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O MICROSCÓPIO ÓPTICO 1. Fundamentos Teóricos A célula, como objetivo da citologia, pode ser estudada sob diversos aspectos: podemos conhecer sua forma e a de seus constituintes, a natureza química desses constituintes e seu modo de funcionamento. Para isso, são realizadas investigações morfológicas, químicas, bioquímicas e fisiológicas, com a utilização de métodos de estudo particulares correspondentes a cada abordagem. De uma forma geral, um estudo detalhado da célula e de seus constituintes com a vista desarmada é virtualmente impossível, devido a suas pequenas dimensões. Para se ter uma idéia, as dimensões mais comumente observadas entre as células de animais e vegetais superiores situam-se na faixa de 10 a 20 µm (1 µm = 10-3 mm; 1 nm = 10-6 mm e 1 å = 10-1 nm). Por isso, o citologista é obrigado a se utilizar instrumentos de aumento para a observação conveniente da célula. Os estudos morfológicos ou morfo-fisiológicos da célula começam normalmente com o emprego do microscópio óptico, mais comumente denominado de microscópio fotônico (por se utilizar a luz como fonte de formação de imagens) ou microscópio composto (por ser constituído de dois sistemas de lentes sobrepostas: a objetiva e a ocular). Este instrumento pode ser considerado como a ferramenta básica e indispensável de todo citologista. A observação da célula ao microscópio óptico é feita por luz transmitida, que exige que o objeto a ser estudado responda a certas condições. Para que a luz possa atravessá-lo, o objeto deve ser suficientemente fino. Como raramente uma célula apresenta uma espessura na ordem necessária (5 µm), torna-se necessário fazer fatias ou cortes da célula para atingir a espessura desejada. Além da espessura, a observação da célula por luz transmitida requer que certas regiões do objeto absorvam mais luz do que outras, ou seja, que esse objeto apresente contraste. Como os constituintes celulares têm pouco contraste, torna-se necessária a utilização de colorações artificiais obtidas por corantes. Estes são substâncias que absorvem certos comprimentos de onda da luz visível e têm afinidade por determinados constituintes celulares. O microscópio de luz é composto fundamentalmente das seguintes partes: Parte mecânica Pé: é a base do aparelho que suporta todas as outras partes inclusive o sistema óptico de observação. Braço: preso ao pé, rígido ou articulado, suporta o canhão, a platina, o condensador e o espelho ou fonte luminosa. Canhão: é o tubo onde se dispõem as partes ópticas de ampliação; pode ser fixo ao braço ou possuir movimento vertical. Revólver: é uma peça giratória onde se conectam as objetivas e que permite a instantânea mudança das mesmas. Platina: é a mesa de trabalho onde se coloca a preparação para exame; possui uma abertura central que dá passagem à luz proveniente da fonte; pode ser fixa ao braço ou possuir movimento vertical. Charriot: é um dispositivo preso à platina, dotado de movimento antero-posterior e lateral destinado a movimentar a preparação. Parafuso macrométrico: é um dispositivo destinado a dar grandes e rápidos deslocamentos verticais ao canhão ou à platina; serve para focalização grosseira. Parafuso micrométrico: é um dispositivo destinado a dar pequenos e lentos deslocamentos ao canhão ou platina; serve para focalização fina. Sistema óptico de iluminação Espelho ou fonte de luz direta: preso à parte inferior do braço, refletindo ou projetando a luz para a parte inferior do condensador. Diafragma ou íris: colocado sob o condensador, destina-se a restringir o diâmetro de feixe luminoso quando for conveniente limitar a quantidade de luz que chega até o objeto. Condensador: é um sistema óptico de refração preso à parte inferior do braço, sob a platina, podendo ou não possuir movimento vertical (e lateral para centralização), destinado a fazer convergir de uma forma mais homogênea a luz proveniente da fonte. Filtros: discos de vidro colorido que absorvem parte do espectro de radiações luminosas, permitindo utilizar faixas estreitas de comprimentos de onda selecionados. Sistema óptico de observação Lentes Oculares: são as lentes superiores do microscópio, se encaixam no canhão. Consiste de um sistema de duas lentes (a ocular e a de campo ou colética). Sua função é recolher, aumentar e transmitir ao olho humano a imagem gerada pela objetiva. Toda ocular traz gravado o aumento que proporciona. Lentes Objetivas: projetam a imagem aumentada do objeto em estudo na lente superior (ocular) O microscópio possui, geralmente, quatro objetivas. Toda objetiva traz gravado o aumento que proporciona (o número superior e em caracteres maiores). O segundo número gravado constitui detalhe de óptica e refere-se à abertura numérica da lente. Ex: A objetiva ao lado tem as seguintes especificações: 40 / 0.65 e 160 / 0.17. A inscrição 40 significa o número de vezes que esta objetiva amplia o objeto. 0.65 é o valor da abertura numérica; 160 é a distância (mm) da rosca da objetiva até a ocular, ou seja, é o comprimento do tubo que a luz percorre quando sai da objetiva até entrar na ocular e 0.17 é a espessura máxima, dada em mm, da lamínula que deve ser usada para esta objetiva. Bases ópticas da microscopia: A luz (1) que atravessa as lentes condensadoras (2) é uniformemente espalhada sob a lâmina e atravessa o objeto (3), incidindo na lente objetiva (4). Estando o objeto colocado anteriormente ao foco da lente objetiva, formar-se-á, no plano focal da lente ocular, uma imagem real (que pode ser projetada em um anteparo), maior e invertida. A luz, ao atravessar a ocular (7), formará uma imagem virtual, maior e direita com relação à imagem formada pela objetiva. Entretanto, a imagem final do objeto, proporcionada pelo microscópio, será virtual, ampliada e invertida em relação ao mesmo. Deste modo, o aumento final da imagem é resultado do produto do aumento proporcionado pelas lentes oculares e objetivas. Os itens 5 e 6 representam, respectivamente, uma lente intermediária, situada no plano de formação da imagem, com a função de condensar a luz proveniente da objetiva e um conjunto de prismas que redirecionam a imagem para as lentes oculares. Procedimento correto para a focalização: 1. Destrave o microscópio movimentando a alavanca. 2. Verifique a posição da mesa. Esta deve encontrar-se na posição mais afastada das objetivas. Se necessário, gire o parafuso macrométrico para tê-la nesta posição. 3. Verifique se a objetiva panorâmica (menor aumento) encontra-se na posição mais anterior. Caso não esteja, gire o revólver encaixando esta objetiva nesta posição. Faça isso, olhando lateralmente, para evitar que alguma objetiva toque a platina. Verifique se cada objetiva está realmente encaixada, pelo ruído característico do encaixe. 4. Pegue a lâmina, segurando-a apenas pelas bordas. Verifique se a lamínula está voltada para cima. 5. Abra a presilha e coloque a lâmina sobre a platina, encaixando-a ao “charriot”. Solte a presilha e verifique se a lâmina está bem encaixada. Centralize o material no orifício da platina. Caso seja necessário, abra o diafragma, movimentando a alavanca correspondente. 6. Acenda a luz do microscópio. 7. Verifique se o diafragma está aberto, olhando lateralmente se há passagem de luz através do orifício da platina. Caso seja necessário, abra o diafragma, movimentando a alavanca correspondente. 8. Certifique-se se o condensador encontra-se em posição mais elevada. 9. Levante a platina até o seu ponto máximo movimentando o parafuso macrométrico. 10. Olhando através da ocular e utilizando o parafuso macrométrico, abaixe lentamente a platina, até que o material a ser observado possa ser visto. Assim que isto ocorrer, corrija a focalização utilizando o parafuso micrométrico. 11. Explore o preparado, movimentando os parafusos do “charriot” com uma das mãos e o parafuso micrométrico com a outra. Coloque sempre o materiala ser analisado no centro do campo de observação, antes de passar para a objetiva de aumento imediatamente superior. Obs: Procure observar ao microscópio sempre com os dois olhos abertos. 12. Após obter uma boa focalização com a objetiva panorâmica, gire o revolver e observe nas objetivas seguintes. A partir deste ponto, a focalização deverá ser ajustada somente pelo parafuso micrométrico. 13. Terminando a observação, desligue a luz, gire o revólver para encaixar a objetiva de menor aumento (passando pela objetiva de 10x) e retire a lâmina. Obs: Nunca movimente a platina do microscópio com a objetiva de maior aumento ou de imersão encaixada. 14. Limpar bem as objetivas, principalmente a de imersão, retirando totalmente o óleo de imersão. 15. Para a limpeza das lentes do microscópio é aconselhável álcool e éter na proporção de 1:1 com algumas gotas de formol PA. Ex.: Para 1 litro de solução, 500 mL de álcool e 500 mL de éter e 5 gotas de formal PA. 16. Usar para a limpeza gaze ou papel higiênico de boa qualidade. Para as objetivas passar um cotonete, para que nenhum resquício do óleo de imersão fique nas mesmas. 17. Observar que, antes de ligar e após o uso do microscópio o botão que regula a intensidade da luz deve estar no número mínimo ou totalmente fechado. O mesmo deve ser aberto gradativamente.
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