Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Raf aela Filomena Alves Guimarães Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto. Design lnstrucional. Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. CÓPIA DE AVALIAÇÃO ADQUIRA O EXEMPLAR IMPRESSO NO SITE DE SUA INSTITUIÇÃO Imagens de ícones/capa:© Shutterstock ' ' , <'l.O , ' ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado . ..á\ 'fi?- 1 EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Sistema Elétrico de Potência (SEP) Obietivos da unidade ........................................................................................................... 12 Definição, origem e evolução tecnológica de um SEP ................................................. 13 Geração, transmissão e distribuição (GTD) ................................................................ 13 Geração ............................................................................................................................. 17 Transmissão ...................................................................................................................... 30 Distribuição ...................................................................................................................... 31 Aspectos tecnológicos ................................................................................................... 33 Leis básicas de sistemas trifásicos .................................................................................. 36 Representação do sistema elétrico de potência ....................................................... 36 Leis básicas de sistemas trifásicos em regime permanente ................................... 38 Tipos de ligação ............................................................................................................... 39 Componentes simétricas ................................................................................................ 42 Regime permanente ........................................................................................................ 45 Parâmetros de linhas de transmissão . ............................................................................. 47 Resistência ....................................................................................................................... 47 Condutores simples e múltiplos .................................................................................... 51 Sintetizando ........................................................................................................................... 55 Referências bibliográficas ................................................................................................. 56 Unidade 2- Parâmetros de Linhas de Transmissão - Impedância e Capacitância. Obietivo da unidade ............................................................................................................. 58 Indutância .............................................................................................................................. 59 Cálculo do parâmetro indutância ................................................................................. 61 Fluxo concatenado com a corrente em um condutor ............................................... 64 Componente externa do fluxo concatenado ............................................................... 66 Indutância de uma linha monofásica a dois fios ........................................................ 67 Fluxo concatenado em linhas trifásicas ...................................................................... 69 Tabelas de fabricantes ................................................................................................... 71 Indutância de linhas trifásicas com espaçamento simétrico .................................. 74 Indutância de linhas trifásicas com espaçamento assimétrico .............................. 74 Cabos múltiplos ................................................................................................................ 77 Capacitância ......................................................................................................................... 79 Campo elétrico de um condutor .................................................................................... 79 Diferença de potencial entre dois pontos devido a uma carga .............................. 80 Capacitância de uma linha a dois fios ......................................................................... 80 Capacitância de uma linha trifásica com espaçamento simétrico ......................... 84 Capacitância de uma linha trifásica com espaçamento assimétrico .................... 86 Cabos múltiplos ................................................................................................................ 88 Impedância e susceptância de sequência ...................................................................... 89 Indutância de linhas trifásicas ...................................................................................... 89 Capacitância de linhas trifásicas ................................................................................. 90 lmpedância/susceptância utilizando as componentes simétricas ......................... 90 Circuito sem indutâncias mútuas ................................................................................. 91 Circuito omm indutâncias mútuas ................................................................................ 93 Sintetizando ........................................................................................................................... 99 Referências bibliográficas ............................................................................................... 100 SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Unidade 3 - Modelos de representação de linhas de transmissão Obietivos da unidade ......................................................................................................... 102 Modelos de linha de transmissão ................................................................................... 103 Linha de transmissão: teoria básica .......................................................................... 103 Uso da transformada de Laplace ................................................................................ 107 Linha semi-infinita: o conceito de onda viajante ..................................................... 109 Linhas finitas: reflexões em descontinuidades ....................................................... 112 Comportamento das ondas em descontinuidades .................................................. 113 Efeito Ferranti ................................................................................................................ 119 Representação dos geradores de energia .................................................................... 120 Reatância subtransitóriaX"s ........................................................................................ 120 Reatância transitória x· s ................................................................................... ............ 121 Reatância síncrona Xs .................................................................................................. 121 Representação matricial das redes elétricas de potência ........................................ 122 Formulação básica ....................................................................................................... 123 Modelagem de linhas, transformadores, geradores e carga ................................ 126 Matrizes de rede ................................................................................................................. 128 Matriz de admitâncias nodais .................................................................................... 128 Montagem da matriz de admitâncias nodais ............................................................ 130 Sintetizando ......................................................................................................................... 133 Referências bibliográficas ............................................................................................... 134 SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Unidade 4 - A matriz impedância de barra Obietivos da unidade ......................................................................................................... 137 A matriz impedância de barra .......................................................................................... 138 Montagem da matriz de impedâncias nodais ........................................................... 139 Obtenção por inversão de V 8ARRA ................................................................................. 139 Significado físico dos elementos de Z 8ARRA ............................................................... 140 Solução de sistemas de equações lineares ............................................................. 142 Estudo de fluxo de potência em redes em malha .................................................... 145 Equivalente reduzido do sistema ................................................................................ 148 Elementos de transferência ......................................................................................... 149 Adições radiais .............................................................................................................. 150 Operação ótima e segura do sistema de transmissão ................................................ 151 Os estados de um sistema de potência ..................................................................... 153 Avaliação da segurança: análise de contingências ............................................... 155 Sintetizando ......................................................................................................................... 163 Referências bibliográficas ............................................................................................... 164 SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Os sistemas elétricos de potência são considerados os maiores e mais com plexos sistemas dinâmicos já construídos pelo homem. São constituídos por geradores, torres de transmissão, redes de distribuição e cargas conectadas entre si para desempenhar as funções de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica. Essa estrutura deve garantir: confiabilidade, qualidade e preço reduzido para o consumidor, sendo um processo just-in-time; no momento em que ligamos um aparelho eletrônico, queremos que ele funcione imediatamente, assim como grandes indústrias devem ser atendidas dentro de critérios de tensão e frequên cia estabelecidos para garantir o correto funcionamento dos equipamentos. A combinação da extrema conveniência de uso com as incontáveis aplica ções da eletricidade por um lado e suas particularidades físicas e operacionais por outro produziu um complexo sistema que deve ser estudado para garantir seu funcionamento na condição otimizada. A interligação do sistema garan te robustez e confiabilidade como também aumenta o nível de dificuldade de controle e exige que o sistema seja configurado na melhor forma para que sua operação seja segura e contínua. A vida sem eletricidade seria impensável atualmente. Os novos avanços tec nológicos - desde casas inteligentes, carros elétricos, até mesmo os robôs na indústria e o uso cada vez mais disseminado da inteligência artificial - resultam em uma demanda cada vez maior de energia elétrica com qualidade. Por toda a importância da eletricidade na vida moderna, deve-se estudar profundamente o sistema elétrico de potência para entendermos seu correto funcionamento. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). A Professora Rafaela Filomena Alves Guima rães é mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), cam �--- pus de Ilha Solteira, curso que completou em 2011. É graduada em Engenharia Elétrica pela mesma Universidade desde 1998. Tra balha como professora universitária há seis anos em renomadas universidades particu- lares do país e é conteudista para cursos de pós-graduação em Engenharia Elétrica e de Produção há mais de quatro anos. Também trabalha como gerente de projetos para em presas multinacionais há três anos geren ciando projetos na região Sudeste do país. Tem mais de 16 livros produzidos sobre En genharia e é uma entusiasta do poder trans formador da educação e da importância da atualização e do estudo contínuo. Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/9938074698795484>. Dedico este livro primeiramente a Deus, pois ele me inspira, e também aos meus pais, por terem sempre apoiado meus estudos e acreditado no poder transformador da educação. Também dedico a todos os grandes professores que compartilharam seu conhecimento comigo, contribuindo com paciência e dedicação para o meu aprendizado. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES) • UNIDADE � � ser educacional Objetivos da unidade • Estudar o Sis tema Elétrico de Potência (SEP); •Estudar as componentes simétricas como método de resolução de sistemas trifásicos; • Estudar o parâmetro de resistência nas linhas de transmissão e os tipos de cabos. Tópicos de estudo • Definição, origem e evolução tecnológica de um SEP Geração, transmissão e distri- buição (GTD) Geração Transmissão Distribuição Aspectos tecnológicos • Leis básicas de sistemas trifá sicos Representação do sistema elé trico de potência Representação do sistema elétri co de potência Leis básicas de sistemas trifási cos em regime permanente Tipos de ligação Componentes simétricas Regime permanente • Parâmetros de linhas de trans missão Resistência Condutores simples e múltiplos SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). r\. •• ,,,,,,,, Definição, origem e evolução tecnológica de um SEP O sistema elétrico de potência (representado pela sigla SEP) fornece energia elétrica para as nossas atividades diárias, tanto as individuais como as industriais. Ele é um dos sistemas mais extensos inventados pelo homem, auxiliando na realização de trabalho através da transformação da energia mecânica ou de outra fonte em energia elétrica - transformação esta fei ta através de usinas e depois na transformação dessa energia elétrica no vamente em fontes mecânicas, térmicas ou luminosas para a produção de trabalho em nossos lares. Por causa dessa complexidade e para simplificar seu estudo, o SEP foi dividido em três grandes áreas: geração, transmissão e distribuição, conhecidas como GTD. •• Geração, transmissão e distribuição (GTD) Os sistemas elétricos de potência transformaram o mundo da era do vapor nas modernas máquinas e equipamentos elétricos que temos hojeem dia. Eles se encontram entre as construções mais impressionantes desenvolvidas pela humanidade, quando considera mos os pontos de vista técnico, eco nômico e científico. Sua sofisticação é resultado da complexidade de atender a demanda por meio de uma geração que proporcione segurança, mas não desperdício, apresentando valores de tensões e frequência mantidos dentro de elevados padrões. Uma grande rede de conversão e transporte de energia, responsável por definir o comportamento da sociedade, bem como os meios de produção. Seria impensável a vida sem o conforto proporcionado pela ener- gia elétrica - e pensar que tudo começou com circuitos em corrente contínua desenvolvidos para iluminação de pequenas áreas por Thomas Alva Edison (1847-1931). Os tipos de lâmpadas que são produzidos mundialmente hoje estão ilustrados na Figura 1. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). CURIOSIDADE O primeiro sistema de potência foi criado por Thomas Edson. Ele inventou uma iluminação de rua com base em um sistema de corrente contínua. Lâmpadas experimentais existiam desde 1809, mas só em 1879 foi que ele patenteou a lâmpada incandescente. Até este momento as lâmpadas só iluminavam os exteriores por causa do seu intenso brilho. A primeira lâmpada permaneceu acesa por pouco mais de 45 horas. A lâmpada incandescente hoje é proibida devido à baixa conversão de energia elétri ca em energia luminosa (80% é perdido na forma de calor). São permitidas lâmpadas fluorescentes, halógenas ou de LEDs. 1/// Figura 1. Tipos de lâmpadas: incandescente {proibida no Brasil), halógena, fluorescente compacta e de LED. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). Com a invenção das máquinas girantes trifásicas e dos transformadores, os sistemas elétricos de potência (chamados de SEP) passaram a trabalhar com corrente alternada devido às fontes geradoras de energia elétrica, como a hidráulica (quedas de água) e as térmicas (carvão e gás); ambas se locali zam longe dos grandes centros consumidores. Assim, a energia poderia ser gerada em baixa tensão (13.800 V, ou 13,8 kV - lemos "ká vê", como são lidas as letras no alfabeto), transportada em altas tensões (230, 345, 440, 500 e 750 kV ) para se reduzir as perdas (ôhmicas na forma de calor) e utilizadas em uma rede de distribuição em baixa tensão (13,8 kV nas linhas de distribuição) e 380/220 V ou 220/127 V dependendo da região que moramos. Desse modo, a energia pode ser usada sem riscos para o ser humano. O sistema GTD (ge ração, transmissão e distribuição) está representado na Figura 2. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES) - Incandescente · Halógena CFL LED Figura 2. Representação de um sistema elétrico de potência. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). O modelo que definiu o sistema como é utilizado atualmente foi estabelecido por Samuel lnsull (1859-1938), a partir da empresa Chicago Edison Company. Ares peito da indústria de energia elétrica, ela é baseada em quatro pilares fundamentais: Consumo de massa: é economicamente vantajoso fornecer energia elétri ca a consumidores conectados em uma grande rede elétrica interconectada, uma vez que há um aumento na confiabilidade. O sistema possui várias em presas gerando energia através de diferentes fontes para garantir que sempre haverá disponibilidade de eletricidade. Economia de escala: aumento na produção de energia elétrica resulta na di minuição dos custos por unidade de energia produzida, bem como na garantia de entrega da energia elétrica. Quanto mais energia se produz, mais barata se torna sua produção. O maior custo se concentra na construção das usinas e não na sua operação. Estratégia de marketing: descontos proporcionais ao consumo de ener gia elétrica (sei/ more and charge /ess - vender mais e cobrar menos). Quanto mais consumidores atendidos, menor será o preço da energia, e quem consu mir mais paga um valor menor no kWh (a unidade utilizada para a cobrança de energia elétrica. Devemos ler "kilo Watt hora", esta é a quantidade de ener gia consumida em uma hora). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Regulação: proporciona estabilidade de investimentos a uma indústria de capital intensivo e grande interação política. As agências reguladoras tem o papel de definir o valor do kWh e de regular o mercado (qual composição da matriz energética será utilizada, qual turbina está parada para manutenção, se devemos utilizar mais usinas térmicas na produção de energia elétrica devido à pouca quantidade de chuvas e poupar a água existente nos reservatórios). É importante ressaltar que o sistema éjust-ín-tíme, ou seja, a energia gerada é utilizada quase que instantaneamente, não é possível o armazenamento de energia para uso posterior (é claro que se pode armazenar uma pequena quanti dade de energia em baterias, mas não no SEP como um todo; geralmente, arma zena-se água para se aumentar a produção). Isso quer dizer que deve ser um sis tema preciso- devemos calcular qual é a quantidade de energia necessária para ser produzida ao longo do dia e qual modalidade de geração deve ser introduzida na matriz energética primeiro. A energia mais barata, ou seja, aquela usina que já está amortizada no sistema, ou a mais nova a entrar em operação? Pois temos que proporcionar o retorno do investidor que injetou dinheiro na construção de uma nova usina para termos um ciclo em constante expansão. Qualquer sistema elétrico deve garantir o suprimento de energia aos con sumidores, de forma confiável e ininterrupta, respeitando os limites de va riação de frequência e tensão (é claro que temos outros indicadores de qua lidade de energia, mas estes são os pr·incipais). Neste contexto, os grandes desafios técnicos dos sistemas elétricos interligados residem nas etapas de especificação, projeto e operação, de modo a garantir sua integridade nas mais diversas situações: • Na presença de variações instantâneas no consumo de energia: co nexão e desconexão de cargas, a inserção de grandes cargas no sistema pode afetar a rede, ou um grande evento (por exemplo, o capítulo final de uma novela, a final de um evento esportivo); • Na eventualidade de distúrbios: curtos-circuitos nos equipamentos que compõem os sistemas, perdas de grandes blocos de carga (geralmente esses eventos ocorrem por condições atmosféricas, como tempestades ou acidentes que possam derrubar uma rede de energia, erros de operação). A quantidade de energia consumida é chamada de carga e é calculada ao lon- go de 24 horas. Quando usamos esse período, temos um gráfico e a ele damos o SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). nome de curva de carga. As curvas de carga variam dependendo do dia (dia de semana, final de semana), estação do mês (inverno, verão) e setor que está utili zando a energia (indústria, comércio, residências). Na maior parte do tempo, o pico desse consumo é à noite, quando as pessoas chegam do trabalho e ligam vários aparelhos eletrônicos ao mesmo tempo (período entre 18 e 21 horas na maior paI·te do país), mas algumas vezes, devido ao calor intenso, esse pico acontece durante o dia, por volta das 14 horas, quando a temperatura está muito elevada e todos ligam ares-condicionados ou ventiladores, o que pode ser visto na Figura 3. 85.000 80.000 75.000 70.000 65.000 60.000 55.000 50.000 45.000 40.000 L......1---L.-'-....._ ......... __.__,_....._..__.__.__._....._ ........ __.__._....._ ........ __._ .................... -carga 14/01/16 -Carga 18/02/16 -carga 14/03/16 -carga 14/04/16 -Carga 18/05/16 -Carga 18/06/16 -Carga 14/07/16 -Carga 18/08/16 -carga 15/09/16 -Carga 13/10/16 -carga 17/11/16 -carga 15/12/16 Figura 3. Exemplo de curvas de carga que retratam a mudança no horário de pico. Fonte: MELO, 2017. Agora vamos estudar detalhadamente cada parte do sistema elétrico, que é dividido em: geração, transmissão e distribuição, muitas vezes chamadassó pela sigla GTD. •• Geração A energia não pode ser criada, apenas transformada de uma forma para outra. Essa lei é conhecida como a 1 ªLei da Termodinâmica ou Lei da Conserva ção de Energia. Utilizamos uma fonte mecânica (água, vapor, vento) de energia (gravitacional, térmica, eólica) para transformar esse tipo primário de energia SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). em energia elétrica, pois essa energia pode ser transportada de um ponto para outro e a convertemos novamente em energia mecânica, luminosa, calorífica para sua utilização em nossa vida cotidiana. Durante muito tempo, vivemos como se a energia elétrica fosse ilimitada - até que surgiram as crises de energia. A pior crise de energia ocorreu na região Oeste dos Estados Unidos, onde os cidadãos americanos tiveram que gastar aproximadamente U$ 40 bilhões de dólares a mais com a conta de energia elé trica do que nos 12 meses anteriores, ainda enfrentando blackouts e cortes no fornecimento. A tarifa de energia mudava de valor várias vezes ao longo de um mesmo dia. No Brasil, nossa pior crise aconteceu em 2001, quando foi adotado o racionamento de energia em todo o país. Nosso sistema foi concebido para acionar primeiro as usinas com o custo operacional mais baixo e, à medida que a carga aumenta, recorremos às usinas com custo operacional mais elevado para manter os índices de confiabilidade e as tarifas baixas. Atualmente, a adição de painéis solares, de propriedade de consumidores em residências, ao sistema de geração de energia tem se mostrado um mercado com potencial para ajudar na superação de casos de estiagem prolongada de chuvas. Por ser uma geração local, e pela quantidade de residências que podem ser adi cionadas ao sistema na rede de distribuição de energia, essa geração é chamada de geração distribuída e seu esquema de ligação está representado na Figura 4. Figura 4. Residência com a geração distribuída. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). CONTEXTUALIZANDO Durante muito tempo, as fontes de energia estiveram longe dos centros consumidores, cabendo a nós um papel passivo. Faz pouco tempo que o consumidor pode produzir a sua própria energia, como é o caso da insta lação de painéis solares, passando a ser um agente ativo no sistema. Além de gerar sua própria energia, os consumidores podem também vender o excedente para as concessionárias de energia passando a ser produtores de energia. A geração de energia por parte dos consumidores é chamada de geração distribuída. Consultando o site da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a nossa geração de energia no ano de 2018 foi dividida conforme a Tabela 1: TABELA 1. GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA POR FONTE NO BRASIL- PARTICIPAÇÃO EM 2018 Hidráulica 65,2% Gás natural 10,5% Biomassa 8,2% Solar e eólica 6,9% Carvão 4,1% Nuclear 2,6% Derivados 2,5% Fonte: EPE - Empresa de Pesquisa Energética, 2018. (Adaptado). A Tabela 1 pode ser representada através do gráfico em formato de pizza, conforme observamos a seguir, retratado no Gráfico 1. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA - PARTICIPAÇÃO DAS DIFERENTES FONTES EM 2018 � ■ 1. Hidráulica ■ 2. Gás natural 3. Biomassa ■ 4. Solar e eólica ■ 5. Carvão ■ 6. Nuclear ■ 7. Derivados Fonte: EPE - Empresa de Pesquisa Energética, 2018. Acesso em: 21/07/2019. (Adaptado). A geração de energia pode ser dividida de muitas formas. As mais comuns delas são: • fontes não renováveis; • fontes renováveis. Uma fonte não renovável é definida como uma fonte que demora muito mais tempo para se formar do que nós levamos para consumi-la. O petróleo levou mi lhares de anos para ser produzido a partir da decomposição de matéria orgânica (restos de animais e plantas), cobertos por extensas camadas de solo. Também podemos incluir nesta categoria os combustíveis radioativos. Já as fontes renováveis são aquelas que se renovam mais rapidamente do que nossa capacidade de as consumirmos. Os melhores exemplos dessas fontes são: as águas, o vento, a incidência de raios solares e até a biomassa (material que sobra de um processo industrial, como o bagaço da cana, que é a sobra da produção de açúcar e álcool). No Brasil, a forma mais conhecida e usada de se produzir energia é a trans formação da energia potencial das águas em energia elétrica. A queda d'água fornece a energia necessária para movimentar as turbinas das usinas. Essa é uma das formas de produção de energia mais barata do mundo. O problema é que ficamos dependentes das chuvas nas represas e, devido às mudanças climáticas, como o EI Nino, o índice pluviométrico tem sofrido alterações. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Centrais hidrelétricas Uma usina hidrelétrica gera energia elétrica através da transformação da energia potencial da água em energia elétrica. Essa transformação ocorre devido às turbinas elétricas que possibilitam a passagem da água em velocidade (devido à queda d'água) em um caracol como se fosse uma roda d'água, só que de uma maneira controlada. A cada turbina é conectado um gerador, geralmente uma máquina síncrona, responsável por transformar essa energia mecânica em energia elétrica. Basica mente, uma turbina é definida pela altura da queda d'água e vazão. Escolhemos o local de instalação de uma usina hidrelétrica por alguma ca choeira, desnível ou queda d'água já existente. Essa força potencial é que será a força motriz para movimentar a turbina que estará acoplada ao gerador. A parte onde a água fica represada é chamada de montante. A parte onde a água é despejada pelas comportas é chamada de jusante. Deste modo, o nível de água à montante é sempre mais alto do que o nível de água à jusante. A Figura 5 mostra a usina hidrelétrica de ltaipu. Figura 5. Usina de ltaipu onde a queda de água é de 118 m. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES) • A turbina faz movimentar o gerador e um sistema de controle de velocidade e a vazão faz com que esta velocidade seja constante. Essas regulações juntas são as responsáveis por manter a frequência constante em cada turbina e no sistema elétrico como um todo. A energia mecânica, devido ao fluxo da água, movimenta a turbina. Com a rotação da turbina, em que existem imãs, é criado um campo eletromagnético no estator que possui bobinas de cobre. Esse campo magnético faz surgir uma corrente elétrica. A corrente elétrica em um circuito fe chado produz uma tensão. Pronto: temos a transformação de energia mecânica em elétrica. Na Figura 6, temos o gerador da usina de ltaipu funcionando. Figura 6. Gerador da usina de ltaipu. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. No Brasil, as turbinas das principais hidroelétricas (ltaipu, Tucuruí, Belo Mon te, Ilha Solteira) são do tipo Francis, utilizadas em quedas acima de 60 m. As turbinas Kaplan assemelham-se a uma hélice de navio e são usadas em quedas inferiores a 60 m. Elas estão instaladas nas usinas de Jupiá em Três Lagoas e Três Marias. As turbinas tipo bulbo não eram muito utilizadas até a construção das usinas do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau) onde foram instaladas. Essas SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). turbinas são utilizadas para quedas bastante baixas e trabalham imersas no rio, apresentando a vantagem de requererem uma pequena área de alagamento. As usinas também podem ser classificadas quanto a seus reservatórios em: Usina a fio d'água: não é utilizada para armazenamento de água, ou seja, a energia elétrica é gerada com a água existente no leito do rio. Esta usina não atua pa1·a regularizar as vazões do rio e seu impacto ambiental é menor do que as usinas com reservatório de acumulação. Exemplos de usinas a fio d'água são ltaipu e as do Rio Madeira e Belo Monte. Usinas de acumulação: como o próprio nome nos diz, acumulamágua na época da chuva para utilizarem no período de estiagem e regulam a vazão do rio. Seu impacto ambiental é maior devido à maior área alagada. Exemplos de usinas de acumulação são Ilha Solteira e Tucuruí. Usinas reversíveis: podem tanto gerar energia quanto ceder água para ou tro reservatório ou para o enchimento de represas que abastecem companhias de fornecimento de água. No Brasil, este tipo de usina não é comum, temos ape nas a usina de Henry Borden (bem antiga), que capta água do Rio das Pedras para gerar energia ou pode enviar a água deste rio para abastecer a Represa Billings na Região Metropolitana de São Paulo. ASSISTA Assista ao vídeo da construção da usina de ltaipu (o canal National Geo graphic escolheu as sete obras de engenharia mais desafiadoras do mun do e a construção desta usina foi uma das vencedoras). Será possível ver os problemas enfrentados na construção, o erro de engenharia cometido no projeto (e sua solução) e as dificuldades superadas na construção de uma mega obra. Esta usina é a segunda maior do mundo. Você encontra o link nas referências bibliográficas. Centrais térmicas Neste caso, a energia é gerada através da transformação da energia térmica em energia mecânica e depois em energia elétrica. A conversão da energia térmica em mecânica se dá através do uso de um fluido que produzirá trabalho em seu processo de expansão. O acionamento mecânico de um gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina permite a conversão de energia mecânica em elétrica. A geração de energia a partir de uma fonte térmica engloba várias fontes, como, por exemplo: gás natural, biomassa (no Brasil utilizamos principalmente SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). o bagaço de cana-de-açúcar), nuclear e carvão mineral. Todos esses materiais, com exceção da nuclear, são queimados para alimentar uma caldeira que gera vapor para alimentar uma turbina a vapor (ciclo utilizado na cogeração), ou ali mentar diretamente uma turbina a gás; o que não for utilizado desse vapor ali menta uma turbina de recuperação de calor que alimenta a caldeira e ela alimen ta a turbina a vapor (este ciclo é chamado de ciclo combinado). Na geração de energia nuclear, existe a liberação do calor por meio da fissão do átomo (quebra do átomo) e este calor alimenta a turbina. No Brasil, as centrais térmicas produzem energia a partir do gás natural, se guidas da biomassa. A energia nuclear e o carvão mineral representam uma pe quena parte do sistema elétrico. As termelétricas foram instaladas para aumentar a robustez do sistema de ge ração e diminuir nossa dependência das usinas hidrelétricas e, consequentemen te, das chuvas. Elas são acionadas em períodos secos ou quando o índice pluvio métrico (índice que mede a quantidade de chuva) permanece abaixo do esperado. O principal problema das centrais termelétricas é a emissão de gás carbônico (C0 2 ) na atmosfera, gás causador do efeito estufa. Essa geração de energia é a segunda maior produtora dos gases que causam o efeito estufa, perdendo apenas para o setor de transportes. Uma desvantagem desse tipo de geração é o valor do MW (lemos mega Watt). A geração de energia a partir de combustíveis fósseis, gás natural e carvão é mais cara do que a geração de energia a partir da água. A vantagem é que essa usina pode ser construída mais rapidamente do que uma usina hidroelétrica. A Figura 7 mostra uma usina termelétrica. Figura 7. Usina térmica com a produção de C0 2 • Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Geração eólica A geração de energia a partir da matriz eólica é feita através da movimenta ção de aerogeradores pela força do vento. Os ventos giram as pás das turbinas que alimentam um rotor conectado a um conversor de energia. Atualmente a geração pode ser feita em corrente contínua ou alternada. A instalação desses sistemas depende, basicamente, da velocidade do vento na região. Estudos mostram que esse projeto se torna viável quando os ventos ultra passam os 3,5 m/s de velocidade. No Brasil, a melhor área para instalação dessas turbinas é na região Nordeste, mas existem centrais na região Sul e Sudeste tam bém. O mercado de geração de energia a partir da fonte eólica é um dos mercados que mais crescem no país. A Figura 8 mostra vários geradores de energia eólica. Figura 8. Geradores eólicos de energia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. Geração fotovoltaica A geração de energia a partir da energia solar é feita através de células fotovol taicas. Essas células são feitas a partir do silício (que tem sua origem na areia). O silício é tratado e dopado com átomos de fósforo e boro, formando uma junção pn (é como se fosse um diodo) para que os elétrons estimulados pela luz solar, chamados de fótons passem de uma camada de não condução para uma de condução. Este deslocamento de átomos (por definição um deslocamento de átomos é uma corren te elétrica) dá origem a uma diferença de potencial, chamada de efeito fotovoltaico. Essas pastilhas podem ser compostas de silício monocristalino (o processo de fabricação mais caro), multicristalino (processo de fabricação intermediário em questões de preço) e amorfo (processo de fabricação mais barato). O rendimento SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). varia em cada um destes tipos de placas. Geralmente, ele é da ordem de 20%. Como um diodo, cada célula fotovoltaica gera 0,7 V e uma célula é ligada a outra em série, formando uma placa fotovoltaica. Esse sistema de geração de energia também é ideal para regiões isoladas ou de difícil acesso, como a Antártica. Para regiões montanhosas, os sistemas fotovoltaicos são mais eficientes que outras maneir-as de geração de energia elétrica devido ao melhor funcionamento em altitudes elevadas, porque o sistema recebe mais radiação solar. Por outro lado, geradores a diesel e os demais tipos de geração que utilizam máquinas geradoras sofrem queda de rendimento pelo fato do ar ser rarefeito. O Brasil possui um ótimo índice de radiação solar, principalmente na região Nordeste, com destaque para a região do semiárido. A energia fotovoltaica pode ser dividida em: Sistemas autônomos: fornecem energia elétrica somente para uma instalação e não são interligados à rede da concessionária. Se forem equipados com baterias, o sistema pode fornecer energia em momentos em que as células não estão expostas ao sol. O sistema fotovoltaico gera energia mesmo em dias nublados, mas não du rante a noite. Estes sistemas vão funcionar até a capacidade de armazenamento de a bateria ser consumida, se esta não for recarregada pelo painel fotovoltaico. Sistemas interligados: os sistemas interligados são conectados à rede elé trica para receberem energia da concessionária em períodos em que o painel solar não estiver funcionando ou quando a instalação consumir mais energia do que o painel solar puder fornecer. Possuem um medidor bidirecional para vender a energia excedente para a concessionária, ou seja, a energia gerada pelo sistema fotovoltaico e não consumida pela instalação. Como a geração fotovoltaica é feita em corrente e tensão contínua, é necessário um conver sor para transformar essa forma de energia em corrente e tensão alternada (a energia utilizada na rede elétrica). Para monitorar este processo de conversão, ainda temos um controlador de carga, o cabeamento e um protetor de surtos. Todos esses equipamentos são projetados para uma vida útil de 25 anos. A maior parte do custo financeiro dos sistemas fotovoltaicos é realizada na aquisição do equipamento. Sistemas de geração de energia elétrica à base de energia solar têm custos operacionais e de manutenção baixos. Geralmente, um sistema fotovoltaico se paga em torno de 6 a 8 anos, dependendo da comple xidade dos equipamentos e da energia gerada. A diferença do tempo (25 - 8 = SISTEMAS ELÉTRICOS !COMPONENTES). 17 anos) permiteao proprietário obter o retorno do investimento. As contas de energia elétrica ainda vêm no valor mínimo cobrado pela distribuidora. Se for um sistema interligado à rede da concessionária, podem vir também em forma de bônus, quando a geração de energia fotovoltaica estiver excedendo ao consumo. Esse tipo de energia, quando equipado com filtros e controles eletrônicos, tem uma qualidade muito superior à fornecida pelas concessionárias e podem ser uti lizados em processos que requerem alta qualidade, geralmente processos com muita eletrônica embarcada. As preocupações mais citadas em re lação à energia fotovoltaica incluem o custo inicial, o armazenamento da ener- gia e a variabilidade do recurso solar. Nuvens, neblina, sujeira e neve afetam diretamente a quantidade de radiação solar recebida pelas placas fotovoltai cas. Os locais com muita neve ou dias chuvosos produzem menos energia do que os locais ensolarados. Alguns des ses locais exigem módulos extras. Os conjuntos de placas precisam receber o máximo possível de luz solar direta, de preferência no período entre 8 e 16h. Essa exposição precisa ser sem interferências para termos um rendimento ótimo. Obstruções incluem árvores, prédios, montanhas, folhas e sujeira. Linhas de dis tribuição de energia elétrica também podem causar sombreamentos indesejáveis. Para os painéis solares serem instalados nos telhados das nossas casas, é pre ciso que tenha sido feito um cálculo estrutural de reforço para que o peso extra das placas seja suportado pela residência sem causar danos ou rachaduras. O Brasil é um dos melhores locais para instalação de sistemas fotovoltaicos devido ao seu elevado índice de radiação solar. O único problema ainda é o preço de todo o sistema. Geralmente, a instalação de um painel solar com possibilidade de ligação à rede da concessionária é orçada na faixa entre R$ 10.000 a R$ 20.000 para uma residência com quatro pessoas - o padrão médio brasileiro. O ciclo de produção e instalação de placas fotovoltaicas está representado na Figura 9. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Figura 9. Ciclo de produção do painel solar e modelos de instalação em residência, indústria e fazenda de produção de energia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado}. CURIOSIDADE Você sabia que a energia fotovoltaica começou a ser pesquisada durante a corrida espacial? Os cientistas estavam preocupados em como gerar ener gia no espaço e essa tecnologia foi considerada a melhor opção. Hoje os avanços nesse setor muitas vezes são feitos com pesquisas para melhorar a geração de energia para foguetes, satélites e sondas espaciais. Os cientis tas já conseguiram produzir células fotovoltaicas que convertem 45% da luz solar em eletricidade. O problema ainda é o alto custo dessa tecnologia. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Impacto ambiental Atualmente, o Brasil possui uma matriz energética, considerada limpa, que contempla as fontes: hidráulica, biomassa, eólica, solar e nuclear predominante mente. No entanto, cada fonte possui um conjunto de impactos ambientais nega tivos que exige das empresas de energia elétrica planejamento, controle e o cum primento de obrigações legais para a sua operação. A construção de hidrelétricas apresenta grandes impactos no meio ambiente e afetam a vida de populações ribeirinhas. Esses empreendimentos criam sérios problemas, como: a formação de grandes raios de áreas alagadas, mudando o ciclo de vida natural dos rios represados, além de emitir altas quantidades de gás me tano, causador do efeito estufa (pelo material orgânico que fica debaixo d'água). No entanto, a emissão desses gases é menor do que o emitido pelas termelétricas. Aprendemos muito ao longo do tempo com estes problemas. A construção de uma usina hidrelétrica atualmente é muito focada na preocupação ambiental. Ações como a retirada de toda a fauna das áreas que serão alagadas, o recolhi mento de amostras de toda a flora local, a retirada da madeira, mesmo que seja pela comercialização, antes da cheia e um canal para a piracema dos peixes se tor naram procedimentos obrigatórios. Essas preocupações não existiam no começo da construção das primeiras usinas. Também são tomadas ações para acomodar novamente a população ribeirinha. Os impactos ambientais das usinas eólicas são: barulho, acidentes com pássa ros e radiação eletromagnética; mesmo assim, eles são significativamente inferio res aos efeitos ambientais proporcionados por outras matrizes de geração. Do ponto de vista ambiental, a energia nuclear tem hoje a vantagem de não emi tir gases do efeito estufa. Os impactos socioambientais das usinas nucleares são locais. No entanto, acidentes nucleares históricos, como os da Central de Fukushi ma, no Japão, em 2011; da radiação do Césio-137, na cidade de Goiânia, em 1987, e de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, mostraram o efeito devastador no local e nos moradores dos locais onde ocorreram esses acidentes com vazamento da radiação. Mesmo passados mais de 30 anos, Chernobyl ainda é uma cidade fantasma. Smog(fumaça): a energia elétrica obtida a partir do carvão contribui para o efei to estufa e as impurezas do carvão provocam um fenômeno conhecido há mais de um século nas grandes cidades, chamado de smog - camada de névoa escura altamente tóxica, que provoca problemas respiratórios. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Nenhuma forma de produção de energia é considerada totalmente limpa e to das causam algum impacto ao meio ambiente. Hoje temos soluções de engenha ria que minimizam muitos efeitos nocivos ao meio ambiente devido à crescente importância que este tema adquiriu. ASSISTA Recomendamos assistir à série produzida pela HBO sobre o desastre atômico ocorrido na usina nuclear de Chernobyl. Foi a melhor série clas sificada como produção realista e mostra o efeito devastador da radiação em áreas próximas a usina. Você encontra o trailer da série nas referên cias bibliográficas. • Transmissão Para uma usina de geração de energia elétrica ser construída, certas condições devem ser atendidas; essas condições ocorrem aleatoriamente na natureza, ou seja, existe uma condição ideal para a instalação de uma usina: geralmente um desnível em um rio, um local com ventos constantes e intensos, um local com muita radiação solar e assim por diante. Esses locais, na maioria das vezes, são distantes dos cen tros de consumo. Daí surge a necessidade do transporte da energia elétrica. Essas distâncias podem ser consideráveis e hoje as usinas são instaladas em locais cada vez mais longínquos, devido ao fato de que as novas fontes se localizam em regiões cada vez mais remotas. As linhas de transmissão são feitas, em sua maioria, de cabos de alumínio com alma de aço, instalado em torres que devem ser fortes o suficiente para suportar o peso dos cabos e resistir à tensão mecânica exercida por eles. O aço só é utilizado no centro do cabo, motivo pelo qual este ficou conhecido pelo nome de alma de aço. Sua função é aumentar a resistência mecânica do cabo. Devido ao efeito pelicular, a corrente tende a fluir na superfície dos cabos. Na sua parte mais externa, não existe circulação de corrente no aço. As linhas também são formadas por isoladores; um cabo para-raio no alto da torre é o cabo mais distante do solo devido ao fato de o Brasil ser um dos países com maior incidência de raios no mundo. Os para-raios são os responsáveis pelo escoamento da corrente do raio para o solo. Toda torre de energia é aterrada. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Os isoladores funcionam como uma barreira entre a torre metálica e a cor rente que é transportada pelos cabos. Eles também dão sustentação aos ca bos. Em linhas de transmissão sempre usamos uma cadeia de isoladores e não um único isolador. O sistema de transmissão é dividido em: • Transmissão com tensões superiores a 230 kV (pertencentesao chamado grupo A1); • Subtransmissão com tensões entre 88 e 138 kV (pertencentes ao chamado grupo A2); Distribuição - geralmente com tensões inferiores a 88 kV (pertencentes ao chamado grupo A3). • Temos no Brasil mais de 100.000 km de linhas de transmissão somente do grupo A1. •• Distribuição Quando chega perto dos centros de consumo, a energia transportada pelas re des de transmissão é abaixada para possibilitar o uso pela população em geral. As subestações abaixam a tensão para níveis de subtransmissão (230 kV até 69 kV e de distribuição, de 34,5 kV até 2.300 V, a tensão mais frequente é a de 13,8 kV), de pois essas linhas são levadas até o consumidor em redes aéreas ou subterrâneas. As redes subterrâneas são mais caras que as aéreas, mas causam menor impacto visual e apresentam menos riscos contra a vida das pessoas devido ao fato de não serem acessíveis como as redes aéreas. O problema é seu preço, quase 10 vezes maior do que o das redes aéreas. Os três cabos na parte superior do poste de energia transportam a energia em alta tensão e os quatros cabos na parte inferior do poste estão conectados ao lado da baixa tensão de um transformador de distribuição. Utilizamos redes em baixa tensão fase-fase (conhecida como tensão de linha) de 380 e 220 V, resultando em uma tensão entre fase e neutro (conhecida como tensão de fase) de 220 e 127 V. Temos três grandes grupos de consumidores: • Consumidor residencial; • Consumidor comercial; • Consumidor industrial. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Algumas concessionárias praticam preços diferenciados para órgãos e re partições públicas também. Em 2018 foi inserida uma nova modalidade tarifária ao nosso sistema: a tarifa branca. A tarifa branca propicia desconto no valor do kWh para aqueles consumi dores que não utilizarem os equipamentos que consomem potências elevadas durante o horário de ponta. Para isso, a concessionária deve instalar um medi dor inteligente no consumidor. A conta de energia pode diminuir em 30%. Os consumidores residenciais são divididos em monofásicos, bifásicos e trifásicos. Existe também uma tarifa especial para consumidores de baixa ren da estabelecida por pesquisas de amostras de domicílios feitas pelo IBGE. Na Figura 1 O são mostradas as três fases de alta tensão na parte superior do poste e a derivação para a alimentação de três transformadores com os quatro cabos de baixa tensão alimentando os consumidores. Figura 10. Rede e transformador de distribuição. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Bandeiras de energia Além das tarifas, desde 2015 a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) adotou um sistema de bandeiras de energia: Bandeira verde: não há cobrança de excedentes e indica que o sistema de geração está operando principalmente com a matriz hidrelétrica. Bandeira amarela: sinaliza que é preciso tomar cuidado. O custo de gera ção está crescendo, ou seja, as usinas térmicas já começaram a ser acionadas e o nível de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas é preocupante. Bandeira vermelha: sinaliza que as térmicas estão operando e a demanda está alta. O nível dos reservatórios está entrando na região crítica. A bandeira vermelha é dividida em dois níveis (crítico e muito crítico). •• Aspectos tecnológicos O primeiro sistema elétrico de iluminação, instalado em torno de 1870, consis tia em geradores individuais que alimentavam o sistema elétrico - lâmpadas de arco - em uma residência isolada. Em 1882, o primeiro gerador de Edison, acionado por uma turbina a gás, locali zado em Pearl Street, na parte mais baixa de Manhattan (Nova Iorque), alimentou com sucesso, em corrente contínua de 100 V, em torno de 400 lâmpadas de 80 W localizadas em oficinas e residências em Wall Street. Logo depois, ele foi en carregado da construção da estação London Holborn Viaduct de 60 kW, também gerando a 100 V e corrente contínua. Essa forma de geração e distribuição local foi rapidamente adotada, exclusivamente para iluminação, em muitas comunidades urbanas e rurais do mundo. A invenção do transformador na França por Gibbs, em 1883-1884, mostrou, em um processo não livre de controvérsias, as vantagens da corrente alternada, que permite aumentar a tensão de forma conveniente para reduzir as perdas nas linhas e a queda de tensão em linhas de transmissão longas. Dessa forma, foi ini cialmente transmitida corrente elétrica monofásica em 1884 a uma tensão de 18 kV. Em agosto de 1891, foi inicialmente transmitida corrente trifásica de uma esta ção geradora hidroelétrica em Lauftften para a Exposição Internacional de Frank furt, distante 175 km. O engenheiro suíço Charles Brown, que, juntamente com seu colega e conterrâneo Walter Boveri, fundou a empresa Brown-Boveri no início SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). daquele ano, projetou o gerador trifásico AC e o transformador imerso em óleo, usados naquela estação geradora. Em 1990, o lnstitute of Electrical and Electronic Engineers (1 EEE - lemos "I três É") adotou como sendo 24 de agosto de 1891 a data de início da transmissão e do uso industrial da corrente alternada. A capacidade de transmissão em corrente alternada nas linhas se incrementa em proporção com o quadrado da tensão; no entanto, o custo por unidade de po tência transmitida diminui na mesma proporção. Existia então a motivação óbvia para superar as barreiras tecnológicas que limitavam o uso de tensões elevadas. Tensões acima de 150 kV foram usadas em 191 O e a primeira linha de 245 kV foi construída em 1922. A tensão máxima para a corrente alternada continuou a au mentar desde então. A corrente contínua também sempre foi usada, porque apre senta algumas vantagens em relação à corrente alternada em algumas aplicações, tais como a tração elétrica, e especialmente na transmissão elétrica em linhas aé reas, subterrâneas e submarinas, nas quais as distâncias são muito longas para a corrente alternada. Os sistemas em corrente alterna da foram surgindo em paralelo com os de corrente contínua e levamos muito tempo para a definição de qual sistema deveria prevalecer. Este episódio ficou conhecido como a guerra das corren tes e os equipamentos que ajudaram a corrente alternada a vencer foram o transformador e o motor em corrente alternada inventado por Nikola Tesla (1856-1943). Através do transformador, podíamos mudar a tensão e a corrente ,,,, como desejado, sem alterar a potência e a frequência. Através do motor, podía mos produzir energia suficiente para atender a demanda. Essa batalha durou 1 O anos de 1880 a 1890. Um marco importante foi a construção da usina de Niagara Falis. Seu projeto representou um marco na questão da utilização de água para geração de energia sem prejudicar a famosa atração turística. Essa usina tinha a potência de 75 MW. Atualmente, ela gera 4,4 GW de energia elétrica. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). A frequência da tensão alternada a ser usada nesses sistemas foi outro pa râmetro de projeto que teve de ser determinado. Frequências elevadas podem permitir usar unidades de geração e consumo mais compactos, uma vantagem contrabalançada, entretanto, pelo excessivo incremento de queda de tensão que acontece nas linhas de transmissão e distribuição. Alguns países, tais como Esta dos Unidos, Canadá, países da América Central e a maioria dos países da Amé1•ica do Sul, adotam a frequência de 60 Hz, enquanto países do resto da América do Sul, Europa, Ásia e África adotam a frequência de 50 Hz. A lnternational Eletrotechnical Commission (Comissão Internacional de Eletrotécnica)foi criada em 1906 para pa dronizar o uso dos recursos elétricos tanto quanto seja possível. Entretanto, não foi possível padronizar a frequência que continua separando, em dois grupos, os países no mundo. A vantagem de podermos interconectar pequenos sistemasde energia elétrica em pouco tempo se tornou óbvia. A confiabilidade de cada sistema se incremen ta pelo suporte recebido dos outros sistemas na ocorrência de uma emergência. A capacidade de reserva pode também ser diminuída, já que cada sistema seria capaz de usar a capacidade total de reserva do sistema interligado. Com tais inter conexões, foi possível dispor de unidades de geração com capacidade de fornecer a demanda de forma mais econômica em qualquer instante de tempo. Atualmente, estamos em uma nova era da guerra das correntes. A maioria dos nossos equipamentos eletrônicos usa fontes de corrente e tensão contí nuas (como podemos reparar nas fontes de nossos computadores, celulares etc.), mas nosso sistema de geração é todo em tensão e corrente alternada, ideal para os equipamentos do passado, que não possuíam muita eletrônica embarcada neles. Nossas televisões, geladeiras e até mesmo muitas cidades já usam sistemas eletrônicos para realizarem muitos comandos que são enviados a distância pelas redes de internet. Para facilitar essa comunicação, existem experiências usando o cabo para-raios para transmitir dados e, no futuro, talvez possamos voltar a usar os dois sistemas (como é feito na indústria, que pos- sui uma fonte de alimentação para as má- quinas e uma rede de eletrônica e de dados independente). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). O Leis básicas de sistemas trifásicos Devido à complexidade da análi se dos sistemas elétricos de potência, que normalmente requerem matrizes (por termos três fases estas matrizes possuem no mínimo três linhas e três •• colunas), foram criadas algumas ferramentas matemáticas para nos auxiliarem em nos cálculos. As mais utilizadas delas são as componentes simétricas, que é uma forma de fazermos com que o sistema, em qualquer situação que ele se en contre, em curto-circuito, em emergência ou funcionando normalmente, possa ser analisado como se fosse um sistema monofásico (em uma única equação) . •• Representação do sistema elétrico de potência O sistema de potência brasileiro é trifásico. As tensões das fases A, B e C são dadas por: va = Vm cos (w t) vb = Vm cos (w t - 120º) vc = Vm cos (w t + 120º) (1) As tensões são dadas em Volts (V ) e vª representa o valor da tensão da fase A (toda vez que a letra v estiver escrita em formato parecendo que é a mão quer dizer que a tensão está variando ao longo do tempo), Vm é o valor máximo da senoide. As senoides ou cossenoides são formas de onda que basicamente saem do zero, aumentam até atingirem um valor máximo positivo, quan do decaem até o zero novamente, invertendo o sentido da onda e atingindo um valor má- ximo negativo até novamente atingirem o zero. No nosso sistema elétrico, esse ciclo se repete 60 vezes em 1 segundo, por isso nossa frequência é 60 Hz (lemos "Hertz"). As formas de onda das tensões trifásicas estão ilustradas na Figura 11. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). O A e B o e -©- Figura 11. Sistema trifásico de tensões. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). As tensões senoidais têm o mesmo valor máximo Vm e são defasadas entre si em 120º elétricos (lemos graus elétricos). A esse sistema chamamos de sis tema de tensões trifásico. É claro que o mesmo vale para as correntes. Essa configuração é definida como sequência de fase positiva ou ABC, porque a pri meira fase a passar pelo valor máximo é a fase A, seguida da fase B e depois da fase C. Já a sequência negativa, ou ACB apresenta a ordem A, C e B. Geralmente, as tensões no SEP (nível de transmissão) são chamadas pelas letras A, B e C.Já as de distribuição são chamadas pelas letras R, Se T. Assim fica mais fácil diferenciar o nível de tensão. EXPLICANDO Todos os ângulos tratados em sistemas trifásicos são representados em graus. A calculadora deve estar configurada para trabalhar com graus (in tervalo de Oº a 360º), a opção em inglês é degrees ("graus"), representada pela letra D ou DEG. Se a calculadora estiver em radianos, os resultados serão todos diferentes dos apresentados aqui. O SEP é concebido para gerar as tensões simétricas (defasadas entre si 120º) e equilibradas (com o mesmo valor de tensão máxima), não importando qual a matriz utilizada para gerar essa energia elétrica. Desse modo, todo o sistema trifásico poderia ser representado por um sistema monof ásico, de simples reso- s1sTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). lução. Para encontrarmos os valores trifásicos, bastaria a multiplicação do valor monofásico por 3. O problema é que o sistema possui geradores, cargas e linhas diferentes, o que faz com que essa simplificação não possa ser sempre utilizada. Qualquer variação no valor máximo entre as tensões trifásicas ou no ângulo faz com que o sistema perca esse equilíbrio e essa simetria. Nesse momento, esse sistema passa a ser assimétrico e desequilibrado. Muitas vezes, a geração e a transmissão ainda apresentam características simétricas e equilibradas, mas as cargas (por serem diferentes) não. • Leis básicas de sistemas trifásicos em regime permanente As Leis de Ohm e a Primeira e Segunda Lei de Kirchhoff são válidas para siste mas monofásicos e trifásicos. Primeira Lei de Klrchhoff A soma das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que dele saem. Nó: um ponto onde três ou mais elementos têm uma conexão comum. Segunda Lei de Kirchhoff A Segunda Lei de Kirchhoff diz que a soma algébrica de todas as tensões em torno de um caminho fechado é zero. Nas redes elétricas, a Segunda de Kirchhoff é responsável pela queda de tensão. Nas redes aéreas, os transfor madores são usados para corrigir esse problema. Na Figura 12 estão ilustradas as duas Leis de Kirchhoff. A Lei de Tensão de Kirchhoff A Lei de Circuitos Elétricos Kírchhoff A B Entrada de D�C Nó '\. f'• '°"':i( 1, •✓' • Saída de / '.._ , correntes ✓ 14 � Figura 12. Primeira e Segunda Lei de Kirchhoff. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). •• Tipos de ligação Os sistemas trifásicos podem ser ligados em estrela (também conhecida pela letra Y) e em triângulo (também chamada de delta - símbolo Li). Essas ligações pos suem diferentes relações entre tensão e corrente de linha e de fase. As tensões de linha são representadas pela letra L e as de fase pela letra f. Geralmente, os trans formadores são conectados com o primário em delta e o secundário em estrela, desse modo o neutro está acessível na baixa tensão. A Figura 13 mostra as ligações em Y, Li e em Li/Y. Vamos estudar cada ligação em separado para conhecermos a relação entre as tensões e correntes de linha e de fase. Primário Secundário Conexão de três fases do transformador o o Secundário Conexão de três fases do transformador o Secundário Conexão de três fases do transformador Figura 13. Conexões em Y - l1 puros e em AfY. Fonte: Shunerstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Ligações em estrela Imaginando que sejam conectados três geradores ao circuito da Figura 13 (um em cada fase) e três cargas, também uma em cada fase, teremos três circuitos mo nofásicos que podem ser representados por um único circuito trifásico. Nos três circuitos, circulam correntes de mesmo valor eficaz. O valor eficaz de uma grande za é dado por seu valor máximo dividido por ✓ 2 representado pela fórmula: Em E=-✓--2 As correntes são defasadas entre si de 120º. Como a soma de três correntes de mesmo valor, defasadas entre si em 120º, é zero , temos que a corrente no neutro INN' =O.Vamos supor que essa corrente tenha módulo igual a 10. Então temos que: /NN' = 10 + 10 L 120 º e 10 L -120 º =O. O condutor que interliga os pontos N e N' recebe o nome de fio neutro (ou quarto fio) e é muito comum no lado de baixa tensão da rede elétrica de distribui ção (esse é o condutor neutro que temosnas nossas casas). Esse circuito é chamado de circuito trifásico com gerador em estrela e carga equilibrada em estrela e é dado o nome de centro-estrela ao ponto N e N'. As ten sões são assim definidas: Tensão de fase (V f ): tensão medida entre o centro-estrela e qualquer um dos terminais do gerador ou da carga. Tensão de linha (V/ tensão medida entre dois terminais (nenhum deles sen do o centro estrela) do gerador ou da carga; Corrente de fase (l f ): corrente que percorre cada uma das bobinas do gerador ou, o que é o mesmo, corrente que percorre cada uma das impedâncias de carga; Corrente de linha (I L ): corrente que percorre os condutores que interligam o gerador à carga (excluímos o neutro). Como as correntes são iguais, temos que: jAN = iA; jBN = jB e jCN = Íc Para a determinação das relações entre as tensões, adotaremos um trifási co com sequência de fase direta, ou seja: �N = r�J=�,r � J As tensões de linha são dadas por: SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). VBA = VAN - VBN VBC = VBN - VCN VCA = VCN -1/AN Utilizando as matrizes, temos: �,,= l�:l=�Jl � 1-�J l rl =�H �l Resolvendo temos que: 1 - a 2 = 1 - 1 L -120 ° = ,._/ 3 L 3 0 ° a2 -a= a2f3L 30 º a2 - 1 = a2,.,/3 L 30 º, ou seja: lvAªl l 1 � lv AN ✓3 L 30 1 V AB = VBC = ✓3 L 30 o v j 02 = = v j VBN ✓3 L 30 VcA a VcN ,.,/3 L 30 Então, em um sistema trifásico simétrico, na ligação estrela com sequência de fase direta, passa-se de uma das tensões de fase à de linha correspondente multiplicando-se o fasor que a representa pelo fasor ,._/3 L 30 º. EXPLICANDO Por esse motivo, as tensões de linha são 220 V (ou em alguns luga res 380 V) e as tensões de fase são 127 V (ou 220 V). Esses valores são obtidos da divisão de 220/-v3 = 127 V ou 380/-v3 = 220 V. Ligações em triângulo Nos circuitos ligados em triângulo, a tensão de fase e de linha são iguais, então as correntes de linha e de fase serão defasadas. Temos: . . . / AA' = / AB - / BP.: . . . 1BB' = 1sc - 1AB' 1 -a= ,._/3 L - 30 ° a2 - 1 = a2 ,.,/3 L - 30º, ou seja: (3) SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). (4) Ou seja, em um circuito trifásico simétrico com carga equilibrada ligada em triângulo, obtemos as correntes de linha multiplicando as correspondentes de fase pelo fasor ✓3 L - 30. Devido ao fato de as tensões estarem defasadas entre si em 120º, foi cria do um operador denominado de a (alpha - uma letra grega) e definido por a = 1 L 120º. Esse operador é que dará origem às componentes simétricas. As componentes simétricas são uma forma matemática de resolver os sistemas elétricos de potência quando eles se tornam assimétricos e desequilibrados . •• Componentes simétricas Para circuitos que não foram equilibrados, onde a simetria foi perdida ou ainda, no pior dos casos, circuitos assimétricos e desequilibrados, seria neces sário resolver o sistema trifásico de uma maneira muito trabalhosa. Em 1918, Fortescue provou, que através da inserção de uma matriz de transformação no sistema, podemos transformar qualquer sistema assimétrico e desequilibrado em um sistema simétrico e equilibrado que pode ser decomposto em três sis temas monopolares ao invés de um sistema trifásico. Graças ao fato de essa transformação ser única, esta solução é largamente empregada na resolução dos sistemas de potência, principalmente quando o sistema está sob alguma condição de falha, curto-circuito, sobrecarga ou anor malidade. A unicidade das componentes simétricas é demostrada através do teorema fundamental que nos diz que: Dada uma sequência trifásica qualquer representada porVª(este ponto em cima da letra V indica que Vé um vetor de tensão, como o sistema é trifásico, Vé um vetor de 1 coluna e três linhas -tensões nas fases A, B e C), existe somente uma sequência direta, inversa e nula, que somadas são iguais a sequência Vª. Também podemos chamar essa sequência de direta, inversa e nula, ou de sequência zero, 1 e 2. �, � l �:} V o l : j + v, l �j + V ,U, j SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). T é a matriz de transformação dada por: l 1 1 1 � T= 1a2a 1 a a2 O operador a= 1 L 120º e a2 = 1 L - 120º. Agora, fazendo novamente o exercício, só que dessa vez a partir das componen tes simétricas, vamos mostrar que dado um vetor de componentes simétricas, [V 0 , V 1 e V )1 (o símbolo T significa transposto, ou seja, o vetor está escrito como tendo 1 linha e 3 colunas, mas na verdade ele possui uma coluna e três linhas), existe somen te um vetor trifásico Vª que os representa. Para isso, vamos demonstrar que Vª= Vª= V 0 + V 1 + V 2 • Para essa demonstração ser possível, temos que mostrar que a matrizT multiplicada pela matriz T1 resulta na matriz identidade. A matriz identidade é uma matriz com o mesmo número de linhas e colunas, composta por números 1 na dia gonal e zero nos outros elementos. A matriz inversa de T é dada por: T-' =½I:; �l. logol1 a2 ªJ TxT' J; :;J xyl: ::J =½I��� l = 1� � � lque éa matriz l1aa� l1a2aJ loo3J loo1J identidade de ordem 3 x 3. Resumindo, dada uma sequência trifásica, Vª, as componentes simétricas podem ser obtidas atr·avés da fórmula: (5) 3 SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). A componente V 0 é chamada de sequência zero e consiste em três fasores na soma dos fasores dividido por três, em módulo e com defasagem nula entre si. A componente V 1 é chamada de componente de sequência positiva, con sistindo em três fasores iguais em módulo, 120 º defasados entre si, e tendo a mesma sequência de fase que os fasores originais. A componente V 2 é chamada de componente de sequência nega tiva, consistindo em três fasores iguais em módulo, 120 º defasados entre si e tendo a sequência de fase oposta à dos fasores originais. Vamos fazer um exemplo de cada transformação para treinarmos essas operações. Exemplo 1: obter as componentes simétricas da tensão tri- fásica Vª dada por: l�:J=l21 2 Jf_g;º� V V 380L 90 º e Logo, temos que: vb =-1 1 a 02 220 L -90 º lv ª J l111Jl 127 LO º � Vc 3 102 0 380L 90 º Calculando matematicamente o sistema, ficamos com: V= - 3 1 (V+ aV.-a2V) =- 3 1 (127 LOº + 1 L 120 º x220 º L-90 º+ 1 L-120 º x380 L90) 1 a o e = 21 7, 18 L -7, O 5 ° V v2 =+(Vª + a 2Vb - a Vc) =t (1 27 LOº + 1 L- 1 20º x 220º L-90º+ 1 L 1 20º x 380 L 90º) = 1 33,56 L -1 68,48° V SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Resposta final: V1 = 21718L-706 º V lvºl l 68,09 L 51, 56º l V2 133, 5 6 L -168,48° Exemplo 2: obter as componentes trifásicas da tensão cujas componentes si- mét1•icas são dadas por: r ��1 = r ��lf8LL5-i,��: 1 v l v2 l 133,56 L -168,48°j r �:1 = r � � 1 J r �1 = r � � 1 J r f 187�� � �;,i:0º l = r 21��9699; -��;9º1 V l Vc l1 a a� l V2 l1 a ;J l 133,56 L 1 68,48ºJ l 379 ,99 L 9 0º Agora que já sabemos converter um sistema trifásico para um sistema simé trico e vice-versa, vamos definir como utilizaremos as componentes simétricas: • Se o sistema for um trifásico simétrico, teremos somente a sequência positi va das componentes simétricas, ou seja, V 0 = V 2 = O (as sequências zero e negativa são nulas) e V 1 -:to. Nesse caso, pode-se trabahar com as componentes simétricas ou com o sistema original; • Se o sistema for um trifásico puro, teremos a sequência positiva e a nega tiva das componentes simétricas, ou seja, V 0 = O (a sequência zero é nula) e V 1 * O eV 2 -:tO; • Se o sistema for um trifásico impuro, teremos todas as sequências (a positi va, a negativa e a zero) das componentes simétricas, ou seja, V 0 * O, V 1 * o e V 2 * o. Como já dissemos, as componentes simétricas são usadas para calcular o sis tema elétrico de potência quando o mesmo está submetido a uma condição de falha, que pode ser um curto-circuito, um condutor em aberto (um ou mais con dutores podem se romper) ou uma operação que resultou em falha do sistema . •• Regime permanente O regime permanente é a condição estável do sistema, aquela condição em queo sistema foi projetado para operar normalmente. Quando um sistema é ligado, nos primeiros instantes temos um desequilíbrio normal devido à condi ção de inércia do sistema (sua condição de repouso); desse modo, devemos es- SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). perar que todos os componentes estejam trabalhando depois de sua situação de inicialização, que é transitória. O sistema também pode sair de seu regime permanente devido a alguma anormalidade, como a incidência de um raio so bre a rede elétrica, que mesmo que prevista para ser protegida pela proteção do sistema, causa uma situação transitória ao SEP. No regime permanente, o tempo não é considerado como parte do equa cionamento. Nos regimes transitórios e sub-transitório, eles devem entrar no equacionamento como uma constante amortecida. O regime sub-transitório é alcançado nos primeiros segundos em que um sistema é ligado e o regime transitório após este instante até a condição de equilíbrio do sistema. Quando consideramos o regime permanente, imaginamos um gerador ideal, ou seja, representamos o sistema de geração como suficientemente robusto para não sofrer oscilações quando uma carga é adicionada ou retirada do sistema. É como se tivéssemos um gerador ideal de potência ilimitada e uma barra infinita de transmissão e somente estivéssemos interessados no efeito que a adição de uma carga específica trará ao sistema, ou sob quais condições o sistema está. Para esse sistema operar e funcionar em regime permanente, todas as leis, como a Lei de Ohm, a Primeira e a Segunda Leis de Kirchhoff são válidas. No regime permanente, as equações podem ser todas descritas por fasores, na frequência industrial (60 Hz). Os fasores são representações discretas (com ân gulos) que permitem um fácil equacionamento matemático através de matri zes e vetores. Outra vantagem do regime permanente é que ele é calculado e feito para operar o sistema elétrico de potência na sua condição ótima com suficiente tempo de resposta para situações de distúrbio. Os computadores têm tempo de modificar as condições de operação do SEP para reduzir ou eliminar uma vulnerabilidade para a maio ria das situações de contingência, quando analisam a tendência de operação do sistema (por exem- plo, quando o sistema apresenta um acréscimo na demanda), ou quando existe a previsão de um evento de grandes proporções (como uma fi- nal de Copa do Mundo, a final de uma novela, as co- memorações de ano novo). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). O Parâmetros de linhas de transmissão As linhas de transmissão são re- presentadas na análise de sistemas de potência através dos seus parâ metros: resistência, indutância, ca pacitância e condutância. Primeira mente, estudaremos o parâmetro de •• resistência e como o valor dela é influenciado pelo aumento da temperatura e da frequência . •• Resistência O valor da resistência é obtido dividindo o valor da tensão (V) pela corrente (1) que circula em um filamento, ou seja: R = JL.. I (7) O valor é dado em ohms e é simbolizado por O - letra grega ômega maiúsculo. A constante de proporcionalidade é o valor do resistor. No ensino médio, essa fórmula é memorizada pela palavra "RUI". Essa Lei é conhecida como Lei de Ohm é chamada assim em homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1789-1854). Essa Lei também pode ser memorizadaa partir do desenho de um círculo, no qual são inseridas a tensão, na parte superior, e a resistência e a corrente, na parte inferior. Ao ocultarmos a grandeza que estamos procurando, a rela ção que permanece exposta nos indica a equação que devemos fazer. Assim, ao ocultarmos a letra R, temos a relação da tensão dividida pela corrente (V/1); ao ocultarmos a letra 1, temos que a corrente é dada pela divisão da tensão pela resistência (VIR); e, por fim, ao ocultarmos a tensão, temos que a mesma é dada pelo produto da corrente vezes a resistência (V = R x 1). Essa explicação está ilustrada na Figura 14. A tensão é dada em Volts, a corrente é dada em Amperes e a resistência é dada em Ohms. SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). --= Fórmula para enton t rar a tensão E R Fórmula para encon trar a torrente Fórmula para encon trar a reslitêntia Figura 14. Triângulo para memorização da Lei de Ohm. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). Os resistores são encontrados nos chuveiros, que aquecem a água para to marmos banho, na churrasqueira elétrica, no ferro de passar, na chapinha do cabelo, no aquecedor elétrico. Resumindo: em qualquer equipamento elétrico que produza calor como objetivo principal a partir da energia elétrica. Os resistores são os elementos mais básicos de um circuito elétrico. Eles dis sipam a energia elétrica na forma de calor e não modificam a forma de onda da tensão em relação a corrente. A resistência elétrica é determinada pela facilidade que um material (neste caso, chamado de condutor) tem de conduzir a corrente elétrica (o material apresentará uma baixa resistência a passagem da corrente) ou pela dificuldade que um material tem para deixar passar a corrente elétrica. Dessa maneira, o material será chamado de isolante. O ponto de rompimento dessa resistência à passagem da corrente elétrica é chamado de rigidez dielé trica. Por exemplo, o ar tem uma alta rigidez dielétrica, mas até ele em algum momento torna-se um condutor. A esse fenômeno damos o nome de raio. A potência é transportada em altas tensões para podermos diminuir as per- das ôhmicas. A potência é dada pelo produto da tensão vezes a corrente: P = V x 1. As perdas ôhmicas são dadas por: p perdas = R · 1 2 (8) A resistência multiplicada pela corrente ao quadrado. Quanto maior for a tensão, menor será a corrente e menores serão as perdas ôhmicas. Como P é constante, se aumentarmos a tensão, diminuímos a corrente. SISTEMAS ELÉTRICOS !COMPONENTES). Essa resistência muitas vezes é também chamada de resistência em corrente contínua, pois se considera que a distribuição de corrente no condutor seja uni forme. Podemos obter a resistência em corrente contínua também pela fórmula: R JJ2.,L Sendo que: L: comprimento do condutor ou da linha (m, km); S: área da seção transversal do condutor (mm2); p: resistividade do material utilizado; (9) A resistividade ou a condutividade (representada pela letra grega sigma a= 1/p) padronizada para um condutor é a do cobre recozido. Dessa forma, para ou tros processos metalúrgicos, podemos estabelecer uma correspondência entre suas resistividades com a padronizada, conforme os exemplos a seguir para o cobre e o alumínio. • O cobre à temperatura tem 97% da condutividade do a d_ , apresentandopa rao a resistividade p = 1,77 x 10 nm (20ºC); • O alumínio à temperatura tem 61% da condutividade do opadrão' com resisti vidade p = 2,83 x 10·8 nm (20ºC). No processo de encordoamento, os fios descrevem uma trajetória helicoidal em torno do centro do condutor. Levando-se em conta ainda que os cabos so frem uma deformação provocada pelo seu peso, o comprimento real é um pou co maior que a extensão da linha L. A Figura 15 mostra uma linha de transmissão. De acordo com Stevenson Jr, "a resistência em CC de con dutores encordoados é maior do que o valor computado pela equação (9) porque o encordoamento helicoidal das camadas torna os condutores mais longos do que o próprio cabo. Para cada quilômetro de cabo, a corrente em todas as camadas, exceto a central, percorre mais de um quilômetro de condutor. Estima-se em 1 % o aumento da resistência de vido ao encordoamento em cabos de três fios, e em 2% para cabos com fios concêntricos" (1986, p. 43). SISTEMAS ELÉTRICOS (COMPONENTES). Figura 15. Flecha de um cabo sustentado por uma torre de transmissão. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/07/2019. (Adaptado). Variação da resistência com a temperatura A resistência tem uma variação
Compartilhar