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Metodologias Para o Ensino de Ciências Humanas,. e Suas Tecnologias resumo completo MODULO 1 BNCC como norteadora da Educação BNCC, do que estamos falando? A BNCC foi dividida de maneira bastante complicada no que diz respeito à sua relação com a educação básica, tendo parte da sua estrutura voltada para educação infantil e outra para o ensino médio. Além disso, a mudança do ensino médio para instituir uma formação por itinerários formativos acabou por gerar possibilidades curriculares escolhidas pelas das escolas. Esse processo foi mais intenso e complexo o que diz respeito às ciências humanas. Nesse sentido, a BNCC é entendida como uma competência instrumental de onde boa parte dos alunos partem e, posteriormente, buscam aprofundar alguns aspectos de maneira específica e, posteriormente, buscam aprofundar outras habilidades e competências. os debates sobre o ensino de ciências humanas demostram que estas são um importante exercício transdisciplinar e interdisciplinar que atua não somente dentro de cadeiras ou em aulas específicas, mas também faz parte de projetos integradores da escola e de processos de integração e transformação do cotidiano dos alunos. Conceitos iniciais sobre base Contudo, sabemos que, consideradas as diferenças, é preciso trazer uma estrutura educacional, capaz de dar solidez ao movimento educacional, sem desmerecer o regionalismo. É necessário criar uma plataforma nacional dialogável, compondo um platô educacional comum, capaz de considerar a regionalidade e a especificidade de cada distrito, unificados por meio do direito à aprendizagem e ao desenvolvimento em sua plenitude. Essa é a principal proposta para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Cordão (apud PEREZ, 2018) afirma que esse desejo não é recente. Esse movimento pode ser 1 observado à luz da história da educação brasileira em seus diferentes marcos legais presentes na Constituição Federativa do Brasil, em suas várias versões, mesmo as que antecedem a BNCC, tais como: 1934 A educação pública, na Segunda República, foi proclamada direito do cidadão. 1937 A educação, no Estado Novo de Getúlio Vargas, se tornou obrigatória e gratuita. 1946 A educação, na República Restauradora, se reforça a importância da obrigatoriedade da educação primária e sua continuidade aos níveis posteriores. 1961 A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional (nº 4.024), aprovada em 1961, que traz o ensino primário obrigatório. 1967 A primeira Constituição no Regime Militar, que institui o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos e gratuito. 1988 A Constituição Cidadã, especialmente no artigo 208, que trata do direito à educação e universalização do ensino médio gratuito. 1996 A Nova LDB define as metas para a educação básica e superior e institui o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério). 1997 O MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como referenciais não obrigatórios para subsidiar a reelaboração e renovação da proposta curricular das escolas e formação de professores. 2007 A Lei nº 11.494 regulamentou o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da 2 Educação Básica e Valorização do Magistério), que redistribui os recursos vinculados à educação em regime de colaboração entre a União, estados e municípios para promover a distribuição de recursos aplicados a educação. 2009 A Ementa Constitucional nº 59, com destaque para o inciso I, artigo 208, define que é dever do Estado efetivar a garantia à educação básica obrigatória e gratuita dos 04 aos 17 anos, assegurada a sua oferta gratuita para todos que não tiveram acesso em idade própria. 2010 As Diretrizes Curriculares Nacionais trouxeram normas obrigatórias para a educação básica com o objetivo de orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. 2014 A Lei nº 13.005 referente ao Plano Nacional de Educação, foi sancionada com 20 metas e respectivas estratégias de implementação a serem cumpridas em 10 anos. 2017 O governo federal sanciona a Reforma do Ensino Médio, flexibilizando a estrutura em parte comum e parte obrigatória a ser aplicada nas escolas (Base Nacional Comum Curricular) para o ensino infantil e o ensino fundamental. Segundo Menezes (2019), os documentos supracitados são os precursores da organização da BNCC, que traz em seu bojo discussões históricas e sociais, sendo compreendido como um movimento de evolução do pensamento pedagógico nacional. Conceitos iniciais sobre currículo Um currículo acessível deve ser baseado em um modelo de aprendizagem inclusiva, por isso deve estar ajustado aos diferentes estilos de aprendizagem e enfatizar habilidades e conhecimentos relevantes para todos os alunos. Por isso, o currículo deve ser flexível o suficiente para responder às necessidades individuais dos alunos, às comunidades e a grupos religiosos, linguísticos e étnicos ou a outros grupos específicos. algumas experiências de aprendizagem são mais difíceis de planificar, pois são frutos das interações espontâneas e vivas entre os sujeitos e o conteúdo, tais como: ⦁ Interações entre os alunos. 3 ⦁ Interações entre alunos e professores dentro e fora da sala de aula. ⦁ Experiências que ocorrem na comunidade de aprendizagem - por exemplo, família ou outras organizações sociais e religiosas. currículo precisa ter duas características: ⦁ Fornecer uma educação de qualidade para os alunos, em nível de participação e de resultados a serem alcançados. ⦁ Ter rigor organizacional (espinha dorsal), mas ser flexível o suficiente para responder às diferentes características dos diversos tipos alunos. é importante conhecer a turma e o ritmo de cada educando, pois esses aspectos favorecerão a execução das atividades e a concretização dos objetivos propostos.facilitam a criação de ilhas de aprendizagem, a organização de grupos de pesquisa e a composição de pares, duplas, trios que colaborem com a aprendizagem do colega em nível inferior.A sala de aula precisa ser organizada de acordo com a necessidade. Dependendo da proposta de atividade, ela pode ganhar um formato, ser dividida em ilhas, grupos, trios, duplas, círculo, entre outras conveniências de acordo com a proposta docente. As metodologias ativas são fundamentais, especialmente no que se refere ao protagonismo do aluno Resumindo Oferecer múltiplas oportunidades para os alunos trabalharem em conjunto, resolvendo as tarefas da forma que escolherem, favorece a organização individual e coletiva e, consequentemente, a autonomia na escolha da melhor forma para se executar uma atividade. Planificação pedagógica e ações docentes 1. como e quando o aluno deve aprender 2. O que o aluno deve aprender 3. Que formas dee organização do ensino são mais eficazes para que ele aprenda 4. como e quando a sua aprendizagem deve ser avaliada. os americanos desenvolveram uma abordagem especial, denominada de success for all ou 4 sucesso para todos, a fim de aumentar a realização nas escolas em zonas desfavorecidas. Veja alguns pontos dessa proposta: Transdisciplinalidade Os professores são treinados para trabalhar em estreita colaboração, conectando áreas e diferentes conhecimentos, favorecendo a transdisciplinaridade, conceito de educação que compreende o conhecimento de forma plural, que independe da divisão de disciplinas. Interação Aprender a ter clareza sobre quais são as competências que eles querem que os seus alunos desenvolvam, por isso usam programas de educação desenvolvidos com um alto nível de interação. Apoio Buscam apoiar constantemente os alunos. Colaboração A escola trabalha em estreita colaboração com as famílias. Na Inglaterra, as estratégias nacionais para literacia e numeracia, por exemplo, são baseadas, em parte, na abordagem sucesso para todos. ⦁ Exigem que a maioria das escolas de ensino fundamental (de 5 a 11 anos) tenha um tempo para o ensino da leitura e da escrita e do cálculo seguindo um programaprescrito. ⦁ O professor trabalha intensamente com toda a turma, ensinando a mesma competência, mas produzindo um alto nível de interação entre todos os alunos. ⦁ Há oportunidades estruturadas para se trabalhar individualmente e em pequenos grupos. ⦁ Há suporte adicional aos alunos com dificuldade de aprendizagem. ⦁ As estratégias pedagógicas são baseadas em interações altamente planejadas entre o professor e classe, destinadas a garantir aprendizagem de todos. ⦁ Não é mais necessário que os professores conheçam conteúdos do currículo, pois 5 consideram mais importante que eles entendam as abordagens de aprendizagem que dão suporte ao currículo, sendo capazes de usar diferentes estilos de ensino frente ao surgimento diferentes necessidades. é importante percebermos que muitos países herdaram currículos, frutos de alianças sociopolítico-culturais. Na África do Sul, a reforma do currículo ocorreu não só devido à sua inflexibilidade, mas também devido aos pressupostos do Apartheid, que não reconhecia as contribuições históricas e culturais da maioria da população do país. As escolas são livres para propor os seus programas de aprendizagem, incluindo seus próprios horários e métodos de trabalho. Qualquer alteração no currículo deve ser registrada na documentação de políticas de escola, considerando especialmente os objetivos educacionais do currículo escolar, o seu plano anual por ano/série, os ajustes específicos para os alunos com necessidades mais profundas e específicas e um programa de educação individual (PEI), que só pode ser alterado com o consentimento dos pais, professores e equipe escolar. Importante considerar a liberdade para adaptação curricular, mas essa liberdade deve ser monitorada, para que o currículo seja acessível e flexível, porém sem perder a qualidade. É fundamental que a flexibilidade favoreça o alcance dos objetivos por meio de conteúdos e métodos apropriados para atender às necessidades de aprendizagem de seus alunos. Isso pode ocorrer das seguintes maneiras: De forma transdisciplinar\interdiciplinar A transdisciplinaridade ou interdisciplinaridade é a metodologia de ensino-aprendizagem que estabelece relações entre disciplinas ou áreas de conhecimento. Por exemplo: o cálculo pode ser ensinado nas aulas de História, Geografia, Ciências e quase qualquer outra área de conteúdo. Todas essas áreas fornecem uma maior ou menor medida, a oportunidade de aprender habilidades básicas. Por meio de projetos de sala de aula Esses projetos devem oferecer flexibilidade considerável para o professor projetar currículo. Considerando o aspecto significativo Os processos de aprendizagem significativas dependem de um currículo conectado aos 6 interesses e a experiência dos alunos. Oferecendo currículos inclusivos Currículos inclusivos com adaptações pertinentes ao seu desenvolvimento ao nível da escola e com as modificações cabíveis para responder as necessidades individuais dos estudantes. Sobre o currículo inclusivo, é importante lembrar que o processo de adaptação é diferente de modificação: Adaptação curricular As adaptações servem para atender a todos os estudantes. O especialista em adaptação curricular desempenha um papel importante no planejamento colaborativo no processo de adaptações, no entanto, a responsabilidade principal é do professor em sala de aula, que é quem, de fato, vai efetivar as adaptações do currículo. As adaptações são mais leves em nível curricular, o conceito relevante da adaptação é proporcionar o acesso. Modificação curricular As modificaçõe são um passo além das adaptações, por se tratar de mudar o currículo - adicionar ou substituir conteúdos para atender às necessidades individuais dos estudantes. A modificação deve ser usada com moderação e feita de acordo com o contexto de objetivos educacionais nacionais que se aplicam a todos os alunos. Onde cada aluno receberá uma experiência curricular que atenda às suas necessidades, mas dentro do contexto de um quadro comum e em salas de aula. É preciso enfraquecer o vínculo entre avaliação e promoção, desenvolvendo formas flexíveis de avaliação, fundamentadas em habilidades e promoção do educando, dentro de uma educação continuada/processual. É fundamental considerar que a eficácia do currículo depende das habilidades e atitudes dos professores em: ⦁ Adaptar o currículo, planejar e promover a participação de todos os alunos. ⦁ Saber como apoiar a aprendizagem do aluno. ⦁ Trabalhar além dos materiais tradicionais e com sensibilidade para diferentes formas culturais respostas. 7 Os professores Precisam de experiência prática e conhecimento, juntamente com o suporte contínuo que irá ajudá-los a incorporar técnicas eficazes na sua prática diária. Os professores Não devem apenas se concentrar em seus próprios métodos de ensino, mas também em como trabalhar com seus colegas, em um trabalho colaborativo. Os gestores Precisam promover espaços nos quais os professores possam se reunir para compartilhar informações, recursos e experiências, participar de eventos de desenvolvimento profissional e de acesso ou desenvolver materiais de ensino. Os professores Devem ser encorajados a produzir materiais curriculares e devem ser os próprios professores que devem decidir como aplicá-los de forma mais eficaz com suas turmas. [...] a cultura escolar e o regimento pedagógico constituem a identidade de cada escola, pela qual ela é reconhecida, escolhida e lembrada. Em virtude das características que apresentam e do momento que estiverem vivendo, cada escola reagirá de maneira própria a nova base curricular, com eventuais ajustes no currículo e na formação de professores. Por exemplo, ao recomendar práticas na condução das aulas em que os estudantes, em vez de reter informações, investiguem, julguem, argumentem, proponham e realizem, de forma participativa, consciente e solidária, a BNCC será mais facilmente recebida em escolas que já educam com esses princípios formativos. O papel da BNCC Menezes (2019) nos lembra que a BNCC não é um currículo, mas, sim, a base nacional para os currículos escolares brasileiros. Destaca ainda que é função prerrogativa de escolas e sistemas escolares formular seus currículos e o modo como eles serão cumpridos, com 8 orientações, regimentos e projetos pedagógicos capazes de garantir que os objetivos formativos de cada etapa escolar sejam efetivados, ou seja, cabe à escola e aos sistemas de ensino: ⦁ Contextualizar o currículo ao seu entorno social e cultural, tornando significativas as temáticas trabalhadas nas componentes curriculares. ⦁ Preparar a sua equipe pedagógica para dar coerência aos objetivos formativos de forma interdisciplinar. ⦁ Engajar e estimular a equipe pedagógica e motivar o corpo discente. ⦁ Desenvolver procedimentos de avaliação formativa, capazes de reorganizar o ensino suprimindo as deficiências identificadas. Segundo Perez (2018), a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em dezembro de 2017, tornou-se referência nacional obrigatória para elaboração curricular, de materiais didáticos, de políticas de formação docente e avaliativas. com relação aos valores e às atitudes aprendidos, desenvolvidos e aprimorados por meio do convívio em grupo, tais como: lidar com diferenças, respeitar, argumentar, ter empatia, comprometimento com o grupo por meio da ação dialógica. Perez ainda argumenta que a BNCC tem um compromisso com a prática e que nela estão contempladas características culturais, socioambientais e até econômicas Ou seja, ativando a teoria e a prática por meio de ações significativas que façam sentido ao estudante. Atividade discursiva O que você consegue perceber sobre a participação dos jovens nos processos democráticos escolares? Os jovens estão sendo chamados para uma participação mais efetiva nos processos democráticos escolares, os quais serão levados para a vida em sociedade, a fim de contribuir para uma comunidade mais consciente e participativa,com valores proativos que favoreçam o bem comum. 9 E o que a BNCC tem a ver com isso? A BNCC apresenta habilidades e competências como alternativas favoráveis ao trabalho significativo, coletivo, interdisciplinar, proporcionando a aplicação prática de pressupostos teóricos de forma criativa, motivadora, considerando a riqueza dos conhecimentos adquiridos pela sociedade, especialmente vivências, ambiente e contexto na busca de informações qual é o papel da BNCC na sociedade do conhecimento? Resposta A BNCC vem indicar as competências e habilidades consideradas direitos das crianças e jovens de nosso país de tal modo que possam acessar o conhecimento produzido historicamente de forma democrática. Para isso, comenta Perez (2018), os educadores precisam propor e viver nessa atmosfera, promovendo o desenvolvimento da autonomia em sua intencionalidade educativa. Aí encontra-se a chave para o conceito de desenvolvimento integral do indivíduo. É preciso proporcionar às crianças e aos jovens condições para que possam se desenvolver integralmente nas dimensões: ⦁ Físicas ⦁ Afetivas ⦁ Sociais ⦁ Culturais MODULO 2 ⦁ A estrutura da BNCC e as ciências humanas Com relação à estrutura da BNCC, é importante esclarecer que a sua raiz é a aprendizagem. Consequentemente, o aprender ganha o palco de todo sistema, em seguida os processos formativos, que também são bem valorizados, ocupando ainda uma posição nuclear na célula envolvendo: ⦁ Elaboração/reelaboração do PPP da unidade escolar 10 ⦁ Formação continuada ⦁ Planejamento e execução de atividades em sala de aula EDUCAÇÃO BASICA COMPETÊNCIAS GERAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA ETAPAS : EDUCAÇÃO INFANTIL Direitos de prendizagem edesenvolvimento\ campos de esperiencia bebes ,crianças bem pequenas : objetivo de aprendizagem e desenvolvimento ENSINO FUNDAMENTAL Áreas do conhecimento \competências especifícas de área\componentescurriculares \componetes específicas de coponenete Anos iniciais \anos finais unidades\objetivos de conhecimento\ habilidades ENSINO MÉDIO Areas do conhecimento\competências específicas de área Língua Portuguesa \Matemática habilidades Documentos como a Constituição Federal (1988) consideram que o atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos é dever do Estado. Com a promulgação da LDB (1996), a educação infantil se torna parte integrante da educação básica, situando-se no mesmo patamar que o ensino fundamental e o ensino médio. Em 2006, por modificação nessa mesma lei, o ensino fundamental antecipou a entrada para os 6 anos de idade, assim a educação infantil passou a atender à faixa etária de 0 a 5 anos. A educação infantil passa a ser reconhecida como direito de todas as crianças e dever do Estado, com caráter obrigatório para as crianças de 4 e 5 anos. A Emenda Constitucional nº 59/2009 determina a obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos, essa extensão foi incluída na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 2013, consagrando plenamente a obrigatoriedade de matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em 11 instituições de educação infantil. As creches e pré-escolas devem acolher, em suas propostas pedagógicas, as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente familiar e no contexto de sua comunidade, com o objetivo de ampliar o universo de experiências de conhecimentos e de habilidades e promover novas aprendizagens. Desse modo, atuam de maneira complementar à educação familiar de bebês e das crianças bem pequenas, envolvendo aprendizagens muito próximas aos dois contextos – família e escola –, como a socialização, a autonomia e a comunicação. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), em seu artigo 4º, definem a criança como sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009) A interação realizada no brincar caracteriza o cotidiano da infância, proporciona aprendizagens e potencializa seu desenvolvimento integral, pois : ⦁ Expressa afetos ⦁ Favorece a mediação das frustrações ⦁ Estimula a resolução de conflitos ⦁ Beneficia a regulação das emoções As competências gerais da educação básica propostas pela BNCC apresentam seis direitos de aprendizagem e desenvolvimentoSão direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil (BRASIL, 2017, p. 27): 1. conviver : Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 2. brincar:Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais 12 3. participar: Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. 4. explorar: Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 5. expressar :Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 6. conhecer-se: Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. Resumindo Segundo Clímaco (2018) a criança precisa de tempos, espaços, brincadeiras e interações para pensar sobre o mundo em que habita, observar, criar hipóteses, construir narrativas e expressá-las por meio das múltiplas linguagens. Na BNCC, a educação infantil não é etapa preparatória, e sim tem especificidades próprias. Por conta disso, o documento organiza as aprendizagens através de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para cada campo etário, com o objetivo de garantir o direito de aprendizagem articulado aos campos de experiências. A BNCC no ensino fundamental Competências gerais conhecimento : A BNCC no ensino fundamental Competências gerais O que é: Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital. 13 Para: Entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborando com a sociedade. Pensamento científico, critico e criativo O que é: Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade. Para: Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções. Relatórios cultural: O que é: Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais. Para: Fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. comunicação: O que é: Utilizar diferentes linguagens. Para: Expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias, sentimentos e produzir sentidos que levem aoentendimento mútuo. cultura digital: O que é: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética. Para: Comunicar-se, acessar e produzir informações e conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria. trabalho e projeto de vida : O que é: Valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências. Para: Entender o mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida com liberdade, autonomia, criticidade e responsabilidade. argumentação : O que é: Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis. Para: Formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, com base em direitos humanos, consciência socioambiental, consumo responsável e ética. autoconhecimento e autocuidado: 14 O que é: Conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e apreciar-se. Para: Cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Empatia e coperação: O que é: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. Para: Fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade, sem preconceitos de qualquer natureza. Responsabilidade e cidadania: O que é: Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação. Para: Tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. O ensino fundamental está dividido em áreas do conhecimento e componentes curriculares. Em áreas do conhecimento se encontram as seguintes disciplinas: ⦁ Linguagens Com as componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e Língua Inglesa. ⦁ Matemática Com a componente curricular: Matemática. ⦁ Ciências da natureza Com a componente curricular: Ciências. 15 ⦁ Ciências humanas Com as componentes curriculares: Geografia e História. ⦁ Ensino Religioso Com a componente curricular: Ensino Religioso. No ensino fundamental, cada componente curricular está dividido em unidades temáticas, as quais têm objetos do conhecimento específicos, e cada objeto de conhecimento corresponde às diversas habilidades. Por exemplo: a componente curricular Matemática tem unidades temáticas, objetos do conhecimento e habilidades específicas. Essas habilidades da BNCC estão organizadas por componente curricular e ano escolar, de acordo com um código: ⦁ O primeiro par de letras indica a etapa, por exemplo: educação infantil (EI), ensino fundamental (EF) e ensino médio (EM). ⦁ O primeiro par de números indica a componente curricular; no caso da EI, o grupo por faixa etária. ⦁ O segundo par de letras indica o campo de experiência para a EI, já para o EF indica a componente curricular. ⦁ Por fim, o último par de números indica a posição da habilidade na numeração sequencial da componente de cada ano escolar. A Geografia como componente curricular Segundo Barroso (apud PEREZ, 2018), a Base Nacional Comum Curricular estabelece referenciais de aprendizagens essenciais como base para o trabalho desenvolvido nas unidades escolares de todo Brasil, levando-se em conta as especificidades de cada local. As componentes curriculares de História e Geografia estão localizadas em uma área denominada ciências humanas, que deve propiciar aos alunos a capacidade de interpretar o mundo, compreender processos e fenômenos sociais, políticos e culturais e, mediante os 16 fenômenos sociais e naturais, os alunos devem ser capazes de atuar com: ⦁ Ética ⦁ Responsabilidade ⦁ Autonomia O documento propõe que a Geografia possibilite aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental: [...] reconhecer e comparar as realidades de diversos lugares de vivência. A Geografia, enquanto componente curricular, deve oferecer aos alunos um conjunto de experiências de aprendizagens nas quais possam desenvolver habilidades necessárias ao alcance desses objetivos. O importante, segundo Barroso (apud PEREZ, 2018), é desenvolver ao longo do processo do ensino fundamental o raciocínio geográfico, ampliando a cada desenvolvimento de competências as habilidades necessárias para compreensão dos aspectos fundamentais da realidade (BNCC, 2017, p.357): ⦁ Localização ⦁ Atos e fenômenos da superfície terrestre ⦁ O ordenamento territorial ⦁ As conexões existentes entre componentes físicos-naturais ⦁ As ações antrópicas (ação do ser humano sobre o meio ambiente) Tal movimento proporciona aos alunos compreender a situação geográfica como “um conjunto de relações” (BARROSO apud PEREZ, 2018, p.39-40). O raciocínio geográfico passa por princípios, segundo Barroso (apud PEREZ, 2018): Analogia Comparação entre os fenômenos geográficos e a identificação de semelhanças. Conexão Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas em conexão com outros próximos ou distantes. 17 Diferenciação Variação dos fenômenos de interesse da geografia pela superfície terrestre, por exemplo o clima. Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço. Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno geográfico. Localização Posição particular de um objeto na superfície, pode ser absoluta (definida por um sistema de coordenadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de relações espaciais topológicas ou por interações espaciais). Ordem Princípio geográfico de maior complexidade, refere-se ao modo ou à estrutura do espaço de acordo com as regras da sociedade que o produziu. Unidades temáticas Segundo Barroso (apud PEREZ, 2018), à medida que os alunos formulam perguntas sobre o que observam, é preciso colocá-los em contato com os conteúdos e conceitos de Geografia, denominados objetos de conhecimento, ou seja, segundo a BNCC (2017), aprendizagens essenciais, ou seja, as habilidades que devem ser asseguradas aos alunos. Resumindo A questão “o que ensinar?” está articulada à “por que ensinar?”. Assim os objetos de conhecimento são arranjados em unidades temáticas. Em Geografia, essas unidades temáticas são comuns a todos os anos do ensino fundamental: ⦁ O sujeito e seu lugar no mundo ⦁ Conexões e escalas ⦁ Mundo do trabalho ⦁ Formas de representação e pensamento espacial 18 ⦁ Natureza, ambientes e qualidade de vida No ensino fundamental predomina a descrição nas aulas de Geografia, já nos anos finais a geografia regional e o raciocínio geográfico são preponderantes. A principal novidade concentra-se em formular objetivos de aprendizagem capazes de contemplar uma Geografia escolar analítica que vá além de aspectos descritivos. As aulas não se limitam à observação do espaço (a estação, a via férrea e as moradias), envolvendo a classificação desses elementos: ⦁ Os tipos de transporte e as funções no espaço urbano ⦁ Análise de concentração urbana ⦁ Amplitude imobiliária ⦁ Deslocamento de moradias ⦁ Construção de novos loteamentos Estas são as competências específicas que o aluno do ensino fundamental deve desenvolver com relação à disciplina Geografia: ⦁ Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a integração sociedade \natureza e de resolução de problemas ⦁ Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimeto geográfico, reconhecendo a importância dos objetivos técnicos para a compreensão dass formas como os seres humanos fazem usopríncipios dos recursos da natureza ao longo da história. ⦁ Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geografico na análise da ocupação humana e produção do espaço e os princípios analogia, conexão,diferenciação,distribuição,extentensão,localização e ordem. ⦁ Desenvolver o pensamento espacial , fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas . ⦁ Utilizar processos e procedimentos de investigaçãopara compreeder o mundo natural ,social,econômico,político e o meio técnico- científico e informal, avaliar ações e propor perguntas e soluções,partindo de conhecimento geográficos 19 ⦁ Contruir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender idéias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciências socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro,sem preconceitos de qualquer natureza. ⦁ Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resilieência e determinação, propondo ações sobre as questões socioambientais , com base em priícipios, éticos, democráticos,sustentáveis e solidários. Habilidades específicas em Geografia para o ensino fundamental Exemplo: Geografia – 1º ano Unidade Temática: O sujeito e seu lugar no mundo. Objetivos do conhecimento: O modo de vida das crianças em diferentes lugares. Situações de convívio em diferentes lugares. Unidade Temática: Conexões e escalas. Objetivos do conhecimento: Ciclos naturais e a vida cotidiana. Unidade Temática: Mundo do trabalho. Objetivos do conhecimento: Diferentes tipos de trabalho existentes no seu dia a dia. Essas habilidades vão se ampliando e se especificando ao longo do ensino fundamental, tanto para os anos iniciais como para os anos finais, por isso, são específicas para cada ano escolar. EF01GE01 Habilidades: Descrever características observadas de seus lugares de vivência – moradia, escola etc. – e identificar semelhanças e diferenças entre esses lugares. EF01GE02 Habilidades: Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras de diferentes épocas e lugares. EF01GE03 Habilidades: Identificar e relatar semelhanças e diferenças de usos do espaço público – praças, parques – para o lazer e diferentes manifestações. EF01GE04 20 Habilidades: Discutir e elaborar, coletivamente, regras de convívio em diferentes espaços – sala de aula, escola etc. EF01GE05 Habilidades: Observar e descrever ritmos naturais – dia e noite, variação de temperatura e umidade etc. – em diferentes escalas espaciais e temporais, comparando a sua realidade com outras. EF01GE06 Habilidades: Descrever e comparar diferentes tipos de moradia ou objetos de uso cotidiano – brinquedos, roupas, mobiliários –, considerando técnicas e materiais utilizados em sua produção. EF01GE07 Habilidades: Descrever atividades de trabalho relacionadas com o dia a dia da sua comunidade. EF01GE08 Habilidades: Criar mapas mentais e desenhos com base em itinerários, contos literários, histórias inventadas e brincadeiras. EF01GE09 Habilidades: Elaborar e utilizar mapas simples para localizar elementos do local de vivência, considerando referenciais espaciais – frente e atrás, esquerda e direita, em cima e embaixo, dentro e fora – e tendo o corpo como referência. EF01GE10 Habilidades: Descrever características de seus lugares de vivência relacionadas aos ritmos da natureza – chuva, vento, calor etc. EF01GE11 Habilidades: Associar mudanças de vestuário e hábitos alimentares em sua comunidade ao longo do ano, decorrentes da variação de temperatura e umidade no ambiente. Com relação ao ensino de História, Zucchi (apud PEREZ, 2018) afirma que a BNCC destaca a importância de compreender a construção do conhecimento histórico. Para isso, alinha que, no ensino fundamental, esse movimento deve ser realizado em etapas: 21 Educação infantil Nos anos iniciais, o objetivo é que os estudos possibilitem aos alunos desenvolverem o conhecimento de si e do outro, ampliando-o em diferentes tempos e espaços específicos, preparando os jovens para etapa seguinte. Ensino Fundamental O objetivo é desenvolver as habilidades específicas de cada objeto de conhecimento da disciplina, como considerar a utilização de diferentes fontes e tipos de documentos (escritos, iconográficos, materiais, imateriais), capazes de facilitar a compreensão de tempo e espaço e das relações sociais. devem ser considerados cinco processos descritos na BNCC (2017): Identificar Capacidade de descrever e caracterizar determinado processo, evento ou documento histórico, localizando-o no tempo e no espaço de acordo com as informações disponíveis, de modo que seja capaz de perceber informações não explícitas nos documentos históricos aprimorando o processo de identificação. Comparar Pode ser trabalhado, inicialmente, por meio das relações entre eventos, processos e documentos históricos com a realidade imediata do aluno; semelhanças e diferenças entre os objetos históricos distintos, salientando rupturas e continuidades, pois esse movimento é essencial para o ensino-aprendizagem de História. Contextualizar Capacidade de reunir saberes e ações que desenvolvam sua autonomia de se localizarem no tempo, no espaço, dentro de cada cultura, fatos, processos, acontecimentos e produções de diversos tipos de documentos históricos, ou seja, compreender que acontecimentos, processos e registros históricos estão relacionados a um tempo, um local e a uma cultura. Interpretar Pode ser trabalhado, inicialmente, através da apresentação das relações dimensão espacial e temporal com a mobilidade das diversas populações e suas diferentes formas de inserção e marginalização nas sociedades ao longo da história. 22 Analisar Capacidade que reúne diversos conhecimentos e um posicionamento crítico do estudante Zucchi (apud PEREZ, 2018) destaca que o ensino básico tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades associadas aos aspectos descritos para que os alunos consigam relacionar que o estudo do passado está vinculado ao presente, tornando-se cidadãos críticos e autônomos. Competências específicas de História para o ensino fundamental Estas são as competências específicas que o aluno do ensino fundamental deve desenvolver com relação à disciplina História: ⦁ Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo. ⦁ Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica. ⦁ Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito. ⦁ Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. ⦁ Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as diferentes populações. ⦁ Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores da produção historiográfica. 23 ⦁ Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais. Habilidades específicas para História ao ensino fundamental Exemplo: História – 1º ano Unidade temática : mundo pessoal- meu lugarno mundo . objetivos do conhecimento : as fases da vida e a idéia de temporalidade ( passado,presente e futuro) As diferentes formas de organização da família e da comunidade , os vinculos pessoais e as relaçções de amizades. Essas habilidades vão se ampliando e se especificando ao longo do ensino fundamental, tanto para os anos iniciais como para os anos finais, por isso, são específicas para cada ano escolar. EF01HI01 Habilidades: Identificaraspectos do seu crescimento por meio do registro das lembranças particulares ou de lembranças dos membros de sua família e/ou de sua comunidade. EF01HI02 Habilidades: Identificar a relação entre as suas histórias e as de sua família e de sua comunidade. EF01HI03 Habilidades: Descrever e distinguir os seus papéis e as responsabilidades relacionados à família, à escola e à comunidade. EF01HI04 Habilidades: Identificar as diferenças entre os variados ambientes em que vive – doméstico, escolar e da comunidade –, reconhecendo as especificidades dos hábitos e das regras que os regem. EF01HI05 Habilidades: Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de 24 outras épocas e lugares. EF01HI06 Habilidades: Conhecer as histórias da família e da escola e identificar o papel desempenhado por diferentes sujeitos em diferentes espaços. EF01HI07 Habilidades: Identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar. EF01HI08 Habilidades: Reconhecer o significado das comemorações e festas escolares, diferenciando- as das datas festivas comemoradas no âmbito familiar ou da comunidade. TEMA 2 Introdução a Antropologia O que é Antropologia? De uma forma bem simples, podemos dizer que Antropologia é a ciência cuja finalidade é, por meio do método comparativo, descrever e analisar as características culturais do homem. A Antropologia, portanto, estuda a cultura. A cultura é uma lente através da qual se vê o mundo. As pessoas não sobrevivem simplesmente. Elas sobrevivem de uma maneira específica, de acordo com a cultura em que vivem. A cultura é um complexo de padrões de linguagem, costumes, comportamentos, crenças, instituições e outros valores simbólicos e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade. Módulo 1 ⦁ Identificar o percurso histórico da construção da Antropologia como campo científico, destacando a importância de alguns teóricos A ANTROPOLOGIA E O TRABALHO DE CAMPO No final do século XIX e início do século XX, os estudos dos antropólogos nas chamadas sociedades “primitivas” foram determinantes para o desenvolvimento das técnicas de pesquisa que permitem recolher diretamente observações e informações sobre a cultura 25 nativa. As sociedades estudadas diretamente por esses antropólogos eram sociedades sem escrita, longínquas, isoladas, de pequenas dimensões, com reduzida especialização das atividades sociais, sendo classificadas como “simples” ou “primitivas” em contraste com a organização “complexa” das sociedades dos pesquisadores. Foram os trabalhos de campo de Franz Boas (1858-1942) entre 1883 e 1902 e, particularmente, a expedição de Bronislaw Malinowski (1884-1942) às ilhas Trobriand, que consagraram a ideia de que os antropólogos deveriam passar um longo período na sociedade que estivessem estudando para encontrar e interpretar seus próprios dados, em vez de depender dos relatos dos viajantes, como faziam os “antropólogos de gabinete”. Franz Boas Antropólogo americano que inaugura a construção do entendimento da cultura do outro e seu espelho para quem analisa. Bronislaw Malinowski Antropólogo polonês radicado em Londres que fundamenta a atuação do antropólogo atuando no campo. Nos primeiros trinta anos do século XX, o trabalho de campo passou a orientar as pesquisas antropológicas. Franz Boas, um geógrafo de formação, crítico radical dos antropólogos evolucionistas, ensinou que no campo tudo deveria ser anotado meticulosamente e que um costume só tem significado se estiver relacionado ao seu contexto particular. Ensinou também que, no “relativismo cultural”, o pesquisador deveria estudar as culturas com um mínimo de preconceitos etnocêntricos. A primeira experiência de campo de Malinowski foi em 1914, entre os mailu na Melanésia. Impedido de voltar à Inglaterra no início da Primeira Guerra Mundial, ele começou sua pesquisa nas ilhas Trobriand, de 1915 a 1916, retornando em 1917 para uma estada de mais um ano. Os argonautas do Pacífico Ocidental, publicado em 1922, é um verdadeiro tratado sobre o trabalho de campo. Malinowski demonstrou que o comportamento nativo não é irracional, mas se explica por uma lógica própria que precisa ser descoberta pelo pesquisador. Colocou em prática a observação participante, criando um modelo do que deve ser o trabalho de campo: O pesquisador, por meio de uma estada de longa duração, deve mergulhar profundamente 26 na cultura nativa, impregnando-se da mentalidade nativa. Deve viver, falar, pensar e sentir como os nativos. Malinowski é considerado o pai do funcionalismo, pois acreditava que cada cultura tem como função a satisfação das necessidades básicas dos indivíduos que a compõem, criando instituições capazes de responder a essas necessidades. Malinowski sugeriu três questões para o trabalho de campo: 1. O que os nativos dizem sobre o que fazem? (os discursos) 2. O que realmente fazem? (os comportamentos e as práticas) 3. O que pensam a respeito do que fazem? (os valores e os pensamentos) A Antropologia seria, portanto, o estudo segundo o qual, compreendendo melhor as chamadas sociedades “primitivas”, poderíamos chegar a compreender melhor a nós mesmos. A rica experiência de campo de Malinowski, assim como suas propostas metodológicas, influenciou decisivamente a aplicação de técnicas e métodos de pesquisa qualitativa na Antropologia e nas ciências sociais. Na década de 1970, surge nos Estados Unidos, inspirada na ideia weberiana de que a observação dos fatos sociais deve levar à compreensão (e não a um conjunto de leis), a antropologia interpretativa. Um dos principais representantes da abordagem interpretativa é Clifford Geertz, que propôs um modelo de análise cultural hermenêutico: O antropólogo deve fazer uma descrição em profundidade (“descrição densa”) das culturas como “textos” vividos, como “teias de significados” que devem ser interpretados. De acordo com Geertz os “textos” antropológicos são interpretações sobre as interpretações nativas, já que os nativos produzem interpretações de sua própria experiência. Tais textos são “construídos” – não falsos ou inventados. Geertz inspirou a chamada: Antropologia reflexiva Conhecida também como pós-interpretativa, ela propõe uma autorreflexão a respeito do trabalho de campo nos seus aspectos morais e epistemológicos. Essa antropologia questiona a autoridade do texto antropológico e propõe que o resultado da pesquisa não seja fruto da observação pura e simples, mas de um diálogo e de uma negociação de pontos 27 de vista entre pesquisador e pesquisados. Um elemento importante para o desenvolvimento da pesquisa antropológica nas sociedades complexas foi a chamada: Escola de Chicago Em 1930, o termo Escola de Chicago foi utilizado pela primeira vez por Luther Bernard, em Schools of Sociology. Por esse termo, designa-se um conjunto de pesquisas realizadas, a partir da perspectiva interacionista, particularmente depois de 1915 na cidade de Chicago. Um de seus traços marcantes é a orientação multidisciplinar, envolvendo, principalmente, a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Psicologia e a Filosofia. A Universidade de Chicago surgiu em 1892 e, em 1910, o seu departamento de Sociologia e Antropologia tornou-se o principal centro de estudos e de pesquisas sociológicas dos EUA. esteve unido até 1929, o que sugere que as pesquisas etnográficas contribuíram para dar legitimidade às técnicas e aos métodos qualitativos na pesquisa sociológica em grandes centros urbanos, o que viria a se tornar dominante nos EUA, e a sociologia qualitativa. Já desde o final do século XIX, o interacionismo simbólico exercia uma profunda influência sobre a sociologia de Chicago pela presença de George Herbert Mead e do filósofo americano John Dewey, o qual lecionou em Chicago de 1894 até 1904 e trouxe para o interacionismo o pragmatismo Mead, considerado o arquiteto da perspectiva interacionista, lecionou na Universidade de Chicagoaté 1931. Sua perspectiva teórica, fortemente marcada pela influência da psicologia social e de Georg Simmel, que trouxe para a Sociologia a filosofia de Kant, é apresentada em Mente, Self e Sociedade, de 1934. Para Mead, a associação humana surge apenas quando cada indivíduo percebe a intenção dos atos dos outros e, então, constrói sua própria resposta em função dela. As intenções são transmitidas por meio de gestos que se tornam simbólicos, ou seja, passíveis de serem interpretados. . O componente significativo de um ato acontece por meio do role-taking: Role-taking A teoria do role-taking trata da capacidade do indivíduo de coordenar múltiplos pontos de vista em meio à comunicação social (CHAPUT, 2008). O INTERACIONISMO SIMBÓLICO: 28 OS PROBLEMAS SOCIAIS E A ANTROPOLOGIA URBANA O interacionismo simbólico destaca a importância do indivíduo como intérprete do mundo que o cerca e, consequentemente, desenvolve métodos de pesquisa que priorizam os pontos de vista dos indivíduos com o propósito de compreender as significações que os próprios indivíduos põem em prática para construir seu mundo social. O interacionismo simbólico, ao contrário da concepção durkheimiana, que defende que as manifestações subjetivas não pertencem ao domínio da Sociologia, afirma ser a concepção que os indivíduos têm do mundo social o que constitui o objeto essencial da pesquisa sociológica. Interacionismo simbólico x Teoria dos fatos sociais não poderíamos deixar de citar o francês Lévi-Strauss. O olhar do antropólogo dialoga com a construção de novas dinâmicas sociais.não à toa o autor é classificado como inaugurador ou principal nome da antropologia estrutural O olhar de Lévi-Strauss, mais do que perceber o papel da cultura, percebe a cultura como um elemento imerso na estrutura, sendo ora interpretativo, ora representativo ou ainda legitimador de determinados fenômenos sociais. Strauss propõe não apenas uma diferenciação entre os processos, mas sim uma inerente relação. Natureza + Cultura Lévi-Strauss insistia em demonstrar o peso inerente da natureza, mas de forma alguma a automatização de suas interpretações. Para Lévi-Strauss, essa é a base da própria ideia de vida social, e exemplifica com a proibição do incesto, que marca uma obrigação da troca das mulheres e expressa a passagem do fato natural da consanguinidade para o fato cultural da aliança (DESCOLA, 2011). Resumindo 29 Qual a síntese do debate que aprendemos até aqui? Cultura é parte importante de sociedades humanas. Sempre foi objeto de interesse das pessoas, no entanto, a partir do século XX, ela passou por um processo de organização como campo de pesquisa e conhecimento. Esse processo gerou debate de autores, ajudando-nos a perceber que lidar com cultura, antropologia e sociedade não tem nada de fácil ou automático. MÓDULO 2 1. Caracterizar correntes teóricas da Antropologia durante o século XX Etnocentrismo Quando acreditamos que existe uma forma correta, uma cultura correta, baseada em nossas experiências e todas as outras ou são “estranhas” ou “erradas”. Relativismo Quando buscamos entender a formulação de uma outra lógica, ou outra cultura, entendendo que podem adotar referenciais diferentes. Isso, no entanto, não deve servir para apagar qualquer comportamento. O interacionismo simbólico destaca a importância do indivíduo como intérprete do mundo que o cerca e, consequentemente, desenvolve métodos de pesquisa que priorizam os pontos de vista dos indivíduos com o propósito de compreender as significações que os próprios indivíduos põem em prática para construir seu mundo social. Devido à sua forte preocupação empírica, uma das contribuições mais importantes da Escola de Chicago foi o desenvolvimento de métodos originais de pesquisa qualitativa: a utilização científica de documentos pessoais, como cartas e diários íntimos, a exploração de diversas fontes documentais e o desenvolvimento do trabalho de campo sistemático na cidade – antropologia urbana. Grande parte de seus estudos refere-se aos problemas da imigração e da integração dos imigrantes à sociedade americana, bem como delinquência, criminalidade, desemprego, pobreza, minorias e relações raciais. Grande parte da produção da Escola de Chicago foi orientada por Robert Park, que, antes de se tornar professor de Sociologia em Chicago de 1914 a 1933, foi jornalista durante vários anos, atividade que influenciou seus métodos de pesquisa e de seus discípulos. Park 30 considerava a cidade como o laboratório de pesquisas sociológicas por excelência. Muitas pesquisas de Chicago voltaram-se para um problema candente nos EUA: os conflitos étnicos e as tensões raciais. Pesquisas sobre as comunidades de imigrantes, sobre os conflitos raciais entre brancos e negros, sobre criminalidade, desvio e delinquência juvenil, tornaram a sociologia de Chicago famosa em todo o mundo. Exemplos de pesquisa e que mudam o campo da Antropologia: Frederic Thrasher Sociólogo americano, membro da Escola de Chicago, que inaugura uma nova linha de objetos antropológicos pensando em algo muito perto de seu cotidiano. Publicou, em 1923, sua tese de doutorado sobre as gangues de Chicago. John Landesco Sociólogo americano que continua a apropriar os olhares trabalhados com um forte destaque para a metodologia a ser desenvolvida e que muda a história da Ciência. Publicou, em 1929, uma obra com vasta pesquisa sobre a criminalidade de Chicago a partir de histórias de vida de gângsteres. Clifford Shaw Uma das obras mais famosas da Escola de Chicago, The Jack-Roller: A delinquent boy’s own story, publicada em 1930, é baseada na história de vida de um jovem delinquente de dezesseis anos, Stanley, que Clifford Shaw acompanhou durante seis anos, dentro e fora da prisão. Logo depois, em 1931, Shaw publicou The natural history of a delinquent career, sobre um adolescente acusado de estupro. Edwin Sutherland Em 1937, Edwin Sutherland publicou um estudo, baseado no relato autobiográfico de um ladrão profissional, sobre sua vida cotidiana e suas diferentes práticas (roubo, estelionato, fraude, extorsão etc.). Esses estudos demonstram a preocupação dos pesquisadores de Chicago em analisar os graves problemas enfrentados pela cidade a partir do ponto de vista dos indivíduos. A PESQUISA QUANTITATIVA E A ESCOLA DE CHICAGO O camponês polonês na Europa e na América, 1918-1920, inaugurou o período mais expressivo da sociologia qualitativa de Chicago, que, em 1949, com a publicação de The american soldier, de Samuel Stouffer, deu lugar a um período de crescente utilização de técnicas de pesquisa quantitativa na sociologia norte-americana. Stouffer, desde 1930, 31 defendia a estatística como um método de pesquisa mais eficaz e mais científico do que a história de vida ou o estudo de caso. Em 1929, Shaw e outros pesquisadores publicaram uma obra sobre a delinquência urbana em que recensearam cerca de 60 mil domicílios de “vagabundos, criminosos e delinquentes” de Chicago para demonstrar as taxas de criminalidade em diferentes bairros. E. Burgess, um dos nomes mais representativos da Escola de Chicago, apontava, em 1927, que os métodos da estatística e dos estudos de caso não são conflitivos, mas mutuamente complementares, e que a interação dos dois métodos poderia ser muito fecunda. Dentre os estudos mais representativos dessa corrente estão: Howard Becker Outsiders: estudos de sociologia do desvio (1963), sobre músicos profissionais fumantes de maconha, discute os processos pelos quais os desviantes são definidos como tais pela sociedade que os cerca, mais do que pela natureza do ato que praticam. Erving Goffman A representação do Eu na vida cotidiana (1959), de Goffman, analisa os “desempenhos teatrais” dos atores sociais em suas ações do dia a dia. Os processos migratórios, as relações raciais, os problemas de classe e miséria e as demandas disruptivas já mencionadas caracterizaram-secomo objeto principal dessa corrente antropológica. Essencialmente urbana, a Escola de Chicago escolheu a via criminológica para abordar a cidade. Atenção Há de se notar, também, que o Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago recebeu financiamento de magnatas do período, como John Davison Rockefeller, conhecido empresário do petróleo. A Escola de Chicago foi delimitada como um laboratório de pesquisa social que defendia uma ideia de cidade.O direcionamento da pesquisa sobre delinquência e marginalidade que caracteriza a corrente também orientou uma leitura desses grupos sociais que, segundo seus críticos, reforçou a tendência de exclusão e estabeleceu uma teoria que naturaliza a noção de “crime” e “criminalidade 32 Robert Erza Park em A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio urbano, de 1915, analisou a cidade por meio da ideia de ecologia humana encarada como uma competição pelo espaço, pela via sociológica, na denominada: Teoria da Ecologia Criminal Baseada na ideia de seleção natural de Charles Darwin, entendia que os grupos marginais e o crime seriam resultados da estrutura desorganizada das cidades. Isso serviu de base para uma metodologia criminológica em que: 1 Possibilitava definir as disfunções sociais por uma ideia de “desorganização social”. 2 Era aplicável para identificação e sanção aos grupos marginalizados. Fenomenologia sociológica Busca sua fundamentação na filosofia de Husserl, que faz uma crítica radical ao objetivismo da ciência. Seu argumento é o mesmo de W. Dilthey e Max Weber: os atos sociais envolvem uma propriedade – o significado – que não está presente em outros setores do universo abarcados pelas ciências naturais A fenomenologia quer atingir a essência dos fenômenos, ultrapassando suas aparências imediatas. O pensamento fenomenológico traz para o campo de estudo da sociedade o mundo da vida cotidiana, em que o homem se situa com suas angústias e preocupações. A etnometodologia apoia-se nos métodos fenomenológicos e hermenêuticos com o objetivo de compreender o dia a dia do homem comum na sociedade complexa. Harold Garfinkel, americano vinculado à Universidade da Califórnia, inaugura, na academia americana, o debate de etnicidades e a metodologia para estudar etnias. Estabeleceu as bases metodológicas e o quadro conceitual da etnometodologia em Studies in Ethnomethodology, publicado em 1967 nos EUA. Etnometodologia A teoria aborda uma forma de compreender a prática artesanal da vida cotidiana, interpretada já numa primeira instância pelos atores sociais. Ela procura descobrir as práticas e representações segundo as quais as pessoas negociam, cotidianamente, a sua inserção nos grupos. A sociologia de Garfinkel repousa sobre o reconhecimento da capacidade reflexiva e interpretativa de todo ator social. 33 Resumindo Essas duas escolas, a fenomenologia e a etnometodologia, inserem-se na tradição metodológica qualitativa ao tentar ver o mundo através dos olhos dos atores sociais e dos sentidos que eles atribuem aos objetos e às ações sociais que desenvolvem. MÓDULO 3 ⦁ Analisar, a partir de um olhar antropológico, a cultura brasileira contemporânea por meio do estudo de caso do corpo e da convivência conjugal A Antropologia muda quando entra no campo do capital consolidado, isto é, a realidade urbana modifica as relações sociais quando o mundo passa a ser entendido como um campo de objetos que podem ser comprados – inclusive o corpo, seja como força de trabalho ou objeto. Mais longe, dentro de realidades urbanas, grupos que eram tremendamente limitados a um, dois ou três espaços de interações passam a estar multiplicados de sentidos e meios. Cada um hierarquizado e marcado por novos conjuntos culturais. A Antropologia aplicada ao estudo da cultura brasileira tem sido foco de pesquisas desde a segunda metade do século XX. Como afirmou Marcel Mauss (1974), é através da “imitação prestigiosa” que os indivíduos de cada cultura constroem seus corpos e comportamentos. Para Mauss: O conjunto de hábitos, costumes, crenças e tradições que caracterizam uma cultura também se refere ao corpo. Assim, há uma construção cultural do corpo, com uma valorização de certos atributos e comportamentos em detrimento de outros, fazendo com que haja um corpo típico para cada sociedade. Esse corpo, que pode variar de acordo com o contexto histórico e cultural, é adquirido pelos membros da sociedade por meio da "imitação prestigiosa". Em Nu & Vestido (2002), Goldenberg reuniu resultados de uma ampla pesquisa realizada com 1.279 moradores da cidade do Rio de Janeiro, analisando seus valores e comportamentos; e analisa os arranjos conjugais em nossa sociedade por meio da categoria de corpo. 34 Na pesquisa realizada com homens e mulheres das camadas médias cariocas no início do século XXI, ao perguntar: “O que você mais inveja em uma mulher?” As respostas femininas foram: ⦁ A beleza ⦁ O corpo ⦁ A inteligência “O que você mais inveja em um homem?” As respostas masculinas foram: ⦁ A inteligência ⦁ O poder econômico ⦁ A beleza ⦁ O corpo Só quando proposto aos pesquisados que escrevessem um anúncio com o objetivo de encontrar um parceiro é que esse corpo aparece seguido de alguns adjetivos, como: “bonito”,“forte”,“definido”,“malhado”,“trabalhado”,“sarado”,“saudável”“,atlético Segundo Bourdieu (1988), a cultura da beleza e aparência física, a partir de determinadas práticas, transforma o corpo “natural” em um corpo distintivo: O Corpo. Desde o início deste século, os dados mostram que a brasileira é campeã na busca de um corpo perfeito. o Brasil passa a ser o primeiro do mundo em cirurgia plástica”. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o brasileiro, especialmente a mulher brasileira, tornou-se, logo após o norte-americano, o povo que mais faz plástica no mundo. O que torna o Brasil especial nessa área é o ímpeto com que as pessoas decidem operar-se 35 e a rapidez com que a decisão é tomada. São três as principais motivações para fazer uma plástica: ⦁ Atenuar os efeitos do envelhecimento ⦁ Corrigir aspectos considerados defeitos físicos ⦁ Esculpir um corpo considerado perfeito No Brasil, esta última motivação é a que mais cresce: a busca de um corpo perfeito. O sociólogo francês Pierre Bourdieu (1999) criticou a “dominação masculina”, que estipula: Homens são obrigados a serem fortes, potentes e viris Daí a ênfase com que os homens pesquisados falam da altura, da força física, do tamanho do tórax e do pênis. Mulheres são obrigadas a serem delicadas, submissas, apagadas O que corresponde ao modelo de mulher magra que predomina atualmente Atenção A anorexia parece ter evoluído da condição de patologia para a categoria de “estilo de vida”. Inúmeras páginas pessoais na internet divulgam dicas para aquelas que desejam aderir a um estilo de vida que tem a magreza como modelo a ser seguido. Bourdieu (1999) afirmou que: ⦁ Homens tendem a se mostrar insatisfeitos com as partes de seu corpo que consideram “pequenas demais”. ⦁ Mulheres dirigem suas críticas às regiões de seu corpo que lhe parecem “grandes demais Bourdieu acreditava que a dominação masculina, que constitui as mulheres como objetos simbólicos, tem por efeito colocá-las em permanente estado de insegurança corporal, ou melhor, de dependência simbólica: Elas existem primeiro pelo, e para, o olhar dos outros, como objetos receptivos, atraentes, disponíveis. Delas se espera que sejam “femininas”, ou seja, sorridentes, simpáticas, atenciosas, submissas, discretas, contidas ou até mesmo apagadas. Gilles Lipovetsky (2000) analisou a febre da “beleza-magreza-juventude” que exerce uma 36 “tirania implacável sobre a condição das mulheres”. Lipovetsky acrescentou, ainda, que, de forma contraditória, quanto mais se impõe o ideal de autonomia individual, mais se aumenta a exigência de conformidade aos modelos sociais de corpo. É interessante a ideia de “contrários em equilíbrio”ou “equilíbrio de antagonismos” de Gilberto Freyre (2002). O antropólogo dizia que no Brasil encontra-se o equilíbrio entre realidades tradicionais e profundas: Resumindo A antropologia, vista de forma aplicada, pode expor possibilidades de diversas de entendimento e reflexão social. TEMA 3 Introdução à História Módulo 1 Mito, memória e tempo: o surgimento da história Debater sobre a natureza da história, a especificidade de seu objeto e sua metodologia. Memória e sociedade Na mitologia grega, Urano (céu) e Gaia (terra) tiveram doze filhos – entre eles, Mnemosine (memória), a deusa que opera as engrenagens do esquecimento e da lembrança. Ela se uniu a Zeus; juntos, geraram as nove musas. Entre essas musas, estava Clio (história). Chamada de “a Proclamadora”, Clio teria como missão divulgar e celebrar as realizações. Mitologicamente, portanto, a história é filha da memória. À ausência de memória, dá-se o nome de amnésia. Ela pode surgir por três motivos: 1. Resultado de implicações de ordem psíquica devido a uma perturbação mental. 2. Voluntária: criam-se meios para evitar se lembrar do passado, alterando, por exemplo, uma fonte ou uma narrativa. 37 3. Involuntária: acontecimentos alheios à vontade humana podem destruir ou apagar traços do passado (fontes históricas), como a destruição do patrimônio, a perda de documentos ou a morte de um depositário da memória. Para alguns povos, a memória está conectada à sua história. O povo judeu é identificado como o “povo de memória” no sentido de que diversos rituais evocam o passado e são repetidos incessantemente ano a ano (Festa das Tendas, Festas das Luzes, Purim e Páscoa são alguns exemplos) o cristianismo, que nasce do judaísmo, também é uma religião de lembrança: “fazei isso em memória de mim” é o centro da missa católica que repete o ato de Jesus Cristo na última ceia. Os livros sagrados de ambas as religiões, a Torá e a Bíblia, são compilados de histórias contadas e repetidas por milhares de anos antes de serem transpostas para o papel. Contudo, o objetivo delas é servir de recordação do processo de salvação dos fiéis das respectivas religiões. Sociedades africanas também podem ser incluídas entre os povos de memória. O historiador Amadou Hampaté Bâ, nascido na região que hoje corresponde ao Mali, na África Saariana, explica a importância da tradição oral e da memória para o seu povo em particular e para outros tantos povos africanos, especialmente os do deserto, que, em sua maioria, são pastores e nômades. A memória coletiva se afasta da concepção de memorização mecânica: “enquanto a reprodução mnemônica palavra por palavra estaria ligada à escrita, as sociedades sem escrita [...] atribuem à memória mais liberdade e mais possibilidades criativas.” (LE GOFF, 2003, p.426) História é uma forma de explicar o que aconteceu no passado, embora não seja a única. Como vimos, a memória também é uma dessas formas. Outra ainda mais antiga que a história é o mito. Transmitidos de geração em geração, os mitos serviam como explicação para as coisas sem comprovação, dados e elucidações. A História, como forma de explicação, nasce associada a outras ciências, segundo uma perspectiva que atualmente poderia ser chamada de multidisciplinar. Como, por exemplo: ⦁ Filosofia 38 ⦁ Biologia ⦁ Matemática ⦁ Astronomia Essa característica foi se perdendo, tornando a História uma área particular do conhecimen Outras duas características da História permanecerão em sua escrita por muito tempo. Ela, afinal, nasce com a intenção da busca da “verdade”. Hecateu de Mileto, no século V a.C., se propôs a “escrever o que acho ser verdade, porque as lendas dos gregos parecem muitas e risíveis”, aponta Borges (1981, p. 17) A definição mais comum – da qual certamente você já ouviu falar – sobre História é de que ela é a “ciência do passado". Tal definição é rejeitada por uma série de historiadores que consideram absurdo existir uma ciência que se dedique a estudar o que já aconteceu. O historiador Marc Bloch prefere defini-la como "a ciência dos homens no tempo" a fim de destacar o caráter humano da ciência e de seu principal objeto. A História, portanto, é a ciência que, produzida por pessoas, se detém a investigar a ação humana na sociedade. Para que serve a história? Como apontamos, a resposta mais usual é que a função dela é “conhecer o passado para entender o presente e preparar o futuro”. Vem do filósofo romano Cícero, que viveu no século I a.C., a ideia de História como mestra da vida. Durante a maior parte do passado humano – na verdade, mesmo na Europa ocidental, até o século XVIII – supunha-se que ela pudesse nos dizer como uma dada sociedade, deveria funcionar Passado e presente Vimos anteriormente que muitas vezes, de forma equivocada, o passado é tratado como um modelo (a ser seguido ou evitado) do presente. Do mesmo modo, observamos que a História é definida como o campo de estudo do passado. Segundo o historiador Eric Hobsbawm (2003), o passado é o período anterior aos acontecimentos dos quais um indivíduo se lembra diretamente. Quando existe a necessidade de rememorar um fato acontecido e se recorre a alguém ou a algum tipo de 39 meio (caderno de memórias, documentos civis, fotografias, anotações etc.), aí surge a noção de passado. Atenção! O historiador nunca poderá reconstituir o passado tal qual ele foi Walter Benjamin (1987) explica que articular historicamente o passado não quer dizer conhecê-lo “como ele de fato foi”. Na verdade, significa apropriar-se de uma reminiscência tal como ela relampeja. A cronologia é uma categoria importante para a História, pois a história se dá em determinado tempo que precisa ser bem localizado. Já os testemunhos do passado são amplos e variados. Falamos rapidamente deles antes: são as fontes históricas. é preciso entender que o passado, em si mesmo, não interessa ao historiador e nem mesmo à sociedade. Esse desejo inclui até práticas e pensamentos que já demonstraram ser inviáveis para a humanidade. Exemplo Concepções racistas e xenofóbicas ou ideologias de ordem fascista. O tempo configura um elemento fundamental do conhecimento histórico. Mas o que é o tempo? Há uma sensível dificuldade de se definir o conceito de tempo, embora a sua passagem possa ser percebida e registrada em diversas circunstâncias, como as marcas deixadas na natureza (as estações do ano ou o dia e a noite) e no próprio corpo humano (o processo de envelhecimento) demonstram. o tempo não é algo fixo e imutável. Pelo contrário: ele evoca a ideia de ciclos e mudanças Na contemporaneidade, o calendário mais utilizado, o gregoriano, divide o tempo a partir do movimento de translação da Terra; por conta disso, o ano possui 365 dias. Esse calendário é fortemente marcado pelo cristianismo: primeiramente, por definir uma contagem de eras dividida entre o tempo antes e depois de Cristo; em segundo lugar, por incluir uma série de demarcações do tempo a partir das celebrações religiosas, levando a sociedade a organizar suas vidas nesse contexto. Mesmo quem não segue as religiões cristãs acaba sendo influenciado por essa demarcação do tempo. Exemplo Os feriados religiosos que se impõem sobre o calendário civil. 40 Não raro, muitos povos acabam convivendo com mais de um calendário: um rege a vida civil, enquanto outro organiza sua vida religiosa ou de tradição de origem, como é o caso de judeus e dos chineses. Exemplo O ano de 2021, no calendário gregoriano, corresponde a 5781 no calendário judaico e a 4719 no calendário chinês. O calendário judaico começa a sua contagem no ano da suposta criação de Adão. Além disso, a contagem de tempo é lunissolar: os meses são contados a partir dos ciclos lunares; os anos, a partir dos ciclos solares. Desse modo, os anos podem variar de 12 a 13 meses com 29 ou 30 dias. Esse calendário tem uma função essencial para demarcar nascimentos, mortes e outras celebrações judaicas. Já o calendário chinêsé lunissolar, ou seja, é organizado de acordo com as fases da Lua e a posição do Sol. Por isso, o ano novo chinês tem início na primeira lua nova. Outra forma de se demarcar o tempo, além da cronológica, é defini-lo a partir das experiências humanas na sociedade. Tempos de guerra, a era das revoluções e a Antiguidade, entre outros, são alguns exemplos nos quais se pode olhar para o passado e entendê-lo sob o prisma das experiências humanas. O tempo histórico, no entanto, se diferencia do cronológico, pois a marcação de sua passagem não se deve aos movimentos lunares ou solares, e sim à sucessão de acontecimentos que se dão no plano da curta, média ou longa duração. Entenda cada um deles. Curta duração Refere-se ao “tempo breve, ao indivíduo, ao evento”. Está presente na narrativa factual, destacando sobretudo os eventos políticos e os “heróis”. Em termos numéricos, esse tempo pode se referir a um dia e/ou a alguns poucos anos. Média duração Conjuntura de vários anos ou décadas. O que chama a atenção, por exemplo, não é uma revolução ou uma guerra (ou uma decisão de um político), e sim um conjunto de elementos que nos permite ver o movimento histórico por meio do crescimento demográfico, do movimento dos salários ou do volume da produção agrícola ou industrial. Longa duração Análise que compreende um conjunto mais amplo de décadas ou séculos, pois a realidade 41 se altera em uma velocidade muito lenta, quase imperceptível (BRAUDEL, 2007, p. 44-49). Tempo cíclico Presente em narrativas míticas e religiosas, possui a ideia de eterna repetição, em que a ação humana terá sempre as mesmas consequências, ainda que em lugares e povos distintos. Tempo linear Contempla a ideia de progresso e mudança. No tempo linear, os acontecimentos históricos se dão em sequência evolutiva, abarcando de igual modo diferentes povos e sociedades. Múltiplas temporalidades Implica reconhecer que sociedades, povos e culturas possuem histórias diferentes que ora podem se cruzar, ora seguem trajetórias próprias, incluindo a própria ideia de história como processo. modulo 2 O conhecimento histórico e seus fundamentos Para o historiador Carlo Ginzburg (2007), uma afirmação falsa, uma verdadeira e uma inventada não apresentam, do ponto de vista formal, nenhuma diferença. O que vai distinguir uma das outra é a intenção de quem produz a narrativa e a maneira com que usa as fontes: enquanto a narrativa inventada corresponde ao que é produzido intencionalmente para ser uma ficção (e assim é reconhecida), a falsa manipula os testemunhos do passado a fim de querer se passar como verdade. Atenção! Não existe pesquisa histórica isenta, já que o historiador sempre é impulsionado pela sua concepção de história, como, por exemplo, o processo de seleção de fontes e a escolha do objeto da pesquisa e da maneira como constrói a narrativa. Durante muito tempo, os historiadores tiveram receio em adotar o conceito de verdade em 42 suas pesquisas para evitar um caráter supostamente elitista de domínio do conhecimento ou levar o debate para um contexto excessivamente filosófico acerca dela. Contudo, nos últimos 50 anos, o conceito de verdade passou a fazer parte dos debates historiográficos de uma forma mais aberta por duas razões: 1. Posicionar-se de modo frontalmente contrário à interpretação histórica da escola metódica. 2. Ampliação do alcance da internet e da popularização das redes sociais e aplicativos de conversa: é possível ver de maneira crescente a tentativa de se relativizar a história a partir do crescimento avassalador de distorções históricas, negacionismos e revisionismos, que são resultado da propagação de fake news históricas difundidas por meios diversos. Pierre Vidal-Naquet (1988) explicou essa estratégia nos anos 1980, período no qual ele via ressurgir movimentos fascistas na Europa. Para o autor, o negacionismo não tenta apagar o passado ou escrever uma “nova verdade”. Ele, na verdade, precisa do passado para relativizar fatos e adulterar dados com o propósito de construir uma narrativa enganosa, pois uma mentira, uma história inventada, é facilmente detectável. Como alerta Eric Hobsbawm (1998), poucas ideologias intolerantes foram construídas com base em mentiras ou ficções, isto é, sem nenhuma evidência. O abuso ideológico mais comum da história são o anacronismo e a distorção das informações. Atribui-se a Heródoto e Tucídides o ponto de partida desse processo de registro. Durante séculos, a escrita da história oscilou entre estilos muito diversos, desde a hagiografia e a história dos governos/reinos e impérios até um trânsito com a Filosofia e a Teologia. Contudo, no século XVIII, com o advento do Iluminismo, a produção historiográfica começou a se aproximar do que se conhece hoje em dia após passar por uma forte mudança de caráter teórico e metodológico, culminando com sua cientificização no século seguinte. No século XIX, muitas ciências se constituíram – entre elas, a Sociologia, a Antropologia e a História. Até esse momento, a história era escrita a partir de uma das três grandes correntes: história de base humanista 43 Inspirada em Cícero e Heródoto, ela tinha uma forte inspiração na retórica e na eloquência da escrita de tucídides.Constituidas como''mestre da vida''e modelo de comportamento, a história de base humanista deveriater uma ultilidade prática na vida sde seu leitor. História erudita Surgiu como um ''novo humanismo'', dando ênfase àsdescrições de instituições,costumes,cultos leis e financças.Isso levou a história a abandonar o caracter meramente estatístico das narrativas de história política. História filosófica A busca pela verdade produziu a noção de ffato histórico a partir da crítica, da desconfiança e da triagem de decumentos.Impulsionada pelo ilusionismo, a história filosófica procurou encontrar nos fatos uma ordem''racional'' e uma idéia de''progresso '' na evolução de dados,o que caberia à memoria. A principal mudança da história a partir do século XIX foi deixar de ser considerada uma crônica baseada em testemunhos das gerações anteriores tomados como verdades inquestionáveis. A evolução na escrita da história deu-se com a incorporação de uma base de caráter metódico-documental também chamada de historiografia "positivista". Contudo, a historiografia positivista é a dos "fatos", isto é, da valorização dos documentos e da narrativa. Sujeita a um "método", ela pode ser chamada, por isso, de "escola metódica" (MARTINS, 2010). , a história também se viu impactada pelo caráter cientificista tanto alemão quanto francês em ascensão no século XIX, reformulando de vez a produção historiográfica. Mas, afinal de contas, a História é uma ciência? Para alguns historiadores, ela é uma ciência que se distingue das demais por ser, ao mesmo tempo, arte. A História é ciência ao coletar, achar e investigar, mas também é arte ao dar forma ao colhido, ao conhecido e ao representá-lo. Enquanto as outras ciências satisfazem- se com a ideia de mostrar o achado, ela se interessa em “reconstituir” e analisar o processo nos quais os acontecimentos se deram. A História ensinada somente no século XIX a História passa a ser ensinada como um campo específico do conhecimento. Antes disso, era ministrada como parte de outras ciências, como a Filosofia, 44 a Gramática e a Catequização. No entanto, o contexto de instituição da História como campo de ensino se deu com o objetivo de colaborar com o processo de formação e reconhecimento das nações que se organizavam naquele momento. Sua finalidade era estimular o sentimento de patriotismo. Já as características da História, segundo Falcon (1997, p. 65), eram: 1. O Estado-nação como tema central tanto da investigação quanto da narrativa históricas. 2. A crítica erudita das fontes elemento essencial para desenvolver o método histórico, garantia da cientificidade do conhecimento. 3. Introdução dos conceitos de história como singular coletivo em conexão com o
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