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O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ( EDITADO 29 OUT )

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FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESPÍRITO-SANTENSE/FAESA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
LUCAS JESUS FERREIRA 
 
 
 
 
O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UMA ANALISE POLÍTICA-
JURÍDICA DA SUPREMA CORTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2021 
	
	
	
	
	
	
	 LUCAS JESUS FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UMA ANALISE POLÍTICA-
JURÍDICA DA SUPREMA CORTE 
 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa do Trabalho de Conclusão de 
curso de Graduação em Direito apresentado ao 
Centro Universitário Espírito-santense/FAESA, sob 
orientação do prof. Paulo Vitor Lopes Saiter Soares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2021 
	
	
	
	
	
	
	 SUMÁRIO 
1 INTRODUÇAO..........................................................................................................4 
1.1 PROBLEMA............................................................................................................4 
1.2 FORMULAÇAO DO PROBLEMA...........................................................................4 
1.3 HIPÓTESES...........................................................................................................4 
1.4 OBJETIVOS............................................................................................................4 
1.4.1 Geral....................................................................................................................4 
1.4.2 Especificos.........................................................................................................4 
1.5 JUSTIFICATIVA......................................................................................................5 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................6 
2.1 AS ATRIBUIÇOES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL....................................6 
2.2 OS FUNDAMENTOS HERMENÊUTICOS DE INTERPRETAÇAO 
CONSTITUCIONAL .....................................................................................................7 
2.3 FORMAS DE INTERPRETAÇAO CONSTITUCIONAL...........................................7 
2.4 DECICOES HISTORICAS JULGADAS PELO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL...................................................................................................................11 
2.4.1 ADPF 54/DF ......................................................................................................11 
2.4.2 A ADI 4.277, a ADPF 132 e o caso das uniões homoafetivas ........................12 
2.4.3 A ADI 4.815 e as biografias não autorizadas..................................................14 
2.5 ANALISE QUANTO A EXTRAPOLAÇAO OU NÃO DOS PODERES ATRIBUIDOS 
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A LUZ DOS CASOS ABORDADOS NO 
TÓPICO ANTERIOR ..................................................................................................16 
 
3 METODOLOGIA......................................................................................................18 
4 CRONOGRAMA......................................................................................................19 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................19
	
	
																																																																																																																																																																				4	
	
	
	
	
	
 
1 INTRODUÇAO 
1.1 O PROBLEMA 
Na presente pesquisa, busca-se compreender os vários caminhos e formas de 
interpretação que levam o Supremo a proferir entendimento a respeito de determinado 
assunto, vez que é um tema contemporâneo, discutido por diversos juristas e 
cientistas políticos, sendo a todo tempo, tema principal de diversos debates nas redes 
de telecomunicações (televisão, radio, jornais, redes sociais etc.) assim como sua 
relevância social, diante de toda a repercussão de fatores políticos relacionados ao 
exercício das atividades desempenhadas pelo Supremo Tribunal Federal e o impacto 
das mesmas sobre a opinião publica. Haja vista ser a última instância do poder 
judiciário, da qual as demais cortes, se utilizam como parâmetro para aplicação do 
direito como um todo. 
1.2 FORMULAÇAO DO PROBLEMA 
Em que sentido o Supremo Tribunal Federal pode está associado a uma participação 
mais ampla e intensa na concretização dos valores e fins constitucionais na qual lhe 
é destinado? 
 
1.3 HIPÓTESES 
1º hipótese: De um lado, compreende-se que o STF precisa ter parâmetros definidos 
de interpretação, não adentrando na seara política por defesa e salvaguarda da 
separação de poderes. 
 
2º hipótese: Entretanto, há quem defenda que o papel de uma suprema corte é ser 
contramajoritária sobretudo para maximizar a efetividade dos direitos fundamentais. 
 
1.4 OBJETIVOS 
1.4.1 Geral 
Analisar quanto ao papel do Supremo Tribunal Federal na politica e se de fato há 
ativismo judicial praticado pela corte. 
 
1.4.2 Específicos 
• Discutir os fundamentos hermenêuticos de interpretação constitucional. 
• Descrever as atribuições do Supremo Tribunal Federal. 
• Analisar um período histórico de decisões expressivas julgas pelo STF, com 
enfoque nos parâmetros de interpretação hermenêutica constitucional. 
	
	
																																																																																																																																																																				5	
	
	
	
	
	
• Verificar se há extrapolação dos poderes atribuídos ao Supremo Tribunal 
Federal no viés politico-jurídico nacional. 
 
 
1.5 JUSTIFICATIVA 
Há atualmente, um grande debate quanto a atuação da Suprema Corte, na qual se 
questiona a imparcialidade de seus componentes (ministros) e a influencia da politica 
sob os mesmos. Em 33 anos de Constituição Cidadã, houve milhares de julgados que 
passaram pela Suprema Corte, de onde se pode extrair alguns de maior relevância 
político-social, tais como: ADPF 54/DF pelo Habeas Corpus nº 124.306, que teve 
como tema feto anencefálicos, e a interrupção da gravidez; A ADI 4.277, a ADPF 132 
e o caso das uniões homoafetivas; A ADI 4.815 e as biografias não autorizadas; ADPF 
572 MC-DF: Direitos e deveres individuais e coletivos e Direito à liberdade, dentre 
muitos outros, e por fim e não menos importante: As Ações Declaratórias de 
Constitucionalidade 43, 44 e 54: julgamento sobre prisão em segunda instância. 
Não obstante, é notória a circulação de noticias e manifestações pelo pedido de 
destituição dos ministros da casa (um dos motivos da ADPF 572 MC-DF), sob 
alegação de que, está a corte desenvolvendo um papel legislativo, usurpando poderes 
na qual não lhe são atribuídos, em suma, exercendo um papel além de suas 
atribuições, indo em direção ao que muitos chamam de ativismo judicial. 
Sendo assim, o presente trabalho irá analisar sob essa ótica, se de fato, o Supremo 
Tribunal Federal exerce algum papel sobre a politica e se o mesmo, também está 
exercendo, manifesta atribuições extraordinárias e contraditórias, a luz do caso das 
Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43, 44 e 54. De onde se fará uma análise 
política-jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
	
																																																																																																																																																																				6	
	
	
	
	
	
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 AS ATRIBUIÇOES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
O Supremo Tribunal Federal foi criado a partir da República, por meio da Constituição 
promulgada em 24 de fevereiro de 1891, que instituiu o controle da constitucionalidade 
das leis. Era, na ocasião, composto por 15 juízes nomeados pelo presidente da 
República, com aprovação do Senado. Em 1931, o governo provisório, instituído após 
a Revolução de 30, reduziu para 11 o número de ministros. Com sua sede transferida 
do Rio de Janeiro para Brasília em 1960, em decorrência da mudança da capital 
federal, o STF teve o número de ministros aumentadospara 16 no início do regime 
militar, nos termos do Ato Institucional nº 2. A Constituição promulgada em 1988 
realçou a importância do Supremo Tribunal Federal e manteve a sua composição com 
11 membros, conforme Art. 101 e parágrafo único da CF/88:1 
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, 
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de 
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação 
ilibada. 
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão 
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a 
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.2 
 
Nesse sentido, e nos ditames da Carta Magna atual, foi data a seguinte redação no 
sentido da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), vejamos o que preconiza o 
artigo 102 da Constituição Cidadã: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal 
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal; 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios 
Ministros e o Procurador-Geral da República; 
	
1 Disponível em : < https://www.conjur.com.br/2020-out-08/ana-tereza-basilio-papel-supremo > Acesso 
09 de Outubro de 2021. 
2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In: Vademecum universitário 
2019. 27. ed. Atual. e ampli. - São Paulo: Saraiva, 2019. 
	
	
																																																																																																																																																																				7	
	
	
	
	
	
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes 
de missão diplomática de caráter permanente; 
 
d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas 
nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas 
data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, 
do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal 
Federal;3 
 
[...] 
 
2.2 OS FUNDAMENTOS HERMENÊUTICOS DE INTERPRETAÇAO CONSTITUCIONAL 
Com a promulgação da CF/88, ocorreu uma busca quase que desenfreada para a 
implementação de um novo “juiz dos princípios” que pudesse “derrotar” ou “superar” 
o juiz “boca da lei” da era positivista, na qual consistia na busca de superar a mera 
aplicação da lei pelos juízes de maneira discriminatória e sem analise de cada caso, 
da qual era conhecido como “Direito Positivista”. De forma que a nossa doutrina 
passou a dar a um novo direcionamento a criação do Direito, nesse sentido precisava-
se cumprir os ditames da Constituição sem que isso parecesse “ser positivista”.4 
Dai então, juízes e tribunais começou a uma aplicação maior da 
Hermenêutica Jurídica, da qual consiste no ramo da Teoria da Geral do Direito, 
destinado ao estudo e ao desenvolvimento dos métodos e princípios da atividade de 
interpretação. A finalidade da Hermenêutica, enquanto domínio teórico é proporcionar 
bases racionais e seguras para uma interpretação dos enunciados normativos.5 
 
Assim, o Direito é também Argumentação. A interpretação hermenêutica visa 
a, preferencialmente, nutrir, a alimentar os profissionais jurídicos a formularem em 
	
3 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In: Vademecum universitário 
2019. 27. ed. Atual. e ampli. - São Paulo: Saraiva, 2019. 
4 STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF / Lenio Luiz 
Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. pag.21. 
5	DELLEGNEZZE, René. A hermenêutica jurídica. Parte 1: Sistemas e meios interpretativos. Revista 
Jus Navigandi. Brasil, mar. 2019. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/72774/a-hermeneutica-
juridica-parte-1-sistemas-e-meios-interpretativos > Acesso em: 29 out. 2021. 
 
	
	
																																																																																																																																																																				8	
	
	
	
	
	
uma arena legal, suas argumentações denunciativas, acusativas, defensivas, 
recursais e sentenciais.6 
2.3 FORMAS DE INTERPRETAÇAO CONSTITUCIONAL 
Para Luís Roberto Barroso, no qual conceitua interpretação constitucional como: 
“[...] consiste na atividade de revelar ou atribuir sentido a textos ou 
outros elementos normativos (como princípios implícitos, costumes, 
precedentes), notadamente para o fim de solucionar problemas. Trata-
se de uma atividade intelectual informada por métodos, técnicas e 
parâmetros que procuram dar-lhe legitimidade, racionalidade e 
controlabilidade. A aplicação de uma norma jurídica é o momento final 
do processo interpretativo, sua incidência sobre os fatos relevantes.”7 
Para o autor supramencionado, a interpretação constitucional, que é uma 
especialização da interpretação jurídica geral, é um fenômeno complexo, que pode 
ser analisado a partir de diferentes primas, na qual estabelecem conexões entre si, 
mas que ao mesmo tempo apresenta determinada autônima. Para ele, existem três 
planos de interpretação: o plano essencialmente jurídico ou dogmático; o plano teórico 
ou metodológico; e o plano da justificação política ou da legitimação democrática.8 
No tocante a presente pesquisa, terá uma abordagem um pouco mais pormenorizada 
quanto a este ultimo, o plano da justificação politica ou da legitimação democrática. 
Nesse método visa se a questão tão quanto delicada, na qual seja da separação de 
Poderes e da legitimação democrática das decisões judiciais. É no seu âmbito que se 
procuram resolver as tensões que muitas vezes se desenvolvem entre o processo 
político majoritário e a interpretação constitucional. Essa tensão se instaura tanto 
quando o Judiciário invalida atos dos outros dois Poderes, como na declaração de 
inconstitucionalidade por exemplo, como quando atua na ausência de manifestação 
expressa do legislador, por via da construção jurídica, da mutação constitucional ou 
da integração das omissões constitucionais. É nesse ambiente que se colocam 
	
6 DELLEGNEZZE, René. A hermenêutica jurídica. Parte 1: Sistemas e meios interpretativos. Revista 
Jus Navigandi. Brasil, mar. 2019. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/72774/a-hermeneutica-
juridica-parte-1-sistemas-e-meios-interpretativos > Acesso em: 29 out. 2021.	
7 BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo : os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 7. ed. – São Paulo : Saraiva 
Educação, 2018.pag.164. 
 
8 BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo : os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 7. ed. – São Paulo : Saraiva 
Educação, 2018.pag.166.	
	
	
																																																																																																																																																																				9	
	
	
	
	
	
discussões como ativismo judicial, supremacia judicial, supremacia legislativa e 
populismo constitucional, dificuldade contramajoritária e soberania popular.9 Quanto 
a estes temas, em especial ao ativismo constitucional/ judicial, se verá de forma mais 
detalhada no capitulo 2.5. 
Os elementos tradicionais de interpretação jurídica, conforme preceitos da Escola 
Histórica do Direito, na qual trouxe elementos tradicionais de interpretação em 
primeiro momento: os componentes gramatical, histórico e sistemático na atribuição 
de sentido aos textos normativos. Posteriormente, foi acrescentada, a interpretaçãoteleológica. Em resumo, estes são os elementos clássicos da interpretação jurídica: 
gramatical, histórica, sistemática e teleológica. Nenhum desses elementos pode 
operar isoladamente, sendo a interpretação fruto da combinação e do controle 
reciproco entre eles. A interpretação, portanto, deve levar em conta o texto da norma 
(interpretação gramatical), sua conexão com outras normas (interpretação 
sistemática), sua finalidade (interpretação teleológica) e aspectos do seu processo de 
criação (interpretação histórica).10 
A atividade de interpretação descrita acima utiliza um conjunto tradicional de 
elementos de interpretação. São esses instrumentos que vão permitir ao intérprete em 
geral, e ao juiz, o sentido e alcance da norma. Pois bem, se tratando então de normas 
constitucionais que apresentam determinadas especificidades que as singularizam 
dentre as quais é possível destacar: a) a superioridade jurídica; b) a natureza da 
linguagem; c) o conteúdo específico; d) o caráter político. Em razão disso, 
desenvolveram ou sistematizaram categorias doutrinárias próprias, identificadas 
como princípios específicos ou princípios instrumentais de interpretação.11 Conforme 
entendimento do ilustríssimo Ministro e Doutrinador Luís Roberto Barroso: 
Os princípios instrumentais de interpretação constitucional constituem 
premissas conceituais, metodológicas ou finalísticas que devem 
anteceder a solução concreta da questão posta. A seguir princípios 
instrumentais de interpretação constitucional: princípio da supremacia 
da Constituição; princípio da presunção de constitucionalidade das leis 
e atos do Poder Público; princípio da interpretação conforme a 
	
9 Ibidem. pag. 176. 
10 Ibidem. pag. 176. 
11 Ibidem. pag. 181. 
	
	
																																																																																																																																																																				10	
	
	
	
	
	
Constituição; princípio da unidade da Constituição; princípio da 
razoabilidade ou da proporcionalidade; princípio da efetividade.12 
A seguir, breve relato objetivo e especifico de cada uma delas. 
O princípio da supremacia da constituição se traduz no fato de que as normas 
constitucionais, dada a sua origem e em virtude da distinção entre poder constituinte 
e poderes constituídos, ocupam posição hierárquica superior em relação a toda e 
qualquer norma ou ato oriundo dos assim chamados poderes constituídos, portanto, 
em relação às demais normas do sistema jurídico.13 
A presunção de constitucionalidade, segundo Ingo Wolfgang Sarlet: 
É uma decorrência do princípio da separação de Poderes e funciona 
como fator de autolimitação da atuação judicial. Em razão disso, não 
devem juízes e tribunais, como regra, declarar a inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo quando: a) a inconstitucionalidade não for 
patente e inequívoca, existindo tese jurídica razoável para preservação 
da norma
 
b) seja possível decidir a questão por outro fundamento, 
evitando-se a invalidação de ato de outro Poder; c) existir interpretação 
alternativa possível, que permita afirmar a compatibilidade da norma 
com a Constituição.14 
A interpretação conforme à constituição extrai seu significado de vários elementos, a 
supremacia da constituição, a presunção de que, em caso de dúvida, o legislador teria 
desejado que dentre as opções disponíveis fosse escolhida aquela mais compatível 
com o texto constitucional.15 
O princípio da unidade da constituição implica que no âmbito da interpretação 
constitucional cada norma constitucional deve ser interpretada e aplicada de modo a 
considerar a circunstância de que a constituição representa uma unidade, um todo 
indivisível.16 
	
12Ibidem. pag. 181.	
13SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de direito constitucional/ Ingo Wolfgang Sarlet, Luiz Guilherme 
Marinonie e Daniel Mitidiero. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. 
1. Direito constitucional 2. Direito constitucional – Brasil I. Marinoni , Luiz Guilherme. II. Mitidiero 
Daniel. III. Titulo. pag.282. 
14SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de direito constitucional/ Ingo Wolfgang Sarlet, Luiz Guilherme 
Marinonie e Daniel Mitidiero. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.1 Direito constitucional 2. Direito 
constitucional – Brasil I. Marinoni , Luiz Guilherme. II. Mitidiero Daniel. III. Titulo. pag.282. 
15 Ibidem. pag. 282 
16 Ibidem. pag. 283 
	
	
																																																																																																																																																																				11	
	
	
	
	
	
Com efeito, proporcionalidade e razoabilidade guardam uma forte relação com as 
noções de justiça, equidade, isonomia, moderação, prudência, além de traduzirem a 
ideia de que o Estado de Direito é o Estado do não arbítrio. Por outro lado, apenas na 
aplicação desses princípios (e critérios) é que se logra obter a construção de seu 
significado, legitimação e alcance, pois a cada situação solucionada amplia-se o 
âmbito de sua incidência.17 
O princípio da máxima eficácia e efetividade (também chamado de princípio da 
eficiência) implica o dever do intérprete e aplicador de atribuir o sentido que assegure 
maior eficácia às normas constitucionais. Assim, se verifica que a interpretação pode 
servir de instrumento para assegurar a otimização da eficácia e da efetividade, e, 
portanto, também da força normativa da constituição.18 
2.4 DECISÕES HISTÓRICAS JULGADAS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
2.4.1 ADPF 54/DF 
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – 
MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – 
DIGNIDADE – AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS 
FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. Mostra-se 
inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez de feto 
anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, 
incisos I e II, do Código Penal.(grifo nosso)19 
O caso em tela se trata de um Habeas Corpus (nº 124.306), como relator Ministro 
Marco Aurélio Mello, impetrado por Jair Leite Pereira, em face de acórdão da Sexta 
Turma do Superior Tribunal de Justiça, que não conheceu do HC 290.341/RJ, em que 
os pacientes – que mantinham clínica de aborto – foram presos em flagrante, devido 
à suposta prática dos crimes descritos nos arts. 126 e 288 do Código Penal. Em 
continuidade houve o voto do Ministro Redator do Acórdão, Luís Roberto Barroso, que 
continha como fundamentação principal os seguintes aspectos: (a) o habeas corpus 
não era cabível na hipótese, embora tenha sido considerado caso de concessão da 
	
17 Ibidem. pag. 283.	
18 Ibidem. pag. 290. 
19 Disponível em: < https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3707334 > 
Acesso em 08/10/2021. 
	
	
																																																																																																																																																																				12	
	
	
	
	
	
ordem de ofício, para o fim de desconstituir a prisão preventiva; (b) não estavam 
presentes os requisitos que legitimam a prisão cautelar, a saber, o risco para a ordem 
pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a aplicação da lei penal (CPP, 
art. 312); (c) tratava-se de caso de interpretação conforme a Constituição aos próprios 
arts. 124 a 126 do Código Penal para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção 
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre, uma vez que a criminalização, 
em tal hipótese, violaria diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o 
princípio da proporcionalidade.20 
No caso em questão é um dos temas mais polêmicos da atualidade, visto que há 
diversos argumentos conservadores e progressistas com relação ao aborto e a 
discussão sobre oque é a vida. Embora, no âmbito jurídico, o papel não é opinar de 
forma moral ou ideológica, pois isso fragiliza a autonomia do Direito.21 
Por oito votos a dois, a maioria decidiu a favor da descriminalização do caso aqui 
exposto, pelo fundamento de que não há vida em jogo,na medida em que a vida 
equivale à teoria médica que entende que essa só começa com a formação cerebral. 
Sendo assim, não havendo vida em questão, sequer haveria tipificação penal. 
Embora, com voto divergente do Ministro Ricardo Lewandowski, defendendo a Teoria 
do Direito no século XXI, na qual o papel do Judiciario no Estado Democratico de 
Direito. In Verbis: “não é dado aos integrantes do Poder Judiciário, que carecem da 
unção legitimadora do voto popular, promover inovações no ordenamento normativo 
como se parlamentares eleitos fossem”.22 
2.4.2 A ADI 4.277, a ADPF 132 e o caso das uniões homoafetivas 
O Governador do Estado do Rio de Janeiro e a Procuradoria-Geral da República 
interpuseram, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (nº 132) e Ação 
Direta de Inconstitucionalidade (nº 4.277), que foram sorteadas para a relatoria do 
Ministro Ayres Britto. A ADPF foi recebida junto com a ADI, dado que possuíam o 
	
20 TORON, Alberto Zacharias et al. Decisões controversas do STF: Direito constitucional em casos 
/ Alberto Zacharias Toron. et al. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.pag. 247 e 248. 
21 Ibidem. pag. 249. 
22 Ibidem.pag. 250.		
	
	
																																																																																																																																																																				13	
	
	
	
	
	
mesmo tema central. A ADPF tinha como pleito a aplicação da técnica da 
interpretação conforme os incisos II e V do art. 19, mais o art. 33, todos do Decreto-
Lei 220/75 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio de Janeiro), com 
o intuito de mudar interpretação desfavorecedora da união estável de servidores 
homoafetivos, em comparação com direitos conferidos àqueles que eram detentores 
de união igualmente estável, porém de sendo heterossexual; a ADI, por sua vez, 
possuía a finalidade de conferir interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 
do Código Civil, para fins de considerar juridicamente válidas as uniões estáveis de 
pessoas do mesmo sexo.23 
O voto do Relator Ministro Ayres Britto , teve como fundamentação principal que: (a)o 
art. 3º, IV, CF é explícito ao vedar o tratamento discriminatório ou preconceituoso em 
razão do sexo das pessoas; (b) o aparato normativo de leis e políticas públicas aponta 
para a aceitação do pluralismo político-cultural, sendo um dos valores explícitos da 
CF, em seu art. 1º, V; (c) do art. 1º, III, extrai-se que é proibida a discriminação em 
razão do sexo;[...] por fim; (g) o art. 226, § 3º, ao dispor que “para efeito da proteção 
do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”, não pode ser 
interpretado de forma literal, pois iria de encontro com a finalidade pela qual a 
Constituição Federal de 88 foi criada.24 
A decisão foi tomada por unanimidade, utilizando-se da técnica denominada 
interpretação conforme, na qual já foi exposta no presente trabalho, reconhecendo 
que o art. 1.723 do Código Civil , que trata da união estável, deve ser aplicado em 
observância (e conforme) o § 3º do art. 226 da Constituição Federal, estendendo, 
portanto, os efeitos desta união estável também para os que se enquadrarem nesta 
categoria, ainda que composta por casais do mesmo sexo.25 
Segundo Lenio Luiz Streck, no tocante ao caso em tela, o autor afirma que: 
	
23 STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF / Lenio Luiz 
Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. pag.160. 
24 Ibidem. pag. 161. 
25 Ibidem. pag. 162. 
	
	
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O caso das ADIs que trataram da união homoafetiva pode ser 
enquadrado como complexo ou difícil (embora a inadequação de se 
cindir hard de easy cases – falar sobre casos difíceis e fáceis já e um 
caso difícil). Entretanto, é um exemplo de como o Judiciário tomou 
uma atitude ativista, porque substituiu-se ao legislador ordinário e ao 
legislador constituinte.26 (grifo nosso) 
O ilustríssimo autor ainda continua, ao dizer que: 
Evidentemente, este é um caso peculiar e extremamente polêmico, 
uma vez que, paradoxalmente, uma atitude ativista acabou sendo 
transformada em uma judicialização da política, se levarmos em 
conta a diferenciação entre ativismo e judicialização; o primeiro, 
behaviorista e, o segundo, contingencial. Embora anteriormente 
estejam listadas apenas as razões da ADI proposta pela PGR, as 
razões de ambas estão fundadas na violação de princípios 
constitucionais (lesão a direito) e nas frequentes denegações de 
direitos aos homossexuais.27 (grifo nosso) 
2.4.3 A ADI 4.815 e as biografias não autorizadas	
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 
E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR DE 
ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS 
OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, 
DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE 
CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 
220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA 
PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). 
ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA 
INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO 
DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE 
RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR 
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS ARTS. 20 
E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO.28 (grifo nosso) 
Em 5 de julho de 2012 a Associação Nacional dos Editores de Livros ingressou com 
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4815/DF), com requerimento de medida 
cautelar, objetivando a declaração da “inconstitucionalidade parcial, sem redução de 
texto, dos arts. 20 e 21 do Código Civil para que, mediante interpretação conforme a 
Constituição, seja afastada do ordenamento jurídico brasileiro a necessidade do 
consentimento da pessoa biografada e, das pessoas retratadas como coadjuvantes 
(ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) para a publicação ou veiculação 
	
26 Ibidem. pag. 162 
27 Ibidem. pag. 162 
28 Disponível em: < https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10162709 > 
Acesso em 08/10/2021. 
	
	
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de obras biográficas, literárias ou audiovisuais”.29 Para melhor elucidação, vejamos o 
que dispõe ao arts. 20 e 21 do Código Civil Brasileiro: 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da 
justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a 
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização 
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento 
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a 
boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes 
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou 
os descendentes.30 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias 
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.31 
No presente caso, o requerente entendia que tais interpretações “acabam por violar 
as liberdades de manifestação do pensamento, da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação (CF, art. 5º, IV e IX), além do direito difuso da cidadania 
à informação (art. 5º, XIV)”. O Supremo Tribunal federal julgou procedente a ADI para 
dar interpretação conforme a Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem 
redução de texto, em consonância com os direitosfundamentais à liberdade de 
pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar 
inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas 
literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas 
retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas 
falecidas).32 
Nesse diapasão, segundo Streck, “pode-se dizer que o mérito da decisão foi na 
direção constitucionalmente correta, ao possibilitar as biografias independentemente 
de autorização do biografado, familiares ou demais pessoas retratadas”, por outro lado 
o autor entende que houve uma conusao na técnica decisória ( interpretação conforme 
a constituição sem redução de texto), quando na verdade seria mais adequada a 
	
29 STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF / Lenio Luiz 
Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. pag. 204.	
30 Disponível em: < https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729559/artigo-20-da-lei-n-10406-de-10-de-
janeiro-de-2002 > Acesso em 08/10/2021. 
31 Disponível em: < https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729483/artigo-21-da-lei-n-10406-de-10-de-
janeiro-de-2002 > Acesso em 08/10/2021. 
32 STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF / Lenio Luiz 
Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. pag. 205. 
	
	
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declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução do texto dos artigos 
supramencionados.33 E ainda afirma que: 
“A Corte acertou ao deixar em aberto certas questões mais complexas, 
que não poderiam ser bem avaliadas no momento. Contudo, pecou por 
deficiências na fundamentação, o que é um problema em si, para a 
legitimidade da decisão, e também para o desenvolvimento futuro da 
questão. Isto aumenta a relevância de um tratamento 
legislativo/regulamentar mais específico do tema pelas instituições 
competentes, em diálogo construtivo com o STF, desenvolvendo da 
melhor maneira possível a decisão tomada.”34 
2.5 ANÁLISE QUANTO A EXTRAPOLAÇAO OU NÃO DOS PODERES ATRIBUIDOS 
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A LUZ DOS CASOS ABORDADOS NO 
TÓPICO ANTERIOR 
Como visto no capitulo anterior, é fato que quando uma corte constitucional ou 
suprema decide muito e sobre muitas coisas, conteúdos diferentes, assuntos 
diferentes, relevantes ou pouco importantes, ela acaba tornando-se personagem 
especial da vida cotidiana da respectiva sociedade. Nesses casos, das decisões mais 
determinantes até as mais rotineiras, a corte constitucional se apresenta como arena 
fundamental para o debate sobre os temas na qual lhe chega para ser julgado. E por 
ser ela a ultima instancia do poder judiciário, se faz questionar, visto que é dotada de 
poder da “ultima palavra”. Na perspectiva do ilustríssimo Carlos Alexandre de 
Azevedo Campos “daí não haver como enxergá-las, de outra forma, senão como 
autênticos atores políticos, claro que, com singularidades e fundamentos diversos em 
relação ao Legislativo e ao Executivo”.35 
Atualmente, se ouve muito falar de que a Suprema Corte vem praticando, de forma 
rotineira e desenfreada um“ativismo judicial/constitucional”. Antes, porem, de adentrar 
ao tema, vejamos o que o termo nos remete. Para o Ministro e doutrinador Luís 
Roberto Barroso: 
A ideia de ativismo judicial está associada a uma participação mais 
ampla e intensa do Judiciário na concretização dos valores e fins 
constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação dos 
	
33 STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF / Lenio Luiz 
Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. pag. 214. 
34 Ibidem. pag. 214.	
35 CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do ativismo judicial do Supremo Tribunal 
Federal / Carlos Alexandre de Azevedo Campos. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.pag.93. 
	
	
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outros dois Poderes. A postura ativista se manifesta por meio de 
diferentes condutas, que incluem: (i) a aplicação direta da Constituição 
a situações não expressamente contempladas em seu texto e 
independentemente de manifestação do legislador ordinário; (ii) a 
declaração de inconstitucionalidade de atos normativos emanados do 
legislador, com base em critérios menos rígidos que os de patente e 
ostensiva violação da Constituição; (iii) a imposição de condutas ou de 
abstenções ao Poder Público, notadamente em matéria de políticas 
públicas.36 
Já para o doutrinador e Ministro Alexandre de Morais: 
Ativismo judicial seria “uma filosofia quanto à decisão judicial mediante 
a qual os juízes permitem que suas decisões sejam guiadas por suas 
opiniões pessoais sobre políticas públicas, entre outros fatores”, sendo 
apontado por alguns doutrinadores norte-americanos como uma 
prática, que por vezes indica a ignorância de precedentes, 
possibilitando violações à Constituição;[...]37 
Discussão se estende a grandes parâmetros, visto se tratar de um tema de suma 
importância ao arcabouço do judiciário brasileiro. Ultimamente, o Brasil tem sido palco 
do tema ativismo judicial, mais destacadamente do ativismo do Supremo Tribunal 
Federal. Porém, diferente do que ocorre em países como Alemanha, Itália, e 
principalmente, nos Estados Unidos, o debate sobre o ativismo judicial no Brasil é algo 
relativamente novo. Aqui, a discussão acadêmica ganhou fôlego a partir da primeira 
década deste século, com a propagação de textos, monografias, coletâneas etc. No 
cenário político, há apenas pontuais discussões ou oposições a decisões particulares, 
sem serem verificadas reações significativas voltadas a limitar os poderes decisórios 
do Supremo e aumentar o controle parlamentar sobre a Corte.38 
Por fim, valiosa lição de Alexandre de Morais, citando o Ministro Celso de Melo, vale 
ressalte a presente obra, na qual: 
Por outro lado, não se pode ignorar a advertência feita pelo Ministro 
Celso de Mello, ao recordar que as “práticas de ativismo judicial, 
embora moderadamente desempenhadas por esta Corte em 
momentos excepcionais, tornam-se uma necessidade institucional, 
quando os órgãos do Poder Público se omitem ou retardam, 
	
36 BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo : os conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. – 7. ed. – São Paulo : Saraiva 
Educação, 2018.pag.172. 
37 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 32. ed. rev. e atual. até a 
EC no 91, de 18 de fevereiro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2016.pag.1.194. 
38 CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do ativismo judicial do Supremo Tribunal 
Federal / Carlos Alexandre de Azevedo Campos. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.pag.126. 
	
	
																																																																																																																																																																				18	
	
	
	
	
	
excessivamente, o cumprimento de obrigações a que estão sujeitos 
por expressa determinação do próprio estatuto constitucional, ainda 
mais se se tiver presente que o Poder Judiciário, tratando-se de 
comportamentos estatais ofensivos à Constituição, não pode se reduzir 
a uma posição de pura passividade.(grifo nosso)39 
Na mídia, o tema começa a ganhar espaço, vez ou outra, direcionada a criticar ao 
“vácuo institucional” dos outros poderes. O início do debate sobre o ativismo judicial 
no Brasil está ligado à ascensão institucional do Poder Judiciário, principalmente do 
Supremo Tribunal Federal, visto ser o órgão que compete a guarda da Constituição, 
e está ligado intimamente ao fenômeno vinculado à promulgação da mesma em 
1988.40 
3 METODOLOGIA 
Problema: Em que sentido o SupremoTribunal Federal pode está associado a uma 
participação mais ampla e intensa na concretização dos valores e fins constitucionais 
na qual lhe é destinado? 
Tipo de pesquisa: 
a) Quanto aos fins – trata-se de uma pesquisa descritiva e ao mesmo tempo 
explicativa, pois pretende-se descrever e evidenciar o comportamento da Suprema 
Corte de modo a fazer o leitor entender o critério usado para julgamento de cada caso 
posto perante a mesma; 
b) Quanto aos meios – trata-se de pesquisa bibliográfica, na qual é um estudo 
sistematizado baseado em conteúdos publicados em livros, sites jurídicos e redes 
eletrônicas no geral. 
Classifica-se como bibliográfica, pois recorrerá ao uso de material acessível ao público 
em geral, como livros, artigos e revistas jurídicas já publicados. 
 
	
39 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 32. ed. rev. e atual. até a 
EC no 91, de 18 de fevereiro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2016.pag.1.196.	
40	CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do ativismo judicial do Supremo Tribunal 
Federal / Carlos Alexandre de Azevedo Campos. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.pag.126. 
	
	
	
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4 CRONOGRAMA 
DATAS ATIVIDADES 
09/08 A 14/08 Escolha da disciplina e dos temas 
 
21/08 
1ª Aula Pesquisa Aplicada - Turnos Matutino e Noturno: Aula 
de Pesquisa Aplicada 
Horário: 8h30min 
03/09 Assinatura do Termo de Compromisso Início sessão 
orientação 
18/09 2ª Aula Pesquisa Aplicada - Turnos Matutino e Noturno: Aula 
de Pesquisa Aplicada 
Horário: 8h 
13/09 Entrega da primeira etapa do Projeto 
13/10 Entrega da segunda etapa do Projeto 
03/11 Entrega da terceira etapa do Projeto 
08 a 12/11 Apresentação dos Projetos perante às bancas 
16/11 Entrega dos Projetos retificados 
 
REFERÊNCIAS 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo : os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo / Luís Roberto Barroso. 
– 7. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. 
 
BASILIO, Ana Tereza. É fundamental debater o papel do Supremo Tribunal Federal. 
Conjur, 08 de Outubro de 2020. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2020-
out-08/ana-tereza-basilio-papel-supremo >. Acesso em: 09, out 2021. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. In: 
Vademecum universitário 2019. 27. ed. Atual. e ampli. - São Paulo: Saraiva, 2019. 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível 
em: < https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729559/artigo-20-da-lei-n-10406-de-10-
de-janeiro-de-2002 > Acesso em 08 out. 2021. 
	
	
																																																																																																																																																																				20	
	
	
	
	
	
 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível 
em: < https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729483/artigo-21-da-lei-n-10406-de-10-
de-janeiro-de-2002 > Acesso em 08 out. 2021. 
 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF). FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – 
MULHER – LIBERDADE SEXUAL E REPRODUTIVA – SAÚDE – DIGNIDADE – 
AUTODETERMINAÇÃO – DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRIME – INEXISTÊNCIA. 
Pendente de julgamento a arguição de descumprimento de preceito fundamentao, 
processos criminais em curso, em face da interrupção da gravidez no caso de 
anencefalia, devem ficar suspensos ate o crivo final do Supremo Tribunal Federal. 
ADPF – LIMINAR – ANENCEFALIA – INTERRUPCAO DA GRAVIDEZ – GLOSA 
PENAL – AFASTAMENTO – MITIGACAO. [...] 
(STF – ADPF:54 DF, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 
27/04/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicaçao: DJe-092 DIVULG 30-08-2007 
PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-00029 EMENT VOL-02287-01 PP-00021) 
Disponivel em: < https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14738666/questao-de-
ordem-na-arguicao-de-descumprimento-de-preceito-fundamental-adpf-54-df > 
Acesso em 08 out. 2021. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO 
CIVIL). PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS 
LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, 
ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO 
PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA 
INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. 
X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE 
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU 
PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO 
	
	
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DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR 
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS ARTS. 20 E 21 DO 
CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação Nacional dos 
Editores de Livros - Anel congrega a classe dos editores, considerados, para fins 
estatutários, a pessoa natural ou jurídica à qual se atribui o direito de reprodução 
de obra literária, artística ou científica, podendo publicá-la e divulgá-la. A 
correlação entre o conteúdo da norma impugnada e os objetivos da Autora 
preenche o requisito de pertinência temática e a presença de seus associados em 
nove Estados da Federação comprova sua representação nacional, nos termos da 
jurisprudência deste Supremo Tribunal. Preliminar de ilegitimidade ativa rejeitada. 
2. O objeto da presente ação restringe-se à interpretação dos arts. 20 e 21 do 
Código Civil relativas à divulgação de escritos, à transmissão da palavra, à 
produção, publicação, exposição ou utilização da imagem de pessoa biografada. 
[...] 7. A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por 
outra norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de 
hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e 
proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da 
inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. [...] 9. 
Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme à Constituição aos 
arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os 
direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação 
artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada 
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também 
desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus 
familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes). 
(STF - ADI: 4815 DF - DISTRITO FEDERAL 9964502-12.2012.0.01.0000, Relator: 
Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 10/06/2015, Tribunal Pleno, Data de 
Publicação: DJe-018 01-02-2016) Disponivel em: < 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/863981715/acao-direta-de-
inconstitucionalidade-adi-4815-df-distrito-federal-9964502-1220120010000> 
Acesso em 08 out. 2021. 
 
 
	
	
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CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do ativismo judicial do 
Supremo Tribunal Federal / Carlos Alexandre de Azevedo Campos. – Rio de 
Janeiro: Forense, 2014. 
 
DELLEGNEZZE, René. A hermenêutica jurídica. Parte 1: Sistemas e meios 
interpretativos. Revista Jus Navigandi. Brasil, mar. 2019. Disponível em: < 
https://jus.com.br/artigos/72774/a-hermeneutica-juridica-parte-1-sistemas-e-meios-
interpretativos> Acesso em: 29 out. 2021. 
 
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 32. ed. 
rev. e atual. até a EC no 91, de 18 de fevereiro de 2016 – São Paulo: Atlas, 2016. 
 
SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de direito constitucional/ Ingo Wolfgang Sarlet, 
Luiz Guilherme Marinonie e Daniel Mitidiero. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 
2017.1. Direito constitucional 2. Direito constitucional – Brasil I. Marinoni , Luiz 
Guilherme. II. Mitidiero Daniel. III. Titulo. 
 
STRECK, Lenio Luiz. 30 anos da CF em 30 julgamentos: uma radiografia do STF 
/ Lenio Luiz Streck. Rio de Janeiro: Forense, 2018. 
 
TORON, Alberto Zacharias et al. Decisões controversas do STF: Direito 
constitucional em casos / Alberto Zacharias Toron. et al. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2020.pag. 247 e 248. 
 
 
 
 
 
 
 
	
	
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