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Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina DEFINIÇÃO Doença infecciosa, não contagiosa, causada pela ação da toxina do Clostridium tetani sobre as células nervosas do SNC. OBS: É uma doença de notificação compulsória e imunoprevinível. EPIDEMIOLOGIA Doença de distribuição mundial, especialmente em países de menor desenvolvimento socioeconômico e onde há menor cobertura vacinal. Maior parte em indivíduos acima dos 60 anos, que não fazem dose de reforço da vacina antitetânica. ETIOPATOGENIA O C. tetani é uma bactéria gram-positiva obrigatoriamente anaeróbia. Resiste a condições adversas de dessecamento, temperaturas extremas, etanol, fenol e formalina sob a forma de esporos. OBS: Esporos inativados por: iodo, fluteraldeído, peróxido de hidrogênio e autoclave 121ºC. Os esporos estão presentes em vários lugares, e portas de entrada (soluções de continuidade na pele ou mucosas) associadas a condições de anaerobiose permitem a infeção. A doença é causada por duas toxinas principais, produzidas pela forma vegetativa do micro- organismo, em anaerobiose: Tetanolisina: ação desconhecida. Tetanospasmina: responsável pela maior parte das alterações clínicas. A toxina, após penetração da bactéria no músculo e/ou em tecidos moles perilesionais vai até a junção neuromuscular penetra no axônio dos neurônios motores sistema axonal de transporte retrógrado da toxina para o SNC corno anterior da medula espinal penetra em axônios de neurônios inibidores, bloqueando a liberação dos NTs glicina e GABA Sem a liberação dos neurotransmissores inibitórios, há aumento na frequência de disparos do neurônio, aumentando as contrações de musculatura agonista e antagonista, levando aos espasmos musculares. A fixação da toxina nesses terminais axonais é irreversível, com efeitos durando cerca de 3 semanas. OBS: A fisiopatogenia da disautonomia é desconhecida. SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADE: A susceptibilidade é universal e a doença não confere imunidade. Porém, os filhos de mães imunes apresentam imunidade passiva e transitória até 4 meses. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Importante lembrar que o período de incubação médio do tétano acidental é de 10 dias, podendo variar de 2 a 21 dias. Quanto menor o período de incubação, pior o prognóstico do paciente. Principal porta de entrada: trauma em MMII Outras portas de entrada: traumas gerais, traumas com material enferrujado, queimaduras, pé diabético, gangrena gasosa, úlceras (infectadas ou não), infecções de ouvido médio, aborto séptico, infecções dentárias. OBS: Em 15-25% dos pacientes não se encontra o foco. São quatro as formas clínicas: Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina TÉTANO GENERALIZADO: Forma clínica mais comum, iniciando geralmente com trismo e risus sardonicus. Também apresenta: Manutenção do nível de consciência Hipertonia muscular Espasmos dolorosos (posição em opistótono) Insuficiência respiratória aguda Disautonomia Rigidez abdominal (Riso sardônico e Trismo) TÉTANO LOCALIZADO: É a forma cônica da doença. Apresenta-se como espasmo muscular localizado na região do ferimento onde ocorreu a inoculação. Pode apresentar resolução espontânea e reflete imunidade parcial à toxina tetânica. TÉTANO CEFÁLICO: Forma localizada de tétano que leva ao acometimento da musculatura inervada pelos nervos cranianos. Apresenta-se como: paralisia facial ipsilateral ao foco (ou bilateral), trismo, rigidez de nuca, disfagia e hipertonia da musculatura da mímica. TÉTANO NEONATAL: Ocorre em RN, filhos de gestantes não adequadamente vacinadas. O risco é maios quando o parto é domiciliar, e em áreas rurais (o risco materno também é elevado). Geralmente a contaminação ocorre pelo coto umbilical, e a mortalidade é cerca de 90%. Inicia geralmente com dificuldade de amamentação e evolui para hipertonia. DIAGNÓSTICO É clínico! Um achado laboratorial comum: aumento da CPK pela contratura muscular, mas pouquíssimo específico. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: Hipocalcemia, intoxicações exógenas (estriquinina, metoclopramida, por neuroepilépticos), meningites, raiva, afecções dentais e periodônticas, histeria. TRATAMENTO Paciente sempre irá para unidade de tratamento intensivo. Relaxamento muscular com sedação: Lembrar que paciente mantém-se consciente, e sedação ajuda em casos de dificuldade de ventilação, espasmos (abolir perceptividade), dor da hipertonia. Realizada com benzodiazepínicos, podendo-se usar ainda: curare, baclofeno e barbitúricos. Catéter central, sonda vesical de demora Sonda nasogástrica: Somente colocar se pacientes estiver intubado ou traqueostomizado. Traqueostomia somente após IOT Manejo da disautonomia: Com nitroprussiato de sódio, volume, dopamina, adrenalina. Neutralização da toxina tetânica: Realizar preferencialmente a imunoglobulina antitetânica IM, na lesão perilesional após desbridamento do foco de infecção (contraindicado no tétano neonatal). Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina Em caso de indisponibilidade, fazer o soro antitetânico. Antibioticoterapia: Fazer metronidazol ou penicilina cristalina. Alternativas só são justificadas na ausência de ambos. Vacinação COMPLICAÇÕES Decorrentes da internação em UTI Paralisia diafragmática, mais à direita Paralisia bilateral do abdutor de cordas vocais Fraturas de vértebras e traumatismo de língua Tétano neonatal: alterações do desenvolvimento neuropsicomotor PROFILAXIA Em casos de exposição de risco, a conduta básica inclui limpeza adequada e a desinfecção da lesão utilizando soro fisiológico e substância antisséptica, além de debridar o foco da infecção. Precisa avaliar 2 fatores para realizar profilaxia do tétano: status vacinal prévio e características do ferimento. Ferimento com risco aumentado: Lesões profundas ou superficiais contaminadas, corpos estranhos ou tecido sem vida, queimaduras, feridas puntiformes, por arma branca ou de fogo, mordeduras, politraumas e fraturas expostas. Ferimento com risco mínimo: Lesões superficiais, limpas, sem corpo estranho ou tecidos sem vida. FERRAMENTAS DE PROFILAXIA: Vacina dT e Imunoglobulina ou Soro Antitetânico A desvantagem do uso de SAT está relacionada às reações de hipersensibilidade, variando desde as de leve intensidade (prurido, rubor cutâneo, urticária), reações moderadas (tosse seca, rouquidão, broncoespasmo, náuseas e vômitos), às reações graves e fatais (choque anafilático). OBS: A vacina DT indicada para crianças de até sete anos contém a mesma quantidade dos toxoides de difteria e tétano. Já a vacina dT, que é indicada para maiores de sete anos e a cada dez anos para o resto da vida, é composta de quantidades menores de toxoides diftéricos. OBS: Esquemas de profilaxia na próxima página! Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina
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