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As desigualdades entre os homens

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1.Interpretando as desigualdades 
1.1Thomas Hobbes 
1.2John Locke 
1.3Edmund Burke 
1.4 Jean-Jacques Rousseau 
2.Desigualdade: a pobreza como fracasso 
3.A desigualdade como produto das relações 
sociais 
Os Homens são diferentes entre si. 
Diferenças se expressam: 
No plano das coisas materiais, da religião, da 
personalidade, da inteligência, do físico, da raça, do 
sexo, da cultura. 
Existem diferenças entre as pessoas que 
constituem uma sociedade. Por que? 
Porque cada sociedade gera formas de 
desigualdades específicas, que são os resultados de 
como essas sociedades se organizam. 
As desigualdades assumem feições distintas 
porque são constituídas a partir de um conjunto de 
elementos econômicos, políticos e culturais 
próprios de cada organização social. 
As desigualdades se manifestam de um modo 
diferente no Brasil, nos Estados Unidos, na Índia, 
Europa... 
Séc.XVI a XVIII – transição do feudalismo para o 
capitalismo: 
-Profundas transformações vinculadas à produção 
e ao trabalho; 
-Novas condições políticas, jurídicas e culturais 
(renascimento). 
Surgiram questionamentos sobre os fundamentos 
das desigualdades. 
HOBBES (1588-1679) 
LOCKE (1632-1704) 
THOMAS HOBBES 
Definia o estado de natureza: estágio no qual o 
homem se encontrava entregue às suas próprias 
paixões (competição, vaidade, desconfiança etc.), 
o que o levava a um comportamento anti-social. 
“O homem é o lobo do homem”. 
No estado de natureza, “a utilidade é a medida do 
direito”. Isso significa que, levado por suas paixões, 
o homem precisa conquistar o bem, ou seja, as 
comodidades da vida, aquilo que resulta em prazer. 
Hobbes afirma que “todos os homens são 
naturalmente iguais”. 
Essa igualdade baseia-se no desejo universal de 
autopreservação, isto é, da procura do que é 
necessário e cômodo à vida. Com isso fica 
estabelecido um direito fundamental de 
autoconservação. 
Como todos os homens seriam dotados de força 
igual (pois o fisicamente mais fraco pode matar o 
fisicamente mais forte, lançando mão deste ou 
daquele recurso), e como as aptidões intelectuais 
também se igualam, o recurso à violência 
generaliza-se e complica-se, cada qual elaborando 
novos meios de destruição do próximo, com o que 
a vida se torna “solitária, pobre, sórdida, 
embrutecida e curta”, na qual cada um é lobo para 
o outro, em guerra de todos contra todos. 
Assim, o estado natural exige uma saída com base 
no próprio instinto de conservação da vida. 
Deixado a si, o instinto de conservação é abertura 
para a violência que o reitera e, ao mesmo tempo, 
para a paz tática que prometa conservação. 
É esse o campo da lei natural. 
A concepção que Hobbes tem do estado de 
natureza distancia-o da maior parte dos filósofos 
políticos que acreditam haver no homem uma 
disposição natural para viver em sociedade. 
Para Aristóteles- o homem é um animal social e já 
está naturalmente incluído numa ordem ideal. 
Para Hobbes, os indivíduos entram em sociedade 
só quando a preservação da vida está ameaçada. 
Os homens não vivem em cooperação natural, 
como o fazem as abelhas. 
Guiado pela razão, o instinto de conservação 
ensina que “é preciso procurar a paz quando se 
tem a esperança de obtê-la”, pois a vida de cada 
um estaria sempre ameaçada se cada qual tudo 
fizesse para exercer seu poder sobre todas as 
coisas. 
Não sendo possível a paz, “é preciso procurar em 
toda parte os recursos para a guerra, sendo lícito 
empregá-los”. 
De qualquer modo, a paz é a dimensão mais 
compatível com o instinto de conservação. 
Nesse sentido, os homens são levados a 
estabelecer contratos entre si. 
O contrato é “uma transferência mútua de direito”. 
O pacto, isto é, a promessa de cumprir o contrato, 
vale enquanto a conservação da vida não estiver 
sendo ameaçada. 
Assim, a paz imprescindível à conservação da vida 
que a razão solicita cria o pacto social e, através 
deste, o homem é introduzido em uma ordem 
moral. 
Para Hobbes, o pacto social, sendo artificial e 
precário, não é suficiente para assegurar a paz, pois 
sempre existiriam pessoas que, acreditando saber 
mais do que as outras, poderiam desencadear 
guerras civis, a fim de conquistar o poder só para 
elas. 
Tal consequência somente poderia ser evitada se 
cada homem submetesse sua própria vontade à 
vontade de um único homem ou a uma assembleia 
determinada. 
O escolhido para exercer o poder deveria ser 
totalmente seguido pelos componentes do corpo 
social no que se refere aos problemas da paz geral. 
Um tal poder só seria capaz de corresponder à sua 
finalidade se exercido despoticamente. 
Esse poder não eliminaria a luta competitiva entre 
os indivíduos, mas a colocaria sob controle da lei e 
da ordem. 
 
JOHN LOCKE 
Para Locke, no estado natural “nascemos livres na 
mesma medida em que nascemos racionais”. 
Os homens, por conseguinte, seriam iguais, 
independentes e governados pela razão. 
No estado natural todos os homens teriam o 
destino de preservar a paz e a humanidade e evitar 
ferir os direitos dos outros. 
Entre os direitos que Locke considera naturais, está 
o de propriedade, que seria anterior à sociedade 
civil, mas não inato. 
Origem do direito de propriedade: está na relação 
concreta entre o homem e as coisas, através do 
processo de trabalho. 
Se, graças ao trabalho o homem transforma as 
coisas, ele adquire o direito de propriedade:” todo 
homem possui uma propriedade em sua própria 
pessoa”. 
Locke sustenta a tese de que o trabalho é a origem 
e o fundamento da propriedade. 
As coisas sem trabalho teriam pouco valor, e seria 
mediante o trabalho que elas deixariam o estado 
em que se encontram na natureza, tornando-se 
propriedades. 
O homem teria abandonado o estado natural e 
criado a sociedade política, através de um contrato 
não entre governantes e governados, mas entre 
homens igualmente livres. 
O objetivo do pacto seria a preservação da vida, da 
liberdade e da propriedade, bem como reprimir as 
violações desses direitos naturais. 
Assim, em oposição às ideias de Hobbes, Locke 
acredita que, através do pacto social, os homens 
não renunciam aos seus próprios direitos naturais. 
Para Locke, as desigualdades eram justificadas 
como inerentes às próprias condições de existência 
social e política dos indivíduos. 
Para Locke, os homens eram livres e iguais na 
medida em que tinham propriedades a zelar. 
A noção de proprietário não se apresentava 
vinculada apenas à posse material. Ser 
proprietário, na teoria individualista do século XVII, 
significava ter antes de tudo a propriedade de si 
mesmo. 
Ante a emergência da sociedade capitalista, exigia-
se que o indivíduo se apresentasse como 
proprietário, se não de instrumentos de trabalho, 
meios de produção etc., pelo menos de suas 
capacidades físicas e mentais (sua força de 
trabalho) para negociar com o patrão em 
condições de igualdade. 
Assiste-se com Locke, ao estabelecimento de um 
conjunto de artifícios políticos para a proteção de 
determinados interesses em nome dos interesses 
de todos os indivíduos. 
Surgem leis para regulamentar a relação 
contraditória e desigualitária que florescia com o 
desenvolvimento do capitalismo. 
 
VOLTANDO A INTERPRETAÇÃO DE 
DESIGUALDADES... 
As desigualdades tornavam-se cada vez mais 
presentes no cotidiano da sociedade; 
Nas cidades europeias, a ideia de igualdade estava 
ganhando nova dimensão, que teria sua máxima 
nos postulados do liberalismo do século XVIII de 
que todos os homens são iguais perante a lei. 
Europa – século XVIII – a discussão girava em torno 
da relação entre propriedade, liberdade e 
desigualdade. 
EDMUND BURKE (1729-1797) – afirmava que a 
propriedade garantia a liberdade, mas exigia a 
desigualdade. 
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) enfatizava 
que a liberdade só tinha sentido se se baseasse na 
igualdade. 
Rousseau desenvolve a discussão sobre o contrato 
social, deixando claro que a igualdade é 
fundamentalmente jurídica. 
A desigualdade, por outro lado, condena os 
homens a não-liberdade. A lei era a base de sua 
teoria, que consideravaa obrigatoriedade de os 
homens serem iguais perante ela. 
Rousseau afirma que a desigualdade social era um 
fenômeno gerado pela própria sociedade e não 
uma condição natural, apesar de existirem as 
desigualdades de natureza física e psíquica. 
Para Rousseau, os homens eram livres e iguais e o 
contrato social era uma forma de selar o pacto de 
submissão de todos os indivíduos e dos 
governantes de uma sociedade à vontade geral. 
Começava a se desenvolver, assim, a ideia de bem 
comum. 
Rousseau preocupava-se com as formas de 
perpetuação da própria desigualdade – por isso 
suas análises e discussões sobre o papel 
desempenhado pelas instituições no processo de 
manutenção e reprodução das condições 
desiguais. 
A questão básica no pensamento de Rousseau 
referia-se à igualdade moral e legítima, a qual 
estabelecia a possibilidade de uma sociedade que 
tivesse como base a igualdade jurídica de todos os 
seus membros. 
 
A partir do século XVIII - o desenvolvimento da 
industrialização – propiciou o crescimento 
econômico capitalista; as relações entre o capital e 
o trabalho se consolidaram; 
O liberalismo também se consolidou. 
Liberalismo tinha como base a defesa da 
propriedade privada, a liberdade de comércio, a 
igualdade perante a lei. 
Concepção de sociedade e de homem que vigorava 
na sociedade medieval estava sendo 
absolutamente transformada. 
O capitalista – o homem de negócios – era exaltado 
como uma virtude burguesa, pois ele realizaria a 
riqueza para o bem de toda a sociedade. 
Era necessário dar-lhe todas as credenciais, pois o 
enriquecimento particular beneficiaria todos os 
indivíduos. 
O homem de negócios – expressão do sucesso – 
deveria ser aclamado e servir de modelo para a 
sociedade como um todo. 
Riqueza – mostrada como fruto do trabalho e a 
todos acessível por intermédio do trabalho. 
Pobreza – indicador fundamental das 
desigualdades – é produto do fracasso pessoal, e a 
sociedade não é responsável por sua existência. 
POBRES – teriam que colaborar para a preservação 
dos bens dos ricos, uma vez que estes lhes davam 
trabalho; 
– Não deveriam se revoltar contra sua situação 
para não criar dificuldades para os patrões, que 
não eram culpados de serem ricos. 
– Deveriam preservar os bens de seus patrões, tais 
como máquinas e ferramentas. 
– Viviam sob a ideia de que Deus os vigiava 
constantemente no seu trabalho, portanto, perder 
tempo na execução de suas tarefas era roubar o 
patrão que lhes estava pagando por uma jornada 
de trabalho. 
– Deveriam ter paciência, religiosidade e seriedade 
como forma de aceitação das novas regras morais 
que estavam se estabelecendo. 
 
POBREZA- até o séc. XVII era justificada em nome 
da ausência de graça divina, agora, combinavam-se 
o fracasso e a ausência de graça. 
Edmund BURKE- expoente do liberalismo inglês – 
no séc. XVIII, ao discutir se o governo e os ricos 
deveriam ou não atender às necessidades dos 
pobres, argumentava que ninguém poderia ajudá-
los, uma vez que a providência divina os havia 
abandonado. 
REFORMA PROTESTANTE - teve papel importante 
na justificativa do conjunto de valores que 
embasaram a nova concepção de riqueza e de 
pobreza que se desenvolveu no século XVIII. 
A Igreja Protestante incumbiu-se de inculcar nos 
indivíduos a ideia de que todos deveriam trabalhar 
incessantemente, pois essa era uma das formas de 
se alcançar a salvação eterna. 
POBREZA – era apresentada também como 
necessária, já que sem ela não haveria riqueza; 
Era justificada como uma situação contra a qual 
nada poderia ser feito, senão aceitá-la. 
A aceitação era básica para que houvesse 
obediência e disciplina. 
THOMAS ROBERT MALTHUS (1766-1834) – 
afirmava que não adiantava pagar altos salários aos 
pobres, pois isso os levaria à bebedeira e a outros 
gastos supérfluos que, além de não eliminarem a 
pobreza, incentivariam a desordem e a 
desobediência. 
BURGUESIA – tinha a preocupação de não permitir 
que o pobre deixasse de existir, uma vez que ele 
era uma das condições para a existência dos ricos. 
Os salários deveriam ser pagos de tal forma que o 
pobre não deixasse de ser pobre. 
VOLTAIRE (1694-1778) 
Afirmava que, para o pobre trabalhar 
constantemente, ele deveria ter os seus ganhos 
limitados, ou seja, nunca poderia ter um salário 
acima de suas necessidades básicas, pois se isso 
ocorresse ele não mais se sujeitaria ao trabalho. 
IDEÓLOGOS da classe burguesa – séc. XVIII- 
apresentavam as desigualdades sociais não como 
decorrentes do conjunto de atividades e condições 
materiais vigentes, mas como decisão própria 
daqueles que não aceitavam se submeter às 
condições do próprio trabalho. 
Séc. XIX – teorias críticas às explicações sobre 
desigualdades sociais até então desenvolvidas. 
KARL MARX –desenvolveu ampla crítica sobre a 
noção de liberdade e igualdade do pensamento 
liberal, destacando que essa liberdade consistia, na 
verdade, na liberdade de compra e venda e 
representava uma tentativa de justificar as 
relações capitalistas e seus processos de 
apropriação e dominação. 
Igualdade jurídica também foi criticada porque se 
baseava na necessidade intrínseca do capitalismo 
de apresentar todas as relações como fundadas em 
normas jurídicas. 
Marx criticava o liberalismo que expressava os 
interesses de uma determinada classe social e não 
os da sociedade como um todo. 
Segundo Marx, a sociedade é produto de 
atividades humanas que podem ser definidas como 
ações recíprocas dos homens. Essas ações são de 
naturezas diversas, e, portanto, múltiplas 
assumindo por isso feições diferentes. As ações 
recíprocas entre os homens é que tornam a 
sociedade possível. 
A multiplicidade dessas relações acarreta 
diferentes formas de organização social, que 
definem como o social se constitui, evidenciando 
que os indivíduos são seres sociais. 
Marx considera a desigualdade social como 
produto de um conjunto de relações pautado na 
propriedade como um fato jurídico, mas também 
político. 
Resumindo: a questão da dominação que garante 
a manutenção e a reprodução dessas condições 
desiguais, embasa suas reflexões. 
Desigualdades sociais – frutos / produtos das 
relações sociais contraditórias – manifestam-se na 
forma de apropriação e dominação, ou, em outras 
palavras, num sistema de organização social no 
qual uma classe produz e outra se apropria do 
produto desse trabalho. 
Essa situação torna evidentes as contradições 
entre as duas classes fundamentais do modo de 
produção capitalista – a classe operária e a classe 
burguesa – e garante a dominação política da 
burguesia sobre o proletariado. 
Vida social – produz e reproduz a todo instante e 
nos níveis econômicos, políticos e culturais, uma 
multiplicidade de relações contraditórias que, por 
sua vez, são responsáveis pela manutenção das 
desigualdades sociais. 
Desigualdades sociais são fabricadas pelas relações 
econômicas, sociais, políticas e culturais. 
Não são apenas econômicas, mas também 
culturais, pois expressam concepções de mundo 
diferentes, de acordo com a classe social

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