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Aula de fixação biológica de nitrogênio na soja A fixação biológica de nitrogênio é a forma mais eficiente de agregação de nitrogênio e também é considerado o segundo processo biológico mais importante da terra, o primeiro seria a fotossíntese. É um processo que não gerado nenhuma externalidade ou impacto negativo, sendo de suma importância para a diminuição da adubação nitrogenada. Componentes da fixação N2 + 6H+ = 2NH3 (processo de Haber-Bosh) Os dois nitrogênios são fortemente ligados e é necessária muita energia para que esse nitrogênio seja convertido em amônia, e apôs metabolizado e absorvido pelas plantas. Nitrogenase: é um complexo enzimático que é responsável pela conversão de N2 para Nh3. O complexo é composto por dois centros de reação. N2 + 8H+ +8e- + 16ATP = 2NH3 + 2H + 16ATP +16 Pi Componente I = 2Mo e 33Fe = MoFe-Proteína Componente I I = 4Fe = Fe-Proteína No Brasil, estudos com FBN tiveram início em 1963, com a Dra. Johann Dobereiner, época em que poucos cientistas acreditavam que estas pesquisas poderiam competir com fertilizantes minerais. Atualmente, sabe-se que a FBN não acontece só em leguminosas, porém a nodulação é o processo mais eficiente que se tem conhecimento. Nódulos da soja Nódulos contém N Esse precioso elemento – o adubo usado em maior quantidade nas lavouras, fundamental para o crescimento das plantas – é extraído do ar por bactérias de gênero Rhyzobium. Elas vivem em simbiose nas raízes das leguminosas. Sua ação é extremamente benéfica não só para a soja, mas para todas as outras plantas que vêm depois da soja e encontram o solo enriquecido por N. Galhas ou nódulos? Inicialmente pensou-se que os nódulos eram galhas de nematoides. Galhas (imagem A): estruturas rígidas e bastante internalizada na raiz, difícil remoção, é prejudicial para as plantas e são causadas por nematoides. Nódulos (imagem B): Estruturais mais superficiais e de fácil remoção, são produzidos pelos rizóbios, são benéficos para as plantas e tem conexão pelo xilema. A enzima nitrogenase apresenta elevada sensibilidade ao oxigênio, causando a sua inativação irreversível Como mecanismo de defesa dessa inativação as plantas produziram as nodulinas. .AS nodulinas são proteínas das plantas são induzidas especificamente durante o desenvolvimento de nódulos nas raízes em leguminosas, logo após a infecção com rizóbios microssimbiontes. O exemplo mais conhecido de nodulina é a leghemoglobina, responsável pela coloração avermelhada dos nódulos ativos, cuja função é o transporte de O2 nos nódulos, evitando que ocorra a inibição da atividade do complexo da enzima nitrogenase. Leghemoglobina análoga a nossa hemoglobina, sendo percursora da co-vitamina B, sendo responsável pela coloração avermelhada na nos nódulos. Inoculação de leguminosas Um fator de aumento da produtividade é a inoculação de sementes de leguminosas. Formação de Nódulos As bactérias são de vida livre e não necessitam estar associadas as plantas, entretanto ao se associarem as plantas há uma facilidade na sobrevivência pelos insumos dados pela planta. Para que ocorram a formação dos nódulos tem que a ver uma comunicação entre as raízes e as bactérias. Essa comunicação é chamada de efeito quimostático, em que as raízes exudão compostos secundários que atraem as bactérias, assim os microrganismos são atraídos e se acumulam nos pelos radiculares, e o nódulo é formado junto ao pelo radicular. Com a aglomeração dos microrganismos há o encurvamento de pelo radicular. Como o tecido do pelo é muito frágil, no encurvamento há o rompimento do pelo e correr a infecção. Os microrganismos se multiplicam nos espaços intercelulares. Como se dá o uso pela planta do nitrogênio obtido? Resumo: a amônia é convertida em aminoácido (glutamina ou asparagina) e ureídeos que são moléculas que podem ser enviadas a outras células transportando o nitrogênio. Leguminosas tropicais (soja) usam ureídeos como forma de transporte de N. A FBN é a principal fonte de N para a soja. Quando em contato com as raízes da soja, a bactéria infecta as raízes, via pelos radiculares, formando os nódulos. A FBN pode, dependendo de sua eficiência, fornecer todo o N que a soja necessita. Obtendo o inoculo inicial (estirpe padrão) que deve ser adquirido de fontes oficias (bancos de estirpes) O inoculo é vendido comercialmente. Um novo inoculo oficial deve ser adquirido a cada novo ciclo de produção. Produzidos em fermentadores (biorreatores). Misturados a turfa (veículo sólido) ou diluídos em água e com aditivos (veículo líquido). O que é um inoculante? Segundo o MAPA, é um produto que contenha microrganismos com atuação favorável ao crescimento de plantas. Quando inocular? Áreas com ausência de plantas hospedeiras; População de rizóbios < 105 a NMP*g-1 Quando a nodulação é considerada fraca em espécies cultivadas (safra anterior) Solo degradado Deve ser inoculada todo ano, onde: a área “antiga” deve ter 1,2 milhões de células/semente e uma área “nova” deve ter 3,6 milhões células/semente. Informações retiradas de fabricantes. OBS: uma vez inoculada a área sempre terá uma população desse microrganismo. Como fazer a inoculação em leguminosas? Tem um ótimo custo benefício sendo muito simples e eficiente. Estima-se uma economia de 12 milhões de dólares por ano no Brasil. Preparo e uso de inoculante Preparo para inocular semente Depois é misturado com as sementes Inoculação de sementes no campo Deve-se evitar a exposição ao sol e altas temperaturas que diminuem a viabilidade dos inoculantes. Qual melhor inoculante? Líquido x Sólido Se adotadas as boas práticas de inoculação, ambos possuem a mesma eficiência (são equivalentes). O turfoso consegue proteger mais as células de condições adversas, mas tem a desvantagem de exigir um pré-preparo com a água açucarada. Os inoculantes líquidos com protetores celulares que auxiliam na sobrevivência, porém a o período de prateleira é menor. Tem custo mais elevado. Valores mínimos a observar: Turfoso: 1,2 milhões de células/sementes Líquido: 1 x 109 de células/mL Micronutrientes essenciais à FBN Quando, quanto e como aplicar Cobalto + Molibdênio? Trio indispensável ao sucesso: inoculante, CO e MO. Junto com herbicidas pré-emergentes A medida que é fixado o N é consumido o Co e Mo.. O Cobalto protege o fero no complexo ferro- proteína Via adubação foliar (30 g de Mo * há-1), máximo de 15 DAE Nunca misturar ao inoculante (efeito salina ou de pH) Se a inoculação dor realizada via sulco de semeadura, aplicar Co+Mo via tratamento sementes Doses: 12 a 15 g/há de Co e 2 a 3 g/há de Mo é a dose usual, mas sempre se deve consultar os boletins regionais, a EMBRAPA e os fabricantes dos inoculante) Como avaliar a inoculação em leguminosas? Pela coloração do nódulo. Onde encontra os inoculantes? Casas de produtos agropecurários Pontos de revenda do MAPA e EMBRAPA Órgãos estaduais de agricultura/agronomia Custo médio é de R$ 8,00 por hectare Em 2018 foram comercializados 20 milhões de doses em todo Brasil. Como fazer a inoculação em gramíneas? Processo igual ao realizado para leguminosas, porém não há formação de nódulos. Atuam em dois mecanismos diferentes Produção de moléculas que estimulam o crescimento de plantas (AIA) Fixação biológica de nitrogênio Inoculação vs. Co-inoculação O que é co-inoculação? Inoculação conjunta entre duas bactérias Bactérias promotoras do crescimento de plantas, principalmente síntese hormonal (crescimento radicular, sítios de infecção) Em uma área que já é cultivada por soja e na área já foi feita a inoculação da área anteriormente, é feita um co-inoculação ou re-inoculação com o mesmo inoculo ou com um inoculo diferente na próxima safra, para manter a atividade das bactérias. Normalmente utiliza-se o rizóbios e um outro microrganismoque vai promover o crescimento da raiz. Aplicação via sulco (um pouco mais que na semente) Ajustar a dose: 3 doses de B para 2 doses de A Vantagem: não precisa parar para tratar a semente Não esquecer que o B é sempre o principal ator. Fatores gerais quem limitam a FBN Nutrientes: Nitrogênio, fósforo, enxofre, fero, cobalto e molibdênio. Não esquecer que o inoculante é um produto vivo Tratamento de sementes (fungicida, acaricida ou micronutrientes): não misturar inoculante no calda Inoculação sempre após ao Tratamento de Smente (segunda operação) Incompatibilidade de produtos: aplicar via sulco de semeadura Não inocular direto na caixa de semeadura (- uniformidade) Cada cultura possui um inoculante específico Alumínio e pH Nunca semear no solo seco, porque compromete o número de células por semente Cadeia do inoculante É necessário usar inoculantes todos os anos? A bactéria, uma vez introduzida no solo, permanece “indefimidamente” Os nódulos formados por estas bactérias vão contribuir para a fixação do N. A quantidade e qualidade das bactérias vão diminuindo ao passar dos anos. Reinoculação Em 13 experimentos conduzidos em 7 locais, a reinoculação aumentou o rendimento em até 23% e o N total dos grãos até 25% Plantio direto x Plantio convencional Nitrogênio para a cultura seguinte Em média, a cultura da soja deixa 27 kg de N/há para a cultura seguinte. A recomendação de N para arroz é 30 kg/há a menos quando é cultivado após a soja (de 100 kg N/há para 70 kg N/há). Quando se fala em FBN, lembra-se logo de plantas da família das leguminosas, principalmente da soja. Realmente, o maior sucesso da tecnologia de uso de inoculantes de bactérias fixadoras de N2 é a cultura da soja, para a qual a adubação nitrogenada pode ser dispensada. Hoje, 95% ou mais das industrias de inoculantes instaladas no brasil produzem somente insumos para a soja. Avanços na FBN devem ser conseguidos com o melhoramento para simbiose, tanto das bactérias como dos hospedeiros. Levando-se todos esses aspectos em consideração, tem-se que a busca por sustentabilidade e produtividade tem que levar em consideração o custo/benefício da técnica, da facilidade de implantação, a disponibilidade, entre outros fatores socioeconômicos e ambientais. Acima de tudo, o manejo sustentável engloba todas as possíveis utilização da FBN para agricultura.
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