inferior da lâmina cribriforme e nas conchas nasais superiores. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 2 Nervo Óptico O nervo óptico (II) é totalmente sensitivo: ele contém axônios que conduzem os impulsos nervosos relacionados com a visão. Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais visuais, transmitindo-os para as células bipolares, que enviam estes sinais para células ganglionares. Os axônios de todas as células ganglionares da retina de cada olho se unem para formar o nervo óptico, que passa pelo forame óptico. Cerca de 10 mm atrás do bulbo do olho, os dois nervos ópticos se cruzam e formam o quiasma óptico. No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho cruzam para o lado oposto; os axônios da metade lateral permanecem no mesmo lado. Posteriormente ao quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos ópticos. A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no núcleo geniculado lateral do tálamo. Lá eles fazem sinapse com neurônios cujos axônios se estendem até a área visual primária no lobo occipital (área 17). 3 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Na sequência, os sinais visuais são transmitidos dos bastonetes e cones para células bipolares, e então para células ganglionares. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 3, 4 e 6 Nervos Oculomotor, Troclear, e Abducente Os nervos oculomotor, troclear e abducente são nervos cranianos que controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos olhos. Todos são nervos motores e, quando saem do encéfalo, contêm apenas axônios. Os axônios sensitivos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho começam seu curso em direção ao encéfalo em cada um destes nervos, mas eles acabam se unindo ao ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Os axônios sensitivos não chegam ao encéfalo pelos nervos oculomotor, troclear ou abducente. Os corpos celulares dos neurônios sensitivos unipolares se situam no núcleo mesencefálico e entram no encéfalo pelo nervo trigêmeo. Estes axônios transmitem impulsos nervosos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho relacionados com a propriocepção – a percepção dos movimentos e da posição do corpo independente da visão. O nervo oculomotor (III) tem seu núcleo motor localizado na parte anterior do mesencéfalo. Este nervo se projeta anteriormente e se divide em ramos superior e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital superior em direção à órbita. Os axônios do ramo superior inervam os músculos reto superior (músculo extrínseco do bulbo do olho) e o levantador da pálpebra superior. Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos músculos extrínsecos do bulbo do olho. Estes neurônios motores somáticos controlam os movimentos do bulbo do olho e da pálpebra superior. O ramo inferior do nervo oculomotor também supre axônios motores parassimpáticos dos músculos intrínsecos do bulbo do olho, formados por músculos lisos. Dentre eles estão os músculos ciliares do bulbo do olho os músculos circulares (músculo esfíncter da pupila) da íris. Os impulsos parassimpáticos se propagam de um núcleo mesencefálico (núcleo oculomotor acessório) para o gânglio ciliar, um centro de transmissão sináptica para os dois neurônios motores da parte parassimpática da divisão autônoma do sistema nervoso. A partir do gânglio ciliar, alguns axônios motores parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar, responsável pelo ajuste da lente para a visão de objetos próximos do observador (acomodação). Outros axônios motores parassimpáticos estimulam os músculos circulares da íris a se contrair quando uma luz 4 Khilver Doanne Sousa Soares intensa estimula o olho, causando diminuição do tamanho da pupila (constrição). Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O nervo oculomotor (III) é o que inerva a maior parte dos músculos extrínsecos do olho. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. O nervo troclear (IV) é o menor dos doze nervos cranianos e o único que emerge da face posterior do tronco encefálico. Os neurônios motores somáticos se originam de um núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios deste núcleo cruzam para o lado oposto quando deixam o encéfalo por sua face posterior. A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura orbital superior em direção à órbita. Estes axônios motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior, outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla sua movimentação.Neurônios do nervo abducente (VI) se originam em um núcleo pontino (núcleo abducente). Os axônios motores somáticos se projetam deste núcleo em direção ao músculo reto lateral, um músculo extrínseco do bulbo do olho, pela fissura orbital superior. O nervo abducente tem esse nome porque é responsável pela abdução (rotação lateral) do bulbo do olho. 5 Nervo Trigêmeo O nervo trigêmeo (V) é um nervo craniano misto e o maior dos nervos cranianos. Ele emerge a partir de duas raízes na face anterolateral da ponte. A grande raiz sensitiva apresenta uma protuberância conhecida como gânglio trigeminal (semilunar), localizado em uma fossa na face interna da parte petrosa do temporal. O gânglio contém corpos celulares da maior parte dos neurônios sensitivos primários. Os neurônios da 5 Khilver Doanne Sousa Soares raiz motora, menor, se originam em um núcleo pontino. Como indica seu nome, o nervo trigêmeo apresenta três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. O nervo oftálmico, o menor dos ramos, passa pela órbita na fissura orbital superior. O nervo maxilar tem um tamanho intermediário entre os ramos oftálmico e mandibular e passa pelo forame redondo. O nervo mandibular, o maior ramo, passa pelo forame oval. Os axônios sensitivos do nervo trigêmeo transmitem impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas (calor e frio). O nervo oftálmico contém axônios sensitivos da pele da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais, da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do nariz, da fronte e da metade anterior do escalpo. O nervo maxilar contém axônios sensitivos da túnica mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior. O nervo mandibular contém axônios dos dois terços anteriores da língua (não relacionados com a gustação), da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores, da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica mucosa do assoalho da boca. Os axônios sensitivos dos três ramos entram no gânglio trigeminal, onde seus corpos celulares estão localizados, e terminam em núcleos pontinos. O nervo trigêmeo também recebe axônios sensitivos de proprioceptores (receptores que fornecem informações sobre a posição e os movimentos do corpo) localizados nos músculos da mastigação e extrínsecos do bulbo do olho; no entanto, os corpos celulares destes neurônios estão localizados no núcleo mesencefálico. Os neurônios motores branquiais do nervo trigêmeo fazem parte do nervo mandibular e suprem músculos da mastigação (masseter, temporal, pterigoide medial, pterigoide lateral, o ventre anterior do músculo digástrico e o músculo milo-hióideo, bem como os músculos tensor do véu palatino no palato mole e tensor do tímpano na orelha média). Estes neurônios motores controlam principalmente os movimentos mastigatórios. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Os três ramos do nervo trigêmeo deixam o crânio pela fissura orbital superior, pelo forame redondo e pelo forame oval. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 6 Khilver Doanne Sousa Soares 7 Nervo Facial O nervo facial (VII) é um nervo craniano misto. Seus axônios sensitivos se projetam a partir dos calículos gustatórios dos dois terços anteriores da língua, entrando no temporal para se unir ao nervo facial. Deste ponto, os axônios sensitivos passam pelo gânglio geniculado, grupo de corpos celulares de neurônios sensitivos do nervo facial dentro do temporal, e terminam na ponte. A partir da ponte, os axônios de estendem até o tálamo, e dali para áreas gustativas do córtex cerebral. A parte sensitiva do nervo facial também apresenta axônios da pele do meato acústico externo que transmitem sensações táteis, álgicas e térmicas. Os axônios dos neurônios motores branquiais se originam de um núcleo pontino e saem pelo forame estilomastóideo para inervar músculos da orelha média, da face, do escalpo e do pescoço. Impulsos nervosos que se propagam por estes axônios causam a contração dos músculos da mímica facial, bem como do músculo estilohióideo, ventre posterior do músculo digástrico e músculo estapédio. O nervo facial inerva mais músculos do que qualquer outro nervo do corpo. Axônios de neurônios motores percorrem ramos do nervo facial e se terminam em dois gânglios: o gânglio pterigopalatino e o gânglio submandibular. Por meio de transmissões sinápticas nos dois gânglios, os axônios motores parassimpáticos se projetam para as glândulas lacrimais (que secretam as lágrimas), as glândulas nasais, as glândulas palatinas, as glândulas sublinguais e as glândulas submandibulares (estas duas últimas produtoras de saliva). Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O nervo facial (VII) é responsável pela contração dos músculos da mímica facial. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 7 Khilver Doanne Sousa Soares 8 Nervo Vestibulococlear O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear. O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição. Na orelha interna, os axônios sensitivos do ramo vestibular se projetam a partir dos canais semicirculares, do sáculo e do utrículo para os gânglios vestibulares, onde os corpos celulares destes neurônios estão localizados, e se terminam nos núcleos vestibulares da ponte e do cerebelo. Alguns axônios sensitivos também entram no cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior. Os axônios sensitivos do ramo coclear se originam no órgão espiral (órgão de Corti), localizado na cóclea. Os corpos celulares destes neurônios se situam no gânglio espiral da cóclea. A partir daí os axônios se projetam até núcleos bulbares e terminam no tálamo. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O ramo vestibular do nervo vestibulococlear (VIII) transmite impulsos relacionados com o equilíbrio, enquanto o ramo coclear envia impulsos responsáveis pela audição. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 9 Nervo Glossofaríngeo O nervo glossofaríngeo (IX) é um nervo craniano misto. Os axônios sensitivos deste nervo se originam (1) dos calículos gustatórios do terço posterior da língua; (2) de proprioceptores de alguns músculos de deglutição que são inervados pela parte motora; (3) de barorreceptores (receptores de pressão) do seio carótico que monitoram a pressão sanguínea; (4) de quimiorreceptores (receptores que monitoram os níveis sanguíneos de oxigênio e de gás carbônico) nos glomos caróticos, situados próximo das artérias carótidas, e nos glomos paraórticos, localizados perto do arco da aorta; e (5) da orelha externa para transmitir impulsos táteis, álgicos e térmicos (calor e frio). Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão localizados nos gânglios superior e inferior. A partir destes gânglios, os axônios sensitivos passam pelo forame jugular e terminam no bulbo. Os axônios dos neurônios motores do nervo glossofaríngeo partem de núcleos bulbares e saem do crânio pelo forame jugular. Os neurônios motores branquiais inervam o músculo estilofaríngeo, que auxilia na deglutição, e os axônios dos neurônios motores parassimpáticos estimulam a secreção de saliva pela glândula 8 Khilver Doanne Sousa Soares parótida. Os corpos celulares pós-ganglionares dos neurônios motores parassimpáticos situam- se no gânglio ótico. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Os axônios sensitivos do nervo glossofaríngeo suprem os calículos gustatórios. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 10 Nervo Vago O nervo vago (X) é um nervo craniano misto que passa pela cabeça e pelo pescoço até o tórax e o abdome. Ele temeste nome devido a sua ampla distribuição no corpo. No pescoço, ele é medial e posterior à veia jugular interna e à artéria carótida comum. Os axônios sensitivos do nervo vago se originam da pele da orelha externa para enviar informações sensitivas táteis, álgicas e térmicas; de alguns receptores gustativos na epiglote e na faringe; e de proprioceptores em músculos do pescoço e da faringe. Além disso, este nervo apresenta axônios sensitivos derivados de barorreceptores no seio carótico e de quimiorreceptores nos glomos paraórticos. A maior parte dos neurônios sensitivos se origina de receptores da maioria dos órgãos situados nas cavidades torácica e abdominal, transmitindo sensações (como fome, plenitude e desconforto) destes órgãos. Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão localizados nos gânglios superior e inferior; seus axônios então passam pelo forame jugular e terminam no bulbo e na ponte. Os neurônios motores branquiais, que percorrem uma curta distância junto com o nervo acessório, se originam de núcleos bulbares e suprem músculos da faringe, da laringe e do palato mole que são utilizados na deglutição, na vocalização e na tosse. Historicamente estes neurônios motores foram chamados de nervo acessório craniano, mas, na verdade, estas fibras pertencem ao nervo vago (X). Os axônios de neurônios motores parassimpáticos do nervo vago se originam de núcleos bulbares e inervam os pulmões, o coração, glândulas do trato gastrintestinal (TGI) e músculos lisos das vias respiratórias, do esôfago, do estômago, da vesícula biliar, do intestino delgado e de boa parte do intestino grosso. Os axônios motores parassimpáticos estimulam a contração dos músculos lisos do TGI, para auxiliar na motilidade deste trato, e na secreção das glândulas digestórias; ativam músculos lisos das vias respiratórias para diminuir seu calibre; e diminuem a frequência cardíaca. 9 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O nervo vago (X) tem uma ampla distribuição – está presente na cabeça, no pescoço, no tórax e no abdome. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 11 Nervo Acessório O nervo acessório (XI) é um nervo craniano branquial. Seus neurônios motores se originam dos cornos anteriores dos primeiros cinco segmentos da parte cervical da medula espinal. Seus axônios deixam a medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante; sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo. O nervo acessório transmite impulsos motores para os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o objetivo de coordenar os movimentos da cabeça. Os axônios sensitivos deste nervo, derivados de proprioceptores dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio, começam seu curso em direção ao encéfalo no nervo acessório; entretanto, eles acabam deixando este nervo para se juntar a nervos do plexo cervical. A partir do plexo cervical, estes axônios entram na medula espinal por meio das raízes posteriores dos nervos cervicais; seus corpos celulares estão localizados nos gânglios sensitivos destes nervos. Na medula espinal, os axônios então ascendem em direção a núcleos bulbares. 10 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O nervo acessório deixa o crânio pelo forame jugular. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 12 Nervo Hipoglosso O nervo hipoglosso (XII) é um nervo craniano motor. Seus axônios motores somáticos se originam de um núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do nervo hipoglosso para então inervar os músculos da língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos relacionados com a fala e a deglutição. Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos espinais cervicais. Fonte: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. O nervo hipoglosso (XII) sai do crânio pelo canal do nervo hipoglosso. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 11 Khilver Doanne Sousa Soares Alterações Clínicas dos Nervos Cranianos Nervo olfatório (1) Hiposmia diminuição do olfato Anosmia perda completa do olfato Afastadas as condições que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado, atrofia da mucosa), dependem de distúrbios neurológicos, como sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória. + lesões corticais que alteram a olfação: Parosmia falta de sensibilidade do olfato depois de um período conturbado Alucinações olfatórias Cacosmia sensação de odores desagradáveis que pode ser subjetiva quando só o indivíduo sente Nervo óptico (2) Acuidade Visual: pede-se ao paciente que diga o que vê na sala de exame, na parede ou na mesa, ou leia alguma coisa. Examina-se cada olho separadamente e havendo diminuição da acuidade fala-se em: Ambliopia distúrbio do desenvolvimento da visão em que um olho não consegue atingir a acuidade visual normal Amaurose perda temporária ou permanente da visão Ambas podem ser uni ou bilaterais e costumam ser causadas por neurite óptica, neoplasias e hipertensão intracraniana; Campo Visual o examinador desloca um objeto nos sentido horizontal e vertical, e o paciente dirá até que ponto está percebendo o objeto nas várias posições. Hemianopsia perda de percepção de metade do campo visual Amaurose perda temporária ou permanente da visão Quadrantanopsia Cegueira de um quadrante do campo visual Nervo Oculomotor (3), Nervo Troclear (4) e Nervo Abducente (6) Paresia perda parcial da motricidade de um ou mais músculos do corpo Paralisia perda da capacidade de movimento voluntário de um músculo Visão Dupla ou Diplopia é uma situação em que a pessoa enxerga o mesmo objeto duas vezes As causas mais frequentes de lesões dos nervos oculomotores são traumatismos, diabetes melito, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasias da região selar. Discoria desigualdade da reação pupilar ou deformidade da pupila Midríase dilatação que a pupila sofre em decorrência de causas não fisiológicas Miose condição que ocorre quando as pupilas permanecem contraídas, não respondendo à quantidade de luz que chega aos olhos Isocoria pupilas isocóricas são aquelas que possuem o mesmo diâmetro e reagem igualmente à luz Anisocoria tamanho desigual de pupila Nervo Trigêmeo (5) Neuralgia ou Nevralgia condição caracterizada pela dor aguda, intensa e incessante presente em um ou mais nervos de nosso corpo As alterações do trigêmeo podem ser consequência do herpes-zoster, traumatismo e neoplasias. Nervo Facial (7) Lagoftalmia estado em que o paciente não consegue abaixar a pálpebra superior quando tenta cerrar os olhos 12 Khilver Doanne Sousa Soares Epífora lacrimejamento involuntário e contínuo devido à obstrução nas vias lacrimais Prosopoplegia Paralisia facial Diplegia facial paralisia que acomete as mesmas partes de ambos os lados Frigore Fraqueza súbita nos músculos de uma metade do rosto Nervo Vestibulococlear (8) Hipoacusia perda parcial ou total da acuidade auditiva Hiperacusia hipersensibilidade a sons Nistagmo movimento involuntário e oscilatório dos olhos, que pode acontecer mesmo que a cabeça esteja parada Nervo Glossofaríngeo (9), Nervo Vago (10) Hipogeusia diminuição (congênita ou patológica) da sensação relacionadaao paladar, ao gosto Ageusia perda do sentido do paladar Disfagia dificuldade para engolir Disfonia dificuldade na emissão vocal que impeça ou dificulte a produção natural da voz Nervo Acessório (11) Essencialmente motor de origem medular cervical de trajeto ascendente que penetra na cavidade craniana pelo forame occipital e dela sai pelo forame jugular juntamente com os nervos 9 e 10. Nervo Hipoglosso (12) Disartria alteração na capacidade de pronunciar as palavras Atrofia diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização Fasciculação são contrações musculares rápidas, envolvendo uma pequena área e poucas fibras musculares Paralisia perda da capacidade de movimento voluntário de um músculo, originada por problema neurológico ------------------------------------------------- Paresia: déficit motor parcial ƒ Plegia: déficit motor completo Hemiplegia: forma de paralisia cerebral que atinge um dos lados do corpo Hemiparesia: paralisia branda de uma das metades do corpo Parkinsonismo: refere-se aos sintomas da doença de Parkinson (como movimentos lentos e tremores) que são causados por outro quadro clínico Coréia: síndrome caracterizada por movimentos involuntários arrítmicos, rápidos, abruptos, não repetitivos no tempo e com distribuição variável, preferentemente distal Balismo: distúrbio do movimento, hipercinético, raro, caracterizado por um movimento involuntário anormal, do tipo coréico, de grande amplitude, violento, em arremesso, envolvendo a musculatura apendicular proximal e axial Distonia: distúrbio caracterizado por contrações musculares involuntárias e espasmos incontroláveis, que são muitas vezes repetitivos Atetose: perturbação nervosa, geralmente devido a uma lesão cerebral, caracterizada por movimentos involuntários contínuos e lentos, em especial dos dedos Tique: correspondem a ação motora ou vocal realizada de forma repetitiva e involuntária Estereotipia: repetições e rituais que podem ser linguísticos, motores e até de postura Acatisia: sensação de tremor muscular, agitação e incapacidade de ficar sentado e parado Tremor: tremores ou movimentos involuntários que variam de leve a grave e costumam afetar as mãos, os pés, o rosto, a cabeça ou as cordas vocais 13 Khilver Doanne Sousa Soares Ataxia: conjunto de sintomas que são caracterizados, principalmente, pela falta de coordenação dos movimentos de diferentes partes do corpo Mioclonia: é a palavra usada para definir uma contração muscular brusca, involuntária e de brevíssima duração Hiperekplexia: doença neurológica rara, caracterizada por hipertonia no Recém-Nascido e resposta exagerada a estímulos Pseudoatetose: movimento dos dedos das mãos ou dos pés devido à perda da propriocepção Espasmo hemifacial: contração muscular involuntária dos músculos de uma metade do rosto Discinesias paroxísticas: constituem um grupo heterogéneo de doenças do movimento hipercinéticas. Podem apresentar-se como movimentos de duração variável podendo ser coreicos, balísticos, distônicos ou uma mistura destes movimentos Discinesias hipnogênicas: podem ser classificadas como uma forma de epilepsia, não de distonia Principais sinais e sintomas das afecções do SN Os principais sinais e sintomas das afecções do sistema nervoso são distúrbios da consciência, cefaleia, dor na face, tonturas e vertigens, convulsões, ausências, automatismos, amnésia, transtorno do movimento, distúrbios visuais, distúrbios auditivos, náuseas e vômito, disfagia, distúrbios da marcha, paresias, paralisias, distúrbios da sensibilidade, dores radiculares, distúrbios esfincterianos, distúrbios do sono e distúrbios das funções cerebrais superiores. Consciência Entre o estado de vigília ou plena consciência e o estado comatoso, no qual o paciente perde completamente a capacidade de identificar seu mundo interior e os acontecimentos do meio que o circunda, é possível distinguir diversas fases intermediárias em uma graduação, cujo principal elemento indicativo é o nível da consciência. Quando a consciência é comprometida de modo pouco intenso, mas seu estado de alerta é discreto a moderadamente comprometido, chama-se obnubilação. Na sonolência, o paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente e volta logo a dormir. A confusão mental configura-se por perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há percepção normal temporoespacial, podendo surgir alucinações, ilusões e agitação. Se a alteração de consciência é mais pronunciada, mas o paciente ainda é despertado por estímulos mais fortes, tem movimentos espontâneos e abre os olhos, caracteriza-se o estupor ou torpor. Se não há despertar com essa estimulação, e o paciente está sem movimentos espontâneos, ocorre o estado de coma Obs.: por contradições em noções de profissionais nas classificações acima tem-se usado a escala de coma de Glasgow (EG) como avaliadora não só de traumas, mas de alterações no nível da consciência. Fonte: Faiko Jalecos. Escala de coma de Glasgow: 13- 15trauma leve; 9-12trauma moderado; 3-8grave. Acesso em 04/08/2021. 14 Khilver Doanne Sousa Soares https://faikojalecos.com.br/escala-de-coma-de-glasgow- aprenda-a-utilizar/ Cefaleia significa dor de cabeça e é uma das queixas mais frequentes na prática médica. Pode ser motivada por causas diversas e apresentar-se sob diferentes tipos, de intensidade variável. Tipos: cefaleia vascular, cefaleia da hipertensão intracraniana Podem ocorrer diversos tipos de dor facial, com variações de intensidade, caráter, irradiação e localização, conforme a etiologia (que podem ser afecções odontológicas, sinusais, oculares, distúrbios da articulação temporomandibular e do septo nasal). Tontura (“estonteamento”, “tonteira”, “tontice”, “zonzeira”, “zonzura”, “cabeça vazia”) é uma queixa comum, observada em quase todas as faixas etárias. Tontura e vertigem confundem-se frequentemente, em decorrência da dificuldade de rigorosa definição dos sintomas por parte dos pacientes, os quais não conseguem descrever com precisão as manifestações, ou, então, fornecem vagas informações sobre o sintoma - Tontura com nítida sensação de rotação é representada pela vertigem, na qual o paciente tem a sensação de girar em torno do ambiente, ou vice-versa. Movimentos involuntários ou transtornos do movimento: convulsões, tetania e fasciculações As convulsões são descritas pelos pacientes com as expressões acesso e congestão. As crises epilépticas são manifestações decorrentes de descargas bioelétricas, originadas em alguma área cerebral. As crises epilépticas podem ser generalizadas ou focais. As crises generalizadas ocorrem quando as descargas afetam a maior parte do córtex cerebral. Isso determina vários tipos de manifestações clínicas, sendo as convulsivas e não convulsivas as mais importantes. As crises convulsivas são movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada ou eventualmente em segmentos do corpo. O quadro mais típico se constitui de perda abrupta da consciência com queda ao solo, seguido de uma fase de enrijecimento global (fase tônica), substituída, por sua vez, por contrações musculares sucessivas, generalizadas e intensas (fase clônica). Ao final de 2 a 5 minutos, a crise cessa, e o paciente entra em relaxamento total e sono profundo, do qual dificilmente é despertado. Acorda após algum tempo, confuso e atordoado, sem noção do que aconteceu (crises tônicoclônicas generalizadas). Durante o episódio convulsivo, observam-se, em geral, cianose, sialorreia, incontinência de esfíncteres, mordedura da língua e ferimentos diversos. Já nas manifestações não convulsivas, há classicamente as chamadas ausências. São breves períodos de perda de consciência(de 5 a 30 segundos), que podem passar despercebidos pelo próprio paciente e pelos familiares. Fasciculações são contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular. Não devem ser confundidas com as mioquimias. Fasciculações acontecem em virtude da perda da inervação muscular, ocorrendo nas neuropatias periféricas e, principalmente, em doenças do corno anterior da medula. Amnésia significa perda da memória, podendo ser não somente permanente, como nos idosos, mas também transitória, em crises, confundindo-se, às vezes, com alguns tipos de perda da consciência. Bastante característica é a amnésia pós-traumática, quando o paciente permanece por tempo indeterminado sem se lembrar de alguns fatos (amnésia parcial), ou mesmo de toda a sua vida pregressa (amnésia total). Náuseas e vômitos. As náuseas, ou enjoo, correspondem a uma sensação de mal-estar, tanto na região epigástrica como na faríngea. São acompanhadas de palidez cutânea, bradicardia, sudorese, repulsa à ingestão de alimento e quase https://faikojalecos.com.br/escala-de-coma-de-glasgow-aprenda-a-utilizar/ https://faikojalecos.com.br/escala-de-coma-de-glasgow-aprenda-a-utilizar/ 15 Khilver Doanne Sousa Soares sempre precedem os vômitos. Ambas as manifestações são frequentes em distúrbios do sistema digestório, nas labirintopatias e na enxaqueca, mas podem ser encontradas em doenças neurológicas, agudas ou crônicas, que aumentam a pressão intracraniana (meningite, neoplasia, hemorragia, traumatismo cranioencefálico). Disfagia: trata-se da alteração do transporte do alimento da boca ao estômago, a qual pode ou não culminar na entrada de alimento na via respiratória. Quando tem saída espontânea ou forçada, é representada pelo termo penetração laríngea. Se não houver saída do alimento, mas direcionamento para os pulmões, ultrapassando o nível das pregas vocais, denomina-se aspiração. Existem várias causas de disfagia: neurológicas, mecânicas e, mais raramente, psicológicas. De forma geral, quando a disfagia tem causa neurológica, é mais intensa para sólidos e líquidos, notadamente para a ingestão destes sob a forma de goles contínuos. Ao ingerir líquidos, há tendência de refluxo pelo nariz e/ou penetração na árvore traqueobrônquica. Assim, o paciente diz que consegue engolir melhor alimentos pastosos e líquidos com colher. As principais alterações localizam-se nos nervos cranianos bulbares, isolados ou não, surgindo, então, paralisia da língua (XII nervo craniano) e do palato faríngeo (IX e X nervos cranianos). Distúrbios da marcha (disbasia), da motricidade voluntária (paresias ou paralisias) e da sensibilidade. Estão expostos adiante, neste mesmo capítulo. Dores radiculares: as raízes nervosas, dentro do canal raquidiano ou nas suas emergências, são muito sensíveis e desencadeiam dores quando submetidas a quaisquer fatores nocivos, especialmente a compressão e a inflamação. As dores radiculares mais frequentes são as cervicobraquialgias, as nevralgias intercostais e as lombocitalgias A bexiga neurogênica é formada por fibras musculares lisas, a bexiga é inervada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) simpático (trígono), SNA parassimpático (músculo detrusor) e pelos plexos intramurais, os quais têm atividade bem menor nos casos em que a bexiga se desliga do sistema nervoso. O sono pode ser definido como um estado complexo de aparente repouso normal e periódico, qualitativa e quantitativamente variável, caracterizado pela suspensão parcial da percepção dos fatores ambientais e da motricidade voluntária. Constitui-se em um estado peculiar de consciência, diverso do coma, por ser fisiológico e periódico, isto é, espontaneamente reversível e recorrente. Distúrbios da comunicação: Disfonia: consiste principalmente na alteração do timbre da voz, que se torna rouca ou bitonal, e depende da disfunção das cordas vocais por lesão do nervo acessório (XI nervo craniano). Quando a lesão for bilateral, o paciente torna-se afônico. A disfonia pode também ocorrer por lesões estruturais das cordas vocais. Disartria: caracteriza-se por alteração da articulação da palavra falada ou fala, decorrente de algumas doenças neurológicas centrais e/ou periféricas. Dentre as primeiras, sobressaem: paralisia pseudobulbar (misto de anasalada e explosiva), parkinsonismo (arrastada, lenta), síndrome cerebelar (escandida, explosiva). Quanto à disartria por problemas periféricos, mencionasse a lesão dos nervos cranianos VII, IX, X e XII (voz fanhosa). Dislalia: é a perturbação da articulação da palavra falada, sem que as causas estejam localizadas no sistema nervoso. Existem tipos diversos de dislalia. A fisiológica observa-se na criança até 4 anos de idade e consiste na troca de sílabas ou letras (“papato” por sapato, “potão” por portão); a que é acompanhada de retardo psicomotor, prolongando-se, em geral, até os 10 anos de idade; a secundária a lesões do palato, língua, dentes, lábios e mandíbula, de interesse da fonoaudiologia. 16 Khilver Doanne Sousa Soares Disritmolalia: trata-se da perturbação do ritmo da fala, destacando-se (a) taquilalia, na qual se observa a alteração do ritmo da fala, muito rápida, tornando-a imprecisa, e (b) gagueira, em que há interrupção do ritmo da fala, observando-se a gagueira fisiológica ou evolutiva, até os 3 anos de idade, e a que se prolonga pela idade adulta. Nesse caso, existem nítido fator genético e envolvimento de fatores psíquicos que se agravam com o tempo, causando no paciente reações de ansiedade. Dislexia: condição de natureza genética, consiste na dificuldade de capacitar-se para a leitura convencionalmente ensinada. É comum a inexistência de alterações neurológicas e psíquicas, mas boa parcela das crianças disléxicas tem antecedentes de retardo na aprendizagem da fala. A alteração reflete desorganização temporoespacial, e a dificuldade se mostra mais na composição das palavras do que na identificação das letras isoladas. O grau máximo dessa condição denomina-se alexia. Disgrafia: como indica o próprio termo, a grafia é basicamente irregular, fragmentada, a ponto de, muitas vezes, tornar-se ilegível. Existem a disgrafia espacial ou de evolução, na qual não se observam distúrbios neurológicos, e a disgrafia secundária a problemas orgânicos, como o parkinsonismo (micrografia) e a cerebelopatia (macrografia). Afasia: melhor seria a denominação disfasia, mas a força do uso torna difícil restringir o vocábulo afasia apenas aos casos de perda total da linguagem. Assim, deve ser entendida como disfasia a maior parte das alterações rotuladas de afasia. A análise clínica da linguagem compreende: (a) os distúrbios da expressão verbal (fala e/ou escrita), em que se observa desintegração dos mecanismos que propiciam a palavra falada e/ou escrita; (b) da recepção verbal (áudio e/ou visual), nos quais é evidente a dificuldade de compreensão das ideias símbolos; (c) da atividade gestual, também denominada linguagem corporal, excluindo-se, todavia, os distúrbios mentais patentes. Afasia motora ou verbal. É conhecida como afasia de Broca, em que há dificuldade de variável intensidade para expressar-se pela fala ou escrita e, habitualmente, associasse a hemiparesia ou hemiplegia direita, por lesão do opérculo frontal e da área motora adjacente do hemisfério esquerdo. Afasia receptiva ou sensorial. Denominada afasia de Wernicke, na qual o paciente apresenta de leve a extrema dificuldade para a compreensão da fala e da escrita desacompanhada de outro déficit motor, por comprometimento do giro superior e posterior do lobo temporal esquerdo. Nessa forma clínica, o paciente pode apresentar parafasia, na qual os vocábulos ou as frases estão erroneamente colocados; perseveração, que é a repetição de um mesmo vocábulo; jargonofasia, cuja manifestação é o uso de palavras novas e incompreensíveis. Afasia global. Decorrente de lesão das duasregiões anteriormente mencionadas, constitui-se na forma mais importante de afasia, em virtude de sua gravidade. A compreensão e a expressão da linguagem ficam amplamente reduzidas. A hemiparesia ou hemiplegia direita está presente. Afasia de condução. Trata-se de um tipo de afasia em que a maior dificuldade é a repetição de palavras. Embora consiga ler e falar razoavelmente, o paciente não é capaz de repetir frases que lhe são ditas. Há também componente amnéstico. Ocorre, geralmente, por comprometimento do giro supramarginal dominante. Afasia amnéstica. Admite-se que decorra de lesão de pequena área na junção dos lobos parietal, temporal e occipital esquerdos. O paciente apresenta incapacidade para designar ou nomear os vocábulos ou o nome de objetos, conservando, contudo, sua finalidade. Assim, o indivíduo sabe para que se destina o pente, por exemplo, mas não consegue lembrar-se da palavra pente nem a expressar. 17 Khilver Doanne Sousa Soares Afasia transcortical. Nas afasias transcorticais, o achado mais relevante é uma repetição conservada, apesar de existirem outros sintomas de afasia. Gnosia significa reconhecimento, função específica do córtex cerebral. À sua perda dá se o nome de agnosia, cujas manifestações mais importantes são para o reconhecimento dos sons (agnosia auditiva), da visão de objetos (cegueira cortical ou psíquica), dos objetos colocados em sua mão ao ser suprimida a visão (estereoagnosia), do próprio corpo em relação ao espaço (somatoagnosia), da fisionomia alheia (prosopoagnosia) ou de sua própria (autoprosopoagnosia). Praxia significa atividade gestual consciente e intencional, e a dificuldade ou incapacidade dessa atividade denomina-se apraxia, sem que haja paralisias, ataxias ou hipercinesias. Apraxia construtiva. Corresponde à perda dos gestos normalmente organizados, tais como: desenhar, modelar ou copiar modelos. Apraxia ideomotora. Reflete a dificuldade ou a incapacidade para a execução de gestos simples, permanecendo inalteradas a atividade automática e a ideia do ato a ser realizado. Assim, quando se ordena que o paciente segure a sua orelha ou bata três vezes na porta ou sobre a mesa, ele, apesar do entendimento, não consegue realizar os atos determinados ou os faz com dificuldade variável. Apraxia ideatória. Ocorre quando diferentes gestos simples, realizados isoladamente, ao serem constituídos em um ato mais complexo, perdem ou reduzem a sua sequência lógica e harmoniosa. Dê ao paciente, por exemplo, uma caixa de fósforos e um maço de cigarros, e ele terá dificuldade ou incapacidade para executar todos os atos que o levariam a fumar: retirar o palito da caixa de fósforos e o cigarro do maço, levar o cigarro à boca, riscar o palito, acender o cigarro e fumar. Apraxia do vestir. É caracterizada pela dificuldade ou incapacidade para executar os atos habituais de despir-se ou vestir-se. O paciente apresenta dificuldade variável para abotoar a camisa, vestir a manga da camisa, dar o nó na gravata – ou a coloca antes da camisa. As lesões ocupam a topografia retrorrolândica direita. Apraxia da marcha. Causada pela lesão frontal de ambos os hemisférios, que propicia o aparecimento de dificuldade da marcha, em especial o seu início. Apraxia bucolinguofacial. Consiste na alteração dos gestos da mímica facial, da boca e da língua, permanecendo inalterado o automatismo. Decorre de lesões frontais e do hemisfério esquerdo. O paciente não consegue realizar adequadamente atos simples, como mostrar a língua ou os dentes, colocar a língua em diversas posições, reproduzir a mímica de sorrir, chorar ou beijar. REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________
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